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REVISÃO PENAL IV PECULATO INSERÇÃO DE DADOS FALSOS E ETC

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REVISÃO PARA AV1 - DIREITO PENAL IV
 
WENDELL SODRÉ
BACHARELANDO EM DIREITO PELA UNIVERSIDADE ESTÁCIO DA BAHIA 
RESUMO
PECULATO - O Peculato se caracteriza por crime praticado por funcionário público contra a própria administração pública. Tais crimes encontram-se tipificados nos artigos 312 e 313 do Código Penal. 
O Peculato se subdivide em algumas modalidades, sendo elas o Peculato-apropriação, que encontra fundamento no artigo 312, Caput, primeira parte e o Peculato-desvio, que está na segunda parte do artigo supramencionado.
Ainda temos o Peculato-furto, nos termos do artigo 312, § 1º, bem como, o Peculato Culposo com fundamento no § 2º do artigo retro-mencionado e o Peculato mediante o erro de outrem, tipificado no artigo 313, Caput, ambos os artigos do referido diploma penal.
O simples fato de um funcionário público apropriar-se de dinheiro não configura o crime de Peculato, mas é necessário saber o que motivou a serem esses recursos a ele confiados. Nesse sentido tem sido o entendimento do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo no julgado abaixo:
“Não basta para a configuração do peculato que o agente que se apropriou do dinheiro seja funcionário público. É mister que a denúncia esclareça a que título lhe foi o dinheiro confiado, se ratione officii ou contemplatione officii, distinção essa fundamental para a exata definição do delito” (TJSP – RHC – Rel. Chiaradia Netto – RT 369/52).
É muito comum ver que muitos confundem o crime de Peculato com o de Apropriação Indébita, mas existe uma diferença entre ambos que reside nos detalhes para que se configure cada um desses crimes.
Na Apropriação Indébita a posse do bem se da por qualquer motivo, ocorrendo justamente o contrário no crime do Peculato, pois essa posse de bem ou serviço, que se destinou em proveito próprio ou de terceiros, deve estar relacionada ao cargo que o funcionário público ocupa.
O crime de Peculato vai se caracterizar independente do agente público ter tido vantagens ou não com a sua conduta criminosa, sendo necessário apenas o desvio do bem em proveito próprio ou alheio para tal conduta ser tipificada como Peculato. Assim tem sido o entendimento dos tribunais:
“Para a configuração do peculato é indiferente tenha, ou não, o acusado tirado vantagem do crime. Basta o desvio do bem público em proveito próprio ou alheio”(TJSP – AC – Rel. Humberto da Nova – RT 395/81)”.
O Supremo Tribunal Federal entende que os crimes de pouca monta, ou seja, de valores baixos, ainda que praticado por funcionário público, pode ser convencionado como crime de Bagatela, que tem respaldo no Princípio da Insignificância, que em outras palavras quer dizer que o estado não tutela crimes cujos os valores deles decorrentes sejam muito pequenos. Esse entendimento também está em sintonia com o Princípio da Proporcionalidade, que como o próprio nome diz, quer dizer que e a pena e o crime devem ser na mesma proporção, não sendo assim o caso para a tipificação do crime de Peculato, ainda que seja praticado por um agente público.
Nesse sentido é o julgado desta suprema corte:
"Peculato praticado por militar. (...) A circunstância de tratar-se de lesão patrimonial de pequena monta, que se convencionou chamar crime de bagatela, autoriza a aplicação do princípio da insignificância, ainda que se trate de crime militar. Hipótese em que o paciente não devolveu à unidade militar um fogão avaliado em R$ 455,00 reais. Relevante, ademais, a particularidade de ter sido aconselhado, pelo seu comandante, a ficar com o fogão como forma de ressarcimento de benfeitorias que fizera no imóvel funcional. Da mesma forma, é significativo o fato de o valor correspondente ao bem ter sido recolhido ao erário. A manutenção da ação penal gerará graves consequências ao paciente, entre elas a impossibilidade de ser promovido, traduzindo, no particular, desproporcionalidade entre a pretensão acusatória e os gravames dela decorrentes." (HC 87.478, rel. min. Eros Grau, julgamento em 29-8-2006, Primeira Turma, DJ de 23-2-2007.) No mesmo sentido: HC 108.373, rel. p/ o ac. min. Gilmar Mendes, julgamento em 6-12-2011, Segunda Turma, DJE de 7-3-2012; HC 107.638, rel. min. Cármen Lúcia, julgamento em 13-9-2011, Primeira Turma, DJE de 29-9-2011.
As diferenças entre os crimes de Peculato-Furto, Peculato- Desvio, Peculato-Apropriação, Peculato-Culposo e o Peculato mediante o erro de outrem é sutil, razão pela qual é preciso estar muito atento ao que tipifica a lei penal, ao entendimento dos tribunais e as características de cada caso concreto. Assim será possível evitar muitas injustiças, mal entendidos, constrangimentos e a movimentação desnecessária do Poder Judiciário.
Bibliografia:
Direito Penal e Processual Penal. Coletânea Temática de Jurisprudência. Disponível em http://www.stf.jus.br/, Acesso em 22/07/2016.
Vade Mecum Universitário de Direito Rideel. Código de Processo Penal. Organização - Anne Joyce Angher - 10 ed. São Paulo, Rideel, 2011.
Inserção de dados falsos em sistema de informações (art. 313-A) e modificação ou alteração não autorizada de sistema de informações (art. 313-B)
Como bem sabemos, o que, na grande maioria das vezes, leva o legislador a elaborar dispositivo ou mesmo diploma legal, positivando e regulando determinada situação social, é a ocorrência reiterada, no cotidiano de certa sociedade, de determinada situação social que necessita ser regulamentada ou, por vezes, a ocorrência de apenas uma situação de fato, mas que gera grande repercussão neste corpo social.
Assim, por vezes, nos perguntamos que motivação social impulsionou a criação desta ou daquela norma, especialmente quando trata-se de uma norma penal, ou seja, de uma regra legal a todos imposta, sob pena da mais severa das sanções modernas, qual seja, a limitação e restrição da liberdade individual.
E dentro desta linha de reflexão, estivemos a pensar sobre o tipo penal descrito no artigo 313-A, do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal, denominado “inserção de dados falsos em sistema de informações”, cuja sanção cominada varia de 2 (dois) a 12 (doze) anos de reclusão, além da multa.
Ora, desde logo já se vê que o referido tipo penal traz como preceito secundário sanção bastante elevada, podendo a chegar a 12 (doze) anos de reclusão, além de ser um crime próprio, demandando sujeito qualificado para seu cometimento, qual seja, o funcionário público autorizado, sendo ainda tipo formal, entendido como aquele que não exige, para sua consumação, ocorrência de resultado naturalístico, caracterizando-se, por fim, como crime informático puro, já que somente pode ser praticado em detrimento de dados informáticos e no ambiente informatizado[1].
Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000, o crime de “inserção de dados falsos em sistema de informações” é assim descrito no Código Penal:
Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração Pública com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
Importante destacar que esta mesma Lei modificadora, ao incluir o tipo penal do artigo 313-A e outros, também aproveitou para alterar o conceito de funcionário público trazido pelo Código Penal, acrescentando ao artigo 327, o § 1º que ampliou o rol de pessoas consideradas como funcionários públicos para efeitos penais, equiparando a funcionário público “quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública”.
Diante disso, questionamos: qual o real objetivo deste tipo penal? Que bem jurídico visa ele proteger? Qual a situação fático-social por ele regulamentada?
Analisando o tipo em si e o contexto histórico-social no qual ele fora elaborado, encontramos que o crime de “inserção de dados falsos em sistema
de informações” está sistematicamente posicionado, no Código Penal, no título que trata dos crimes cometidos contra a Administração Pública, o que nos indica que o bem jurídico tutelado é a moralidade e o patrimônio público, sendo objeto material deste crime os dados, verdadeiros ou falsos, constantes de sistemas informatizados e/ou de banco de dados da Administração Pública; há quem entenda que o bem jurídico tutelado seria o próprio sistema informático, visando à preservação e ampliação da confiabilidade social nestes sistemas.
Além disso, vemos também que o tipo do artigo 313-A está no Capítulo I do Título XI, tratando, portanto, dos crimes praticados por funcionário público contra a Administração em geral, sendo que seu cometimento, como já destacamos, deve ocorrer somente por meio de funcionário público e mais, autorizado a fazer a inserção de dados em sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração Pública, não podendo, com isso, ser praticado por particular ou por qualquer tipo de funcionário público, mas apenas por aquele autorizado a fazer a inserção.
Ademais, está o referido tipo colocado junto ao crime de peculato, trazendo a ideia de que tal conduta poderia ser assim considerada, ou seja, podemos ter neste artigo 313-A uma figura equiparada ao peculato que podemos precariamente denominar de peculato impróprio informático ou peculato-estelionato informático.
Por fim, podemos destacar que o crime de “inserção de dados falsos em sistema de informações” é crime que tem como elemento subjetivo do tipo o dolo específico consistente na finalidade de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano, não se punindo a figura culposa; ademais o elemento normativo do tipo consubstanciado na palavra “indevidamente”, constante da descrição do artigo, indica que, para a configuração do crime, necessário se faz que a inserção dos dados praticada seja indevida, pois, se autorizada por lei ou ato normativo ou ainda por ordem de superior hierárquico, não será suficiente para o enquadramento do tipo penal, mesmo que cause dano.
No aspecto histórico, podemos destacar que o referido tipo penal, visa, objetivamente, proteger as funções desempenhadas pela máquina administrativa, com o propósito de tutelar a adequada prestação de serviços públicos, evitando o rombo dos cofres da Previdência Social, exponencialmente aumentado com o advento nas novas tecnologias e com o processamento eletrônico de dados, fundamentando tal necessidade a inclusão da equiparação trazida pelo parágrafo 1º, do artigo 327, do CP, já comentada.
Cabe, em sede de conclusão, apresentar de que forma este tipo penal, que vigora em nosso ordenamento jurídico há mais de 16 anos, vem sendo entendido nas Cortes Superiores e em que hipóteses fáticas vem sendo enquadrado. Vejamos:
Verificando a jurisprudência do STF, podemos perceber que os casos envolvendo o crime do artigo 313-A, do CP tratam de fraude em licitação, peculato, direcionamento de ações em vara judicial e, por fim, um único caso envolvendo crime contra a Previdência Social, o que nos leva a crer em duas hipóteses: ou o tipo penal serviu muito bem ao seu propósito, tendo, de fato, inibido as condutas que violam a Previdência Social ou, por outro lado, as ações ilícitas perpetradas contra a Previdência Social continuam a ser cometidas, porém sem apuração criminal ou, quando apuradas, exaurem-se nas instâncias inferiores, não chegando a ser objeto de apreciação pelo STF.
De outra feita, temos a jurisprudência do STJ tratando do tema e, nesta seara, temos algumas decisões e casos interessantes, dentre os quais a inserção de informações falsas no sistema de dados do DETRAN, do INSS e da Receita Federal, situações recorrente nos julgados do STJ, sendo que nos chamou a atenção o fato de que, em todos os julgados analisados, nenhum trazer penas elevadas, em concreto, para o crime do artigo 313-A, não ultrapassando, as penas máximas cominadas, o patamar de 4 (quatro) anos, não obstante o tipo, em abstrato, preveja pena de até 12 (doze) anos.
Diante disso, concluímos que o referido tipo em comento teve o mérito de vir ao ordenamento jurídico para minimizar as condutas praticadas contra a Administração Pública, em especial, contra a Previdência Social, não possuindo, contudo, caráter efetivamente repressivo, já que as condutas praticadas em face do patrimônio dos entes políticos e mesmo das entidades da Administração Indireta continuam a ocorrer de forma desmesurada, sendo certo que o tipo penal em abstrato causa mais constrangimento pelo elevado quantum de sua pena máxima, do que o tipo aplicado ao caso em concreto que, como vimos, tem as penas aplicadas em, no máximo 4 (quatro) anos, gerando ao autor, em regra, o cumprimento inicial da pena em regime aberto ou semi-aberto, o que nos leva a questionar a eficiência do referido tipo penal que, como muitos outros existentes em nossa legislação, possui muito mais efeito em abstrato do que eficácia concreta, pois, ou mal elaborados, ou elaborados sob pressão popular, sem as devidas reflexões, ou, ainda, mal aplicados e mal utilizados pelos operadores do Direito.
Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento
Art.314 
O crime de Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento está previsto no artigo 314 do Código Penal Brasileiro.
É um crime que só pode ser praticado por quem tenha a guarda do documento. Além de ser um crime próprio, é também de mão própria, porque exige do criminoso um perfil especial. Diferencia-se do Artigo 337 (Supressão de Documento), porque esse último é praticado por particular que tira o documento da mão do servidor.
ARTIGO 314 CP: "Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente" Pena: Reclusão, de 1 a 4 anos, se o fato não constitui pena mais grave.
Emprego irregular de verbas ou rendas públicas
Art. 315
O crime de Emprego irregular de verbas ou rendas públicas está previsto no artigo 315 do Código Penal Brasileiro.
Este delito refere-se às pessoas políticas que lidam com verbas públicas obtidas por tributos ou multas. Tais valores são contabilizados, obedecendo a lei orçamentária, mas os destinos são outros que não as rúbricas contábeis indicadas no orçamento, ou seja, o agente usa a verba na própria área pública, mas no setor errado. Não desvia nem para ele, nem para outrem, pois constitui outro crime. Verba não é dinheiro, portanto, também não constitui Peculato.
ARTIGO 315 CP: "Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei" Pena: Detenção, de 1 a 3 meses, ou multa.
Concussão
Art. 316
É o crime praticado por funcionário público, em que este exige, para si ou para outrem, vantagem indevida, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela. O crime é punido com pena de reclusão, de dois a oito anos, e multa. Os parágrafos 1º e 2º, do artigo 316, do Código Penal, preveem o excesso de exação, que são as formas qualificadas do delito de concussão, em que se pune mais severamente, com pena de reclusão de três a oito anos e multa, o funcionário que exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza, e com pena de reclusão, de dois a doze anos, e multa, aquele que desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres públicos.
Fundamentação:
	Art. 316, "caput" e §§ 1º e 2º do CP
Referências bibliográficas:
	NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal - Parte Geral e Parte Especial. 5ª ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009.
Sobre Corrupção Passiva – Art. 317, CP
Em síntese, na corrupção passiva, o servidor público comercializa sua função pública.
	Sujeito ativo do crime é o funcionário público, sem distinção de classe ou categoria, podendo ser típico ou equiparado (art. 327 do CP), ainda que afastado
do seu exercício. Também aquele que ainda não assumiu o seu posto (aguarda a posse, por exemplo), mas em razão do cargo, solicita ou recebe a vantagem ou promessa de vantagem indevida, pratica o delito de corrupção.
	ATENÇÃO: Fiscal de rendas comete o crime contra a ordem tributária previsto no art. 3.º, II, da Lei 8.137/90 (princípio da especialidade). E não corrupção passiva.
	O sujeito passivo é o Estado ou, mais especificamente, a Administração Pública, bem como a pessoa constrangida pelo agente público, desde que, é claro, não tenha praticado o crime de corrupção ativa. OBS.: A corrupção ativa está tipificada, com a mesma pena, em outro artigo (art. 333). É um caso emblemático de exceção pluralista à teoria monista.
	São três as condutas típicas que caracteriza corrupção passiva: solicitar (pedir) vantagem indevida; receber referida vantagem; e, por fim, aceitar promessa de tal vantagem, anuindo com futuro recebimento.
	No verbo solicitar, a corrupção parte do intraneus (servidor público corrupto). Aqui reside a diferença marcante entre os crimes de corrupção passiva e concussão (316 do CP). A ação do funcionário, no caso da concussão, representa uma exigência, e, no caso da corrupção passiva, representa uma solicitação (pedido).
	Nos verbos receber e aceitar promessa, a iniciativa é do corruptor (particular, extraneus).
	Todas as condutas típicas acabam por enfocar a mercancia do agente com a função pública. A corrupção passiva é a prostituição da pureza do cargo pela parcialidade ou pelo interesse.
	Para a existência do crime deve haver um nexo entre a vantagem solicitada ou aceita e a atividade exercida pelo corrupto. Assim, embora funcionário público, caso não seja o agente competente para a realização do ato comercializado, não há que se falar em crime de corrupção, podendo ocorrer exploração de prestígio, estelionato etc.
	Com relação ao caráter da vantagem indevida solicitada, recebida ou prometida, prevalece a interpretação mais ampla, considerando relevante qualquer espécie de retribuição, ainda que não de natureza econômica.
	Classifica-se como imprópria a corrupção que visa a prática de ato legítimo (oficial de justiça que solicita vantagem para realizar o legítimo ato processual), e, como própria, a que tiver por finalidade a realização de ato injusto (solicitar vantagem para facilitar fuga de preso).
	Se a vantagem ou recompensa é dada ou prometida em vista de uma ação futura, a corrupção denomina-se antecedente; se é dada ou prometida por uma ação já realizada, chama-se subsequente.
	Nas modalidades solicitar e aceitar promessa de vantagem, o crime é de natureza formal, consumando-se ainda que a gratificação não se concretize. Já na modalidade receber, o crime é material, exigindo efetivo enriquecimento ilícito do autor.
	A corrupção passiva, em regra, não pressupõe a ativa, salvo nas modalidades receber (que pressupõe oferecer) e aceitar promessa (que pressupõe prometer). A modalidade SOLICITAR, portanto, NÃO pressupõe a corrupção ativa.
	Prevalece ser possível a tentativa apenas na modalidade solicitar, quando formulada por meio escrito (carta interceptada).
	Pune-se mais severamente o corrupto que retarda ou deixa de praticar ato de ofício ou o pratica com infração do dever funcional (exaurimento penalizado). Aqui, o agente cumpre o prometido, realizando a pretensão do corruptor.
	Se a violação praticada pelo agente público constitui, por si só, um novo crime, haverá concurso formal ou material (a depender do caso concreto) entre a corrupção passiva e a infração dela resultante. Nessa hipótese, no entanto, a corrupção deixa de ser qualificada, pois do contrário estaríamos no campo do bis in idem. Exemplo: funcionário solicita vantagem para facilitar fuga de preso. Já está consumado o crime de corrupção passiva. Se o corrupto, efetivamente, facilitar a fuga do preso, responde pelo art. 317, caput, em concurso material com o art. 351, ambos do CP.
	No § 2º do art. 317 temos a corrupção passiva privilegiada (de menor potencial ofensivo). Nesta figura, o agente, sem visar satisfazer interesse próprio (pois, do contrário, haveria prevaricação), cede a pedido, pressão ou influência de outrem. É o caso dos famigerados ‘favores’ administrativos. Pune-se o servidor “quebra galho”.
	O Estatuto do Torcedor, no art. 41-C, pune com reclusão de dois a seis anos a conduta de solicitar ou aceitar, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem patrimonial ou não patrimonial para qualquer ato ou omissão destinado a alterar ou falsear o resultado de competição esportiva.
Qual a diferença entre CONCUSSÃO e CORRUPÇÃO PASSIVA? 
CONCUSSÃO é a extorsão praticada pelo funcionário público, valendo-se da função. É crime próprio. Consiste em exigir (impor como coisa devida), implícita ou explicitamente, vantagem (econômica) indevida, para si ou para outrem, direta ou indiretamente (por meio de outra pessoa), em razão da função, mesmo que fora da função ou ainda sem assumi-la. Em princípio, não admite tentativa, embora seja possível imaginá-la na exigência não verbal. É crime formal. Consuma-se simplesmente com a exigência, mesmo sem o recebimento da vantagem(mero exaurimento) - (JurSTF 226/318, JurTJ 179/290). A mera solicitação é corrupção passiva, se a vantagem é destinada à administração configura-se excesso de exação. ATENÇÃO: Se a exigência é feita para deixar de lançar ou cobrar tributo ou alguma contribuição, ou parcialmente cobrá-los, o delito passa a ser tributário, nos termos do art. 3.º, II, da Lei n. 8.137/90.
No delito da CORRUPÇÃO PASSIVA o funcionário solicita(pede), recebe (recolhe, pega, aceita, concorda) promessa de vantagem indevida-para Nelson Hungria e Frank somente a vantagem econômica-para si ou para outrem, para praticar, retardar ou omitir ato de ofício, seja em razão da função, ainda que fora dela ou antes de assumi-la. A CORRUPÇÃO PASSIVA pode ser própria (ato desejado é ilícito) ou imprópria, direta ou indireta.
O delito não se configura nas pequenas gratificações, por serviços extraordinários, nos agrados de "boas-festas" (Hungria, RT 389/93) ou reembolso de despesas (RT/579/306). 
FACILITAÇÃO DE CONTRABANDO OU DESCAMINHO
Descaminho e contrabando
Reflexões dos tipos penais que se tornaram autônomos com a Lei nº 13.008/14 
Com o advento da Lei 13.008/14, foi alterado o crime, anteriormente, previsto no artigo 334 do Código Penal “Contrabando ou Descaminho”, que pertenciam ao mesmo tipo penal, para dois tipos penais autônomos.
Com isso, alguns pontos merecem destaque, pois o que era uma coisa, hoje são duas.
Na redação anterior do artigo 334 do Código Penal, dispunha o caput do dispositivo:
“Importar ou exportar mercadoria proibida ou iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.”
Assim sendo, quem incorresse em um dos crimes descritos, a pena era a mesma.
Podemos perceber que a primeira parte (Importar ou exportar mercadoria proibida) tratava do crime de Contrabando e a segunda (Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria) do crime de Descaminho.
Sendo, portanto, o mesmo tipo penal, a pena para ambos os delitos era a mesma.
Com a nova redação trazida pela Lei 13.008/14, a tipificação dos dois delitos, em tela, ficou da seguinte forma:
Descaminho
Art. 334.  Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. 
§ 1o  Incorre na mesma pena quem:  
I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos em lei;  
II - pratica fato assimilado, em lei especial, a descaminho; 
III - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria
de procedência estrangeira que introduziu clandestinamente no País ou importou fraudulentamente ou que sabe ser produto de introdução clandestina no território nacional ou de importação fraudulenta por parte de outrem; 
IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira, desacompanhada de documentação legal ou acompanhada de documentos que sabe serem falsos.  
§ 2o Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências. 
§ 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de descaminho é praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial. 
Contrabando
Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 ( cinco) anos. 
§ 1o Incorre na mesma pena quem:  
I - pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando;  
II - importa ou exporta clandestinamente mercadoria que dependa de registro, análise ou autorização de órgão público competente;  
III - reinsere no território nacional mercadoria brasileira destinada à exportação; 
IV - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira; 
V - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira.  (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)§ 2º - Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências. 
§ 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de contrabando é praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial. 
Podemos observar, claramente, que o crime de Descaminho permanece no art. 334 e o de Contrabando vira tipo penal autônomo no art. 334-A.
Mister ressaltar a diferença entre os dois tipos penais, pois são constantemente confundidos por muitas pessoas, inclusive por profissionais técnicos.
No descaminho, o crime é relacionado ao (não) pagamento do imposto devido, como podemos observar: “Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria”.
Perceba que nada tem a ver com a mercadoria ser proibida. É aqui que reside os maiores equívocos.
Tudo, principalmente para a imprensa televisiva, é “Contrabando”, quando na verdade é Descaminho.
Já no crime de Contrabando a relação criminosa é com a mercadoria, proibida no Brasil, ser importada ou exportada, como observado no dispositivo: “Importar ou exportar mercadoria proibida”.
Se for proibida perante a nossa legislação, será tipificado o crime de Contrabando.
Após a alteração legislativa, onde, os tipos penais se tornaram autônomos e com penas distintas, não observou o legislador em alterar, também, o art. 318 do Diploma Penal que trata do funcionário público que incide na facilitação do Contrabando e Descaminho. Vejamos:
Facilitação de contrabando ou descaminho
Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de contrabando ou descaminho (art. 334):
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. 
Incoerente a manutenção do presente dispositivo sendo que os crimes de Descaminho e Contrabando, hoje, possuem penas distintas.
Assim, se um funcionário público facilita um Contrabando, responderá pela mesma pena se tivesse facilitado um Descaminho (que a pena é menor). Não faz o menor sentido.
Por fim, para aqueles que suscitarem dúvidas sobre armas e drogas, vale sempre a lembrança de que a legislação especial prevalece sobre a ordinária e, assim sendo, pertinente sempre a leitura da Lei 10.826/03 (Estatuto do desarmamento) e Lei 11.343/06 (Lei de drogas).
PREVARICAÇÃO -ART.319 
É um crime funcional, isto é, praticado por funcionário público contra a Administração Pública em geral, que se configura quando o sujeito ativo retarda ou deixa de praticar ato de ofício, indevidamente, ou quando o pratica de maneira diversa da prevista no dispositivo legal, a fim de satisfazer interesse pessoal. A pena prevista para essa conduta é de detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
Fundamentação:
	Art. 319 do CP
Condescendência criminosa – Art. 320 
É crime contra a Administração Pública, praticado por funcionário público que, por clemência ou tolerância, deixa de tomar as providências a fim de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo, ou deixa de levar o fato ao conhecimento da autoridade competente, quando lhe falte autoridade para punir o funcionário infrator. A pena é detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, de competência do Juizado Especial Criminal. A ação penal é pública incondicionada.
Fundamentação:
	Artigo 320 do Código Penal
ABANDONO DE FUNÇÃO – ART.323
Trata-se de crime contra a Administração Pública que se configura quando o funcionário público se afasta do seu cargo por tempo juridicamente relevante, colocando em risco a regularidade dos serviços prestados. O sujeito ativo crime é o funcionário que ocupa cargo público. A ação penal é pública incondicionada, de competência do Juizado Especial Criminal, exceto na figura qualificada do art. 323, § 2º, do CP.
Fundamentação:
	Artigo 323 do Código Penal
FUNCIONÁRIO PÚBLICO- ART. 327 
Dicas sobre os principais aspectos do artigo 327 do código penal
Nosso sistema penal quando trata dos crimes contra a Administração Pública se encarrega de trazer o conceito de funcionário público em seu Artigo 327 que é um complemento normativo as normas penais em branco que se utilizam da expressão “funcionário público”.
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
§ 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público.(Incluído pela Lei nº 6.799, de 1980)
Referido artigo deve ser objeto de uma interpretação autêntica ou legislativa, desdobrando-se em dois conceitos muito importantes para as provas:
a) Funcionário público em sentido próprio ou típico que é o que exerce cargo, emprego ou função pública, ainda que transitoriamente e sem remuneração.
Assim, exercerá cargo o estatutário, emprego o celetista e função pública o que está no exercício de um dever para com a administração pública, como o jurado, por exemplo.
b) Funcionário público em sentido impróprio ou atípico que abrange todo indivíduo que exerce cargo, emprego ou função em entidades paraestatais, empresas prestadoras de serviço contratada ou conveniada.
Uma questão muito importante e que pode ser objeto de questionamento em provas é a situação dos funcionários da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, o famoso “carteiro” já que prevalece que são servidores públicos apenas os funcionários da própria Empresa, excluindo-se os funcionários das franquias dos correios.
Ainda, em relação ao artigo 327, seu § 2º traz um aumento de pena de 1/3 quando o agente exercer cargo em comissão ou função de direção ou assessoramento em:
a) Órgão da administração direta
b) Empresa pública
c) Sociedade de economia mista
d) Fundação instituída pelo poder público.
Também é muito importante conhecer que o Supremo Tribunal Federal já decidiu que mencionado aumento de pena atinge
prefeitos, governadores e o presidente.

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