Buscar

62894475-Direitos-Humanos-Resumo-Do-Livro-Da-Flavia-Piovesan-1

Prévia do material em texto

Resumo do Livro Direitos Humanos e o Direito Constitucional Internacional de Flávia Piovesan
Índice
PRIMEIRA PARTE – A Constituição Brasileira de 1988 e os Tratados Internacionais de Proteção dos Direitos Humanos
Capítulo I – Introdução
Capítulo II – Delimitando e Situando o Objeto de Estudo
Capítulo III – A Constituição Brasileira de 1988 e o Processo de Democratização no Brasil – A institucionalização dos direitos e garantias 
fundamentais
Capítulo IV – A Constituição Brasileira de 1988 e os Tratados Internacionais de Proteção aos Direitos Humanos
SEGUNDA PARTE – O Sistema Internacional de Proteção aos Direitos Humanos
Capítulo V – Precedentes Históricos do Processo de Internacionalização e Universalização dos Direitos Humanos
Capítulo VI – Estrutura Normativa do Sistema Global de Proteção Internacional dos Direitos Humanos
Capítulo VII – Estrutura Normativa do Sistema Regional de Proteção dos Direitos Humanos – O Sistema Interamericano
TERCEIRA PARTE – O Sistema Internacional de Proteção dos Direitos Humanos e a Redefinição da Cidadania no Brasil
Capítulo VIII – O Estado Brasileiro e o Sistema Internacional de Proteção dos Direitos Humanos
Capítulo IX – A Advocacia do Direito Internacional dos Direitos Humanos: Casos contra o Estado Brasileiro perante a Comissão 
Interamericana de direitos Humanos
Capítulo X – Encerramento: O Direito Internacional dos Direitos Humanos e a Redefinição da Cidadania no Brasil
PRIMEIRA PARTE
A CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA DE 1988 E OS TRATADOS INTERNACIONAIS DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS
CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO
A proposta do estudo do livro é analisar o modo pelo qual o direito brasileiro incorpora os instrumentos 
internacionais de proteção dos direitos humanos, bem como em que sentido esses instrumentos podem contribuir para o reforço do sistema de 
implementação de direitos no Brasil, ou seja, verificar o modo pelo qual as normas de direito internacional podem, em dinâmica com a 
Constituição Federal, contribuir para a efetivação dos direitos internacionais no Brasil.
Assim, o primeiro passo do trabalho é investigar a relação entre a Constituição Federal e os tratados 
internacionais de proteção dos direitos humanos, vislumbrando sempre que a Constituição é um marco jurídico de transição democrática e da 
institucionalização dos direitos humanos no Brasil. Para se chegar ao objetivo do trabalho, é importante se analisar se a Constituição, ao 
estabelecer novos princípios a reger as relações internacionais do Brasil e ao conferir tratamento especial aos Direitos Humanos, contribuiu para 
uma nova inserção do Brasil na sistemática internacional de proteção e quais as conseqüências e seus impactos.
Neste diapasão, o livro busca analisar o modo pelo qual a Constituição incorpora os tratados internacionais de proteção aos direitos humanos, 
atribuindo-lhes um status hierárquico diferenciado, bem como analisando o modo como os tratados internacionais de direitos humanos são 
capazes de fortalecer o constitucionalismo de direito no país. Os tratado, apesar de serem direcionados aos Estados pactuantes, acabam por 
beneficiar os próprios indivíduos. Deste modo, a comunidade internacional tenta obrigar os Estados a melhorar as condições de vida dos 
indivíduos e a garantir a eles direitos fundamentais.
A análise sobre a incorporação dos tratados internacionais de direitos humanos, lançando mão do exame de suas peculiaridades, limites e 
possibilidades, adotará como ponto de partida a reflexão sobre os antecedentes históricos do movimento de internacionalização dos direitos 
humanos. O estudo permitirá perceber que as atrocidades cometidas durante a Segunda Guerra Mundial foram as grandes impulsionadoras da 
universalização dos discursos sobre direitos humanos. 
A comunidade internacional passou a perceber que a proteção aos direitos humanos constitui questão de legítimo interesse e preocupação 
internacional, sendo motivo de transcender e extrapolar o domínio reservado ao Estado ou a sua competência nacional exclusiva. Sobre o tema, há 
a explanação de Richard B. Bilder, que assim expõe:
“O movimento do Direito Humano é baseado na concepção de que toda nação tem a obrigação de respeitar os direitos humanos de seus cidadãos 
e de que todas as nações e a comunidade internacional têm o direito e responsabilidade de protestar, se um Estado não cumprir suas obrigações. O 
Direito Internacional dos Direitos Humanos consiste em um sistema de normas, procedimentos e instituições internacionais desenvolvidos para 
implementar esta concepção e promover o respeito dos direitos humanos em todos os países, no âmbito mundial. (...) Embora a idéia de que os 
seres humanos tenham direitos e liberdades fundamentais, que lhe são inerentes, há muito tempo tenha surgido no pensamento humano, a 
concepção de que os direito humanos constituem objeto próprio de uma regulação internacional, por sua vez, é bastante recente. (...)”
A análise das normas internacionais buscará compreender a forma pela qual o sistema normativo de proteção internacional dos direitos humanos 
atribui aos indivíduos status de sujeito internacional, conferindo-lhes diretamente direitos e obrigações no plano internacional, com capacidade de 
possuir e exercer direitos e obrigações de cunho internacional. As atrocidades perpetradas contra os cidadãos na Segunda Guerra significaram 
uma verdadeira ameaça à paz e à estabilidade internacional, gerando uma revolução no direito internacional. Um novo Código Internacional foi 
desenvolvido, enumerando e definindo direitos e garantias fundamentais para todos os seres humanos, sendo certo que esses direitos não mais 
puderam ser concebidos como generosidades dos Estados soberanos, passando a serem inerentes aos indivíduos.
O reconhecimento de que os indivíduos têm os direitos humanos como direitos inerentes à sua existência, implica a mudança na noção de 
soberania nacional. O Estado que se mostra omissa ou falha na tarefa de proteger os direitos humanos internacionalmente assegurados deve ser 
responsabilizado na arena internacional, havendo um monitoramento por parte da comunidade internacional. O sistema de proteção internacional, 
ao constituir uma garantia adicional de proteção, invoca dupla dimensão, quais sejam: a) parâmetro protetivo mínimo a ser observado pelos 
Estados, proporcionando avanços e evitando retrocessos no sistema nacional de direitos humanos, e b) instância de proteção dos direitos 
humanos, quando as instituições nacionais se mostram falhas ou omissas no dever de proteção desses direitos.
Desse modo, a violação dos direitos humanos assegurados por meio de tratado internacional, anteriormente ratificado pelo Estado, é matéria de 
legítimo interesse internacional, acarretando a submissão à autoridade das instituições internacionais, o que vem a flexibilizar a noção de 
soberania nacional. Não basta para os princípios regedores dos direitos humanos apenas que o Estado cesse com as violações, mas também que 
este seja responsabilizado, se garantido os remédios adequados para se assegurar a justiça.
Na parte final deste trabalho, passasse a analisar a posição do Brasil perante os tratados internacionais de direito humano, completando-se o 
estudo com a observação sobre a advocacia do Direito Internacional dos Direitos Humanos no âmbito brasileiro, com enfoque sobre as lides que 
tramitam perante a Comissão Internacional de Direito Humanos, analisando-se qual a advocacia exercida, quais os atores sociais envolvidos e 
quais os direitos humanos violados. 
CAPÍTULO II – DELIMITANDO E SITUANDO O OBJETO DE ESTUDO
a) Delimitando o Objeto de Estudo: A Constituição brasileira e o Direito Internacional dos Direitos Humanos.
O livro tem como objeto analisar a forma que a Constituição se relaciona com as normas de direito internacionalde direitos humanos, a forma 
pela qual incorpora os tratados internacionais de direitos humanos e o status jurídicos que ela lhes atribui, sendo certo que o trabalho se interessa, 
ainda, pelo modo pelo qual as normas internacionais de direitos humanos contribuem para a implementação de direitos no âmbito brasileiro, 
reforçando, neste sentido, o constitucionalismo de direitos inaugurados pela Constituição de 1988.
Adota-se no trabalho o entendimento contemporâneo de que os direitos humanos são concebidos como uma unidade indivisível, interdependente 
e inter-relacionada, na qual os valores de igualdade e liberdade se conjugam e se completam. Tendo a Constituição Federal como marco jurídico 
inicial da democratização, ao institucionalizar os direitos humanos no país, o estudo busca responder a 3 questões:
1. Qual o impacto do processo de democratização do Brasil, iniciado em 1985, sobre a posição do país perante a ordem internacional? O 
processo de democratização implicou a reinserção do Estado brasileiro na arena internacional de proteção dos direitos humanos, 
estimulando a ratificação de instrumentos internacionais para esse fim?
2. Como a Constituição brasileira de 1988 ser relaciona com o direito internacional de direitos humanos? De que modo incorpora os 
instrumentos internacionais de proteção de direitos humanos, como os tratados adotados pelas Nações Unidas e pela Organização dos 
Estados Americanos?
3. Qual o impacto jurídico e político do sistema internacional de proteção dos direitos humanos no âmbito da sistemática constitucional 
brasileira de proteção de direitos? Como esse instrumento internacional pode fortalecer o regime de proteção de direito nacionalmente 
previstos e o próprio mecanismo de accountability, quando tais direitos são violados?
A partir dessas questões centrais, este trabalho pretende enfocar a relação entre dois termos: a Constituição brasileira de 1988 e o Direito 
Internacional dos Direitos Humanos.
b) Situando o objeto de estudo: os delineamentos do direito constitucional internacional
O tema que se desenvolve neste item visa a inserir o estudo do livro em um ramo do direito, ponderando se o ramo é do direito internacional 
público ou no campo do direito constitucional. Ao tentar responder a questão mencionada, pondera, primeiramente, que, enquanto o Direito 
Internacional Público visa disciplinar relações de reciprocidade e equilíbrio entre Estados, por meio de negociações e concessões recíprocas que 
visam ao interesse dos próprios Estados pactuantes, o Direito Internacional dos Direitos Humanos objetiva garantir o exercício dos direitos da 
pessoa humana, o que, por si só já afasta o estudo do plano do direito internacional de direito público.
Por sua vez o Direito Internacional de Direitos Humanos, ao concentrar o seu objeto nos direitos da pessoa humana, revela um conteúdo 
materialmente constitucional, apesar de possuir uma fonte de natureza internacional. Deste modo, o enfoque do trabalho, na verdade, é 
interdisciplinar. É uma interação entre o direito constitucional e o Direito Internacional dos Direitos Humanos, apontando para um resultado: 
Direito Constitucional Internacional. Isto é, o trabalho se atém a uma dialética da relação entre Constituição e Direito Internacional dos Direitos 
Humanos, no qual cada um dos termos da relação interfere no outro, com ele interagindo.
C) Justificativa para a opção metodológica
Primeiramente, no estudo que resultou no livro, houve uma avaliação dos avanços introduzidos pela Carta Magna de 1988 em relação aos direitos 
e garantias fundamentais, examinado como ela interage com os instrumentos internacionais de proteção dos direitos humanos, bem como o 
impacto desses instrumentos no direito brasileiro, suscitando uma abordagem aprofundada a respeito do sistema internacional dos direitos 
humanos.
CAPÍTULO III – A CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA DE 1988 E O PROCESSO DE DEMOCRATIZAÇÃO NO BRASIL – A 
INSTITUCIONALIZAÇÃO DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS.
O objetivo do presente capítulo é avaliar o modo pelo qual a atual Constituição disciplina os direitos e garantias fundamentais, norma que rompeu 
com o regime autoritário militar, assegurando direitos fundamentais. Para tanto, faz-se necessário a compreensão do processo de democratização 
no Brasil.
a) O processo de democratização no Brasil e a Constituição brasileira de 1988.
Após vinte e um anos de regime militar ditatorial deflagrou-se o processo de democratização no Brasil, sendo certo que, segundo a classificação 
de Guillermo O’Donell, no processo de democratização há duas transições: uma primeira do regime autoritário anterior para a instalação de um 
Governo Democrático, sendo a segunda deste Governo Democrático para a efetiva vigência de um regime democrático. Neste sentido, sustenta-se 
que, embora a primeira etapa do processo de democratização já tenha sido alcançada, a segunda fase ainda está se concretizando.
Com o processo de abertura iniciado pelos próprios militares em razão desses não mais conseguirem solucionar problemas internos, a sociedade 
civil começou a se organizar com mobilizações e articulações que permitiram a formação de um controle civil sobre as forças militares, exigindo-
se, ainda, a elaboração de um código que refizesse o paco político-social. Tal processo culminou com a promulgação da Constituição de 1988.
A Constituição de 1988 além de instituir um regime político democrático no Brasil, introduziu um avanço na consolidação legislativa das 
garantias e direitos fundamentais e nos setores vulneráveis da sociedade brasileira, sendo certo que, a partir dela, os direitos humanos ganham um 
grande relevo. A Carta de 1988 é o documento mais abrangente e pormenorizado sobre direitos humanos já adotado no Brasil. 
A consolidação das liberdades fundamentais e das instituições democráticas no país muda a política brasileira de direitos humanos, possibilitando 
um progresso significativo no reconhecimento dos direitos internacionais neste âmbito. O equacionamento dos direitos humanos na ordem 
jurídica interna serviu como medida de reforço para que questões dos direitos humanos se impusessem como tema fundamental na agenda 
internacional do país. Por sua vez, as repercussões decorrentes dessa nova agenda internacional provocaram mudanças no plano interno e no 
próprio ordenamento jurídico brasileiro. Essas transformações geraram um novo constitucionalismo, uma abertura à internacionalização da 
proteção dos direitos humanos.
b) A Constituição brasileira de 1988 e a institucionalização dos direitos e garantias fundamentais.
Primeiramente, importante salientar que a Constituição de 1988 alargou significativamente o campo dos direitos fundamentais, colocando-se 
entre as constituições mais avançadas do mundo em relação à matéria. Se, no entender de Joaquim Gomes Canotilho, a juridicidade, a 
constitucionalidade e os direitos fundamentais são as três dimensões fundamentais do Estado de Direito, percebe-se que a Carta Magna de 1988 
consagra amplamente este entendimento.
Em nossa Constituição, dentre os fundamentos que alicerçam o Estado Democrático de Direito destacam-se a cidadania e a dignidade da pessoa 
humana, fazendo-se claro que os direitos fundamentais são elementos básicos para a realização do princípio democrático, além do que, pela 
primeira vez uma constituição nacional assinala especificamente objetivos ao Estado brasileiro, sendo certo que uns valem como base das 
prestações positivas que venham a concretizar a democracia econômica, social e cultural, a fim de efetivar na prática a dignidade da pessoa 
humana.
Infere-se desses dispositivos a preocupação da Constituição em assegurar os valores da dignidade e do bem-estar da pessoa humana como 
imperativo da justiça social. Sendo assim, o valor da dignidade da pessoa humana se impõecomo núcleo básico e informador de todo o 
ordenamento jurídico, como critério de valoração e interpretação e compreensão do sistema constitucional. O valor da dignidade da pessoa 
humana informa a ordem constitucional de 1988, imprimindo-lhe um feição particular.
Observando-se o prisma histórico, a primazia do valor da dignidade humana é uma resposta à profunda crise sofrida pelo positivismo jurídico, 
associada à derrota do fascismo, na Itália, e do nazismo, na Alemanha, movimentos que promoveram a barbárie em nome da lei. Neste contexto, 
ao final da Segunda Guerra Mundial, emerge a grande crítica e o repúdio à concepção positivista de um ordenamento jurídico indiferente a 
valores éticos, confirmando à ótica meramente formal.
É sob o prisma da reconstrução dos direitos humanos que é possível compreender, no Pós-Guerra, de um lado, a emergência do chamado “Direito 
Internacional dos Direitos Humanos”, e, de outro, a nova feição do direito constitucional ocidental, em resposta ao impacto das atrocidades então 
cometidas. No âmbito do direito constitucional ocidental, são adotados textos constitucionais abertos a princípios, dotados de elevada carga 
axiológica, com destaque para o valor da dignidade da pessoa humana. No caso brasileiro, e de toda América Latina, a abertura das constituições 
a princípios e a incorporação do valor da dignidade humana demarcarão o início do processo de democratização política. 
Há uma aproximação da ética com o direito, e, neste esforço, surge a força normativa dos princípios, especialmente do princípio da dignidade da 
pessoa humana. Há um reencontro dos pensamentos de Kant com a idéia de moralidade, dignidade, direito cosmopolita e paz perpétua. Para Kant 
as pessoas são um fim em si mesmas, não podendo ser usadas como meios, devendo tratar-se a humanidade na pessoa de cada ser, sendo certo, 
para Kant, que a autonomia é a base da dignidade humana e de qualquer criatura racional.
Ao definir o que seja uma pessoa autônoma, Kant afirma que “uma pessoa é autônoma somente se tem uma variedade de escolhas aceitáveis 
disponíveis para serem feitas e sua vida se torna resultado das escolhas derivadas destas opções. Uma pessoa que nunca teve uma escolha efetiva, 
ou, tampouco, teve consciência dela, ou, ainda, nunca exerceu o direito de escolha de forma verdadeira, mas simplesmente se moveu perante a 
vida, não é uma pessoa autônoma”.
O pensamento de Kant teve uma alta ingerência no plano internacional, concretizando a emergência do Direito Internacional dos Direitos 
Humanos, fundamentado no valor da dignidade humana como valor intrínseco à condição humana. Já no plano do constitucionalismo local, a 
vertente “kantiana” concretizou a abertura das constituições à força normativa dos princípios, com ênfase para o Princípio da Dignidade da 
Pessoa Humana. Sendo assim, há uma verdadeira interação do Direito Internacional dos Direitos Humanos com os direitos locais. 
Para Canotilho, enquanto o direito do Estado de Direito do século XIX e da primeira metade do século XX é o direito das regras do código, o 
direito do Estado Constitucional e de Direito leva a sério os princípios, é um direito de princípios. Consagra-se, assim, a dignidade da pessoa 
humana como verdadeiro superprincípio, a orientar tanto o direito internacional como o direito interno. O Princípio da Dignidade da Pessoa 
Humana, seja no âmbito internacional ou interno, unifica e centraliza todo o sistema normativo, assumindo especial propriedade.
O sistema jurídico define-se, pois, como uma ordem axiológica ou teleológica de princípios jurídicos que apresentam verdadeira função 
ordenadora, na medida em que salvaguardam valores fundamentais. A interpretação das normas constitucionais advém, desse modo, de critério 
valorativo extraído do próprio sistema constitucional. Os princípios morais, são hoje, integrantes do sistema normativo. Sendo assim, o valor da 
dignidade da pessoa humana e dos direitos e garantias fundamentais vêm a constituir princípios constitucionais que incorporam as exigências de 
justiça e dos valores éticos, conferindo suporte axiológico a todo o sistema jurídico.
A Constituição resguardar a dignidade da pessoa humana ao privilegiar os direitos fundamentais. Desse modo o Texto de 1988 apresenta em seus 
primeiros capítulos avançada Carta de direitos e garantias elevadas a cláusulas pétreas, além de alargar a dimensão do que se entende por direitos 
e garantias fundamentas, incluindo, além dos direitos civis e políticos, os direitos sociais. Esta foi a primeira constituição brasileira a prevê os 
direitos sociais na declaração dos direitos. 
Nesta ótica, a Carta de 1988 conjuga o direito da liberdade ao da igualdade, não havendo como divorciá-los, além de garantir os direitos difusos e 
coletivos – aqueles pertinentes a determinada classe ou categoria social e estes pertinentes a todos e a cada um. A Constituição de 1988 estende a 
titularidade de direitos e, ao mesmo tempo, consolida o aumento da quantidade de bens merecedores de tutela, por meio da ampliação de direitos 
sociais, econômicos e culturais.
Os direitos e garantias fundamentais são, assim, dotados de especial força expansiva, projetando-se por todo o universo constitucional e servindo 
como critério interpretativo de todas as normas do ordenamento jurídico. A Carta Magna de 1988 reforça, ainda, a imperatividade dos direitos e 
garantias fundamentais ao instituir o princípio da aplicabilidade imediata de tais normas, nos termos do art. 5º, §1º da CF/88, o que realça a força 
normativa de todos os preceitos constitucionais referentes a direitos, liberdades e garantias fundamentais.
Ao tratar do tema J.J. Canotilho afirma que “os direitos, liberdades, garantias, são regras e princípios jurídicos imediatamente eficazes e actuais, 
por via direta da Constituição e não através de actoritas interpositivo do legislador. Não são simples norma normarum, mas norma normata, isto 
é, não são meras normas para a produção de outras normas, mas sim normas diretamente reguladoras de relação jurídico-materiais. (...) Aplicação 
direta não significa apenas que os direitos, liberdades e garantias se aplicam independentemente da intervenção legislativa. Significa também que 
eles valem directamente contra a lei, quando esta estabelece restrições em desconformidade com a Constituição”
É neste contexto que se deve fazer a leitura dos dispositivos constitucionais pertinentes à proteção internacional dos direitos humanos, e neste 
tema a Constituição também registra inéditos avanços.
c) Os princípios constitucionais a reger o Brasil nas relações internacionais.
A Constituição de 1988 é a primeira a constituição nacional a trazer a prevalência dos direitos humanos como princípio a reger o Brasil na ordem 
internacional. Na realidade, foi a primeira constituição a fixar valores a orientar a agenda internacional do Brasil. O art. 4º da CF/88 traz vários 
princípios que devem reger o Brasil nas relações internacionais, dentre eles encontra-se a prevalência dos direitos humanos (inc.II).
De fato, a Constituição de 1988 introduz inovações extremamente significativas no plano das relações internacionais. Se, por um lado, esta 
Constituição reproduz tanto a antiga preocupação vivida no Império, que se refere à independência nacional e à não-intervenção, como reproduz 
ainda os ideais republicanos voltados à defesa da paz, a Carta de 1988 inova ao realçar uma orientação nacionalista jamais vista na história 
constitucional brasileira. A orientação internacionalista se traduz nos princípios da prevalência dos direitos humanos, da autodeterminação dos 
povos, do repúdio ao terrorismo e ao racismo e da cooperação para o progresso da humanidade, nos termos do art. 4º, inc. II, III, VIII e IX. 
Ao romper com a sistemática das Cartas anteriores, a Constituição de 1988, ineditamente, consagra o primado do respeito aos direitos humanoscomo paradigma propugnado para a ordem internacional. Esse princípio invoca a abertura da ordem jurídica interna ao sistema internacional de 
proteção aos direitos humanos. A prevalência dos direitos humanos, como princípio a reger o Brasil no âmbito internacional, não implica apenas 
o engajamento do País no processo de elaboração de normas vinculadas ao Direito Internacional dos Direitos Humanos, mas sim a busca pela 
plena integração de tais regras na ordem jurídica brasileira. Implica, ademais, o compromisso de adotar uma posição política contrária aos 
Estados em que os direitos humanos sejam gravemente desrespeitados.
Uma outra conseqüência da adoção da prevalência dos direitos humanos como fundamento das relações internacionais é uma mudança na 
concepção tradicional de soberania absoluta, haja vista que a soberania brasileira fica submetida a regras jurídicas, tendo como parâmetro 
obrigatório a prevalência dos direitos humanos. Há uma relativização e uma flexibilização em prol da proteção dos direitos humanos.
Se para o Estado brasileiro a prevalência dos direitos humanos é princípio a reger o Brasil no cenário internacional, está-se conseqüentemente 
admitindo a concepção de que os direitos humanos constituem tema de legítima preocupação e interesse da comunicada internacional. Os direitos 
humanos, nesta concepção, surgem para a Carta Magna de 1988 como tema global. Cabe ainda ressaltar que o princípio da prevalência dos 
direitos humanos contribuiu de forma definitiva para o sucesso da ratificação, pelo Estado brasileiro, de instrumentos internacionais de proteção 
dos direitos humanos, como foi, por exemplo, com a Convenção Americana de Direitos Humanos – o Pacto de San José.
CAPÍTULO IV - A CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA DE 1988 E OS TRATADOS INTERNACIONAIS DE PROTEÇÃO AOS 
DIREITOS HUMANOS
a) Breves Considerações sobre Tratados Internacionais
Os tratados internacionais, enquanto acordos internacionais juridicamente obrigatórios e vinculante (pacta sunt servanda), constituem hoje a 
principal fonte de obrigação do direito internacional, papel anteriormente ocupado pelo costume internacional. Tal como no âmbito interno, em 
virtude do movimento pós positivista, cada vez mais os princípios gerais do direito passam a ganhar maior relevância no direito internacional 
contemporâneo.
Os tratados internacionais não necessariamente consagram novas regras de direito internacional. Há casos em que eles são criados apenas para 
codificar as regras preexistentes, consolidando os costumes internacionais ou, ainda, modificando-os. Diante da crescente utilização dos tratados 
como norma imperativa nas relações internacionais surgiu a necessidade de se regular o processo de formação dos tratados internacionais, o que 
aconteceu na Convenção de Viena, concluída em 1969. 
Pode-se dizer que a Convenção de Viena é a Lei dos Tratados Internacionais, contudo ela limitou-se a normatizar os tratados internacionais 
celebrados entre Estados, não incluindo aqueles dos quais participam organizações internacionais. Para o estudo do trabalho do livro, importa tão-
somente os tratados celebrados entre Estados. Sendo assim, importa salientar que os tratados internacionais só se aplicam aos Estados-partes, ou 
seja, àqueles Estados que expressamente consentiram em sua adoção, não podendo criar obrigações para os demais Estados.
Enfatize-se que os tratados são, por sua excelência, expressão de consenso. Apenas pela via do consenso podem os tratados criar obrigações 
legais, uma vez que Estados soberanos, ao aceitá-los, compromete-se a respeitá-lo, é o que prevê o art. 52 da Convenção de Viena. A Convenção 
de Viena determina, ainda, que “Todo tratado em vigor é obrigatório em relação às partes e deve ser cumprido por elas de boa-fé” e que “Uma 
parte não pode invocar disposições de seu direito interno como justificativa para o não-cumprimento do tratado” (art. 27 da Convenção de Viena). 
Importante ressalta que, para contribuir para a adesão do maior número de Estados, permite-se que o tratado seja formulado com reservas. Nos 
termos da Convenção de Viena, reservas constituem “uma declaração unilateral feita pelo Estado, quando da assinatura, ratificação, acessão, 
adesão ou aprovação de um tratado, com o propósito de excluir ou modificar o efeito jurídico de certas previsões do tratado, quando se sua 
aplicação naquele Estado”. Entretando, são inadmissíveis reservas que se mostrem incompatíveis com o objeto do tratado, nos termos do art. 19 
da Convenção de Viena.
b) O processo de formação dos tratado internacionais
A sistemática de celebração dos tratados internacionais é deixada a critério de cada Estado, o que acarreta uma variação significativa em relação 
às exigências constitucionais para o processo de formação dos tratados. Em geral, o processo dar-se da seguinte forma:
Primeiramente inicia-se com os atos de negociação, conclusão e assinatura, que são de competência do Poder Executivo. A assinatura do tratado 
significa um aceite precário e provisório, não implicando efeitos jurídicos vinculantes ao Estado. Via de regra, a assinatura do tratado indica 
apenas que o tratado é autentico e definitivo. O segundo passo é a apreciação e aprovação pelo Pode Legislativo. Após a apreciação pelos 
parlamentares vem a ratificação, sob a competência do Poder Executivo. A ratificação significa a confirmação formal por um Estado de que está 
obrigado ao tratado no plano internacional. É o aceito definitivo.
A ratificação é um ato necessário para que o tratado passe a ter obrigatoriedade tanto no plano internacional quanto no plano interno. Como etapa 
formal, o instrumento de ratificação deve ser depositado em um órgão que assuma a custódia do instrumento.
No Brasil, a Constituição de 1988 determina que é de competência exclusiva do Presidente da República celebrar tratados, convenções e acordos 
internacionais, competindo exclusivamente ao Congresso Nacional resolver definitivamente sobre os tratados, acordos e atos internacionais. Há 
uma colaboração entre os Poderes Executivo e Legislativo na conclusão dos tratados internacionais. Logo, os tratados internacionais demandam, 
para seu aperfeiçoamento um ato complexo no qual se integram a vontade do Presidente da República, que os celebra, e a do Congresso Nacional, 
que os aprova por meio de decreto legislativo. A colaboração entre os Poderes Executivo e Legislativo é uma tradição na história das 
constituições do Brasil.
O método adotado pelo Brasil é uma forma de descentralizar o poder de celebrar tratados, prevenindo o abuso desse poder. Para os constituintes, 
o motivo principal da instituição de uma particular forma de cheks and balances talvez fosse o de proteger os direitos de alguns Estados, mas o 
resultado foi o de evitar a concentração do poder de celebrar tratados no Executivo, como era então a experiência européia.
Importante observar que a Constituição só prevê a sistemática da formação dos tratados internacionais em duas normas, quais sejam, o art. 84, 
inc. VIII e o art. 49, inc. I). Sendo assim, em relação ao tema em apreço a Carta Magna ficou lacunosa, sem haver uma normatização, por 
exemplo, do prazo para que o Congresso Nacional aprecie o tratado já assinado pelo Poder Executivo, ou um prazo para que o Presidente da 
República encaminhe ao Congresso Nacional o tratado já assinado. Essa falta de normas acaba por contribuir para a afronta ao Princípio da boa-fé 
que norteia o direito internacional.
c) Hierarquia dos tratados internacionais de direitos humanos
Diferentemente do que ocorria no passado, a relação ente Direito Internacional e Direito Interno não é mais uma problemática apenas acadêmica, 
mas sim bastante pragmática, haja vista a crescente adoção de tratados cujo escopo não é mais a relação entre Estados, mas a relação entre 
Estados e seus próprios cidadãos. A eficácia desses tratados dependeessencialmente da incorporação de suas previsões no ordenamento interno 
de cada país.
A Carta de 1988, ao fim da Declaração de Direitos, consagra que os direitos e garantias nelas previstos não excluem outros decorrentes do regime 
de princípios por ela adotado, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte, conforme art. 5º, §2º da CF/88. A 
Constituição de 1967, previa apenas que os direitos e garantias expressos naquela constituição não outros direitos e garantias decorrentes do 
regime e dos princípios que ela adotava. Sendo assim, a Carta Magna de 1988 inovou ao acrescentar entre os direitos constitucionalmente 
protegidos os direitos enunciados nos tratados internacionais.
Pois bem, se a Constituição prescreve que os direitos e garantias expressos na Constituição não excluem outros direitos decorrentes dos tratados 
internacionais, a contrario sensu, a Carta de 1988 está a incluir, no catálogo de direitos constitucionalmente protegidos, os direitos enunciados 
nos tratados internacionais em que o Brasil seja parte. Esse processo de inclusão implica a incorporação pelo Texto Constitucional de tais direitos. 
Ela, ao efetuar a incorporação, atribui aos direitos internacionais uma natureza diferenciada, qual seja, uma natureza de norma constitucional. 
Fazendo-se uma interpretação axiológica e sistemática no Texto Constitucional, especialmente em face da força expansiva dos valores da 
dignidade da pessoa humana e dos direitos fundamentais, chega-se a conclusão de que os direitos enunciados nos tratados de direitos humanos de 
que o Brasil é parte integram, portanto, o elenco dos direitos constitucionalmente consagrados. Um outro argumento que reforça a idéia de que os 
direitos enunciados em tratados internacionais possuem hierarquia constitucional é o fato de que os direitos fundamentais possuem natureza 
materialmente constitucional. 
A Constituição assume expressamente no seu art. 5º, §2º o conteúdo constitucional dos direitos constantes dos tratados internacionais dos quais o 
Brasil é parte, ainda que não sejam enunciados sob a forma de normas constitucionais. Para J.J. Canotilho, “o programa normativo-constitucional 
não pode se reduzir, de forma positivista, ao ‘texto’ da Constituição. Há que densificar, em profundidade, as normas e princípios da constituição, 
alargando o ‘bloco de constitucionalidade’ a princípio não escritos, mais ainda reconduzíveis ao programa normativo-constitucional, como formas 
de densificação ou revelação de princípios ou regras constitucionais positivamente plasmadas”. Os direitos internacionais integrariam, assim, o 
chamado “bloco de constitucionalidade”, densificando a regra constitucional positivada no §2º do art. 5º da CF, caracterizada como cláusula 
constitucional aberta.
José Afonso da Silva também defende o entendimento de que o art. 5º, §2º da CF abre espaço para que hajam cláusulas abertas constitucionais ao 
lecionar o seguinte: “a circunstância de a Constituição mesma admitir outros direitos e garantias individuais não enumerados, quando, no 
parágrafo 2º do art. 5º, declara que os direitos e garantias previstos neste artigo não excluam outros decorrentes dos princípios e do regime 
adotado pela Constituição e dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte”. Para o constutucionalista há 3 
classes de direitos individuais: a) os expressos, explicitamente individuados no art. 5º; b) os implícitos, subentendidos nas regras de garantias; c) 
os decorrentes do regime e de tratados internacionais subscritos pelo Brasil.
Contudo, a classificação supramencionada peca pelo fato de equiparar os direitos decorrentes dos tratados internacionais aos decorrentes dos 
princípios e dos regimes adotados pela Constituição. Enquanto estes últimos não são nem implícita nem explicitamente enumerados, sendo de 
difícil caracterização a priori, os direitos constantes dos tratados internacionais dos quais o Brasil seja parte são expressos, enumerados e 
claramente elencados, não podendo ser considerados de difícil caracterização a priori. Observe-se que, diferentemente da Constituição 
Portuguesa, onde a cláusula de abertura faz referência a todo o direito internacional, a Constituição brasileira refere-se especificamente aos 
tratados internacionais dos quais o Brasil seja parte.
Há a proposta de uma nova classificação dos direitos previstos pela Constituição: a) os direitos expressos na Constituição; b) os direitos expressos 
em tratados internacionais nos quais o Brasil seja parte e c) os direitos implícitos, que são os direitos que estão subentendidos nas regras de 
garantias, bem como os decorrentes do regime e dos princípios adotados pela Constituição. Logo, os direitos implícitos são imprecisos, vagos, 
elásticos, enquanto os direitos expressos na Constituição e nos tratados internacionais de que o Brasil seja parte compõem um universo claro e 
preciso.
A Constituição de 1988 recepciona os direitos enunciados em tratados internacionais de que o Brasil seja parte conferido-lhes natureza de norma 
constitucional. Tal interpretação é consoante com o princípio da máxima efetividade das normas constitucionais. No dizer de Jorge Mirando, “a 
uma norma fundamental tem de ser atribuído o sentido que mais eficácia lhe dê; a cada norma constitucional é preciso conferir, ligada a todas as 
outras normas, o máximo de capacidade de regulamentação”. Para Konrad Hesse, “(...) A dinâmica existente na interpretação construtiva constitui 
condição fundamental da força normativa da Constituição e, por conseguinte, de sua estabilidade. Caso ela venha a faltar, torna-se inevitável, 
cedo ou tarde, a ruptura da situação jurídica vigente”.
Importante salientar que toda norma constitucional são verdadeiras normas jurídicas e desempenham uma força útil no ordenamento. Nenhuma 
norma constitucional se pode dar interpretação que lhe retire ou diminua a razão de ser. Considerando os princípios da força normativa da 
Constituição e da ótima concretização da norma, à norma constitucional deve ser atribuído o sentido de maior eficácia lhe dê, especialmente 
tratando-se de norma de direito fundamental. Para Canotilho, “(...) no caso de dúvidas deve preferir-se a interpretação que reconheça maior 
eficácia aos direitos fundamentais”. Deste modo, ao entender que os direitos constantes dos tratados internacionais passam a integrar o catálogo 
dos direitos constitucionalmente previstos, está-se a conferir a máxima eficácia aos princípios constitucionais, em especial ao princípio do art. 5º, 
§2º da CF/88.
É de suma importância enfatizar que, enquanto os demais tratados internacionais têm força de norma infraconstitucional, os direitos enunciados 
em tratados internacionais de proteção aos direitos humanos apresentam valor de norma constitucional. Observe-se que a hierarquia 
infraconstitucional dos demais tratados internacionais é extraída do art. 102, III, b da CF, norma que confere competência ao Supremo Tribunal 
Federal para julgar recurso extraordinário as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida declarar a 
inconstitucionalidade de tratado ou lei federal.
Sustenta-se, assim, que os tratados internacionais que não tratem de direitos fundamentais possuem a hierarquia de norma infraconstitucional, 
contudo com força supralegal. Esse posicionamento busca sua fundamentação no princípio da boa-fé, vigente no direito internacional (o pacta 
sunt servanda), e que tem reflexo no art. 27 da Convenção de Viena, segundo o qual não cabe ao Estado invocar disposições de seu direito interno 
como justificativa para o não-cumprimento de tratados.
Contudo, a doutrina brasileira, ao interpretar o mencionado dispositivo constitucional, a tendência é acolher a concepção de que os tratado 
internacionais e as leis federais apresentam a mesmahierarquia jurídica, aplicando-se o princípio “lei posterior revoga lei anterior que seja com 
ela incompatível”. Essa concepção compromete não apenas o princípio da boa-fé do direito internacional, mas também afronta a própria 
Convenção de Viena. O STF, com base no raciocínio da maioria dos doutrinadores, vem adotando desde 1977 o entendimento de que as Leis 
Federais e os tratados internacionais têm a mesma hierarquia.
Observe-se que, anteriormente a 1977 há diversos acórdãos consagrando o primado do Direito Internacional em que o tratado internacional não 
pode ser revogado por lei interna. Contudo, a tendência mais recente no Brasil é de que uma lei possa revogar um tratado anterior, 
posicionamento adotado a partir do julgamento do recurso extraordinário nº 80.004. Em seu voto, o Ministro Francisco Rezek ponderou que a lei 
interna revoga tratado internacional anterior com ele incompatível, sem embargos das conseqüências pelo descumprimento do tratado no plano 
internacional. 
Sendo assim, esse novo posicionamento adotado pelo STF a partir de 1977 desprestigia o princípio da boa-fé vigente no Direito Internacional, 
podendo acarretar sanções pelo descumprimento dos tratados. Vale dizer que, para o regime do direito internacional, apenas o ato de denúncia 
implica a retirada do Estado de determinado tratado internacional. Sem o mencionado ato de denúncia, persiste a responsabilidade do Estado na 
ordem internacional.
O fundamento utilizado para, que na interpretação do art. 102, inc. III, alínea b da CF, houvesse uma equiparação hierárquica entre as leis e os 
tratados internacionais foi que inexiste, na perspectiva do modelo constitucional vigente no Brasil, qualquer precedência ou primazia hierárquico-
normtiva dos tratados internacionais sobre o direito positivo interno, sobretudo em face das cláusulas inscritas no texto Constitucional, eis que a 
ordem normativa internacional não se sobrepõe ao que prescreve a Carta Magna. O livro, contudo, defende posicionamento contrário. Acredita-se 
que, ao conferir aos tratados internacionais de direitos humanos a hierarquia constitucional, com observância do princípio da prevalência da 
norma mais favorável, é interpretação que se situa em absoluta consonância com a ordem constitucional de 1988, bem como com a sua 
racionalidade e principiologia.
Além de não concordar com o posicionamento do STF supra, insiste-se que, em relação aos tratados internacionais de direitos humanos não há 
como rechaçar o seu status constitucional. É aceitável que um tratado internacional comum tenha força de lei, mas em relação aos tratados 
internacionais de direitos humanos em que o Brasil seja parte não há como se rechaçar a sua hierarquia de norma constitucional. Este tratamento 
diferenciado, conferido pelo art. 5º, §2º da CF justifica-se na medida em que, enquanto os tratados internacionais comuns tratam de relações entre 
os Estados-partes, os tratados internacionais de direitos humanos objetivam a salvaguarda dos direitos do ser humano, e não das prerrogativas dos 
Estados. O Estado que firma um tratado internacional de direitos humanos assume compromissos perante os cidadãos que se encontram sob a sua 
jurisdição e não em relação ao outro Estado.
Ao lado do caráter especial dos tratados internacionais de direitos humano, pode-se acrescentar o argumento de que os tratados de direitos 
humanos apresentam caráter mais técnico, formando um universo de princípios que apresentam especial força obrigatória, denominada jus 
cogens. Na percepção crítica de Hilary Charlesworth e Christine Chinkin, “Jus cogens é definido como um conjunto de princípios que resguarda 
os mais importantes e valiosos interesses da sociedade internacional, como expressão de uma convicção, aceita em todas as nações, satisfazendo o 
superior interesse da comunidade internacional como um todo, como os fundamentos de uma sociedade internacional, sem os quais a inteira 
estrutura se romperia. Os direitos humanos mais essenciais são considerados parte do jus congens”.
Em relação ao tema, os autores André Gonçalves e Fausto de Quadros que “um dos traços mais marcantes da evolução do Direito Internacional 
contemporâneo foi, sem dúvida, a consagração definitiva do jus congens no topo da hierarquia das fontes do Direito Internacional, como uma 
‘supra-legalidade internacional”’.
Com base nestes argumentos, pode-se sustentar que o direito brasileiro faz a opção por um sistema misto disciplinador dos tratados. Um regime 
aplicado aos tratados internacionais de direitos humanos, em que, por força do art. 5º, §2º da CF/88, apresentam hierarquia de norma 
constitucional, e um outro regime para os demais tratados internacionais, que apresenta hierarquia de infraconstitucional. Em suma, a hierarquia 
constitucionais das normas vinculadas por meio de tratados internacionais de direitos humanos emergem de uma interpretação axiológica e 
sistemática do art. 5º, §2º da CF em relação à Carta Magna, particularmente da prioridade que atribui aos direitos fundamentais e ao princípio da 
dignidade da pessoa humana.
Importa salientar que, além das duas correntes já mencionadas, uma que entende que os tratados internacionais de direitos humanos devem ser 
recepcionados na norma interna com status de norma constitucional e a outra que, ao revés, entende que deva ser integrado ao sistema normativo 
interno com força equivalente a uma lei - esta última a corrente adotada pelo STF - há duas outras correntes. Uma sustenta que os tratados 
internacionais de direitos humanos possuem um status supraconstitucional, sendo certo que a outra entende que estas normas possuem força 
infraconstitucional, porém supralegal.
Em relação à corrente que entende que os tratados internacionais de direitos humanos, os seus defensores fundamentam as suas teses em que os 
mencionados tratados, em verdade, são normas supranacionais, pois, ao observar que à expressão “não excluem” constante no art. 5º, §2º não 
pode ser concebido um alcance meramente quantitativo, devendo ser interpretada também em caso de conflito entre as normas constitucionais e o 
Direito Internacional em matéria de direitos fundamentais, devendo ser este último que deve prevalecer. 
Para os defensores da última corrente, qual seja, a que entende que os tratados internacionais de direitos humanos devem possuir uma hierarquia 
infraconstitucional, porém supralegal, equiparar os tratados internacionais de direitos humanos com as leis seria esvaziar em demasia o alcance do 
art. 5º, §2º da CF. Este grupo recusa a supremacia de qualquer convenção internacional sobre a constituição, porém não se deve chegar ao ponto 
de igualar o status das leis aos tratados internacionais de direitos humanos, defendendo a tese de que o art. 5º, §2º acabou por traduzir uma 
abertura dos direitos significativa ao movimento de internacionalização de direitos humanos.
No intuito de dirimir as controvérsias doutrinárias e jurisprudenciais, foi criada na Emenda Constitucional nº 45 o §3º do art. 5º da CF, por meio 
do qual ficou determinado que os tratados internacionais de direitos humanos que formem aprovados em cada Casa do Congresso Nacional, em 
dois turnos, por três quintos dos respectivos membros serão equivalentes às emendas constitucionais. Contudo, em face das argumentações já 
expostas, conclui-se que a hierarquia constitucional já se extrai de interpretação conferida ao próprio art. 5º, §2º da CF/88. Por força da indigitada 
norma, todos os tratados internacionais de direitos humanos são materialmente constitucionais compondo o bloco de constitucionalidade. O 
quorum requerido pelo §3º do art. 5º está apenas proporcionando a constitucionalização formal dos tratados de direitos humanos no âmbito 
interno. Sendo assim, á hierarquia dos valores deve corresponder a hierarquia das normas, e não o contrário.
Importa salientarque deve ser rechaçado o entendimento de que os tratados que já foram ratificados devem ser recepcionado com força de lei em 
razão de não terem o quorum determinado pelo §3º do art. 5º da CF. Observe-se que os tratados internacionais de proteção aos direitos humanos 
ratificados anteriormente à EC nº 45 contaram com a ampla maioria dos deputados e senadores, sendo certo que em muitos casos houve a 
superação do quorum de 3/5, não havendo apenas a votação em dois turnos porque na época não havia esta previsão.
Celso Lafer, ao defender o entendimento que os tratados internacionais, mesmo os ratificados antes da EC nº 45/2004 já possuem status de norma 
constitucional, argumenta que p novo parágrafo 3º do artigo 5º da Constituição pode ser considerado como uma lei interpretativa, destinada a 
encerrar as controvérsias doutrinárias e jurisprudenciais suscitadas pelo parágrafo 2º. Para a doutrina, lei interpretativa é aquela que tão somente 
declara uma situação pré-existente, ao clarificar a lei existente. 
Os argumentos que fundamentam o entendimento de que os tratados internacionais de direitos humanos ratificados antes da EC nº 45/2004 
possuem força constitucional são os seguintes: a) a interpretação sistemática da Constituição, de forma a dialogar os §§ 2º e 3º do art. 5º da 
CF/88, já que o último não revogou o primeiro, mas deve ser interpretado à luz do sistema constitucional; b) a lógica e racionalidade material que 
devem orientar a hermenêutica dos direitos humanos; c) a necessidade de evitar interpretações que apontem a agudos anacronismos da ordem 
jurídica; e d) a teoria geral da recepção do direito brasileiro.
Sendo assim, com o advento do §3º do art. 5º da CF/88 por meio da EC 45/2004, surgem dois tipos de tratados internacionais de direitos 
humanos, quais sejam: a) os materialmente constitucionais, que são os que possuem, que por força do § 2º do art. 5º é norma materialmente 
constitucional independentemente do seu quorum de ratificação; b) os materialmente e formalmente constitucional, que são os tratados 
internacionais de direitos humanos que tenham sido ratificado com o quorum exigido pelo § 3º do art. 5º da CF/88. Neste último caso, além de 
natureza material constitucional, a norma será formalmente constitucional.
Resta salientar que entre os tratados internacionais de direitos humanos que são meramente materialmente constitucionais e os que são 
materialmente e formalmente constitucionais há uma diferença de regimes jurídicos que se aplica aos tratados. Enquanto os tratados 
materialmente constitucionais podem ser suscetíveis de denúncia, os tratados materialmente e formalmente constitucionais não podem ser objeto 
de denúncia. Atente-se, ainda, que ao se admitir a natureza constitucional de todos os tratados internacionais de direitos humanos, estar-se-á a 
admitir que os direitos neles vinculados, assim como os demais direitos e garantias consagrados pela Constituição, tornar-se-ão cláusulas pétreas, 
nos termos do art. 60, § 4º da CF, não podendo vir a serem modificados por meio de Emenda Constitucional.
Cabe apontar, contudo, que, embora os direitos internacionais sejam alcançados pelo art. 60, §4º da CF, e não possam ser eliminados por Emenda 
Constitucional, os tratados internacionais de direitos humanos materialmente constitucionais são suscetíveis de denúncia por parte do Estado 
signatário. Os direitos internacionais apresentam esta peculiaridade. Tendo sido prevista a regra da denúncia no tratado, o Estado parte pode 
denunciá-lo a fim de não mais ficar vinculado às obrigações assumidas quando da ratificação do tratado internacional de direitos humanos sem o 
quorum do § 3º.
Devido à peculiaridade mencionada, considera-se mais coerente a aplicação ao ato da denúncia o mesmo procedimento aplicável ao ato de 
ratificação, ou seja, se para a ratificação é necessário um ato complexo, fruto da conjugação das vontades do Poder Executivo com o Legislativo, 
para o ato de denúncia mister a aplicação do mesmo procedimento. Entretanto isso não ocorre no Brasil. No direito brasileiro, a denúncia 
continua a ser ato privativo do Executivo, sem qualquer participação do Legislativo.
Importante salientar que aos tratados internacionais de direitos humanos materialmente e formalmente constitucionais não podem ser objeto de 
denúncia. Isto se deve ao fato de que os direitos nele enunciados receberam assento no Texto da Constituição não apenas pela materialidade que o 
vincula, mas também pelo alto grau de legitimidade popular contemplado pelo especial e dificultoso processo de sua aprovação. Sendo assim, não 
há como se admitir que, após a passagem por um difícil processo de aprovação, um ato isolado do Presidente da República possa subtrair tais 
direitos do patrimônio popular.
Para finalizar, importa examinar de forma breve o modo pelo qual o direito comparado trata da interação dos tratados internacionais de direitos 
humanos e a ordem jurídica nacional. A sistemática constitucional introduzida pela Constituição de 1988 se situa num contexto em que inúmeras 
Constituições latino-americanas buscam dispensar aos preceitos constantes dos tratados internacionais de direitos humanos uma natureza jurídica 
privilegiada.
Na Constituição da Argentina, após a reforma constitucional de 1994, enquanto os tratados internacionais em geral possuem uma hierarquia 
infraconstitucional, porém supralegal, os tratados internacionais de direitos humanos possuem uma força de norma constitucional, completando 
os direitos e garantias constitucionalmente reconhecidos. Na Constituição da Venezuela, os tratados internacionais de direitos humanos subscritos 
pela Venezuela têm hierarquia constitucional e prevalecem sobre a ordem interna, na medida que contenham normas sobre o seu gozo e exercício 
mais favoráveis às estabelecidas pela Constituição e são de aplicação imediata e direta pelos tribunais e demais órgãos do poder público.
No Peru, a sua atual Constituição de 1993 consagra que os direitos internacionalmente reconhecidos devem ser interpretados consoante a 
Declaração Universal de Direitos Humanos e os tratados internacionais de direitos humanos ratificados pelo Peru. Na Nicarágua, a sua 
Constituição confere hierarquia constitucional aos direitos constantes dos instrumentos internacionais de proteção dos direitos humanos. Um 
outro exemplo é a Constituição da Guatemala, na qual se prevê que os direitos e garantias nela previstos não excluem outros, adicionando, ainda, 
que os tratados internacionais de direitos humanos têm preeminênica sobre o direito interno. Também a Constituição do Chile, reformada em 
1989, consagra o dever dos órgãos do Estado de respeitar e promover os direitos garantidos pelos tratados internacionais ratificados por aquele 
país.
É nesse contexto que se insere a inovação do art. 5º, § 2º da CF/88. Ao estatuir que os direitos e neles expressos não excluem outros, decorrentes 
de tratados internacionais em que o Brasil seja parte, a Constituição de 1988 passa a incorporar os direitos enunciados nos tratados de direitos 
humanos ao universo dos direitos constitucionalmente consagrados.
d) A incorporação dos tratados internacionais de direitos humanos
O art. 5º, § 1º da CF/88 consagra o princípio da aplicabilidade imediata dos direitos e garantias fundamentais. Ora, se as normas definidoras dos 
direitos e garantias fundamentais demandam aplicação imediata e se, por sua vez, os tratados internacionais de direitos humanos têm por objeto 
justamente a definição de direitos e garantias, conclui-se que tais normas merecem aplicação imediata.
Sendo assim, diferentemente do que ocorre com os tratados internacionais em geral, para os quais se exige a intermediação pelo Poder Legislativo 
de ato com força de lei para que as suas disposições tenham vigência no ordenamento interno, para os tratados internacionaisde direitos humanos 
em que o Brasil é parte, os direitos fundamentais neles assegurados passam a integrar os direitos constitucionalmente consagrados imediatamente. 
É o que se extrai da interpretação do art. 5º, §§ 2º e 3º. Em outras palavras, não será mais possível a sustentação da tese a qual, com a ratificação, 
os tratados obrigam diretamente os Estados, mas não geram direitos subjetivos. Torna-se possível a invocação imediata dos tratados de direitos 
humanos sem a necessidade de edição de ato com força de lei.
A incorporação imediata gera pelo menos 3 conseqüências: a) o particular pode invocar diretamente os direitos e liberdades internacionalmente 
assegurados; b) proíbe condutas e atos violadores a esses mesmos direitos, sob pena de invalidação e c)a partir da entrada em vigor do tratado 
internacional, toda norma preexistente que seja com ele incompatível perde automaticamente a sua vigência. Ademais, passa a ser recorrível 
qualquer decisão judicial que violar as prescrições do tratado, haja vista o Recurso Especial a ser interposto contra decisão contrariar tratados, nos 
termos do art. 105, III, a da CF.
Importa mencionar a lição de Agustín Gordillo, para quem, “não apenas o Tribunal nacional, mas também e especialmente o Tribunal 
internacional competente, estão expressamente facultados a declarar a antijuridicidade da conduta e, conseqüentemente, invalidá-la, aplicando 
ainda sanções pecuniárias em favor da pessoa físicas que sofreu violação a direito fundamental, por atos, ações ou omissões de sua país, no plano 
interno”.
Mister ressaltar que além da sistemática da incorporação automática do direito internacional, há a sistemática da incorporação legislativa. Pela 
primeira, o Estado reconhece a plena vigência do direito internacional na ordem interna a partir da ratificação do tratado, passando a viger ao 
mesmo tempo tanto na ordem jurídica internacional como na interna. Não há a necessidade de uma norma de direito interno. Essa sistemática de 
incorporação imediata reflete a concepção monista, pela qual o direito internacional e o interno compõem a mesma unidade, uma única ordem 
jurídica. Já na sistemática da incorporação legislativa, o Estado recusa a vigência imediata do direito internacional na ordem interna, necessitando 
da sua reprodução por uma norma interna. Neste sistema a ordem internacional e a interna são duas ordens jurídicas distintas, refletindo a 
concepção dualista há duas ordens jurídicas independente e autônomas. 
Em caso de conflito entre as normas nacionais e as internacionais, há de ser perquirir, inicialmente, qual a sistemática adotada pelo país, a 
monista ou a dualista. Caso seja a dualista não há maiores esclarecimentos a serem feitos, haja vista que, por este sistema há inteira independência 
entre as ordens jurídicas nacionais e internacionais. Vindo a ser adotada pelo Estado a sistemática monista, há de se observar se o monismo é com 
o primado do direito nacional ou se é um monismo com primado da norma internacional. No primeiro caso, em caso de conflito entre a norma 
internacional e a interna, prevalece a norma interna, já no segundo caso, prevalece a norma de direito internacional.
Diante dessas duas sistemáticas, conclui-se que no Brasil adota-se uma sistemática mista, na qual, para os tratados internacionais de direitos 
humanos, por força do art. 5º, § 1º da CF/88, têm vigência imediata, enquanto para os demais tratados se aplica a sistemática da incorporação 
legislativa, fazendo-se necessário a intermediação de um ato normativo para tornar o tratado obrigatório na ordem interna. Diferentemente do que 
ocorre em relação aos tratados de direitos humanos, em que há norma expressa na Constituição que determina a sua incorporação imediata ao 
sistema jurídico interno, art. 5º, §§ 1º e 2º da CF, em relação aos demais tratados não há qualquer menção sobre a sua vigência no ordenamento 
interno. Por isso a maioria dos doutrinadores entendem que em relação aos tratados internacionais em geral aplica-se a sistemática dualista, ou 
seja, há a necessidade de uma norma interna a fim de que o tratado passe a ter vigência interna.
Porém para o trabalho, em se tratando de tratados sobre direitos humanos, os mesmos têm aplicação imediata, sem a necessidade da expedição do 
Decreto de Execução, conforme determina o art. 5º, § 1º da CF/88. Já para os demais tratados o Decreto de Execução é imprescindível para que as 
normas internacionais tenham vigência no direito interno. No que pese as argumentação explanadas no presente trabalho, para a jurisprudência do 
STF a expedição do decreto é essencial para que o tratado internacional seja incorporado ao ordenamento interno.
Em síntese, em relação aos tratados internacionais de direitos humanos, a Constituição, em seu art. 5º, § 1º, acolhe a sistemática da incorporação 
automática, refletindo a sistemática monista, conferindo-lhes, ainda, o status de norma constitucional, por força do art. 5º, §§ 2º e 3º. O regime 
diferenciado, todavia, não se aplica aos tratados internacionais tradicionais, havendo a necessidade, para a sua vigência no ordenamento jurídico 
interno, da expedição de uma norma interna, além de não possuírem força hierárquica constitucional.
Importa salientar que a sistemática de incorporação automática tem sido uma tendência de algumas Cartas Contemporâneas, como ocorre na 
Constituição portuguesa, na alemã, na espanhola, na francesa, na holandesa. Diante do que foi exposto, cabe ao Poder Judiciário e aos demais 
Poderes Públicos assegurar a implantação no âmbito nacional das normas internacionais de direitos humanos ratificados pelo Brasil. As normas 
internacionais que consagram os direitos humanos tornam-se passíveis de vindicação e pronta aplicação ou execução perante o Poder Judiciário. 
Os indivíduos tornam-se, portanto, beneficiários dos direitos de instrumentos internacionais votados à proteção dos direitos humanos.
e) O impacto jurídico dos tratados internacionais de direitos humanos no direito interno brasileiro. 
Em relação ao impacto jurídico dos tratados internacionais de direitos humanos no direito brasileiro, levando-se em conta a hierarquia 
constitucional desses tratados, três são as hipóteses que podem ocorrer, quais sejam, o direito enunciado no tratado: a) coincidir com o direito 
assegurado na Constituição; b) integrar, complementar e ampliar o universo de direitos constitucionais previstos; ou c) contrariar preceitos 
internos.
No caso de coincidir o direito assegurado pelo tratado internacional com o direito assegurado pela Constituição não apenas reflete o fato de o 
legislador nacional buscar inspiração nesse instrumento internacional, como também revela a preocupação do legislador em equacionar o direito 
interno, de modo a ajustá-lo, com harmonia e consonância, às obrigações internacionalmente assumidas pelo Estado brasileiro. Nesse caso, os 
tratados internacionais de direitos humanos estarão a reforçar o valor jurídico de direitos constitucionalmente assegurados, de forma que eventual 
violação do direito importará em responsabilização não apenas nacional, mas também internacional.
O segundo impacto jurídico decorrente da incorporação do Direito Internacional dos Direitos Humanos pelo direito interno resulta do 
alargamento do universo dos direitos nacionalmente garantidos. Vários são os casos em que direitos, embora não previstos no âmbito nacional, 
encontram-se enumerados nesses tratados, assim, passando a incorporar ao direito brasileiro. Na medida em que os direitos assegurados pelos 
tratados não são previstos no direito interno, eles inovam e ampliam o universo de direitos nacionalmente assegurados. O Direito Internacional 
dos Direitos Humanos inova, estende e amplia o universo dos direitos constitucionalmente assegurados.
O Direito Internacional dos Direitos Humanos ainda permite, em determinados casos,o preenchimento de lacunas apresentadas pelo direito 
brasileiro. Um exemplo foi o julgamento pelo Pleno do STF do habeas corpus em que o Ministro Sidney Sanches, relator para o acórdão. O caso 
tratava-se da existência jurídica do crime de tortura contra criança e adolescente. O Estatuto da Criança e do Adolescente prevê em seu art. 233 o 
crime de prática de tortura contra a criança e o adolescente, porém instaurou-se a polêmica dado o fato de esta ser um “tipo penal aberto”. Ocorre 
que o STF entendeu que os instrumentos internacionais de direitos humanos permitem a integração da norma penal em aberto, a partir do reforço 
do universo conceitual relativo ao termo tortura. Neste caso ficou comprovado que os tratados internacionais de direitos humanos podem integrar 
e complementar as normas internas.
Sendo assim, quando as normas dos tratados internacionais de direitos humanos coincidam com os preceitos assegurados na constituição ou 
quando integrem, complementem ou ampliem as normas constitucionais, elas terão a função de reforçar a imperatividade das normas garantidas e 
de preencher as lacunas do direito interno, respectivamente. Contudo ainda se faz possível uma terceira hipótese: eventual conflito entre o Direito 
Internacional de Direitos Humanos e o direito interno.
Para solucionar o possível conflito entre as normas do tratado internacional de direitos humanos e as normas de direito interno, pode-se imaginar, 
como primeira alternativa, a adoção do critério “lei posterior revoga lei anterior com ela incompatível”, considerando a natureza constitucional 
dos tratados internacionais de direitos humanos. Porém, um exame mais cauteloso do assunto aponta para outro critério de solução. É a escolha da 
norma mais favorável à vítima. Prevalece a norma que mais beneficia o indivíduo, titular do direito. O princípio da aplicação dos dispositivos 
mais favorável à vítima é consagrado tanto pelos próprios tratados internacionais de proteção aos direitos humanos quanto pela jurisprudência 
dos órgãos de supervisão internacionais.
No plano de proteção dos direitos humanos interagem o direito internacional e o direito interno movidos pelas mesmas necessidades de proteção, 
prevalecendo as normas que melhor protejam o ser humano, tendo em vista que a primazia é da pessoa humana. Os direitos internacionais 
constantes nos tratados de direitos humanos apenas vêm a aprimorar e fortalecer, nunca a restringir ou deliberar, o grau de proteção dos direitos 
consagrados no plano normativo constitucional. Logo, em caso de conflito entre as normas de direito internacional sobre direito humanos e as 
normas internas, adota-se o critério da prevalência da norma mais favorável. 
O próprio art. 29 da Convenção Americana de Direitos Humanos estabelece que “nenhuma disposição da Convenção pode ser interpretada no 
sentido de limitar o gozo e exercício de qualquer direito ou liberdade que possam ser reconhecidos em virtude de leis de qualquer Estados-partes 
ou em virtude de Convenções em que seja parte um dos referidos Estados”. A escolha da norma mais benéfica ao indivíduo é tarefa que caberá 
fundamentalmente aos Tribunais nacionais e a outros órgãos aplicadores do direito, no sentido de assegurar a melhor proteção possível ao ser 
humano.
Exemplificando os casos de conflitos entre normas internacionais de direitos humanos e normas de direito interno, coloca-se o caso do Pacto 
Internacional dos Direitos Civis e Políticos, que estabelece o direito de toda pessoa a fundar, com outras, sindicatos e de filiar-se ao sindicato de 
sua escolha, sujeitando-se unicamente às restrições previstas em lei e que sejam necessárias para assegurar os interesses de segurança nacional ou 
da ordem pública, ou para proteger os direitos e liberdades alheias. Já a Constituição Nacional consagrou o Princípio da unicidade sindical, que 
prevê a proibição de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa da categoria profissional ou econômica, na mesma base 
territorial. 
Acolhendo o princípio da prevalência da norma mais favorável ao indivíduo e considerando que os direitos previstos em tratados internacionais 
incorporam a constituição com aplicação imediata, conclui-se que a ampla liberdade de criar sindicatos merece prevalecer, até porque as exceções 
previstas no Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos não são observadas no Brasil, ou seja, no Brasil, a restrição à liberdade de 
sindicalização não se dá em razão da necessidade de assegurar os interesses de segurança nacional ou da ordem pública, ou para proteger os 
direitos e liberdades alheias. Como não houve qualquer reserva por parte do Brasil ao ratificar o mencionado pacto internacional, aceitou-se a 
plena liberdade de criação de sindicatos.
Um outro caso que merece enfoque refere-se à previsão que consta no art. 11 do Pacto Internacional de Direito Humanos. Pela norma, “Ninguém 
poderá ser preso apenas por não poder cumprir com uma obrigação contratual”. Enunciado semelhante é o do art. 7º da Convenção Americana, 
que estabelece que ninguém deve ser detido por dívida, acrescendo apenas uma exceção, qual seja, a dívida de créditos alimentícios. A 
Constituição Nacional consagra o princípio da proibição por dívida, contudo admite não apenas uma exceção, como na Convenção Americana, 
mas sim duas: dívida de crédito alimentício e depositário infiel.
Pois bem, se o Brasil ratificou os dois instrumentos internacionais sem qualquer reserva no que tange à matéria, é de questionar a possibilidade de 
prisão civil de depositário infiel. Pelo critério da prevalência da norma mais favorável ao indivíduo no plano da proteção dos direitos humanos, 
conclui-se que merece ser afasta tal possibilidade de prisão. Observe-se que se a situação fosse inversa, se as normas constitucionais fosse mais 
benéfica que a norma internacional, aplicar-se-ia Constituição Federal. As próprias regras de direito internacional levam a esta interpretação ao 
afirmarem que os tratados internacionais só se aplicam se ampliarem e estenderem o alcance da proteção nacional de direitos humanos.
Em resumo do presente tópico pode-se afirmar que, considerando a natureza constitucional dos direitos enunciados nos tratados internacionais de 
proteção dos direitos humanos, três hipóteses poderão ocorrer. O direito enunciado no tratado internacional poderá: a) reproduzir direitos 
assegurados na Constituição; b) inovar o universo dos direitos constitucionalmente previstos e c) contrariar preceito constitucional. Na primeira 
hipótese, os tratados de direitos humanos estarão a reforçar o valor jurídico de direitos constitucionalmente assegurados. Na segunda, esses 
tratados estarão a ampliar e estender o elenco dos direitos constitucionais, complementando e integrando a declaração constitucional de direitos. 
Por fim, quanto à terceira hipótese, prevalecerá a norma mais favorável à proteção da vítima. Vale dizer, os tratados internacionais de direitos 
humanos inovam significativamente o universo dos direitos constitucionalmente consagrados, ora reforçando sua imperatividade, ora adicionando 
novos direitos, ora suspendendo preceitos que sejam menos favoráveis à proteção dos direitos humanos. Em todas as três hipóteses, os direitos 
internacionais constantes dos tratados internacionais de direitos humanos apenas vêm aprimorar e fortalecer, nunca restringir ou debilitar o grau 
de proteção dos direitos consagrados no plano normativo interno.
SEGUNDA PARTE
O SISTEMA INTERNACIONAL DE PROTEÇÃO AOS DIREITOS HUMANOS
CAPÍTULO V - PRECEDENTES HISTÓRICOS DO PROCESSO DE INTERNACIONALIZAÇÃO E UNIVERSALIZAÇÃO DOS 
DIREITOS HUMANOS.
Enquanto o objetivo da primeira parte do trabalho foi o modo pelo qual a Constituição de 1988 se relaciona com os tratados internacionais de 
direitos humanos, nesta segunda parte o objetivo é aprofundar os estudos do sistema internacional de proteçãodos direitos humanos, tanto do 
âmbito global quanto no regional. Neste primeiro capítulo desta segunda parte, o objetivo é desvendar os precedentes históricos que permitiram a 
deflagração do processo de internacionalização e universalização dos direitos humanos.
a) Primeiros Precedentes do processo de internacionalização dos direitos humanos – o Direito Humanitário, a Liga das Nações e a 
Organização Internacional do Trabalho.
Sempre se mostrou intensa a polêmica sobre a natureza dos direitos humanos, se eles são naturais e inatos, direitos positivos, direitos históricos 
ou direitos que derivam de determinado sistema moral. Tal polêmica ainda hoje é bastante intensa. O presente trabalho defende a historicidade 
dos direitos humanitários, na medida em que estes não são um dado, mas construído, uma invenção humana, em constante processo de construção 
e reconstrução. Na lição de Norberto Bobbio, os direitos humanos nascem como direitos naturais universais, desenvolvem-se como direitos 
positivos particulares (quando cada Constituição incorpora Declarações de Direitos) para finalmente encontrar a plena realização como direitos 
positivos universais. Preleciona ainda Bobbio que, não obstante a importância do debate a respeito do fundamento dos direitos humanos, o maior 
problema hoje “não é mais o de fundamentá-los, e sim o de protegê-los”.
Os primeiros marcos do processo de internacionalização dos direitos humanos foram o Direito Humanitário, a Liga das Nações e a Organização 
Internacional do Trabalho. Foi necessário uma nova definição do âmbito e o alcance do tradicional conceito de soberania estatal, a fim de permitir 
o advento dos direitos humanos como questão de legítimo interesse internacional. Foi preciso, ainda, a redefinição do status do indivíduo no 
cenário internacional, para que se tornasse o verdadeiro sujeito de direito internacional. 
Direito Humanitário é o direito que se aplica na hipótese de guerra, a fim de limitar a atuação do Estado e assegurar a observância de direitos 
fundamentais. A proteção humanitária se destina, em casos de guerra, a militares postos fora de combate (feridos, doentes, náufragos, 
presioneiros) e à população civil. A Liga das Nações foi criada após a Primeira Guerra Mundial, possuindo como finalidade promover a 
cooperação, paz e segurança internacional, condenando agressões externas contra a integridade territorial e a independência política dos seus 
membros. Era também um meio de reforçar a idéia de relativizar a soberania dos Estados, incorporando em seu conceito compromissos e 
obrigações de alcance internacional no que diz respeito aos direitos humanos. Além do Direito Humanitário e da Liga das Nações, a Organização 
Internacional do Trabalho também contribuiu para a internacionalização dos direitos humanos. Criada após a Primeira Guerra Mundial, tinha por 
finalidade promover padrões internacionais de condições de trabalho e bem-estar. 
Apresentando o breve perfil da Organização Internacional do Trabalho, da Liga das Nações e do Direito Humanitário, pode-se concluir que tais 
institutos, cada qual ao seu modo, contribuíram para o processo de internacionalização dos direitos humanos, seja ao assegurar parâmetros globais 
mínimos para as condições de trabalho no plano mundial, seja ao fixar como objetivos internacionais à manutenção da paz e segurança 
internacional, seja ainda ao proteger direitos fundamentais em situações de conflito armados. Tais institutos se assemelham na medida em que 
protejam o tema dos direitos humanos na ordem internacional. 
Com o advento dos institutos supramencionados, chega-se ao fim a época em que o Direito Internacional era confinado a regular meramente 
relações entre Estados. Passa-se a não mais visar apenas arranjos recíprocos, mas sim o alcance de obrigações internacionais a serem garantidos 
coletivamente. Essas obrigações visam a salvaguardar direitos do ser humano e não prerrogativas dos Estados. Os novos institutos rompem, 
ainda, com a antiga concepção de soberania nacional absoluta, na medida que admitem intervenções no plano nacional em prol da proteção dos 
direitos humanos. Aos poucos emerge a idéia de que o indivíduo não é apenas objeto, mas também sujeito do Direito Internacional, passando-se a 
se aceitar a capacidade processual internacional dos indivíduos, bem como a concepção de que os direitos humanos não mais se limitam à 
exclusiva jurisdição doméstica, mas sim constituem matéria de legítimo interesse internacional.
b) A internacionalização dos Direitos Humanos – pós-guerra.
A verdadeira consolidação do Direito Internacional dos Direitos Humanos surge em decorrência da Segunda Guerra Mundial. É um movimento 
extremamente recente que surgiu como resposta às atrocidades e aos horrores durante o nazismo. A barbárie do totalitarismo significou a ruptura 
do paradigma dos direitos humanos, por meio da negação do valor da pessoa humana como valor fonte do direito. Diante dessa ruptura, emerge a 
necessidade de reconstruir os direitos humanos, como referencial e paradigma ético que aproxime da moral. Nesse cenário, o maior direito passa a 
ser o direito a ter direito, ou seja, o direito a ser sujeito de direitos. Se a Segunda Guerra significou a ruptura com os direitos humanos, o pós-
guerra deveria significar sua reconstrução.
Neste prisma, nasce a idéia de que a proteção aos direitos humanos não devem se reduzir ao âmbito reservado de um Estado, porque revela tema 
de legítimo interesse internacional. O processo de internacionalização dos direitos humanos – que por sua vez, pressupõe a delimitação à 
soberania estatal – passa, assim, a ser uma importante resposta na busca da reconstrução de um povo paradigma, diante do repúdio internacional 
às atrocidades cometidas no holocausto. Com a decadência do nazismo, a defesa da soberania ilimitada passou a ser duramente atacada, 
especialmente em razão das atrocidades cometidas durante a Segunda Guerra. Toda essa barbárie fez com que os doutrinadores concluíssem que a 
soberania estatal não é um princípio absoluto, mas deve estar sujeita a certas limitações em prol dos direitos humanos.
A crescente preocupação com os direitos humanos no pós-guerra é perceptível por meio da criação das Nações Unidas, da adoção da Declaração 
Universal dos Direitos Humanos pela Assembléia Geral da ONU e com a ocupação de um espaço central na agenda das instituições 
internacionais. No fim do século XX, não era mais possível se afirmar que o Estado pode tratar os seus cidadãos da forma que quiser, sem sofrer 
qualquer responsabilização na arena internacional. Nesse contexto, o Tribunal de Nuremberg significou um poderoso impulso ao movimento de 
internacionalização dos direitos humanos. Com a competência para julgar os crimes cometidos ao longo do nazismo, seja pelos líderes do partido, 
seja pelos oficiais militares, O Tribunal de Nuremberg teve a sua composição e seus procedimentos básicos fixados pelo Acordo de Londres 
(Acordo firmado entre os aliados em 1945 para a responsabilização dos alemães pela guerra e pela barbárie cometidas).
O Tribunal de Nuremberg aplicou fundamentalmente o costume internacional para a condenação criminal dos envolvidos na prática de crimes de 
guerra, crimes contra a paz e em crimes contra a humanidade, previstos no Acordo de Londres. Note-se que, segundo o art. 38 do Estatuto da 
Corte Internacional, o costume internacional é fonte do direito internacional, juntamente com os tratados internacionais, com as decisões judiciais, 
com a doutrina e com os princípios gerais do direito reconhecidos pelas nações “civilizadas”. 
Para a existência do costume internacional, faz-se a necessidade de: a) a concordância de um número significativo de Estados em relação a 
determinada prática e do exercício uniforme dessa prática; b)a continuidade de tal prática por considerável

Continue navegando