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Aula CONDUTA

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ELEMENTOS DO FATO TÍPICO												MARÇO 2017
1.CONDUTA:
	É sinônimo de ação/omissão e decomportamento HUMANO.
	Não se fala em conduta dePJ-Pessoa Jurídica, no sentido de imputar a esta a prática de alguma infração penal, embora seja possível punição pela prática de uma atividade lesiva ao meio ambiente:
	-art. 225, § 3º, CF/88:Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.
	§ 3º-As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambientesujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.
	-art. 3º da Lei 9.605/98:As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade.
	Parágrafo único.A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, co-autoras ou partícipes do mesmo fato.
	Assim, a conduta, compreende qualquercomportamento HUMANO(comissivo ou omissivo - doloso ou culposo).
1.1.Conceito de Ação:
a)-Teoria Causalista:Inicialmente pelosadeptos daTeoria Clássica(Von Liszt e Belling)criaram osistema causal-naturalista, que diz serAÇÃO, o movimento humano, voluntário, que produz uma modificação no mundo exterior.AÇÃOé pois o fato que repousa sobre a vontade humana, a mudança do mundoexterior referível à vontade do homem.
	Sem ato de vontadenão há ação, não há injusto, não há crime: “cogitationis poenam nemo patitur”. Mas também não há ação, não há injusto, não há crime sem uma mudança operada no mundo exterior,sem um resultado.
	Para aTeoria Neoclássica(Paz Aguado) aAÇÃOdeixa de ser absolutamente natural para estar inspirada de um certo sentido normativo que permita a compreensão tanto da ação em sentido estrito (positiva) como a omissão. Agora aAÇÃOse define como o comportamento humano voluntário manifestado no mundo exterior.
	Este conceito não resolvia o problema da omissão.
b)-Teoria Finalista:paraWelzela AÇÃO seria um comportamento humano voluntário, dirigido a uma finalidade qualquer.
	O homem, quando atua, fazendo ou deixando de fazer alguma coisa a que estava obrigado, dirige sua conduta sempre à determinada finalidade que pode serilícita(quando atua comdolode praticar uma conduta proibida pela lei penal) oulícita(quando não quer praticar delito algum, mas porculpa, causa um resultado lesivo, previsto em lei penal).
P.ex., TÍCIO desejando chegar rápido em sua casa imprime velocidade excessiva ao seu veículo e acaba atropelando alguém
c)-Teoria Social:conforme lição deDaniela Freitas Marques, o conceito jurídico de comportamento humano é toda atividade humana social e juridicamente relevante, segundo os padrões axiológicos de uma determinada época, dominada ou dominável pela vontade. Já paraJohannes Wessels, o conceito deAÇÃO, comum a todas as formas de conduta, reside na relevância social da ação ou da omissão. Interprea a ação como fator estruturante conforme o sentido da realidade social, como todos os seus aspectos pessoais, finalistas, causais e normativos.
1.2.Condutas Dolosas e Culposas:
	A regra parao CP, é de que todo o crime seja doloso, somente sendo punida a conduta culposa quando houver previsão legal expressa nesse sentido (art. 18 do CP).
P.ex., Inexiste dano culposo.
1.3.Condutas Comissivas e Omissivas:
	Além de atuar com dolo/culpa, o agentepode praticar a infração penal fazendo ou deixando de fazer alguma coisa a que estava obrigado. As condutas, desta forma podem ser: a)-comissivas(positivas) ou b)-omissivas(negativas).
a)-crimes comissivos, o agente direciona a sua atividade (conduta positiva) a uma finalidade ilícita. P. ex., furto, homicídio, etc...
b)-crimes omissivos, há uma abstenção de atividade que era imposta pela lei ao agente (conduta negativa). P.ex., omissão de socorro (art. 135, CP).
b.1)-crimes omissivos simples/puros/próprios:são os que objetivamente são descritos com uma conduta negativa, de não fazer o que a lei determina, consistindo a omissão numa transgressão da norma jurídica e não sendo necessário qualquer resultado naturalístico, ou seja, são delitos nos quaisexisteo chamado dever genérico de proteção;
b.2)-crimes omissivos qualificados/impuros/impróprios oucomissivos por omissão:somente as pessoas referidas noart. 13, § 2º do CPpodem praticá-los, uma vez que para elas existe um dever especial de proteção.
	Para que se possas falar em crime omissivo impróprio é preciso que o agente se ache numa posição deGARANTEou garantidor, isto é, tenha ele a obrigação legal de cuidado, proteção ou vigilância; de outra forma, assuma a responsabilidade de impedir o resultado, ou, com o seu comportamento anterior, tenha criado o risco da ocorrência do resultado.
1.4.Ausência de Conduta:
	A ação regida pela vontade é sempre uma ação final (dirigida à consecução de um fim). Se não houver vontade dirigida a uma finalidade qualquer,NÃOse pode falar em conduta.
	Se o agenteNÃOatuadolosa ou culposamente,NÃOháação.
	Isso pode acontecer nos casos seguintes:
a)-força irresistível:
a.1)-proveniente da natureza:quando um sujeito é arrastado pelo vento, enxurrada e esbarranuma pessoa provocando-lhe lesões corporais, não se pode imputar-lhe a título de dolo/culpa o resultado causado;
a.2)-praticado por terceiros:pelo homem, pode-se citar acoação física(vis absoluta), bem como quando o sujeito é jogado por uma 3ª pessoacontra objetos ou mesmo pessoas, vindo, com isso, respectivamente, a danificá-los ou lesioná-las. Assim, o agente NÃO responde pelos danos ou lesões, pois é um instrumento nas mãos do agente coator.
b)-movimentos reflexos:quando o organismo humano reage adeterminados impulsos e em face disso possa vir a ocorrer lesões ou danos. Um estímulo neuro-sensorial que pode resultar numa pequena lesão de terceira pessoa.
	Entretanto, se o movimento reflexo era previsível o dano/lesão deve ser imputado a quem lhe deu causa, geralmente a título de CULPA, haja vista ter deixado de observar o dever de cuidado objetivo.
c)-casos de inconsciência:tem o condão de eliminar a conduta do agente:
P.ex., sonambulismo; hipnose, ataques epiléticos.
	No caso de EMBRIAGUEZ completa, desde que não seja proveniente decaso fortuito ou força maior, embora não tenha o agente se embriagado com o fim de praticar qualquer infração penal, mesmo que não possua a menor consciência daquilo que faz, ainda assim será responsabilizado pelos seusatos (art. 28, II do CP).
	Aqui, na verdade, o agente é responsabilizado pelos resultados ocorridos em virtude do ato de querer, voluntariamente, embriagar-se, ou mesmo em razão de ter, culposamente, chegado ao estado de embriaguez.
	Prevalece, nessahipótese, a teoria daACTIO LIBERA IN CAUSA, visto que aação foi livre na causa(ato de fazer a ingestão de bebidas alcoólicas).
	Assim, deverá o agente ser responsabilizado pelos resultados dela decorrentes.
1.5.Fases da Realização da Ação:
	Para queo agente possa alcançar sua finalidade, sua ação deve passar, necessariamente, pelas fases:
a)-fase interna:Na lição de Welzel, ocorrena esfera do pensamentoe é composta:
a.1)-pela representação e pela antecipação mental do resultado a ser alcançado;
a.2)-pela escolha dos meios a serem utilizados;
a.3)-pela consideração dos efeitos colaterais ou concomitantes à utilização dos meios escolhidos. Sua conduta poderá dar causa a outros resultados?
b)-fase externa:O agente exterioriza tudo aquilo que haviaarquitetado mentalmente, colocando em prática o plano criminoso, procedendo a uma realização no mundo exterior.
	Para que o agente possa ser punido pelo Estado é preciso que, além de querer cometer a infração penal, exteriorize a sua vontade, praticando atos de execução tendentesa consumá-la. Caso contrário, permanecendo na fase da cogitação ou na preparação, sua conduta não interessará ao direito penal, salvo se houver previsão legal para a punição dos atos preparatórios.

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