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2017221 14242 ORTOTANÁSIA+E+EUTANÁSIA+NO+BRASIL (1)

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ORTOTANÁSIA E EUTANÁSIA NO BRASIL
Mauro César Bullara Arjona 
Tanto a Ortotanásia (Abreviação da vida do paciente que sobrevive artificialmente) como a Eutanásia (Abreviação da vida do paciente em estado terminal e com sofrimento) são consideradas pelo Código penal Brasileiro, homicídios com causa de diminuição pelo relevante valor moral. É o chamado “homicídio piedoso”.
Tal previsão considera a situação do doente, quando estiver sem condições de se autome-dicar, necessitar da ajuda de outrem para abreviar a vida e acabar com a dor (eutanásia) ou de cuida-dos médicos para se manter vivo (ortotanásia). Ao deixar de fazê-lo, desligando os aparelhos ou não aplicando a medicação necessária, a pessoa que tem a responsabilidade para tanto, normalmente fami-liares e médicos, estaria se omitindo, o que, para Direito Penal, equivaleria a causar a morte.
Tecnicamente, não podemos dizer que a morte foi “causada” pela pessoa que se omitiu, já que a causa mortis foi a doença. Diferentemente é o caso do cidadão que recebe um tiro de outro, pois aí a morte é causada pelos ferimentos decorrentes do disparo.
No caso da omissão, a regra não se aplica, já que não há relação de causa e efeito, uma vez que a omissão não “causou” a morte, mas sim a doença. Para tais crimes omissivos, o Código Pe-nal estabelece a relevância da omissão (art.13), fazendo com que as pessoas que se omitem, tendo a obrigação de agir, respondam pelo resultado (crime) não porque o causaram, mas sim porque não ten-taram evitá-lo. É claro que essa regra se aplica apenas aos doentes terminais ou irrecuperáveis que necessitem de assistência para a manutenção da vida. Não há que se falar em crime caso alguém, em estado terminal ou sabedor de que possui uma doença irrecuperável, sem o auxílio de qualquer pes-soa, resolva tirar a própria vida.
A causa de diminuição se aplica já que a motivação do crime é “nobre”, visa diminuir a dor do paciente, minorar seu sofrimento. Nelson Hungria, citando a exposição de motivos do código penal, mostra como exemplo de causa de diminuição no homicídio o chamado “homicídio eutanásio ou piedoso”, justificando-o pela “piedade, provocada por situação irremediável de sofrimento em que estivesse a vítima e ‘as suas súplicas”.
O espírito da lei é apenar o autor do “homicídio piedoso”, porém reconhecendo que seus atos foram motivados por sentimentos bons, nobres, os quais justificam pena menor, posto que o grau de periculosidade do autor é também menor.
DIREITO E MORAL
Miguel Reale
Direito e Moral - conceitos
"O Direito é a norma das ações humanas na vida social, estabelecida por uma organização soberana e imposta coativamente à observância de todos", segundo RUGGIERO e MAROI, em Istituzioni di Diritto Privato, 8 ed., Milão, 1955, v.1, § 2º.
MIGUEL REALE, em Lições Preliminares de Direito, afirma que "aos olhos do homem comum o Direito é a lei e ordem, isto é, um conjunto de regras obrigatórias que garante a convivência social graças ao estabelecimento de limites à ação de cada um de seus membros".
De acordo com a teoria da coercibilidade, "o direito é a ordenação coercível da conduta humana".
Distinção entre Direito e Moral
Direito e a Moral são dois parâmetros, duas determinantes de condutas socialmente corretas, cada um com suas características e formas de imposição diferentes, mas que estão sempre juntos, de alguma forma.
A ideia de que tudo que é direito é moral nem sempre é verdadeira. O Direito pode tutelar o que é amoral (o que não é moral nem imoral), como a legislação de trânsito, cuja alteração não afetaria a moralidade, e até mesmo o que é imoral (o que vai contra a moral), como por exemplo, a divisão do lucro em valores idênticos entre os sócios, por mais diligente que seja um e ocioso o outro. Por maior que seja o desejo e o esforço para que o direito tutele só aquilo que é "lícito moral", sempre haverá resíduos imorais no Direito.
A teoria do "mínimo ético" consiste em dizer que o Direito representa o mínimo de moral imposto para que a sociedade possa sobreviver. Como nem todas as pessoas levam em consideração a moralidade de um ato ao praticá-lo, ou seja, sempre existe um violador da moral, surge então a figura do direito, como instrumento de imposi-ção das normas de forma mais rigorosa.
Há regras que são seguidas naturalmente, ou seja, moralmente. Entretanto, há aquelas que só são cum-pridas porque existe uma coação.
É possível dizer que a moral é o mundo da conduta espontânea, a adesão do indivíduo ao que é deter-minado pela regra. Não existe moral forçada. Devolver o objeto perdido ao dono sob pressão de outrem não é um ato de verdadeira moralidade, pois não houve uma vontade espontânea da parte de quem o encontrou.
Em relação ao Direito, pode-se dizer que suas regras só são seguidas, na maioria das vezes, porque por trás delas existe uma pena pelo seu não cumprimento, ou seja, só são cumpridas porque são cogentes. Esta é a principal distinção entre o direito e a moral: a sua coercibilidade. É possível ou não obedecer a uma norma de direito bem como à uma norma moral, mas o não cumprimento da segunda resultará em uma condenação moral, consequência abstrata, e não uma consequência objetiva, concreta. Isto significa que a moral é incoercível e o direito é coercível, tendo à pessoa a faculdade de obedecê-los segundo as consequências que sofrerá. Daí dizer que o direito e a moral são diferentes, mas de alguma forma estão juntos.

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