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O Príncipe Maquiavel - RESUMO

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O Príncipe - Maquiavel 
 
COMENTADO POR NAPOLEÃO BONAPARTE 
 
Introdução 
 
Como Segundo Chanceler de Florença, Maquiavel, e tinha uma vida política muito ativa. Era 
uma época de mudanças, o sistema feudal era substituído pela produção capitalista, a 
soberanias eram absorvidas pelas monarquias, e existia uma centralização do poder na Europa 
exceto na Itália. 
 
Maquiavel, então participava de encontros com as cortes estrangeiras para fazer acordos 
políticos. A experiência de sua vida é relatada neste livro, mostrado para o homem comum as 
verdadeiras intenções de um governante ambicioso. 
 
Niccoló Machiavelli - Ao magnífico Lorenzo, filho de Piero de Médici 
 
Os príncipes ganham sempre bons presentes, que estão a sua altura, porém não encontrei 
entre minhas posses, nada além das experiências que adquiri ao longo de minha vida, e que 
agora remeto a Vossa Magnificência, reduzidas em um pequeno volume. 
 
Portanto, aceitei este pequeno presente, e lendo esta obra, o meu desejo de que atinja 
aquela grandeza que a fortuna e demais qualidades lhe asseguram. 
 
Capítulo I – De quantas espécies são os principados e quantas são as maneiras em que se 
adquirem 
 
Os Estados podem ser republicas ou principados, que foram herdados pelo sangue, ou foram 
adquiridos recentemente. Os novos, tais como Milão com Francesco Sforza, ou tais membros 
juntados a um Estado que recebe por herança um príncipe, tal o reino de Nápoles ao rei da 
Espanha. Este domínios recebidos, são sujeitos a um príncipe ou livres, e são adquiridos por 
tropas alheias ou próprias. 
 
Capítulo II - Dos principados hereditários 
 
Não falarei das repúblicas, mas só dos principados, e tentarei mostrar como os principados 
herdados podem ser governados e mantidos. Estados ligados a família de seu príncipe, tem-se 
menores dificuldades para se governar dos que os novos pois, basta não abandonar o 
procedimento dos antecessores, se o príncipe for inteligentes se conservará no poder. 
 
Na Itália, por exemplo, temos o duque de Ferrara, que opôs resistência ao ataque dos 
Venezianos em 1484, e aos do Papa Júlio em 1510, apenas porque antigo era o domínio de sua 
família, e era evidente que se tornasse mais querido. 
 
Capítulo III - Dos principados mistos 
 
A maior dificuldade está nos principados novos, que também podem ser Estado reunido ao 
hereditário, que poderíamos chamar de principado misto, isto porque o povo revolta-se com o 
novo príncipe que precisou ofender os novos súditos com sua tropa e através e outras ofensas 
que uma recente conquista provoca. 
 
Então serão seus inimigos todos aqueles que foram prejudicados com a ocupação do 
principados, e seus amigos serão aqueles que te colocaram lá pois, estavam insatisfeitos, e 
mesmo que estejas fortalecido não poderá ser violento contra eles pois, precisa das boas 
graças dos habitantes. Este foi o erro de Luís XII, Rei da França, quando ocupou Milão, que 
teve o mesmo povo que abriu as portas, contra ele, quando percebeu que erram a respeito do 
bem que traria aquele príncipe. 
 
Estados conquistados e acrescentados a um Estado Antigo, sendo na mesma província e de 
idêntica língua, facilmente são sujeitados, sobretudo se não têm o costume de viver livres. 
 
Para Estados com línguas diferentes, mas com mesmos costumes, o conquistador, para 
conserva-los, deve ter em mira duas regras: primeira, extinguir a linguagem do antigo 
príncipe; segunda, não modificar leis e impostos. 
 
Já em uma província com língua, costumes e legislação diferentes, o modo mais eficaz de 
conquistar é o príncipe ir habitá-la, assim poderá acabar com as desordens, logo quando 
forem surgindo, do contrário, quando a notícia chegar será tarde para agir. Outra maneira é 
formar colônias em alguns lugares da província conquistada. 
 
Os Romanos, organizaram colônias nas províncias conquistadas, veja na província da Grécia, 
Roma formentou os Aqueus e os Etólios, submeteu o reino dos Macedônios, expulsou Antíoco. 
 
O desejo de conquista é coisa realmente natural e comum e os homens que podem satisfazê-
los serão louvados sempre e nunca recriminados. Mas não o podendo e querendo fazê-lo de 
qualquer modo, aí estão em erro, e merecem censura. 
 
Capítulo IV - Razão por que o Reino de Dario, ocupado por Alexandre, não se revoltou com os 
sucessores deste 
 
O fato de Alexandre Magno, ter conquistado em poucos anos a Ásia, e depois ter morrido logo 
em seguida, e o povo não ter-se revoltado contra os sucessores é espantoso. Dos principados 
que recordamos, dois são os modos que se governam: ou por príncipes auxiliados por 
ministros, ou por um príncipe e barões. 
 
Tais barões tem domínio e súditos próprios, que os reconhecem como senhores e dedicam-
lhes natural afeto. 
 
Agora considerando-se a natureza do governo de Dario, ter-se -á que é semelhante à do sultão 
da Turquia. Se foi necessário a Alexandre desbaratar o inimigo em bloco após a vitória, morto 
Dario, teve o estado seguro. E os sucessores de Alexandre, tivessem eles mantido unidos, 
poderiam desfrutar ociosos aquele reino; não houve aí outras turbações senão aquelas que 
eles mesmo provocaram. 
 
A conquista de um povo, não é mérito só do vencedor, mas das diferenças dos povos 
subjugados. 
 
Capítulo V – Do modo de manter cidades ou principados que antes de ocupados se governavam 
por leis próprias 
 
Explanação de como conservar governos com ideologias natas. Por mais que novas ideologias 
sejam infiltradas, as antigas leis do principado perdurão até que o novo principado trasgrida 
as regras antigas e declare novas regras contanto que se permita que '...repouse a lembrança 
da perdida liberdade.' 
 
Capítulo VI – Dos principados novos que são conquistados pelas armas e com nobreza 
 
Citação de exemplos de Moisés, Teseu, entre outros, que por virtude própria tornaram-se 
príncipes. 
 
Capítulo VII – Dos principados novos que são conquistados com armas e com virtudes alheias 
 
O autor transcorre a respeito de César Borgia, filho do papa Alexandre VI, cujas conquistas 
foram impulsionadas pelo poder da posição de seu pai e, depois, por alianças com pessoas de 
punho mais firme que ele, como Remirro de Orco. 
 
Capítulo VIII – Dos que chegaram ao principado pelo crime 
 
Neste capítulo o autor trata o fato de se atingir o principado através de '...atos maus ou 
nefandos...'.Vale destacar a forma que Maquiavel propõe da maneira como devem discorrer as 
injúrias ao povo, segundo ele '...todas de uma só vez, para que, durando pouco tempo, 
marquem menos...'.Também é interessante a maneira com que os benefícios ao povo devem 
ser proporcionados:'...pouco a pouco, para serem melhor saboreados...'. 
 
Capítulo IX – Do principado civil 
 
O que se pode denominar principado civil, sendo que não é necessário grande valor ou 
fortuna, mas sim astúcia. Este é alcançado pelo favorecimento dos grandes ou do povo. Nas 
cidades encontram essas duas disposições, sendo que o povo não quer ser oprimido pelos 
grandes e os grandes desejam comandar e oprimir o povo. A estes dois apetites produzam os 
efeitos; o principado, a liberdade ou a liderança. 
 
O principado é obra do povo ou dos grandes segundo a oportunidade acolhida por um ou por 
outro. Os grandes percebem que não podem se opor ao povo, começam a promover a 
reputação de um membro do povo e o fazem príncipe. Este para se conservar no poder tem 
dificuldades. Já o povo percebendo sua incapacidade de se opor aos grandes, concede 
prestigio a alguém e o torna príncipe, mediante sua autoridade, ser defendido. Este ajuda o 
povo não tendo dificuldades, pois esta cercado de outros que lhe parecem iguais. 
 
Por outro lado aquele que atinge a condição de príncipe graças ao povo encontra-se só, não 
tendo em torno de si ninguém ou poucos que não estejam prontos a obedecê-lo. Pode 
honestamente e sem prejuízo de outros satisfazer aos grandes, mas certamente
pode-se 
satisfazer o povo, pois este tem uma bem mais honrada que os grandes, desejando estes 
oprimir e o povo não se deixar oprimir. 
 
O pior que o príncipe pode esperar de um povo hostil é ser abandonado por ele; mas os 
grandes hostis não deve apenas temer que o abandonem, as também que o ataquem. Este 
príncipe deve viver sempre com o mesmo povo, mas nem sempre com os mesmos grandes. 
 
Para um príncipe é necessário contar com a amizade do povo, caso contrario não haverá 
soluções nas adversidades. Um príncipe sábio deve pensar em um modo pelo qual seus 
cidadãos, sempre e em quaisquer circunstâncias, careçam do Estado e dele, com o que eles 
lhe depois sempre fiéis. 
 
Capítulo X – Como devem ser medidas as forças de todos os principados 
 
Os príncipes capazes de se conservarem por si só, que podem, por abundância de homens e de 
dinheiro, constituir um exercito forte e enfrentar qualquer assaltante. Estes exércitos devem 
ser regidos por leis. Deste modo este principado terá uma cidade fortificada, mas que não se 
faça odiado. 
 
A natureza humana obriga ao homem tanto benefícios feitos pelos que recebeu. Pode-se 
concluir que não será difícil a um príncipe prudente garantir-se de seu povo. 
 
Capítulo XI – Os principados Eclesiásticos 
 
Para este aparecem toda espécie de obstáculos, porque são obtidos pelo mérito ou pela 
fortuna, mas são mantidos pela rotina da religião. Estas são tão forte que conseguem manter 
seus príncipes tenham estes a vida que for. Por este poder tais principados são considerados 
seguros e felizes. 
 
É de se esperar que, se alguns fizeram o Papado poderoso pelas armas. O pontífice atual, por 
sua bondade e muitas outras virtudes, o faça mais forte e venerado. 
 
 
 
Capítulo XII – Das espécies de milícias e dos soldados mercenários 
 
Se faz necessário que um príncipe tenha fundamentos sólidos; como boas leis e princípios. 
Como boas leis não existem onde não há armas, portanto, as forças com as quais um príncipe 
conserva o sue Estado são próprias ou mercenárias auxiliares ou mistas. As mercenárias e 
auxiliares são inúteis e perigosas, pois não são de fato ligadas ao príncipe, são ambiciosas, 
sem disciplina, infiéis, insolentes com os amigos e covardes como inimigos, não temem a 
Deus, nem fazem fé nos homens. Sendo assim o príncipe apenas retarda sua própria ruína. 
 
O príncipe deve se fazer capitão, a República mandará para esse cargo um de seus cidadãos, 
mas sendo infeliz deve substituí-lo imediatamente. Mas se este revelar seu valor deve a 
República assegurar-se por meio de leis suas atribuições. 
 
Os capitães afastavam de si e de seus soldados, o medo e o trabalho, poupando-se nos 
combates e fazendo-se prender uns aos outros sem resgate. A eles tudo era permitido em seu 
código militar, que tinha por objetivo evitar o trabalho e os perigos. Deste modo escravizaram 
e infamaram a Itália. 
 
CAPÍTULO XIII – Das tropas auxiliares, mistas e nativas 
 
As tropas auxiliares são mandadas por poderosos em teu auxílio. Estas podem ser boas e úteis, 
mas em caso de derrota está abatido e em caso de vitória será seu prisioneiro. As forças 
mercenárias, após uma vitoria necessitam de mais tempo para causar mal, pois foram 
organizadas e são remuneradas por ti. 
 
Todos os príncipes prudentes repeliam este tipo de tropas, as auxiliares, sempre preferiam 
suas próprias tropas para assim poder chegar a uma vitória de fato. 
 
Com esta observação de diferentes tropas conclui-se que sem possuir tropas próprias nenhum 
príncipe está garantido a não ter contratempos. As forças próprias são compostas de súditos 
ou cidadãos, ou de servos; todas as outras são mercenárias ou auxiliares. 
 
CAPÍTULO XIV – Dos deveres do príncipe para com as tropas 
 
CAPÍTULO XV – Das razões pelas quais os homens e sobretudo os príncipes são louvados ou 
virtuperados 
 
CAPÍTULO XVI – Da liberdade e da parcimônia 
 
CAPÍTULO XVII – Da crueldade e da piedade – se é preferível ser amado ou temido 
 
CAPÍTULO XVIII – De que maneira devem os príncipes guardar a fé da palavra empenhada 
 
 
 
O príncipe não deve ter outra finalidade nem outro pensamento, senão a guerra, seu 
regulamento e disciplina, pois esse é a única arte que se atribui a quem comanda. Ela é de tal 
poder que não só mantém os que nasceram príncipes, porém muitas vezes eleva àquela 
qualidade cidadãos de condição particular. Um príncipe não versado de milícia, além de 
outras desventuras, como se disse, não pode ter a estima de seus soldados nem confiar neles. 
Um príncipe sábio deve considerar as histórias de outros países e meditar as ações de homens 
ilustres, estudar as razões de suas derrotas e vitórias e jamais estar ocioso nos tempos de 
paz; deve isto sim, de modo inteligente, ir formando cabedal de que tire proveito nas 
adversidades, para estar a qualquer tempo preparado para resistir-lhes. 
 
Os príncipes se fazem notáveis pelas qualidades que lhes trazem reprovação ou louvor. 
Qualquer um reconhecerá que muito louvável seria um príncipe possuísse, de todas as 
características tidas por boas; mas a condição do homem é tal, que não permite a posse 
completa delas; é preciso que o príncipe seja tão prudente que saiba evitar os defeitos que 
lhe tirariam o governo e praticar as qualidades próprias para lhe garantir a posse dele. 
 
A liberalidade usada para que se espalhe a tua fama de liberal não é virtude; se ela se pratica 
de modo virtuoso e como se deve, será ignorada e não escaparás da má fama de seu 
contrário. Portanto, não podendo usar dessa virtude sem prejuízo para si mesmo, deve ele, 
sendo prudente, desprezar a pecha de avaro, pois com o tempo, poderá demonstrar que é 
sempre mais liberal, pois verá o povo que a parcimônia do príncipe faz que lhe baste a sua 
receita, podendo defender-se dos que lhe movem guerra, e está deste modo sendo liberal 
para todos aqueles dos quais nada tira, que são muitos, e avarento para aqueles aos quais 
nada dá, que são muitos poucos. É mais prudente ter fama de miserável, o que acarreta má 
fama sem ódio, do que, para ter fama de liberal, ser elevado a incorrer também na de 
repasse, o que constitui infâmia odiosa. 
 
Cada príncipe deve querer ser considerado piedoso e não cruel; não obstante, deve cuidar de 
empregar de modo conveniente essa piedade. Não deve, pois, importar ao príncipe a pecha 
de cruel para conservar seus súditos unidos e com fé, porque, com pequenas exceções, ele é 
mais piedoso do que por excesso de clemência deixam que surjam desordens, das quais 
podem se originar assassínios ou rapinagens. É que tais conseqüências prejudicam todo o povo 
e as execuções prejudicam a um só. Muito mais seguro é ser temido que amado quando seja 
obrigado a falhar numa das duas. Os homens hesitam menos em ofender aos que se fazem 
amar, do que aqueles que se tornam temidos. Deve-se o príncipe fazer-se temido de modo 
que, se não for amado, ao menos evite o ódio, pois fácil é ser ao mesmo tempo temido e não 
odiado. Portanto, um príncipe sábio ama os homens como querem ser amados, e sendo 
temido por eles como queira, deve firmar-se no que é seu e não sobre o alheio. Enfim, deve 
apenas evitar ser odiado. 
 
Há duas formas de combater: uma, pelas leis, outra pela força. A primeira é natural do 
homem, a segunda dos animais. Ao príncipe se faz preciso, porém, saber empregar de 
maneira conveniente o animal e o homem, e uma desacompanhada da outra é origem da 
instabilidade. Não pode um príncipe de prudência, nem deve, guardar a palavra empenhada 
quando isso lhe é prejudicial e quando os motivos que o determinarem deixarem de existir. 
Um príncipe não pode seguir a todas as coisas tidas como boas, sendo muitas vezes obrigado, 
a agir contra a caridade, a fé, a humanidade, a religião. Nas atitudes dos homens, sobretudo 
dos príncipes, importa apenas o êxito bom ou mau. Trate, portanto, de vencer e conservar o 
Estado, pois os
meios que empregar serão sempre julgados honrosos e louvados, pois o vulgo 
se deixa levar por aparências e pelas conseqüências dos fatos consumados, e o mundo é 
formado pelo vulgo, e não haverá lugar para a minoria se a maioria não encontre lugar para 
se apoiar. 
 
Capítulo XIX – De como se deve evitar o desprezado ou odiado 
 
O príncipe procura evitar coisa que o faça odioso ou desprezível e sempre que agir assim, 
cumprirá seu dever não achará nenhum perigo nos outros defeitos. O que o torna sobretudo 
odioso é o ser rapace e usurpador dos bens e das mulheres e de seus súditos. Torna 
desprezível o ser tido como volúvel, leviano, efeminado, covarde e irresoluto. Tais coisas 
devem ser evitadas do mesmo modo que o navegante evita um rochedo. Deve ele fazer que 
em suas ações se reconheça a grandeza, coragem, gravidade e fortaleza, e quanto às ações 
particulares de seus súditos deve fazer que sua presença seja irrevogável, portando-se de 
modo tal que ninguém pense enganá-lo ou fazê-lo mudar de idéia. 
 
Deverá defender-se destes com boas armas e bons aliados, e tendo armas sempre terá bons 
amigos. Os negócios internos, por seu turno, estarão estabilizadas se estabilizadas estiverem 
as coisas de fora, a não ser aqueles que já estejam perturbados por uma conspiração. A 
propósito dos súditos deve-se recear que sempre conspirem em segredo, e se tiver conseguido 
que o povo esteja satisfeito com ele. 
 
A um Príncipe pouco deve-se importar as conspirações se ele é querido do povo, pois se este é 
seu inimigo e o odeia, deve temer tudo e todos. Deve-se estimar os poderosos, porém não se 
tornar odiado pelo povo. 
 
E é preciso que se note que o ódio se adquire ou pelas ou pelas más ações. Por isso, um 
Príncipe desejando conservar o Estado, é freqüentemente obrigado a não ser bom, porque 
quando aquela maioria, seja povo, senado ou grandes, de que julgas ter precisão para 
conservar no poder, é corrupta, é conveniente que sigas o seu pensador para satisfazê-la e, 
assim, as boas ações são prejudicadas. 
 
É de se notar neste ponto que assassínios, deliberados por homens obstinados são impossíveis 
de serem evitados pelos Príncipes porque todo o que não tiver medo da morte poderá 
executá-los não deve, entretanto, o Príncipe amedrontar-se pois são raríssimos. Deve 
somente evitar, não injuriar gravemente algumas das pessoas que se utiliza e que tenha ao 
seu lado a serviço de seu governo, como fez Antonino. Tinha este assassinado de modo 
indigno um irmão daquele centurião, e ameaçada ainda a este diariamente, mas, obstante 
isso, manteve-o na sua guarda, o que era coisa temerária e capaz de arruiná-lo como 
sucedeu. 
 
Contudo, quem observar o que foi narrado, entenderá que o ódio e o desprezo foram motivos 
da ruína de muitos imperadores e conhecerá ainda os motivos pelos quais alguns deles, agindo 
de uma forma e outros de modo contrário, alguns terminaram bem e outros tiveram triste 
fim. 
 
Capítulo XX – Se as fortalezas e tantas outras coisas que cotidianamente são feitas pelo 
príncipe são úteis ou não 
 
Alguns Príncipes, para conservarem com segurança o Estado, deixaram desarmados os seus 
súditos, outros repartiram as cidades conquistadas mantendo facções para combaterem-se 
mutuamente, outros alimentaram inimizades contra si próprios, outros entregaram-se à 
conquista do apoio daqueles que lhe eram suspeitos no princípio de seu Governo, alguns 
outros construíram fortalezas. 
 
Tirando as armas, principais por ofendê-los, dando a entender que desconfia deles ou que é 
covarde. Qualquer dessas opiniões levantará ódio contra ti. Não houve Príncipe num 
principado novo, sempre organiza a força armada, porém, um Príncipe que conquista um novo 
Estado, que seja anexado ao domínio, então faz-se preciso desarmar aquele Estado, menos 
aqueles que tenham ajudado a conquistá-lo a ainda a esses é preciso, com o tempo, torná-los 
apáticos e moles, de maneira que todas as armas desse Estado estejam com os teus soldados, 
que junto a ti viviam no Estado antigo. 
 
Muitas vezes, servem melhor ao Príncipe os serviços dos ex-adversários do que os daqueles 
que, por demasiada segurança, negligenciam os interesses do Príncipe. 
 
Considerando-se todas essas coisas, louvaremos os que edificarem fortalezas e ainda os que 
não as construírem, e lamentarei os que confiando em tais meios de defesa, não se 
preocuparem com o fato de o povo os odiar. 
 
Capítulo XXI – O que um príncipe deve realizar para ser estimado 
 
Nada torna um príncipe tão estimado como as grandes empresas e o dar de si raros exemplos. 
 
Um príncipe deve ter o cuidado de não se aliar com um mais poderoso, se não quando for 
impelido pela necessidade, porque, vencendo, ficará presa do aliado; e os príncipes devem 
evitar a todo custo estar a mercê de outro. 
 
Deve um príncipe mostrar-se amante das virtudes e honrar aqueles que se destacam numa 
arte qualquer. 
 
Capítulo XXII - Dos ministros dos príncipes 
 
A escolha dos seus ministros não é uma coisa de mínima importância. 
 
Para que um príncipe possa conhecer bem o ministro, existe este modo que jamais falha: 
quando percebes que o ministro pensa mais em si mesmo do que em ti, e que em todas as 
suas ações procura tirar proveito pessoal, podes estar certo de que ele não é bom, e nunca 
poderás confiar-te nele; aquele que dirige os negócios do Estado não deve jamais pensar em 
si mesmo, mas sempre no príncipe e nunca recordar-lhe coisas que estejam fora da esfera do 
Estado. 
 
O príncipe para garantir-se do ministro, deve pensar nele, honrando-o, fazendo-o rico, 
fazendo com que ele contraia obrigações para contigo, fazendo-o participar de honras e 
cargos, de modo que as muitas honrarias não lhe tragam o desejo de outras. 
 
Capítulo XXIII - De como se evitam os aduladores 
 
Outra maneira de proteger-se da adulação não existe, se não fazer com que os homens 
compreendam que não te fazem ofensa em dizer a verdade; quando, porém, todos podem 
dizer-te a verdade, faltar-te-ão ao respeito. Um príncipe prudente deve, pois, portar-se de 
uma terceira maneira, escolhendo em seu Estado homens sábios e apenas a estes conceder o 
direito de dizer-lhe a verdade a respeito , porém, somente das coisas que ele lhes inquirir. 
 
Um príncipe deve, pois, aconselhar-se sempre, mas quando ele julgar que o deve e não 
quando os outros desejam. Mesmo, julgando que alguém, por medo, não lhe diga a verdade, 
não deve o príncipe deixar de mostrar o seu desprazer. Conclui-se daí, é que os bons 
conselhos, venham de onde vierem, nascem da prudência do príncipe e não a prudência do 
príncipe dos bons conselhos. 
 
Capítulo XXIV - Porque os príncipes de Itália perderam seus Estados 
 
Um príncipe novo é muito mais vigiado em seus atos do que um hereditário, e quando esses 
atos mostram virtude, atraem muito mais aos homens e os obrigam muito mais de que a 
antigüidade do sangue. Isso porque os homens são muito mais presos as coisas do presente do 
que àquelas do passado e, quando acham o bem naquelas, contentam-se e nada mais buscam, 
antes, tomarão a defesa do príncipe se este não falhar nas demais coisas às suas promessas. 
 
Deste modo, esses nossos príncipes que, por muitos anos, possuíram seus principados, para 
depois vir a perdê-los, não acuse a fortuna, mas sim sua própria ignávia; porque jamais tendo 
nas boas épocas pensando em que os tempos poderiam mudar [e é comum nos homens não se 
preocupar, na bonança, com as tempestades], quando chegaram os tempos adversos, 
pensaram em fugir e não defender-se e aguardaram que as populações cansadas da insolência 
dos vencedores os reclamassem outra vez. 
 
Não quererias cair apenas porque acreditas que encontres quem te levante. Isto, ou não 
sucede, ou, quando sucede, não te trará segurança, porque é fraco meio de defesa o que de 
ti não depende. E são sempre bons, certo e duradouros os meios de defesa que dependem
de 
ti mesmo e de teu valor. 
 
Capítulo XXV – De quanto pode a sorte nas coisas humanas e de que maneira se deve resistir-
lhe 
 
Não desconheço que muitos têm e tiveram a opinião de que as coisas do mundo são dirigidas 
pela fortuna e por Deus, de modo que a prudência humana não pode corrigi-las, e mesmo não 
lhes traz nenhum remédio. É o que acontece com rios impetuosos que, quando se tornam 
encolerizados, alagam as planícies, destroem as árvores, os edifícios, tudo cede ao seu 
ímpeto, sem poder obstar-lhe; mas não é menos verdade que os homens podem, quando o rio 
se acalmar, providenciarem diques para que da próxima cólera do rio, este passe por canais 
que certamente conterão parte dos estragos. O mesmo acontece com a fortuna, o seu poder 
se manifesta aonde não há resistência organizada. 
 
Relativamente os caminhos que conduzem os homens às finalidades que buscam, podem ser 
diversos. Nota-se que dois indivíduos para chegarem ao mesmo objetivo podem agir de 
maneira totalmente diversas; em contrapartida dois homens agindo da mesma maneira podem 
não chegar aos mesmos resultados. Mas com toda certeza, de qualquer maneira que se porte 
o homem, deve ele modificar seu modo de agir de acordo com o tempo e as coisas. 
 
Concluo, pois, por dizer que, modificando-se a fortuna, e conservando os homens, com 
obstinação, o seu modo de proceder, são felizes enquanto esse modo de agir e as 
particularidades do tempo combinarem. Não combinando, serão infelizes. 
 
Capítulo XXVI – Exortação ao príncipe para livrar a Itália das mãos dos Bárbaros 
 
Deste modo, tendo ficado como sem vida, aguarda a Itália aquele que lhe possa curar as 
feridas e dê fim ao saque da Lombardia, aos tributos do reino de Nápoles e da Toscana, e que 
cure as suas chagas já há muito tempo apodrecidas. Percebe-se que ela pede a Deus que lhe 
mande alguém que a redima de tais crueldades e insolências de estrangeiros. Vê-se mesmo, 
que se acha pronta e disposta a seguir uma bandeira, desde que exista quem a levante. 
 
Aqui há muito valor no povo, embora faltem chefes. Observai, nos duelos e torneios, quanto 
são os italianos superiores em força, destreza e inteligência. Tratando-se, porém, de 
exércitos, tais qualidades não chegam a mostrar-se. E tudo deriva da fraqueza dos chefes, 
pois os que sabem não são obedecidos e todos acreditam saber muito, não tendo surgido até o 
momento nenhum cujo valor ou sorte de tanto realce que obrigue os demais a abrir-lhe 
caminho. É por este motivo que em tanto tempo, em tantas guerras que se deram nestes 
últimos vinte anos, todo exército inteiramente italiano sempre se saiu mal. 
 
É preciso portanto, preparar as armas, para poder defender-se dos estrangeiros com a própria 
bravura italiana. E não obstante sejam considerados formidáveis as infantarias suíças e 
espanholas, têm ambas defeitos, de maneira que uma terceira potência, que viesse a ser 
criada, poderia não só opor-se mas ter confiança na vitória. Pode-se, pois, conhecendo os 
defeitos dessas duas infantarias, organizar uma terceira que resista à cavalaria e não tema a 
sua rival. E daí virá `formação de uma geração de guerreiros e a alteração dos métodos. E são 
essas coisas que , reorganizadas, dão reputação e grandeza a um príncipe novo. 
 
Não se deve, pois, deixar escapar-se essa oportunidade, a fim de fazer com que a Itália, após 
tanto tempo, encontre um redentor. Já fede , para todos, este domínio de bárbaros. Toma, 
portanto, a vossa ilustre casa esta tarefa com aquele ânimo e aquela fé com que as boas 
causas são esposadas, a fim de que, sob o seu brasão, esta pátria se enobreça, e sob os seus 
auspícios se verifique aquela expressão de petrarca. 
 
APÊNDICE – Carta de Machiavelli a Francesco Vettori 
 
Magnífico embaixador. Tardas nunca foram as graças de Deus. Digo tal porque me parecera 
não ter perdido, mas enfraquecido a vossa graça, tendo vós ficado tanto tempo sem me 
escrever e estava eu em dúvida de onde pudesse vir a razão. E a todas quantas me acudiam à 
mente dava eu pouca importância, menos àquela pela qual duvidava não houvésseis deixado 
de escrever-me, porque vos houvesse sido escrito que não fosse eu bom conservador de vossas 
cartas; e sabia eu que, Felippo e Pagolo exclusive, outros não as tinham visto de mim. Não 
posso, pois, desejando render-vos iguais graças, dizer-vos nesta missiva outra coisa a não ser 
minha vida, e se julgardes deva trocá-la pela vossa, ficaria satisfeito em mudá-la. E como 
disse Dante, não pode a ciência daquele que não guardou o que escutou – anoto aquilo de que 
pela sua conversação fiz cabedal e compus um opúsculo DE PRINCIPATIBUS, onde me 
aprofundo o mais que posso nas cogitações deste assunto, debatendo o que é principado, de 
quantas espécies são, como são conquistados, como se podem manter, porque se perdem; e 
se alguma vez vos agradou uma fantasia minha, não deveria esta vos desagradar. E de minha 
fé não se deveria duvidar, pois tenho sempre observado a fé, não vou agora quebrá-la; e 
quem foi fiel e bom durante quarenta e três anos, que são os que tenho, não deve poder 
mudar sua natureza; e de minha fé e bondade é testemunho a minha pobreza. Queria, 
portanto, que ainda me escrevêsseis o que sobre este assunto vos pareça , e a vós me 
recomendo. 
 
Extratos dos discursos de Maquiavel acerca das décadas de Tito Lívio 
 
[Comentado por Napoleão Bonaparte] 
 
I - É difícil que um povo, habituado a viver sob o mando de um príncipe tendo caído, por 
alguma eventualidade, sob um governo republicano, permaneça nele. 
 
II - Um povo corrompido em estado republicano mantém-se com grande dificuldade. 
 
III - Quando um Estado monárquico começou bem, um príncipe fraco pode manter-se nele, 
mas não há nenhum reino que possa sustentar-se quando o sucessor desse príncipe é tão fraco 
quanto o próprio. 
 
Os príncipes são fracos quando não estão sempre prontos para fazer a guerra. 
 
IV - O príncipe que entra num Estado novo para ele deve renová-lo totalmente. 
 
Quem quer que se torne príncipe de um Estado, ou província, particularmente quando está 
fracamente firmado neles. É preciso estabelecer novos governos como novos nomes nas 
cidades, uma nova autoridade e novos homens, como fez Davi ao se tornar rei: deve edificar 
novas cidades, destruir as velhas, levar moradores de um lugar para outro, ou seja, não 
deixar nada inalterado nessa província. 
 
Aquele que deseje reinar sobre uma nova província, descuidando dessa sábia alternativa de 
viver como particular, deve fazer este mal se quiser manter-se. 
 
V - O populacho é atrevido, mas no fundo é fraco. 
 
Estou certo, portanto, de que a boa ou má disposição de um povo deve ser levada em pouca 
conta se te encontras em situação de poder contê-lo e de poder providenciar para não ser 
ofendido por nenhum indivíduo bem ou mal disposto. 
 
As más disposições provenientes destas causas são formidáveis necessitam-se de maiores 
remédios para deprimi-las e contê-las, enquanto que isso é mais fácil nas outras más 
disposições, contanto que nos povos não disponham de chefes a quem possam recorrer. 
 
Por essa razão, um vulgo sublevado que quisesse evitar tais perigos, deveria escolher um 
chefe, pensar em sua defesa, como fez a massa de Roma. Quando a plebe não toma tais 
cuidados sempre lhe acontece o que disse Tito Lívio, isto é, todos juntos são audazes e que 
depois cada um se torna covarde e fraco quando começa a pensar no perigo que o ameaça. 
 
Não creio que se possa dizer que entre os que nasceram de humilde condição e chegaram a 
empunhar um cetro existia pelo menos um que o tenha feito pela força e pela fraqueza. 
 
Aquilo que os príncipes precisam fazer para sua elevação é também necessário nas novas 
repúblicas, até que se tenham tomado poderosas e que precisem apenas de força para 
sustentar-se. 
 
VI – Quem quer que chegue de uma baixa condição à mais alta elevação consegue muito mais
a fraude do que com a força. 
 
VII - O príncipe que, através de sua deferência com os governados, acredita temperar sua 
ousadia, geralmente se engana. 
 
Constatou-se freqüentemente que esta palavra não é tão-só inútil de todo, como prejudicial, 
principalmente quando a exerces com homens insolentes que, por inveja ou outros motivos, 
odeiam-te. 
 
Um príncipe, portanto, não deve jamais permitir em rebaixar-se de sua posição nem em 
abandonar coisa alguma, a não ser que não possa ou creia não poder reter o que lhe obrigam 
a ceder. Vale quase sempre, quando a coisa chegou a um ponto em que não se pode cedê-la 
de bom gosto, que a deixes ser levada pela força, em lugar de deixar que seja roubada por 
meio desta. Quando cedes por medo é para evitar uma guerra e freqüentemente, não se pode 
cedê-la de bom gosto, que a deixes ser levada pela força em lugar de deixar que seja roubada 
por meio desta. Quando a cedes por medo é para evitar uma guerra e, freqüentemente, não a 
evitas. Aquele a quem, por efeito de visível covardia, tenhas concedido o que queria, não 
parará apenas nisso. 
 
VIII – Quão perigoso é para um príncipe, bem como para uma república, não castigar ultrajes 
praticados contra uma nação ou contra particular. 
 
Pode-se perceber quanto a indignação causada pela impunidade dos culpados deve ocasionar 
de mal se considera o que aconteceu aos romanos por não terem castigado a perfídia de seus 
três embaixadores com respeito aos franceses para os quais se havia enviado a Clusi. 
 
Os franceses, tendo conhecimento de que eram honrados aqueles que mereciam 
simplesmente o castigo, olharam essa conduta como ofensiva e ignominiosa para si próprios e, 
indignados e irados, lançaram-se sobre Roma e a tomaram, com exceção do Capitólio. 
 
Esta desgraça não aconteceu aos romanos tão-somente porque haviam faltado com a justiça, 
mas porque seus embaixadores, que deveriam ser castigados por terem trabalhado 
criminosamente contra o direito das nações, foram cumulados de honras por esta infâmia. 
Cuidem, pois, tanto os príncipes; visto que, se ofendido com gravidade por alguém, indivíduo 
ou Estado, e não recebendo satisfação disso, vingar-se-á de forma funesta para o Estado. 
 
O príncipe nunca deve menosprezar nenhum de seus súditos que acredite que, juntando sua 
própria injúria à que um deles lhe tenha porventura feito, particular ou cortesão, tenha a 
idéia de vingar-se do príncipe, ainda que atraindo a desgraça para sua própria pessoa. 
 
IX - A fortuna cega o espírito dos homens quando não quer que se oponham a seus próprios 
desígnios. 
 
Se consideram os rumos de coisas humanas, reconher-se-á que freqüentemente ocorrem 
acidentes contra os quais os céus não desejaram que os homens pudessem preservar-se. 
 
Nada sendo mais verdadeiro que essa conclusão: os homens, cuja vida foi formada de grandes 
adversidades ou de perene prosperidade, não merecem censuras ou elogios. 
 
Quando a fortuna deseja que grandes coisas sejam feitas, trabalha com competência 
escolhendo um homem de grande gênio para conhecer as ocasiões que lhe vai apresentar e de 
valores bastante extenso para aproveitar-se delas. 
 
É um verdadeiro que os homens possam auxiliar a fortuna; podem dirigir, não cortar o fio de 
suas operações. Todavia, nunca devem desanimar-se, porque não sabendo o fim a que ela 
leva e caminhando por sendas controversas e desconhecidas, sempre devem esperar e, 
consequentemente, suster-se com a esperança sem qualquer circunstância crítica ou 
incômoda em que se encontrem. 
 
X - Um governo deve evitar confiar cargos ou administrações de alguma importância aos que 
tenha ofendido. 
 
Esta verdade é tão evidente que basta expor aqui o exemplo que nos presta a história 
romana. 
 
Quando vemos que o ressentimento exerce tamanho influxo sobre um cidadão romano, nos 
tempos em que Roma não estava corrompido, devemos prever quanto pode fazer num cidadão 
de um Estado em que se introduziu a corrupção e em que as almas estão destituídas de toda 
antiga magnimidade romana. 
 
XI – Porque os franceses foram e são ainda olhados, no início do combate, como mais que 
homens e menos que mulheres quando este se prolonga. 
 
Para demonstrar minha opinião devo observar que existem alguns tipos de exércitos: o 
primeiro é aquele em que a ordem conjuga-se com o furor e em que o furor e valentia são 
provenientes da ordem reinante: tal foi o efeito que os romanos observam em seus exércitos. 
 
Outras espécies de exército é aquela em que não há furor natural nem ordem ocidental; tais 
são os exércitos italianos de nosso tempo, que são por essa razão absolutamente inúteis. 
 
XII - Do gênio dos franceses 
 
Os gênios franceses conhecem com tanta rapidez os benefícios e prejuízos do momento que 
conservam escassa lembrança dos bens e males passados e pouco se inquietam com o bem ou 
mal futuros. 
 
XIII - Pintura das coisas de França 
 
Os franceses são, por natureza, mais fogosos que atrevidos ou destros e quando alguém 
resiste a seu furor na primeira investida tornam-se humildes e perdem tanto o valor que se 
tornam tão coardes quanto mulheres. 
 
Não suportam a estreiteza e a falta de conforto, e o tempo os afrouxa tanto em campanha 
que, se é possível fazê-los esperar, debandam e então é fácil vencê-los... Portanto, aquele 
que desejar triunfar sobre eles, que os contenha em seu primeiro assalto, que os entretenha 
para ganhar tempo e os vencerá. Por isto dizia César que os franceses – galos – eram , 
inicialmente, mais que homens e no fim, menos que mulheres. 
 
XIV – Detalhes de Castruccio Castracani, senhor de Luca 
 
Numa batalha terrível que Castruccio Castracani sustentava contra os florentinos, vendo que 
esta havia durado o suficiente para que estivessem tão cansados como suas próprias tropas, 
mandou que se adiantassem mil elementos da infantaria através dos seus e ordenou aos 
últimos que estavam na vanguarda que se abrissem e fizessem um movimento de retorno, uns 
para a direita e outros para a esquerda, como se retirassem. 
 
Castruccio tinha o costume de dizer que os homens devem experimentar tudo e não se 
espantar de nada; que Deus ama os homens valorosos, tendo em vista que devemos castigar 
os fracos por intermédio. 
 
Mandou matar um cidadão de Luca que havia contribuído para sua elevação e como lhe 
lançassem à face o fato de ter feito morrer um amigo, respondeu que incorriam em erro, 
visto que havia mandado matar apenas um novo inimigo. 
 
Bibliografia 
 
MACHIAVELLI, Niccolò.O Príncipe; comentado por Napoleão Bonaparte; tradução de Torrieri 
Guimarães.São Paulo: Hemus-Livraria Editora Ltda., 1977

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