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* * * Toxinas Microbianas Prof. Dr. Hélio Mitoshi Kamida Universidade Estadual de Feira de Santana Departamento de Ciências Biológicas Laboratório de Pesquisa em Microbiologia UEFS * * * INTOXICAÇÕES E INFECÇÕES * * * DOENÇAS BACTERIANAS DE ORIGEM ALIMENTAR INTOXICAÇÕES X TOXINFECÇÕES INTOXICAÇÕES: caracterizam-se pela ingestão de toxinas formadas pela intensa proliferação do microrganismo no alimento. Embora as bactérias elaboradoras de toxinas também sejam usualmente ingeridas, a patogenicidade não se expressa através de uma etapa infecciosa. Exs.: Clostridium botulinum, Staphylococcus aureus e Bacillus cereus. INFECÇÕES (TOXINFECÇÕES): caracterizam-se pela ingestão de células viáveis de microrganismo patogênico que no interior do indivíduo colonizam órgãos ou tecidos com a reação dos mesmos à sua presença, multiplicação ou toxinas elaboradas. * * * DOENÇAS BACTERIANAS DE ORIGEM ALIMENTAR Existem dois tipos de INFECÇÕES: Microrganismos invasivos: colonizam, penetram e invadem os tecidos apresentando o quadro clínico característico como, por exemplo, Shigella spp., Salmonella spp., Yersinia enterocolitica, Campylobacter jejuni e outros. b) Microrganismos toxigênicos: o quadro clínico é provocado pela formação de toxinas liberadas quando o microrganismo multiplica-se, esporula ou sofre lise como, por exemplo, Escherichia coli, Vibrio cholerae, Vibrio parahaemolyticus e Clostridium perfringens. * * * O que são toxinas microbianas? Quais tipos de microrganismos produzem toxinas? Bactérias, fungos e algas Mas nem todas as espécies! * * * Toxinas microbianas: perigo ao homem? Sintomas variam de leves a agudo/crônico dependendo de: · Nível de exposição · Suscetibilidade da pessoa · Toxicidade da toxina Sintomas: específicos de cada toxina Mais comuns: cólicas abdominais, vômito/diarréia, câncer, rins, paralisia muscular * * * MICOTOXICOSES Aspergillus flavus * * * Histórico das Micotoxicoses Idade média - século 19 - ergotismo na Europa (alcalóides de Clariceps purpura em trigo) Século 19 - "doença do arroz amarelo" no Japão (citreoviridin de Penicillium) 1940 - aleuquia tóxica matou 100.000 russos (tricotecenos de Fusarium) 1960 - aflatoxicose responsável pela morte de perusinhos na Inglaterra * * * MICOTOXICOSES Doença produzida pela ingestão, inalação ou absorção de toxina produzida por fungos filamentosos (micotoxinas). Podem causar: estado de letargia, perda de peso, intoxicações, câncer e óbito em homens e animais. Atingem mais os animais do que os homens – ACUMULATIVAS. Toxicidade crônica : carcinogênica, hemorrágicas e mais frequentemente atuando como hepatotóxica, nefrotóxica, ou neurotóxica * * * MICOTOXINAS Metabólitos secundários tóxicos produzidos por fungos responsáveis pelas podridões. Podem danificar os rins ou o sistema imune dos animais e do ser humano. Podem ocorrer em pequenas quantidades na carne, nos ovos e no leite. A maior parte delas persistem durante o cozimento normal dos alimentos. Materiais com fungos ou podres devem ser evitados na produção de alimentos, até porque a sua presença altera o sabor dos alimentos (entre outros aspectos de qualidade alimentar), diminuindo o risco para a saúde humana. * * * MICOTOXINAS Podem estar contidas: no interior dos esporos dos fungos, em seus micélios, ou então serem liberados no alimento contaminados por estes microrganismos. Ocorrem principalmente em cereais e oleaginosas arroz, milho, trigo, cevada, amendoim, algodão, etc. Espécies Aspergillus spp., Penicillium spp. e Fusarium spp. * * * MICOTOXINAS Não constituem uma categoria química. Maior parte dos estudos: Aspergillus, Fusarium, Penicillium, Stachybotrys e Myrothecium. Tipos e quantidades produzidas dependem de: Linhagem do fungo, Substrato, Presença/ausência de outros microrganismos, Condições ambientais (T°C, pH, Aw, etc). * * * Micotoxinas importantes nos alimentos * * * Condições para o crescimento de fungos em grãos para temperaturas de 25 a 27°C Fonte: BAKKER-ARKEMA (1999) * * * AFLATOXINA (Aspergillus flavus e Aspergillus parasiticus - Aflatoxicose) Produzidas por várias espécies do gênero Aspergillus São identificadas como B1, B2, G1 e G2 Tipo B = fluorescência azulada (Blue) UV Tipo G = fluorescência esverdeada (Green) UV M1 e M2 leite, urina e fezes de mamíferos, resultantes do metabolismo das toxinas B1 e B2 B1 - Carcinógeno natural mais potente Extremamente tóxica e carcinogênica * * * AFLATOXINA Falha do fígado destruição das células parenquimatosas, o que pode ser acompanhado de hemorragias e alterações das funções nervosas em combinação com espasmos. Câncer hepático, compromete o sistema imunológico, teratogênica e mutagênica * * * AFLATOXINA Aflatoxinas em crianças: aumenta a suscetibilidade neonatal à infecções e icterícia, aumenta a suscetibilidade de crianças à neoplasias, compromete a resposta imunológica à imunizações profiláticas. * * * AFLATOXINA Em humanos o processo de intoxicação pode dar-se de forma gradual, desta forma, os efeitos podem levar anos para manifestar. Animais jovens apresentam redução de consumo de ração, redução de crescimento, bem como perda de peso. Cavalo, macaco, peru e pato são extremamente sensíveis. * * * AFLATOXINA 1988 International Agency for Research on Cancer (IARC) / WHO Aflatoxina B1 – lista de carcinogênicos humanos Estimulou o estudo epidemiológico: Ásia e África correlação positiva entre o consumo de alimentos contaminados com aflatoxinas e câncer hepático * * * AFLATOXINA Fatores que influenciam a expressão da doença: Idade Sexo Status nutricional Outros agentes causadores: hepatite viral (HBV) ou infestação por parasitas Estudos, incluindo patulina, ácido penicílico, aflatoxina, toxina T-2 e satratoxinas interferem com o função ou seletivamente matam os macrófagos * * * Legislação de aflatoxinas: Ministério da Saúde: Resolução 34/76 máximo de 30 mg/kg AFB1+AFG1 Ministério da Agricultura: Port. 183 de 21/03/96 - máximo de 20 - 30 mg/kg AFB1+AFB2+AFG1+AFG2 Mercosul: máximo de 20 mg/kg AFB1+AFB2+AFG1+AFG2 Máximo de 0,5 mg/L AFM1 em leite OMS (recomendação): máximo de 20 mg/kg AFB1+AFB2+AFG1+AFG2 Máximo de 0,05 mg/L AFM1 em leite Legislação dos USA aplica uma tolerância para aflatoxinas em alimentos ou cereais destinados à ração de 20 µg/Kg até 200 µg/Kg * * * GLIOTOXINA Produzida durante o crescimento micelial de Aspergillus fumigatus. Causa fragmentação do DNA e Potente agente immunossupressor: impede a fagocitose pelos macrófagos e impede a indução de citotoxicidade das células T; impede a ligação das células epiteliais e fibroblastos: permitindo o crescimento da hifa no tecido humano, causando a aspergilose. * * * OCRATOXINAS (Aspergillus alutaceus, A. alliaceus e outras) Cereais e leguminosas. Promovem acumulação de gordura no fígado e sérios danos renais, principalmente em suínos e cães. Retardam a maturação sexual em galinhas e diminui a produção de ovos. * * * OCRATOXINAS Nefrotóxica, hepatotóxica, imunodepressora, carcinogência e teratogênica • DL50 = 3 a 30 mg/kg Ingestão máxima tolerável (OMS) - 16 ng/kg peso corpóreo Incidência: Em milho, trigo, cevada - 5 a 400 m g/g Não foi detectada em alimentos no Distrito Federal Rio Grande do Sul (1999): arroz e trigo (18-48 m g/kg) São Paulo (1998): 27 amostras de fubá - 2.2 a 9.5 m g/kg Em leite: # Detectada em 35% de 113 amostras leite humano em Serra Leoa # Alemanha, Itália, Suécia, Suíça - até 10 m g/L em leite humano * 14% amostras de leite de vaca - 10 a 40 m g/L * * * TRICOTECENOS (Fusarium, Myrothecium, Tricoderma e Cephalosporium) Em homens e animais: vômitos, hemorragias, recusa do alimento, necrose da epiderme, aleucia tóxica alimentar, redução do ganho de peso, da produção de ovos e leite, interferência com o sistema imunológico e morte. Ocorrem em grãos como o milho, trigo, cevada e outros. * * * TRICOTECENOS 148 toxinas identificadas [Desoxinivalenol (DON); Nivalenol (NIV), Diacetoxyscipernol (DAS); Toxina T2] DL50 = 1 a 70 mg/kg pc São Paulo (1990): DON, NIV, DAS e T2 detectadas em 13 amostras de trigo - 0.04 a 0.8 m g/kg) São Paulo 1996: 38 amostras de trigo e derivados - não detectado * * * ZEARALENONAS (Fusarium graminearum, Fusarium tricinctum, Fusarium oxysporum, Fusarium moniliforme) Principalmente em grãos de milho. Podem causar: hiperestrogenismo, aborto, natimortos, falso cio, prolapso retal e da vagina, infertilidade, efeminização dos machos com desenvolvimento de mamas. * * * ZEARALENONAS Esta toxina age como hormônio feminino. Potência estrogênica - 14 a 56 mg/kg. Rio Grande do Sul (1999): milho e farinha de trigo - 97 a 163 mg/kg. São Paulo (1998):27 amostra de milho e fubá - 1 amostra com 167 mg/kg. * * * Referências http://www.livronline.com/servicos/gratuitos/ma002/capitulos/cap3.html http://www.micotoxinas.com.br/enderecos.html http://www.iarc.fr/
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