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57 @lilyfazvet As micotoxinas são metabólicos secundários produzidos por fungos filamentosos que podem trazer danos à saúde humana de maneira direta e indiretamente por meio de toxinas; - metabólitos secundários são formados durante o final da fase exponencial de crescimento e são pouco significantes para o metabolismo do organismo produtor. Elas estão presentes em todas as etapas da cadeia produtiva (cultivo, colheita, armazenamento, transporte e processamento) e são importantes contaminantes de alimentos e rações animais; As micotoxinas não alteram aparência dos alimentos e são substâncias termoestáveis e resistentes; Elas são poduzidas por fungos toxigênicos, durante sua esporulação, e podem emitir efeitos tóxicos em plantas e animais (incluindo o homem); Elas também podem ser associadas à mudança na natureza física do alimento (sabor, odor e aparência); As micotoxinas foram descobertas na década de 1960, graças a um surto com mortes de perus, no Reino Unido; Essas mortes foram caudas por conta do amendoim utilizado na ração (importados da África e do Brasil), que estava contaminado com uma toxina produzida pelo fungo Aspergillus flavus; Dessa forma, foram descobertas as aflotoxinas; Os principais gêneros de micotoxinas são os: Aspergillus, Fusarium, Alternaria e Penicillium; Além disso, uma mesma micotoxina pode ser produzida por espécies diferentes e um único fungo pode produzir várias micotoxinas. Vale ressaltar que essas toxinas apresentam um efeito cumulativo – presente em pequenas concentrações, podendo causar efeitos agudos e crônicos tanto em homens quanto em animais. Toxidade A capacidade de dano das toxinas produzidas pelos fungos varia de acordo com o estágio da infecção, podendo ser: - aguda: danos ao rim e ao fígado; - crônica: danos ao rim, fígado, sistema nervoso, imunológico, trato gastrintestinal, podendo resultar em câncer; - mutagênica: danos no DNA; - teratogênica: má formação do feto. Tanto os homens quanto os animais podem apresentar diferenças na susceptibilidade às micotoxinas inerentes de fatores como genética (espécie, raça, linhagem), fisiologia (idade, nutrição, condição imunológica) e ambiente (climáticas e de manejo). Micotoxicoses As doenças causadas pela ingestão de micotoxinas são chamadas de micotoxicoses; As toxinas podem ser ingeridas a partir de três tipos de fungos: - macroscópicos: mais conhecidos como cogumelos; - parasitas: infestam e causam doenças nas plantas durante o seu desenvolvimento no campo; - de armazenamento: infestam e crescem nas plantas durante o seu desenvolvimento no campo, colheita, secagem, armazenamento e transporte. Fatores relacionados com a produção de micotoxinas Umidade relativa e atividade de água; pH (deve estar entre 2 e 8) Substrato (alguns produtos são mais 58 @lilyfazvet As principais micotoxinas podem ser divididas em três grupos: - aflatoxinas: produzidas por fungos do gênero Aspergillus como A. flavus e A. parasiticus; - ocratoxinas: produzidas pelo Aspergillus ochraceus e diversas espécies do gênero Penicillium; - fusariotoxinas: que possuem como principais representantes os tricotecenos, zearalenona e as fumonisinas, produzidas por diversas espécies do gênero Fusarium. Aflotoxinas São as micotoxinas mais amplamente estudas, sendo produzidas pelo Aspergillus flavus e algumas outras espécies; Possuem 18 toxinas relacionadas, sendo a toxicidade de 6 mais potentes (B1 > M1 > G1 > B2 > M2 = G2); Elas são encontradas em carne fresca, presunto, bacon, leite, cerveja, chocolate, produtos à base de soja, amendoim, entre outros; Os fatores que mais impactam na produção da aflatoxina são umidade e temperatura; Os sinais clínicos da aflatoxicose aguda poderão iniciar 6 horas após a ingestão, sendo eles: severa depressão, inapetência, presença de sangue nas fezes, tremores musculares, incoordenação motora com hipertermia (até 41°C) A morte do indivíduocontaminado pode ocorrer nas 12-24 horas seguintes. Ocratoxinas As ocratoxinas (OTA), são produzidas por fungos gênero do Penicillium e Aspergillus apresentado um desenvolvimento otimizado em temperaturas entre 5 e 24° C. Elas compõe um grupo de no mínimo sete metabólitos secundários, senda a ocratoxina A (AO) a mais conhecida e tóxica – que é uma toxina hepatotóxica e nefrotóxica; As ocratoxinas são encontradas em: milho, feijão seco, grãos de café e soja, cevada, frutas cítricas, amendoins e castanhas e são termicamente estáveis, ou seja, não pode ser desnaturadas por procedimentos normais de cocção; A ocratoxicose traduz-se por uma intoxicação que cursa com diminuição do ganho de peso e tem como sinais clínicos polidipsia e poliúria, além de lesões renais; A mortalidade pode chegar a 90% nos lotes afetados. Fusariotoxinas Tricotecenos Constituem um grupo de aproximadamente 150 metabólitos produzidos por fundos do gêneros Fusarium, Myrothecium, Phomopsis, Stachybotrys, Trichoderma, Trichotecium e Verticimonosporium; São comuns em sementes de cártamo, cevada, centeio e trigo; Os tricotecenos mais importantes são: DON, NIV, toxina T2, toxina HT2 e DAS; Eles possuem forte capacidade de inibição da síntese proteica eucariótica; Em animais, pequenas quantidades ocasionam: náusea, diarreia, vômitos, perda de peso e recusa alimentar; Já em humanos está relacionada com: aleucia tóxica alimentar (ATA), micotoxicose, pneumonia hemorrágica e estaquibotriose (doença ocupacional de agricultores). susceptíveis à contaminação; Atmosfera gasosa (a maioria dos fungos é aeróbia); Interação microbiana (competição por nutrientes = aumentam a produção de toxinas, como mecanismo de defesa); Presença de invertebrados (o metabolismo do inseto eleva o teor de umidade do substrato e a ruptura do pericarpo permite a infecção do interior do grão. 59 @lilyfazvet Zearalenona São produzidas pelo fungo Fusarium, sendo comuns em milho (mas também em cevada, centeio e gergelim) onde invadem a planta no estágio da floração, especialmente em períodos chuvosos; Possuem propriedades estrogênicas em camundongos e hiperestrogenismo em suínos; A contaminação natural ocorre em cevada, milho, sorgo, aveia e rações produzidas com base nestes produtos; Os sinais clínicos são pseudogestação pela manutenção de corpo lúteo, levando a quadros caracterizados por vulvovaginite, leitões fracos e natimortos. Fumonisinas Pertencem a um grande grupo de micotoxinas produzidas por fungos do gênero Fusarium, contaminantes naturais de cereais, principalmente, o milho e subprodutos; A ocorrência de fumonisina B1 em alimentos produzidos no Brasil já foi descrita por diversos pesquisadores; A fumonisina B1 é o metabólito mais abundante deste grupo de micotoxinas, representando cerca de 70% nos alimentos naturalmente contaminados; As fumonisinas B2 e B3 ocorrem em menores concentrações e os principais órgãos alvo são o pulmão, o fígado e o coração. Diagnóstico e Tratamento O diagnóstico é realizado a partir da observação dos sinais clínicos dos animais intoxicados, análise de dados ambientais referentes a colheita e armazenamento dos cereais e a análise da presença da micotoxina no alimento dos animais intoxicados; Já o tratamento é feito pela retirada do alimento contaminado do organismo, seguido de uma tratamento de suporte para a melhoria do prognóstico. Controle 1. Adoção de Boas Práticas Agrícolas: colher o produto imediatamente após atingir a maturidade; remoção de toda matéria orgânicae sementes danificadas; evitar o contato com o solo; adotar o plantio de genótipos de plantas mais resistentes à contaminação por fungos de armazenagem; 2. Secagem: deve ser efetuada até atingir teores seguros de umidade (13% para cereais, 10% para amendoim em casca, caroço de algodão e soja, 8% para amendoim descascado e 11% para o café); 3. No armazenamento: restringir a entrada de insetos e outros animais; controle de temperatura e umidade; 4. Transporte: controle de temperatura e umidade; evitar atritos que possam danificar o produto.
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