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Professor Zélio Maia Direito Constitucional Material Teórico – Aula 07 a 11 HTTP://WWW.ESTUDIOAULAS.COM.BR 28 – PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL - Due process of law. LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal; O princípio do devido processo legal é uma garantia constitucional e tem sua origem na Magna Carta de João sem Terra, em 1215 na Inglaterra. Significa que ninguém pode ser processado sem que seja seguindo um rito processual previamente estabelecido pelas Leis. Essa garantia não existe em si mesma, na realidade, ele ganha vida com outros princípios que visam constituir e orientar o processo que irá ser desenvolvido para assegurar aos litigantes a preservação de uma decisão justa que tem como fim a preservação do Estado de direito, quais sejam: ampla defesa, contraditório e juiz natural. O conjunto dessas garantias visam estabelecer meios para alcançar o princípio da segurança jurídica. 29 – CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; Previsto no art. 5.º, LV, da CF. O contraditório e a ampla defesa são princípios basilares do processo brasileiro. 29.1 – Contraditório Pelo princípio do contraditório ou da bilateralidade de audição, ninguém pode ser processado sem que lhe seja levada a notícia da existência do processo, possibilitando-lhe, com isso, o exercício da defesa. O contraditório se estende durante todo o processo, não se limita apenas à contestação. Nos atos posteriores, as partes devem ser informadas dos atos que importem o exercício do contraditório. Tal princípio decorre da isonomia processual, que sempre deve ser observada entre as partes no processo. É um dos postulados do Estado democrático de direito, uma vez que ninguém pode ser julgado sem ser ouvido. O princípio do contraditório, que fica estabelecido com a citação do réu, não se aplica ao inquérito policial, porquanto este se orienta pelo princípio do inquisitório. Neste caso, não há acusação a ninguém, apenas coleta de provas; não há partes, apenas investigados. 29.2 – Ampla defesa Também previsto no art. 5.º, LV, da CF e consiste em proporcionar aos litigantes todos os meios jurídicos para promover sua defesa. A ampla defesa é exercitada dentro dos prazos e das regras processuais, que visam evitar a perpetuação da demanda. A ampla defesa possibilita que a parte utilize todos os meios processuais previstos em lei para fazer sua defesa, sendo, pois, uma garantia que envolve o próprio conceito de justiça. 30 – PROVAS ILICÍTAS LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos; O texto constitucional é claro e taxativo ao vedar, por completo, a utilização de provas obtidas por meio ilícito assim, não há que se falar em mitigação, abrandamento, do preceito constitucional que veda o uso de provas ilícitas (AI 50.367-PR e RE n° 251.445). Professor Zélio Maia Direito Constitucional Material Teórico – Aula 07 a 11 HTTP://WWW.ESTUDIOAULAS.COM.BR Assim, e ancorado na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, não há como defender a admissão de provas obtidas de forma ilícita. Outra coisa, porém, é utilizar-se de gravação de diálogo por um dos interlocutores, quando o outro não tem ciência, neste caso constitui-se em prova lícita se essa prova for produzida para defesa própria. Assim, se a pessoa, na busca de preservar direito próprio promove gravação de uma conversa (telefônica ou ambiental) como meio de defesa não estará praticando nenhuma ilicitude, mas sim agindo em legítima defesa. Não seria crível que alguém, submetido a uma situação de extorsão, não possa gravar essa prática delituosa para usar como prova. Nesse sentido o STF nos REs 212.081 e RE n° 251.445: "Captação, por meio de fita magnética, de conversa entre presentes, ou seja, a chamada gravação ambiental, autorizada por um dos interlocutores, vítima de concussão, sem o conhecimento dos demais. Ilicitude da prova excluída por caracterizar-se o exercício de legítima defesa de quem a produziu.” (RE 212.081). Deve aqui registrar que parte da doutrina admite que seja possível a utilização da prova ilícita quando for a única existente aplicando-se ainda, para sua admissão, o princípio da proporcionalidade. Tal entendimento, no entanto, não é sufragado pelo STF que afasta a utilização de qualquer prova ilícita, independentemente de ser ou não a única existente. Se for a única existente deve ser desconsiderada e absolvido aquele que esteja sendo processado com suporte apenas nessa prova ilícita. Nesse sentido foi o julgamento ocorrido no HC n° 90298 que reafirmou naquela Corte, a absoluta inadmissibilidade de qualquer prova ilícita. Registre-se ainda que no mesmo julgado, foi reconhecida a ilicitude da segunda prova decorrente da primeira ilícita (ilicitude por derivação). 31 – PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DA INOCÊNCIA LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória; Impera no processo penal o princípio da verdade real e não da verdade formal, que é própria do processo civil, em que, se o réu não se defender, presumem-se verdadeiros os fatos alegados pelo autor. No processo penal, entretanto, o silêncio do acusado não induz em sua culpa, pois, o que se procura aqui não é acusar simplesmente, mas, sim, buscar a apuração da verdade. Culpado será o réu somente após o trânsito em julgado da sentença, que ocorrerá quando todas as instâncias ordinárias ou extraordinárias forem vencidas ou quando o réu não utilizar o seu direito de recorrer no prazo legal. O princípio da presunção de inocência complementa-se por diversos outros princípios, dentre eles: contraditório, ampla defesa, devido processo legal, in dubio pro reu. Apesar do sagrado princípio da presunção de inocência, ele não inviabiliza as prisões de natureza cautelar, já que seus fundamentos são distintos da presunção de culpa. Os fundamentos para as ditas prisões cautelares (flagrante, preventiva, temporária) buscam sustentação em motivos de natureza processual, como, por exemplo, a possibilidade de interferência do envolvido na colheita das provas. 32 – IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL LVIII - o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei; A identificação criminal de alguém, que se dá por técnicas próprias (ex. colheita das papilas digitais e fotografias) causam inquestionável constrangimento na pessoa. Sendo assim, não se admite, em homenagem à honra da pessoa, que esse procedimento seja adotado indiscriminadamente. O texto constitucional, preocupado com a preservação da honra da pessoa impôs que somente será utilizado esse Professor Zélio Maia Direito Constitucional Material Teórico – Aula 07 a 11 HTTP://WWW.ESTUDIOAULAS.COM.BR tipo de identificação quando não for possível obter a identificação civil. Claro que havendo fundada dúvida sobre a identificação civil (ex. documento ilegível, indícios de falsidade, etc.) outro caminho não restará senão a identificação criminal. 33 – AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal; Ação penal é o direito de invocar a tutela jurisdicional do Estado, ou o direito de pedir ao Estado a aplicação do Direito Penal positivo ao caso concreto, ou o direito de pedir ao Estado uma decisão sobre um fato penalmente relevante (Tourinho Filho). A ação penal pode ser pública ou privada. Essa classificação diz respeito ao interesse defendido e a quem propõe a ação. Quando o interesse estatal se sobrepõe à vontade particular, ela será proposta peloórgão representante do Estado, vale dizer, pelo membro do Ministério Público (promotor de Justiça). Em contrapartida, se o interesse em ver desvendado um crime tem por objeto direitos íntimos e secretos do ofendido, o Estado, na forma acima exposta, não poderá desvendar o delito sem que a parte se manifeste e, para tanto, provoque o Poder Público, exigindo a punição do responsável. São exemplos de ação penal pública: homicídio, corrupção ativa e passiva, roubo, dentre outros. A regra é de que os crimes são de ação penal privada. São exemplos de ação penal privada: a injúria, calúnia, difamação. Na primeira hipótese, ação penal pública, o meio pelo qual se inicia, a peça inicial, é a denúncia, oferecida pelo Ministério Público (promotor). Na segunda, ação penal privada, o maior interessado é o próprio ofendido, que deverá intentar a ação; a peça que inicia é a queixa. Quando se tratar de ação penal pública, no entanto, pode acontecer que o representante do Ministério Público não ofereça a denúncia no prazo especificado em lei, e o ofendido ou seus familiares tenham interesse em que o processo seja instaurado, daí nasce, para tais pessoas, o direito de, ocupando o lugar do promotor, oferecer a queixa em substituição à denúncia, dando, assim, início à ação penal privada subsidiária da pública. 34 – GARANTIA DA PUBLICIDADE DOS ATOS PROCESSUAIS LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem; Os mais odiosos Estados autoritários utilizaram-se dos julgamentos secretos como meio de opressão. A garantia da publicidade dos atos processuais constitui verdadeiro pilar da democracia, encontrando exceção apenas quando estiver em jogo a intimidade do litigante (ações de família) ou o interesse social. 35 – PRISÃO E SUA ABORDAGEM CONSTITUCIONAL LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei; LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada; Professor Zélio Maia Direito Constitucional Material Teórico – Aula 07 a 11 HTTP://WWW.ESTUDIOAULAS.COM.BR LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado; LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial; LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária; LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança; 35.1 – Prisões As hipóteses de prisões vêm especificadas no art. 5º, LXI, da CF somente podendo ocorrer em flagrante delito ou por ordem judicial devidamente fundamentada, ressalvadas apenas as prisões administrativas militares que independem de ordem judicial e são determinadas pelos agentes militares competentes de acordo com lei própria. Esta última é de natureza, pois, administrativa. Ressalvada a prisão administrativa militar, qualquer pessoa somente poderá ser presa em flagrante delito ou por ordem judicial devidamente fundamentada (decisão judicial desfundamentada é decisão nula) e a autoridade terá que ser competente para a determinação da prisão. 35.2 – COMUNICAÇÃO DA PRISÃO O art. 21 do Código de Processo Penal possibilita ao juiz decretar a incomunicabilidade do preso. Tal preceptivo legal, no entanto, não foi recepcionado pela ordem constitucional inaugurada em 1988; pelo inciso em referência, a prisão de qualquer pessoa deve ser comunicada imediatamente à família do preso ou à pessoa por ele indicada. Veja que, nem mesmo em estado de defesa (situação de excepcional gravidade), poderá haver a incomunicabilidade de preso (art. 136, § 3.º, IV, da CF). 35.3 – NÃO AUTOINCRIMINAÇÃO A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal tem se orientado no sentido de que a ausência da advertência ao acusado quanto ao direito de manter o silêncio vicia toda e qualquer informação adquirida dele. A omissão do dever de informação ao preso dos seus direitos no momento adequado gera efetivamente a nulidade e impõe a desconsideração de todas as informações incriminatórias que tenham anteriormente sido obtidas, assim como das provas delas derivadas. Conclui-se que nenhuma validade se pode conferir ao depoimento do acusado sem o atendimento dessa formalidade. Temos aqui preceito de natureza processual penal que encerra o denominado privilégio contra a auto-incriminação encartado no vocábulo em latim nemo tenetur se detegere. Ninguém é obrigado a produzir prova contra si, razão pela qual o silêncio é direito do acusado para evitar que sua manifestação possa ser utilizada contra si mesmo, em homenagem ao princípio da ampla defesa. Esse preceito estende- se, inclusive, a testemunhas que prestem depoimento sob juramento, desde que as suas declarações possam redundar em sua incriminação, ou seja, se uma testemunha, que tem a obrigação de falar a verdade, ao depor, verificar que as perguntas que lhe são dirigidas podem incriminá-la, terá, nesse ponto, o direito de permanecer calada, sem que tal omissão caracterize o crime de perjúrio (falso testemunho). Professor Zélio Maia Direito Constitucional Material Teórico – Aula 07 a 11 HTTP://WWW.ESTUDIOAULAS.COM.BR 35.4 – RELAXAMENTO DA PRISÃO PELA AUTORIDADE JUDICIÁRIA COMPETENTE A prisão de qualquer pessoa, após sua efetivação, somente poderá ser relaxada pela autoridade judicial competente. Não existe, portanto, qualquer possibilidade de relaxamento de prisão que não seja pela autoridade judicial. O inciso em análise especifica que a autoridade judicial relaxará a prisão e tal relaxamento se dará independentemente de qualquer pedido ou requerimento. Cumpre esclarecer também que, se estamos falando de relaxamento de prisão, pressupõe-se ter sido esta efetivada ilegalmente. Se a autoridade judicial não relaxar a prisão ex officio, poderá ser impetrado, em favor daquele que se sente prejudicado, o habeas corpus que terá autoridade coatora o juiz que, tendo conhecimento da prisão ilegal não a relaxou de ofício. Se, ao contrário, a prisão cumpriu os ditames legais, não há que se falar em relaxamento, tampouco em habeas corpus; poderá haver, sim, a possibilidade da liberdade provisória, com ou sem fiança, de acordo com a normatização infraconstitucional. 36 – PRISÃO CIVIL LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel; A prisão de qualquer pessoa só poderá ser decretada, como regra geral, sob fundamento penal. A prisão civil é exceção ao princípio de que a pessoa não pode responder por seus atos civis com penas corporais (perda da liberdade). No entanto a Constituição excepciona duas situações no art. 5º, LXVII, em que prevê a prisão civil do depósitário infiel, assim como daquele que deixar de pagar, voluntariamente, a prestação alimentícia a que estava obrigado. Nessas duas situações, portanto, pode ser decretada a prisão civil, sendo certo que tal prisão não tem a função de pena, própria do Direito Penal; é meramente intimidativa (ou pedagógica), já que o agente é forçado a pagar por receio de ser preso ou, no caso do depositário infiel, a restituir a coisa sob a sua guarda. Quanto ao depositário infiel a sua prisão vinha especificada no art. 647 e seguintes do CC, Lei nº 8.866, de 11/4/94, art. 904 do CPC e súmula 619 do STF que prevê a prisão do depositário infiel. Toda essa estrutura normativa deve sertida como revogada por força da decisão proferida nos autos do recurso extraordinário n° 349703 o STF reconheceu o caráter supralegal ao Pacto de San Jose da Costa Rica que veda prisão de natureza civil, ressalvado apenas a do inadimplente de obrigação alimentícia. Assim, apesar da previsão constitucional da prisão do depositário infiel esta não pode, até que haja regulação específica, ser aplicada por ausência de norma que a regule. No mesmo julgado que considerou revogada a legislação que previa a prisão do depositário infiel, o STF também revogou sua súmula n° 619 que especificava a prisão do depositário infiel. Agora temos a seguinte situação: há previsão constitucional da prisão do depositário infiel, mas tal não pode ocorrer por ausência de norma infraconstitucional, ou seja: a prisão não tem regramento na legislação não obstante estar prevista na CF que, evidentemente não foi revogada. Professor Zélio Maia Direito Constitucional Material Teórico – Aula 07 a 11 HTTP://WWW.ESTUDIOAULAS.COM.BR 37 – GRATUIDADE JUDICIAL LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos; De nada adiantaria possibilitar a todos o acesso ao judiciário se não desse aos necessitados os meios para alcançar o judiciário. O Direito de postular em juízo é exclusivo dos advogados, salvo para o Habeas Corpus, matéria trabalhista e juizados especiais até determinado valor, sendo que, a parte que tiver interesse em usar o judiciário terá que arcar com as despesas do processo, que muitas vezes não são valores módicos. Com isso o necessitado, que tenha um determinado Direito violado e, por conseguinte, precise lançar mão do Judiciário, estaria impossibilitado de exercitar seu direito de ação por não ter condições financeiras para pagar um advogado e as custas do processo. Isso seria uma iniquidade. Para evitar que o necessitado isso o texto constitucional impõe que os necessitados que comprovem pobreza – essa comprovação se dará por simples declaração do interessado – tenha assistência jurídica integral e gratuita (art. 5º, inc. LXXIV da CF). Essa garantia é complementada pelo art. 134 da CF que prevê a criação da defensoria pública onde o necessitado terá no defensor público o seu “advogado do Estado”. 38 – INDENIZAÇÃO POR ERRO JUDICIÁRIO PENAL LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença; Quando o Estado comete erro judiciário deve responder civilmente por seu erro e o meio processual adequado de verificação do erro é a revisão criminal. 39 – GRATUIDADES CONSTITUCIONAIS LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei: a) o registro civil de nascimento; b) a certidão de óbito; LXXVII - são gratuitas as ações de "habeas-corpus" e "habeas-data", e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidadania. O registro civil de nascimento e a certidão de óbito são gratuitos para os reconhecidamente pobres nos termos da Constituição. Não obstante o texto constitucional especificar que as gratuidades da certidão de óbito e do registro civil de nascimento são garantias aos reconhecidamente pobres, o art. 45 da lei n° 8.935/94 reconheceu essas gratuidades a todos, indistintamente. Assim disciplina referida norma: “Art. 45. São gratuitos os assentos do registro civil de nascimento e o de óbito, bem como a primeira certidão respectiva.” Ressalte-se que a lei que estendeu a gratuidade do registro civil de nascimento e de óbito a todos não afronta a CF, eis que os direitos fundamentais contemplados no texto constitucional não exclui a possibilidade de, por normatização infraconstitucional, sejam melhor densificados. Pela previsão constitucional o habeas corpus e habeas data são gratuitos. Professor Zélio Maia Direito Constitucional Material Teórico – Aula 07 a 11 HTTP://WWW.ESTUDIOAULAS.COM.BR 39 – PRINCÍPIO DA CELERIDADE PROCESSUAL LXXVIII a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. Trata o inciso em análise do princípio da celeridade processual. A nova garantia instituída pela Emenda n° 45/2004 pretende apenas dar efetividade plena ao princípio da prestação jurisdicional. O prazo razoável decorrerá de cada caso concreto, não podendo a lei estabelecer uma uniformidade para todas as situações. Não se pode exigir que o prazo para um processo sem necessidade de grandes discussões fáticas tenha a mesma duração de um processo que exija instrução probatória mais alentada. O que deve ser objeto de atenção é o fato de que a necessidade de um processo com solução em prazo razoável decorre de explícita determinação constitucional. 40 – OS TRATADOS INTERNACIONAIS DE STATUS CONSTITUCIONAL Especifica o § 3°, do art. 5° da CF: “§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.” O parágrafo 3° do art. 5°, introduzido pela emenda constitucional n° 45/2004 expressamente concede status constitucional aos tratados que versem sobre direitos humanos desde que o processo de internalização siga o processo legislativo das emendas. Com isso o resultado é a seguinte situação: os tratados em geral recepcionados pelo direito interno pelas vias legislativas ordinárias tem status de norma infraconstitucional; tratados internacionais que versem sobre direitos humanos, desde que recepcionados pelo direito interno mediante o procedimento legislativo das emendas à Constituição, tem status de direito constitucional. 40.1 – Tratados internacionais sobre direitos humanos com hierarquia de supralegalidade Nos autos dos recursos extraordinários n° 349703 e 466343 o STF conferiu aos tratados internacionais que versem sobre direitos humanos se que não tenham sido aprovados pelo procedimento das emendas (§ 3° do art. 5°), mas sim, tenham sido submetidos ao processo ordinário de aprovação terão status de direito supralegal, ou seja, não é direito ordinário nem é direito constitucional. Por esse julgado além do tratado internacional sobre direitos humanos poder ter status de emenda também teremos a possibilidade de um tratado sobre direitos humanos ter status supralegal. 41. – TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL Especifica o § 4°, do art. 5° da CF: “§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão.” Ressalte-se ser de grande repercussão o novo parágrafo do art. 4°, uma vez que a aplicação da jurisdição do Tribunal Penal Internacional é automática ao Estado brasileiro, exigindo-se apenas a adesão à sua criação, o que já ocorreu, já ocorreu. Ressalte-se ainda o caráter complementar da atuação do Tribunal Penal Internacional, que somente atuará quando o judiciário do Estado não exercitar suas atribuições e isso acontecerá quando ocorrer a transcendência internacional, ou seja, deve claramente ser demonstrada Professor Zélio Maia Direito Constitucional Material Teórico – Aula 07 a 11 HTTP://WWW.ESTUDIOAULAS.COM.BR a incapacidade ou a completa ausência de vontade do judiciário do Estado em exercer sua atribuição jurisdicional no que concerne aos crimes previstos no Estatuto. Assim a atuação do tribunal é ao mesmo tempo excepcional e complementar à jurisdição interna. 42 – TUTELA CONSTITUCIONAL DAS LIBERDADES - REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS Os remédios constitucionais, quais sejam: habeas corpus, habeas data, mandado de segurança, mandado de injunção e direito de petição tem como fundamento centralo fato de constituírem garantias para o pleno exercício dos direitos fundamentais. Veja que todos eles pressupõem um direito fundamental sendo lesionado, tendo como objetivo a manutenção desses direitos em atenção ao Estado democrático de direito e ao pleno exercício da cidadania. 42.1 – HABEAS CORPUS Assim está contemplado o habeas corpus no inciso LXVIII: “conceder-se-á "habeas-corpus" sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;” 42.1.1 – Conceito A expressão habeas corpus significa “tome o corpo”, ou seja, “traga aquele que está sendo coagido em sua liberdade de locomoção à presença do magistrado”. O habeas corpus procura preservar para todo ser humano a liberdade de locomoção contra ilegalidades perpetradas por terceiros; nada mais é que uma ordem de liberdade. 42.1.2 – Natureza Jurídica O habeas corpus é uma ação penal de natureza declaratória, mandamental ou até mesmo constitutiva, conforme o caso concreto. 42.1.3 – Legitimação ativa - paciente O habeas corpus pode ser impetrado por qualquer pessoa em favor de terceiro ou do próprio impetrante. Qualquer pessoa, aqui, deve ser entendida em sentido lato, ou seja, independe de capacidade civil ou postulatória, incluindo analfabeto, menor ou louco, isso tudo independentemente da representação ou assistência civil, conforme o caso. Cumpre salientar que essas pessoas impetram habeas corpus diretamente e prescinde da assistência técnica de um advogado. Não se pode olvidar, ainda, que o próprio Ministério Público pode impetra-lo, assim como o próprio juiz, de ofício, poderá relaxar a prisão de alguém que esteja sofrendo coação em sua liberdade de locomoção (conhecido na doutrina como habeas corpus ex officio). Apesar do habeas corpus somente poder ser impetrado em favor de pessoa natural (física), nada impede que uma pessoa jurídica impetre a ação, desde que o faça em favor de uma pessoa natural. 42.1.4 – Legitimação passiva – autoridade coatora Originariamente, o habeas corpus somente era cabível contra ato de autoridade pública. Entretanto a doutrina e a jurisprudência há muito o tem admitido contra ato de particular, desde que entre paciente e coator fique demonstrada uma relação de poder. O exemplo mais incisivo de habeas corpus Professor Zélio Maia Direito Constitucional Material Teórico – Aula 07 a 11 HTTP://WWW.ESTUDIOAULAS.COM.BR impetrado contra ato de particular é a hipótese de internação em um hospital psiquiátrico de alguém são onde o interno está sob a responsabilidade da direção médica e que, portanto não caberia a alguém, que não o judiciário, discutir a decisão médica de internação. Ao judiciário caberá, sendo o caso, a liberação eis que esse órgão proferirá decisão imparcial a partir de provas produzidas no sentido da indevida internação que caracteriza violação ao direito de locomoção. Tal situação é decorrência da relação de poder que existe entre o paciente e o seu responsável médico. 42.1.5 – Tipos de habeas corpus O habeas corpus pode ser liberatório ou preventivo. O primeiro, por motivo óbvio, destina-se a devolver ao paciente a liberdade que lhe foi ilicitamente retirada. Para o segundo, ainda não ocorreu a lesão, mas está prestes a ocorrer. É chamado, também, de salvo-conduto. 42.2 – HABEAS DATA Assim está contemplado o habeas data no inciso LXXII: “conceder-se-á "habeas-data: a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público; b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo;” O habeas data, novidade da Constituição de 1988, traz a solução para quem tem violado o direito de acesso às informações sobre si, possibilitando, por instrumento próprio, utilizar-se da via judicial para buscar tais informações. Somente se pode utilizar o habeas data para o conhecimento de informações guardadas em entidades públicas ou mesmo privadas que executem atividade marcadamente de natureza pública, podendo assim ser impetrado para acesso ou retificação de dados constantes no Serviço de Proteção ao Crédito. A Lei n° 9.507/97, que regulamentou o habeas data especifica que deve ser considerada como entidade privada suscetível de figurar como sujeito passivo desse remédio constitucional aquela entidade que “...mantenha registro ou banco de dados que sejam ou que possam ser transmitidas a terceiros ou que não sejam de uso privativo do órgão ou entidade produtora ou depositária das informações”. Somente poderá ser impetrado o habeas data quando houver expressa negativa em prestar as informações solicitadas ou quando, após requeridas, a autoridade não as prestar no prazo de dez dias ou, em caso de retificação, quando as informações não forem retificadas no prazo de quinze dias (Lei nº 9.507/97); nesse sentido, inclusive, existe a súmula n° 2 do STJ A lei que regulamenta o habeas data impõe que o impetrante do remédio constitucional junte, com a petição inicial, a comprovação de que buscou, via administrativa, as informações e que lhe foram negadas ou tenha havido o transcurso do prazo de dez dias sem serem elas prestadas ou o prazo de quinze dias sem haver a retificação pleiteada (negativa tácita comprovada pela omissão). Assim dispõe o art. 8º, em seus incisos, da referida lei: “A petição inicial deverá ser instruída com prova: I – da recusa ao acesso às informações ou do decurso de mais de dez dias sem decisão; II – da recusa em fazer-se a retificação ou do decurso de mais de quinze dias, sem decisão; ou III – da Professor Zélio Maia Direito Constitucional Material Teórico – Aula 07 a 11 HTTP://WWW.ESTUDIOAULAS.COM.BR recusa em fazer-se a anotação a que se refere o § 2º do art. 4º ou do decurso de mais de quinze dias sem decisão.” Essa exigência legal não incide em qualquer inconstitucionalidade eis que tais exigências nada mais são do que requisitos de procedibilidade da ação, uma vez que se destinam apenas à comprovação da lesão ao direito pleiteado. 42.3 – MANDADO DE SEGURANÇA Assim está contemplado o mandado de segurança no inciso LXIX: “conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por "habeas-corpus" ou "habeas-data", quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público”. De outro lado o mandado de segurança coletivo veio especificado no inciso LXX nos seguintes termos: “o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por: a) partido político com representação no Congresso Nacional; b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados;” 42.3.1 – REFERÊNCIAS HISTÓRICAS E REGULAMENTAÇÃO Foi previsto pela primeira vez na Constituição de 1934 e encontra-se atualmente previsto no art. 5º, LXIX, da CF e regulamentado pela lei nº 12.016/2009. 42.3.2 – CONCEITO O mandado de segurança é uma ação constitucional pela qual tanto a pessoa física como jurídica assim como órgão sem capacidade processual (mesa da Câmara dos Deputados) tem legitimidade ativa de impetração. Visa à proteção de direito individual líquido e certo não amparável por habeas corpus ou habeas data para reparar ou evitar ato que seja praticado por autoridade pública ou agente da pessoa jurídica que, mesmo não sendo autoridade pública, esteja no exercício de atribuição tipicamente pública (são as atividades delegadas). 42.3.3 – PRAZO DE IMPETRAÇÃO O prazo para impetração do mandadode segurança é de 120 dias do conhecimento do ato, sendo esse prazo de natureza decadencial. 42.3.4 – TIPOS O mandado de segurança pode ser repressivo, para atacar o ato lesivo que já foi efetivado, ou preventivo, sempre que, apesar de ainda não ter sido praticado o ato, houver uma ameaça latente de que o será em detrimento do direito líquido e certo do impetrante. 42.3.5 – DIREITO LÍQUIDO E CERTO Direito líquido e certo é aquele que é plenamente exeqüível, existe por si mesmo independentemente de qualquer outro requisito. Nas palavras de Hely Lopes Meirelles: “... é o que se Professor Zélio Maia Direito Constitucional Material Teórico – Aula 07 a 11 HTTP://WWW.ESTUDIOAULAS.COM.BR apresenta manifesto na sua existência, delimitado na sua extensão e apto a ser exercitado no momento da impetração.” O mandado de segurança não admite dilação ou reexame probatório (produção de prova testemunhal, pericial, etc.), sendo um processo de natureza marcadamente documental. 42.3.6 – SUJEITO PASSIVO O impetrado é diretamente a autoridade que tenha praticado o ato e as conseqüências patrimoniais serão suportadas pela pessoa jurídica respectiva, sendo, portanto, a parte no mandado de segurança e não a entidade jurídica a que estiver vinculado. A decisão concessiva de mandado de segurança se submete ao duplo grau de jurisdição obrigatório (o juiz que concede o mandado de segurança deve, de ofício, submeter sua decisão ao tribunal ad quem). 42.3.7 – MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO Os requisitos do mandado de segurança coletivo são os mesmos do individual com as peculiaridades que serão aqui abordadas. 42.3.8 – Legitimados São partes legítimas para impetrar o mandado de segurança coletivo o partido político com representação no Congresso Nacional, a organização sindical, a entidade de classe e a associação “legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano”. É de se ressaltar que o lapso temporal de um ano de funcionamento refere-se apenas às associações. 42.3.9 – DESNECESSIDADE DE AUTORIZAÇÃO DA CATEGORIA PARA A IMPETRAÇÃO No mandado de segurança coletivo, as entidades legitimadas defendem em nome próprio direitos dos associados; trata-se, portanto, de legitimação autônoma extraordinária, ou seja, é hipótese excepcional de substituição processual conferida com o fim específico para impetração do mandado de segurança. Assim, não é necessária a autorização dos membros da entidade para a impetração do mandado de segurança coletivo dada a peculiaridade do instituto. 42.3.10 – DEFESA DE PARTE DA CATEGORIA A entidade legitimada poderá impetrar o mandado de segurança coletivo tanto em favor de toda a categoria quanto de parte dela (art. 21 da lei n° 12.016/2009). 42.3.11 – PARTIDO POLÍTICO Partido político O mandado de segurança coletivo impetrado por partido político não está adstrito apenas à defesa dos direitos políticos, podendo ser utilizado para a defesa dos direitos coletivos em geral e em benefício de toda a coletividade, desde que o direito defendido esteja previsto na sua finalidade partidária. Nesse sentido é a lei do mandado de segurança que contemplou no art. 21 da nova lei que: “O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por partido político com representação no Congresso Nacional, na defesa de seus interesses legítimos relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária...”. 42.4 – MANDADO DE INJUNÇÃO Assim está contemplado o mandado de injunção no inciso LXXI: Professor Zélio Maia Direito Constitucional Material Teórico – Aula 07 a 11 HTTP://WWW.ESTUDIOAULAS.COM.BR “conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania;” 42.4.1 – Considerações gerais Instituto previsto no art. 5.º, LXXI, da CF de 1988 e ainda não foi objeto de regulamentação. Muitas vezes, a ausência de regulamentação dos preceitos constitucionais é tão ou mais danosa que a elaboração de normas conflitantes com a Constituição; daí a necessidade de aparelhar o cidadão de uma garantia para fazer valer os seus direitos assegurados constitucionalmente, mas carentes de regulamentação infraconstitucional. 42.4.2 – Conceito O mandado de injunção, pois, é remédio constitucional que visa instrumentalizar o cidadão para buscar a regulamentação de preceito constitucional que, em decorrência da omissão do legislador infraconstitucional, tem prejudicado os seus direitos e liberdades constitucionais, assim como as prerrogativa inerentes à soberania, cidadania e nacionalidade. 42.4.3 – Natureza jurídica da decisão O STF deixou de lado antigo posicionamento que conferia às decisões proferidas em mandado de injunção apenas efeito declaratório, adotando agora posicionamento onde o próprio Poder Judiciário cuidará de promover a integração normativa infraconstitucional (o que equivale a verdadeira função legiferante) produzindo, pois, direito novo, dando assim efeitos concretos às decisões proferidas nesse writ que deixa agora de ser um mero remédio de comunicação para concretização do direito não regulamentado. Adota o STF a denominada corrente concretista (tecnicamente a expressão constitutiva é mais correta) em substituição à antiga corrente não-concretista (declaratória). 42.4.4 – MANDADO DE INJUNÇÃO COLETIVO Hoje a jurisprudência e a doutrina nacionais são pacíficas em admitir o mandado de injunção coletivo, aplicando-se, assim, o mesmo procedimento e regras aplicáveis ao mandado de segurança coletivo (MI 20). 42.5 – DIREITO DE PETIÇÃO Assim está contemplado o mandado de injunção no inciso XXIV: “são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal;” O direito de petição tem sua origem na Carta Magna de João Sem Terra, de 15 de junho de 1215, que, em seu item 44 especifica que toda informação deve ser prestada gratuitamente. O direito de petição busca possibilitar a qualquer pessoa (física ou jurídica) o acesso a informações de interesse pessoal ou coletivo a fim de que possa, com isso, promover a defesa de seus interesses e Professor Zélio Maia Direito Constitucional Material Teórico – Aula 07 a 11 HTTP://WWW.ESTUDIOAULAS.COM.BR ainda tomar conhecimento dos atos de interesse coletivo praticados pelo Estado. O direito de petição não passa de simples requerimentos administrativos específicos para acesso aos dados referidos acima. O agente público responsável pela prestação de informações estará obrigado a se manifestar sobre o requerimento (petição) formulado sob pena de responsabilidade. Essa obrigatoriedade decorre do fato de que a todo direito deve corresponder uma garantia e, se não houvesse tal imposição, o direito de petição não teria efetividade, ou seja, não teria a garantia de seu cumprimento. Quanto à obrigatoriedade na prestação de informações, tal não abrange aquelas que sejam essenciais à proteção do Estado, conforme expressa ressalva do texto constitucional. Não se pode perder de vista que o direito de petição não é medida judicial, mas meramente administrativa; uma vez negado tal direito, possibilita-se a busca judicial da informações pela via processual adequada. 42.6 – AÇÃO POPULAR LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficandoo autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência; A ação popular tem como autor qualquer cidadão, que estará assim caracterizado desde que demonstre estar em dia com suas obrigações eleitorais. A regra é que a ação popular não tem custos para o autor, seja com as denominadas custas processuais ou com despesas de sucumbência (pagamento das despesas que a parte vencedora teve durante o processo). Não obstante a ação popular ser gratuita se for comprada a má-fé do seu autor, este será condenado ao pagamento tanto das custas como pelas despesas que a parte contrária suportou em razão das despesas com o processo.
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