Buscar

Apostila 002 Princípios

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Professor Zélio Maia 
Direito Constitucional 
Material Teórico – Aula 07 a 11 
 
HTTP://WWW.ESTUDIOAULAS.COM.BR 
 
 
28 – PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL - Due process of law. 
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal; 
O princípio do devido processo legal é uma garantia constitucional e tem sua origem na Magna Carta 
de João sem Terra, em 1215 na Inglaterra. 
Significa que ninguém pode ser processado sem que seja seguindo um rito processual previamente 
estabelecido pelas Leis. 
Essa garantia não existe em si mesma, na realidade, ele ganha vida com outros princípios que visam 
constituir e orientar o processo que irá ser desenvolvido para assegurar aos litigantes a preservação de 
uma decisão justa que tem como fim a preservação do Estado de direito, quais sejam: ampla defesa, 
contraditório e juiz natural. O conjunto dessas garantias visam estabelecer meios para alcançar o princípio 
da segurança jurídica. 
29 – CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA 
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são 
assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; 
Previsto no art. 5.º, LV, da CF. O contraditório e a ampla defesa são princípios basilares do processo 
brasileiro. 
29.1 – Contraditório 
Pelo princípio do contraditório ou da bilateralidade de audição, ninguém pode ser processado sem 
que lhe seja levada a notícia da existência do processo, possibilitando-lhe, com isso, o exercício da defesa. 
O contraditório se estende durante todo o processo, não se limita apenas à contestação. Nos atos 
posteriores, as partes devem ser informadas dos atos que importem o exercício do contraditório. Tal 
princípio decorre da isonomia processual, que sempre deve ser observada entre as partes no processo. É 
um dos postulados do Estado democrático de direito, uma vez que ninguém pode ser julgado sem ser 
ouvido. 
O princípio do contraditório, que fica estabelecido com a citação do réu, não se aplica ao inquérito 
policial, porquanto este se orienta pelo princípio do inquisitório. Neste caso, não há acusação a ninguém, 
apenas coleta de provas; não há partes, apenas investigados. 
29.2 – Ampla defesa 
Também previsto no art. 5.º, LV, da CF e consiste em proporcionar aos litigantes todos os meios 
jurídicos para promover sua defesa. A ampla defesa é exercitada dentro dos prazos e das regras 
processuais, que visam evitar a perpetuação da demanda. A ampla defesa possibilita que a parte utilize 
todos os meios processuais previstos em lei para fazer sua defesa, sendo, pois, uma garantia que envolve o 
próprio conceito de justiça. 
30 – PROVAS ILICÍTAS 
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos; 
O texto constitucional é claro e taxativo ao vedar, por completo, a utilização de provas obtidas por 
meio ilícito assim, não há que se falar em mitigação, abrandamento, do preceito constitucional que veda o 
uso de provas ilícitas (AI 50.367-PR e RE n° 251.445). 
 
 
Professor Zélio Maia 
Direito Constitucional 
Material Teórico – Aula 07 a 11 
 
HTTP://WWW.ESTUDIOAULAS.COM.BR 
 
Assim, e ancorado na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, não há como defender a admissão 
de provas obtidas de forma ilícita. 
Outra coisa, porém, é utilizar-se de gravação de diálogo por um dos interlocutores, quando o outro 
não tem ciência, neste caso constitui-se em prova lícita se essa prova for produzida para defesa própria. 
Assim, se a pessoa, na busca de preservar direito próprio promove gravação de uma conversa (telefônica 
ou ambiental) como meio de defesa não estará praticando nenhuma ilicitude, mas sim agindo em legítima 
defesa. Não seria crível que alguém, submetido a uma situação de extorsão, não possa gravar essa prática 
delituosa para usar como prova. Nesse sentido o STF nos REs 212.081 e RE n° 251.445: "Captação, por 
meio de fita magnética, de conversa entre presentes, ou seja, a chamada gravação ambiental, autorizada 
por um dos interlocutores, vítima de concussão, sem o conhecimento dos demais. Ilicitude da prova 
excluída por caracterizar-se o exercício de legítima defesa de quem a produziu.” (RE 212.081). 
Deve aqui registrar que parte da doutrina admite que seja possível a utilização da prova ilícita 
quando for a única existente aplicando-se ainda, para sua admissão, o princípio da proporcionalidade. Tal 
entendimento, no entanto, não é sufragado pelo STF que afasta a utilização de qualquer prova ilícita, 
independentemente de ser ou não a única existente. Se for a única existente deve ser desconsiderada e 
absolvido aquele que esteja sendo processado com suporte apenas nessa prova ilícita. Nesse sentido foi o 
julgamento ocorrido no HC n° 90298 que reafirmou naquela Corte, a absoluta inadmissibilidade de 
qualquer prova ilícita. Registre-se ainda que no mesmo julgado, foi reconhecida a ilicitude da segunda 
prova decorrente da primeira ilícita (ilicitude por derivação). 
31 – PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DA INOCÊNCIA 
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal 
condenatória; 
Impera no processo penal o princípio da verdade real e não da verdade formal, que é própria do 
processo civil, em que, se o réu não se defender, presumem-se verdadeiros os fatos alegados pelo autor. 
No processo penal, entretanto, o silêncio do acusado não induz em sua culpa, pois, o que se procura aqui 
não é acusar simplesmente, mas, sim, buscar a apuração da verdade. 
Culpado será o réu somente após o trânsito em julgado da sentença, que ocorrerá quando todas as 
instâncias ordinárias ou extraordinárias forem vencidas ou quando o réu não utilizar o seu direito de 
recorrer no prazo legal. 
O princípio da presunção de inocência complementa-se por diversos outros princípios, dentre eles: 
contraditório, ampla defesa, devido processo legal, in dubio pro reu. Apesar do sagrado princípio da 
presunção de inocência, ele não inviabiliza as prisões de natureza cautelar, já que seus fundamentos são 
distintos da presunção de culpa. Os fundamentos para as ditas prisões cautelares (flagrante, preventiva, 
temporária) buscam sustentação em motivos de natureza processual, como, por exemplo, a possibilidade 
de interferência do envolvido na colheita das provas. 
32 – IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL 
LVIII - o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses 
previstas em lei; 
A identificação criminal de alguém, que se dá por técnicas próprias (ex. colheita das papilas digitais e 
fotografias) causam inquestionável constrangimento na pessoa. Sendo assim, não se admite, em 
homenagem à honra da pessoa, que esse procedimento seja adotado indiscriminadamente. O texto 
constitucional, preocupado com a preservação da honra da pessoa impôs que somente será utilizado esse 
 
 
Professor Zélio Maia 
Direito Constitucional 
Material Teórico – Aula 07 a 11 
 
HTTP://WWW.ESTUDIOAULAS.COM.BR 
 
tipo de identificação quando não for possível obter a identificação civil. Claro que havendo fundada dúvida 
sobre a identificação civil (ex. documento ilegível, indícios de falsidade, etc.) outro caminho não restará 
senão a identificação criminal. 
33 – AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA 
LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no 
prazo legal; 
Ação penal é o direito de invocar a tutela jurisdicional do Estado, ou o direito de pedir ao Estado a 
aplicação do Direito Penal positivo ao caso concreto, ou o direito de pedir ao Estado uma decisão sobre um 
fato penalmente relevante (Tourinho Filho). 
A ação penal pode ser pública ou privada. Essa classificação diz respeito ao interesse defendido e a 
quem propõe a ação. Quando o interesse estatal se sobrepõe à vontade particular, ela será proposta peloórgão representante do Estado, vale dizer, pelo membro do Ministério Público (promotor de Justiça). Em 
contrapartida, se o interesse em ver desvendado um crime tem por objeto direitos íntimos e secretos do 
ofendido, o Estado, na forma acima exposta, não poderá desvendar o delito sem que a parte se manifeste 
e, para tanto, provoque o Poder Público, exigindo a punição do responsável. 
São exemplos de ação penal pública: homicídio, corrupção ativa e passiva, roubo, dentre outros. A 
regra é de que os crimes são de ação penal privada. 
São exemplos de ação penal privada: a injúria, calúnia, difamação. 
Na primeira hipótese, ação penal pública, o meio pelo qual se inicia, a peça inicial, é a denúncia, 
oferecida pelo Ministério Público (promotor). Na segunda, ação penal privada, o maior interessado é o 
próprio ofendido, que deverá intentar a ação; a peça que inicia é a queixa. 
Quando se tratar de ação penal pública, no entanto, pode acontecer que o representante do 
Ministério Público não ofereça a denúncia no prazo especificado em lei, e o ofendido ou seus familiares 
tenham interesse em que o processo seja instaurado, daí nasce, para tais pessoas, o direito de, ocupando o 
lugar do promotor, oferecer a queixa em substituição à denúncia, dando, assim, início à ação penal privada 
subsidiária da pública. 
34 – GARANTIA DA PUBLICIDADE DOS ATOS PROCESSUAIS 
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou 
o interesse social o exigirem; 
Os mais odiosos Estados autoritários utilizaram-se dos julgamentos secretos como meio de opressão. 
A garantia da publicidade dos atos processuais constitui verdadeiro pilar da democracia, encontrando 
exceção apenas quando estiver em jogo a intimidade do litigante (ações de família) ou o interesse social. 
35 – PRISÃO E SUA ABORDAGEM CONSTITUCIONAL 
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de 
autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, 
definidos em lei; 
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao 
juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada; 
 
 
Professor Zélio Maia 
Direito Constitucional 
Material Teórico – Aula 07 a 11 
 
HTTP://WWW.ESTUDIOAULAS.COM.BR 
 
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe 
assegurada a assistência da família e de advogado; 
LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório 
policial; 
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária; 
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, 
com ou sem fiança; 
35.1 – Prisões 
As hipóteses de prisões vêm especificadas no art. 5º, LXI, da CF somente podendo ocorrer em 
flagrante delito ou por ordem judicial devidamente fundamentada, ressalvadas apenas as prisões 
administrativas militares que independem de ordem judicial e são determinadas pelos agentes militares 
competentes de acordo com lei própria. Esta última é de natureza, pois, administrativa. 
Ressalvada a prisão administrativa militar, qualquer pessoa somente poderá ser presa em flagrante 
delito ou por ordem judicial devidamente fundamentada (decisão judicial desfundamentada é decisão 
nula) e a autoridade terá que ser competente para a determinação da prisão. 
35.2 – COMUNICAÇÃO DA PRISÃO 
O art. 21 do Código de Processo Penal possibilita ao juiz decretar a incomunicabilidade do preso. Tal 
preceptivo legal, no entanto, não foi recepcionado pela ordem constitucional inaugurada em 1988; pelo 
inciso em referência, a prisão de qualquer pessoa deve ser comunicada imediatamente à família do preso 
ou à pessoa por ele indicada. Veja que, nem mesmo em estado de defesa (situação de excepcional 
gravidade), poderá haver a incomunicabilidade de preso (art. 136, § 3.º, IV, da CF). 
35.3 – NÃO AUTOINCRIMINAÇÃO 
A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal tem se orientado no sentido de que a ausência da 
advertência ao acusado quanto ao direito de manter o silêncio vicia toda e qualquer informação adquirida 
dele. 
A omissão do dever de informação ao preso dos seus direitos no momento adequado gera 
efetivamente a nulidade e impõe a desconsideração de todas as informações incriminatórias que tenham 
anteriormente sido obtidas, assim como das provas delas derivadas. Conclui-se que nenhuma validade se 
pode conferir ao depoimento do acusado sem o atendimento dessa formalidade. 
Temos aqui preceito de natureza processual penal que encerra o denominado privilégio contra a 
auto-incriminação encartado no vocábulo em latim nemo tenetur se detegere. Ninguém é obrigado a 
produzir prova contra si, razão pela qual o silêncio é direito do acusado para evitar que sua manifestação 
possa ser utilizada contra si mesmo, em homenagem ao princípio da ampla defesa. Esse preceito estende-
se, inclusive, a testemunhas que prestem depoimento sob juramento, desde que as suas declarações 
possam redundar em sua incriminação, ou seja, se uma testemunha, que tem a obrigação de falar a 
verdade, ao depor, verificar que as perguntas que lhe são dirigidas podem incriminá-la, terá, nesse ponto, 
o direito de permanecer calada, sem que tal omissão caracterize o crime de perjúrio (falso testemunho). 
 
 
 
 
 
Professor Zélio Maia 
Direito Constitucional 
Material Teórico – Aula 07 a 11 
 
HTTP://WWW.ESTUDIOAULAS.COM.BR 
 
35.4 – RELAXAMENTO DA PRISÃO PELA AUTORIDADE JUDICIÁRIA COMPETENTE 
A prisão de qualquer pessoa, após sua efetivação, somente poderá ser relaxada pela autoridade 
judicial competente. Não existe, portanto, qualquer possibilidade de relaxamento de prisão que não seja 
pela autoridade judicial. 
O inciso em análise especifica que a autoridade judicial relaxará a prisão e tal relaxamento se dará 
independentemente de qualquer pedido ou requerimento. Cumpre esclarecer também que, se estamos 
falando de relaxamento de prisão, pressupõe-se ter sido esta efetivada ilegalmente. 
Se a autoridade judicial não relaxar a prisão ex officio, poderá ser impetrado, em favor daquele que 
se sente prejudicado, o habeas corpus que terá autoridade coatora o juiz que, tendo conhecimento da 
prisão ilegal não a relaxou de ofício. 
Se, ao contrário, a prisão cumpriu os ditames legais, não há que se falar em relaxamento, tampouco 
em habeas corpus; poderá haver, sim, a possibilidade da liberdade provisória, com ou sem fiança, de 
acordo com a normatização infraconstitucional. 
36 – PRISÃO CIVIL 
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e 
inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel; 
A prisão de qualquer pessoa só poderá ser decretada, como regra geral, sob fundamento penal. A 
prisão civil é exceção ao princípio de que a pessoa não pode responder por seus atos civis com penas 
corporais (perda da liberdade). No entanto a Constituição excepciona duas situações no art. 5º, LXVII, em 
que prevê a prisão civil do depósitário infiel, assim como daquele que deixar de pagar, voluntariamente, a 
prestação alimentícia a que estava obrigado. Nessas duas situações, portanto, pode ser decretada a prisão 
civil, sendo certo que tal prisão não tem a função de pena, própria do Direito Penal; é meramente 
intimidativa (ou pedagógica), já que o agente é forçado a pagar por receio de ser preso ou, no caso do 
depositário infiel, a restituir a coisa sob a sua guarda. 
Quanto ao depositário infiel a sua prisão vinha especificada no art. 647 e seguintes do CC, Lei nº 
8.866, de 11/4/94, art. 904 do CPC e súmula 619 do STF que prevê a prisão do depositário infiel. 
Toda essa estrutura normativa deve sertida como revogada por força da decisão proferida nos autos 
do recurso extraordinário n° 349703 o STF reconheceu o caráter supralegal ao Pacto de San Jose da Costa 
Rica que veda prisão de natureza civil, ressalvado apenas a do inadimplente de obrigação alimentícia. 
Assim, apesar da previsão constitucional da prisão do depositário infiel esta não pode, até que haja 
regulação específica, ser aplicada por ausência de norma que a regule. No mesmo julgado que considerou 
revogada a legislação que previa a prisão do depositário infiel, o STF também revogou sua súmula n° 619 
que especificava a prisão do depositário infiel. 
Agora temos a seguinte situação: há previsão constitucional da prisão do depositário infiel, mas tal 
não pode ocorrer por ausência de norma infraconstitucional, ou seja: a prisão não tem regramento na 
legislação não obstante estar prevista na CF que, evidentemente não foi revogada. 
 
 
 
 
 
 
Professor Zélio Maia 
Direito Constitucional 
Material Teórico – Aula 07 a 11 
 
HTTP://WWW.ESTUDIOAULAS.COM.BR 
 
37 – GRATUIDADE JUDICIAL 
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência 
de recursos; 
De nada adiantaria possibilitar a todos o acesso ao judiciário se não desse aos necessitados os meios 
para alcançar o judiciário. O Direito de postular em juízo é exclusivo dos advogados, salvo para o Habeas 
Corpus, matéria trabalhista e juizados especiais até determinado valor, sendo que, a parte que tiver 
interesse em usar o judiciário terá que arcar com as despesas do processo, que muitas vezes não são 
valores módicos. Com isso o necessitado, que tenha um determinado Direito violado e, por conseguinte, 
precise lançar mão do Judiciário, estaria impossibilitado de exercitar seu direito de ação por não ter 
condições financeiras para pagar um advogado e as custas do processo. Isso seria uma iniquidade. 
Para evitar que o necessitado isso o texto constitucional impõe que os necessitados que comprovem 
pobreza – essa comprovação se dará por simples declaração do interessado – tenha assistência jurídica 
integral e gratuita (art. 5º, inc. LXXIV da CF). Essa garantia é complementada pelo art. 134 da CF que prevê 
a criação da defensoria pública onde o necessitado terá no defensor público o seu “advogado do Estado”. 
38 – INDENIZAÇÃO POR ERRO JUDICIÁRIO PENAL 
LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do 
tempo fixado na sentença; 
Quando o Estado comete erro judiciário deve responder civilmente por seu erro e o meio processual 
adequado de verificação do erro é a revisão criminal. 
39 – GRATUIDADES CONSTITUCIONAIS 
LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei: 
a) o registro civil de nascimento; 
b) a certidão de óbito; 
LXXVII - são gratuitas as ações de "habeas-corpus" e "habeas-data", e, na forma da lei, os atos 
necessários ao exercício da cidadania. 
O registro civil de nascimento e a certidão de óbito são gratuitos para os reconhecidamente pobres 
nos termos da Constituição. 
Não obstante o texto constitucional especificar que as gratuidades da certidão de óbito e do registro 
civil de nascimento são garantias aos reconhecidamente pobres, o art. 45 da lei n° 8.935/94 reconheceu 
essas gratuidades a todos, indistintamente. Assim disciplina referida norma: 
“Art. 45. São gratuitos os assentos do registro civil de nascimento e o de óbito, bem como a primeira 
certidão respectiva.” 
Ressalte-se que a lei que estendeu a gratuidade do registro civil de nascimento e de óbito a todos 
não afronta a CF, eis que os direitos fundamentais contemplados no texto constitucional não exclui a 
possibilidade de, por normatização infraconstitucional, sejam melhor densificados. 
Pela previsão constitucional o habeas corpus e habeas data são gratuitos. 
 
 
 
 
Professor Zélio Maia 
Direito Constitucional 
Material Teórico – Aula 07 a 11 
 
HTTP://WWW.ESTUDIOAULAS.COM.BR 
 
39 – PRINCÍPIO DA CELERIDADE PROCESSUAL 
LXXVIII a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do 
processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. 
Trata o inciso em análise do princípio da celeridade processual. 
A nova garantia instituída pela Emenda n° 45/2004 pretende apenas dar efetividade plena ao 
princípio da prestação jurisdicional. 
O prazo razoável decorrerá de cada caso concreto, não podendo a lei estabelecer uma uniformidade 
para todas as situações. Não se pode exigir que o prazo para um processo sem necessidade de grandes 
discussões fáticas tenha a mesma duração de um processo que exija instrução probatória mais alentada. 
O que deve ser objeto de atenção é o fato de que a necessidade de um processo com solução em 
prazo razoável decorre de explícita determinação constitucional. 
40 – OS TRATADOS INTERNACIONAIS DE STATUS CONSTITUCIONAL 
Especifica o § 3°, do art. 5° da CF: 
“§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem 
aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos 
dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.” 
O parágrafo 3° do art. 5°, introduzido pela emenda constitucional n° 45/2004 expressamente 
concede status constitucional aos tratados que versem sobre direitos humanos desde que o processo de 
internalização siga o processo legislativo das emendas. 
Com isso o resultado é a seguinte situação: os tratados em geral recepcionados pelo direito interno 
pelas vias legislativas ordinárias tem status de norma infraconstitucional; tratados internacionais que 
versem sobre direitos humanos, desde que recepcionados pelo direito interno mediante o procedimento 
legislativo das emendas à Constituição, tem status de direito constitucional. 
40.1 – Tratados internacionais sobre direitos humanos com hierarquia de supralegalidade 
Nos autos dos recursos extraordinários n° 349703 e 466343 o STF conferiu aos tratados 
internacionais que versem sobre direitos humanos se que não tenham sido aprovados pelo procedimento 
das emendas (§ 3° do art. 5°), mas sim, tenham sido submetidos ao processo ordinário de aprovação terão 
status de direito supralegal, ou seja, não é direito ordinário nem é direito constitucional. Por esse julgado 
além do tratado internacional sobre direitos humanos poder ter status de emenda também teremos a 
possibilidade de um tratado sobre direitos humanos ter status supralegal. 
41. – TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL 
Especifica o § 4°, do art. 5° da CF: 
“§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação 
tenha manifestado adesão.” 
Ressalte-se ser de grande repercussão o novo parágrafo do art. 4°, uma vez que a aplicação da 
jurisdição do Tribunal Penal Internacional é automática ao Estado brasileiro, exigindo-se apenas a adesão à 
sua criação, o que já ocorreu, já ocorreu. Ressalte-se ainda o caráter complementar da atuação do Tribunal 
Penal Internacional, que somente atuará quando o judiciário do Estado não exercitar suas atribuições e 
isso acontecerá quando ocorrer a transcendência internacional, ou seja, deve claramente ser demonstrada 
 
 
Professor Zélio Maia 
Direito Constitucional 
Material Teórico – Aula 07 a 11 
 
HTTP://WWW.ESTUDIOAULAS.COM.BR 
 
a incapacidade ou a completa ausência de vontade do judiciário do Estado em exercer sua atribuição 
jurisdicional no que concerne aos crimes previstos no Estatuto. Assim a atuação do tribunal é ao mesmo 
tempo excepcional e complementar à jurisdição interna. 
42 – TUTELA CONSTITUCIONAL DAS LIBERDADES - REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS 
Os remédios constitucionais, quais sejam: habeas corpus, habeas data, mandado de 
segurança, mandado de injunção e direito de petição tem como fundamento centralo fato de constituírem 
garantias para o pleno exercício dos direitos fundamentais. Veja que todos eles pressupõem um direito 
fundamental sendo lesionado, tendo como objetivo a manutenção desses direitos em atenção ao Estado 
democrático de direito e ao pleno exercício da cidadania. 
42.1 – HABEAS CORPUS 
Assim está contemplado o habeas corpus no inciso LXVIII: 
“conceder-se-á "habeas-corpus" sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de 
sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de 
poder;” 
42.1.1 – Conceito 
A expressão habeas corpus significa “tome o corpo”, ou seja, “traga aquele que está sendo 
coagido em sua liberdade de locomoção à presença do magistrado”. 
O habeas corpus procura preservar para todo ser humano a liberdade de locomoção contra 
ilegalidades perpetradas por terceiros; nada mais é que uma ordem de liberdade. 
42.1.2 – Natureza Jurídica 
O habeas corpus é uma ação penal de natureza declaratória, mandamental ou até mesmo 
constitutiva, conforme o caso concreto. 
42.1.3 – Legitimação ativa - paciente 
O habeas corpus pode ser impetrado por qualquer pessoa em favor de terceiro ou do 
próprio impetrante. 
Qualquer pessoa, aqui, deve ser entendida em sentido lato, ou seja, independe de 
capacidade civil ou postulatória, incluindo analfabeto, menor ou louco, isso tudo independentemente da 
representação ou assistência civil, conforme o caso. Cumpre salientar que essas pessoas impetram habeas 
corpus diretamente e prescinde da assistência técnica de um advogado. 
Não se pode olvidar, ainda, que o próprio Ministério Público pode impetra-lo, assim como o 
próprio juiz, de ofício, poderá relaxar a prisão de alguém que esteja sofrendo coação em sua liberdade de 
locomoção (conhecido na doutrina como habeas corpus ex officio). 
Apesar do habeas corpus somente poder ser impetrado em favor de pessoa natural (física), 
nada impede que uma pessoa jurídica impetre a ação, desde que o faça em favor de uma pessoa natural. 
42.1.4 – Legitimação passiva – autoridade coatora 
Originariamente, o habeas corpus somente era cabível contra ato de autoridade pública. 
Entretanto a doutrina e a jurisprudência há muito o tem admitido contra ato de particular, desde que entre 
paciente e coator fique demonstrada uma relação de poder. O exemplo mais incisivo de habeas corpus 
 
 
Professor Zélio Maia 
Direito Constitucional 
Material Teórico – Aula 07 a 11 
 
HTTP://WWW.ESTUDIOAULAS.COM.BR 
 
impetrado contra ato de particular é a hipótese de internação em um hospital psiquiátrico de alguém são 
onde o interno está sob a responsabilidade da direção médica e que, portanto não caberia a alguém, que 
não o judiciário, discutir a decisão médica de internação. Ao judiciário caberá, sendo o caso, a liberação eis 
que esse órgão proferirá decisão imparcial a partir de provas produzidas no sentido da indevida internação 
que caracteriza violação ao direito de locomoção. Tal situação é decorrência da relação de poder que 
existe entre o paciente e o seu responsável médico. 
42.1.5 – Tipos de habeas corpus 
O habeas corpus pode ser liberatório ou preventivo. 
O primeiro, por motivo óbvio, destina-se a devolver ao paciente a liberdade que lhe foi 
ilicitamente retirada. Para o segundo, ainda não ocorreu a lesão, mas está prestes a ocorrer. É chamado, 
também, de salvo-conduto. 
42.2 – HABEAS DATA 
Assim está contemplado o habeas data no inciso LXXII: 
“conceder-se-á "habeas-data: 
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de 
registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público; 
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou 
administrativo;” 
O habeas data, novidade da Constituição de 1988, traz a solução para quem tem violado o direito de 
acesso às informações sobre si, possibilitando, por instrumento próprio, utilizar-se da via judicial para 
buscar tais informações. 
Somente se pode utilizar o habeas data para o conhecimento de informações guardadas em 
entidades públicas ou mesmo privadas que executem atividade marcadamente de natureza pública, 
podendo assim ser impetrado para acesso ou retificação de dados constantes no Serviço de Proteção ao 
Crédito. 
A Lei n° 9.507/97, que regulamentou o habeas data especifica que deve ser considerada como 
entidade privada suscetível de figurar como sujeito passivo desse remédio constitucional aquela entidade 
que “...mantenha registro ou banco de dados que sejam ou que possam ser transmitidas a terceiros ou que 
não sejam de uso privativo do órgão ou entidade produtora ou depositária das informações”. 
Somente poderá ser impetrado o habeas data quando houver expressa negativa em prestar as 
informações solicitadas ou quando, após requeridas, a autoridade não as prestar no prazo de dez dias ou, 
em caso de retificação, quando as informações não forem retificadas no prazo de quinze dias (Lei nº 
9.507/97); nesse sentido, inclusive, existe a súmula n° 2 do STJ 
A lei que regulamenta o habeas data impõe que o impetrante do remédio constitucional junte, com a 
petição inicial, a comprovação de que buscou, via administrativa, as informações e que lhe foram negadas 
ou tenha havido o transcurso do prazo de dez dias sem serem elas prestadas ou o prazo de quinze dias sem 
haver a retificação pleiteada (negativa tácita comprovada pela omissão). Assim dispõe o art. 8º, em seus 
incisos, da referida lei: 
“A petição inicial deverá ser instruída com prova: I – da recusa ao acesso às 
informações ou do decurso de mais de dez dias sem decisão; II – da recusa em 
fazer-se a retificação ou do decurso de mais de quinze dias, sem decisão; ou III – da 
 
 
Professor Zélio Maia 
Direito Constitucional 
Material Teórico – Aula 07 a 11 
 
HTTP://WWW.ESTUDIOAULAS.COM.BR 
 
recusa em fazer-se a anotação a que se refere o § 2º do art. 4º ou do decurso de 
mais de quinze dias sem decisão.” 
Essa exigência legal não incide em qualquer inconstitucionalidade eis que tais exigências nada mais 
são do que requisitos de procedibilidade da ação, uma vez que se destinam apenas à comprovação da 
lesão ao direito pleiteado. 
42.3 – MANDADO DE SEGURANÇA 
Assim está contemplado o mandado de segurança no inciso LXIX: 
“conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por 
"habeas-corpus" ou "habeas-data", quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for 
autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público”. 
 
De outro lado o mandado de segurança coletivo veio especificado no inciso LXX nos seguintes termos: 
 
“o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por: 
a) partido político com representação no Congresso Nacional; 
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento 
há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados;” 
 
42.3.1 – REFERÊNCIAS HISTÓRICAS E REGULAMENTAÇÃO 
Foi previsto pela primeira vez na Constituição de 1934 e encontra-se atualmente previsto no art. 5º, 
LXIX, da CF e regulamentado pela lei nº 12.016/2009. 
42.3.2 – CONCEITO 
O mandado de segurança é uma ação constitucional pela qual tanto a pessoa física como jurídica 
assim como órgão sem capacidade processual (mesa da Câmara dos Deputados) tem legitimidade ativa de 
impetração. Visa à proteção de direito individual líquido e certo não amparável por habeas corpus ou 
habeas data para reparar ou evitar ato que seja praticado por autoridade pública ou agente da pessoa 
jurídica que, mesmo não sendo autoridade pública, esteja no exercício de atribuição tipicamente pública 
(são as atividades delegadas). 
42.3.3 – PRAZO DE IMPETRAÇÃO 
O prazo para impetração do mandadode segurança é de 120 dias do conhecimento do ato, sendo 
esse prazo de natureza decadencial. 
42.3.4 – TIPOS 
O mandado de segurança pode ser repressivo, para atacar o ato lesivo que já foi efetivado, ou 
preventivo, sempre que, apesar de ainda não ter sido praticado o ato, houver uma ameaça latente de que 
o será em detrimento do direito líquido e certo do impetrante. 
42.3.5 – DIREITO LÍQUIDO E CERTO 
Direito líquido e certo é aquele que é plenamente exeqüível, existe por si mesmo 
independentemente de qualquer outro requisito. Nas palavras de Hely Lopes Meirelles: “... é o que se 
 
 
Professor Zélio Maia 
Direito Constitucional 
Material Teórico – Aula 07 a 11 
 
HTTP://WWW.ESTUDIOAULAS.COM.BR 
 
apresenta manifesto na sua existência, delimitado na sua extensão e apto a ser exercitado no momento da 
impetração.” 
O mandado de segurança não admite dilação ou reexame probatório (produção de prova 
testemunhal, pericial, etc.), sendo um processo de natureza marcadamente documental. 
42.3.6 – SUJEITO PASSIVO 
O impetrado é diretamente a autoridade que tenha praticado o ato e as conseqüências patrimoniais 
serão suportadas pela pessoa jurídica respectiva, sendo, portanto, a parte no mandado de segurança e não 
a entidade jurídica a que estiver vinculado. A decisão concessiva de mandado de segurança se submete ao 
duplo grau de jurisdição obrigatório (o juiz que concede o mandado de segurança deve, de ofício, 
submeter sua decisão ao tribunal ad quem). 
42.3.7 – MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO 
Os requisitos do mandado de segurança coletivo são os mesmos do individual com as peculiaridades 
que serão aqui abordadas. 
42.3.8 – Legitimados 
São partes legítimas para impetrar o mandado de segurança coletivo o partido político com 
representação no Congresso Nacional, a organização sindical, a entidade de classe e a associação 
“legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano”. É de se ressaltar que o lapso 
temporal de um ano de funcionamento refere-se apenas às associações. 
42.3.9 – DESNECESSIDADE DE AUTORIZAÇÃO DA CATEGORIA PARA A IMPETRAÇÃO 
No mandado de segurança coletivo, as entidades legitimadas defendem em nome próprio direitos 
dos associados; trata-se, portanto, de legitimação autônoma extraordinária, ou seja, é hipótese 
excepcional de substituição processual conferida com o fim específico para impetração do mandado de 
segurança. Assim, não é necessária a autorização dos membros da entidade para a impetração do 
mandado de segurança coletivo dada a peculiaridade do instituto. 
42.3.10 – DEFESA DE PARTE DA CATEGORIA 
A entidade legitimada poderá impetrar o mandado de segurança coletivo tanto em favor de toda a 
categoria quanto de parte dela (art. 21 da lei n° 12.016/2009). 
42.3.11 – PARTIDO POLÍTICO 
Partido político 
O mandado de segurança coletivo impetrado por partido político não está adstrito apenas à defesa dos 
direitos políticos, podendo ser utilizado para a defesa dos direitos coletivos em geral e em benefício de 
toda a coletividade, desde que o direito defendido esteja previsto na sua finalidade partidária. Nesse 
sentido é a lei do mandado de segurança que contemplou no art. 21 da nova lei que: “O mandado de 
segurança coletivo pode ser impetrado por partido político com representação no Congresso Nacional, na 
defesa de seus interesses legítimos relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária...”. 
42.4 – MANDADO DE INJUNÇÃO 
Assim está contemplado o mandado de injunção no inciso LXXI: 
 
 
Professor Zélio Maia 
Direito Constitucional 
Material Teórico – Aula 07 a 11 
 
HTTP://WWW.ESTUDIOAULAS.COM.BR 
 
“conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o 
exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à 
soberania e à cidadania;” 
42.4.1 – Considerações gerais 
Instituto previsto no art. 5.º, LXXI, da CF de 1988 e ainda não foi objeto de regulamentação. Muitas 
vezes, a ausência de regulamentação dos preceitos constitucionais é tão ou mais danosa que a elaboração 
de normas conflitantes com a Constituição; daí a necessidade de aparelhar o cidadão de uma garantia para 
fazer valer os seus direitos assegurados constitucionalmente, mas carentes de regulamentação 
infraconstitucional. 
42.4.2 – Conceito 
O mandado de injunção, pois, é remédio constitucional que visa instrumentalizar o cidadão para buscar 
a regulamentação de preceito constitucional que, em decorrência da omissão do legislador 
infraconstitucional, tem prejudicado os seus direitos e liberdades constitucionais, assim como as 
prerrogativa inerentes à soberania, cidadania e nacionalidade. 
42.4.3 – Natureza jurídica da decisão 
O STF deixou de lado antigo posicionamento que conferia às decisões proferidas em mandado de 
injunção apenas efeito declaratório, adotando agora posicionamento onde o próprio Poder Judiciário 
cuidará de promover a integração normativa infraconstitucional (o que equivale a verdadeira função 
legiferante) produzindo, pois, direito novo, dando assim efeitos concretos às decisões proferidas nesse writ 
que deixa agora de ser um mero remédio de comunicação para concretização do direito não 
regulamentado. Adota o STF a denominada corrente concretista (tecnicamente a expressão constitutiva é 
mais correta) em substituição à antiga corrente não-concretista (declaratória). 
42.4.4 – MANDADO DE INJUNÇÃO COLETIVO 
Hoje a jurisprudência e a doutrina nacionais são pacíficas em admitir o mandado de injunção 
coletivo, aplicando-se, assim, o mesmo procedimento e regras aplicáveis ao mandado de segurança 
coletivo (MI 20). 
42.5 – DIREITO DE PETIÇÃO 
Assim está contemplado o mandado de injunção no inciso XXIV: 
“são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: 
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de 
poder; 
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de 
situações de interesse pessoal;” 
O direito de petição tem sua origem na Carta Magna de João Sem Terra, de 15 de junho de 1215, 
que, em seu item 44 especifica que toda informação deve ser prestada gratuitamente. 
O direito de petição busca possibilitar a qualquer pessoa (física ou jurídica) o acesso a informações 
de interesse pessoal ou coletivo a fim de que possa, com isso, promover a defesa de seus interesses e 
 
 
Professor Zélio Maia 
Direito Constitucional 
Material Teórico – Aula 07 a 11 
 
HTTP://WWW.ESTUDIOAULAS.COM.BR 
 
ainda tomar conhecimento dos atos de interesse coletivo praticados pelo Estado. O direito de petição não 
passa de simples requerimentos administrativos específicos para acesso aos dados referidos acima. 
O agente público responsável pela prestação de informações estará obrigado a se manifestar sobre o 
requerimento (petição) formulado sob pena de responsabilidade. Essa obrigatoriedade decorre do fato de 
que a todo direito deve corresponder uma garantia e, se não houvesse tal imposição, o direito de petição 
não teria efetividade, ou seja, não teria a garantia de seu cumprimento. Quanto à obrigatoriedade na 
prestação de informações, tal não abrange aquelas que sejam essenciais à proteção do Estado, conforme 
expressa ressalva do texto constitucional. 
Não se pode perder de vista que o direito de petição não é medida judicial, mas meramente 
administrativa; uma vez negado tal direito, possibilita-se a busca judicial da informações pela via 
processual adequada. 
 
42.6 – AÇÃO POPULAR 
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato 
lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade 
administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficandoo autor, salvo 
comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência; 
A ação popular tem como autor qualquer cidadão, que estará assim caracterizado desde que 
demonstre estar em dia com suas obrigações eleitorais. 
A regra é que a ação popular não tem custos para o autor, seja com as denominadas custas 
processuais ou com despesas de sucumbência (pagamento das despesas que a parte vencedora teve 
durante o processo). 
Não obstante a ação popular ser gratuita se for comprada a má-fé do seu autor, este será condenado 
ao pagamento tanto das custas como pelas despesas que a parte contrária suportou em razão das 
despesas com o processo.

Continue navegando