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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS FACULDADE MINEIRA DE DIREITO 1. Pressupostos de existência do controle de constitucionalidade: a. Constituição formal (a que apresenta a forma escrita e que adota um processo mais difícil e solene para a alteração do seu texto do que o processo adotado para a elaboração de leis ordinárias e complementares, distinguindo-se, dessa forma, o exercício do poder legislativo do do poder constituinte derivado). b. Órgão competente. 2. Objeto do controle de constitucionalidade: Atos normativos editados pelos vários órgãos do Estado, no exercício de sua competência, podendo apresentar as características de generalidade e abstração ou individualidade e concretude, desde que sejam autônomos. Assim, podem ser objeto de controle de constitucionalidade as diversas leis elaboradas pelos legislativos federal, estadual e municipal, os decretos do Presidente da República, do Governador do Estado e do Prefeito Municipal, os regimentos internos das casas legislativas, dos tribunais, decisões judiciais e atos administrativos, além de outros. Há que se ressaltar que o controle concentrado de constitucionalidade brasileiro, regra geral, tem por objeto atos normativos gerais, abstratos e autônomos. Excepcionalmente admite o controle de atos individuais (exemplo: ADPF). 3. Características do controle de constitucionalidade Quanto ao momento: Preventivo: ou prévio, ocorre antes da entrada em vigor da lei no ordenamento jurídico. No Brasil, o controle preventivo tem por objeto projetos de lei e não leis, competindo o mesmo às comissões de constituição e justiça das casas legislativas e ao Presidente da República, na hipótese do veto jurídico (fundado em inconstitucionalidade. Na França uma vez que o Conselho Constitucional realiza o controle de constitucionalidade da lei antes da sua entrada em vigor. Repressivo: ocorre após a entrada em vigor da lei no ordenamento jurídico. É o modelo adotado no Brasil. Também é denominado de sucessivo ou a posteriori. Quanto à natureza do órgão que realiza o controle: Político: o controle de constitucionalidade realizado por órgão vinculado ao Parlamento. Exemplo: França. Judicial: o exercício do controle de constitucionalidade é atribuído ao Poder Judiciário, devendo ao juiz apenas aplicar a lei válida à luz da constituição e não aplicar a lei inconstitucional. O controle judicial divide- se ainda em difuso e concentrado. Quanto à competência para o exercício do controle judicial: Difuso: o controle judicial cuja competência é atribuída a todos os órgãos do Poder Judiciário, sem distinção. Criado pela Suprema Corte americana, na decisão Marbury vs. Madison, 1803 e adotado no Brasil desde a primeira constituição republicana (1891). Concentrado: o controle judicial cuja competência é atribuída a um ou poucos órgãos do Poder Judiciário. Esse modelo de controle foi adotado na Áustria, pela primeira vez, em 1920 e aperfeiçoado com a Reforma Constitucional de 1929, inspirado na teoria de Hans Kelsen. Foi adotado no Brasil a partir de 1965. Quanto ao modo de controle judicial: Incidental, incidenter tantum ou por via de exceção: A declaração de inconstitucionalidade é apresentada e resolvida como uma questão incidente a um conflito submetido à apreciação do Poder Judiciário e não como o objeto principal da ação. O objeto principal da ação não é a declaração da inconstitucionalidade, mas essa é necessária para o julgamento daquela. Da perspectiva da técnica processual, a discussão constitucional apresenta-se com uma questão prejudicial à matéria de mérito, devendo ser resolvida antes. Principal, principaliter ou por via de ação direta: ocorre quando o objeto principal da ação versa sobre a declaração de (in)constitucionalidade da lei. Assim, a ação é ajuizada com o objetivo de obter-se uma declaração de constitucionalidade ou de inconstitucionalidade apenas. Efeitos no tempo: Retroativos ou ex tunc: quando a decisão que declara uma norma inconstitucional cassa, desconstitui, todos os efeitos produzidos pela mesma no passado,desde sua entrada em vigor. Parte-se do entendimento segundo o qual a constituição é a norma suprema do Estado(supremacia da constituição), não se reconhecendo à norma em contraste com a constituição a condição de produzir efeitos válidos em momento algum. Adotado como regra geral no Brasil, Estados Unidos e Alemanha. Pro futuro ou ex nunc: a declaração de inconstitucionalidade apenas opera efeitos a partir do seu trânsito em julgado, como regra geral. A norma objeto de controle é considerada valida até a decisão judicial, quando então, por força da decisão, não mais se aplica. Aqui, são adotados os princípio da separação dos poderes e da boa-fé. É adotado, sobretudo, na Áustria. Efeitos subjetivos: Erga omnes: quando a decisão declaratória de constitucionalidade atinge todo o público de cidadãos, todos aqueles que são destinatários da norma objeto de controle, também serão dos efeitos da decisão declaratória de inconstitucionalidade. Inter partes: quando a decisão declaratória de constitucionalidade apenas atinge aqueles que participaram do processo no âmbito do qual a decisão foi tomada. 4. Inconstitucionalidade Segundo Luis Roberto Barroso, a Constituição, como norma fundamental do ordenamento jurídico, regula o modo de produção da lei e demais atos normativos e impõe balizamentos a seu conteúdo. O ato normativo contrário à constituição, quer quanto à forma, quer quanto ao conteúdo, é inconstitucional. A inconstitucionalidade nada mais é do que um ilícito inconstitucional. A inconstitucionalidade pode ser: Ação: a decorrente da edição de um ato normativo. Pode ser material ou formal. Material: quando o conteúdo da norma e incompatível com o da constituição. Formal: decorre da inobservância das normas constitucionais sobre processo legislativo, incluindo aqui a competência legislativa. Total: a que recai sobre todo o texto do ato normativo. Parcial: a que abrange apenas parte do texto, como artigo, incisos, alíneas ou ainda sobre uma expressão do texto. Direta: quando há entre o ato impugnado e a Constituição uma relação direta. Indireta: quando o ato, antes de entrar em conflito com a constituição, contrasta com outro ato infraconstitucional, com a lei por exemplo. Por arrastamento: quando é conseqüência da declaração de inconstitucionalidade do ato principal,mas que afeta também o ato normativo de caráter acessório.
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