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Evicção _ Teoria Geral dos Contratos

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E V I C Ç Ã O 
DISPOSIÇÕES LEGAIS
- Código Civil, arts. 447-457
ETIMOLOGIA
- do latim evictio, de evincere: evencer, ser vencido, desapossamento judicial
FUNDAMENTO
- princípio de garantia
	- refere-se a vício/defeito do direito transmitido
CONCEITO
- perda do domínio, da posse ou do uso da coisa adquirida onerosamente, mediante sentença judicial, sob fundamento de pertencer a outrem por causa jurídica anterior ao contrato
PALCO JURÍDICO-PROCESSUAL
- ações petitórias e possessórias
AQUISIÇÃO EM HASTA PÚBLICA (ART. 447, IN FINE)
- não exime o alienante, que é responsável pela evicção, seja a hasta pública obrigatória ou particular
PERDA POR CAUSA POSTERIOR
- exime o alienante
CASOS ESPECIAIS
- desapropriação:
	- em regra, exime o alienante, a não ser que o decreto expropriatório tenha sido expedido antes da celebração do contrato, ocorrendo posteriormente a efetiva desapropriação
- usucapião:
	- em regra, exime o alienante, a não ser que a prescrição aquisitiva ocorra em data tão próxima da formalização do contrato que impossibilite ao adquirente evitá-la
PALCO JURÍDICO-OBRIGACIONAL
- contratos onerosos (comutativos/aleatórios)
	- segundo a doutrina:
		- doações onerosas (gravadas/modais/com encargo)
		- doações remuneratórias
FIGURAS INSTITUCIONAIS
- alienante: responsável pela evicção
- evicto: adquirente/vencido na demanda movida por terceiro
- evictor: terceiro reivindicante e vencedor na demanda
RESPONSABILIDADE
- decorre ex lege, prescindindo, pois, de previsão contratual (naturalia negotii)
FORMAS DE PARTICIPAÇÃO NO PROCESSO
- acionando, sendo acionado, sucedendo a parte ou intervindo
INSTITUTO DA INTERVENÇÃO DE TERCEIROS
- oposição, nomeação a autoria, denunciação da lide e chamamento ao processo
REQUISITOS DA EVICÇÃO
- perda total ou parcial do domínio (propriedade), da posse ou do uso da coisa
- onerosidade da aquisição
- ignorância pelo adquirente da litigiosidade da coisa
- anterioridade da causa jurídica motivadora da evicção
- perda decorrente de sentença judicial
	- OBS: doutrina e jurisprudência admitem a evicção em virtude de ato administrativo
- denunciação da lide
	- OBS: há corrente doutrinário-jurisprudencial que entende ser facultativa a denunciação da lide
DENUNCIAÇÃO DA LIDE (ART. 456)
- espécie do gênero intervenção de terceiros (CPC, art. 70, I)
- instaura-se a lide secundária no único processo
- pode ocorrer sucessividade de denunciações
- alguns admitem a possibilidade de denunciação coletiva (por exemplo, Nelson Nery Júnior)
- o adquirente pode denunciar a lide ao alienante imediato ou a qualquer dos anteriores
- alienante (denunciado) que não atende à denunciação da lide
	- adquirente (denunciante) pode deixar de contestar ou de recorrer, desde que a procedência da evicção seja manifesta
AÇÃO AUTÔNOMA DE EVICÇÃO
- alguns não a admitem, por entenderem que a denunciação da lide é obrigatória, nos termos do Código Civil, art. 456 (“notificará”) e do Código de Processo Civil, art. 70 (“obrigatória”)
	- se descurada a denunciação da lide, o evicto não teria direito regressivo contra o alienante, pois não seria possível o ajuizamento de ação autônoma de evicção
- outros admitem, em qualquer caso, a ação autônoma de evicção
	- por entenderem tratar-se de indenização decorrente de verdadeiro ilícito, fundada no princípio que veda o enriquecimento sem causa (STF, RTJ 59: 43; RJTSP 117:130, 131:121)
- admissibilidade por imposição procedimental
	- procedimento sumário (CPC, art. 280), pois é vedada a intervenção de terceiro
	- Lei dos Juizados Especiais (Lei n. 9.099/1995, art. 10): não admite a intervenção de terceiros
	- perda em virtude de ato administrativo (RT 324: 134), exemplos:
		- apreensão de veículo furtado, devolvido à vítima
		- apreensão de bens contrabandeados
- PL 6.960/2002, atual PL 276/2007: propõe nova redação para o art. 456, caput do Código Civil, verbis:
	- “Art. 456. Para o direito que da evicção lhe resulta, independe o evicto da denunciação da lide ao alienante, podendo fazê-la, se lhe parecer conveniente, pelos princípios da economia e da rapidez processual”.
	- justificativa:
	“No que tange ao artigo 456, melhor se recomenda a posição do Superior Tribunal de Justiça segundo a qual ‘o direito que o evicto tem de recobrar o preço que pagou pela coisa evicta, independe, para ser exercitado, de ter ele denunciado a lide ao alienante, na ação em que terceiro reivindicara a coisa’. (STJ, 3ª Turma, REsp. nº 255639-SP, Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito, in DJ de 11.06.01). Nessa linha, o eminente Min. Nilson Naves destacou: ‘a jurisprudência do STJ é no sentido de que a não denunciação da lide não acarreta a perda da pretensão regressiva, mas apenas ficará o réu, que poderia denunciar e não denunciou, privado da imediata obtenção do título executivo contra o obrigado regressivamente. Daí resulta que as cautelas insertas pelo legislador dizem respeito tão-só com o direito de regresso, mas não privam a parte de propor ação autônoma contra quem eventualmente lhe tenha lesado’ (REsp. nº 132.258-RJ, in DJ, de 17.04.00). Por outro lado, assentou o STF não poder a ação de evicção ser substituída pelo pedido de indenização do último adquirente contra o primitivo transmitente, com abstração da cadeira sucessiva de transmissões (RTJ 119/1100). Por tais razões, o dispositivo deve receber nova redação, compatível com o entendimento jurisprudencial”.
CLÁUSULA EXPRESSA ACERCA DA RESPONSABILIDADE
- Cód. Civil, art. 448: reforço, diminuição ou exclusão de responsabilidade pela evicção
- nas relações de consumo, a cláusula de diminuição ou de exclusão de responsabilidade seria nula de pleno direito (CDC, art. 51)
- cláusula expressa de irresponsabilidade (diminuição/exclusão)
	- por si só, não é suficiente para eximir integralmente o alienante (art. 449), exigindo-se, ainda:
	- ciência/informação do adquirente sobre o risco
	- assunção do risco pelo adquirente
- existindo apenas a cláusula de irresponsabilidade, se ocorrer a evicção, o alienante indenizará o adquirente no equivalente ao valor da coisa, mas não responderá pelas demais indenizações (despesas e/ou prejuízos)
AMPLITUDE DOS DIREITOS DO EVICTO (ART. 450, I, II, III)
- “prejuízos que diretamente resultarem da evicção” (art. 450, inc. II)
VALOR DA COISA (ART. 450, PARÁGRAFO ÚNICO)
- na evicção (total ou parcial), considera-se o valor da coisa ao tempo em que se evenceu
COISA ALIENADA DETERIORADA (ART. 451)
- alienante responde, mesmo que a coisa por ele alienada esteja deteriorada, exceto havendo dolo do adquirente
	- o adquirente não estava obrigado a zelar pela coisa que lhe pertencia
VANTAGENS COM A DETERIORAÇÃO (ART. 452)
- se o adquirente não foi condenado a indenizá-las ao terceiro, o valor das vantagens (exemplo: venda do material da demolição) será deduzido do valor que o alienante tiver de pagá-lo
BENFEITORIAS NECESSÁRIAS OU ÚTEIS (ART. 453)
- se o terceiro não pagou por elas, o alienante o fará
- direito de retenção do adquirente (art. 1.219)
- benfeitorias acrescidas após a citação
	- perda da qualidade de possuidor de boa-fé e, em consequência, do direito de retenção, mas fará jus à indenização pelas benfeitorias necessárias (art. 1.220)
BENFEITORIAS REALIZADAS PELO ALIENANTE, MAS ABONADAS AO ADQUIRENTE (ART. 454)
- abatimento do valor, quando da indenização feita pelo alienante ao adquirente
EVICÇÃO PARCIAL E CONSIDERÁVEL (ART. 455)
- opções do evicto: rescisão do contrato ou restituição proporcional
- se a evicção parcial não for considerável, o evicto terá apenas direito a indenização
COISA ALHEIA OU LITIGIOSA (ART. 457)
- se o adquirente conhecia tais circunstâncias, não poderá demandar pela evicção�
 DISPOSIÇÕES
NO CÓDIGO CIVIL
Da Evicção
Art. 447. Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Subsiste esta garantia ainda que a aquisição se tenha realizado em hasta pública.
Art. 448. Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade pela evicção.
Art. 449. Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se der, tem direito o evicto a receber o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele informado, não o assumiu.
Art. 450. Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além da restituição integral do preço ou das quantias que pagou:
I - à indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir;
II - à indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente resultarem da evicção;
III - às custas judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído.
Parágrafo único. O preço, seja a evicção total ou parcial, será o do valor da coisa, na época em que se evenceu, e proporcional ao desfalque sofrido, no caso de evicção parcial.
Art. 451. Subsiste para o alienante esta obrigação, ainda que a coisa alienada esteja deteriorada, exceto havendo dolo do adquirente.
Art. 452. Se o adquirente tiver auferido vantagens das deteriorações, e não tiver sido condenado a indenizá-las, o valor das vantagens será deduzido da quantia que lhe houver de dar o alienante.
Art. 453. As benfeitorias necessárias ou úteis, não abonadas ao que sofreu a evicção, serão pagas pelo alienante.
Art. 454. Se as benfeitorias abonadas ao que sofreu a evicção tiverem sido feitas pelo alienante, o valor delas será levado em conta na restituição devida.
Art. 455. Se parcial, mas considerável, for a evicção, poderá o evicto optar entre a rescisão do contrato e a restituição da parte do preço correspondente ao desfalque sofrido. Se não for considerável, caberá somente direito a indenização.
Art. 456. Para poder exercitar o direito que da evicção lhe resulta, o adquirente notificará do litígio o alienante imediato, ou qualquer dos anteriores, quando e como lhe determinarem as leis do processo.
Parágrafo único. Não atendendo o alienante à denunciação da lide, e sendo manifesta a procedência da evicção, pode o adquirente deixar de oferecer contestação, ou usar de recursos.
Art. 457. Não pode o adquirente demandar pela evicção, se sabia que a coisa era alheia ou litigiosa.
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