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NFPSS | RETA FINAL – TJGO + TJPR Ciclos Método 2 NFPSS | RETA FINAL – TJGO + TJPR Oláááá futuros Juízes e Juízas! Bem-vindos ao Não Faça a Prova Sem Saber! Esse é o seu arquivo de apostas para a revisão de véspera! Aqui, selecionamos alguns temas que, após estudo das nossas bancas, acreditamos que tenham mais chances de ser cobrados em nossa prova. Então, se alonga, pega o café, lava esse rosto e simbora, porque o nosso material está recheado de informações importantíssimas! SUMÁRIO DIREITO CIVIL ---------------------------------------------------------------------------------------------------- 2 DIREITO PROCESSUAL CIVIL ------------------------------------------------------------------------------ 65 DIREITO DO CONSUMIDOR ----------------------------------------------------------------------------- 127 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE -------------------------------------------------------- 148 DIREITO PENAL ------------------------------------------------------------------------------------------------ 175 DIREITO PROCESSUAL PENAL ----------------------------------------------------------------------------- 305 DIREITO CONSTITUCIONAL ----------------------------------------------------------------------------- 398 DIREITO ELEITORAL --------------------------------------------------------------------------------------- 466 DIREITO EMPRESARIAL --------------------------------------------------------------------------------------- 484 DIREITO TRIBUTÁRIO --------------------------------------------------------------------------------------- 546 DIREITO AMBIENTAL --------------------------------------------------------------------------------------- 586 DIREITO ADMINISTRATIVO ---------------------------------------------------------------------------- 618 DIREITO AGRÁRIO -------------------------------------------------------------------------------------- 675 DIREITO PREVIDENCIÁRIO ---------------------------------------------------------------------------- 693 JUIZADOS ESPECIAIS -------------------------------------------------------------------------------------- 731 CÓDIGO DE NORMAS DA CORREGEDORIA-GERAL DA JUSTIÇA --------------------------------- 750 DIREITO CIVIL1 LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO. #DIZERODIREITO2 DECISÃO COM BASE EM VALORES JURÍDICOS ABSTRATOS A Lei nº 13.655/2018 acrescenta à LINDB o art. 20, cujo caput possui a seguinte redação: Art. 20. Nas esferas administrativa, controladora e judicial, não se decidirá com base em valores jurídicos abstratos sem que sejam consideradas as consequências práticas da decisão. Esse dispositivo proíbe que se decida com base em valores jurídicos abstratos? NÃO. Continua sendo possível. No entanto, todas as vezes em que se decidir com base em valores jurídicos abstratos, deverá ser feita uma análise prévia de quais serão as consequências práticas dessa decisão. O art. 20 da LINDB introduz a necessidade de o órgão julgador considerar um argumento metajurídico no momento de decidir, qual seja, as “consequências práticas da decisão”. Resumo: 1 Por Marília Cavalcanti. 2 Dizer o Direito: Breves comentários à Lei 13.655/2018 e ao Decreto 9.830/2019 NFPSS | RETA FINAL – TJGO + TJPR Ciclos Método 3 • Não se decidirá com base em valores jurídicos abstratos sem que sejam consideradas as consequências práticas da decisão. • Isso vale para decisões proferidas nas esferas administrativas (ex: em um PAD), controladora (ex: julgamento das contas de um administrador público pelo TCE) e judicial (ex: em uma ação civil pública pedindo melhores condições do sistema carcerário). Previsão contraditória Vale ressaltar que esse art. 20 revela uma enorme contradição. Isso porque ele defende que o julgador não deve decidir com base em “valores jurídicos abstratos” sem que sejam consideradas as consequências práticas da decisão. Ocorre que a própria Lei nº 13.655/2018 introduz na LINDB uma série de expressões jurídicas abstratas, como por exemplo: “segurança jurídica de interesse geral”, “interesses gerais da época”, regularização “de modo proporcional e equânime”, “obstáculos e dificuldades reais do gestor”, “orientação nova sobre norma de conteúdo indeterminado” etc. DECISÃO QUE ACARRETE INVALIDAÇÃO DE ATO, CONTRATO, AJUSTE, PROCESSO OU NORMA ADMINISTRATIVA A Lei nº 13.655/2018 demonstrou uma preocupação muito grande com decisões que acarretem invalidação de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa. Por isso, inseriu na LINDB dois dispositivos para tratar sobre o tema: o parágrafo único do art. 20 e o art. 21. O art. 20, parágrafo único, vimos acima. Confira agora o caput do art. 21: Art. 21. A decisão que, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, decretar a invalidação de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa deverá indicar de modo expresso suas consequências jurídicas e administrativas. Parágrafo único. A decisão a que se refere o caput deste artigo deverá, quando for o caso, indicar as condições para que a regularização ocorra de modo proporcional e equânime e sem prejuízo aos interesses gerais, não se podendo impor aos sujeitos atingidos ônus ou perdas que, em função das peculiaridades do caso, sejam anormais ou excessivos. Exigências de motivação Conjugando os arts. 20 e 21 da LINDB, podemos concluir que a decisão que acarrete a invalidação de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa deverá... • demonstrar a necessidade e adequação da invalidação; • demonstrar as razões pelas quais não são cabíveis outras possíveis alternativas; • indicar, de modo expresso, suas consequências jurídicas e administrativas. Vale ressaltar que tais exigências são aplicáveis para as esferas administrativa, controladora ou judicial. MUDANÇA DE INTERPRETAÇÃO OU ORIENTAÇÃO E MODULAÇÃO DOS EFEITOS DA DECISÃO Art. 23. A decisão administrativa, controladora ou judicial que estabelecer interpretação ou orientação nova sobre norma de conteúdo indeterminado, impondo novo dever ou novo condicionamento de direito, deverá prever regime de transição quando indispensável para que o novo dever ou condicionamento de direito seja cumprido de modo proporcional, equânime e eficiente e sem prejuízo aos interesses gerais. Se houver uma mudança na forma como tradicionalmente a Administração Pública, os Tribunais de Contas ou o Poder Judiciário interpretavam determinada norma, deverá ser previsto um regime de transição. Este regime de transição representa a concessão de um prazo para que os administradores públicos e demais pessoas afetadas pela nova orientação possam se adaptar à nova interpretação. É como se fosse uma modulação dos efeitos. Requisitos para a aplicação do regime de transição: NFPSS | RETA FINAL – TJGO + TJPR Ciclos Método 4 a) A decisão administrativa, controladora ou judicial deve estabelecer uma interpretação ou orientação nova. Considera-se nova interpretação ou nova orientação aquela que altera o entendimento anterior consolidado (art. 6º, § 3º do Decreto); b) Essa interpretação nova deve recair sobre uma norma de conteúdo indeterminado; c) Por conta dessa interpretação, será imposto novo dever ou novo condicionamento de direito; d) O regime de transição mostra-se, no caso concreto, indispensável para que o novo dever ou condicionamento de direito seja cumprido de modo proporcional, equânime e eficiente; e) A imposição desse regime de transição não pode acarretar prejuízo aos interesses gerais. Cabe ao órgão julgador a análise dos preenchimentos dos requisitos acima, sendo passível de recurso caso o interessado entenda que deveria ter direito ao regime de transição. O CPC/2015 possui um dispositivo tratando sobre a possibilidade de modulação dos efeitos de decisão judicial. Ressalte-se, contudo, que a redação do CPC é bem superior à do art. 23 da LINDB,sendo mais clara e objetiva. Confira: Art. 927 (...) § 3º Na hipótese de alteração de jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal e dos tribunais superiores ou daquela oriunda de julgamento de casos repetitivos, pode haver modulação dos efeitos da alteração no interesse social e no da segurança jurídica. RESPONSABILIDADE DO AGENTE PÚBLICO Art. 28. O agente público responderá pessoalmente por suas decisões ou opiniões técnicas em caso de dolo ou erro grosseiro. Dolo Abrange tanto os casos de dolo direto como também eventual. Erro grosseiro = culpa grave Considera-se erro grosseiro aquele manifesto, evidente e inescusável praticado com culpa grave, caracterizado por ação ou omissão com elevado grau de negligência, imprudência ou imperícia (art. 12, § 1º do Decreto). Assim, para o Decreto, erro grosseiro é aquele no qual o agente atuou com culpa grave. Isso significa que, se o agente teve culpa leve ou levíssima, ele não poderá ser responsabilizado. Comprovação do dolo ou grosseiro é indispensável para a responsabilização do agente Decreto nº 9.830/2019 Art. 12 (...) § 2º Não será configurado dolo ou erro grosseiro do agente público se não restar comprovada, nos autos do processo de responsabilização, situação ou circunstância fática capaz de caracterizar o dolo ou o erro grosseiro. § 3º O mero nexo de causalidade entre a conduta e o resultado danoso não implica responsabilização, exceto se comprovado o dolo ou o erro grosseiro do agente público. Complexidade da matéria e atribuições do agente devem ser consideradas Ao se analisar se o agente atuou com dolo ou cometeu um erro grosseiro, deve-se levar em consideração a complexidade da matéria e as atribuições exercidas pelo agente público Decreto nº 9.830/2019 Art. 12 (...) § 4º A complexidade da matéria e das atribuições exercidas pelo agente público serão consideradas em eventual responsabilização do agente público. Grande prejuízo, por si só, não configura o dolo ou erro grosseiro Decreto nº 9.830/2019 Art. 12 (...) NFPSS | RETA FINAL – TJGO + TJPR Ciclos Método 5 § 5º O montante do dano ao erário, ainda que expressivo, não poderá, por si só, ser elemento para caracterizar o erro grosseiro ou o dolo. CONSULTA PÚBLICA Art. 29. Em qualquer órgão ou Poder, a edição de atos normativos por autoridade administrativa, salvo os de mera organização interna, poderá ser precedida de consulta pública para manifestação de interessados, preferencialmente por meio eletrônico, a qual será considerada na decisão. § 1º A convocação conterá a minuta do ato normativo e fixará o prazo e demais condições da consulta pública, observadas as normas legais e regulamentares específicas, se houver. § 2º (VETADO). “O art. 29, ao prever a consulta pública prévia à edição de atos normativos por autoridade administrativa, procura trazer transparência e previsibilidade à atividade normativa do Executivo. Trata-se de medida consentânea com as melhores práticas.” (http://antonioanastasia.com.br/documentos/). DAS PESSOAS NATURAIS Art. 3º São ABSOLUTAMENTE incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos. #ATENÇÃO: A Lei 13.146/15 alterou o regime jurídico das incapacidades, de maneira que apenas o menor de 16 anos é absolutamente incapaz (arts. 3º e 4º), de maneira que não corre contra este a prescrição aquisitiva ou extintiva (art.198, I do CC). Depois do Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015), que alterou os arts. 3º e 4º do Código Civil, não é mais possível declarar como absolutamente incapaz o maior de 16 anos que, em razão de enfermidade permanente, encontra-se inapto para gerir sua pessoa e administrar seus bens de modo voluntário e consciente. A Lei nº 13.146/2015 teve por objetivo assegurar e promover a inclusão social das pessoas com deficiência física ou psíquica e garantir o exercício de sua capacidade em igualdade de condições com as demais pessoas. A partir da entrada em vigor da referida lei, só podem ser considerados absolutamente incapazes os menores de 16 anos, ou seja, o critério passou a ser apenas etário, tendo sido eliminadas as hipóteses de deficiência mental ou intelectual anteriormente previstas no Código Civil. O instituto da curatela pode ser excepcionalmente aplicado às pessoas com deficiência, ainda que agora sejam consideradas relativamente capazes, devendo, contudo, ser proporcional às necessidades e às circunstâncias de cada caso concreto (art. 84, § 3º, da Lei nº 13.146/2015). STJ. 3ª Turma. REsp 1927423/SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 27/04/2021 (Info 694). Art. 4º São incapazes, RELATIVAMENTE a certos atos ou à maneira de exercê-los: I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade; IV - os pródigos. - EXTINÇÃO DA PESSOA FÍSICA: A morte marca o fim da pessoa natural (art. 6º do CC – “A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva”). Além da morte real (à vista do cadáver), existem as seguintes hipóteses de morte presumida: (a) decorrente da ausência; (b) decorrente das situações do art. 7º do CC. (a) Morte presumida por ausência: A ausência é o procedimento em que se declara o estado de desaparecimento de uma pessoa do seu domicílio sem deixar procurador. Foi tratada pelo codificador como uma situação de morte presumida, a partir do momento em que é aberta a sucessão DEFINITIVA dos bens do ausente. (b) Morte presumida do art. 7º do CC: Estas hipóteses não se confundem com a ausência. - Note-se na morte presumida existem duas situações: A primeira trata da probabilidade extrema de morte daquele que se encontre em perigo de vida. (CC art. 7º, I). NFPSS | RETA FINAL – TJGO + TJPR Ciclos Método 6 A segunda hipótese trata dos desaparecidos em campanha de guerra ou feito prisioneiro, caso não seja encontrado até 02 dois anos após o término da guerra (CC art. 7º, II). Art. 8º Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos COMORIENTES precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos. PESSOAS JURÍDICAS Quando se aplica a desconsideração da personalidade jurídica, os bens particulares dos administradores ou sócios são utilizados para pagar dívidas da pessoa jurídica. Somente poderá ocorrer a desconsideração da personalidade jurídica nas relações jurídicas regidas pelo Código Civil se ficar caracterizado que houve abuso da personalidade jurídica. O abuso da personalidade jurídica pode ocorrer em duas situações: 1) Desvio de finalidade; 2) Confusão patrimonial. Teoria MAIOR Teoria MENOR O Direito Civil brasileiro adotou, como regra geral, a chamada teoria maior da desconsideração. Isso porque o art. 50 exige que se prove o desvio de finalidade (teoria maior subjetiva) ou a confusão patrimonial (teoria maior objetiva). No Direito do Consumidor e no Direito Ambiental, adotou-se a teoria menor da desconsideração. Isso porque, para que haja a desconsideração da personalidade jurídica nas relações jurídicas envolvendo consumo ou responsabilidade civil ambiental não se exige desvio de finalidade nem confusão patrimonial. Deve-se provar: 1) Abuso da personalidade (desvio de finalidade ou confusão patrimonial); 2) Que os administradores ou sócios da pessoa jurídica foram beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso (novo requisito trazido pela Lei nº 13.874/2019). De acordo com a Teoria Menor, a incidência da desconsideração se justifica: a) pela comprovação da insolvência da pessoa jurídica para o pagamento de suas obrigações, somada à má administração da empresa (art. 28, caput, do CDC); ou b) pelo mero fato de a personalidade jurídica representar um obstáculo ao ressarcimentode prejuízos causados aos consumidores, nos termos do § 5º do art. 28 do CDC. STJ. 3ª Turma. REsp 1735004/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 26/06/2018. Adotada pelo art. 50 do CC. Prevista no art. 4º da Lei nº 9.605/98 (Lei Ambiental) e no art. 28, § 5º do CDC. Desvio de finalidade é o ato intencional, do administrador ou do sócio, de fraudar terceiros ou praticar atos ilícitos utilizando a autonomia da pessoa jurídica como um escudo. Confusão patrimonial a ausência de separação de fato entre os patrimônios, caracterizada por: I - cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do sócio ou do administrador ou vice-versa; II - transferência de ativos ou de passivos sem efetivas contraprestações, exceto os de valor proporcionalmente insignificante; e III - outros atos de descumprimento da autonomia patrimonial. O art. 50, §3º, do CC passou a prever expressamente a desconsideração inversa da personalidade jurídica. Nesta, o juiz, mediante requerimento, autoriza que os bens da pessoa jurídica sejam utilizados para pagar as dívidas dos sócios ou dos administradores. Não constitui desvio de finalidade a mera expansão ou a alteração da finalidade original da atividade econômica específica da pessoa jurídica. NFPSS | RETA FINAL – TJGO + TJPR Ciclos Método 7 DOMICÍLIO DOMICÍLIO: é a sede jurídica da pessoa; local em que responderá pelos direitos e deveres assumidos DOMICÍLIO DA PESSOA NATURAL a) Domicílio voluntário: é aquele fixado pela vontade da pessoa, como exercício da autonomia privada. b) Domicílio necessário ou legal (art. 76 do CC) é o imposto pela lei: - o domicílio dos absolutamente e relativamente incapazes (arts. 3.º e 4.º do CC) é o mesmo dos seus representantes; - o domicílio do servidor público ou funcionário público é o local em que exercer, com caráter permanente, as suas funções; - o domicílio do militar é o do quartel onde servir ou do comando a que se encontrar subordinado (sendo da Marinha ou da Aeronáutica); - o domicílio do marítimo ou marinheiro é o do local em que o navio estiver matriculado; - o domicílio do preso é o local em que cumpre a sua pena. Obs: o domicílio necessário não exclui o voluntário. c) Domicílio contratual ou convencional: aquele previsto no art. 78 do CC. #OLHAOGANCHO: A fixação desse domicílio para um negócio jurídico acaba repercutindo na questão do foro competente para apreciar eventual discussão do contrato, razão pela qual se denomina tal previsão como cláusula de eleição de foro – art. 63, NCPC. DOMICÍLIO DA PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO: Domicílio no lugar onde funcionam as respectivas diretorias e administrações, ou onde elegerem o domicílio especial nos seus estatutos. Admite-se a pluralidade de domicílios, sendo que isso será possível quando a pessoa jurídica de direito privado tenha diversos estabelecimentos, como as agências ou escritórios de representação ou administração (art. 75, §1º, do CC/02). DIREITOS DA PERSONALIDADE Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, OS DIREITOS DA PERSONALIDADE SÃO INTRANSMISSÍVEIS E IRRENUNCIÁVEIS, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária. TUTELA DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE: O Art. 12, parágrafo único, do CC prevê regra geral, tendo como legitimados: ascendentes, descendentes, cônjuge e colaterais até o quarto grau. Por outro turno, o art. 20, parágrafo único prevê regra especial, pois só trata de determinados direitos da personalidade (imagem e direitos morais do autor), tendo como legitimados apenas os ascendentes, descendentes e cônjuge. A tutela jurídica dos direitos da personalidade pode ser preventiva (específica: sub-rogatória, inibitória, remoção do ilícito) ou repressiva (reparatória: indenizatória, compensatória). -IMAGEM a) Imagem-retrato: são as características fisionômicas da pessoa, ou seja, o seu desenho, sua pintura, sua fotografia. b) Imagem-atributo: são as características imateriais (morais) por meio das quais os outros enxergam aquela pessoa. É a personalidade, o caráter, o comportamento da pessoa segundo a visão de quem a conhece. c) Imagem-voz: são as características do timbre de voz da pessoa. É a identificação da pessoa pela voz. NFPSS | RETA FINAL – TJGO + TJPR Ciclos Método 8 JDC 279 – Art.20. A proteção à imagem deve ser ponderada com outros interesses constitucionalmente tutelados, especialmente em face do direito de amplo acesso à informação e da liberdade de imprensa. Em caso de colisão, levar-se-á em conta a notoriedade do retratado e dos fatos abordados, bem como a veracidade destes e, ainda, as características de sua utilização (comercial, informativa, biográfica), privilegiando-se medidas que não restrinjam a divulgação de informações. Na exposição pornográfica não consentida, o fato de o rosto da vítima não estar evidenciado de maneira flagrante é irrelevante para a configuração dos danos morais. STJ. 3ª Turma. REsp 1.735.712-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 19/05/2020 (Info 672). #OLDBUTGOLD #DIZERODIREITO Para que seja publicada uma biografia NÃO é necessária a autorização prévia do indivíduo biografado, das demais pessoas retratadas, nem de seus familiares. Essa autorização prévia seria uma forma de censura, não sendo compatível com a liberdade de expressão consagrada pela CF/88. As exatas palavras do STF foram as seguintes: “É inexigível o consentimento de pessoa biografada relativamente a obras biográficas literárias ou audiovisuais, sendo por igual desnecessária a autorização de pessoas retratadas como coadjuvantes ou de familiares, em caso de pessoas falecidas ou ausentes”. Caso o biografado ou qualquer outra pessoa retratada na biografia entenda que seus direitos foram violados pela publicação, terá direito à reparação, que poderá ser feita não apenas por meio de indenização pecuniária, como também por outras formas, tais como a publicação de ressalva, de nova edição com correção, de direito de resposta etc. STF. Plenário. ADI 4815/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 10/6/2015 (Info 789). DIREITO AO ESQUECIMENTO Decisão do STF em sede de repercussão geral (RE 1010606): “É incompatível com a Constituição Federal a ideia de um direito ao esquecimento, assim entendido como o poder de obstar, em razão da passagem do tempo, a divulgação de fatos ou dados verídicos e licitamente obtidos e publicados em meios de comunicação social – analógicos ou digitais. Eventuais excessos ou abusos no exercício da liberdade de expressão e de informação devem ser analisados caso a caso, a partir dos parâmetros constitucionais, especialmente os relativos à proteção da honra, da imagem, da privacidade e da personalidade em geral, e as expressas e específicas previsões legais nos âmbitos penal e cível”. O CC, abraçando o posicionamento jurisprudencial, dispõe que, malgrado os direitos da personalidade tenham sido feitos para a proteção do ser humano, sua aplicação se estende às Pessoas jurídicas, NO QUE COUBER (naquilo que sua falta de estrutura biopsicológica permite exercer). Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade. STJ Súmula 227: A PESSOA JURÍDICA PODE SOFRER DANO MORAL. 1) Imagem (imagem atributo); 2) Nome; 3) Honra objetiva. #SELIGA: Pessoa jurídica não tem direito à intimidade, à integridade física, à honra subjetiva, por exemplo. Ela não pode reclamar proteção a esses direitos, porquanto são valores incompatíveis com a sua ausência de estrutura biopsicológica. O dano moral sofrido pela pessoa jurídica não se configura in re ipsa, o que não obsta, contudo, que sua comprovação ocorra por meio da utilização de presunções e regras de experiência no julgamento da controvérsia. (REsp 1.564.955-SP) NFPSS | RETA FINAL – TJGO + TJPR Ciclos Método 9 Cuidado: existem julgados em sentido contrário, ou seja, dizendo que pessoa jurídica pode sofrer danomoral in re ipsa. Nesse sentido: STJ. 4ª Turma. REsp 1327773/MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 28/11/2017 (Info 619). STJ. 4ª Turma. AgInt-AREsp 1.328.587/ DF. Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 07/05/2019. STJ. 3ª Turma AgInt-AREsp 1.345.802/ MT. Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 25/02/2019. BEM DE FAMÍLIA • Regra: o bem de família legal é impenhorável e não responderá por qualquer tipo de dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele residam (art. 1º). EXCEÇÕES: Art. 3º A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de execução civil, fiscal, previdenciária, trabalhista ou de outra natureza, salvo se movido: II - pelo titular do crédito decorrente do financiamento destinado à construção ou à aquisição do imóvel, no limite dos créditos e acréscimos constituídos em função do respectivo contrato; III - pelo credor da pensão alimentícia, resguardados os direitos, sobre o bem, do seu coproprietário que, com o devedor, integre união estável ou conjugal, observadas as hipóteses em que ambos responderão pela dívida; IV - para cobrança de impostos, predial ou territorial, taxas e contribuições devidas em função do imóvel familiar; V - para execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido como garantia real pelo casal ou pela entidade familiar; VI - por ter sido adquirido com produto de crime ou para execução de sentença penal condenatória a ressarcimento, indenização ou perdimento de bens. VII - por obrigação decorrente de fiança concedida em contrato de locação. #AJUDAMARCINHO Caso concreto: em um contrato de locação de terceiro, João ofereceu sua casa como caução (garantia) da relação locatícia (art. 37, I, da Lei nº 8.245/91). O terceiro (locatário) não pagou os aluguéis e a empresa locadora executou o locatário e João pedindo a penhora da casa objeto da caução. Ocorre que se trata de bem de família onde João reside. Será possível a penhora? Não. As hipóteses excepcionais nas quais o bem de família pode ser penhorado estão previstas, taxativamente, no art. 3º da Lei nº 8.009/90. Tais hipóteses não admitem interpretação extensiva. A caução imobiliária oferecida em contrato de locação não consta como uma situação na qual o art. 3º da Lei autorize a penhora do bem de família. Assim, não é possível a penhora do bem de família mesmo que o proprietário tenha oferecido o imóvel como caução em contrato de locação. STJ. 3ª Turma. REsp 1873203-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 24/11/2020 (Info 683). O inciso VI do art. 3º da Lei nº 8.009/90 afirma que é possível a penhora do bem de família caso ele tenha “sido adquirido com produto de crime ou para execução de sentença penal condenatória a ressarcimento, indenização ou perdimento de bens”. Para a incidência da exceção prevista no art. 3º, VI, da Lei nº 8.009/90, é indispensável que a sentença penal condenatória já tenha transitada em julgado, por não ser possível a interpretação extensiva. STJ. 3ª Turma. REsp 1823159-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 13/10/2020 (Info 681). STJ. 4ª Turma. REsp 1021440/SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 02/05/2013. Não é penhorável o bem de família do fiador no caso de contratos de locação comercial. Em outras palavras, não é possível a penhora de bem de família do fiador em contexto de locação comercial. STF. 1ª Turma. RE 605709/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, red. p/ ac. Min. Rosa Weber, julgado em 12/6/2018 (Info 906) Não confundir: O bem de família (casa, apartamento etc.) do fiador de um contrato de locação pode ser penhorado caso o locatário não pague os alugueis? Se a locação é residencial: SIM Em tese, o fiador irá perder o bem de família. Se a locação é comercial: NÃO O fiador não irá perder o bem de família. NFPSS | RETA FINAL – TJGO + TJPR Ciclos Método 10 É uma exceção à impenhorabilidade do bem de família. Não é exceção à impenhorabilidade do bem de família. Ex: Rui é locatário de um apartamento onde mora. João foi seu fiador. Se Rui não pagar o aluguel, o bem de família de João pode ser penhorado. Ex: Pedro é locatário de uma sala comercial, onde montou uma loja. Ricardo foi seu fiador. Mesmo que Pedro não pague o aluguel, o bem de família de Ricardo não poderá ser penhorado. #DIZERODIREITO Segundo a redação literal da súmula 486-STJ, "é impenhorável o único imóvel RESIDENCIAL do devedor que esteja locado a terceiros, desde que a renda obtida com a locação seja revertida para a subsistência ou a moradia da sua família." A 2ª Turma do STJ, contudo, ampliou esta proteção e decidiu que também é impenhorável o único imóvel COMERCIAL do devedor que esteja alugado quando o valor do aluguel é destinado unicamente ao pagamento de locação residencial por sua entidade familiar. STJ. 2ª Turma. REsp 1616475-PE, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 15/9/2016 (Info 591). #OLHAASSÚMULAS: Súmula 549-STJ: É válida a penhora de bem de família pertencente a fiador de contrato de locação. Súmula 449 do STJ: a vaga de garagem que possui matrícula própria no registro de imóveis não constitui bem de família para efeito de penhora. Súmula 364-STJ: O conceito de impenhorabilidade de bem de família abrange também o imóvel pertencente a pessoas solteiras, separadas e viúvas. Súmula 486-STJ: É impenhorável o único imóvel residencial do devedor que esteja locado a terceiros, desde que a renda obtida com a locação seja revertida para a subsistência ou a moradia da sua família. Súmula 205-STJ: A Lei 8.009/90 aplica-se à penhora realizada antes de sua vigência. DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO Vício de consentimento: o defeito está na formação da vontade (vontade interna) e o prejudicado é um dos contratantes. Ex.: Erro, Dolo, Coação, Lesão ou Estado de Perigo. Vício social: o defeito está na manifestação da vontade (vontade externa) e o prejudicado é sempre um terceiro. Ex.: fraude contra credores e simulação. #AJUDAMARCINHO A simulação provoca a nulidade absoluta do negócio jurídico. É o que prevê o caput do art. 167 do CC. Diante disso, como se trata de matéria de ordem pública, a simulação pode ser declarada até mesmo de ofício pelo juiz da causa (art. 168, parágrafo único, do CC). Como negócio jurídico simulado é nulo, o reconhecimento dessa nulidade pode ocorrer de ofício, até mesmo incidentalmente em qualquer processo em que for ventilada a questão. Logo, é desnecessário o ajuizamento de ação específica para se declarara nulidade de negócio jurídico simulado. Dessa forma, não há como se restringir o seu reconhecimento em embargos de terceiro. Para casos posteriores ao Código Civil de 2002, não é mais possível aplicar o entendimento da Súmula 195 do STJ às hipóteses de simulação. STJ. 3ª Turma. REsp 1927496/SP, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 27/04/2021 (Info 694) - ERRO - O erro se define como a falsa percepção da realidade pelo próprio agente; é um erro espontâneo (ao contrário do dolo, que é um erro provocado). Nos termos do art. 138 do CC, para que seja hábil a anular o negócio jurídico, o erro deve ser substancial e, para parcela da doutrina, escusável. Art. 138. São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do negócio. - Por substancial tem-se o erro que foi essencial na formação do negócio jurídico, vale dizer, falsa percepção sem a qual o negócio não se firmaria (ex: sujeito compra carro para utilizar em terreno acidentado e descobre que o NFPSS | RETA FINAL – TJGO + TJPR Ciclos Método 11 veículo é indicado exclusivamente para estradas). O erro substancial se diferencia do erro acidental, que é aquele que não alteraria a realização do negócio; - Por escusável tem-se o erro “que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias dos negócios.Ao contrário, o erro inescusável não autorizaria a anulação do negócio jurídico. Esse critério, porém, é polêmico. - Para parte da doutrina o dispositivo é claro em apontar a pessoa de “diligência normal” como parâmetro de análise para a escusabilidade do erro; por outro lado, há quem sustente que tal análise não é relevante, bastando a prova do prejuízo – nesse sentido o Enunciado 12 do CJF: Art. 138: Na sistemática do art. 138, é irrelevante ser ou não escusável o erro, porque o dispositivo adota o princípio da confiança (Enunciado 12 CJF). - O erro substancial, nos termos do art. 139 do CC, apresenta-se de três formas distintas: erro sobre o objeto (error in substantia), erro sobre a pessoa (error in persona) e erro sobre a natureza do negócio (erro in negotium). Art. 139. O erro é substancial quando: I - interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a alguma das qualidades a ele essenciais; II - concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante; III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do negócio jurídico. #ATENÇÃO: em relação ao erro sobre a pessoa é importante ter presente o teor do art. 1.557 do CC, tratando de defeito na formação de vontade no casamento: Art. 1.557. Considera-se erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge: I - o que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama, sendo esse erro tal que o seu conhecimento ulterior torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado; II - a ignorância de crime, anterior ao casamento, que, por sua natureza, torne insuportável a vida conjugal; III - a ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável que não caracterize deficiência ou de moléstia grave e transmissível, por contágio ou por herança, capaz de pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua descendência; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) IV - (Revogado). -Erro de direito: há polêmica doutrinária em relação à existência ou não dessa figura (tanto o erro quanto à pessoa, quanto ao objeto, quanto à natureza do negócio são erros sobre os fatos). De qualquer forma, há que se atender ao disposto no inciso III, art. 139 do CC (que permite a anulação em hipótese excepcional), bem como o art. 849, parágrafo único, do CC, que veda a anulação da transação por erro de direito. Art. 139. O erro é substancial quando: (...) III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do negócio jurídico. Art. 849. A transação só se anula por dolo, coação, ou erro essencial quanto à pessoa ou coisa controversa. Parágrafo único. A transação não se anula por erro de direito a respeito das questões que foram objeto de controvérsia entre as partes. - Erro sobre o motivo: hipótese em que o agente se equivoca em relação a sua motivação para o ato. Nos termos do art. 140 do CC, somente quando expresso como razão determinante para o ato terá o condão de anular o negócio. Dois exemplos: doação de um carro ao bombeiro que salvou a vida de seu filho e incide em erro quanto à pessoa que o fez (ato anulável: se soubesse que não foi aquele bombeiro o responsável, não teria realizado a doação); compra um carro novo porque acredita que terá um aumento salarial, mas acaba sendo demitido (não há vício de vontade apto a anular o negócio jurídico). Art. 140. O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como razão determinante. - Erro e princípio da conservação dos negócios jurídicos: Art. 144. O erro não prejudica a validade do negócio jurídico quando a pessoa, a quem a manifestação de vontade se dirige, se oferecer para executá-la na conformidade da vontade real do manifestante. - Erro e prazo de anulação: trata-se de prazo decadencial de 4 anos contado da celebração do negócio jurídico – art. 178, I, do CC. NFPSS | RETA FINAL – TJGO + TJPR Ciclos Método 12 Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear a anulação do negócio jurídico, contado: (...) II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico; Prazos especiais de anulação: dentre outros, convém atentar aos prazos de anulação das decisões tomadas em caso de administração coletiva (art. 48), anulação do casamento por erro essencial (art. 1.560, III) e erro quanto às disposições testamentárias (art. 1909). Art. 48. Se a pessoa jurídica tiver administração coletiva, as decisões se tomarão pela maioria de votos dos presentes, salvo se o ato constitutivo dispuser de modo diverso. Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular as decisões a que se refere este artigo, quando violarem a lei ou estatuto, ou forem eivadas de erro, dolo, simulação ou fraude. Art. 1.560. O prazo para ser intentada a ação de anulação do casamento, a contar da data da celebração, é de: (...) III – três anos, nos casos dos incisos I a IV do art. 1.557; Art. 1.909. São anuláveis as disposições testamentárias inquinadas de erro, dolo ou coação. Parágrafo único. Extingue-se em quatro anos o direito de anular a disposição, contados de quando o interessado tiver conhecimento do vício. - DOLO - O dolo é o erro provocado pela contraparte ou por um terceiro. Nas elucidativas palavras de Pontes de Miranda, “Dolo é todo ato, positivo ou negativo, que intencionalmente suscita, fortalece, ou mantém erro de outra pessoa, com a consciência de que esse erro lhe determina ou concorre para lhe determinar a manifestação da vontade”. Na medida em que se coloca como um ato provocado, há consciência daquele que age com dolo, daquele que engana. Em relação ao dolo importa distinguir as várias classificações legais e doutrinárias sobre o tema, a saber: (i) Dolo substancial e dolo acidental: na linha do erro, será substancial quando tiver potencialidade para influir na formação do próprio negócio, ao passo que o acidental terá menor relevância. No caso do dolo acidental, nos termos do art. 146 do CC, só haverá obrigação de reparação dos danos. Art. 146. O dolo acidental só obriga à satisfação das perdas e danos, e é acidental quando, a seu despeito, o negócio seria realizado, embora por outro modo. (ii) Dolo positivo e dolo negativo: o positivo se dá por ação ao passo que o negativo se dá por omissão (exemplo: deixa de informar que o carro já sofreu colisão grave, passando por reforma estrutural). Interessante a classificação porque o art. 147 trata do dever de informação e da omissão dolosa: Art. 147. Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de uma das partes a respeito de fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado, constitui omissão dolosa, provando-se que sem ela o negócio não se teria celebrado. #ATENÇÃO: não se assuste com a nomenclatura – o dolo praticado por ambas as partes, regulado no art. 150 do CC, também é chamado de recíproco, bilateral, compensado ou enantiomórfico. O regramento do citado dispositivo consagra, uma vez mais, o princípio geral do direito de que a ninguém é dado beneficiar-se da própria torpeza. Art. 150. Se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-lo para anular o negócio, ou reclamar indenização. - COAÇÃO - A coação se coloca como a hipótese em que um sujeito (coator) constrange alguém (coagido ou coacto) a praticar um negócio jurídico. Nos termos do art. 151: Art. 151. A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que incuta ao paciente fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua família, ou aos seus bens. Parágrafo único. Se disser respeito a pessoa não pertencente à família do paciente, o juiz, com base nas circunstâncias, decidirá se houve coação. Art. 153. Não se considera coação a ameaça do exercício normal de um direito, nem o simples temor reverencial. NFPSS | RETA FINAL – TJGO + TJPR Ciclos Método13 - Deve haver “fundado temor de dano iminente e considerável” que não decorra do exercício normal de um direito, portanto, deve ser injusto. Pode ser dirigido à pessoa, à família, aos bens ou ainda a pessoa não pertencente à família, a critério da análise judicial em relação à existência do vínculo afetivo. #ATENÇÃO: a coação pode ser de dois tipos – absoluta ou relativa. Na coação absoluta há utilização de violência física, de modo que não se pode considerar ter havido vontade do agente – a questão, nesse caso, se resolve no âmbito da existência. Na coação relativa há utilização de violência moral, o que incidiria na ausência de “liberdade” da manifestação (lembrando: vontade é requisito de existência, livre e de boa-fé são “adjetivos” que permitem a análise do plano da validade). #SELIGA: como analisar a coação? Ao contrário do critério do “homem médio”, adotado no caso do erro (art. 138), no caso da coação o CC adotou o critério do caso concreto (ou critério subjetivo-concreto), como se depreende da análise do art. 152: “No apreciar a coação, ter-se-ão em conta o sexo, a idade, a condição, a saúde, o temperamento do paciente e todas as demais circunstâncias que possam influir na gravidade dela”. - ESTADO DE PERIGO - No estado de perigo há assunção de obrigação excessivamente onerosa em razão da “necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido da outra parte” (art. 156). - Pontua a doutrina três requisitos para a configuração do estado de perigo, a saber: (a) obrigação excessivamente onerosa assumida em situação de extrema necessidade; (b) necessidade de salvar-se ou a pessoa de sua família; e (c) conhecimento da outra parte, o que é chamado de dolo de aproveitamento. - LESÃO - A lesão consiste na hipótese em que “uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta” (art.157). - Pontua a doutrina dois requisitos para a configuração da lesão, a saber: (a) prestação manifestamente desproporcional; e (b) situação de necessidade ou inexperiência. #SELIGA: em relação à “imaturidade” o Enunciado 410 da CJF afirma que “A inexperiência a que se refere o art. 157 não deve necessariamente significar imaturidade ou desconhecimento em relação à prática de negócios jurídicos em geral, podendo ocorrer também quando o lesado, ainda que estipule contratos costumeiramente, não tenha conhecimento específico sobre o negócio em causa”. O parágrafo 1º do art. 157 traça critérios para análise da ocorrência ou não da lesão, pontuando que a desproporção deve ser analisada de acordo com os valores vigentes ao tempo em que o negócio foi celebrado. #DEOLHONAJURIS: É válida a cláusula penal que prevê a perda integral dos valores pagos em contrato de compromisso de compra e venda firmado entre particulares. Para a caracterização do vício de lesão, exige-se a presença simultânea de: a) elemento objetivo (desproporção das prestações); e b) elemento subjetivo (a inexperiência ou a premente necessidade). Os dois elementos devem ser aferidos no caso concreto. Tratando-se de negócio jurídico bilateral celebrado de forma voluntária entre particulares, é imprescindível a comprovação dos elementos subjetivos, sendo inadmissível a presunção nesse sentido. O mero interesse econômico em resguardar o patrimônio investido em determinado negócio jurídico não configura premente necessidade para o fim do art. 157 do Código Civil. STJ. 3ª Turma. REsp 1723690-DF, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 06/08/2019 (Info 653). - FRAUDE CONTRA CREDORES - A fraude contra credores ou fraude pauliana consiste na hipótese em que o devedor insolvente ou próximo a essa situação realiza negócios gratuitos ou onerosos causando prejuízo aos seus credores. #ENTENDA: ao contrário dos vícios de consentimento, estudados anteriormente, na fraude contra credores o atingido não é parte do negócio jurídico, mas sim um terceiro, por isso a classificação como vício social. NFPSS | RETA FINAL – TJGO + TJPR Ciclos Método 14 - A doutrina aponta como requisitos para a fraude contra credores: (a) critério objetivo, consistente no evento danoso [eventus damni], isto é, na hipótese de efetivo prejuízo aos credores; e (b) critério subjetivo, consistente no conluio entre as partes do negócio jurídico [consilium fraudis]. A necessidade de prova dos requisitos dependerá da hipótese de fraude, a saber: a) Transmissão gratuita de bens e remissão de dívidas (art. 158, caput): nesse caso bastará a presença do requisito objetivo, não importando a análise do requisito subjetivo, vale dizer, pouco importa se o beneficiado pelo ato tinha ciência ou não da situação de insolvência ou da vontade de prejudicar terceiros; b) Contratos onerosos quando a insolvência era notória (art. 159): nessa hipótese se exige a presença dos dois requisitos. Isso porque o legislador optou pela proteção daquele que agiu de boa-fé. Se aquele que compra não tinha como saber da situação de insolvência, esse negócio não será inválido; c) Pagamento de dívida ainda não vencida ou concessão de garantias (arts. 162 e 163): nesse caso basta o requisito objetivo. Uma vez que se protege o direito dos demais credores, não interessa saber se aquele que recebeu antecipadamente o valor da dívida ou passou a contar com garantia de adimplemento conhecia do desígnio fraudulento do que pagou. - O artigo 164 estipula presunção relativa de boa-fé nos casos de obrigações assumidas por devedor insolvente em negócios jurídicos indispensáveis à manutenção do estabelecimento ou à subsistência da família, excepcionando a regra geral. Art. 164. Presumem-se, porém, de boa-fé e valem os negócios ordinários indispensáveis à manutenção de estabelecimento mercantil, rural, ou industrial, ou à subsistência do devedor e de sua família. - AÇÃO PAULIANA OU REVOCATÓRIA - O remédio previsto pelo ordenamento jurídico em caso de fraude contra credores é a ação pauliana ou revocatória. A natureza jurídica da ação pauliana é objeto de grande controvérsia doutrinária. Para alguns doutrinadores, seguindo a linha do Código Civil, a ação pauliana terá natureza constitutiva negativa, já que o ato é anulável, produzindo efeitos até então. Há quem defenda, porém, que apesar da dicção legal, o ato é ineficaz em relação ao credor do alienante, sendo um ato existente, válido e eficaz em relação às partes e a terceiros não prejudicados por ele. Até porque o art. 160 do CC permite que o adquirente dos bens se desobrigue perante o credor lesado com o depósito do valor: Art. 160. Se o adquirente dos bens do devedor insolvente ainda não tiver pago o preço e este for, aproximadamente, o corrente, desobrigar-se-á depositando-o em juízo, com a citação de todos os interessados. Parágrafo único. Se inferior, o adquirente, para conservar os bens, poderá depositar o preço que lhes corresponda ao valor real. - Nos termos do art. 158, parágrafo 2º, somente os credores que já ostentavam essa condição quando do ato fraudulento poderão manejar a ação pauliana. Nesse particular, o Enunciado 292 da CJF dispõe que: “Para os efeitos do art. 158, § 2º, a anterioridade do crédito é determinada pela causa que lhe dá origem, independentemente de seu reconhecimento por decisão judicial”. Nos termos do art. 178, II, do CC, a ação pauliana está sujeita ao prazo decadencial de 4 anos contados do dia em que se realizou o negócio jurídico. ELEMENTOS ACIDENTAIS DO NEGÓCIO JURÍDICO CONDIÇÃO TERMO ENCARGO/MODO Evento futuro e INCERTO Evento futuro e CERTO Cláusula acessória à liberalidade Quando suspensiva: suspende a aquisição e o exercício do direito Quando suspensivo: NÃO impede a aquisição do direito, mas, apenas o seu exercício - gera direito adquirido. NÃO impede a aquisição nem o exercício do direito - gera direito adquirido Condição incertus an incertus: há absoluta incerteza em relação à ocorrência doevento futuro e incerto Termo certus an certus: há certeza quanto ao evento futuro e quanto ao tempo de duração. NFPSS | RETA FINAL – TJGO + TJPR Ciclos Método 15 Condição incertus an certus: não se sabe se o evento ocorrerá, mas, se acontecer, será dentro de um determinado prazo Termo certus an incertus: há certeza quanto ao evento futuro, mas incerteza quanto à sua duração. PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA PRESCRIÇÃO DECADÊNCIA Põe fim à pretensão. Põe fim ao direito. Relacionada aos direitos subjetivos (cunho prestacional. Aqueles que se opõem a um dever jurídico). Relacionada aos direitos potestativos (aqueles que se opõem a um estado de sujeição). Somente pode ser prevista em lei. Pode ser prevista em lei (decadência legal) ou através de contrato (decadência convencional). Prazo da prescrição pode ser impedido, suspenso ou interrompido. Prazo de decadência não pode ser impedido, suspenso ou interrompido (em regra – art. 207 do CC: “Salvo disposição legal em contrário, não se aplicam à decadência as normas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição”). Exceção (disposição legal em contrário): art. 26, § 2º, do CDC. PRAZO HIPÓTESES 01 ANO I - a pretensão dos hospedeiros ou fornecedores de víveres destinados a consumo no próprio estabelecimento, para o pagamento da hospedagem ou dos alimentos; II - a pretensão do segurado contra o segurador, ou a deste contra aquele, contado o prazo: a) para o segurado, no caso de seguro de responsabilidade civil, da data em que é citado para responder à ação de indenização proposta pelo terceiro prejudicado, ou da data que a este indeniza, com a anuência do segurador; b) quanto aos demais seguros, da ciência do fato gerador da pretensão; III - a pretensão dos tabeliães, auxiliares da justiça, serventuários judiciais, árbitros e peritos, pela percepção de emolumentos, custas e honorários; IV - a pretensão contra os peritos, pela avaliação dos bens que entraram para a formação do capital de sociedade anônima, contado da publicação da ata da assembléia que aprovar o laudo; V - a pretensão dos credores não pagos contra os sócios ou acionistas e os liquidantes, contado o prazo da publicação da ata de encerramento da liquidação da sociedade. 02 ANOS Prestações alimentares. 03 ANOS I - a pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos; II - a pretensão para receber prestações vencidas de rendas temporárias ou vitalícias; III - a pretensão para haver juros, dividendos ou quaisquer prestações acessórias, pagáveis, em períodos não maiores de um ano, com capitalização ou sem ela; IV - a pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem causa; V - a pretensão de reparação civil; VI - a pretensão de restituição dos lucros ou dividendos recebidos de má-fé, correndo o prazo da data em que foi deliberada a distribuição; VII - a pretensão contra as pessoas em seguida indicadas por violação da lei ou do estatuto, contado o prazo: a) para os fundadores, da publicação dos atos constitutivos da sociedade anônima; b) para os administradores, ou fiscais, da apresentação, aos sócios, do balanço referente ao exercício em que a violação tenha sido praticada, ou da reunião ou assembléia geral que dela deva tomar conhecimento; c) para os liquidantes, da primeira assembléia semestral posterior à violação; VIII - a pretensão para haver o pagamento de título de crédito, a contar do vencimento, ressalvadas as disposições de lei especial; IX - a pretensão do beneficiário contra o segurador, e a do terceiro prejudicado, no caso de seguro de responsabilidade civil obrigatório. NFPSS | RETA FINAL – TJGO + TJPR Ciclos Método 16 04 ANOS (i) Pretensão relativa à tutela. 05 ANOS I - a pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou particular; II - a pretensão dos profissionais liberais em geral, procuradores judiciais, curadores e professores pelos seus honorários, contado o prazo da conclusão dos serviços, da cessação dos respectivos contratos ou mandato; III - a pretensão do vencedor para haver do vencido o que despendeu em juízo. 10 ANOS Prazo geral (art.205 do CC) O plano de saúde recusou-se a custear o tratamento do paciente e este foi obrigado a pagar o procedimento. De quanto é o prazo prescricional para que este paciente exija do plano de saúde o ressarcimento pelos valores pagos? R: 10 anos É decenal o prazo prescricional aplicável ao exercício da pretensão de reembolso de despesas médico-hospitalares alegadamente cobertas pelo contrato de plano de saúde (ou de seguro saúde), mas que não foram adimplidas pela operadora. STJ. 2ª Seção. REsp 1.756.283-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 11/03/2020 (Info 673). Esse art. 200 do CC aplica-se também para os casos de ação de indenização proposta contra o terceiro responsável (art. 932 do CC)? SIM. Segundo decidiu o STJ, é possível a extensão do art. 200 do CC para além do suposto infrator, isto é, para as hipóteses de responsabilização de terceiro por fato de outrem (na espécie, a responsabilização do empregador pelos atos do preposto). STJ. 4ª Turma. REsp 1135988-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 8/10/2013 (Info 530). O Código Civil prevê a suspensão do prazo prescricional para a ação de reparação civil (ação de indenização) se o fato estiver sendo apurado no juízo criminal. Veja: Art. 200. Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal, não correrá a prescrição antes da respectiva sentença definitiva. Segundo a jurisprudência do STJ, só deve ser aplicado o art. 200 do CC se já foi instaurado inquérito policial ou proposta ação penal. Se o fato não será apurado no juízo criminal, não há sentido do prazo prescricional da ação cível ficar suspenso, até mesmo porque ficaria para sempre suspenso, já que, se não há ação penal, não haverá nunca sentença penal. STJ. 3ª Turma. REsp 1180237-MT, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 19/6/2012 (Info 500). Imagine a situação em que uma pessoa ingressa com uma ação de indenização contra a construtora pleiteando a condenação da ré ao pagamento de danos materiais em virtude da metragem a menor da vaga de garagem, do que foi previsto no contrato de compra e venda. Há incidência de prazo prescricional ou decadencial? De quanto seria o prazo para ingressar com a ação? A pretensão seria de natureza indenizatória (de ressarcimento pelo prejuízo decorrente dos vícios do imóvel), não havendo incidência de prazo decadencial, sujeitando-se a ação ao prazo de prescrição. Assim, a orientação do Superior Tribunal de Justiça é firme no sentido de se aplicar o prazo prescricional disposto no art. 205 do Código Civil à pretensão indenizatória decorrente do vício construtivo. STJ. 3ª Turma. AgInt-REsp 1.889.229, Rel. Min. Ricardo Villas Boas Cueva, julgado em 15/06/2021. É decenal o prazo prescricional aplicável às hipóteses de pretensão fundamentadas em inadimplemento contratual. É adequada a distinção dos prazos prescricionais da pretensão de reparação civil advinda de responsabilidades contratual e extracontratual. Nas controvérsias relacionadas à responsabilidade CONTRATUAL, aplica-se a regra geral (art. 205 CC/2002) que prevê 10 anos de prazo prescricional e, quando se tratar de responsabilidade extracontratual, aplica-se o disposto no art. 206, § 3º, V, do CC/2002, com prazo de 3 anos. Para fins de prazo prescricional, o termo “reparação civil” deve ser interpretado de forma restritiva, abrangendo apenas os casos de indenização decorrente de responsabilidade civil extracontratual. Resumindo. O prazo prescricional é assim dividido: • Responsabilidade civil extracontratual (reparação civil): 3 anos (art. 206, § 3º, V, do CC). • Responsabilidade contratual (inadimplemento contratual): 10 anos (art. 205 do CC). STJ. 2ª Seção. EREsp 1280825- RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 27/06/2018 (Info 632). #ATENÇÃO #LEGISLAÇÃODAPANDEMIA Lei n° 14.010/20(RJET) Art. 3º Os prazos prescricionais consideram-se impedidos ou suspensos, conforme o caso, a partir da entrada em vigor desta Lei até 30 de outubro de 2020. § 1º Este artigo não se aplica enquanto perdurarem as hipóteses específicas de impedimento, suspensão e interrupção dos prazos prescricionais previstas no ordenamento jurídico nacional. NFPSS | RETA FINAL – TJGO + TJPR Ciclos Método 17 § 2º Este artigo aplica-se à decadência, conforme ressalva prevista no art. 207 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil). DIREITO DAS OBRIGAÇÕES Da Solidariedade Ativa (arts. 267 a 274): Na solidariedade ativa, cada um dos credores solidários tem direito a exigir do devedor o cumprimento da prestação por inteiro (art. 267, do CC). Em complemento, enquanto alguns dos credores solidários não demandarem o devedor comum, a qualquer daqueles poderá este pagar (art. 268, do CC). O pagamento feito a um dos credores solidários extingue a dívida até o montante do que foi pago (art. 269, do CC). Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada um destes só terá direito a exigir e receber a quota do crédito que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível (art. 270, do CC). Convertendo-se a prestação em perdas e danos, subsiste (permanece), para todos os efeitos, a solidariedade (art. 271, do CC). #OLHAOGANCHO: De acordo com o art. 263, do CC/2002, a obrigação indivisível perde esse caráter quando da sua conversão em perdas e danos, o que não ocorre com a obrigação solidária ativa, que permanece com o dever do sujeito passivo obrigacional de pagar a quem quer que seja. O credor que tiver remitido (perdoado) a dívida ou recebido o pagamento responderá aos outros pela parte que lhes caiba (art. 272, do CC). Como novidade na atual codificação material, preceitua o art. 273 que “a um dos credores solidários não pode o devedor opor as exceções pessoais oponíveis aos outros”. As exceções pessoais são defesas de mérito existentes somente contra determinados sujeitos, como aquelas relacionadas com os vícios da vontade (erro, dolo, coação, estado de perigo e lesão) e as incapacidades em geral, como é o caso da falta de legitimação. Na obrigação solidária ativa, o devedor não poderá opor essas defesas contra os demais credores diante da sua natureza personalíssima. Segundo o art. 274, do CC (redação dada pela Lei nº 13.105, de 2015), “O julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais, mas o julgamento favorável aproveita-lhes, sem prejuízo de exceção pessoal que o devedor tenha direito de invocar em relação a qualquer deles”. Da Solidariedade Passiva (arts. 275 a 285): Na obrigação solidária passiva, o credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum. Se o pagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores continuam obrigados solidariamente pelo resto (art. 275, caput, do CC). Não importará renúncia da solidariedade a propositura de ação pelo credor contra um ou alguns dos devedores (art. 275, parágrafo único, do CC). Como ocorre com a solidariedade ativa, o art. 276, do CC, traz regra específica envolvendo a morte de um dos devedores solidários. No caso de falecimento de um destes, cessa a solidariedade em relação aos sucessores do de cujus, eis que os herdeiros somente serão responsáveis até os limites da herança e de seus quinhões correspondentes. A regra não se aplica se a obrigação for indivisível. Outra exceção é feita pelo comando, eis que todos os herdeiros reunidos são considerados um único devedor em relação aos demais devedores Tanto o pagamento parcial realizado por um dos devedores como o perdão da dívida (remissão) por ele obtida não têm o efeito de atingir os demais devedores na integralidade da dívida (art. 277, do CC). No máximo, caso ocorra o pagamento direto ou indireto, os demais devedores serão beneficiados de forma reflexa, havendo desconto em relação à quota paga ou perdoada. Dispõe o art. 278, do CC, que “qualquer cláusula, condição ou obrigação adicional, estipulada entre um dos devedores solidários e o credor, não poderá agravar a posição dos outros sem consentimento destes”. Por regra, o que for pactuado entre o credor e um dos devedores solidários não poderá agravar a situação dos demais, seja por cláusula contratual, seja por condição inserida na obrigação, seja ainda por aditivo negocial. Deve ser respeitado o princípio da relatividade dos efeitos contratuais, eis que o negócio firmado gera efeitos inter partes, em regra. NFPSS | RETA FINAL – TJGO + TJPR Ciclos Método 18 Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores solidários, subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente; mas pelas perdas e danos só responde o culpado. Na solidariedade passiva, o devedor demandado poderá opor contra o credor as defesas que lhe forem pessoais e aquelas comuns a todos, tais como pagamento parcial ou total e a prescrição da dívida (art. 281 do CC). Mas esse devedor demandado não poderá opor as exceções pessoais a que outro codevedor tem direito, eis que estas são personalíssimas, como se pode aduzir pelo próprio nome da defesa em questão. Exemplificando: qualquer um dos devedores poderá alegar a prescrição da dívida, ou o seu pagamento total ou parcial, direto ou indireto, pois as hipóteses são de exceções comuns. Por outra via, os vícios do consentimento (erro, dolo, coação, estado de perigo e lesão), somente podem ser suscitados pelo devedor que os sofreu. O Código Civil de 2002 continua admitindo a renúncia à solidariedade, de forma parcial (a favor de um devedor) ou total (a favor de todos os codevedores), no seu art. 282, caput (“O credor pode renunciar à solidariedade em favor de um, de alguns ou de todos os devedores”). A expressão renúncia à solidariedade pode ser utilizada como sinônima de exoneração da solidariedade. Enuncia o parágrafo único do dispositivo que “Se o credor exonerar da solidariedade um ou mais devedores, subsistirá a dos demais”. O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir de cada um dos codevedores a sua quota, dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se o houver, presumindo-se iguais, no débito, as partes de todos os codevedores (art. 283, do CC). Entretanto, se a dívida solidária interessar exclusivamente a um dos devedores, responderá este por toda ela para com aquele que a pagar (art. 285, do CC). - TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES: ASSUNÇÃO DE DÍVIDA CESSÃO DE CRÉDITO Regra: consentimento EXPRESSO do credor Regra: não precisa de consentimento expresso Exceção: é permitido o consentimento tácito apenas no caso do adquirente de imóvel hipotecado e se o credor, notificado, não impugnar em trinta dias a transferência do débito. (art. 303). Eficácia: Apenas para que a cessão tenha EFICÁCIA perante o devedor, será necessária à sua NOTIFICAÇÃO. Repare: não pede o consentimento, mas apenas a notificação! Substitui o polo PASSIVO da obrigação Substitui o polo ATIVO da obrigação #OLHAOGANCHO Na cessão de crédito, a reponsabilidade é pro soluto, o cedente responde apenas pela existência do crédito, ao passo que no endosso a responsabilidade do crédito é pro solvendo #NÃOCONFUNDA: novação é uma forma de pagamento indireto em que ocorre a substituição de uma obrigação anterior por uma obrigação nova, diversa da primeira criada pelas partes. Seu principal efeito é a extinção da dívida primitiva. Novação subjetiva ativa (art. 360, III, CC) Novação subjetiva passiva ativa (art. 360, II, CC) Ocorre a substituição do credor (art. 360, III, CC). Requisitos: Consentimento do devedor perante o novo credor Consentimento do antigo credor que renuncia ao crédito Anuência do novo credor que aceita a promessa do devedor Ocorre a substituição do devedor que sucede ao antigo, ficando este quite com o credor. Ela pode se dar de duas formas:a- Novação subjetiva passiva por expromissão: ocorre quando um terceiro assume a dívida do devedor originário, substituindo-a sem o consentimento deste, desde que o credor concorde com a mudança no polo passivo (art. 362, CC). b- Novação subjetiva passiva por delegação: ocorre quando a substituição do devedor é feita com o consentimento do devedor originário, pois é ele quem indicará uma terceira pessoa para assumir o seu débito, havendo concordância do credor. NFPSS | RETA FINAL – TJGO + TJPR Ciclos Método 19 Regras sobre o pagamento LUGAR DO PAGAMENTO: REGRA - no domicílio do devedor Exceção - salvo se as partes convencionarem diversamente, ou se o contrário resultar da lei, da natureza da obrigação ou das circunstâncias. Dois ou mais lugares: cabe ao credor escolher entre eles. Tradição de imóvel ou Prestações relativas um imóvel: far-se-á no lugar onde situado o bem. Motivo grave para mudança de lugar: poderá o devedor fazê-lo em outro, sem prejuízo para o credor. Usos e costumes: O pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir renúncia do credor relativamente ao previsto no contrato. OBJETO DO PAGAMENTO: Prestações diversas da combinada: O credor não é obrigado a receber, ainda que mais valiosa. Prestações divisíveis: Não pode o credor ser obrigado a receber, nem o devedor a pagar, por partes, se assim não se ajustou. Onerosidade excessiva: Se, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta entre o valor da prestação devida e o do momento de sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que assegure, quanto possível, o valor real da prestação. TEMPO DO PAGAMENTO: Quando o credor pode exigir o pagamento: não tendo sido ajustada época para o pagamento, pode o credor exigi-lo imediatamente, SALVO disposição legal em contrário. Obrigações condicionais: cumprem-se na data do implemento da condição, cabendo ao credor a prova de que deste teve ciência o devedor. Cobrança da dívida antes de vencido o prazo estipulado: I - No caso de falência do devedor, ou de concurso de credores; II - Se os bens, hipotecados ou empenhados, forem penhorados em execução por outro credor; III - se cessarem, ou se se tornarem insuficientes, as garantias do débito, fidejussórias, ou reais, e o devedor, intimado, se negar a reforçá-las. IV- Nos casos acima, se houver, no débito, solidariedade passiva, não se reputará vencido quanto aos outros devedores solventes. #APOSTACICLOS – INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES #DIZERODIREITO Mora ex re (mora automática) Mora ex persona (mora pendente) Determinadas obrigações possuem mora ex re, ou seja, se o devedor não cumprir a obrigação no dia certo do vencimento, considera-se que ele está, automaticamente, em mora. O credor pode ingressar com ação contra o devedor mesmo sem notificação. Outras obrigações possuem mora ex persona, ou seja, exigem a interpelação judicial ou extrajudicial do devedor para que este possa ser considerado em mora. Apenas depois dessa notificação o credor estará autorizado a mover a ação judicial de cobrança do débito. NFPSS | RETA FINAL – TJGO + TJPR Ciclos Método 20 A mora ocorre de pleno direito, independentemente de notificação. Aplica-se a máxima dies interpellat pro homine: o dia interpela pelo homem (o termo interpela no lugar do credor). Em regra, a mora será ex re se a obrigação a ser cumprida pelo devedor for: · positiva (de dar ou fazer); · líquida; e · com dia certo de vencimento. Ora, se o devedor acertou um prazo certo para cumprir a prestação e se não há dúvida quanto ao valor dessa prestação, não há motivo para se exigir que o credor o relembre sobre sua obrigação. Exceção: em alguns casos, a própria lei, por cautela, exige expressamente a notificação prévia e afasta a constituição automática da mora, mesmo tendo sido cumpridos os requisitos acima. Obs..: nas obrigações de não fazer e nas decorrentes de ato ilícito, a mora também é ex re. A mora será ex persona em duas situações: · quando, no contrato, não tiver sido estipulado um prazo certo de vencimento; · quando, mesmo havendo prazo certo, a lei exigir a interpelação(ex.: leasing). A interpelação, quando necessária, pode ser: · judicial: feita, via de regra, pela citação (art. 219 do CPC); · extrajudicial: realizada sem forma solene, ou seja, por meio de qualquer ato que torne certa a exigência do pagamento, como, p ex., a notificação ou o protesto. -Cláusula penal é uma cláusula do contrato ou um contrato acessório ao principal em que se estipula, previamente, o valor da indenização que deverá ser paga pela parte contratante que não cumprir, culposamente, a obrigação. Espécies: MORATÓRIA (compulsória): COMPENSATÓRIA (compensar o inadimplemento) Estipulada para desestimular o devedor a incorrer em mora ou para evitar que deixe de cumprir determinada cláusula especial da obrigação principal. É a cominação contratual de uma multa para o caso de mora. Estipulada para servir como indenização no caso de total inadimplemento da obrigação principal. Finalidade: para uns, funciona como punição pelo atraso no cumprimento da obrigação. Para outros autores, teria uma função apenas de inibir o descumprimento e indenizar os prejuízos (não teria finalidade punitiva). Funciona como uma prefixação das perdas e danos. Aplicada para o caso de inadimplemento relativo. Aplicada para o caso de inadimplemento absoluto. Ex: em uma promessa de compra e venda de um apartamento, é estipulada multa para o caso de atraso na entrega. Ex: em um contrato para que um cantor faça um show no réveillon, é estipulada uma multa de 100 mil reais caso ele não se apresente. Art. 411. Quando se estipular a cláusula penal para o caso de mora, ou em segurança especial de outra cláusula determinada, terá o credor o arbítrio de exigir a satisfação da pena cominada, juntamente com o desempenho da obrigação principal. Art. 410. Quando se estipular a cláusula penal para o caso de total inadimplemento da obrigação, esta converter-se-á em alternativa a benefício do credor. Multa moratória = obrigação principal + multa Multa compensatória = obrigação principal ou multa NFPSS | RETA FINAL – TJGO + TJPR Ciclos Método 21 #SELIGA #AJUDAMARCINHO A cláusula penal moratória tem a finalidade de indenizar pelo adimplemento tardio da obrigação, e, em regra, estabelecida em valor equivalente ao locativo, afasta-se sua cumulação com lucros cessantes. STJ. 2ª Seção. REsp 1498484-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 22/05/2019 (recurso repetitivo) (Info 651). Observação: Em 28/12/2018, entrou em vigor a Lei nº 13.786/2018, que dispõe sobre a resolução do contrato por inadimplemento do adquirente de unidade imobiliária. A Lei nº 13.786/2018 acrescentou o art. 43-A na Lei nº 4.591/64 para tratar sobre o inadimplemento (parcial ou absoluto) em contratos de compra e venda, promessa de venda, cessão ou promessa de cessão de unidades autônomas integrantes de incorporação imobiliária ou de loteamento. As regras da Lei nº 13.786/2018 não podem ser aplicadas os contratos anteriores à sua vigência. A nova lei só poderá atingir contratos celebrados posteriormente à sua entrada em vigor. Observação 2 (se não houver cláusula penal): O atraso na entrega do imóvel enseja pagamento de indenização por lucros cessantes durante o período de mora do promitente vendedor, sendo presumido o prejuízo do promitente comprador. Os lucros cessantes serão devidos ainda que não fique demonstrado que o promitente comprador tinha finalidade negocial na transação. STJ. 2ª Seção. EREsp 1341138-SP, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 09/05/2018 (Info 626). #DIZERODIREITO Termo inicial dos JUROS MORATÓRIOS (em caso de danos morais ou materiais) Responsabilidade EXTRACONTRATUAL Responsabilidade CONTRATUALOs juros fluem a partir do EVENTO DANOSO (art. 398 do CC e Súmula 54 do STJ). · Obrigação líquida: os juros são contados a partir do VENCIMENTO da obrigação (art. 397). É o caso das obrigações com mora ex re. · Obrigação ilíquida: os juros fluem a partir da CITAÇÃO (art. 405 do CC). É o caso das obrigações com mora ex persona. Termo inicial da CORREÇÃO MONETÁRIA Danos MATERIAIS (Responsabilidade contratual ou extracontratual) Danos MORAIS (Responsabilidade contratual ou extracontratual) Incide correção monetária sobre dívida por ato ilícito (contratual ou extracontratual) a partir da data do efetivo PREJUÍZO (Súmula 43 do STJ) A correção monetária do valor da indenização do dano moral incide desde a data do ARBITRAMENTO (Súmula 362 do STJ). ARRAS A Min. Nancy Andrighi identifica que as arras têm por finalidades: a) firmar a presunção de acordo final, tornando obrigatório o ajuste (caráter confirmatório); b) servir de princípio de pagamento (se forem do mesmo gênero da obrigação principal); c) prefixar o montante das perdas e danos devidos pelo descumprimento do contrato ou pelo exercício do direito de arrependimento, se expressamente estipulado pelas partes (caráter indenizatório). É possível cumular arras com cláusula penal? Na hipótese de inexecução do contrato, revela-se inadmissível a cumulação das arras com a cláusula penal compensatória, sob pena de ofensa ao princípio do non bis in idem. STJ. 3ª Turma. REsp 1.617.652-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 26/09/2017 (Info 613) NFPSS | RETA FINAL – TJGO + TJPR Ciclos Método 22 São espécies de arras: #DIZERODIREITO Confirmatórias (arts. 418 e 419) Penitenciais (art. 420) São previstas no contrato com o objetivo de reforçar, incentivar que as partes cumpram a obrigação combinada. São previstas no contrato com o objetivo de permitir que as partes possam desistir da obrigação combinada caso queiram e, se isso ocorrer, o valor das arras penitenciais já funcionará como sendo as perdas e danos. A regra são as arras confirmatórias. Assim, no silêncio do contrato, as arras são confirmatórias. Ocorre quando o contrato estipula arras, mas também prevê o direito de arrependimento. Se as partes cumprirem as obrigações contratuais, as arras serão devolvidas para a parte que as havia dado. Poderão também ser utilizadas como parte do pagamento. Se as partes cumprirem as obrigações contratuais, as arras serão devolvidas para a parte que as havia dado. Poderão também ser utilizadas como parte do pagamento. • Se a parte que deu as arras não executar (cumprir) o contrato: a outra parte (inocente) poderá reter as arras, ou seja, ficar com elas para si. • Se a parte que recebeu as arras não executar o contrato: a outra parte (inocente) poderá exigir a devolução das arras mais o equivalente*. • Se a parte que deu as arras decidir não cumprir o contrato (exercer seu direito de arrependimento): ela perderá as arras dadas. • Se a parte que recebeu as arras decidir não cumprir o contrato (exercer seu direito de arrependimento): deverá devolver as arras mais o equivalente*. Além das arras, a parte inocente poderá pedir: • indenização suplementar, se provar maior prejuízo, valendo as arras como taxa mínima; • a execução do contrato, com as perdas e danos, valendo as arras como o mínimo da indenização. #SELIGA: Se a proporção entre a quantia paga inicialmente e o preço total ajustado evidenciar que o pagamento inicial englobava mais do que o sinal, não se pode declarar a perda integral daquela quantia inicial como se arras confirmatórias fosse, sendo legítima a redução equitativa do valor a ser retido. STJ. 3ª Turma. REsp 1513259-MS, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 16/2/2016 (Info 577). As arras penitenciais têm função unicamente indenizatória. Isso significa que a parte inocente ficará apenas com o valor das arras (e do equivalente) e NÃO terá direito a indenização suplementar. Nesse sentido: Súmula 412-STF: No compromisso de compra e venda com cláusula de arrependimento, a devolução do sinal, por quem o deu, ou a sua restituição em dobro, por quem o recebeu, exclui indenização maior, a título de perdas e danos, salvo os juros moratórios e os encargos do processo. #DEOLHONAJURIS O réu, citado na ação monitória, pode apresentar embargos monitórios, que são uma forma de defesa, semelhante à contestação (art. 702 do CPC). Os embargos podem se fundar em qualquer matéria que poderia ser alegada como defesa no procedimento comum (§ 1º do art. 702). Assim, o réu pode, nos embargos monitórios, alegar que a dívida já está paga e pedir a repetição de indébito em dobro, nos termos do art. 940 do CC. A condenação ao pagamento em dobro do valor indevidamente cobrado pode ser formulada em qualquer via processual, inclusive, em sede de embargos à execução, embargos monitórios e ou reconvenção, até mesmo reconvenção, prescindindo de ação própria para tanto. STJ. 3ª Turma. REsp 1877292-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 20/10/2020 (Info 682). Se o contrato, ao tratar sobre os encargos, menciona a taxa de juros mensal e anual, mas não prevê qual é a taxa diária dos juros, há abusividade. Viola o dever de informação, o contrato que somente prevê uma cláusula genérica de capitalização diária, sem informar a taxa diária de juros remuneratórios. A informação acerca da capitalização diária, sem indicação da respectiva taxa diária, subtrai do consumidor a possibilidade de estimar previamente a evolução da dívida, e de aferir a equivalência entre a taxa diária e as taxas efetivas mensal e anual. A falta de previsão da taxa diária, portanto, dificulta a compreensão do consumidor acerca do alcance da capitalização diária, NFPSS | RETA FINAL – TJGO + TJPR Ciclos Método 23 o que configura descumprimento do dever de informação trazido pelo art. 46 do CDC. STJ. 2ª Seção. REsp 1826463- SC, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 14/10/2020 (Info 682). A imputação dos pagamentos primeiramente nos juros é instituto que, via de regra, alcança todos os contratos em que o pagamento é diferido em parcelas. O objetivo de fazer isso é o de diminuir a oneração do devedor. Ao impedir que os juros sejam integrados ao capital para, só depois dessa integração, ser abatido o valor das prestações, evita que sobre eles (juros) incida novo cômputo de juros. STJ. 3ª Turma. AgInt no REsp 1843073-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 30/03/2020 (Info 669). CONTRATOS Alterações promovidas pela Lei nº 13.874/19 no CC: Art. 421. A liberdade contratual será exercida nos limites da função social do contrato. (Redação dada pela Lei nº 13.874, de 2019) Parágrafo único. Nas relações contratuais privadas, prevalecerão o princípio da intervenção mínima e a excepcionalidade da revisão contratual. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) Art. 421-A. Os contratos civis e empresariais presumem-se paritários e simétricos até a presença de elementos concretos que justifiquem o afastamento dessa presunção, ressalvados os regimes jurídicos previstos em leis especiais, garantido também que: (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) I - as partes negociantes poderão estabelecer parâmetros objetivos para a interpretação das cláusulas negociais e de seus pressupostos de revisão ou de resolução; (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) II - a alocação de riscos definida pelas partes deve ser respeitada e observada; e (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) III - a revisão contratual somente ocorrerá de maneira excepcional e limitada. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) - EVICÇÃO: é a perda do bem ou a privação de alguma utilidade em virtude de circunstância anterior à aquisição do domínio. Mediante cláusula expressa, as partes podem reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade pela evicção. Não pode o adquirente demandar pela evicção, se sabia que a coisa era alheia ou litigiosa. #ATENÇÃODOBRADA:
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