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Estruturas Metálicas Professor: Maurício Pegoraro Aula 03 – Métodos de Cálculo 3 – Métodos de Cálculo • 3.1 Projeto Estrutural e Normas: Os objetivos de um projeto estrutural são: 1. Garantia de segurança estrutural evitando-se o colapso da estrutura; 2. Garantia de bom desempenho da estrutura evitando-se ocorrências de grandes deslocamentos, vibrações, danos locais. As etapas de um projeto estrutural podem ser reunidas em três fases: 1. Anteprojeto ou projeto básico: trata-se da definição do sistema estrutural, os materiais a serem utilizados, o sistema construtivo etc; 2. Dimensionamento ou cálculo estrutural: fase na qual são definidas as dimensões dos elementos da estrutura e suas ligações de forma a garantir a segurança e o bom desempenho da estrutura; 3. Detalhamento: trata-se da elaboração dos desenhos executivos da estrutura contendo as especificações de todos os seus componentes. • 3.1 Projeto Estrutural e Normas Nas fases de dimensionamento e detalhamento, além dos conhecimentos de análise estrutural (teoria das estruturas) e resistência dos materiais, utilizam-se regras e recomendações referentes a: • Critérios de garantia de segurança; • Padrões de testes para caracterização dos materiais e limites dos valores das características mecânicas; • Definições de níveis de carga que representem a situação mais desfavorável; • Limites de tolerâncias para imperfeições na execução; • Regras construtivas etc. Essas regras e especificações são reunidos em documentos oficiais, as NORMAS. As normas básicas para estruturas metálicas são: 1. NBR 8800 – 2008; 2. NBR 14762 – 2010. 3 – Métodos de Cálculo • 3.2 Estados Limites Um estado limite ocorre sempre que a estrutura deixa de satisfazer um de seus objetivos. Eles são divididos em: 1. Estados Limites Últimos: associados à ocorrência de cargas excessivas e consequente colapso da estrutura, devido a: • Perda de equilíbrio como corpo rígido; • Plastificação total de um elemento estrutural ou de uma seção; • Ruptura de uma ligação ou seção; • Flambagem em regime elástico ou não; • Ruptura por fadiga. 2. Estados Limites de Utilização: associados a cargas de serviço, incluem falhas do tipo: • Deformações excessivas; • Vibrações excessivas. 3 – Métodos de Cálculo • 3.3 Método das Tensões Admissíveis • Esse método se originou dos desenvolvimentos da Resistência dos Materiais em regime elástico; • O dimensionamento é considerado satisfatório quando a máxima tensão solicitante σ em cada seção é inferior a uma tensão resistente reduzida por um coeficiente de segurança γ; á௫ ௬ Onde: ߪá௫ = tensão máxima solicitante, obtida à partir da análise em regime elástico da estrutura para cargas em serviço; ߪത = tensão admissível; ௬݂ = tensão de escoamento do material; ߛ = coeficiente de segurança • 3.3 Método das Tensões Admissíveis • O coeficiente de segurança γ traduz o reconhecimento de que existem diversas fontes de incertezas nos cálculos, por exemplo, incertezas quanto: • À magnitude e distribuição do carregamento; • Às características mecânicas dos materiais; • À modelagem estrutural (o modelo representa adequadamente a estrutura?); • Às imperfeições na execução da estrutura. • Para limitar essas incertezas nos projetos, foram adotadas as seguintes providências: • Padronização dos testes para determinação de características dos materiais; • Especificação de limites ou tolerâncias nas imperfeições de fabricação e execução; • Desenvolvimento de métodos de análise estrutural adequados, identificando-se as diferenças entre a estrutura real e o modelo; • Estudos estatísticos dos carregamentos e especificações de níveis extremos de carga baseados em experiências anteriores. • 3.3 Método das Tensões Admissíveis • O método das tensões admissíveis possui as seguintes limitações: 1. Utiliza-se de um único coeficiente de segurança para expressar todas as incertezas, independentemente de sua origem; 2. Em sua origem o método previa a análise estrutural em regime elástico com o limite de resistência associado ao início da plastificação da seção mais solicitada. Não era considerado as reservas de resistência existentes após o início da plastificação, nem a redistribuição de tensão de momentos fletores causada pela plastificação de uma ou mais seções de estrutura hiperestática. 3 – Métodos de Cálculo • 3.4 Teoria Plástica de Dimensionamento das Seções ௬- momento correspondente ao início da plastificação; ܯ- momento de plastificação total da seção; ܯ ܯ௬, então: ܯ െ ܯ௬ constitui uma reserva de resistência em relação ao início de plastificação. • 3.4 Teoria Plástica de Dimensionamento das Seções Na teoria plástica de dimensionamento, a carga ௦௩ atuante, em serviço, é comparada com a carga ௨ que produz o colapso da estrutura através da equação de conformidade do método: ௦௩ ௨ Onde γ é o coeficiente de segurança único aplicado agora às cargas de serviço. A condição limite de resistência baseada na plastificação total das seções está incorporada ao Método dos Estados Limites, no qual também é permitida a utilização da análise estrutural plástica dentro de certas limitações. 3 – Métodos de Cálculo • 3.5 Método dos Estados Limites Estados limites últimos. A garantia da segurança no método dos estados limites é traduzida pela equação de conformidade, para cada seção da estrutura: ௗ ௗ Onde: ௗ - é a solicitação de projeto, menor que a resistência de projeto ௗ; - ações, que são majoradas pelos coeficientes ; - coeficientes de majoração das ações; - resistência característica do material; - coeficiente de redução da resistência interna. • 3.5 Método dos Estados Limites • Ações: As ações a serem consideradas no projeto das estruturas são as cargas que nelas atuam ou deformações impostas (por variação de temperatura, recalques, etc.) Os valores das ações a serem utilizados no cálculo pode ser obtidos por dois processos: 1. Critério estatístico: adotando-se valores característicos , isto é, valores de ações que correspondem a uma certa probabilidade de serem excedidos; 2. Critério determinístico: ou fixação de arbitrárias dos valores de cálculo. As normas brasileiras que se ocupa, das cargas sobre as estruturas são: • NBR 6120 – Cargas para o cálculo de estrutura de edificações; • NBR 6123 – Forças devidas ao vento em edificações; • NBR 7188 – Carga móvel em ponte rodoviária e passarela de pedestres • 3.5 Método dos Estados Limites • Cálculo das solicitações atuantes: No que se diz respeito ao regime de tensões desenvolvidas no material, elástico ou inelástico, podem-se distinguir dois processos: a) Estática clássica ou elástica, admitindo-se que a estrutura se deforma em regime elástico; b) Estática inelástica, considerando-se efeitos das deformações plásticas, nas seções mais solicitadas, sobre a distribuição dos esforços solicitantes provocados pelas cargas. Na prática profissional, o cálculo elástico dos esforços solicitantes é o mais utilizado, tendo em vista sua maior simplicidade, e o fato de ser a favor da segurança. • 3.5 Método dos Estados Limites • Combinações de solicitações segundo a NBR 8800: As solicitações de projeto ௗ podem ser representadas como combinações de solicitações S devidas às ações pela expressão: ௗ ଷ ଵ ଶ Onde: ߛଵ = coeficiente ligado a dispersão das ações; tem valores da ordem de 1,15 para cargas permanentes e 1,30 para cargas variáveis; ߛଶ= coeficiente de combinação de ações; ߛଷ = coeficiente relacionado com tolerância de execução, aproximações de projeto, diferenças entre esquemas de cálculos e o sistema real etc.: tem valor na ordem de 1,15. • 3.5 Métododos Estados Limites • Combinações de solicitações segundo a NBR 8800: Para o cálculo das solicitações de projeto ܵௗ , as ações devem ser combinadas de forma a expressar as situações mais desfavoráveis para a estrutura durante sua vida útil prevista. • 3.5 Método dos Estados Limites • Combinações de solicitações segundo a NBR 8800: Definem-se os seguintes tipos de combinações de ações para verificações nos estados limites últimos: 1. Combinação normal: combinação que inclui todas as ações decorrentes do uso previsto da estrutura; 2. Combinação de construção: combinações que considera ações que podem promover algum estado limite último na fase de construção da estrutura; 3. Combinação especial: Combinações que inclui ações variáveis especiais, cujos efeitos têm magnitude maior que os efeitos das ações de combinação normal; 4. Combinação excepcional: combinação que inclui ações excepcionais, as quais podem produzir efeitos catastróficos, tais como explosões, choques de veículos, incêndios e sismos. • 3.5 Método dos Estados Limites • Combinações de solicitações segundo a NBR 8800: •COMBINAÇÕES NORMAIS: Onde; ܳଵ = ação variável principal para a combinação estudada; ܳ = ações variáveis que atuam simultaneamente à ܳଵ e que tem efeito desfavorável (contrário); ߛ, ߛ = coeficientes de segurança parciais aplicados às cargas; ψ = fator de combinação que reduz as ações variáveis (considera a baixa probabilidade de ocorrência simultânea de todas as ações) • 3.5 Método dos Estados Limites • Combinações de solicitações segundo a NBR 8800: •COMBINAÇÕES ÚLTIMAS DE CONSTRUÇÃO: Onde; ܳଵ = ação variável principal para a combinação estudada; ܳ = ações variáveis que atuam simultaneamente à ܳଵ e que tem efeito desfavorável (contrário); ߛ, ߛ = coeficientes de segurança parciais aplicados às cargas; ψ = fator de combinação que reduz as ações variáveis (considera a baixa probabilidade de ocorrência simultânea de todas as ações) • 3.5 Método dos Estados Limites • Combinações de solicitações segundo a NBR 8800: •COMBINAÇÕES EXCEPCIONAIS (E): Onde; ܳଵ = ação variável principal para a combinação estudada; ܳ = ações variáveis que atuam simultaneamente à ܳଵ e que tem efeito desfavorável (contrário); ߛ, ߛ = coeficientes de segurança parciais aplicados às cargas; ψ = fator de combinação que reduz as ações variáveis (considera a baixa probabilidade de ocorrência simultânea de todas as ações) • 3.5 Método dos Estados Limites • Esforços Resistentes: •São as resultantes das tensões internas, na seção considerada. Onde: ܴௗ = resistência de projeto; ܴ௨ = resistência última do material em função da tensão resistente característica ݂; ߛ = ߛଵx ߛଶ x ߛଷ; ߛଵ = considera a variabilidade da tensão resistente; ߛଶ= considera as diferenças entre a tensão resistente obtida em ensaios padronizados com a tensão resistente do material da estrutura; ߛଷ= considera as incertezas no cálculo de ܴ௨ em função de desvios construtivos ou de aproximações teóricas. • 3.5 Método dos Estados Limites • Esforços Resistentes: • 3.5 Método dos Estados Limites • Estados Limites de Utilização: • Verificação do comportamento da estrutura sob ação das cargas em serviço; • Deseja-se evitar a sensação de insegurança na presença de deslocamentos ou vibrações excessivas; • Também evita prejuízos a componentes não-estruturais, como alvenarias e esquadrias; • Definem-se três valores representativos das ações variáveis Q em função do tempo de duração das ações e de sua probabilidade de ocorrência: • 3.5 Método dos Estados Limites • Estados Limites de Utilização: • Valores das ações variáveis: • VALOR RARO (característico): Q; • VALOR FREQUENTE: ଵ ; • VALOR QUASE – PERMANENTE: ଶ ; • 3.5 Método dos Estados Limites • Combinações das ações variáveis: consideram a ação variável dominante combinada com as ações permanentes e as outras ações variáveis : • Combinação quase permanente: ଶ ଵ ଶ • Combinações frequente: ଵ ଵ ଶ • Combinação rara: ଵ ଵ EXEMPLOS DE APLICAÇÃO Exemplo 1: Uma viga de edifício comercial está sujeita a momentos fletores oriundos de diferentes cargas: 1. Peso próprio da estrutura metálicas: ଵ ; 2. Peso dos outros componentes não metálicos permanentes: ଶ ; 3. Ocupação da estrutura: ; 4. Vento: ௩ ; Determinar o momento fletor solicitante ௗ௦ Solução exemplo 1 ଵ ; ଶ ; ; ௩ ; Calcular ௗ௦ Ocupação da estrutura como dominante nas cargas variáveis: ௗ௦ ଵ ଶ ௩ Vento ௩ como dominante nas cargas variáveis: ௗ௦ ଵ ଶ ௩ Portanto: ௗ௦ EXEMPLOS DE APLICAÇÃO Exemplo 2: Uma diagonal de treliça de telhado está sujeita aos seguintes esforços normais (considerar + como tração) oriundos de diferentes cargas: 1. Peso próprio da treliça e cobertura metálicas: ; 2. Vento de sobrepressão: ௩ଵ ; 3. Vento de sucção: ௩ଶ ; 4. Sobrecarga variável: ; Determinar o esforço normal solicitante de projeto ௗ Solução exemplo 2 Dados: ; ௩ଵ ; ௩ଶ ; ; C ௗ Neste caso as cargas variáveis ௩ଵ e ௩ଶ não ocorrem simultaneamente. E na combinação em que a carga ௩ଶ for dominante, a carga permanente atua em situação favorável. Então: ௗ ௩ଵ ௗ ௩ଶ ௗ ௩ଵ Então ௗ ௗ Exercícios Propostos 1 – Em que se baseia o método das tensões admissíveis e quais as suas limitações? 2 – Defina os termos ௗ, ௗ, , da equação do método dos estados limites. 3 – Uma viga de edifício comercial está sujeita a momentos fletores oriundos de diferentes cargas: • Peso próprio da estrutura metálicas: ଵ ; • Peso da laje e seus revestimentos: ଶ ; • Ocupação da estrutura: ; • Vento: ௩ ; Determinar o momento fletor solicitante ௗ௦ Exercícios Propostos 4 – Uma diagonal de treliça de telhado está sujeita aos seguintes esforços normais (considerar + como tração) oriundos de diferentes cargas: 1. Peso próprio da treliça e cobertura metálicas: ; 2. Vento de sobrepressão: ௩ଵ ; 3. Vento de sucção: ௩ଶ ; 4. Chuva: ; Determinar o esforço normal solicitante de projeto ௗ REFERÊNCIA: PFEIL, W.; PFEIL, M. Estruturas de aço: dimensionamento prático de acordo com a NBR 8800:2008. 8. ed.; Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos Editora S. A., 2009. Proposta de Leitura: LIVRO TEXTO: PFEIL, W.; PFEIL, M. Estruturas de aço: dimensionamento prático de acordo com a NBR 8800:2008. 8. ed.; Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos Editora S. A., 2009. Capítulo 1: páginas 34 à 46.
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