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RESUMO DE DIREITO PENAL CONCEITO, FINALIDADE, NORMAS E FONTES DO DIREITO PENAL AUTORIA: DANIEL NUNES DE MORAIS Para criar determinado conceito, faz-se necessário antes disto, conceber um princípio. Os princípios, são sempre anteriores às leis. Ou seja, toda lei criada foi baseada num princípio já existente. 1. O que é princípio? São Valores fundamentais que inspiram a criação e a manutenção do sistema jurídico, afirma Cleber Masson. 2. Qual o conceito de direito penal? É o conjunto de princípios e leis, destinados a combater o crime e a contravenção penal, mediante a imposição de sanção penal. Sanção penal significa punir o infrator da lei. 3. Quais as funções do direito penal? Sua função IMEDIATA é proteger os bens jurídicos, mediante cominação (prescrição legal), aplicação e execução da pena. Já a sua função MEDIATA é promover o bem-estar social e o controle social e limitar o poder punitivo do estado, evitar o poder arbitral do estado. 4. O que é sistema dicotômico? (Objeto de estudo do direito) É o sistema que diferencia o crime da contravenção penal. No Brasil, crime não é sinônimo de infração penal. Para o crime ou delito, a lei comina detenção ou reclusão, isoladas, ou alternativas ou ainda cumulativas com pena de multa. Já na contravenção penal, a lei comina prisão simples ou pena de multa, quer sejam isoladas, alternativas ou cumulativas. A contravenção também é conhecida como “crime anão” ou “crime liliputiano” ou ainda “crime vagabundo”. 5. O que é sistema vicariante? (Objeto de estudo do direito) É o sistema que substituiu o antigo sistema duplo binário. No sistema vicariante, não há a possibilidade de substituir a pena por medida de segurança. Na aplicação da sansão penal, ou se comina a medida de segurança ou a pena. Sistema de sanções penais. 6. Quanto a classificação do direito penal, explique direito penal objetivo e subjetivo. Direito penal objetivo: é o conjunto de normas penais, o texto da lei. O código penal, a lei positivada. Direito penal Subjetivo: ius puniendi (direito de punir). É o famoso poder punitivo do estado. O estado tem o poder de criar e de fazer cumprir a lei, tendo ainda o poder de executar uma sentença proferida pelo judiciário. O direito penal subjetivo se divide em dois: positivo e negativo. O ius puniendi positivo: é a condição que o estado possui de criar tipos penais e executar condenações. O ius puniendi negativo: atribuição do STF de declarar inconstitucionalidade de um tipo penal criado, produzindo eficácia contra todos e efeito vinculante aos demais órgãos do judiciário e ao legislativo. 7. Como se divide o código penal? Em duas partes: parte geral que compreendem os artigos 1º ao 120º e a parte especial que partem do art. 121º até o 361º. 8. Quais as fontes do direito penal? Fontes materiais, formais, formais imediatas e formais mediatas. Fontes materiais são: a lei criada pelo estado. A produção e exteriorização do direito são de reponsabilidade do Estado, que é a fonte da criação da norma. Fontes formais: modo e forma como o direito é exteriorizado. Fonte formal imediata: diz respeito à lei penal, as leis penais que existem, a norma penal. Fonte formal mediata: quando a lei é omissa, usa-se os princípios gerais do direito, os costumes, os princípios quer previstos em lei ou não. 9. Qual a diferença entre norma penal e lei penal? Norma penal: é obtida pelo consenso popular, um comportamento que não é aceito pela sociedade, determinado pelo senso de justiça comum aos integrantes da sociedade. Não é uma lei, mas uma regra proibitiva Ex: a sociedade não tolera o crime de estupro, latrocínio, etc. Lei Penal: é a materialização da norma penal gerada pelo legislativo. Deve atender aos anseios da população, coibindo práticas socialmente reprováveis. 10. Pode um costume revogar uma lei? Claro que não. É fato que os costumes são anteriores às leis. Porém, costumes são criações espontâneas da sociedade, que podem ou não se tornarem leis. Enquanto que leis são dotadas de força normativa, são parte do ordenamento jurídico Brasileiro, e, portanto, só podem ser revogadas pelo órgão competente. 11. Quais partes compõem a lei penal ou norma penal? A lei ou norma penal é composta de duas partes: preceito primário e o preceito secundário Preceito Primário: a parte que descreve o ilícito, a conduta criminosa. Preceito Secundário: descreve a sanção, individualizando a pena e cominando a mesma em abstrato. 12. De que se trata o modelo garantista de Luigi ferrajoli? O garantismo é uma corrente doutrinária, tal doutrina entende que a aplicação das normas penais deve estar em conformidade com os direitos e garantias fundamentais, expressos na C.F. Ou seja, se uma lei é criada e seu texto confronta qualquer dos direitos e garantias individuais e coletivas, tal lei deverá ser reprovada, refutada por ser inconstitucional. 13. Os 10 axiomas do garantismo. 1º. Nulla poena sine crimine: só há pena se houver havido o crime. 2º. Nullum crimem sine lege (Sem lei penal anterior não há crime); 3º.Nulla lex (poenalis) sine necessiate (Sem necessidade não se criam leis penais); 4º. Nulla necessitas sine injuria (sem lesão não há necessidade do emprego da lei penal); 5º. Nulla injuria sine actione (Se não há exteriorização da conduta, não há lesão); 6º. Nulla actio sine culpa (Não há ação típica sem culpa); 7º. Nulla culpa sine judicio (A culpa há de ser verificada em regular juízo); 8º. Nulla acusatio sine accusacione (a acusação não pode ser feita pelo próprio juiz); 9º. Nulla accusatio sine probation (a acusação é que deve ser provada, não a inocência). 10º. Nulla probatio sine defensione (Sem defesa e contraditório não há acusação válida). 14. Explique o direito penal de primeira velocidade: É o direito penal tradicional, que se caracteriza pela privação da liberdade através da pena de prisão. O mesmo dispõe de duas características importantes: tem como último estágio, a aplicação da pena de privação de liberdade. E em segundo: a maioria das penas é privativa de liberdade, mas são respeitados vários princípios constitucionais e infraconstitucionais na aplicação da pena. 15. Explique o direito penal de segunda velocidade: Já o de segunda velocidade aplica penas que não levam o réu à privação da liberdade. E suas características são: aplicação de penas não privativas de liberdade, priorizam as penas alternativas. Como exemplo, temos a criação dos juizados especiais lei 9.099/95. Porém, são negadas ao autor garantias como: contraditório e ampla defesa, devido processo legal. 16. Explique o direito de terceira velocidade: Utiliza-se da pena privativa de liberdade (como o faz o Direito Penal de primeira velocidade), mas permite a flexibilização de garantias materiais e processuais (o que ocorre no Direito Penal de segunda velocidade. Como exemplo: lei 8.072/90, a lei dos crimes hediondos. Que aumentou a pena de vários ilícitos, estabeleceu o cumprimento da pena integralmente em regime fechado e acabou com a possibilidade de liberdade provisória. 17. O que significa direito penal do inimigo? É um conceito de Ghunter Jakobs, jurista alemão. Segundo ele, algumas pessoas por representarem perigo ao estado ou a sociedade como um todo, não devem receber as garantias penais e processuais penais, fazendo com que o estado suspenda as leis que dão validade a essas garantias e permitindo que tais pessoas, sejam perseguidas com todos os meios disponíveis, pois estas perderam seus direitos como cidadão. Passando a serem inimigos do estado. 18. Mandados de criminalização: São ordens emitidas pela C.F. ao legislador ordinário, no sentido da incriminação de determinados comportamentos,de determinadas condutas. Isso serve par que os legisladores criem os crimes descritos nos mandados e suas devidas sanções. 19. Explique a teoria de binding. Segundo binding, quando ocorre um ilícito penal, ocorre a infração da norma penal e não da lei. Pois a lei não diz o que é proibido. Na verdade, a lei diz quais são os tipos de conduta criminosa. Portanto, quando um sujeito mata alguém, a ação do sujeito se torna semelhante ao que a lei penal prevê. MATAR ALGUÉM. Enquanto a lei diz que matar alguém é crime, a norma contida nesta lei nos diz que é proibido matar. Assim sendo, matar fere a garantia de direito à vida. Fere-se a norma penal implícita na lei penal: não mate. 20. Cite e explique as características da norma penal. EXCLUSIVIDADE: somente a lei penal pode definir crimes e cominar penas. ANTERIORIDADE: a lei penal necessariamente precisa existir antes do fato. IMPERATIVIDADE: o estado é obrigado a punir as infrações penais com leis e sanções. GENERALIDADE: não há ninguém isento da lei penal. Ela alcança a todos, sem exceção. IMPESSOALIDADE: a lei é impessoal e se destina a todos. Não há classe ou pessoa privilegiada que se isente da lei. 21. Na classificação das normas penais, temos as normas incriminadoras. Explique. Elas definem as infrações penais proibindo ou impondo práticas de condutas, através da cominação da pena. São compostas de preceito primário (texto que define o ilícito penal) e secundário (cominação da pena, sanção penal). 22. Explique normas penais não incriminadoras São normas que delimitam o exercício do dever de punir do estado (ius puniendi), estabelecendo regras de impunidade ou licitude, como por exemplo: estado de necessidade, legítima defesa, inimputáveis. Classificam-se em permissivas, explicativas e complementares PERMISSIVAS: torna lícita uma conduta proibitiva, mediante comprovada necessidade maior, justificando ou retirando a culpa do agente da ação. EXPLICATIVAS: são aquelas que esclarecem o conteúdo de outras normas penais. Art. 327 C.P. Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. COMPLEMENTARES: são aquelas que fornecem princípios gerais para a aplicação da lei penal. art. 59, C.P. 23. Explique normas penais em branco e suas subdivisões. Normas penais em branco são aquelas que necessitam de complementação para que se possa entender como deve ser aplicado seu preceito primário, sendo necessário retirar a resposta de outra norma. NORMAS PENAIS EM BRANCO HOMOGÊNEAS: o seu complemento é feito a partir da mesma fonte legislativa. Ex: Art. 237 do C.P. - Contrair casamento, conhecendo a existência de impedimento que lhe cause a nulidade absoluta: Pena - detenção, de três meses a um ano. O código civil (que pertence à mesma fonte do direito penal, o congresso nacional) no seu artigo 1.521, identifica em quais casos há o impedimento de contrair casamento. HOMOGÊNEAS HOMOVITELÍNEAS: quando o complemento é feito por uma norma também penal. HOMOGÊNEAS HETEROVITELÍNEAS: quando o complemento é feito por uma norma de outra seara do direito (código civil, por exemplo). NORMAS PENAIS EM BRANCO HETEROGÊNEAS: são as que utilizam complemento a partir de fontes diversas do direito. EX: A Lei n.º 11.343/2006 (lei de combate ao tráfico de drogas) mas o que são drogas para essa lei? A Portaria 344/98 da ANVISA, que é oriunda de uma Autarquia (Fonte diversa), dirá quais são as drogas proibidas no Brasil. 24. Explique normas penais incompletas ou imperfeitas: São normas que necessitam de complemento em seu preceito secundário, em sua pena. Ex.: Art. 1º da Lei 2889/56 (Crime de Genocídio) o artigo afirma que quem o infringir será punido (pena) de acordo com o art. 121, §2º, C.P. 25. Concurso (conflito) aparente de normas e seus princípios: O conflito aparente de normas penais ocorre quando há duas ou mais normas incriminadoras descrevendo o mesmo fato. Sendo assim, existe o conflito, pois mais de uma norma pretende regular o fato, mas é aparente, porque, apenas uma norma é aplicada à hipótese. ESPECIALIDADE: é a prevalência da norma especial sobre a norma geral. Pois a norma especial possui todos os elementos da norma geral e mais alguns. Por isso, a especial se sobressai da geral. SUBSIDIARIEDADE: descreve um grau menor de violação de um mesmo bem jurídico, ou seja, se cometo um fato amplo (dois crimes, um mais leve e um mais grave) a norma que tipifica o fato leve, será absorvida pela norma que tipifica o fato grave (norma primária), pois o fato leve, descreve apenas uma parte do crime. Enquanto o fato grave, descreve o crime como um todo, a norma primária, por ser mais ampla, absorve a subsidiária, por representar apenas parte do crime. CONSUNSÃO: neste princípio, o FATO é o objeto de observação. Em um crime amplo, o fato mais grave, absorverá os demais fatos, analisando para isso, a sequência de acontecimentos no espaço e no tempo em que foram praticados. Assim, ao analisar os fatos, apenas uma norma restará que tipificará o crime. Exemplo: um sujeito dirige perigosamente (direção perigosa) até provocar, dentro do mesmo contexto fático, um acidente fatal (homicídio culposo no trânsito). Neste caso, a direção perigosa é absorvida pelo homicídio culposo, restando este último crime e, consequentemente, a norma que o define. Com isso, evita-se o bis in idem (ninguém pode ser julgado duas vezes pelo mesmo fato), pois o fato menor estaria sendo punido duas vezes. 26. Explique as 3 hipóteses de consunção: CRIME PROGRESSIVO: é quando premeditadamente, o agente busca cometer um crime mais grave e para isso, comete outros crimes sucessivamente até atingir o objetivo final. Exemplo: Na intenção de matar, o agente espanca a vítima (crime de lesão corporal, art. 129, C.P.) e em seguida comete o assassinato. (Art. 121, C.P. crime de homicídio). O último ato, absorve o ato anterior. O agente responderá por homicídio (mais grave) e não por lesão corporal (mais leve). Nesta hipótese, verifica-se os seguintes elementos: - Unidade de elemento subjetivo: desde o início, há uma única vontade; matar! - Unidade de fato: há um só crime, comandado por uma única vontade; - Pluralidade de atos: se houvesse um único ato, não haveria necessidade em absorção; - Progressividade na lesão ao bem jurídico: os atos violam de forma cada vez mais intensa o bem jurídico, sendo o anterior absorvido pelo mais grave. Crime complexo: resulta da fusão de dois ou mais delitos autônomos, que passam a funcionar como elementares ou circunstanciais no tipo complexo, em que o fato complexo absorve os fatos autônomos. Exemplo: latrocínio (roubo + homicídio), o autor responde pelo latrocínio, ficando o roubo e o homicídio absorvidos. PROGRESSÃO CRIMINOSA: se divide em sentido estrito, fato anterior e fato posterior Sentido estrito: o agente inicialmente deseja produzir um resultado, após atingi-lo, decide prosseguir e reiniciar sua agressão produzindo uma lesão mais grave. Observa-se os seguintes elementos: - Pluralidade de desígnios: inicialmente, o agente deseja praticar um crime, após cometê-lo, resolve praticar outro de maior gravidade, demonstrando duas ou mais vontades. - Pluralidade de fatos: existe mais de um crime, correspondente a mais de uma vontade. Embora haja condutas distintas, o agente só responde pelo fato final, mais grave, ficando os demais absorvidos. - Progressividade na lesão ao bem jurídico: a primeira sequência voluntária de atos, provoca uma lesão menos grave do que a última e, por isso, acaba por ele absorvida. b) Fato anterior (ante factum) não punível: o fato anterior menos grave, quando for praticado como meio necessário para a realização de outro maisgrave, será por este absorvido. Exemplo: o agente falsifica uma carteira de identidade e com ela comete um estelionato. Responde pelos crimes de falsidade (art. 297 do CP) e estelionato (art. 171 do CP), uma vez que, o documento falsificado poderá ser utilizado em diversas fraudes. Se, falsificasse a assinatura de um cheque e passasse a um comerciante, responderia apenas pelo estelionato, pois não poderia utilizar mais a folha de cheque em outra fraude. c) Fato posterior (post factum) não punível: quando após a conduta, o agente pratica novo ataque contra o mesmo bem jurídico, apenas para tirar proveito da prática anterior, exemplo, após o furto, o agente destrói ou vende o que furtou. ALTERNATIVIDADE: Princípio aplicado quando a norma descreve várias formas de realização de ato ilícito, onde a ação de uma ou de todas configura crime. São crimes de ação múltipla. “Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com a determinação legal ou regulamentar. ” (Lei 11.343/2006, Lei de Drogas, art. 33, caput) Exemplo, se o agente importa heroína, transporta maconha e vende ópio, cometeu três crimes e responderá pelos três, pois um não tem relação com o outro.
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