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O princípio responsabilidade Hans Jonas

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ – PUC-PR 
ESCOLA DE HUMANIDADES – LICENCIATURA EM FILOSOFIA 
DISCIPLINA: Tópicos de Ética 
PROFESSOR: Reginaldo Aliçando Bordin 
ALUNO: Samuel Bruno da Silva 
		 Adir Fernando B. S. Cruz
DISCUSSÃO E REFLEXÃO SOBRE A ÉTICA DA RESPONSABILIDADE HUMANA DE HANS JONAS
As reflexões sobre a ética de Hans Jonas (1903-1993) descritas na obra “O Princípio Responsabilidade: Ensaio de uma nova ética para a civilização tecnológica” propõe, tal qual o título da obra sugere, diante do panorama da sociedade contemporânea, uma nova consciência sobre o uso da técnica, a influência da tecnologia na ação humana em vista de um compromisso com o futuro da humanidade. 
Na contemporaneidade a natureza encontra-se subjugada ao avanço tecnológico, no sentido de que para que haja o progresso da técnica a destruição dos meios ambienteis é inevitável consequência. A humanidade não tem consciência de seu potencial de destruição sobre a natureza e sobre a vida na Terra, principalmente consciência sobre aquilo que poderá ser das gerações futuras. 
A vulnerabilidade da natureza no contexto atual é crítica ao ver que o avanço da técnica e sua exploração sem limites reflete na dinâmica da vida em todas as suas dimensões. É a partir dessa percepção que nasce uma nova ciência que enxerga a conexão e dependência de todos os seres vivos com a natureza. É a partir disso que se deve pensar uma nova ética para frear a ação humana.
Intrínseco a tudo isso, segundo o autor, está o excesso de liberdade adquirido pela humanidade no decorrer de sua evolução nos diversos conceitos e contextos.
A despeito de toda liberdade concedida à autodeterminação, nem mesmo no interior do ambiente artificial o seu arbítrio poderá revogar algum dia as condições básicas da existência humana. Sim, a inconstância do fardo humano assegura a constância da condição humana (JONAS, 2006, p.33)
Refletindo sobre as éticas anteriores, Hans Jonas afirma que nem as éticas religiosas, ou as éticas que pensam o Estado respondem às exigências da contemporaneidade; tão pouco sobre crescimento da técnica sobre a natureza e as ações humanas na contemporaneidade. Em uma a ética está relacionada ao transcendente que é a referência que define os meios para organização e qualificação individual; na outra preocupação está em torno da organização e com o futuro da sociedade. 
Há ainda a ética utópica, concepção que pensa o futuro da humanidade, mas não a partir de uma ação prática no presente. A ética de Jonas tem um caráter prático, voltado para a ação no momento presente que refletirá nas gerações futuras. Aqui se encontra o princípio responsabilidade que deve ser pensado pela humanidade atual: o que se deixa para as gerações futuras.
Nesse mesmo caminho pensar é que se pensa moralidade. Trata- se de refletir sobre o quanto o indivíduo sabe de sua participação na irresponsabilidade com a humanidade. Pensar um modo de agir sem reconhecer a ignorância diante da realidade técnica e sua exploração, não condizem com a necessidade de conscientização dos indivíduos para uma mudança de comportamento baseado em princípios de responsabilidade. Saber agir e agir sabendo corresponde um pilar desse novo modelo ético.
o saber deve ter a mesma magnitude e dimensão causal do agir. Mas o fato de que ele realmente não possa ter a mesma magnitude, isto é, de que o saber previdente permaneça atrás do saber técnico que confere poder ao nosso agir, ganha, ele próprio, significado ético [...]. Reconhecer a ignorância torna-se, então o outro lado de uma obrigação do saber, e com isso torna-se uma parte da ética que deve instruir o autocontrole, cada vez mais necessário, sobre o nosso excessivo poder (JONAS, 2006, p.41)
Percebe-se que o homem também se tornou objeto da técnica, sobretudo, quando se pensa nas tantas evoluções bioquímicas em vista de melhor a qualidade de vida do homem. Essa realidade colocou o ser humano em uma outra condição: tão dependente dela (da técnica) que suas perspectivas de futuro estão remetidas ao que seria (ou será) produzido no ramo tecnológico. O homo faber puramente prático, técnico, substituiu o homo sabiens, ainda que o primeiro seja decorrente do avanço do segundo. 
Jonas destaca a sede homem que atual tem de descobrir, reinventar e colaborar com os mecanismos humanos. Haja vista todo valor que pode haver no desenvolvimento de meios de compreender e melhorar a vida, o avanço na biologia que propõe respostas sobre a longevidade humana, o controle do comportamento humano, e as modificações genéticas, tais descobertas refletem ao mesmo tempo um bem e um perigo à humanidade. 
Sobre a imortalidade Jonas (2006, p.58) posiciona: “Um desejo eterno da humanidade parece aproximar-se de sua realização. Pela primeira vez temos que nos pôr seriamente à questão: Quão desejável é isto? Quão desejável para o indivíduo e para espécie? ”. O indivíduo tornou-se, diante da técnica, objeto de testes. E essa é mais uma razão para se pensar em um princípio ético que responsabilize e reduza as ações humanas em vista daquilo é comum a todos os indivíduos.
Jonas destaca, dentro deste panorama ético que a proteção e preservação do homem deve partir dele mesmo: “o primeiro objeto de responsabilidade são os outros homens (p.175) ”. Sugere um compartilhamento de valores éticos que garanta sustentavelmente condições às gerações futuras. A reciprocidade entre os indivíduos, segundo Jonas, seria um meio de um cuidar o outro. 
Garantir a existência da humanidade deve ser o primeiro impulso e o principal objetivo da técnica. “Preservar essa possibilidade como responsabilidade cósmica significa precisamente o dever existir (p.177) ”. Essa dimensão responsável refere-se à continuidade da vida, a procriação que permite elementarmente a existência de uma causa para humanidade, assim como o próprio legado que pode ser deixado;
A existência da humanidade significa simplesmente que vivam os homens. Que vivam bem é um imperativo que se segue ao anterior. O fato ontônico bruto de que eles existam, mesmo sem terem sido consultado a esse respeito, se impõe a eles como imperativo: eles devem continuar existindo como tal. (JONAS, 2006, p. 177)
Do mesmo modo aquilo que é produção artística deve ser preservado porque é a exposição do que há no interior humano. Salvaguardar a existência humana compete a pensar necessariamente com imperativo substancial o ambiente em que a existência humana se faz: o meio ambiente. 
A responsabilidade do homem atual com as gerações futuras se dá primeiramente pelo reconhecimento de sua ação na natureza, e daquilo que, de fato, é essencial para sua continuidade e sobrevivência. A educação é um meio, segundo Jonas de transmissão de valores e da adultização, que pode ser compreendida como maturação da consciência individual, dos indivíduos. É ela que dá ao homem a autonomia necessária para responsabilizar-se (JONAS, 2016, p.189).
Nesse sentido encontra-se a maturação da consciência política nos indivíduos. O olhar para história e distinção dos bens e males causados pelo homem devido sua negligência ou incompetência de administração. “Em primeiro lugar e em termos gerais, a análise moderna das causalidades sociais e econômicas é incomparavelmente superior a todo saber anterior, permitindo extrapolações para o futuro (JONAS, 2016, p.194) ”. 
Aqueles que detém o poder deveriam ser os primeiros a responsabilizar-se por uma cultura de preservação da vida humana em decorrência daquilo que está funcionalmente encarregado de realizar que é a organização e manutenção da sociedade. “Uma das responsabilidades do homem público é garantir que a arte de governar continue possível no futuro. Ninguém pode dizer que esse princípio, um saber arrancado ou não-saber, seja um princípio vazio (JONAS,2016, p. 201) “. É nesse sentido que governar se torna uma arte que refletirá nos governos de uma sociedade do futuro.
 
Referências
JONAS, Hans. O princípio da responsabilidade: ensaio de uma ética para a civilização tecnológica.1° ed. Rio de Janeiro, PUC-RIO, 2006.

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