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Pauta para Tema 01 - Filosofia Geral e Jurídica

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AULA 01 – Introdução à Filosofia – Professor Givaldo Matos
“Cada aula de filosofia procura provocar uma sacudidela nos jovens, faze-los ‘quebrar a cabeça’, derrubar suas certezas e provocar suas dúvidas, violar suas virgindades, faze-los perder irreparavelmente inocências e canduras. Toda aula de filosofia exerce violência para provocar no outro um movimento. Um movimento rumo ao... imprevisível”. �
REVISTA VEJA: Como se ensinava filosofia nas grandes escolas gregas?
LUC FERRY: “Ao contrário do que ocorre nas nossas, nas escolas gregas não havia discursos, mas exercícios de aprendizado da sabedoria. Um exemplo: na escola estóica, no século IV A.C., Zenão de Cítio, o primeiro estóico, pedia a seus alunos que pegassem um peixe morto na feira e o amarrassem em uma coleira para levá-lo para passear como se fosse um cachorro. Quando passavam, quase todos olhavam e zombavam. O que pretendiam? Que os alunos não temessem o que os outros diziam. O sábio não é apenas aquele que vence o medo do olhar alheio, do que os outros pensam. O sábio não se importa com as convenções artificiais dessas “boas pessoas”. Ele desvia o olhar para concentrar-se na natureza, no cosmos. Vive em harmonia com a ordem natural, com ele próprio e com o mundo”.�
1 – O que é a Filosofia? Para que serve? Qual a diferença entre Filosofia e Ciências? Duas perspectivas falsas: conhecimento inacessível e conhecimento alienante.
Conceito: Atribui-se ao filósofo Pitágoras de Samos (séc. V a.C.) o uso pela primeira vez da palavra ‘filosofia’. É um termo composto de duas raízes gregas: philo + sophia. Philo, derivada de philia, relaciona-se à amizade e amor fraterno. O segundo termo – sophia – quer dizer sabedoria. Então, etimologicamente, a junção destas duas palavras vem a significar ‘amizade pela sabedoria’ ou ‘amor pelo saber’. Pitágoras, ao ser admirado pela sua sabedoria, respondeu: “Ninguém pode dizer-se sábio a não ser Deus. Quanto a mim, sou filósofo (amigo da sabedoria)”.� 
Características, consoante o conceito etimológico: 
1) Humildade – Desde o início, a pessoa verdadeiramente sábia parte do reconhecimento dos limites do seu saber. Assume a posição de que não possui a certeza absoluta acerca de muitas questões. Uma tendência contrária, no entanto, é geralmente vista nos estabelecimentos e em pessoas que lidam com o saber: o dogmatismo, a crença de que se possui a verdade absoluta. Esta é uma atitude que gera grandes empecilhos ao processo do aprendizado, porque na medida em que se crê tudo saber, não se exercita mais aquele desejo, ansiedade e sede pelo conhecimento.
2) Seriedade - Ele não estava mais disposto a aceitar aquelas respostas descabidas, inverificáveis, que não tinham nenhuma preocupação com a racionalidade e com a lógica. 
2 - A Atitude e a Reflexão Filosófica
Atitude Filosófica – disposição de analisar todo pensamento que se oferece como resposta ou imaginário, vindo do exterior, em ideias, doutrinas, dogmas, etc.
Reflexão Filosófica – disposição de analisar os poderes e limites da razão. Nasce a Teoria do Conhecimento. Questionamos acerca da possibilidade da própria razão fabricar imagens, capazes de enganarem até a si mesma. Será que a razão pode conhecer tudo? Quais são os limites da razão? Como ela desenvolve o conhecimento? Ela é confiável, em suas formulações acerca da realidade? Qual a relação entre ‘razão perfeita’ e ‘esquizofrenia’, doença que incapacita a própria razão de fugir de suas fantasias?
Para pensar: O movimento filosófico surge espontaneamente no ser humano ou existem seres que dificilmente darão liberdade ao impulso filosófico?
“Observa o helenista Pierre Aubenque, em O Problema do Ser em Aristóteles, embora o desejo de conhecer seja uma tendência natural dos humanos, a abertura da Metafísica também afirma que a filosofia, nascida do espanto, não é um impulso espontâneo, mas nasce de uma pressão sobre nossa alma, causada por uma aporia, isto é, por uma dificuldade que nos parece insolúvel”. Chauí, Marilena. Introdução à História da Filosofia. Pg. 329
Isto significa que, para Aristóteles, uma pessoa que não tem dúvidas nenhuma não pode sofrer esta pressão na alma, pois nada lhe parece insolúvel, tudo já está resolvido, claro. Por outro lado,quando existe a percepção da complexidade da realidade, quando somos confrontados com os argumentos contrários à nossa perspectiva, quando os analisamos com honestidade intelectual, instala-se em nós este espanto!
3 - Tipos de conhecimento
O que é conhecimento? É a apreensão de algum dado da realidade, externa ou interna a nós. É o resultado da relação entre o observador e o objeto observado. É construído a partir de nossas experiências com o mundo, com pessoas, com a literatura, etc. Podemos falar basicamente em quatro tipos: o senso comum, a religião, a ciência e a filosofia. 
3.1 - Senso comum – Também chamado de conhecimento empírico ou vulgar, porque obtido ao acaso, através de experiências não planejadas. É construído também a partir da escuta das respostas do meio onde se vive. Pela difusão e repetição de um determinado conceito, acaba-se por tomá-lo como verdadeiro. 
3.2 - Religioso – Também chamado ‘Conhecimento Teológico’, por estar relacionado à fé em uma Revelação Divina. Desta forma, não se preocupa em ser negado ou afirmado pelas ciências. Dependerá muito mais de uma opção radical do crente de uma determinada tradição religiosa, do que uma coerência lógica, racional ou científica. 
3.3 - Científico – É o conhecimento obtido a partir da análise das relações de causa e efeito, em repetidas experiências analisadas pela metodologia científica. Lida apenas com fatos concretos e objetivos (não lida com questões que está além da experimentação, como por exemplo, a existência de Deus, da alma ou da liberdade humana). Diferentemente da religião, desdobra-se a partir de teorias, que podem ser contrastadas, desafiadas ou reelaboradas. Requer exatidão, clareza e verificabilidade. 
3.4 - Conhecimento Filosófico – Como já trabalhamos acima, a Filosofia é a análise crítica acerca das afirmações que se faz acerca da realidade (acerca de qualquer tema humano) e da possibilidade do próprio conhecimento (estudo de seus princípios e limites, da racionalidade, dos valores; das formas da consciência, ilusão e preconceito; percepção, linguagem, memória, inteligência, experiência, reflexão, vontade, comportamento, paixões e desejos, etc.). Neste sentido, instaura-se como instrumento crítico do Senso Comum, da Religião (Filosofia da Religião) e da própria Ciência (Filosofia da Ciência). Por fim, a Filosofia desempenha ainda o papel de buscar o fundamento e sentido último da realidade, ou seja, o princípio organizador de toda a racionalidade e existência. 
Filosofia em Crise – o debate entre ciência, religião e filosofia:
A Filosofia, como disciplina de análise crítica dos discursos que se fazem sobre a realidade, entra em colisão, ora outra, com as interpretações da realidade derivadas das outras fontes de conhecimento. Faz isto porque tem como tarefa primordial a análise das ideias. 
4 - Qual é a Utilidade da Filosofia?
 “Se abandonar a ingenuidade e os preconceitos do senso comum for útil; se não se deixar guiar pela submissão às ideias dominantes e aos poderes estabelecidos for útil; se buscar compreender a significação do mundo, da cultura, da história for útil; se conhecer o sentido das criações humanas nas artes, nas ciências e na política for útil; se dar a cada um de nós e à nossa sociedade os meios para serem conscientes de si e de suas ações numa prática que deseja a liberdade e a felicidade para todos for útil, então podemos dizer que a Filosofia é o mais útil de todos os saberes de que os seres humanos são capazes”.� Marilena Chauí, Filósofa
Pode existir filosofia dogmática?
Três tipos de Filósofos, segundo Bacon (Cf. Shattuck, 45):
Os que pensam que conhecem a verdade, ou dogmáticos presunçosos;
Os que acreditam que nada pode ser conhecido, ou céticosdesesperados;
Os que continuam a fazer perguntas a fim de obter um conhecimento imperfeito.
Shattuck, Roger. Conhecimento Proibido. São Paulo: Companhia das Letras, 1998
Exercícios: Analise o texto e a imagem abaixo, e manifeste sua opinião sobre seu conteúdo.
A Velha Ignorância
Em 1793, Willian Blake retratou a tensão que existe entre tradição e Filosofia, em seu quadro Aged Ignorance [Velha Ignorância], em uma das gravuras que fez em seu livro de ilustrações The Gates Of Paradise [Os Portões do Paraíso]. Na figura, temos a imagem de uma criança alada sendo atraída pelo sol, e um ancião com óculos profissionais e uma grande tesoura nas mãos, de costas para a luz. Ele abre a tesoura e apara as asas da criança. A imagem retrata a curiosidade e o desejo de conhecimento das pessoas que ainda são jovens ou ávidas pela sabedoria e, por outro lado, a atitude do ancião, representando a tradição ou os dogmas estabelecidos que, satisfeita por crer já estar de posse da verdade, poda a liberdade da criança contemplar a luz do conhecimento. O quadro retrata perfeitamente a tensão que existe entre tradição, conhecimento estabelecido e a busca por novas respostas. Por um lado, a tradição é o depósito dos conhecimentos úteis adquiridos pela sociedade. Por outro, ela pode muitas vezes trancar-se em si mesma, impedindo que novas reflexões possam iluminar a o tempo presente, marcado pela presença de novas problemáticas. 
Perguntas para memorizar:
O que é Filosofia? Qual a importância da Filosofia? Que características devem se revelar na vida do filósofo, partindo da definição etimológica da palavra ‘Filosofia’? O que é atitude filosófica? Disserte sobre os tipos de conhecimento.
Sugestões de Leituras, sites e filmes: 
Leituras:
Chauí, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática Editora, 1999.
Gaarder, Jostein. O Mundo de Sofia. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
Stein, Ernildo. Uma Breve Introdução à Filosofia. Ijuí: Unijuí Editora, 2002.
Osborne, Richard. Filosofia Para Principiantes. Rio de Janeiro: Objetiva Editora, 1998.
Filmes: 300 (2008) – O filme mostra a experiência do Rei Leônidas, de Esparta, em questionar a Religião e os Mitos, expressando a nova mentalidade grega – a racionalidade lógica.
� Langón In Gallo, cornelli, Danelon. In: Anderson de Araújo e Dirk Greimann O Ensino de Filosofia a partir de Situações Filosóficas. http://www.forumsulfilosofia.org/vsimposio/comunicacoes/COMUNICACOES/32.pdf
� FERRY, Luc. A Felicidade não Existe. REVISTA VEJA. In: < � HYPERLINK "http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/luc-ferry-%E2%80%9Ca-felicidade-nao-existe-o-que-existe-e-a-serenidade%E2%80%9D" �http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/luc-ferry-%E2%80%9Ca-felicidade-nao-existe-o-que-existe-e-a-serenidade%E2%80%9D�> Acesso em 18/05/2012.
� Para ler mais: � HYPERLINK "http://www.hottopos.com/notand2/a_palavra.htm" �http://www.hottopos.com/notand2/a_palavra.htm� - A Palavra "Filosofia" - Mario Bruno Sproviero. NOTANDUM - Revista Semestral Internacional de Estudios Académicos- ANO I N. 2 julio-deciembre 1998.
� Chauí, Marilena. Convite à Filosofia. Pg. 24.

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