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As "Astreintes" e sua Aplicabilidade no Âmbito do Cumprimento de Sentença

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AS “ASTREINTES” E SUA APLICABILIDADE NO ÂMBITO DO CUMPRIMENTO DE SENTEÇA QUE RECONHEÇA A EXIGIBILIDADE DE OBRIGAÇÃO DE FAZER, NÃO FAZER E ENTREGAR COISA.
Paulo Ronny Santiago Costa – 201407030
Astreintes (termo em francês) ou simplesmente “multa”, significa a imposição pelo juiz de uma pena diária para “forçar” o devedor ao cumprimento de determinada obrigação originada de uma ordem judicial. 
Segundo definição de Alexandre Freitas Câmara astreintes é “[...] a multa periódica pelo atraso no cumprimento de obrigação de fazer ou de não fazer, incidente em processo executivo (ou na fase executiva de um processo misto), fundado em título judicial ou extrajudicial, e que cumpre a função de pressionar psicologicamente o executado, para que cumpra sua prestação.” O dispositivo da astreintes nasceu no Direito Francês (como já dito, astreintes é um termo francês, que significa “sanção”) e busca tornar o processo judicial mais célere e eficaz.[1: CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de Direito Processual Civil. v. 2. 22ª ed.. São Paulo: Atlas, 2013, p. 278.]
De todas as questões que são debatidas em relação à aplicabilidade da astreintes, as diferentes opiniões sobre a natureza jurídica que colocam em questão a verdadeira finalidade da geração da multa são as mais constantes. 
Alguns doutrinadores alegam que a astreintes possui natureza jurídica de penalidade assim como outras multas do CPC, além de enriquecer o credor. Ao contrário desse pensamento minoritário, Misael Montenegro defende que a astreintes é um tipo de “medida de apoio”, “meramente terapêutica” e que não tem por finalidade enriquecer o credor, que poderá até sim beneficiar-se financeiramente da multa, mas somente em casos de perdura por tempo razoável de pagamento. [2: MISAEL, Montenegro Filho. Curso de Direto Processual Civil: de acordo com o novo CPC. 12. ed. reform. e atual. – São Paulo : Atlas, 2016.]
Apesar de algumas doutrinas, quando falamos em relação à natureza da multa coercitiva, fica claro que é majoritário o entendimento da maioria dos doutrinadores de que se trata de uma pena para meramente intimidar, diferenciando-se claramente de multas de natureza puramente punitiva. 
Quando iniciada no Brasil pela primeira vez no artigo 287 da Lei nº 5869 de 1973, a astreintes era limitada apenas para devedor condenado ao cumprimento de sentença de obrigação de fazer ou de não fazer e somente após a alteração da Lei nº 10.444 de 2002 admitiu-se a multa para obrigações de entregar coisa. 
Recentemente, depois de muito se debater, em caso julgado na quinta-feira, 17/11/2016, a 4ª turma do STJ definiu alguns critérios para a fixação de astreintes, a turma seguiu o voto do ministro Luis Felipe Salomão, no qual diz que “o melhor caminho deve levar em conta, a um só tempo, o momento em que a multa é aplicada pelo magistrado e também aquele em que esta se converte em crédito a ser exigido.” No referido voto ficou fixado, dependendo do caso concreto, os seguintes critérios: (i) valor da obrigação e importância do bem jurídico tutelado (ii) tempo para cumprimento (prazo razoável e periodicidade) (iii) capacidade econômica e capacidade de resistência do devedor (iv) possibilidade de adoção de outros meios pelo magistrado e dever do credor de mitigar o próprio prejuízo. [3: http://www.stj.jus.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=AREsp738682]
Apesar de todas as reformas significativas sobre as astreintes durante os anos, diversas questões que a envolvem ainda permaneceram com lacunas, sendo motivo de divergência da doutrina, cabendo à jurisprudência diminuir as controvérsias. O assunto sobre critérios de fixação da astreintes acima citado é debatido há muito tempo na doutrina orbitando em torno da razoabilidade e proporcionalidade.
Conduto, a satisfação da pretensão nas obrigações de fazer, de não fazer e entregar coisa enquanto finalidade das multas coercitivas é um importante instrumento processual do qual não se tem mais dúvidas sobre sua efetivação, sendo potencialmente benéfico ao processo. Como diz Misael Montenegro “não há dúvidas de que o devedor só costuma adimplir a obrigação específica quando sente as consequências no seu bolso.”
 Com isso, podemos concluir que é de fácil entendimento que a aplicação razoável e proporcional da astreinte, além de buscar a efetivação dos interesses do exequente, busca também a garantia da autoridade das decisões pelo Judiciário.
REFERÊNCIAS: 
CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de Direito Processual Civil. v. 2. 22ª ed.. São Paulo: Atlas, 2013, p. 278.
 MISAEL, Montenegro Filho. Curso de Direto Processual Civil: de acordo com o novo CPC. 12. ed. reform. e atual. – São Paulo : Atlas, 2016.
BRASIL. Código Civil de 2002. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>. Acesso em: 21 abr. 2015.
_______. Código de Processo Civil de 1973. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5869compilada.htm>. Acesso em: 21 abr. 2015.
_______. Código de Processo Civil de 2015. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm>. Acesso em: 17 nov 2016.
_______. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso em: 17 nov 2015.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL: NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de direito processual civil. São Paulo: Método. (última edição possível);
<http://www.stj.jus.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=AREsp738682> Acesso em: 18 nov. 2016.

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