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LEIS PENAIS ESPECIAIS Pós-Graduação em Direito Penal e Processual Penal. Universidade Cândido Mendes. Prof. Gisele Alves. LEI DE CRIMES HEDIONDOS – LEI Nº 8.072/1990. • Fim dos anos 80 e grande preocupação com a contenção da criminalidade, inclusive expressa na Constituição de 1988. • Larga presença de princípios de direito penal e processual penal constitucionais. • Art. 5º, XLIII, da CF/88 → Representa a escolha de uma política criminal de endurecimento penal, que será consolidada e regulamentada com a lei. Conceito e embasamento constitucional da categoria. LEI DE CRIMES HEDIONDOS – LEI Nº 8.072/1990. • Fim do período autoritário, e advento de movimentos democráticos e humanistas que rompiam com diversos diplomas legais da ditadura. Após o alcance de parciais conquistas democráticas, verificou-se a presença de outros movimentos de política criminal não comprometidos com o ideário da Reforma Penal e a humanização do sistema punitivo. Considerações gerais e histórico político e social da lei. LEI DE CRIMES HEDIONDOS: CONSIDERAÇÕES GERAIS E HISTÓRICO POLÍTICO E SOCIAL DA LEI. A lei de crimes hediondos é a maior prova do rompimento da política com ideais humanitários e o sistema penal. Populismo penal midiático como ator decisivo na promoção da promulgação da lei, e sustentação de institutos penais eivados de inconstitucionalidade. Fatos criminosos explorados excessivamente (Dramatização da Violência) com o fim de incrementar a real situação da criminalidade e justificar uma redação legislativa sem razoabilidade punitiva (penas desproporcionais): Sequestros de grandes empresários, Caso Daniela Perez, Chacinas de Vigário Geral e Candelária. LEI DE CRIMES HEDIONDOS: CONSIDERAÇÕES GERAIS E HISTÓRICO POLÍTICO E SOCIAL DA LEI. Convencimento midiático do ascenso da criminalidade e sua relação com o fracasso de propostas “reeducativas”, despontando assim os movimentos de lei e ordem no Brasil Tais movimentos promovem uma política criminal na qual: a) a pena se justifica como um castigo no velho sentido, b) crimes graves hão de castigar-se com penas severas e duradouras, c) penas privativas de liberdade impostas por crimes violentos, cumpridas em estabelecimentos de segurança máxima, d) Uso de excepcional regime de severidade distinto dos demais condenados, e) Diminuição dos poderes individuais do juiz e um menor controle judicial na execução que ficará a cargo quase que exclusivamente das autoridades penitenciárias. LEI DE CRIMES HEDIONDOS: LEI N. 8.072/1990: DIPLOMAS ALTERADORES • Lei 8.930/1994 – Inclusão do homicídio simples em atividade típica de grupo de extermínio, do homicídio qualificado, e do genocídio. Exclusão do envenenamento de água potável ou de substância alimentícia ou medicinal, qualificado pela morte. Lei penais posteriores que reformaram a lei e expandiram o conceito de crime hediondo. • Lei 9.695/1998 e Lei 9.677/1998 – Depois de muita controvérsia incluiu o art. 273, caput, §1º, §1º-A, §1º- B do CP no rol dos hediondos. Lei penais posteriores que reformaram a lei e expandiram o conceito de crime hediondo. • Lei 12.015/2009 – Lei que alterou o título dos crimes contra a dignidade sexual do CP – Incluiu o estupro de vulnerável e revogou a figura do atentado de violento que teve sua descrição típica incluída no tipo de estupro. Lei penais posteriores que reformaram a lei e expandiram o conceito de crime hediondo. LEI DE CRIMES HEDIONDOS: LEI N. 8.072/1990: DIPLOMAS ALTERADORES Lei n. 12.978/2014 Inclusão do crime do art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º, do CP no rol dos crimes hediondos. Favorecimento da prostituição, ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente, ou de vulnerável. LEI DE CRIMES HEDIONDOS: LEI N. 8.072/1990 – DIPLOMAS ALTERADORES Lei n. 13.104/2015: inclusão do feminicídio como crime hediondo. • A referida lei incluiu no rol do homicídio qualificado, o feminicídio, que consiste no homicídio praticado contra mulher por razões de condição do sexo feminino (art. 121, §2º, VI, c/c § 2º-A, do CP) Lei n. 13. 142/2015: inclusão do homicídio, contra integrantes das forças armadas, policial civil ou militar, integrantes do sistema penitenciário, e Força Nacional, no exercício da função ou em razão dela no rol dos crimes hediondos. • A lei incluiu o inciso VII, do § 2º, do art. 121, do CP no rol dos delitos hediondos, considerando também crime hediondo, além das hipóteses acima, o homicídio contra o cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo, até terceiro grau, dos agentes acima citados, desde que em razão de suas funções. LEI DE CRIMES HEDIONDOS: LEI N. 8.072/1990: DIPLOMAS ALTERADORES Lei n. 13.142/2015 Incluiu no art. 1º da Lei n. 8072/1990 o I-A: Crimes de lesão corporal gravíssima ou seguida de morte (art. 129,§ 2º e 3º) Quando praticados contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da CF/88, integrantes do Sistema Prisional, e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em razão dela, ou contra seu cônjuge, companheiro, parente consanguíneo até 3º grau, em razão desta condição. LEI DE CRIMES HEDIONDOS Hediondos e equiparados. • Rol taxativo: art. 1º e parágrafo único da Lei 8.072/1990. (Adoção do critério legal de definição de crime hediondo). • Art. 5º, XLIII, da CF/88 estende o tratamento dos crimes hediondos às figuras típicas de Terrorismo (art. 2º da Lei 13.260/2016 – Lei de Terrorismo), Tortura (art. 1º da Lei 9.455/1997) e Tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins (Lei 11.343/2006). O art. 2º da Lei 8.072/1990 obedecendo a vontade do constituinte também define os delitos acima mencionados como equiparados a hediondos. LEI DE CRIMES HEDIONDOS: APONTAMENTOS ACERCA DOS CRIMES HEDIONDOS E EQUIPARADOS. Homicídio simples praticado em atividade típica de grupo de extermínio ainda que por um só agente – difícil configuração, já que geralmente tal atividade revelará alguma hipótese de qualificadora (motivo torpe, fútil, impossibilidade de defesa, etc.). Há controvérsias sobre a quantidade mínima de agentes (há posições que exigem no mínimo 2 pessoas, outras exigindo de 03 a 04 pessoas). Alguns questionam ainda a ausência de um conceito legal de grupo de extermínio/de atividade típica de grupo de extermínio, mesmo após o advento do art. 288-A, o que impediria a aplicação da norma por afronta ao princípio da reserva legal. Para os que concordam com sua aplicação, entendem que além de considerar a hediondez da conduta, deve-se aplicar também a majorante do art. 121, § 6º, do CP (por ter sido o homicídio praticado por grupo de extermínio). Com relação ao homicídio qualificado do art. 121, §2º, VII (homicídio praticado contra autoridade ou agente descritos nos art. 142 e 144 da CF/88, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela; e as Lesões corporais gravíssima ou seguida de morte contra esses mesmos agentes. LEI DE CRIMES HEDIONDOS: APONTAMENTOS ACERCA DOS CRIMES HEDIONDOS E EQUIPARADOS. Há controvérsia se no caso dos crimes anteriores a expressão “autoridade” compreende membros do Ministério Público e da Magistratura. Para uma corrente (Francisco Dirceu Barros) sim a expressão abrange tais autoridades a partir de uma interpretação analógica. Para outra corrente (Rogério Greco e Rogério Sanches) não há essa abrangência, apenas se referindo autoridades que exercem função policial lato sensu, e não as demais autoridades, ainda que estas estejam ligadas de alguma forma à Justiça Penal. Destaca-se também que o reconhecimento da natureza hedionda dessas infrações ocorreráainda que a autoridade ou agente lesados sejam aposentados, desde que o crime tenha se dado em razão ou em decorrência de sua função pública. LEI DE CRIMES HEDIONDOS: APONTAMENTOS ACERCA DOS CRIMES HEDIONDOS E EQUIPARADOS. Ainda com relação as duas infrações hediondas logo acima citadas discute-se o reconhecimento da natureza hedionda dos crimes, e no homicídio o reconhecimento da própria qualificadora no caso do crime ocorrer contra filho/filha adotivos, tendo em vista que o legislador se referiu a parente consanguíneo, em que pese a CF/88 em seu art. 227, §6º, tenha proibido quaisquer designações discriminatórias. O art. 1593 do CC diz ainda que o parentesco é civil ou natural conforme resulte de consanguinidade ou outra origem. Mesmo com todas essas considerações Rogério Greco e Eduardo Cabette entendem que no caso da vítima ser filho adotivo não se deve reconhecer no caso do homicídio a qualificadora, e muito menos a natureza hedionda da infração, o mesmo ocorrendo com as lesões corporais gravíssima e de morte, sob pena de aplicação de analogia in malam partem. Em sentido contrário: Francisco Dirceu de Barros alegando a equiparação entre filhos adotivos e consanguíneos feita pela CF/88. LEI DE CRIMES HEDIONDOS: APONTAMENTOS ACERCA DOS CRIMES HEDIONDOS E EQUIPARADOS. Homicídio privilegiado-qualificado → Posição que prevalece, inclusive na jurisprudência do STJ, é de que tal crime não é hediondo, pois há preponderância da circunstância subjetiva que constitui o privilégio, a partir de uma interpretação analógica contida no art. 67 do CP sobre a prevalência das circunstâncias de caráter subjetivo no concurso entre agravantes e atenuantes. Extorsão qualificada pela privação da liberdade com resultado morte (“Sequestro relâmpago” - art.158, § 3º) → Em que pese o legislador não ter previsto no rol dos crimes hediondos tal infração, poderia esta ser considerada crime hediondo? Posição que prevalece: sim, pois o legislador equipara a própria extorsão qualificada pela morte, que constitui crime hediondo, além disso, as penas aplicáveis são as correspondentes a extorsão mediante sequestro qualificada pela morte, que também é hedionda (Rogério Sanches e Rogério Greco). Em contrário Renato Brasileiro e Alberto Silva Franco que alegam não ter a Lei n. 11.923/2009 alterado expressamente a lei de crimes hediondos incluindo essa forma qualificada de extorsão no rol do art. 1º da Lei de Crimes Hediondos. LEI DE CRIMES HEDIONDOS: APONTAMENTOS ACERCA DOS CRIMES HEDIONDOS E EQUIPARADOS. Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais (art. 273, caput, e § 1º, §1º-A, §1º- B, com a redação dada pela Lei n. 9.677/98) → Vejam que cosméticos e saneantes foram incluídos entre os objetos materiais desse crime. Destaca Delmanto, que punir com as duríssimas penas desse dispositivo quem falsifica esses produtos é uma violação do princípio da proporcionalidade. Ressalte-se ainda, que apesar do legislador não ter feito menção de que as formas qualificadas pela lesão ou morte deste crime são crimes hediondos, a jurisprudência assim entendem sob pena de haver mais uma violação ao princípio citado. Observe que a Corte Especial do STJ, no julgamento do HC 239.363/PR reconheceu a inconstitucionalidade do preceito secundário do art. 273 do CP, e determinou a aplicação das penas do crime de tráfico de drogas (reclusão de 05 a 15 anos), para não haver ofensa à proporcionalidade e razoabilidade, mantendo entretanto o caráter hediondo do delito. LEI DE CRIMES HEDIONDOS: APONTAMENTOS ACERCA DOS CRIMES HEDIONDOS E EQUIPARADOS. Genocídio → Art. 1º, parágrafo único da Lei n. 8.072/1990. O texto da lei de crimes hediondos contém um equívoco, porque confere caráter hediondo ao genocídio, indicando as previsões dos artigos 1º, 2º, e 3º da Lei n. 2.889/1956, quando na verdade, genocídio só foi estabelecido no art. 1º, tratando os demais dispositivos de associação criminosa para genocídio, e incitação de genocídio. Diante disso, o posicionamento que prevalece é o de não considerar os artigos 2º e 3º como crime hediondo, apenas o 1º. Outra questão polêmica que envolve a infração supracitada diz respeito a ter ocorrido uma revogação tácita do art. 2º da Lei de Genocídio – Crime de associação criminosa para genocídio, pelo art. 8º da Lei de Crimes Hediondos, que traz a associação criminosa para crimes hediondos e equiparados. Alberto Silva Franco entende que sim por ser a lei de crimes hediondos mais recente, já Rogério Greco entende que não por se tratar de lei especial, mantendo a associação criminosa para genocídio pelo princípio da especialidade. LEI DE CRIMES HEDIONDOS: APONTAMENOS ACERCA DOS CRIMES HEDIONDOS E EQUIPARADOS. Terrorismo → A Lei n.13.260/2016 finalmente regulamentou o disposto no art. 5°, XLIII, da CF/88, tipificando o crime de terrorismo até então não conceituado legalmente em nosso ordenamento jurídico. A lei traz ainda disposições investigatórias e processuais, e claro conceitua organização terrorista. Vale ressaltar que tal lei recebeu inúmeras críticas, especialmente por trazer conceitos imprecisos que representam grave violação ao princípio da reserva legal e taxatividade. Tráfico de drogas → Constitui as infrações previstas nos artigos 33, caput, §1º, e 34 da Lei de Drogas (Lei n. 11.343/2006) de acordo com Victor Eduardo Rios Gonçalves e José Paulo Baltazar Junior. Destaca-se que há autores que utilizam-se da interpretação do art. 44 da lei de drogas para ampliar esse rol, entendendo que além do art. 33, caput, §1º, e 34, incluem-se ainda os crimes dos artigos 36 e 37, se filiando a este posicionamento Renato Brasileiro e Rogério Greco. LEI DE CRIMES HEDIONDOS: APONTAMENTOS ACERCA DOS CRIMES HEDIONDOS E EQUIPARADOS. Polêmica surgiu quanto ao caráter hediondo da Associação para o Tráfico (art. 35 da Lei n. 11.343/2006), entendendo STF e STJ pela não hediondez do referido crime. A mesma questão envolve o crime de Tráfico Privilegiado – art. 33,§3º da lei supramencionada, que consiste na redução da pena de 1/6 a 2/3 quando o agente é primário, possui bons antecedentes e demonstra que não se dedicava à atividades criminosas e não integrava organização criminosa. No julgamento do HC 118.533, Rel. Min. Cármen Lúcia, em 23/06/2016, o Plenário do STF decidiu que o tráfico privilegiado de drogas não possui natureza equiparada à hedionda. Tal decisão se sobrepõe ao que havia decidido o STJ que entendia pela natureza hedionda desta figura penal, o que estava exposto na Súmula 512 cancelada em 23/11/2016. LEI DE CRIMES HEDIONDOS: APONTAMENOS ACERCA DOS CRIMES HEDIONDOS E EQUIPARADOS. Crimes militares A lei 8.072/1990 não fez menção aos crimes militares, por essa razão infrações cometidas por militares em serviço, ainda que possuam elementos idênticos aos de um crime comum definido como hediondo, não terão tal natureza. Ex. Estando um militar em serviço, e realizando neste momento uma conduta de estupro, não será julgado por tal ação como crime hediondo, exceto se não estivesse em serviço. Crimes hediondos e suas implicações com o Código Penal, de Processo Penal e a Constituição Federal/88: Vedação de fiança, anistia, graça e indulto. O art. 5º, XLIII, da CF/88 estabelece que crimes hediondos e equiparados são insuscetíveis de anistia, graça, e fiança. O legislador infraconstitucional ampliando o previsto no texto constitucional, incluiu a vedação do indulto, o que promoveu um debate se tal proibição era ou não constitucional, se consolidando entendimento no STF e STJ que a proibição é válida. Com relação ao indulto humanitário previsto no art. 1º, XII, a, b, e c do Decreto n. 8.615 de 2015 por razões de ordem humanitária o entendimento doutrinário majoritário é no sentidoque mesmo os condenados aos crimes da Lei de Crimes Hediondos fazem jus ao benefício, no entanto, o STF se manifestou contrário a aplicação desta forma de indulto no caso de tráfico de drogas. CRIMES HEDIONDOS E SUAS IMPLICAÇÕES COM O CÓDIGO PENAL, DE PROCESSO PENAL E A CONSTITUIÇÃO FEDERAL/88: VEDAÇÃO DE FIANÇA, ANISTIA, GRAÇA E INDULTO. A proibição da liberdade provisória expressa no texto original do art. 2º, II, foi excluída com o advento da Lei 11.464/2007, sendo assim, apesar de inafiançáveis, admitem liberdade provisória, se ausentes os pressupostos que autorizam a prisão cautelar, assim como admitem relaxamento da prisão por excesso de prazo, ou outras nulidades. – Súmula 697 do STF perdeu o objeto. Essa vedação peremptoriamente da liberdade provisória sem fiança cumulada com as medidas cautelares por parte do legislador que criava uma prisão cautelar obrigatória no caso dos crimes hediondos e equiparados afrontava o princípio da presunção de não culpabilidade, e privava o magistrado da análise da necessidade da manutenção da prisão cautelar do agente, impondo uma prisão ex lege, e um juízo prévio e abstrato de periculosidade realizado pelo legilador segundo Renato Brasileiro. CRIMES HEDIONDOS E SUAS IMPLICAÇÕES COM O CÓDIGO PENAL, DE PROCESSO PENAL E A CONSTITUIÇÃO FEDERAL/88 • Art. 2º, §1º, da Lei 8.072/1990 – Regime inicialmente fechado. Violação do princípio da individualização da pena – Aplicação da regra do art. 33,§ 2º, a, b e c do CP (entendimento adotado no STF – Informativo 615). Regime inicial de cumprimento de pena • O regime inicial só poderá ser o fechado quando a pena for superior a 08 anos, se o acusado for reincidente, ou se as circunstâncias do caso indicarem a gravidade diferenciada – fundamentação da sentença. Regime inicial de cumprimento da pena • Art. 2º, §2º da Lei 8.072/1990. • Súmula Vinculante 26 do STF e Súmulas 439 e 471 do STJ – exame criminológico e requisitos para progressão. Progressão de regime (2/5 se primário, 3/5 se reincidente) • Atualmente os Tribunais Superiores admitem a concessão de penas restritivas de direitos e sursis se preenchidos seus requisitos autorizadores – art. 44 e 77 do CP. (Informativo 615 do STF). Aplicação de Pena restritiva de direitos e Sursis em crimes hediondos. CRIMES HEDIONDOS E SUAS IMPLICAÇÕES COM O CÓDIGO PENAL, DE PROCESSO PENAL E A CONSTITUIÇÃO FEDERAL/88 Apelo em liberdade • Art. 2º, §3º da Lei – Possível, desde que em decisão fundamentada. Não há mais a orientação de se proceder a prisão compulsoriamente, em caso de condenação de 1º grau. CRIMES HEDIONDOS E SUAS IMPLICAÇÕES COM O CÓDIGO PENAL, DE PROCESSO PENAL E A CONSTITUIÇÃO FEDERAL/88 Prisão Temporária • De acordo com o previsto no art. 2º, §4º da Lei 8072/1990 a prisão temporária disposta no art. 1º da Lei n. 7.960/89 para os crimes hediondos e equiparados terá o prazo de 30 dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade. Para crimes comuns o prazo é de 05 dias, prorrogável por igual período. Segunda a Lei n. 7.960/89 cabe prisão temporária: I – quando for imprescindível para as investigações durante o inquérito; II – quando o indiciado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos necessários ao esclarecimento de sua identidade; III – quando houver indícios de autoria ou de participação em dos seguintes crimes: homicídio doloso, sequestro ou cárcere privado, roubo, extorsão ou extorsão mediante sequestro, estupro, epidemia, ou envenenamento de água ou alimento, quadrilha, genocídio, tráfico de entorpecentes ou crime contra o sistema financeiro. CRIMES HEDIONDOS E SUAS IMPLICAÇÕES COM O CÓDIGO PENAL, DE PROCESSO PENAL E A CONSTITUIÇÃO FEDERAL/88 Prisão Temporária • Apesar das divergências prevalece o entendimento que a prisão temporária só cabe nos crimes do inciso III acima e desde que presente a hipótese do inciso I ou II, mas com o advento da Lei n. 8069/90 ampliou-se o rol dos crimes cabíveis de prisão temporária. Destaca-se que a prisão temporária só pode ser decretada na fase inquisitorial. • Com a nova redação dos artigos 283 e 311 do CPP dada pela Lei n. 12.403/2011 reconheceu-se a coexistência das prisões temporária e preventiva ,e a possibilidade de ambas na fase policial. O art. 313, parágrafo único, do CPP revogou a parte final do inciso II do art. 1º da Lei 7.960/89 que previa a prisão temporária por falta de identificação do acusado, uma vez que isso atualmente autoriza a preventiva durante o inquérito. CRIMES HEDIONDOS E SUAS IMPLICAÇÕES COM O CÓDIGO PENAL, DE PROCESSO PENAL E A CONSTITUIÇÃO FEDERAL/88 • Art. 83, V, do CP e Art. 5º da Lei n. 8.072/1990 – Cumprimento de mais de 2/3 da pena, e demais requisitos subjetivos e objetivos, desde que não reincidente específico. Duas posições sobre reincidência específica: restritiva e ampliativa. Para tráfico, a lei de drogas faz a mesma previsão, impedindo o livramento condicional ao reincidente em tráfico. Vale ressaltar o cuidado com a irretroatividade da lei penal, nos casos de inclusão posterior do crime no rol dos hediondos. Livramento condicional. • Para Renato Brasileiro a lei de drogas por se tratar de lei especial e posterior a de crimes hediondos refere-se exclusivamente ao delito de tráfico de drogas. Sendo assim de acordo com o art. 44 da Lei de Drogas o que impede a aplicação do livramento condicional para o tráfico de drogas é somente a reincidência específica nessa infração penal. Livramento condicional CRIMES HEDIONDOS E SUAS IMPLICAÇÕES COM O CÓDIGO PENAL, DE PROCESSO PENAL E A CONSTITUIÇÃO FEDERAL/88: ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA ESPECÍFICA. Art. 8º da Lei 8.072/1990 ≠ Art. 288 do CP ≠ Art. 35 da Lei. 11.343/2006 (prevalece no caso de tráfico de drogas em razão do princípio da especialidade). A majorante do art. 288, parágrafo único, do CP, se aplica ao art. 8º da Lei de Crimes Hediondos. (aumenta-se a pena da ½ - associação armada ou presença de criança ou adolescente). Art. 8º, parágrafo único da Lei 8.072/1990 - Delação premiada somente no caso do crime de associação criminosa específica – Causa de diminuição de pena obrigatória e circunstância de caráter pessoal incomunicável. Há entendimento majoritário que em caso de concurso de crimes, a redução só atinge o delito do art. 8º desta lei. CRIMES HEDIONDOS E SUAS IMPLICAÇÕES COM O CÓDIGO PENAL, DE PROCESSO PENAL E A CONSTITUIÇÃO FEDERAL/88: CONSIDERAÇÕES FINAIS Art. 3º da Lei – Impõe à União o dever de manter estabelecimentos penais de segurança máxima destinados ao cumprimento de penas impostas a condenados de alta periculosidade, cuja permanência em presídios estaduais ponha em risco a ordem ou incolumidade pública. No ano de 2006 foi criado o Sistema Penitenciário Federal com o fim de gestar e fiscalizar as penitenciárias federais, surgindo assim os primeiros presídios federais de segurança máxima: Porto Velho/RO, Mossoró/RN, Campo Grande/MS, Catanduvas/PR, Brasília/DF (em planejamento). Art. 7º da Lei – incluiu mais uma caso de delação premiada, sendo que agora somente aplicável ao crime de extorsão mediante sequestro do art. 159 do CP. Causa de aumento de pena do art. 9º da Lei – tacitamente revogado, já que o art. 224 do CP foi revogado pela Lei n. 12.015/2009. CRIMES HEDIONDOS E SUAS IMPLICAÇÕES COM O CÓDIGO PENAL, DE PROCESSO PENAL E A CONSTITUIÇÃO FEDERAL/88: CONSIDERAÇÕES FINAIS Prazos – A lei 8.072/1990 não alude à questão de prazos nos processos instaurados pela prática de crimes hediondos, mas vale ressaltar o direito à garantia da razoável duração do processo (art. 8º, I, do Pacto de São José da Costa Rica e o art. 5º, LXXVIII da CF/88), que se não for respeitada poderá caracterizar prisão ilegal, mesmo em caso decrimes hediondos. Com relação aos prazos procedimentais para apuração de tráfico de drogas, serão observados no estudo da lei de drogas. A Lei n. 13.285/2016 inseriu no CPP o art. 394-A que estabeleceu a prioridade no tramitação dos processos que apurem a prática de crimes hediondos em todas as instâncias. LEI DE CRIMES HEDIONDOS: P.L.S. Nº 236/2012. Crimes hediondos Art. 56. São considerados hediondos os seguintes crimes, consumados ou tentados: I – homicídio qualificado, salvo quando também privilegiado; II – latrocínio; III – extorsão qualificada pela morte; IV – extorsão mediante sequestro; V – estupro e estupro de vulnerável; VII – epidemia com resultado morte; VIII – falsificação de medicamentos e produtos afins; IX – redução à condição análoga à de escravo; X – tortura; XI – terrorismo; XII – tráfico de drogas, salvo se o agente for primário, de bons antecedentes, e não se dedicar a atividades criminosas, nem integrar associação ou organização criminosa de qualquer tipo; XIII – financiamento ao tráfico de drogas; XIV – racismo; XV – tráfico de pessoas; XVI – contra a humanidade. § 1º A pena por crime hediondo será cumprida inicialmente em regime fechado. § 2º Os crimes hediondos são insuscetíveis de fiança, anistia e graça. LEI DE TORTURA (LEI Nº 9.455/1997). Considerações iniciais: CF/88 previu expressamente a vedação da utilização da tortura no art. 5º, III, assim como a equiparou a crimes hediondos, no inciso XLIII. Tratados Internacionais: Declaração Universal dos Direitos do Homem da AGNU/1948. Convenção contra a tortura e outros tratamentos ou penas cruéis, desumanas, degradantes – AGNU/1984 – Assinada e ratificada pelo Brasil em 1989. Histórico: Inicialmente prevista na lei de crimes hediondos como delito equiparado, mas ainda sem uma definição legal, foi posteriormente tratada na Lei n. 8.069/90 no art. 233 (tipo aberto muito criticado) – Tortura contra criança e adolescente, que foi posteriormente revogado pela lei em estudo. LEI DE TORTURA: CRIMES EM ESPÉCIE. Tortura prova, tortura para prática de crime, e tortura discriminação. Art. 1º, caput – Constitui crime de tortura: I – constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando- lhe sofrimento físico ou mental: a) Com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa; b) Para provocar ação ou omissão de natureza criminosa; c) Em razão de discriminação racial ou religiosa. Pena – reclusão, de dois a oito anos. Análise do delito: → Crime comum (sujeito ativo e passivo podem ser qualquer pessoa); Bem jurídico tutelado é a integridade física e psíquica da pessoa; Comissivo; Formal nas alíneas a e b, e material na alínea c. → Os crimes em análise são dolosos, sendo que as alíneas a e b, além do dolo (elemento subjetivo do tipo – vontade de praticar a conduta de constranger com violência ou grave ameaça), possuem ainda um elemento subjetivo especial – dolo específico – fim de agir. No caso da alínea a, o fim é obtenção de informação, declaração, ou confissão; e no caso da alínea b, o fim é provocação de uma conduta criminosa. LEI DE TORTURA: CRIMES EM ESPÉCIE. Tortura prova, tortura para prática de crime, e tortura discriminação. → Sendo assim a consumação nas alíneas a e b, se dá com a prática do emprego da violência ou da grave ameaça causando sofrimento físico ou psíquico, independente do alcance dos fins descritos (crime formal), na alínea c, a consumação ocorre com o único resultado descrito que é causação do sofrimento físico ou psíquico, por razões raciais ou religiosas (crime material). → Tentativa admissível. → A conduta precisa causar na vítima dor, corpórea ou psicológica. → Na alínea a o objeto da informação, declaração, ou confissão pode ser de qualquer natureza. Quando o objetivo for obter elemento probatório da prática de ilícitos, a prova obtida será ilícita, não sendo admitida em inquéritos ou processos judiciais. → Na alínea b a intenção é forçar a vítima a praticar crime, não cabendo em caso de contravenção (caso em que o agente responderá por constrangimento ilegal). O torturador além de ser punido no crime de tortura, será responsabilizado pelo crime praticado pela vítima em concurso material. A vítima que praticar o crime neste caso não é culpável, por inexigibilidade de conduta diversa em razão da coação moral irresistível. → Na alínea c dependendo da forma como aja o torturador também poderá ser punido por racismo previsto no art. 20 da Lei n. 7.716/89. LEI DE TORTURA: CRIMES EM ESPÉCIE. Tortura-castigo Art. 1º, caput (...) II – submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico, ou mental, como forma de aplicar castigo ou medida de caráter preventivo. Pena – reclusão, de dois a oito anos. Análise do delito: → Crime próprio (sujeito ativo só pode ser quem exerça guarda, poder, ou autoridade – vinculação pública ou privada – ex. tutor, curador, pai, mãe, diretor de penitenciária, etc.); Sujeito passivo devem ser as pessoas que estejam sob guarda, poder ou autoridade; Bem jurídico tutelado é a integridade física e psíquica da pessoa; Crime Comissivo/Omissivo próprio; Material; e de Dano. → Crime doloso, pois a intenção do criminoso é submeter a vítima a grave sofrimento físico ou mental, com o fim especial (dolo específico/elemento subjetivo especial do tipo) de castigo ou aplicação de medida de caráter preventivo – animus corrigendi. LEI DE TORTURA: CRIMES EM ESPÉCIE. Tortura-castigo → Este tipo de tortura pode se confundir com o crime de maus tratos (art. 136 do CP), a diferença está no elemento normativo do tipo, que é a submissão da vítima a intenso sofrimento físico ou mental, ou seja, o crime de tortura é reservado para situações extremas, como: amarrar a vítima e chicotear; aplicar ferro em brasa; etc. → O direito de corrigir é cabível nas relações de guarda, poder ou autoridade, e é justificado pelo exercício regular do direito ou pelo estrito cumprimento do dever legal, desde que não excessivo. → A consumação do crime ocorre no momento em que a vítima é submetida a intenso sofrimento físico ou psíquico, trata-se de crime material. A tentativa é admissível, desde o crime seja cometido na forma comissiva. LEI DE TORTURA: CRIMES EM ESPÉCIE. Tortura de preso ou de pessoa sujeita a medida de segurança. Art. 1, § 1º- Na mesma pena incorre quem submete ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal. Análise do delito: → Trata-se de forma equiparada. Alguns autores entendem ser Crime próprio (sujeito ativo só pode ser quem está no exercício de guarda de pessoa presa, ou sujeita à medida de segurança), mas há quem admita ser um Crime comum, podendo executar a conduta do tipo sem estar desempenhando tal atividade, o que é de difícil configuração. Sujeito passivo precisa ser alguém preso ou sujeito à medida de segurança (sejam cautelares ou definitivas). Bem jurídico tutelado é a integridade física e psíquica da pessoa presa ou sujeita à medida de segurança (art.5], XLIX, da CF/88). Crime Comissivo; Material; e de Dano. → Crime doloso, pois a intenção do criminoso é submeter a vítima a grave sofrimento físico ou mental. LEI DE TORTURA: CRIMES EM ESPÉCIE. Tortura de preso ou de pessoa sujeita à medida de segurança. → Elemento normativo – “Por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal”. Comete o crime quem submete vítima legalmente presa ou sujeita à medida de segurança a medidas não previstas em lei (lei de execução penal e outras), como: cela escura, solitária, aplicação de choques, RDD sem decisão judicial, etc. O aplicador da norma deve verificarse a legislação admite os atos que pretende aplicar no decorrer de uma pena de prisão ou do cumprimento de uma medida de segurança. Não confundir esta infração com abuso de autoridade, em que o fim é o vexame ou constrangimento, e não o intenso sofrimento. → Os adolescentes sujeitos à medida socioeducativa não estão abrangidos na redação do texto legal, devendo a tortura aplicada contra eles na execução da medida socioeducativa, constituir alguma outra modalidade, a depender da motivação do agente. → Consumação no momento em que o sofrimento físico ou mental é causado na vítima. Tentativa admissível. LEI DE TORTURA: CRIMES EM ESPÉCIE. Omissão perante a tortura. Art. 1º, § 2º - Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção de um a quatro anos. Análise do delito: → Crime próprio (sujeito ativo será quem tinha dever de evitar, ou de apurar a tortura). Sujeito passivo pode ser qualquer pessoa que esteja sofrendo ou tenha sofrido tortura. Bem jurídico tutelado é a integridade física e psíquica da pessoa; Crime Omissivo próprio; Formal; e de Dano. → Crime doloso, pois a intenção do criminoso é se omitir, não evitando, ou não apurando a tortura. →Elemento normativo do tipo – Dever de evitar e dever de apurar a tortura – Na primeira situação o agente tem o dever de impedir que a tortura aconteça, gozando o sujeito do status de garantidor, o que deveria leva-lo a responder pelos crime de tortura que não impediu na modalidade comissiva por omissão, por força do disposto no art. 13,§ 2º do CP, o que não deverá ocorrer em razão da previsão específica do dispositivo em estudo. Constituindo neste caso um crime omissivo próprio. Na segunda situação o agente tem o dever de apurar uma tortura já ocorrida (princípio da especialidade afasta o crime de prevaricação, ou de corrupção passiva privilegiada). LEI DE TORTURA: CRIMES EM ESPÉCIE. Omissão perante a tortura. → Alguns autores defendem que aquele que tinha dever de evitar a tortura e não o fez, deve responder pelo crime de tortura, na forma comissiva por omissão, para atender a previsão constitucional do art. 5º, XLIII, da CF/88, que informa que aquele que deixar de evitar a tortura também deve por ela responder. → Consumação – Ocorre com a omissão independente da vítima ter ou não sofrido física, ou mentalmente. A tentativa não é admitida por se tratar de crime omissivo próprio. → Em razão da pena mínima de 01 ano é cabível suspensão condicional do processo. LEI DE TORTURA: FORMAS QUALIFICADAS. Art. 1º, § 3º - Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssimas, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos. → Modalidade preterdolosa. → Não admite forma tentada. → Distinção com o crime de homicídio qualificado pela tortura. → Havendo início da conduta de tortura, seguida do dolo dos resultados aqui citados, deverá ocorrer o concurso de crimes. Ex. Após a tortura para obtenção de informações, os agentes matem a vítima para ocultar o crime de tortura. Haverá concurso material de tortura simples e homicídio qualificado. LEI DE TORTURA: CAUSAS DE AUMENTO. Art. 1º, § 4º - Aumenta-se a pena de um sexto até um terço: I – se o crime é cometido por agente público. II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente, ou maior de sessenta anos. III- se o crime é cometido mediante sequestro. → São causas de aumento de pena que se aplicam na segunda fase do cálculo da pena, admissíveis em qualquer modalidade de tortura, no entanto, no caso do inciso I não se aplica nos casos de tortura, em que a condição de funcionário público (art. 327 do CP), já é elementar do tipo penal, como é o caso da omissão perante tortura (art. 1º, § 2º, desta lei). A lei não exige que o agente que praticou a tortura esteja no exercício de suas funções, porém a doutrina considera só aplicar a majorante, se a tortura realizada pelo sujeito tiver alguma relação de causalidade com a função desempenhada por ele. → No caso do inciso II, criança é pessoa menor de 12, e adolescente quem possui mais de 12, e menos de 18 anos, de acordo com o definido no ECA. Para haver a majorante relacionada às gestantes, o agente deve ter ciência da gravidez. A deficiência considerada para majorante pode ser física ou mental (Definição do art. 2º da Lei n. 13.146/2015). Pessoa maior de 60 anos é idoso de acordo com o disposto no art. 1º da Lei n.10.741/2003 – Estatuto do Idoso. Tais circunstâncias não podem também ser consideradas na segunda fase do cálculo da pena (agravantes genéricas), para não ocorrer bis in idem. LEI DE TORTURA: CAUSAS DE AUMENTO. → Sequestro é privação da liberdade, porém para haver aplicação da majorante, a privação da liberdade deve ocorrer por tempo prolongado (desnecessário ao cometimento do ato, ou quando a vítima foi deslocada de um local para outro). → Caso o juiz reconheça no caso mais de uma causa de aumento de pena, poderá aplicar apenas um, com base no disposto no art. 68, parágrafo único. → Pode-se aplicar as causas de aumento de pena às formas qualificadas? Alguns autores entendem que não, e outros entendem não haver nenhuma incompatibilidade. LEI DE TORTURA (LEI Nº 9.455/1997). Efeitos da condenação: Art. 1º, §5º, da lei: perda do cargo, função ou emprego público e interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada: necessário constar da sentença. Progressão de regime: Art. 1º, § 7º, da Lei: iniciará o cumprimento em regime fechado. Ver critérios definidos na Lei de Crimes Hediondos para fixação do regime inicial e para progressão de regime no crime de tortura também. Vedação de Graça, Anistia e Fiança: Art. 1º, § 6º, da Lei – STF entende que em que pese o legislador não vedar expressamente o indulto, não o admite ao crime de tortura, em razão de sua equiparação a crime hediondo, representando a expressão graça, qualquer forma de indulto, seja o individual, seja o coletivo. LEI DE TORTURA (LEI Nº 9.455/1997). Aplicação das penas restritivas de direitos substitutivas: Impossibilidade, por tratar-se de crime doloso com violência ou grave ameaça à pessoa (art. 44 do CP). Cabível apenas na omissão perante tortura, que tecnicamente não constitui crime de tortura. Ação penal pública incondicionada. Extraterritorialidade incondicionada da lei penal brasileira em crimes de tortura (art. 2º da Lei): Aplica-se a lei brasileira ao crime de tortura que tenha ocorrido contra vítima brasileira, ainda que fora do Brasil, ou estando o agente em local sob jurisdição brasileira. LEI DE TORTURA (LEI Nº 9.455/1997): COMPETÊNCIA PARA PROCESSAR E JULGAR Competência da Justiça Comum Estadual ou Federal dependendo do caso, inclusive no caso de cometimento por policial militar em serviço, já que tal delito não encontra tipo correspondente no CPM. Federalização das causas referentes a Direitos Humanos: Do incidente de deslocamento de competência e o Tribunal Penal Internacional (competência subsidiária). EC n. 45/2004 incluiu o inciso V-A, ao art. 109, da CF/88 – Aos juízes federais compete julgar as causas relativas à direitos humanos, a que se refere o § 5º deste artigo. Este parágrafo diz que nas hipóteses de graves violações de direitos humanos, o PGR, com finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de Direitos Humanos dos quais o Brasil é signatário, poderá suscitar perante o STJ, em qualquer fase do inquérito, ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal. LEI DE TORTURA (LEI Nº 9.455/1997): COMPETÊNCIA PARA PROCESSAR E JULGAR Imprescritibilidade da tortura → A CF/88 em seu art. 5º, XLII, XLIV, prevê duas hipóteses de imprescritibilidade,a saber, os crimes de racismo, e a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático, não mencionando a tortura. Porém, o Estatuto de Roma de 17/07/98 aprovado no Congresso Nacional através do decreto Legislativo n. 112/2002, e promulgado através do decreto n. 4.338/2002 estabelece em seu art. 7º, I, f que a tortura é um crime contra a humanidade, quando cometida no quadro de um ataque, generalizado ou sistemático, contra qualquer população civil. Além disso o art. 29 do estatuto informa que os crimes de competência do TPI não prescrevem. Sendo assim o Brasil deve respeitar tais regras, e se a tortura for praticada nessas condições deverá ser imprescritível. JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS (LEI Nº 9.099/95) Histórico, fundamentação constitucional, e princípios norteadores. Âmbito de incidência. Composição dos Juizados. Competência: em razão do lugar do crime e da matéria JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS (LEI Nº 9.099/95) Conexão e Continência entre crime comum e infração de pequeno potencial ofensivo. Citação e intimação. Causas modificativas de competência. Excesso de acusação JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS (LEI Nº 9.099/95) Violência doméstica e a aplicação da Lei n. 9099/95 Estatuto do Idoso e suas relações com a Lei n. 9099/95 Acusados com foro por prerrogativa de função. JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS (LEI Nº 9.099/95) Crimes eleitoras e suas relações com a Lei n. 9.099/95. Indispensabilidade da defesa técnica. Termo circunstanciado. Imposição de prisão em flagrante. JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS (LEI Nº 9.099/95) Fase preliminar: composição de danos e não comparecimento dos envolvidos. Transação penal. Procedimento sumaríssimo. JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS (LEI Nº 9.099/95) Suspensão condicional do processo Sistema recursal no JECRIM Inovações práticas no âmbito do Juizado Especial não previstas em lei. CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO (LEI Nº 9.503/97) Considerações iniciais: conceito relacionados Conceito de veículo automotor Art. 4ª da Lei. Considerações iniciais: conceito relacionados Conceito de via pública Art. 1º e 2º da Lei. CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO (LEI Nº 9.503/97) Suspensão ou Proibição da Permissão ou habilitação para dirigir veículo automotor. Execução da pena: Art. 293,§1 do CTB – Não seguindo o disposto poderá incorrer no crime do art. 307 do CP. Suspensão ou proibição cautelar: Art. 294 do CTB. Reincidência específica e seus efeitos: Art. 296 do CTB: nos crimes em que a lei já prevê a punição, a reincidência atuará como circunstância agravante preponderante (art. 61, I do CP). Nos crimes em que o CTB não comina tal pena, o juiz poderá aplicá-la, sem prejuízo das demais. CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO (LEI Nº 9.503/97): AGRAVANTES GENÉRICAS Art. 298. São circunstâncias que sempre agravam as penalidades dos crimes de trânsito ter o condutor do veículo cometido a infração: I - com dano potencial para duas ou mais pessoas ou com grande risco de grave dano patrimonial a terceiros; II - utilizando o veículo sem placas, com placas falsas ou adulteradas; III - sem possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação; IV - com Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação de categoria diferente da do veículo; V - quando a sua profissão ou atividade exigir cuidados especiais com o transporte de passageiros ou de carga; VI - utilizando veículo em que tenham sido adulterados equipamentos ou características que afetem a sua segurança ou o seu funcionamento de acordo com os limites de velocidade prescritos nas especificações do fabricante; VII - sobre faixa de trânsito temporária ou permanentemente destinada a pedestres. CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO (LEI Nº 9.503/97): TIPOS PENAIS E CAUSAS DE AUMENTO DA PENA. Art. 308 do CTB – Participação em competição não autorizada Art. 309 do CTB – Direção de veículo sem permissão ou habilitação. Art. 310 do CTB – Entrega de veículo a pessoa não habilitada. Art. 311 do CTB – Excesso de velocidade em determinados locais. Art. 312 do CTB – Fraude no procedimento apuratório. CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO (LEI Nº 9.503/97) Prisão em flagrante e Fiança. → Art. 301 do CTB – estabelece que é possível a prisão em flagrante nos crimes de homicídio e lesão corporal culposos, assim como nos demais, no entanto, visando estimular o mediato socorro às vítimas, o legislador vedou a efetivação da prisão, assim como dispensou a fiança, caso o condutor do veículo envolvido no acidente venha a prestar o imediato socorro à vítima. Vale destacar, entretanto, uma questão relativa ao crime de lesão corporal culposa, que com o advento da Lei 9099/1995 passou a constituir infração de pequeno potencial ofensivo e o art. 69, parágrafo único da referida lei vedou a prisão em flagrante e a exigência de fiança quando o autor do fato, após lavrado o termo assumisse o compromisso de comparecer em juízo. No entanto, se a lesão culposa ocorrer em algumas da hipóteses do § 1º do art. 291 do CTB, segundo o §2º do mesmo dispositivo deverá ser instaurado inquérito policial e nesse caso será cabível prisão em flagrante. LEI DE GENOCÍDIO (LEI Nº 2.889/56): CONSIDERAÇÕES INICIAIS E RELAÇÕES COM A LEI DE CRIMES HEDIONDOS. Considerações iniciais: O extermínio de povos ou grupos, mediante o assassinato em massa, foi diversas vezes registrado na história, como por ex. na segunda guerra mundial, com as atrocidades contra judeus, ciganos, e outros, promovida por nazistas. O Brasil aderiu à Convenção para a Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio aprovada na III Sessão da AGNU/1948 que entrou em vigor em 1951 e foi incorporada pelo Brasil com o Decreto-Legislativo n. 02/51 e promulgada pelo Decreto n. 30.822/52 e em seu art. 5º impunha aos países signatários obrigação de aprovar medidas legislativas que estabelecessem sanções penais às praticas genocidas. Os crimes dos artigos 1º, 2º e 3º são considerados hediondos. São insuscetíveis de fiança, graça, indulto e anistia. Progressão de regime e livramento condicional conforme previsão da lei de crimes hediondos. Crime contra humanidade – imprescritível. Competência subsidiária do TPI – art. 6º do Estatuto de Roma. LEI DE GENOCÍDIO (LEI Nº 2.889/56): EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA DA LEI PENAL BRASILEIRA O art. 6º da Convenção para Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio define que “pessoas acusadas de genocídio ou qualquer dos outros atos enumerados no Artigo III serão julgadas pelos tribunais competentes do Estado em cujo território foi o ato cometido ou pela Corte Penal Internacional competente com relação às partes contratantes que lhe tiverem reconhecido a jurisdição”. Em que pese o disposto acima, a referida Convenção não obriga os Estados contratantes a punirem crimes de genocídio cometidos fora do seu território, mas também não impede que o façam, e exatamente por isso nosso ordenamento jurídico pátrio previu a possibilidade de aplicação extraterritorial da lei penal brasileira fundada no princípio da justiça penal universal no art. 7º, I, d, do CP, ficando sujeitos a aplicação da lei penal brasileira, independente de qualquer condição, os agentes que cometerem genocídio fora do Brasil, desde que sejam brasileiros ou domiciliados no Brasil, ainda que tenham sido absolvidos ou condenados no estrangeiro pelo referido delito. Para alguns esta regra afronta o princípio do Non Bis In Idem. LEI DE GENOCÍDIO (LEI Nº 2.889/56): CONFLITO APARENTE DE NORMAS O crime de genocídio também está previsto no Código Penal Militar, seja em tempos de paz (art. 208 do CPM), seja emtempos de guerra (art. 401 e 402 do CPM), e para sua aplicação como norma especial em relação ao crime de genocídio em estudo, devem estar presentes as hipóteses previstas no art. 9º do CPM. Dentre elas podemos citar: praticado por militar em situação de atividade ou assemelhado, contra militar na mesma situação ou assemelhado; praticado por militar em situação de atividade ou assemelhado, em lugar sujeito à administração militar, contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil; praticado por militar em serviço, ou atuando em razão da função, em comissão de natureza militar, ou em formatura, ainda que fora do lugar sujeito à administração militar contra militar da reserva, ou reformado, ou civil, DENTRE OUTRAS SITUAÇÕES ELENCADAS NO ARTIGO. LEI DE GENOCÍDIO (LEI Nº 2.889/56): CONCEITO É um crime que de forma geral protege a própria humanidade, sendo o bem jurídico tutelado a própria existência humana coletiva, e não individual, o que possui reflexos sobre os direitos à vida, à integridade física, à reprodução humana, à liberdade religiosa, à liberdade sexual, etc. (direito de existir coletivamente). Nesse sentido se manifestou o Plenário do STF “O tipo penal do delito de genocídio protege, em todas as suas modalidades, bem jurídico coletivo ou transindividual, figurado na existência do grupo racial, étnico, ou religioso, a qual é posta em risco por ações que podem também ser ofensivas a bens jurídicos individuais [...]” A principal finalidade do crime de genocídio é a proteção da existência de culturas, diversidade de nacionalidade, de raças, etnias, religiões, etc. Não podemos confundir genocídio com crimes contra pessoa (homicídio, lesão corporal, aborto,etc.), pois estes protegem direitos individuais, enquanto o genocídio tutela direitos coletivos de natureza racial, religiosa, étnica, de procedência nacional, entre outros, ou seja, o dolo do genocídio possui uma maior amplitude, que é a de destruir, no todo, ou em parte, um grupo de pessoas. LEI DE GENOCÍDIO (LEI Nº 2.889/56): INDEPENDÊNCIA DE CRIMES Diante do exposto anteriormente o crime de genocídio é autônomo em relação aos demais. Se o meio empregado para prática do genocídio configure outros crimes, haverá autonomia entre eles, não podendo se confundir genocídio com homicídio, lesões corporais, aborto, seqüestro, etc., devendo ocorrer o concurso de crimes, não sendo cabível a alegação de consunção, conforme entendimento do STF no julgamento do RE 351487/RR noticiado no informativo 434. Por exemplo: O genocídio foi praticado por intermédio de homicídios, haverá concurso formal entre os homicídios (continuidade delitiva) e o genocídio. Em tal caso os Ministros Carlos Britto, Marco Aurélio e Sepúlveda Pertence ressalvaram entendimento no sentido de autonomia entre os crimes de genocídio e homicídio, quando este foi meio executório para aquele. LEI DE GENOCÍDIO (LEI Nº 2.889/56): COMPETÊNCIA. Julgados • RE 351487/RR, de 03/08/2006 - Informativo 434 do STF. • Resp 222.653-RR, de 12/09/2000 – Informativo 0070 da Quinta Turma do STJ. Conclusões • O crime de genocídio é de competência em regra do juiz singular. • Exceto no caso do art. 1º, a, d, da lei em comento, em que há a utilização de homicídios ou abortos para o alcance do fim genocida, em razão das regras de conexão, tanto o crime doloso contra a vida, como o genocídio, serão processados e julgados no Tribunal do Júri – art. 5º, XXXVIII da CF/88 c/c art.78 do CPP LEI DE GENOCÍDIO (LEI Nº 2.889/56): COMPETÊNCIA. Conclusões • A princípio a competência é da Justiça Estadual; contudo o art. 109, V-A, da CF/88 prevê que a competência será da Justiça Federal, em “casos de grave violação de direitos humanos, se houver necessidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais sobre direitos humanos dos quais o Brasil seja parte”. Conclusões • A CF/88 deixa claro então que a competência da Justiça Federal pressupõe a existência de indícios de que as autoridades estaduais não estão apurando satisfatoriamente os fatos, havendo assim a necessidade de deslocamento de competência para garantir que o Brasil cumpra suas obrigações decorrentes de tratado internacional sobre direitos humanos. LEI DE GENOCÍDIO (LEI Nº 2.889/56): COMPETÊNCIA. Conclusões • Isso ocorrendo o PGR deverá suscitar perante ao STJ incidente de deslocamento de competência para Justiça Federal, caso o procedimento – inquérito ou ação penal – esteja tramitando na esfera estadual. Se o genocídio for praticado contra índios a competência será sempre da Justiça Federal, pois a ação atinge potencialmente a própria existência da etnia (disputa sobre direitos indígenas). – art. 109, XI, da CF/88 – afastando assim a aplicação da súmula n. 140 do STJ que diz competir à Justiça Estadual processar e julgar crime em que o indígena figure como autor ou vítima. LEI DE GENOCÍDIO (LEI Nº 2.889/56): COMPETÊNCIA - TPI. O § 4º do art. 5º da CF/88 prevê ainda que o Brasil se submete à jurisdição do TPI (criado pelo Estatuto de Roma em 17/07/1998 – Sede Haia, na Holanda). A competência do TPI é residual, ou seja, somente se instaura depois de esgotada a via procedimental interna do país vinculado, e a jurisdição penal nacional mostrar- se inerte ou insuficiente. Os crimes de competência do TPI são imprescritíveis, já que atentam contra a humanidade como um todo. O Brasil formalizou sua adesão ao tratado por meio do Decreto-legislativo n. 112, de 06 de junho de 2002, promulgado pelo Decreto n. 4.388/2002. Nos termos do Estatuto o TPI terá competência para processar e julgar: a) crimes de genocídio, b) crimes contra a humanidade, c) crimes de guerra, d) crimes de agressão. LEI DE GENOCÍDIO (LEI Nº 2.889/56): MODALIDADES. Art. 1º Quem, com intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo nacional, étnico, racial ou religioso, como tal: a) matar membros do grupo; b) Causar lesão grave à integridade física ou mental de membros do grupo; c) Submeter intencionalmente o grupo a condições de existência capazes de ocasionar-lhe a destruição física total ou parcial; d) Adotar medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo; e) Efetuar a transferência forçada de crianças do grupo para outro grupo; Será punido: Com as penas do art. 121, § 2º, do Código Penal, no caso da letra a; Com as penas do art. 129, § 2º, do Código Penal, no caso da letra b; Com as penas do art. 270, do Código Penal, no caso da letra c; Com as penas do art. 125, do Código Penal, no caso da letra d; Com as penas do art. 148, do Código Penal, no caso da letra e; LEI DE GENOCÍDIO (LEI Nº 2.889/56): MODALIDADES (ART. 1º-DESTAQUES) Crime comum: sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. Sujeito passivo: Trata-se de crime vago, pois o sujeito passivo é a sociedade/coletividade, mas também constará do pólo passivo a pessoa diretamente atingida pela ação (crianças, fetos exterminados, mulheres e homem esterilizados, etc.). Elemento subjetivo: dolo direto ou indireto. Elemento subjetivo especial: fim de destruir no todo ou em parte o grupo. Não esquecer do concurso formal de crimes (genocídio e o meio empregado para o genocídio – ex. homicídio, aborto, sequestro, etc. Questão controversa: No caso da letra e, a norma traz como elemento do tipo e objeto material do crime, a criança. O ECA em seu art. 2º conceitua criança como a pessoa com até 12 anos incompletos, e adolescente com 12 até 18 incompletos. Já a Convenção dos Direitos da Criança da ONU, em seu art. 1º, considera criança a pessoa com até 18 anos incompletos. O entendimento que prevalece é do ECA. LEI DE GENOCÍDIO (LEI Nº 2.889/56): MODALIDADES (ART. 1º-DESTAQUES) Consumação e Tentativa: → No caso da letra a, com a morte de uma ou maispessoas, não sendo necessário alcançar o objetivo de destruição do grupo, portanto trata-se de crime formal. Tentativa possível. → No caso da letra b, com a lesão por uma ou mais pessoas, também não sendo necessário alcançar o objetivo de destruição do grupo, portanto trata-se de crime formal. Tentativa possível. → No caso da letra c, com a submissão de uma ou mais pessoas às condições indignas de sobrevivência, também não sendo necessário alcançar o objetivo de destruição do grupo, portanto trata-se de crime formal. Tentativa possível. → No caso da letra d, com a adoção de medidas destinadas a causar aborto ou esterilizações, não sendo necessário alcançar o objetivo de destruição do grupo, portanto trata-se de crime formal. Tentativa possível. → No caso da letra e, com a retirada das crianças, também não sendo necessário alcançar o objetivo de destruição do grupo, portanto trata-se de crime formal. Tentativa possível. LEI DE GENOCÍDIO (LEI Nº 2.889/56): MODALIDADES (ART. 2º-DESTAQUES) Art. 2º Associarem-se mais de 3 (três) pessoas para prática dos crimes mencionados no artigo anterior. Pena: Metade da cominada ao crime ali previsto. Crime comum: sujeito ativo qualquer pessoa. Crime vago: sujeito passivo a sociedade, pois o bem jurídico tutelado é a paz pública e indiretamente os bens tutelados pelas modalidades de genocídio do dispositivo anterior. Núcleo do tipo: associarem-se, que é a união de pelo menos 4 pessoas, com o fim de execução de alguma modalidade de genocídio. Trata-se de figura forma especial diante do crime previsto no art. 288 do CP. Tal infração exige para sua configuração o ânimo associativo de estabilidade e a intenção de praticar especificamente os crimes de genocídio do art. 1º da lei em questão. Elemento subjetivo: Dolo direto ou indireto. Consumação ocorre com a associação de pelo menos 4 agentes com o fim de genocídio (elemento subjetivo especial do tipo), mesmo que este não se ocorra (crime formal). Tentativa de difícil configuração. Concurso de crimes: Quando além do ato de se associarem com o fim de genocídio, os agentes também efetivamente executem o referido delito, haverá concurso material. LEI DE GENOCÍDIO (LEI Nº 2.889/56): MODALIDADES (ART. 3º-DESTAQUES) Art. 3º Incitar, direta e publicamente alguém a cometer qualquer dos crimes de que trata o art. 1º: Pena: Metade das penas ali cominadas. §1º A pena pelo crime de incitação será a mesma de crime incitado, se este se consumar. §2º A pena será aumentada de 1/3 (um terço), quando a incitação for cometida pela imprensa. Tutela-se a paz pública e os bens jurídicos protegidos nas modalidades de genocídio. Crime Comum: sujeito ativo qualquer pessoas. Sujeito passivo a sociedade (crime vago). A conduta do tipo é incitar/ incentivar a prática de genocídio, devendo tal incitação ser pública, ou seja, dirigida para um nº indeterminado de pessoas, e direta (sem intermediários). Elemento subjetivo: dolo (consciência e vontade de dirigir a incitação para o público). Consumação se dá com a incitação chegando ao conhecimento público, mesmo que a destruição do grupo não ocorra (crime formal). Tentativa possível em caso de ato plurissubsistente. LEI DE GENOCÍDIO (LEI Nº 2.889/56): MODALIDADES (ART. 3º-DESTAQUES) A incitação é uma forma de participação no concurso de pessoas. Quem incita a prática de um crime determinado responde em concurso de pessoas com quem praticar a infração penal (autor), no entanto, o tipo penal em análise prevê crime autônomo para incitação, excepcionando-se neste caso a teoria monista adotada no art. 29 do CP. Quando o genocídio incitado não for executado, a incitação será a tipificada no caput do art. 3º da Lei, mas caso o genocídio ocorra, a forma típica a ser aplicada será a de incitação qualificada prevista no art. 3º, §1º da Lei, que define para tanto a mesma pena do genocídio. O art. 3º, § 2º da Lei prevê ainda uma causa de aumento de pena de 1/3 se a incitação for realizada pela imprensa. LEI DE GENOCÍDIO (LEI Nº 2.889/56): CAUSAS DE AUMENTO DE PENA: ART. 4º E 5º -DESTAQUES Art. 4º A pena será agravada de 1/3 (um terço), no caso dos arts. 1º, 2º e 3º, quando cometido o crime por governante ou funcionário público. Art. 5º Será punida com 2/3 das respectivas penas a tentativa dos crimes definidos nesta lei. → Apesar do legislador denominar o art. 4º da Lei como agravante, trata-se de causa de aumento de pena a ser aplicada na terceira fase do cálculo da pena aos crimes de genocídio, associação para genocídio e incitação para o genocídio. → Verifica-se que a redação do art. 5º da Lei, de acordo com o princípio da especialidade, afastou a aplicação do art. 14,II do CP, no que se refere a tentativa de genocídio. LEI DE GENOCÍDIO (LEI Nº 2.889/56): ART. 6º - DESTAQUES Art. 6º Os crimes de que trata esta lei não serão considerados crimes políticos. → Basicamente o crime de genocídio não será considerado político para fins de extradição ( art. 7º da Convenção para a prevenção e repressão do crime de genocídio informa o mesmo). → Sendo signatário do Estatuto de Roma o Brasil se comprometeu em cooperar com o TPI, e esta cooperação abrange a obrigação de cumprir as ordens do Tribunal, e dentre elas a de entregar a pessoa procurada. → Essa classificação do genocídio como crime não político se tornou necessária tendo em vista que a CF/88 em seu art. 5º, LII, definiu que não haverá extradição por crimes de natureza política. Entretanto o próprio Estatuto de Roma deixa clara a diferença entre entrega par efeitos do TPI, e extradição, dizendo que nesta última ocorre se dá com a entrega do acusado de um Estado para outro Estado, e a primeira, defina propriamente como entrega, consiste na entrega de um acusado por um Estado a um Tribunal. LEI DE LAVAGEM DE DINHEIRO (LEI Nº 9.613/98) Considerações iniciais • Histórico da evolução do conceito e a problemática do crime antecedente. Objeto jurídico. • Controvérsias sobre o tema. LEI DE LAVAGEM DE DINHEIRO (LEI Nº 9.613/98) Alterações promovidas pela Lei nº 12.683/2012. Tipos penais e Causas de aumento de pena. Delação premiada. LEI DE LAVAGEM DE DINHEIRO (LEI Nº 9.613/98) Fiança e Liberdade provisória. Medidas assecuratórias. Ação controlada e efeitos da condenação. LEI DE CRIME ORGANIZADO (LEI Nº 12.850/2013): CONSIDERAÇÕES INICIAIS HISTÓRICO POLÍTICO E SOCIAL DA LEI. (PINTO, 2008) → Abril de 1989 – Deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) faz discurso na Câmara dos Deputados a favor do combate a esta forma de criminalidade, requerendo criação de subcomissão de combate ao crimes organizado com função de oferecimento de projeto de lei que tratasse da questão. Solicitação que foi aceita. → Agosto de 1989 – Deputado Michel Temer (PMD,B – SP) apresenta projeto de lei dispondo sobre repressão e prevenção do crime organizado. Após aprovação na CCJ, no plenário da Câmara, despacho para o Senado (junho de 1990), e tramitação de mais de 04 anos nesta última casa, voltou para Câmara com substitutivo. Miro Teixeira afirmava então que só o clamor público conseguiria tirar o projeto do papel. →O projeto de lei foi aprovado em abril de 1995, sancionado em maio do mesmo ano, sob a forma da Lei n. 9034/1995. DIREITO PENAL DO INIMIGO, POPULISMO PENAL MIDIÁTICO E ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS. → DPI introduz a distinção entre crime comum e a criminalidade que abala a estrutura social (aqui incluída a criminalidade organizada). Para os defensores deste direito, os autores de crimes comuns são cidadãos, os demais não, ficando privados de garantias e direitos fundamentais penais e processuais penais. O populismo penal midiático cumpre papel indispensável no convencimento e apoio a esta nova concepção de direito.→ Para os críticos deste direito não há que se distinguir as duas esferas de criminalidade através da perspectiva do afastamento dos direitos e garantias fundamentais da pessoa humana, pois não se pode transigir com estes. Portanto, por mais necessário que seja distinguir a criminalidade organizada dos demais crimes, aplicando tratamento diferenciado a esta (por exemplo, criação de meios técnicos de investigação diferenciados), isso não pode incluir a violação das garantias fundamentais. EDIÇÃO DAS LEIS 9.034/1995 E 10. 217/2001: BUSCA POR UM CONCEITO LEGAL DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA. → A lei n. 9.034/1995 no seu texto original, regulava apenas os meios de provas e investigação que versassem sobre quadrilha ou bando, não mencionando organizações criminosas. Revelando um descompasso entre o enunciado da lei, e seu conteúdo. Defendendo alguns que quadrilha ou bando seria equiparado a organização criminosa, devendo ser a lei aplicada aos praticantes do crime do art. 288 do CP. Já outros não concordando com tal equiparação, afirmavam não haver conceito legal de organização criminosa, não sendo possível sua aplicação, sob pena de afrontar o princípio da reserva legal. → Para tentar solucionar a questão foi editada a Lei n. 10.217/2001 – que definiu que os procedimentos investigatórios e probatórios alcançariam quadrilhas e bandos, associações criminosas, e organizações criminosas – revelando a nova lei a vontade do legislador de fazer distinção entre tais grupamentos. EDIÇÃO DAS LEIS 9.034/1995 E 10. 217/2001: BUSCA POR UM CONCEITO LEGAL DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA. → Ocorre que a lei 10.217/2001 manteve a ausência da definição legal de organização criminosa. → Alguns autores manifestavam-se pela aplicação do conceito de organização criminosa da Convenção de Palermo – Convenção das Nações Unidas contra Crime Organizado Transnacional de 2000, que foi ratificada pelo Brasil através do decreto legislativo n. 231 de 2003, tendo tal posição sido adotada à época pelo STJ. Para autores, como Luiz Flávio Gomes, a Convenção citada não poderia produzir efeitos jurídicos, enquanto o Congresso não aprovasse/referendasse definitivamente o documento internacional, concluía o autor que os tratados e convenções configuram fontes diretas imediatas do direito internacional penal, mas jamais podem servir de base normativa para o direito penal interno, cuja fonte única e direta só pode ser lei ordinária ou complementar. Solucionando tal embate foram publicadas as leis n. 12.694/2012 e 12850/2013 LEI 12.694/2012: CONSTRUÇÃO DO PRIMEIRO CONCEITO DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA PARA FINS PROCESSUAIS. → A lei n. 12.694/2012 dispõe sobre o processo e julgamento colegiado em primeiro grau de jurisdição de crimes praticados por organizações criminosas. Para tanto estabeleceu um conceito legal de organização criminosa, que deve ser utilizado para fins processuais nela previstos. →Estabeleceu seu art. 2º “Para os efeitos desta Lei, considera-se organização criminosa a associação, de 3 (três) ou mais pessoas, estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de crimes cuja pena máxima seja igual ou superior a 4 (quatro) anos ou que sejam de caráter transnacional”. LEI 12.694/2012: CONSTRUÇÃO DO PRIMEIRO CONCEITO DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA PARA FINS PROCESSUAIS. → Esse conceito foi formulado para permitir o juiz decidir pela formação de colegiado, com fim de praticar qualquer ato processual preservando a integridade física e psicológica do julgador, portanto, a definição de organização criminosa desta lei é processual, ou seja, serve apenas para a constituição do colegiado que decidirá processualmente sobre decretação de prisão, medidas assecuratórias, concessão de liberdade provisória, sentença, e execução de pena, conforme previsão do art. 1º da referida lei. → Destacamos que este conceito não terá aplicação para efeitos penais, valendo para tal fim, o conceito de organização criminosa definido na Lei n 12.850/2013, a ser visto mais a frente. Assim como, mesmo não havendo formação de colegiado, serão aplicadas as demais regras processuais da Lei de Crime organizado – Lei n. 12.850/2013, que estudaremos a seguir. LEI 12.694/2012: CONSTRUÇÃO DO PRIMEIRO CONCEITO DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA PARA FINS PROCESSUAIS. Art. 1o Em processos ou procedimentos que tenham por objeto crimes praticados por organizações criminosas, o juiz poderá decidir pela formação de colegiado para a prática de qualquer ato processual, especialmente: I - decretação de prisão ou de medidas assecuratórias; II - concessão de liberdade provisória ou revogação de prisão; III - sentença; IV - progressão ou regressão de regime de cumprimento de pena; V - concessão de liberdade condicional; VI - transferência de preso para estabelecimento prisional de segurança máxima; e VII - inclusão do preso no regime disciplinar diferenciado. § 1o O juiz poderá instaurar o colegiado, indicando os motivos e as circunstâncias que acarretam risco à sua integridade física em decisão fundamentada, da qual será dado conhecimento ao órgão correcional. § 2o O colegiado será formado pelo juiz do processo e por 2 (dois) outros juízes escolhidos por sorteio eletrônico dentre aqueles de competência criminal em exercício no primeiro grau de jurisdição. § 3o A competência do colegiado limita-se ao ato para o qual foi convocado. § 4o As reuniões poderão ser sigilosas sempre que houver risco de que a publicidade resulte em prejuízo à eficácia da decisão judicial. § 5o A reunião do colegiado composto por juízes domiciliados em cidades diversas poderá ser feita pela via eletrônica. § 6o As decisões do colegiado, devidamente fundamentadas e firmadas, sem exceção, por todos os seus integrantes, serão publicadas sem qualquer referência a voto divergente de qualquer membro. § 7o Os tribunais, no âmbito de suas competências, expedirão normas regulamentando a composição do colegiado e os procedimentos a serem adotados para o seu funcionamento. LEI 12.694/2012: LEI DO JUIZ SEM ROSTO - CONSIDERAÇÕES SOBRE SUA CONSTITUCIONALIDADE Pesquisas feitas pelo Conselho Nacional de Justiça logo após a morte da juíza Patrícia Acioli, apontam que 150 magistrados brasileiros são ameaçados, e este número passou para 182 em 2013. Devido a tais dados, e principalmente após a comoção social em torno do “caso Patrícia Acioli”, foi sancionada a Lei 12.694/2012 tendo o objetivo de promover a segurança dos juízes que investigam casos de organizações criminosas. Em que pese a necessidade de segurança de juízes criminais que processam e julgam casos de organizações criminosas, vários autores defendem que tal lei é inconstitucional, por ferir os princípios do processo penal da publicidade, da motivação das decisões, do juiz natural e da identidade física do juiz. Em seu artigo 6º, a lei define que as decisões serão tomadas pela maioria, e publicadas sem a identificação de eventual voto divergente de qualquer membro. Ou seja, será uma decisão fundamentada, mas que não mencionará se todos os juízes votaram da mesma maneira. LEI 12.694/2012: LEI DO JUIZ SEM ROSTO - CONSIDERAÇÕES SOBRE SUA CONSTITUCIONALIDADE Destacamos que a maior parte das críticas se referem à violação ao princípio do juiz natural, pois os dois juízes escolhidos para formar o colegiado com o juiz do processo não são considerados juízes competentes para o mesmo, pois adentram ao processo após seu início, além disso, seria um direito do réu saber quem está julgando sua causa. Outra crítica considerável trata da lesão ao princípio da identidade física do juiz, segundo o qual, o juiz que iniciou no processo e acompanhou as provas produzidas desde o começo, estará vinculado a ele. Porém, mesmoque o primeiro juiz ainda esteja vinculado, de fato, ao processo, os outros dois magistrados sorteados para formar o colegiado, não acompanharam a produção de provas nem o processo desde sua fase inicial, o que fere o princípio da identidade física. Autores alegam ainda, que com essas garantias assegura-se a imparcialidade do juiz, que seria um pressuposto da atividade jurisdicional, e que o Sistema Judiciário deveria adotar outras medidas que não comprometesse o conjunto de garantias fundamentais, para assegurar a integridade dos magistrados. ADVENTO DA LEI Nº 12.850/2013: CONCEITO E CRIME DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA. → A atual lei define conceito de organização criminosa para fins penais, ou seja, tipificação do crime de organização criminosa. → A lei dispõe ainda sobre investigação criminal, meios de obtenção de prova, infrações correlatas, e procedimento criminal. (art.1º da lei) ADVENTO DA LEI Nº 12.850/2013: CONCEITO E CRIME DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA. Art. 1º [...] §1º Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional. Requisitos para configuração da organização criminosa: ADVENTO DA LEI Nº 12.850/2013: CONCEITO E CRIME DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA. 1. Pluralidade de pessoas, no mínimo 04, sem limitação de número máximo. 2. Estrutura interna na organização (nível organizacional) – o que não é exigido na associação criminosa do 288 do CP. 3. Divisão de tarefas entre os integrantes, ainda que informalmente – tarefas específicas para cada membro. 4. Finalidade de obtenção, direta ou indiretamente, de vantagem de qualquer natureza. 5. Os agentes devem visar praticar infrações penais com pena máxima em abstrato igual ou superior a 4 anos, ou que sejam de caráter transnacional (envolva mais de um país)e, nesse caso, não há relevância do tempo de pena em abstrato fixado pela lei. 6. Esses requisitos são cumulativos. EXTENSÃO DA APLICABILIDADE DA LEI DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA. Art. 1º [...] § 2o Esta Lei se aplica também: I - às infrações penais previstas em tratado ou convenção internacional quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente; II - às organizações terroristas, entendidas como aquelas voltadas para a prática dos atos de terrorismo legalmente definidos. (Redação dada pela lei nº 13.260, de 2016) → Este parágrafo fixa situações que não configuram organizações criminosas, mas que também se sujeitarão às medidas de investigação, meio probatório, e procedimento criminal previstos na lei em comento. Na situação do inciso I, estende-se a aplicação da lei à criminalidade transnacional, ainda que não praticada por organização criminosa. EXTENSÃO DA APLICABILIDADE DA LEI DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA. → No inciso II, estende-se a aplicação da lei de organização criminosa em análise às organizações terroristas internacionais, sendo a finalidade o principal traço de distinção entre associação criminosa e os grupos terroristas, em que os fins de tomada de poder político, a pretexto de uma ideologia política, religiosa ou étnica, prevalecem sobre os econômicos, que são em geral almejados pelas organizações criminosas em sentido estrito. (GONÇALVES; BALTAZAR JUNIOR, 2016) ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA: ANÁLISE DO TIPO PENAL. Art. 2o Promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por interposta pessoa, organização criminosa: Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa, sem prejuízo das penas correspondentes às demais infrações penais praticadas. § 1o Nas mesmas penas incorre quem impede ou, de qualquer forma, embaraça a investigação de infração penal que envolva organização criminosa. → Bem jurídico tutelado: paz pública, e secundariamente, os bens jurídicos protegidos pelos crimes visados pela organização criminosa. → Crime comum, pode ser praticado por qualquer pessoa. Sujeito passivo é a coletividade, por isso se trata de crime vago. É crime plurissubjetivo, pois exige o concurso necessário de 4 ou mais pessoas, computando-se inclusive os inimputáveis, os que possuem extinção de punibilidade, e os não identificados, desde que presente prova robusta de sua existência. ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA: ANÁLISE DO TIPO PENAL. → Análise dos elementos objetivos do tipo: Promover (impulsionar/fomentar), Constituir (formar/compor), Financiar (custear/bancar), e Integrar (fazer parte/juntar-se) organização criminosa (conceito exposto no art. 1º, §1º, desta lei). → Elemento subjetivo: Dolo de associação na forma das condutas acima expostas – Exige o ânimo de permanência e estabilidade (crime permanente). Não há forma culposa. O dolo pode ser aferido pela análise de circunstâncias factuais objetivas. (conforme item 2 do art. 5 da Convenção de Palermo). → Consumação: Crime formal e de conduta múltipla, consumando-se com a mera execução de qualquer das condutas definidas no tipo, independente da prática dos crimes por parte da organização criminosa. Não admite forma tentada. ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA: ANÁLISE DO TIPO PENAL, E FORMA EQUIPARADA. → Concurso de Crimes: No caso de efetiva prática de crimes pela organização criminosa, haverá concurso material, por expressa disposição legal. → Competência, como regra, é da Justiça Estadual. O procedimento é o ordinário. Nada impede que se continue aplicando a Lei n. 12.694/2012, para formação de um colegiado de três juízes para julgamento dos crimes que envolvam organizações criminosas, pois não houve revogação desta lei, pela que ora analisamos. → Forma equiparada : Art. 2º, § 1º da lei – Aplica-se a pena deste crime a quem, sem praticar as condutas do caput, impede ou embaraça a investigação da infração penal que envolva organização criminosa – equiparação desproporcional para alguns. A incriminação decorre do emprego sistemático de meios para dificultar ou evitar a produção de provas, mencionado no art. 23 da Convenção de Palermo, como por exemplo: ofertas de cooptação, pressão, tumultuamento da ação penal (arrolamento de testemunhas desnecessárias, etc.), violência efetiva contra testemunhas, membros da organização, peritos, policiais, etc. ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA: ANÁLISE DO TIPO PENAL, E FORMA EQUIPARADA. → Sujeitos do delito: crime comum – qualquer pessoa. Sujeito passivo: coletividade. → Elementos objetivos do tipo: Impedir – significa obstar/impossibilitar. Embaraçar – significa dificultar/atrapalhar. O objeto material dessa figura criminosa é a investigação da infração penal que envolve organização criminosa. → Elemento subjetivo: Dolo. → Consumação: Com o impedimento, paralisação, insucesso da investigação, sendo de difícil configuração a tentativa. → Concurso de crimes: Pelo princípio da especialidade prevalece sobre 343, 344, e 347 do CP. ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA: ANÁLISE DO TIPO PENAL. Art. 2º [...] § 3o A pena é agravada para quem exerce o comando, individual ou coletivo, da organização criminosa, ainda que não pratique pessoalmente atos de execução. → O parágrafo anterior trata de circunstância agravante de pena a ser considerada na segunda fase do cálculo da pena, para o dirigente da organização criminosa, ainda que não pratique pessoalmente os atos de execução. Alguns entendem que tal agravante era desnecessária, em razão da previsão art. 62, I, do CP. ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA: ANÁLISE DO TIPO PENAL. Art. 2º [...] § 2o As penas aumentam-se até a metade se na atuação da organização
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