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LEIS PENAIS ESPECIAIS PÓS ATUALIZAÇÃO 2017.1

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LEIS PENAIS ESPECIAIS
Pós-Graduação em Direito Penal e Processual Penal.
Universidade Cândido Mendes.
Prof. Gisele Alves.
LEI DE CRIMES HEDIONDOS – LEI Nº
8.072/1990.
• Fim dos anos 80 e grande 
preocupação com a 
contenção da criminalidade, 
inclusive expressa na 
Constituição de 1988.
• Larga presença de 
princípios de direito penal e 
processual penal 
constitucionais.
• Art. 5º, XLIII, da CF/88 →
Representa a escolha de 
uma política criminal de 
endurecimento penal, que 
será consolidada e 
regulamentada com a lei.
Conceito e 
embasamento 
constitucional 
da categoria.
LEI DE CRIMES HEDIONDOS – LEI Nº
8.072/1990.
• Fim do período autoritário, e
advento de movimentos
democráticos e humanistas
que rompiam com diversos
diplomas legais da ditadura.
Após o alcance de parciais
conquistas democráticas,
verificou-se a presença de
outros movimentos de
política criminal não
comprometidos com o
ideário da Reforma Penal e
a humanização do sistema
punitivo.
Considerações 
gerais e 
histórico 
político e 
social da lei.
LEI DE CRIMES HEDIONDOS: CONSIDERAÇÕES GERAIS E
HISTÓRICO POLÍTICO E SOCIAL DA LEI.
A lei de crimes hediondos é a maior prova do
rompimento da política com ideais humanitários e o
sistema penal.
Populismo penal midiático como ator decisivo na 
promoção da promulgação da lei, e sustentação de 
institutos penais eivados de inconstitucionalidade. 
Fatos criminosos explorados excessivamente (Dramatização da
Violência) com o fim de incrementar a real situação da criminalidade
e justificar uma redação legislativa sem razoabilidade punitiva (penas
desproporcionais): Sequestros de grandes empresários, Caso
Daniela Perez, Chacinas de Vigário Geral e Candelária.
LEI DE CRIMES HEDIONDOS: CONSIDERAÇÕES GERAIS E
HISTÓRICO POLÍTICO E SOCIAL DA LEI.
Convencimento midiático do ascenso da
criminalidade e sua relação com o fracasso de
propostas “reeducativas”, despontando assim os
movimentos de lei e ordem no Brasil
Tais movimentos promovem uma política criminal na qual: a) a pena
se justifica como um castigo no velho sentido, b) crimes graves hão
de castigar-se com penas severas e duradouras, c) penas privativas
de liberdade impostas por crimes violentos, cumpridas em
estabelecimentos de segurança máxima,
d) Uso de excepcional regime de severidade distinto dos
demais condenados, e) Diminuição dos poderes individuais
do juiz e um menor controle judicial na execução que ficará
a cargo quase que exclusivamente das autoridades
penitenciárias.
LEI DE CRIMES HEDIONDOS: LEI N.
8.072/1990: DIPLOMAS ALTERADORES
• Lei 8.930/1994 – Inclusão do homicídio simples em
atividade típica de grupo de extermínio, do
homicídio qualificado, e do genocídio. Exclusão do
envenenamento de água potável ou de substância
alimentícia ou medicinal, qualificado pela morte.
Lei penais posteriores 
que reformaram a lei 
e expandiram o 
conceito de crime 
hediondo.
• Lei 9.695/1998 e Lei 9.677/1998 – Depois de muita
controvérsia incluiu o art. 273, caput, §1º, §1º-A, §1º-
B do CP no rol dos hediondos.
Lei penais posteriores 
que reformaram a lei 
e expandiram o 
conceito de crime 
hediondo.
• Lei 12.015/2009 – Lei que alterou o título dos crimes
contra a dignidade sexual do CP – Incluiu o estupro
de vulnerável e revogou a figura do atentado de
violento que teve sua descrição típica incluída no
tipo de estupro.
Lei penais posteriores 
que reformaram a lei 
e expandiram o 
conceito de crime 
hediondo.
LEI DE CRIMES HEDIONDOS: LEI N.
8.072/1990: DIPLOMAS ALTERADORES
Lei n. 
12.978/2014
Inclusão do 
crime do art. 
218-B, caput, e 
§§ 1º e 2º, do 
CP no rol dos 
crimes 
hediondos.
Favorecimento 
da prostituição, 
ou de outra 
forma de 
exploração 
sexual de 
criança ou 
adolescente, ou 
de vulnerável.
LEI DE CRIMES HEDIONDOS: LEI N.
8.072/1990 – DIPLOMAS ALTERADORES
Lei n. 13.104/2015: inclusão do feminicídio como crime
hediondo.
• A referida lei incluiu no rol do homicídio qualificado, o feminicídio, que
consiste no homicídio praticado contra mulher por razões de condição do
sexo feminino (art. 121, §2º, VI, c/c § 2º-A, do CP)
Lei n. 13. 142/2015: inclusão do homicídio, contra integrantes 
das forças armadas, policial civil ou militar, integrantes do 
sistema penitenciário, e Força Nacional, no exercício da função 
ou em razão dela no rol dos crimes hediondos.
• A lei incluiu o inciso VII, do § 2º, do art. 121, do CP no rol dos delitos
hediondos, considerando também crime hediondo, além das hipóteses
acima, o homicídio contra o cônjuge, companheiro ou parente
consanguíneo, até terceiro grau, dos agentes acima citados, desde que em
razão de suas funções.
LEI DE CRIMES HEDIONDOS: LEI N.
8.072/1990: DIPLOMAS ALTERADORES
Lei n. 13.142/2015
Incluiu no art. 1º 
da Lei n. 
8072/1990 o I-A: 
Crimes de lesão 
corporal 
gravíssima ou 
seguida de morte 
(art. 129,§ 2º e 3º)
Quando praticados 
contra autoridade ou 
agente descrito nos 
arts. 142 e 144 da 
CF/88, integrantes do 
Sistema Prisional, e da 
Força Nacional de 
Segurança Pública, no 
exercício da função ou 
em razão dela, ou 
contra seu cônjuge, 
companheiro, parente 
consanguíneo até 3º 
grau, em razão desta 
condição.
LEI DE CRIMES HEDIONDOS
Hediondos e 
equiparados.
• Rol taxativo: art. 1º e parágrafo único da Lei
8.072/1990. (Adoção do critério legal de definição
de crime hediondo).
• Art. 5º, XLIII, da CF/88 estende o tratamento dos
crimes hediondos às figuras típicas de Terrorismo
(art. 2º da Lei 13.260/2016 – Lei de Terrorismo),
Tortura (art. 1º da Lei 9.455/1997) e Tráfico ilícito
de entorpecentes e drogas afins (Lei 11.343/2006).
O art. 2º da Lei 8.072/1990 obedecendo a vontade
do constituinte também define os delitos acima
mencionados como equiparados a hediondos.
LEI DE CRIMES HEDIONDOS: APONTAMENTOS ACERCA
DOS CRIMES HEDIONDOS E EQUIPARADOS.
 Homicídio simples praticado em atividade típica de grupo de
extermínio ainda que por um só agente – difícil configuração, já
que geralmente tal atividade revelará alguma hipótese de
qualificadora (motivo torpe, fútil, impossibilidade de defesa, etc.).
Há controvérsias sobre a quantidade mínima de agentes (há
posições que exigem no mínimo 2 pessoas, outras exigindo de
03 a 04 pessoas). Alguns questionam ainda a ausência de um
conceito legal de grupo de extermínio/de atividade típica de
grupo de extermínio, mesmo após o advento do art. 288-A, o que
impediria a aplicação da norma por afronta ao princípio da
reserva legal. Para os que concordam com sua aplicação,
entendem que além de considerar a hediondez da conduta,
deve-se aplicar também a majorante do art. 121, § 6º, do CP
(por ter sido o homicídio praticado por grupo de extermínio).
 Com relação ao homicídio qualificado do art. 121, §2º, VII
(homicídio praticado contra autoridade ou agente descritos nos
art. 142 e 144 da CF/88, integrantes do sistema prisional e da
Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou
em decorrência dela; e as Lesões corporais gravíssima ou
seguida de morte contra esses mesmos agentes.
LEI DE CRIMES HEDIONDOS: APONTAMENTOS ACERCA
DOS CRIMES HEDIONDOS E EQUIPARADOS.
 Há controvérsia se no caso dos crimes anteriores a
expressão “autoridade” compreende membros do
Ministério Público e da Magistratura. Para uma corrente
(Francisco Dirceu Barros) sim a expressão abrange tais
autoridades a partir de uma interpretação analógica.
Para outra corrente (Rogério Greco e Rogério Sanches)
não há essa abrangência, apenas se referindo
autoridades que exercem função policial lato sensu, e
não as demais autoridades, ainda que estas estejam
ligadas de alguma forma à Justiça Penal. Destaca-se
também que o reconhecimento da natureza hedionda
dessas infrações ocorreráainda que a autoridade ou
agente lesados sejam aposentados, desde que o crime
tenha se dado em razão ou em decorrência de sua
função pública.
LEI DE CRIMES HEDIONDOS: APONTAMENTOS ACERCA
DOS CRIMES HEDIONDOS E EQUIPARADOS.
 Ainda com relação as duas infrações hediondas logo acima
citadas discute-se o reconhecimento da natureza hedionda
dos crimes, e no homicídio o reconhecimento da própria
qualificadora no caso do crime ocorrer contra filho/filha
adotivos, tendo em vista que o legislador se referiu a parente
consanguíneo, em que pese a CF/88 em seu art. 227, §6º,
tenha proibido quaisquer designações discriminatórias. O art.
1593 do CC diz ainda que o parentesco é civil ou natural
conforme resulte de consanguinidade ou outra origem.
Mesmo com todas essas considerações Rogério Greco e
Eduardo Cabette entendem que no caso da vítima ser filho
adotivo não se deve reconhecer no caso do homicídio a
qualificadora, e muito menos a natureza hedionda da
infração, o mesmo ocorrendo com as lesões corporais
gravíssima e de morte, sob pena de aplicação de analogia in
malam partem. Em sentido contrário: Francisco Dirceu de
Barros alegando a equiparação entre filhos adotivos e
consanguíneos feita pela CF/88.
LEI DE CRIMES HEDIONDOS: APONTAMENTOS ACERCA
DOS CRIMES HEDIONDOS E EQUIPARADOS.
 Homicídio privilegiado-qualificado → Posição que prevalece,
inclusive na jurisprudência do STJ, é de que tal crime não é
hediondo, pois há preponderância da circunstância subjetiva que
constitui o privilégio, a partir de uma interpretação analógica
contida no art. 67 do CP sobre a prevalência das circunstâncias
de caráter subjetivo no concurso entre agravantes e atenuantes.
 Extorsão qualificada pela privação da liberdade com resultado
morte (“Sequestro relâmpago” - art.158, § 3º) → Em que pese o
legislador não ter previsto no rol dos crimes hediondos tal
infração, poderia esta ser considerada crime hediondo? Posição
que prevalece: sim, pois o legislador equipara a própria extorsão
qualificada pela morte, que constitui crime hediondo, além disso,
as penas aplicáveis são as correspondentes a extorsão
mediante sequestro qualificada pela morte, que também é
hedionda (Rogério Sanches e Rogério Greco). Em contrário
Renato Brasileiro e Alberto Silva Franco que alegam não ter a
Lei n. 11.923/2009 alterado expressamente a lei de crimes
hediondos incluindo essa forma qualificada de extorsão no rol do
art. 1º da Lei de Crimes Hediondos.
LEI DE CRIMES HEDIONDOS: APONTAMENTOS ACERCA
DOS CRIMES HEDIONDOS E EQUIPARADOS.
 Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto
destinado a fins terapêuticos ou medicinais (art. 273, caput, e
§ 1º, §1º-A, §1º- B, com a redação dada pela Lei n. 9.677/98)
→ Vejam que cosméticos e saneantes foram incluídos entre
os objetos materiais desse crime. Destaca Delmanto, que
punir com as duríssimas penas desse dispositivo quem
falsifica esses produtos é uma violação do princípio da
proporcionalidade. Ressalte-se ainda, que apesar do
legislador não ter feito menção de que as formas qualificadas
pela lesão ou morte deste crime são crimes hediondos, a
jurisprudência assim entendem sob pena de haver mais uma
violação ao princípio citado. Observe que a Corte Especial do
STJ, no julgamento do HC 239.363/PR reconheceu a
inconstitucionalidade do preceito secundário do art. 273 do
CP, e determinou a aplicação das penas do crime de tráfico
de drogas (reclusão de 05 a 15 anos), para não haver ofensa
à proporcionalidade e razoabilidade, mantendo entretanto o
caráter hediondo do delito.
LEI DE CRIMES HEDIONDOS: APONTAMENTOS ACERCA
DOS CRIMES HEDIONDOS E EQUIPARADOS.
 Genocídio → Art. 1º, parágrafo único da Lei n. 8.072/1990.
O texto da lei de crimes hediondos contém um equívoco, porque
confere caráter hediondo ao genocídio, indicando as previsões
dos artigos 1º, 2º, e 3º da Lei n. 2.889/1956, quando na verdade,
genocídio só foi estabelecido no art. 1º, tratando os demais
dispositivos de associação criminosa para genocídio, e incitação
de genocídio. Diante disso, o posicionamento que prevalece é o
de não considerar os artigos 2º e 3º como crime hediondo,
apenas o 1º.
Outra questão polêmica que envolve a infração supracitada diz
respeito a ter ocorrido uma revogação tácita do art. 2º da Lei de
Genocídio – Crime de associação criminosa para genocídio,
pelo art. 8º da Lei de Crimes Hediondos, que traz a associação
criminosa para crimes hediondos e equiparados. Alberto Silva
Franco entende que sim por ser a lei de crimes hediondos mais
recente, já Rogério Greco entende que não por se tratar de lei
especial, mantendo a associação criminosa para genocídio pelo
princípio da especialidade.
LEI DE CRIMES HEDIONDOS: APONTAMENOS ACERCA
DOS CRIMES HEDIONDOS E EQUIPARADOS.
 Terrorismo → A Lei n.13.260/2016 finalmente regulamentou o
disposto no art. 5°, XLIII, da CF/88, tipificando o crime de terrorismo
até então não conceituado legalmente em nosso ordenamento
jurídico. A lei traz ainda disposições investigatórias e processuais, e
claro conceitua organização terrorista. Vale ressaltar que tal lei
recebeu inúmeras críticas, especialmente por trazer conceitos
imprecisos que representam grave violação ao princípio da reserva
legal e taxatividade.
 Tráfico de drogas → Constitui as infrações previstas nos artigos 33,
caput, §1º, e 34 da Lei de Drogas (Lei n. 11.343/2006) de acordo
com Victor Eduardo Rios Gonçalves e José Paulo Baltazar Junior.
Destaca-se que há autores que utilizam-se da interpretação do art.
44 da lei de drogas para ampliar esse rol, entendendo que além do
art. 33, caput, §1º, e 34, incluem-se ainda os crimes dos artigos 36 e
37, se filiando a este posicionamento Renato Brasileiro e Rogério
Greco.
LEI DE CRIMES HEDIONDOS: APONTAMENTOS ACERCA
DOS CRIMES HEDIONDOS E EQUIPARADOS.
 Polêmica surgiu quanto ao caráter hediondo da
Associação para o Tráfico (art. 35 da Lei n.
11.343/2006), entendendo STF e STJ pela não
hediondez do referido crime.
 A mesma questão envolve o crime de Tráfico
Privilegiado – art. 33,§3º da lei supramencionada, que
consiste na redução da pena de 1/6 a 2/3 quando o
agente é primário, possui bons antecedentes e
demonstra que não se dedicava à atividades criminosas
e não integrava organização criminosa. No julgamento
do HC 118.533, Rel. Min. Cármen Lúcia, em
23/06/2016, o Plenário do STF decidiu que o tráfico
privilegiado de drogas não possui natureza equiparada
à hedionda. Tal decisão se sobrepõe ao que havia
decidido o STJ que entendia pela natureza hedionda
desta figura penal, o que estava exposto na Súmula 512
cancelada em 23/11/2016.
LEI DE CRIMES HEDIONDOS: APONTAMENOS ACERCA
DOS CRIMES HEDIONDOS E EQUIPARADOS.
 Crimes militares 
A lei 8.072/1990 não fez menção aos crimes
militares, por essa razão infrações cometidas por
militares em serviço, ainda que possuam elementos
idênticos aos de um crime comum definido como
hediondo, não terão tal natureza. Ex. Estando um
militar em serviço, e realizando neste momento uma
conduta de estupro, não será julgado por tal ação
como crime hediondo, exceto se não estivesse em
serviço.
Crimes hediondos e suas implicações com o Código Penal, 
de Processo Penal e a Constituição Federal/88: Vedação de 
fiança, anistia, graça e indulto.
O art. 5º, XLIII, da CF/88 estabelece que
crimes hediondos e equiparados são
insuscetíveis de anistia, graça, e fiança. O
legislador infraconstitucional ampliando o
previsto no texto constitucional, incluiu a
vedação do indulto, o que promoveu um
debate se tal proibição era ou não
constitucional, se consolidando
entendimento no STF e STJ que a
proibição é válida.
Com relação ao indulto humanitário previsto
no art. 1º, XII, a, b, e c do Decreto n. 8.615
de 2015 por razões de ordem humanitária o
entendimento doutrinário majoritário é no
sentidoque mesmo os condenados aos
crimes da Lei de Crimes Hediondos fazem
jus ao benefício, no entanto, o STF se
manifestou contrário a aplicação desta forma
de indulto no caso de tráfico de drogas.
CRIMES HEDIONDOS E SUAS IMPLICAÇÕES COM O CÓDIGO PENAL,
DE PROCESSO PENAL E A CONSTITUIÇÃO FEDERAL/88: VEDAÇÃO
DE FIANÇA, ANISTIA, GRAÇA E INDULTO.
A proibição da liberdade provisória
expressa no texto original do art. 2º, II, foi
excluída com o advento da Lei
11.464/2007, sendo assim, apesar de
inafiançáveis, admitem liberdade provisória,
se ausentes os pressupostos que
autorizam a prisão cautelar, assim como
admitem relaxamento da prisão por
excesso de prazo, ou outras nulidades. –
Súmula 697 do STF perdeu o objeto.
Essa vedação peremptoriamente da
liberdade provisória sem fiança cumulada
com as medidas cautelares por parte do
legislador que criava uma prisão cautelar
obrigatória no caso dos crimes hediondos e
equiparados afrontava o princípio da
presunção de não culpabilidade, e privava o
magistrado da análise da necessidade da
manutenção da prisão cautelar do agente,
impondo uma prisão ex lege, e um juízo
prévio e abstrato de periculosidade
realizado pelo legilador segundo Renato
Brasileiro.
CRIMES HEDIONDOS E SUAS IMPLICAÇÕES COM O
CÓDIGO PENAL, DE PROCESSO PENAL E A
CONSTITUIÇÃO FEDERAL/88
• Art. 2º, §1º, da Lei 8.072/1990 – Regime 
inicialmente fechado. Violação do princípio da 
individualização da pena – Aplicação da regra do 
art. 33,§ 2º, a, b e c do CP (entendimento 
adotado no STF – Informativo 615).
Regime inicial de 
cumprimento de pena
• O regime inicial só poderá ser o fechado quando
a pena for superior a 08 anos, se o acusado for
reincidente, ou se as circunstâncias do caso
indicarem a gravidade diferenciada –
fundamentação da sentença.
Regime inicial de 
cumprimento da pena
• Art. 2º, §2º da Lei 8.072/1990.
• Súmula Vinculante 26 do STF e Súmulas 439 
e 471 do STJ – exame criminológico e 
requisitos para progressão.
Progressão de regime (2/5 
se primário, 3/5 se 
reincidente)
• Atualmente os Tribunais Superiores admitem a
concessão de penas restritivas de direitos e
sursis se preenchidos seus requisitos
autorizadores – art. 44 e 77 do CP. (Informativo
615 do STF).
Aplicação de Pena 
restritiva de direitos e 
Sursis em crimes 
hediondos.
CRIMES HEDIONDOS E SUAS IMPLICAÇÕES COM O
CÓDIGO PENAL, DE PROCESSO PENAL E A
CONSTITUIÇÃO FEDERAL/88
Apelo em liberdade
• Art. 2º, §3º da Lei – Possível,
desde que em decisão
fundamentada. Não há mais a
orientação de se proceder a
prisão compulsoriamente, em
caso de condenação de 1º
grau.
CRIMES HEDIONDOS E SUAS IMPLICAÇÕES COM O
CÓDIGO PENAL, DE PROCESSO PENAL E A
CONSTITUIÇÃO FEDERAL/88
Prisão 
Temporária
• De acordo com o previsto no art. 2º, §4º da Lei 8072/1990 a
prisão temporária disposta no art. 1º da Lei n. 7.960/89
para os crimes hediondos e equiparados terá o prazo de 30
dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e
comprovada necessidade. Para crimes comuns o prazo é de
05 dias, prorrogável por igual período. Segunda a Lei n.
7.960/89 cabe prisão temporária: I – quando for
imprescindível para as investigações durante o inquérito; II –
quando o indiciado não tiver residência fixa ou não fornecer
elementos necessários ao esclarecimento de sua
identidade; III – quando houver indícios de autoria ou de
participação em dos seguintes crimes: homicídio doloso,
sequestro ou cárcere privado, roubo, extorsão ou extorsão
mediante sequestro, estupro, epidemia, ou envenenamento
de água ou alimento, quadrilha, genocídio, tráfico de
entorpecentes ou crime contra o sistema financeiro.
CRIMES HEDIONDOS E SUAS IMPLICAÇÕES COM
O CÓDIGO PENAL, DE PROCESSO PENAL E A
CONSTITUIÇÃO FEDERAL/88
Prisão 
Temporária
• Apesar das divergências prevalece o
entendimento que a prisão temporária só cabe
nos crimes do inciso III acima e desde que
presente a hipótese do inciso I ou II, mas com o
advento da Lei n. 8069/90 ampliou-se o rol dos
crimes cabíveis de prisão temporária. Destaca-se
que a prisão temporária só pode ser decretada na
fase inquisitorial.
• Com a nova redação dos artigos 283 e 311 do
CPP dada pela Lei n. 12.403/2011 reconheceu-se
a coexistência das prisões temporária e preventiva
,e a possibilidade de ambas na fase policial. O art.
313, parágrafo único, do CPP revogou a parte final
do inciso II do art. 1º da Lei 7.960/89 que previa a
prisão temporária por falta de identificação do
acusado, uma vez que isso atualmente autoriza a
preventiva durante o inquérito.
CRIMES HEDIONDOS E SUAS IMPLICAÇÕES COM O
CÓDIGO PENAL, DE PROCESSO PENAL E A
CONSTITUIÇÃO FEDERAL/88
• Art. 83, V, do CP e Art. 5º da Lei n. 8.072/1990 –
Cumprimento de mais de 2/3 da pena, e demais
requisitos subjetivos e objetivos, desde que não
reincidente específico. Duas posições sobre
reincidência específica: restritiva e ampliativa. Para
tráfico, a lei de drogas faz a mesma previsão,
impedindo o livramento condicional ao reincidente
em tráfico. Vale ressaltar o cuidado com a
irretroatividade da lei penal, nos casos de inclusão
posterior do crime no rol dos hediondos.
Livramento 
condicional.
• Para Renato Brasileiro a lei de drogas por
se tratar de lei especial e posterior a de
crimes hediondos refere-se exclusivamente
ao delito de tráfico de drogas. Sendo assim
de acordo com o art. 44 da Lei de Drogas o
que impede a aplicação do livramento
condicional para o tráfico de drogas é
somente a reincidência específica nessa
infração penal.
Livramento 
condicional
CRIMES HEDIONDOS E SUAS IMPLICAÇÕES COM O CÓDIGO PENAL,
DE PROCESSO PENAL E A CONSTITUIÇÃO FEDERAL/88:
ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA ESPECÍFICA.
Art. 8º da Lei 8.072/1990 ≠ Art. 288 do
CP ≠ Art. 35 da Lei. 11.343/2006 (prevalece
no caso de tráfico de drogas em razão do
princípio da especialidade).
A majorante do art. 288, parágrafo único,
do CP, se aplica ao art. 8º da Lei de Crimes
Hediondos. (aumenta-se a pena da ½ -
associação armada ou presença de criança
ou adolescente).
Art. 8º, parágrafo único da Lei
8.072/1990 - Delação premiada
somente no caso do crime de
associação criminosa específica –
Causa de diminuição de pena
obrigatória e circunstância de caráter
pessoal incomunicável. Há
entendimento majoritário que em caso
de concurso de crimes, a redução só
atinge o delito do art. 8º desta lei.
CRIMES HEDIONDOS E SUAS IMPLICAÇÕES COM O CÓDIGO PENAL,
DE PROCESSO PENAL E A CONSTITUIÇÃO FEDERAL/88:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
 Art. 3º da Lei – Impõe à União o dever de manter estabelecimentos
penais de segurança máxima destinados ao cumprimento de penas
impostas a condenados de alta periculosidade, cuja permanência
em presídios estaduais ponha em risco a ordem ou incolumidade
pública. No ano de 2006 foi criado o Sistema Penitenciário Federal
com o fim de gestar e fiscalizar as penitenciárias federais, surgindo
assim os primeiros presídios federais de segurança máxima: Porto
Velho/RO, Mossoró/RN, Campo Grande/MS, Catanduvas/PR,
Brasília/DF (em planejamento).
 Art. 7º da Lei – incluiu mais uma caso de delação premiada, sendo
que agora somente aplicável ao crime de extorsão mediante
sequestro do art. 159 do CP.
 Causa de aumento de pena do art. 9º da Lei – tacitamente revogado,
já que o art. 224 do CP foi revogado pela Lei n. 12.015/2009.
CRIMES HEDIONDOS E SUAS IMPLICAÇÕES COM O
CÓDIGO PENAL, DE PROCESSO PENAL E A
CONSTITUIÇÃO FEDERAL/88: CONSIDERAÇÕES FINAIS
 Prazos – A lei 8.072/1990 não alude à questão de
prazos nos processos instaurados pela prática de
crimes hediondos, mas vale ressaltar o direito à
garantia da razoável duração do processo (art. 8º, I, do
Pacto de São José da Costa Rica e o art. 5º, LXXVIII da
CF/88), que se não for respeitada poderá caracterizar
prisão ilegal, mesmo em caso decrimes hediondos.
Com relação aos prazos procedimentais para apuração
de tráfico de drogas, serão observados no estudo da lei
de drogas.
 A Lei n. 13.285/2016 inseriu no CPP o art. 394-A que
estabeleceu a prioridade no tramitação dos processos
que apurem a prática de crimes hediondos em todas as
instâncias.
LEI DE CRIMES HEDIONDOS: P.L.S. Nº
236/2012.
Crimes hediondos
Art. 56. São considerados hediondos os seguintes crimes,
consumados ou tentados:
I – homicídio qualificado, salvo quando também privilegiado; II –
latrocínio; III – extorsão qualificada pela morte; IV – extorsão
mediante sequestro; V – estupro e estupro de vulnerável; VII –
epidemia com resultado morte; VIII – falsificação de
medicamentos e produtos afins; IX – redução à condição
análoga à de escravo; X – tortura; XI – terrorismo; XII – tráfico
de drogas, salvo se o agente for primário, de bons
antecedentes, e não se dedicar a atividades criminosas, nem
integrar associação ou organização criminosa de qualquer tipo;
XIII – financiamento ao tráfico de drogas; XIV – racismo; XV –
tráfico de pessoas; XVI – contra a humanidade.
§ 1º A pena por crime hediondo será cumprida inicialmente em
regime fechado.
§ 2º Os crimes hediondos são insuscetíveis de fiança, anistia e
graça.
LEI DE TORTURA (LEI Nº 9.455/1997).
Considerações iniciais: CF/88 previu
expressamente a vedação da utilização da tortura
no art. 5º, III, assim como a equiparou a crimes
hediondos, no inciso XLIII.
Tratados Internacionais:
Declaração Universal dos Direitos do Homem da
AGNU/1948.
Convenção contra a tortura e outros tratamentos ou penas
cruéis, desumanas, degradantes – AGNU/1984 –
Assinada e ratificada pelo Brasil em 1989.
Histórico: Inicialmente prevista na lei de crimes
hediondos como delito equiparado, mas ainda sem
uma definição legal, foi posteriormente tratada na Lei
n. 8.069/90 no art. 233 (tipo aberto muito criticado) –
Tortura contra criança e adolescente, que foi
posteriormente revogado pela lei em estudo.
LEI DE TORTURA: CRIMES EM ESPÉCIE.
 Tortura prova, tortura para prática de crime, e tortura discriminação.
Art. 1º, caput – Constitui crime de tortura:
I – constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-
lhe sofrimento físico ou mental:
a) Com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de 
terceira pessoa;
b) Para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;
c) Em razão de discriminação racial ou religiosa.
Pena – reclusão, de dois a oito anos.
Análise do delito:
→ Crime comum (sujeito ativo e passivo podem ser qualquer pessoa); Bem
jurídico tutelado é a integridade física e psíquica da pessoa; Comissivo; Formal
nas alíneas a e b, e material na alínea c.
→ Os crimes em análise são dolosos, sendo que as alíneas a e b, além do dolo
(elemento subjetivo do tipo – vontade de praticar a conduta de constranger com
violência ou grave ameaça), possuem ainda um elemento subjetivo especial –
dolo específico – fim de agir. No caso da alínea a, o fim é obtenção de
informação, declaração, ou confissão; e no caso da alínea b, o fim é
provocação de uma conduta criminosa.
LEI DE TORTURA: CRIMES EM ESPÉCIE.
 Tortura prova, tortura para prática de crime, e tortura discriminação.
→ Sendo assim a consumação nas alíneas a e b, se dá com a prática do
emprego da violência ou da grave ameaça causando sofrimento físico ou
psíquico, independente do alcance dos fins descritos (crime formal), na alínea
c, a consumação ocorre com o único resultado descrito que é causação do
sofrimento físico ou psíquico, por razões raciais ou religiosas (crime material).
→ Tentativa admissível.
→ A conduta precisa causar na vítima dor, corpórea ou psicológica.
→ Na alínea a o objeto da informação, declaração, ou confissão pode ser de 
qualquer natureza. Quando o objetivo for obter elemento probatório da prática 
de ilícitos, a prova obtida será ilícita, não sendo admitida em inquéritos ou 
processos judiciais.
→ Na alínea b a intenção é forçar a vítima a praticar crime, não cabendo em 
caso de contravenção (caso em que o agente responderá por constrangimento 
ilegal). O torturador além de ser punido no crime de tortura, será 
responsabilizado pelo crime praticado pela vítima em concurso material. A vítima 
que praticar o crime neste caso não é culpável, por inexigibilidade de conduta 
diversa em razão da coação moral irresistível.
→ Na alínea c dependendo da forma como aja o torturador também poderá ser 
punido por racismo previsto no art. 20 da Lei n. 7.716/89.
LEI DE TORTURA: CRIMES EM ESPÉCIE.
 Tortura-castigo
Art. 1º, caput (...)
II – submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego
de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico, ou mental, como
forma de aplicar castigo ou medida de caráter preventivo.
Pena – reclusão, de dois a oito anos.
Análise do delito:
→ Crime próprio (sujeito ativo só pode ser quem exerça guarda, poder, ou
autoridade – vinculação pública ou privada – ex. tutor, curador, pai, mãe,
diretor de penitenciária, etc.); Sujeito passivo devem ser as pessoas que
estejam sob guarda, poder ou autoridade; Bem jurídico tutelado é a
integridade física e psíquica da pessoa; Crime Comissivo/Omissivo próprio;
Material; e de Dano.
→ Crime doloso, pois a intenção do criminoso é submeter a vítima a grave
sofrimento físico ou mental, com o fim especial (dolo específico/elemento
subjetivo especial do tipo) de castigo ou aplicação de medida de caráter
preventivo – animus corrigendi.
LEI DE TORTURA: CRIMES EM ESPÉCIE.
 Tortura-castigo
→ Este tipo de tortura pode se confundir com o crime de maus
tratos (art. 136 do CP), a diferença está no elemento normativo
do tipo, que é a submissão da vítima a intenso sofrimento físico
ou mental, ou seja, o crime de tortura é reservado para
situações extremas, como: amarrar a vítima e chicotear; aplicar
ferro em brasa; etc.
→ O direito de corrigir é cabível nas relações de guarda, poder
ou autoridade, e é justificado pelo exercício regular do direito ou
pelo estrito cumprimento do dever legal, desde que não
excessivo.
→ A consumação do crime ocorre no momento em que a vítima
é submetida a intenso sofrimento físico ou psíquico, trata-se de
crime material. A tentativa é admissível, desde o crime seja
cometido na forma comissiva.
LEI DE TORTURA: CRIMES EM ESPÉCIE.
 Tortura de preso ou de pessoa sujeita a medida de segurança.
Art. 1, § 1º- Na mesma pena incorre quem submete ou sujeita a 
medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio 
da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida 
legal.
Análise do delito:
→ Trata-se de forma equiparada. Alguns autores entendem ser
Crime próprio (sujeito ativo só pode ser quem está no exercício de
guarda de pessoa presa, ou sujeita à medida de segurança), mas
há quem admita ser um Crime comum, podendo executar a
conduta do tipo sem estar desempenhando tal atividade, o que é
de difícil configuração. Sujeito passivo precisa ser alguém preso ou
sujeito à medida de segurança (sejam cautelares ou definitivas).
Bem jurídico tutelado é a integridade física e psíquica da pessoa
presa ou sujeita à medida de segurança (art.5], XLIX, da CF/88).
Crime Comissivo; Material; e de Dano.
→ Crime doloso, pois a intenção do criminoso é submeter a vítima
a grave sofrimento físico ou mental.
LEI DE TORTURA: CRIMES EM ESPÉCIE.
 Tortura de preso ou de pessoa sujeita à medida de segurança.
→ Elemento normativo – “Por intermédio da prática de ato não
previsto em lei ou não resultante de medida legal”. Comete o crime
quem submete vítima legalmente presa ou sujeita à medida de
segurança a medidas não previstas em lei (lei de execução penal e
outras), como: cela escura, solitária, aplicação de choques, RDD
sem decisão judicial, etc. O aplicador da norma deve verificarse a
legislação admite os atos que pretende aplicar no decorrer de uma
pena de prisão ou do cumprimento de uma medida de segurança.
Não confundir esta infração com abuso de autoridade, em que o
fim é o vexame ou constrangimento, e não o intenso sofrimento.
→ Os adolescentes sujeitos à medida socioeducativa não estão
abrangidos na redação do texto legal, devendo a tortura aplicada
contra eles na execução da medida socioeducativa, constituir
alguma outra modalidade, a depender da motivação do agente.
→ Consumação no momento em que o sofrimento físico ou mental
é causado na vítima. Tentativa admissível.
LEI DE TORTURA: CRIMES EM ESPÉCIE.
 Omissão perante a tortura.
Art. 1º, § 2º - Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha 
o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção de um a 
quatro anos.
Análise do delito:
→ Crime próprio (sujeito ativo será quem tinha dever de evitar, ou de
apurar a tortura). Sujeito passivo pode ser qualquer pessoa que esteja
sofrendo ou tenha sofrido tortura. Bem jurídico tutelado é a integridade
física e psíquica da pessoa; Crime Omissivo próprio; Formal; e de Dano.
→ Crime doloso, pois a intenção do criminoso é se omitir, não evitando, ou
não apurando a tortura.
→Elemento normativo do tipo – Dever de evitar e dever de apurar a tortura
– Na primeira situação o agente tem o dever de impedir que a tortura
aconteça, gozando o sujeito do status de garantidor, o que deveria leva-lo a
responder pelos crime de tortura que não impediu na modalidade comissiva
por omissão, por força do disposto no art. 13,§ 2º do CP, o que não deverá
ocorrer em razão da previsão específica do dispositivo em estudo.
Constituindo neste caso um crime omissivo próprio. Na segunda situação o
agente tem o dever de apurar uma tortura já ocorrida (princípio da
especialidade afasta o crime de prevaricação, ou de corrupção passiva
privilegiada).
LEI DE TORTURA: CRIMES EM ESPÉCIE.
 Omissão perante a tortura.
→ Alguns autores defendem que aquele que tinha dever
de evitar a tortura e não o fez, deve responder pelo crime
de tortura, na forma comissiva por omissão, para atender
a previsão constitucional do art. 5º, XLIII, da CF/88, que
informa que aquele que deixar de evitar a tortura também
deve por ela responder.
→ Consumação – Ocorre com a omissão independente
da vítima ter ou não sofrido física, ou mentalmente. A
tentativa não é admitida por se tratar de crime omissivo
próprio.
→ Em razão da pena mínima de 01 ano é cabível
suspensão condicional do processo.
LEI DE TORTURA: FORMAS QUALIFICADAS.
Art. 1º, § 3º - Se resulta lesão corporal de natureza grave
ou gravíssimas, a pena é de reclusão de quatro a dez
anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis
anos.
→ Modalidade preterdolosa.
→ Não admite forma tentada.
→ Distinção com o crime de homicídio qualificado pela
tortura.
→ Havendo início da conduta de tortura, seguida do dolo
dos resultados aqui citados, deverá ocorrer o concurso de
crimes. Ex. Após a tortura para obtenção de informações,
os agentes matem a vítima para ocultar o crime de tortura.
Haverá concurso material de tortura simples e homicídio
qualificado.
LEI DE TORTURA: CAUSAS DE AUMENTO.
Art. 1º, § 4º - Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:
I – se o crime é cometido por agente público.
II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência,
adolescente, ou maior de sessenta anos.
III- se o crime é cometido mediante sequestro.
→ São causas de aumento de pena que se aplicam na segunda fase do cálculo
da pena, admissíveis em qualquer modalidade de tortura, no entanto, no caso
do inciso I não se aplica nos casos de tortura, em que a condição de funcionário
público (art. 327 do CP), já é elementar do tipo penal, como é o caso da
omissão perante tortura (art. 1º, § 2º, desta lei). A lei não exige que o agente que
praticou a tortura esteja no exercício de suas funções, porém a doutrina
considera só aplicar a majorante, se a tortura realizada pelo sujeito tiver alguma
relação de causalidade com a função desempenhada por ele.
→ No caso do inciso II, criança é pessoa menor de 12, e adolescente quem
possui mais de 12, e menos de 18 anos, de acordo com o definido no ECA.
Para haver a majorante relacionada às gestantes, o agente deve ter ciência da
gravidez. A deficiência considerada para majorante pode ser física ou mental
(Definição do art. 2º da Lei n. 13.146/2015). Pessoa maior de 60 anos é idoso
de acordo com o disposto no art. 1º da Lei n.10.741/2003 – Estatuto do Idoso.
Tais circunstâncias não podem também ser consideradas na segunda fase do
cálculo da pena (agravantes genéricas), para não ocorrer bis in idem.
LEI DE TORTURA: CAUSAS DE AUMENTO.
→ Sequestro é privação da liberdade, porém para
haver aplicação da majorante, a privação da
liberdade deve ocorrer por tempo prolongado
(desnecessário ao cometimento do ato, ou quando a
vítima foi deslocada de um local para outro).
→ Caso o juiz reconheça no caso mais de uma
causa de aumento de pena, poderá aplicar apenas
um, com base no disposto no art. 68, parágrafo
único.
→ Pode-se aplicar as causas de aumento de pena às
formas qualificadas? Alguns autores entendem que
não, e outros entendem não haver nenhuma
incompatibilidade.
LEI DE TORTURA (LEI Nº 9.455/1997).
Efeitos da condenação: Art. 1º, §5º, da lei: perda
do cargo, função ou emprego público e interdição
para seu exercício pelo dobro do prazo da pena
aplicada: necessário constar da sentença.
Progressão de regime: Art. 1º, § 7º, da Lei:
iniciará o cumprimento em regime fechado.
Ver critérios definidos na Lei de Crimes
Hediondos para fixação do regime inicial e
para progressão de regime no crime de
tortura também.
Vedação de Graça, Anistia e Fiança: Art. 1º, § 6º, da
Lei – STF entende que em que pese o legislador não
vedar expressamente o indulto, não o admite ao crime
de tortura, em razão de sua equiparação a crime
hediondo, representando a expressão graça, qualquer
forma de indulto, seja o individual, seja o coletivo.
LEI DE TORTURA (LEI Nº 9.455/1997).
Aplicação das penas restritivas de direitos
substitutivas: Impossibilidade, por tratar-se de
crime doloso com violência ou grave ameaça à
pessoa (art. 44 do CP). Cabível apenas na
omissão perante tortura, que tecnicamente não
constitui crime de tortura.
Ação penal pública
incondicionada.
Extraterritorialidade incondicionada da lei penal
brasileira em crimes de tortura (art. 2º da Lei):
Aplica-se a lei brasileira ao crime de tortura que
tenha ocorrido contra vítima brasileira, ainda que
fora do Brasil, ou estando o agente em local sob
jurisdição brasileira.
LEI DE TORTURA (LEI Nº 9.455/1997):
COMPETÊNCIA PARA PROCESSAR E JULGAR
 Competência da Justiça Comum Estadual ou Federal
dependendo do caso, inclusive no caso de cometimento por
policial militar em serviço, já que tal delito não encontra tipo
correspondente no CPM.
 Federalização das causas referentes a Direitos Humanos: Do
incidente de deslocamento de competência e o Tribunal Penal
Internacional (competência subsidiária).
 EC n. 45/2004 incluiu o inciso V-A, ao art. 109, da CF/88 –
Aos juízes federais compete julgar as causas relativas à
direitos humanos, a que se refere o § 5º deste artigo. Este
parágrafo diz que nas hipóteses de graves violações de
direitos humanos, o PGR, com finalidade de assegurar o
cumprimento de obrigações decorrentes de tratados
internacionais de Direitos Humanos dos quais o Brasil é
signatário, poderá suscitar perante o STJ, em qualquer fase
do inquérito, ou processo, incidente de deslocamento de
competência para a Justiça Federal.
LEI DE TORTURA (LEI Nº 9.455/1997): 
COMPETÊNCIA PARA PROCESSAR E JULGAR
 Imprescritibilidade da tortura → A CF/88 em seu art. 5º, 
XLII, XLIV, prevê duas hipóteses de imprescritibilidade,a saber, os crimes de racismo, e a ação de grupos 
armados, civis ou militares, contra a ordem 
constitucional e o Estado Democrático, não 
mencionando a tortura. Porém, o Estatuto de Roma de 
17/07/98 aprovado no Congresso Nacional através do 
decreto Legislativo n. 112/2002, e promulgado através 
do decreto n. 4.338/2002 estabelece em seu art. 7º, I, f 
que a tortura é um crime contra a humanidade, quando 
cometida no quadro de um ataque, generalizado ou 
sistemático, contra qualquer população civil. Além disso 
o art. 29 do estatuto informa que os crimes de 
competência do TPI não prescrevem. Sendo assim o 
Brasil deve respeitar tais regras, e se a tortura for 
praticada nessas condições deverá ser imprescritível.
JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS (LEI Nº 9.099/95)
Histórico, fundamentação constitucional, e
princípios norteadores.
Âmbito de incidência.
Composição dos Juizados.
Competência: em razão do lugar do crime e da 
matéria
JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS (LEI Nº 9.099/95)
Conexão e Continência entre crime comum 
e infração de pequeno potencial ofensivo. 
Citação e intimação.
Causas modificativas de competência.
Excesso de acusação 
JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS (LEI Nº
9.099/95)
Violência doméstica e a
aplicação da Lei n. 9099/95
Estatuto do Idoso e suas
relações com a Lei n. 9099/95
Acusados com foro por
prerrogativa de função.
JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS (LEI Nº
9.099/95)
Crimes eleitoras e suas relações 
com a Lei n. 9.099/95.
Indispensabilidade da defesa 
técnica.
Termo circunstanciado. Imposição 
de prisão em flagrante. 
JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS (LEI Nº
9.099/95)
Fase preliminar: composição de danos 
e não comparecimento dos envolvidos.
Transação penal.
Procedimento sumaríssimo.
JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS (LEI Nº 9.099/95)
Suspensão condicional do processo
Sistema recursal no JECRIM
Inovações práticas no âmbito do 
Juizado Especial não previstas em lei.
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO (LEI Nº 9.503/97)
Considerações 
iniciais: conceito 
relacionados
Conceito 
de veículo 
automotor
Art. 4ª da 
Lei.
Considerações 
iniciais: conceito 
relacionados
Conceito 
de via 
pública
Art. 1º e 2º 
da Lei.
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO (LEI Nº 9.503/97)
Suspensão ou Proibição da Permissão 
ou habilitação para dirigir veículo 
automotor.
Execução da pena: Art. 
293,§1 do CTB – Não 
seguindo o disposto 
poderá incorrer no crime 
do art. 307 do CP.
Suspensão ou proibição 
cautelar: Art. 294 do 
CTB.
Reincidência específica 
e seus efeitos: Art. 296 
do CTB: nos crimes em 
que a lei já prevê a 
punição, a reincidência 
atuará como 
circunstância agravante 
preponderante (art. 61, I 
do CP). Nos crimes em 
que o CTB não comina 
tal pena, o juiz poderá 
aplicá-la, sem prejuízo 
das demais.
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO (LEI Nº 9.503/97): 
AGRAVANTES GENÉRICAS
Art. 298. São circunstâncias que sempre agravam as penalidades dos crimes de
trânsito ter o condutor do veículo cometido a infração:
I - com dano potencial para duas ou mais pessoas ou com grande risco de
grave dano patrimonial a terceiros;
II - utilizando o veículo sem placas, com placas falsas ou adulteradas;
III - sem possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação;
IV - com Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação de categoria diferente
da do veículo;
V - quando a sua profissão ou atividade exigir cuidados especiais com o
transporte de passageiros ou de carga;
VI - utilizando veículo em que tenham sido adulterados equipamentos ou
características que afetem a sua segurança ou o seu funcionamento de acordo
com os limites de velocidade prescritos nas especificações do fabricante;
VII - sobre faixa de trânsito temporária ou permanentemente destinada a
pedestres.
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO (LEI Nº 9.503/97): TIPOS PENAIS
E CAUSAS DE AUMENTO DA PENA.
Art. 308 do CTB – Participação em competição não 
autorizada
Art. 309 do CTB – Direção de veículo sem permissão 
ou habilitação.
Art. 310 do CTB – Entrega de veículo a pessoa não 
habilitada.
Art. 311 do CTB – Excesso de velocidade em 
determinados locais.
Art. 312 do CTB – Fraude no procedimento apuratório.
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO (LEI Nº 9.503/97)
 Prisão em flagrante e Fiança.
→ Art. 301 do CTB – estabelece que é possível a prisão em
flagrante nos crimes de homicídio e lesão corporal culposos,
assim como nos demais, no entanto, visando estimular o
mediato socorro às vítimas, o legislador vedou a efetivação da
prisão, assim como dispensou a fiança, caso o condutor do
veículo envolvido no acidente venha a prestar o imediato
socorro à vítima.
Vale destacar, entretanto, uma questão relativa ao crime de
lesão corporal culposa, que com o advento da Lei 9099/1995
passou a constituir infração de pequeno potencial ofensivo e o
art. 69, parágrafo único da referida lei vedou a prisão em
flagrante e a exigência de fiança quando o autor do fato, após
lavrado o termo assumisse o compromisso de comparecer em
juízo. No entanto, se a lesão culposa ocorrer em algumas da
hipóteses do § 1º do art. 291 do CTB, segundo o §2º do mesmo
dispositivo deverá ser instaurado inquérito policial e nesse caso
será cabível prisão em flagrante.
LEI DE GENOCÍDIO (LEI Nº 2.889/56): CONSIDERAÇÕES
INICIAIS E RELAÇÕES COM A LEI DE CRIMES HEDIONDOS.
 Considerações iniciais: O extermínio de povos ou grupos, mediante o
assassinato em massa, foi diversas vezes registrado na história, como por
ex. na segunda guerra mundial, com as atrocidades contra judeus, ciganos, e
outros, promovida por nazistas. O Brasil aderiu à Convenção para a
Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio aprovada na III Sessão da
AGNU/1948 que entrou em vigor em 1951 e foi incorporada pelo Brasil com o
Decreto-Legislativo n. 02/51 e promulgada pelo Decreto n. 30.822/52 e em
seu art. 5º impunha aos países signatários obrigação de aprovar medidas
legislativas que estabelecessem sanções penais às praticas genocidas.
Os crimes dos 
artigos 1º, 2º e 3º 
são considerados
hediondos.
São insuscetíveis 
de fiança, graça, 
indulto e anistia.
Progressão de regime 
e livramento 
condicional conforme 
previsão da lei de 
crimes hediondos.
Crime contra 
humanidade –
imprescritível.
Competência 
subsidiária do TPI 
– art. 6º do 
Estatuto de Roma.
LEI DE GENOCÍDIO (LEI Nº 2.889/56):
EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA DA LEI
PENAL BRASILEIRA
 O art. 6º da Convenção para Prevenção e a Repressão do Crime
de Genocídio define que “pessoas acusadas de genocídio ou
qualquer dos outros atos enumerados no Artigo III serão
julgadas pelos tribunais competentes do Estado em cujo
território foi o ato cometido ou pela Corte Penal Internacional
competente com relação às partes contratantes que lhe tiverem
reconhecido a jurisdição”.
 Em que pese o disposto acima, a referida Convenção não obriga
os Estados contratantes a punirem crimes de genocídio
cometidos fora do seu território, mas também não impede que o
façam, e exatamente por isso nosso ordenamento jurídico pátrio
previu a possibilidade de aplicação extraterritorial da lei penal
brasileira fundada no princípio da justiça penal universal no art.
7º, I, d, do CP, ficando sujeitos a aplicação da lei penal brasileira,
independente de qualquer condição, os
agentes que cometerem genocídio fora do Brasil, desde que
sejam brasileiros ou domiciliados no Brasil, ainda que tenham
sido absolvidos ou condenados no estrangeiro pelo referido
delito. Para alguns esta regra afronta o princípio do Non Bis In
Idem.
LEI DE GENOCÍDIO (LEI Nº 2.889/56): 
CONFLITO APARENTE DE NORMAS
 O crime de genocídio também está previsto no Código Penal
Militar, seja em tempos de paz (art. 208 do CPM), seja emtempos de guerra (art. 401 e 402 do CPM), e para sua
aplicação como norma especial em relação ao crime de
genocídio em estudo, devem estar presentes as hipóteses
previstas no art. 9º do CPM. Dentre elas podemos citar:
praticado por militar em situação de atividade ou
assemelhado, contra militar na mesma situação ou
assemelhado; praticado por militar em situação de atividade
ou assemelhado, em lugar sujeito à administração militar,
contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou
civil; praticado por militar em serviço, ou atuando em razão da
função, em comissão de natureza militar, ou em formatura,
ainda que fora do lugar sujeito à administração militar contra
militar da reserva, ou reformado, ou civil, DENTRE OUTRAS
SITUAÇÕES ELENCADAS NO ARTIGO.
LEI DE GENOCÍDIO (LEI Nº 2.889/56): CONCEITO
 É um crime que de forma geral protege a própria humanidade,
sendo o bem jurídico tutelado a própria existência humana coletiva,
e não individual, o que possui reflexos sobre os direitos à vida, à
integridade física, à reprodução humana, à liberdade religiosa, à
liberdade sexual, etc. (direito de existir coletivamente). Nesse
sentido se manifestou o Plenário do STF “O tipo penal do delito de
genocídio protege, em todas as suas modalidades, bem jurídico
coletivo ou transindividual, figurado na existência do grupo racial,
étnico, ou religioso, a qual é posta em risco por ações que podem
também ser ofensivas a bens jurídicos individuais [...]”
 A principal finalidade do crime de genocídio é a proteção da
existência de culturas, diversidade de nacionalidade, de raças,
etnias, religiões, etc.
 Não podemos confundir genocídio com crimes contra pessoa
(homicídio, lesão corporal, aborto,etc.), pois estes protegem direitos
individuais, enquanto o genocídio tutela direitos coletivos de
natureza racial, religiosa, étnica, de procedência nacional, entre
outros, ou seja, o dolo do genocídio possui uma maior amplitude,
que é a de destruir, no todo, ou em parte, um grupo de pessoas.
LEI DE GENOCÍDIO (LEI Nº 2.889/56): 
INDEPENDÊNCIA DE CRIMES
 Diante do exposto anteriormente o crime de genocídio é
autônomo em relação aos demais.
 Se o meio empregado para prática do genocídio
configure outros crimes, haverá autonomia entre eles, não
podendo se confundir genocídio com homicídio, lesões
corporais, aborto, seqüestro, etc., devendo ocorrer o
concurso de crimes, não sendo cabível a alegação de
consunção, conforme entendimento do STF no
julgamento do RE 351487/RR noticiado no informativo
434. Por exemplo: O genocídio foi praticado por
intermédio de homicídios, haverá concurso formal entre
os homicídios (continuidade delitiva) e o genocídio.
 Em tal caso os Ministros Carlos Britto, Marco Aurélio e
Sepúlveda Pertence ressalvaram entendimento no sentido
de autonomia entre os crimes de genocídio e homicídio,
quando este foi meio executório para aquele.
LEI DE GENOCÍDIO (LEI Nº 2.889/56): 
COMPETÊNCIA.
Julgados
• RE 351487/RR, de 03/08/2006 - Informativo 434
do STF.
• Resp 222.653-RR, de 12/09/2000 – Informativo
0070 da Quinta Turma do STJ.
Conclusões
• O crime de genocídio é de competência em regra
do juiz singular.
• Exceto no caso do art. 1º, a, d, da lei em comento,
em que há a utilização de homicídios ou abortos
para o alcance do fim genocida, em razão das
regras de conexão, tanto o crime doloso contra a
vida, como o genocídio, serão processados e
julgados no Tribunal do Júri – art. 5º, XXXVIII da
CF/88 c/c art.78 do CPP
LEI DE GENOCÍDIO (LEI Nº 2.889/56): 
COMPETÊNCIA.
Conclusões
• A princípio a competência é da Justiça Estadual; contudo
o art. 109, V-A, da CF/88 prevê que a competência será
da Justiça Federal, em “casos de grave violação de
direitos humanos, se houver necessidade de assegurar o
cumprimento de obrigações decorrentes de tratados
internacionais sobre direitos humanos dos quais o Brasil
seja parte”.
Conclusões
• A CF/88 deixa claro então que a competência da Justiça
Federal pressupõe a existência de indícios de que as
autoridades estaduais não estão apurando
satisfatoriamente os fatos, havendo assim a necessidade
de deslocamento de competência para garantir que o
Brasil cumpra suas obrigações decorrentes de tratado
internacional sobre direitos humanos.
LEI DE GENOCÍDIO (LEI Nº 2.889/56): 
COMPETÊNCIA.
Conclusões
• Isso ocorrendo o PGR deverá suscitar
perante ao STJ incidente de deslocamento
de competência para Justiça Federal, caso
o procedimento – inquérito ou ação penal –
esteja tramitando na esfera estadual. Se o
genocídio for praticado contra índios a
competência será sempre da Justiça
Federal, pois a ação atinge potencialmente
a própria existência da etnia (disputa sobre
direitos indígenas). – art. 109, XI, da CF/88
– afastando assim a aplicação da súmula n.
140 do STJ que diz competir à Justiça
Estadual processar e julgar crime em que o
indígena figure como autor ou vítima.
LEI DE GENOCÍDIO (LEI Nº 2.889/56): 
COMPETÊNCIA - TPI.
 O § 4º do art. 5º da CF/88 prevê ainda que o Brasil se
submete à jurisdição do TPI (criado pelo Estatuto de
Roma em 17/07/1998 – Sede Haia, na Holanda). A
competência do TPI é residual, ou seja, somente se
instaura depois de esgotada a via procedimental interna
do país vinculado, e a jurisdição penal nacional mostrar-
se inerte ou insuficiente. Os crimes de competência do
TPI são imprescritíveis, já que atentam contra a
humanidade como um todo.
 O Brasil formalizou sua adesão ao tratado por meio do
Decreto-legislativo n. 112, de 06 de junho de 2002,
promulgado pelo Decreto n. 4.388/2002. Nos termos do
Estatuto o TPI terá competência para processar e julgar:
a) crimes de genocídio, b) crimes contra a humanidade,
c) crimes de guerra, d) crimes de agressão.
LEI DE GENOCÍDIO (LEI Nº 2.889/56): 
MODALIDADES.
 Art. 1º Quem, com intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo 
nacional, étnico, racial ou religioso, como tal:
a) matar membros do grupo;
b) Causar lesão grave à integridade física ou mental de membros do 
grupo;
c) Submeter intencionalmente o grupo a condições de existência 
capazes de ocasionar-lhe a destruição física total ou parcial;
d) Adotar medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do 
grupo;
e) Efetuar a transferência forçada de crianças do grupo para outro grupo;
Será punido:
Com as penas do art. 121, § 2º, do Código Penal, no caso da letra a;
Com as penas do art. 129, § 2º, do Código Penal, no caso da letra b;
Com as penas do art. 270, do Código Penal, no caso da letra c;
Com as penas do art. 125, do Código Penal, no caso da letra d;
Com as penas do art. 148, do Código Penal, no caso da letra e;
LEI DE GENOCÍDIO (LEI Nº 2.889/56): 
MODALIDADES (ART. 1º-DESTAQUES)
 Crime comum: sujeito ativo pode ser qualquer pessoa.
 Sujeito passivo: Trata-se de crime vago, pois o sujeito passivo é
a sociedade/coletividade, mas também constará do pólo passivo
a pessoa diretamente atingida pela ação (crianças, fetos
exterminados, mulheres e homem esterilizados, etc.).
 Elemento subjetivo: dolo direto ou indireto.
 Elemento subjetivo especial: fim de destruir no todo ou em parte
o grupo.
 Não esquecer do concurso formal de crimes (genocídio e o meio
empregado para o genocídio – ex. homicídio, aborto, sequestro,
etc.
 Questão controversa: No caso da letra e, a norma traz como
elemento do tipo e objeto material do crime, a criança. O ECA
em seu art. 2º conceitua criança como a pessoa com até 12
anos incompletos, e adolescente com 12 até 18 incompletos. Já
a Convenção dos Direitos da Criança da ONU, em seu art. 1º,
considera criança a pessoa com até 18 anos incompletos. O
entendimento que prevalece é do ECA.
LEI DE GENOCÍDIO (LEI Nº 2.889/56): 
MODALIDADES (ART. 1º-DESTAQUES)
 Consumação e Tentativa: 
→ No caso da letra a, com a morte de uma ou maispessoas, não
sendo necessário alcançar o objetivo de destruição do grupo,
portanto trata-se de crime formal. Tentativa possível.
→ No caso da letra b, com a lesão por uma ou mais pessoas,
também não sendo necessário alcançar o objetivo de destruição
do grupo, portanto trata-se de crime formal. Tentativa possível.
→ No caso da letra c, com a submissão de uma ou mais pessoas
às condições indignas de sobrevivência, também não sendo
necessário alcançar o objetivo de destruição do grupo, portanto
trata-se de crime formal. Tentativa possível.
→ No caso da letra d, com a adoção de medidas destinadas a
causar aborto ou esterilizações, não sendo necessário alcançar
o objetivo de destruição do grupo, portanto trata-se de crime
formal. Tentativa possível.
→ No caso da letra e, com a retirada das crianças, também não
sendo necessário alcançar o objetivo de destruição do grupo,
portanto trata-se de crime formal. Tentativa possível.
LEI DE GENOCÍDIO (LEI Nº 2.889/56): 
MODALIDADES (ART. 2º-DESTAQUES)
Art. 2º Associarem-se mais de 3 (três) pessoas para prática dos crimes
mencionados no artigo anterior.
Pena: Metade da cominada ao crime ali previsto.
 Crime comum: sujeito ativo qualquer pessoa.
 Crime vago: sujeito passivo a sociedade, pois o bem jurídico tutelado é a
paz pública e indiretamente os bens tutelados pelas modalidades de
genocídio do dispositivo anterior.
 Núcleo do tipo: associarem-se, que é a união de pelo menos 4 pessoas,
com o fim de execução de alguma modalidade de genocídio. Trata-se de
figura forma especial diante do crime previsto no art. 288 do CP.
 Tal infração exige para sua configuração o ânimo associativo de
estabilidade e a intenção de praticar especificamente os crimes de
genocídio do art. 1º da lei em questão.
 Elemento subjetivo: Dolo direto ou indireto.
 Consumação ocorre com a associação de pelo menos 4 agentes com o
fim de genocídio (elemento subjetivo especial do tipo), mesmo que este
não se ocorra (crime formal). Tentativa de difícil configuração.
 Concurso de crimes: Quando além do ato de se associarem com o fim de
genocídio, os agentes também efetivamente executem o referido delito,
haverá concurso material.
LEI DE GENOCÍDIO (LEI Nº 2.889/56): 
MODALIDADES (ART. 3º-DESTAQUES)
Art. 3º Incitar, direta e publicamente alguém a cometer qualquer dos
crimes de que trata o art. 1º:
Pena: Metade das penas ali cominadas.
§1º A pena pelo crime de incitação será a mesma de crime incitado, se este
se consumar.
§2º A pena será aumentada de 1/3 (um terço), quando a incitação for
cometida pela imprensa.
 Tutela-se a paz pública e os bens jurídicos protegidos nas modalidades
de genocídio.
 Crime Comum: sujeito ativo qualquer pessoas. Sujeito passivo a
sociedade (crime vago).
 A conduta do tipo é incitar/ incentivar a prática de genocídio, devendo tal
incitação ser pública, ou seja, dirigida para um nº indeterminado de
pessoas, e direta (sem intermediários).
 Elemento subjetivo: dolo (consciência e vontade de dirigir a incitação
para o público).
Consumação se dá com a incitação chegando ao conhecimento público,
mesmo que a destruição do grupo não ocorra (crime formal). Tentativa
possível em caso de ato plurissubsistente.
LEI DE GENOCÍDIO (LEI Nº 2.889/56): 
MODALIDADES (ART. 3º-DESTAQUES)
 A incitação é uma forma de participação no concurso de
pessoas.
 Quem incita a prática de um crime determinado responde em
concurso de pessoas com quem praticar a infração penal
(autor), no entanto, o tipo penal em análise prevê crime
autônomo para incitação, excepcionando-se neste caso a
teoria monista adotada no art. 29 do CP.
 Quando o genocídio incitado não for executado, a incitação
será a tipificada no caput do art. 3º da Lei, mas caso o
genocídio ocorra, a forma típica a ser aplicada será a de
incitação qualificada prevista no art. 3º, §1º da Lei, que define
para tanto a mesma pena do genocídio.
 O art. 3º, § 2º da Lei prevê ainda uma causa de aumento de
pena de 1/3 se a incitação for realizada pela imprensa.
LEI DE GENOCÍDIO (LEI Nº 2.889/56): CAUSAS DE
AUMENTO DE PENA: ART. 4º E 5º -DESTAQUES
 Art. 4º A pena será agravada de 1/3 (um terço), no caso dos arts. 1º,
2º e 3º, quando cometido o crime por governante ou funcionário
público.
 Art. 5º Será punida com 2/3 das respectivas penas a tentativa dos
crimes definidos nesta lei.
→ Apesar do legislador denominar o art. 4º da Lei como agravante,
trata-se de causa de aumento de pena a ser aplicada na terceira
fase do cálculo da pena aos crimes de genocídio, associação para
genocídio e incitação para o genocídio.
→ Verifica-se que a redação do art. 5º da Lei, de acordo com o
princípio da especialidade, afastou a aplicação do art. 14,II do CP, no
que se refere a tentativa de genocídio.
LEI DE GENOCÍDIO (LEI Nº 2.889/56): 
ART. 6º - DESTAQUES
 Art. 6º Os crimes de que trata esta lei não serão considerados
crimes políticos.
→ Basicamente o crime de genocídio não será considerado
político para fins de extradição ( art. 7º da Convenção para a
prevenção e repressão do crime de genocídio informa o mesmo).
→ Sendo signatário do Estatuto de Roma o Brasil se comprometeu
em cooperar com o TPI, e esta cooperação abrange a obrigação de
cumprir as ordens do Tribunal, e dentre elas a de entregar a
pessoa procurada.
→ Essa classificação do genocídio como crime não político se
tornou necessária tendo em vista que a CF/88 em seu art. 5º, LII,
definiu que não haverá extradição por crimes de natureza
política. Entretanto o próprio Estatuto de Roma deixa clara a
diferença entre entrega par efeitos do TPI, e extradição, dizendo
que nesta última ocorre se dá com a entrega do acusado de um
Estado para outro Estado, e a primeira, defina propriamente
como entrega, consiste na entrega de um acusado por um
Estado a um Tribunal.
LEI DE LAVAGEM DE DINHEIRO (LEI Nº
9.613/98)
Considerações 
iniciais
• Histórico da evolução do
conceito e a problemática
do crime antecedente.
Objeto 
jurídico.
• Controvérsias sobre o 
tema.
LEI DE LAVAGEM DE DINHEIRO (LEI Nº
9.613/98)
Alterações promovidas 
pela Lei nº 12.683/2012.
Tipos penais e Causas 
de aumento de pena.
Delação premiada.
LEI DE LAVAGEM DE DINHEIRO (LEI Nº
9.613/98)
Fiança e Liberdade 
provisória.
Medidas
assecuratórias.
Ação controlada e 
efeitos da condenação.
LEI DE CRIME ORGANIZADO (LEI Nº 12.850/2013): 
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
 HISTÓRICO POLÍTICO E SOCIAL DA LEI. (PINTO, 2008)
→ Abril de 1989 – Deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) faz discurso
na Câmara dos Deputados a favor do combate a esta forma de
criminalidade, requerendo criação de subcomissão de combate
ao crimes organizado com função de oferecimento de projeto de
lei que tratasse da questão. Solicitação que foi aceita.
→ Agosto de 1989 – Deputado Michel Temer (PMD,B – SP)
apresenta projeto de lei dispondo sobre repressão e prevenção
do crime organizado. Após aprovação na CCJ, no plenário da
Câmara, despacho para o Senado (junho de 1990), e tramitação
de mais de 04 anos nesta última casa, voltou para Câmara com
substitutivo. Miro Teixeira afirmava então que só o clamor
público conseguiria tirar o projeto do papel.
→O projeto de lei foi aprovado em abril de 1995, sancionado em
maio do mesmo ano, sob a forma da Lei n. 9034/1995.
DIREITO PENAL DO INIMIGO, POPULISMO
PENAL MIDIÁTICO E ORGANIZAÇÕES
CRIMINOSAS.
→ DPI introduz a distinção entre crime comum e a criminalidade
que abala a estrutura social (aqui incluída a criminalidade
organizada). Para os defensores deste direito, os autores de
crimes comuns são cidadãos, os demais não, ficando privados
de garantias e direitos fundamentais penais e processuais
penais. O populismo penal midiático cumpre papel
indispensável no convencimento e apoio a esta nova concepção
de direito.→ Para os críticos deste direito não há que se distinguir as duas
esferas de criminalidade através da perspectiva do afastamento
dos direitos e garantias fundamentais da pessoa humana, pois
não se pode transigir com estes. Portanto, por mais necessário
que seja distinguir a criminalidade organizada dos demais
crimes, aplicando tratamento diferenciado a esta (por exemplo,
criação de meios técnicos de investigação diferenciados), isso
não pode incluir a violação das garantias fundamentais.
EDIÇÃO DAS LEIS 9.034/1995 E 10. 217/2001: 
BUSCA POR UM CONCEITO LEGAL DE 
ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA.
→ A lei n. 9.034/1995 no seu texto original, regulava apenas os
meios de provas e investigação que versassem sobre quadrilha
ou bando, não mencionando organizações criminosas.
Revelando um descompasso entre o enunciado da lei, e seu
conteúdo. Defendendo alguns que quadrilha ou bando seria
equiparado a organização criminosa, devendo ser a lei aplicada
aos praticantes do crime do art. 288 do CP. Já outros não
concordando com tal equiparação, afirmavam não haver
conceito legal de organização criminosa, não sendo possível
sua aplicação, sob pena de afrontar o princípio da reserva legal.
→ Para tentar solucionar a questão foi editada a Lei n.
10.217/2001 – que definiu que os procedimentos investigatórios
e probatórios alcançariam quadrilhas e bandos, associações
criminosas, e organizações criminosas – revelando a nova lei a
vontade do legislador de fazer distinção entre tais grupamentos.
EDIÇÃO DAS LEIS 9.034/1995 E 10. 217/2001: 
BUSCA POR UM CONCEITO LEGAL DE 
ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA.
→ Ocorre que a lei 10.217/2001 manteve a ausência da
definição legal de organização criminosa.
→ Alguns autores manifestavam-se pela aplicação do conceito
de organização criminosa da Convenção de Palermo –
Convenção das Nações Unidas contra Crime Organizado
Transnacional de 2000, que foi ratificada pelo Brasil através do
decreto legislativo n. 231 de 2003, tendo tal posição sido
adotada à época pelo STJ. Para autores, como Luiz Flávio
Gomes, a Convenção citada não poderia produzir efeitos
jurídicos, enquanto o Congresso não aprovasse/referendasse
definitivamente o documento internacional, concluía o autor que
os tratados e convenções configuram fontes diretas imediatas
do direito internacional penal, mas jamais podem servir de base
normativa para o direito penal interno, cuja fonte única e direta
só pode ser lei ordinária ou complementar. Solucionando tal
embate foram publicadas as leis n. 12.694/2012 e 12850/2013
LEI 12.694/2012: CONSTRUÇÃO DO PRIMEIRO 
CONCEITO DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA PARA 
FINS PROCESSUAIS.
→ A lei n. 12.694/2012 dispõe sobre o processo e
julgamento colegiado em primeiro grau de jurisdição de
crimes praticados por organizações criminosas. Para tanto
estabeleceu um conceito legal de organização criminosa,
que deve ser utilizado para fins processuais nela
previstos.
→Estabeleceu seu art. 2º “Para os efeitos desta Lei,
considera-se organização criminosa a associação, de 3
(três) ou mais pessoas, estruturalmente ordenada e
caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que
informalmente, com objetivo de obter, direta ou
indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante
a prática de crimes cuja pena máxima seja igual ou
superior a 4 (quatro) anos ou que sejam de caráter
transnacional”.
LEI 12.694/2012: CONSTRUÇÃO DO PRIMEIRO CONCEITO
DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA PARA FINS PROCESSUAIS.
→ Esse conceito foi formulado para permitir o juiz decidir
pela formação de colegiado, com fim de praticar qualquer
ato processual preservando a integridade física e
psicológica do julgador, portanto, a definição de
organização criminosa desta lei é processual, ou seja,
serve apenas para a constituição do colegiado que
decidirá processualmente sobre decretação de prisão,
medidas assecuratórias, concessão de liberdade
provisória, sentença, e execução de pena, conforme
previsão do art. 1º da referida lei.
→ Destacamos que este conceito não terá aplicação para
efeitos penais, valendo para tal fim, o conceito de
organização criminosa definido na Lei n 12.850/2013, a
ser visto mais a frente. Assim como, mesmo não havendo
formação de colegiado, serão aplicadas as demais regras
processuais da Lei de Crime organizado – Lei n.
12.850/2013, que estudaremos a seguir.
LEI 12.694/2012: CONSTRUÇÃO DO PRIMEIRO
CONCEITO DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA PARA
FINS PROCESSUAIS.
Art. 1o Em processos ou procedimentos que tenham por objeto crimes praticados por
organizações criminosas, o juiz poderá decidir pela formação de colegiado para a prática de
qualquer ato processual, especialmente: I - decretação de prisão ou de medidas
assecuratórias; II - concessão de liberdade provisória ou revogação de prisão; III -
sentença; IV - progressão ou regressão de regime de cumprimento de pena; V - concessão
de liberdade condicional; VI - transferência de preso para estabelecimento prisional de
segurança máxima; e VII - inclusão do preso no regime disciplinar diferenciado.
§ 1o O juiz poderá instaurar o colegiado, indicando os motivos e as circunstâncias que
acarretam risco à sua integridade física em decisão fundamentada, da qual será dado
conhecimento ao órgão correcional.
§ 2o O colegiado será formado pelo juiz do processo e por 2 (dois) outros juízes escolhidos
por sorteio eletrônico dentre aqueles de competência criminal em exercício no primeiro grau
de jurisdição.
§ 3o A competência do colegiado limita-se ao ato para o qual foi convocado.
§ 4o As reuniões poderão ser sigilosas sempre que houver risco de que a publicidade
resulte em prejuízo à eficácia da decisão judicial.
§ 5o A reunião do colegiado composto por juízes domiciliados em cidades diversas poderá
ser feita pela via eletrônica.
§ 6o As decisões do colegiado, devidamente fundamentadas e firmadas, sem exceção, por
todos os seus integrantes, serão publicadas sem qualquer referência a voto divergente de
qualquer membro.
§ 7o Os tribunais, no âmbito de suas competências, expedirão normas regulamentando a
composição do colegiado e os procedimentos a serem adotados para o seu
funcionamento.
LEI 12.694/2012: LEI DO JUIZ SEM ROSTO -
CONSIDERAÇÕES SOBRE SUA CONSTITUCIONALIDADE
 Pesquisas feitas pelo Conselho Nacional de Justiça logo após a
morte da juíza Patrícia Acioli, apontam que 150 magistrados
brasileiros são ameaçados, e este número passou para 182 em
2013. Devido a tais dados, e principalmente após a comoção
social em torno do “caso Patrícia Acioli”, foi sancionada a Lei
12.694/2012 tendo o objetivo de promover a segurança dos
juízes que investigam casos de organizações criminosas.
 Em que pese a necessidade de segurança de juízes criminais
que processam e julgam casos de organizações criminosas,
vários autores defendem que tal lei é inconstitucional, por ferir os
princípios do processo penal da publicidade, da motivação das
decisões, do juiz natural e da identidade física do juiz.
 Em seu artigo 6º, a lei define que as decisões serão tomadas
pela maioria, e publicadas sem a identificação de eventual voto
divergente de qualquer membro. Ou seja, será uma decisão
fundamentada, mas que não mencionará se todos os juízes
votaram da mesma maneira.
LEI 12.694/2012: LEI DO JUIZ SEM ROSTO -
CONSIDERAÇÕES SOBRE SUA CONSTITUCIONALIDADE
 Destacamos que a maior parte das críticas se referem à violação ao
princípio do juiz natural, pois os dois juízes escolhidos para formar o
colegiado com o juiz do processo não são considerados juízes
competentes para o mesmo, pois adentram ao processo após seu início,
além disso, seria um direito do réu saber quem está julgando sua causa.
 Outra crítica considerável trata da lesão ao princípio da identidade física
do juiz, segundo o qual, o juiz que iniciou no processo e acompanhou as
provas produzidas desde o começo, estará vinculado a ele. Porém,
mesmoque o primeiro juiz ainda esteja vinculado, de fato, ao processo,
os outros dois magistrados sorteados para formar o colegiado, não
acompanharam a produção de provas nem o processo desde sua fase
inicial, o que fere o princípio da identidade física.
 Autores alegam ainda, que com essas garantias assegura-se a
imparcialidade do juiz, que seria um pressuposto da atividade
jurisdicional, e que o Sistema Judiciário deveria adotar outras medidas
que não comprometesse o conjunto de garantias fundamentais, para
assegurar a integridade dos magistrados.
ADVENTO DA LEI Nº 12.850/2013: CONCEITO E CRIME DE 
ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA.
→ A atual lei define conceito de
organização criminosa para fins
penais, ou seja, tipificação do
crime de organização criminosa.
→ A lei dispõe ainda sobre
investigação criminal, meios
de obtenção de prova,
infrações correlatas, e
procedimento criminal. (art.1º
da lei)
ADVENTO DA LEI Nº 12.850/2013: CONCEITO E CRIME DE 
ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA.
 Art. 1º [...]
§1º Considera-se organização criminosa a
associação de 4 (quatro) ou mais pessoas
estruturalmente ordenada e caracterizada pela
divisão de tarefas, ainda que informalmente, com
objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem
de qualquer natureza, mediante a prática de
infrações penais cujas penas máximas sejam
superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de
caráter transnacional.
Requisitos para configuração da organização
criminosa:
ADVENTO DA LEI Nº 12.850/2013: CONCEITO E CRIME DE 
ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA.
1. Pluralidade de pessoas, no mínimo 04, sem limitação de
número máximo.
2. Estrutura interna na organização (nível organizacional) – o
que não é exigido na associação criminosa do 288 do CP.
3. Divisão de tarefas entre os integrantes, ainda que
informalmente – tarefas específicas para cada membro.
4. Finalidade de obtenção, direta ou indiretamente, de
vantagem de qualquer natureza.
5. Os agentes devem visar praticar infrações penais com pena
máxima em abstrato igual ou superior a 4 anos, ou que
sejam de caráter transnacional (envolva mais de um país)e,
nesse caso, não há relevância do tempo de pena em
abstrato fixado pela lei.
6. Esses requisitos são cumulativos.
EXTENSÃO DA APLICABILIDADE DA LEI 
DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA.
 Art. 1º [...]
§ 2o Esta Lei se aplica também:
I - às infrações penais previstas em tratado ou convenção
internacional quando, iniciada a execução no País, o resultado
tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou
reciprocamente;
II - às organizações terroristas, entendidas como aquelas
voltadas para a prática dos atos de terrorismo legalmente
definidos. (Redação dada pela lei nº 13.260, de 2016)
→ Este parágrafo fixa situações que não configuram
organizações criminosas, mas que também se sujeitarão às
medidas de investigação, meio probatório, e procedimento
criminal previstos na lei em comento. Na situação do inciso I,
estende-se a aplicação da lei à criminalidade transnacional,
ainda que não praticada por organização criminosa.
EXTENSÃO DA APLICABILIDADE DA LEI 
DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA.
→ No inciso II, estende-se a aplicação da lei de
organização criminosa em análise às organizações
terroristas internacionais, sendo a finalidade o
principal traço de distinção entre associação
criminosa e os grupos terroristas, em que os fins de
tomada de poder político, a pretexto de uma
ideologia política, religiosa ou étnica, prevalecem
sobre os econômicos, que são em geral almejados
pelas organizações criminosas em sentido estrito.
(GONÇALVES; BALTAZAR JUNIOR, 2016)
ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA: ANÁLISE DO TIPO
PENAL.
 Art. 2o Promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou
por interposta pessoa, organização criminosa:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa, sem prejuízo das
penas correspondentes às demais infrações penais praticadas.
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem impede ou, de qualquer forma,
embaraça a investigação de infração penal que envolva organização
criminosa.
→ Bem jurídico tutelado: paz pública, e secundariamente, os bens
jurídicos protegidos pelos crimes visados pela organização criminosa.
→ Crime comum, pode ser praticado por qualquer pessoa. Sujeito
passivo é a coletividade, por isso se trata de crime vago. É crime
plurissubjetivo, pois exige o concurso necessário de 4 ou mais
pessoas, computando-se inclusive os inimputáveis, os que possuem
extinção de punibilidade, e os não identificados, desde que presente
prova robusta de sua existência.
ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA: ANÁLISE DO TIPO
PENAL.
→ Análise dos elementos objetivos do tipo:
Promover (impulsionar/fomentar), Constituir
(formar/compor), Financiar (custear/bancar), e Integrar
(fazer parte/juntar-se) organização criminosa (conceito
exposto no art. 1º, §1º, desta lei).
→ Elemento subjetivo: Dolo de associação na forma das
condutas acima expostas – Exige o ânimo de
permanência e estabilidade (crime permanente). Não há
forma culposa. O dolo pode ser aferido pela análise de
circunstâncias factuais objetivas. (conforme item 2 do art.
5 da Convenção de Palermo).
→ Consumação: Crime formal e de conduta múltipla,
consumando-se com a mera execução de qualquer das
condutas definidas no tipo, independente da prática dos
crimes por parte da organização criminosa. Não admite
forma tentada.
ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA: ANÁLISE DO TIPO
PENAL, E FORMA EQUIPARADA.
→ Concurso de Crimes: No caso de efetiva prática de crimes pela
organização criminosa, haverá concurso material, por expressa
disposição legal.
→ Competência, como regra, é da Justiça Estadual. O
procedimento é o ordinário. Nada impede que se continue
aplicando a Lei n. 12.694/2012, para formação de um colegiado de
três juízes para julgamento dos crimes que envolvam organizações
criminosas, pois não houve revogação desta lei, pela que ora
analisamos.
→ Forma equiparada : Art. 2º, § 1º da lei – Aplica-se a pena deste
crime a quem, sem praticar as condutas do caput, impede ou
embaraça a investigação da infração penal que envolva
organização criminosa – equiparação desproporcional para alguns.
A incriminação decorre do emprego sistemático de meios para
dificultar ou evitar a produção de provas, mencionado no art. 23 da
Convenção de Palermo, como por exemplo: ofertas de cooptação,
pressão, tumultuamento da ação penal (arrolamento de
testemunhas desnecessárias, etc.), violência efetiva contra
testemunhas, membros da organização, peritos, policiais, etc.
ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA: ANÁLISE DO TIPO
PENAL, E FORMA EQUIPARADA.
→ Sujeitos do delito: crime comum – qualquer pessoa.
Sujeito passivo: coletividade.
→ Elementos objetivos do tipo: Impedir – significa
obstar/impossibilitar. Embaraçar – significa
dificultar/atrapalhar. O objeto material dessa figura
criminosa é a investigação da infração penal que envolve
organização criminosa.
→ Elemento subjetivo: Dolo.
→ Consumação: Com o impedimento, paralisação,
insucesso da investigação, sendo de difícil configuração a
tentativa.
→ Concurso de crimes: Pelo princípio da especialidade
prevalece sobre 343, 344, e 347 do CP.
ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA: ANÁLISE DO TIPO
PENAL.
 Art. 2º [...]
§ 3o A pena é agravada para quem exerce o
comando, individual ou coletivo, da organização
criminosa, ainda que não pratique pessoalmente atos
de execução.
→ O parágrafo anterior trata de circunstância
agravante de pena a ser considerada na segunda
fase do cálculo da pena, para o dirigente da
organização criminosa, ainda que não pratique
pessoalmente os atos de execução. Alguns
entendem que tal agravante era desnecessária, em
razão da previsão art. 62, I, do CP.
ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA: ANÁLISE DO TIPO
PENAL.
 Art. 2º [...]
§ 2o As penas aumentam-se até a metade se na atuação
da organização

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