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MANUAL CASEIRO 1 Manual Caseiro FICHAMENTO DO LIVRO LEGISLAÇÃO CRIMINAL ESPECIAL COMENTADA, Renato Brasileiro de Lima (Pág. 173 – 185, 2014, 2ª Tiragem, Revista, Ampliada e Atualizada, Editora Juspodvim). INVESTIGAÇÃO CRIMINAL CONDUZIDA PELO DELEGADO DE POLÍCIA Legislação: Lei 12.830/2013 1. Objeto da Lei nº 12.830 de 2013 O artigo 1º da Lei 12.830/2013, deixa claro qual o objeto de análise da referida, declinando “Esta lei dispõe sobre a INVESTIGAÇÃO CRIMINAL CONDUZIDA PELO DELEGADO DE POLÍCIA”. Cumpre recordarmos em que contexto histórico social essa Lei foi editada. Após a rejeição da PEC 37, a qual objetivava conferir a investigação criminal com exclusividade à Polícia. Diante do insucesso da PEC 37, surge então a Lei nº 12.830/2013, que passa a dispor sobre a investigação criminal conduzida pelo Delegado de Polícia. 2. Polícia Judiciária |Administrativa e Investigativa O art. 2º da Lei 1.2.830/2013 descreve que “as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais exercidas pelo delegado de polícia são se natureza jurídica, essenciais e exclusivas de Estado”. Denota-se da leitura do dispositivo acima transcrito que o legislador ordinário fez uma distinção entre a denominada policia judiciária e policia investigativa. Nesse sentido, questiona-se, em que consiste a atividade da polícia judiciária? E da policia investigativa? E, por fim a administrativa? 2.a) Polícia Judiciária cuida da função de caráter repressivo, auxiliando o Poder Judiciário. Sua atuação ocorre depois da prática de uma infração penal e tem como objetivo precípuo colher elementos de informação relativos à materialidade e à autoria do delito, propiciando que o titular da ação penal possa dar início à persecução penal em juízo. 2.b) Polícia Investigativa atua na busca dos elementos informativos e de prova de autoria e materialidade do crime. Obs.1. No tocante as atividades investigatórias, cumpre ressaltar que estas devem ser exercidas precipuamente por autoridades policiais, sendo vedada a participação de agentes estranhos ao quadro da polícia. 2.c) Polícia administrativa trata-se de atividade de cunho preventivo, ligada à segurança, visando impedir a prática de atos lesivos à sociedade. Além da distinção feita pela Lei nº 12.830/2013, ora objeto de nosso estudo, a Constituição Federal nessa mesma linha também o fez, conforme se pode observar do teor do art. 144, §1º incisos I e II, senão vejamos. Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: I - polícia federal; II - polícia rodoviária federal; III - polícia ferroviária federal; IV - polícias civis; V - polícias militares e corpos de bombeiros militares. § 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se a: I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei; II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de competência; Como se percebe, a Constituição Federal e a Lei n° 12.830/2013 estabelecem uma distinção entre as funções de polícia judiciária e as funções de polícia investigativa. Destarte, por funções de polícia investigativa devem ser compreendidas as atribuições ligadas à colheita de elementos informativos quanto à autoria e materialidade das infrações penais. A expressão polícia judiciária está relacionada às atribuições de auxiliar o Poder Judiciário, cumprindo as ordens judiciárias relativas à execução de mandados de prisão, busca e apreensão, condução coercitiva de testemunhas, etc. Por se tratar de norma hierarquicamente superior, deve, então, a Constituição Federal, prevalecer sobre o teor do Código de Processo Penal (art. 4°, caput). 3. Natureza jurídica das funções de Polícia Judiciária e investigativa Da redação disposta no art. 2º, caput, da Lei 12830/2013, fica evidente que as funções de polícia judiciária e a apuração das infrações penais exercidas pelo Delegado de Polícia são de natureza jurídica. Obs.: Exclusividade do Estado para o exercício da atividade policial. O art. 2°, caput, da Lei n° 12.830/13, também dispõe expressamente que as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais exercidas pelo Delegado de Polícia são essenciais e exclusivas do Estado, o que significa dizer que o Estado não pode transferir o exercício dessas funções à iniciativa privada. Cumpre salientarmos que, inobstante a exclusividade do Estado para o exercício da atividade policial, as investigações podem ser feitas por outras instituições, que não a policial, é o exemplo do poder de investigação criminal exercida pelo Ministério Público. Nesse sentido, “a atribuição para a apuração das infrações penais e de sua autoria não excluirá a de autoridades administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma função. Há diversos órgãos que também podem desenvolver atividades investigatórias criminais, como, por exemplo, as Comissões Parlamentares de Inquérito, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) e o próprio Ministério Público. Na mesma linha, o art. 2°, caput, da Lei n° 12.830/2013, não impede a realização de investigações criminais defensivas”. 4. CONDUÇÃO DO INQUÉRITO POLICIAL PELO DELEGADO DE POLÍCIA O §1º, do art. 2º, da Lei nº 12.830/2013, prevê que “Ao delegado de polícia, na qualidade de autoridade policial, cabe a condução da investigação criminal por meio de inquérito policial ou outro procedimento previsto em lei, que tem como objetivo a apuração das circunstâncias, da materialidade e da autoria das infrações penais”. - O que é o inquérito policial? Qual sua natureza jurídica? Finalidade? Como é sua condução? O inquérito policial é procedimento administrativo inquisitório e preparatório, presidido pelo Delegado de Polícia, na qualidade de autoridade policial. O inquérito policial consiste em um conjunto de diligências realizadas pela polícia investigativa objetivando a identificação das fontes de prova e a colheita de elementos de informação quanto à autoria e materialidade da infração penal, a fim de possibilitar que o titular da ação penal possa ingressar em juízo. - Qual a função do inquérito policial? A doutrina mais moderna tem imputado ao inquérito policial duas funções, quais sejam, a função preservadora e a função preparatória, está última mais conhecida no âmbito jurídico. a) preservadora: a existência prévia de um inquérito policial inibe a instauração de um processo penal infundado, temerário, resguardando a liberdade do inocente e evitando custos desnecessários para o Estado; b) preparatória: fornece elementos de informação para que o titular da ação penal ingresse em juízo, além de acautelar meios de prova que poderiam desaparecer com o decurso do tempo. Nessa esteira, contemplamos que a condução do inquéritoé de atribuição do Delegado de Polícia. O art. 2°,§1°, da Lei nº 12.830/13, demonstra que a autoridade policial a que se refere a legislação processual penal é o Delegado de Polícia, que deve conduzir as investigações criminais por meio de inquéritos policiais ou outros procedimentos investigatórios de atribuição da Polícia. 5. DISCRICIONARIEDADE DO DELEGADO DE POLÍCIA NA CONDUÇÃO DO INQUÉRITO O inquérito policial é conduzido de maneira discricionária pela autoridade policial, que deverá determinar o rumo das diligências de acordo com as peculiaridades do caso concreto. Os arts. 6 e 7º do Código de Processo Penal, prevê algumas das diligências que podem ser realizadas na fase do inquérito policial, todavia, não são as referidas de produção obrigatória. Tem-se aí apenas uma sugestão das principais medidas que devem ser adotadas pela autoridade policial, o que não impede que o Delegado de Polícia defina estratégia e diligências diversas para a apuração da infração penal. Obs.: Exame de corpo de delito, quando a infração deixa vestígios é de realização obrigatória. - E o que se pode entender por uma atuação discricionária? Discricionariedade implica liberdade de atuação nos limites traçados pela lei. Se a autoridade policial ultrapassa esses limites, sua atuação passa a ser arbitrária, ou seja, contrária à lei. Logo, não se permite ao Delegado de Polícia a adoção de diligências investigatórias contrárias à Constituição Federal e à legislação infraconstitucional. Portanto, quando o art. 2°, § 2°, da Lei n° 12.830/13, dispõe que cabe ao delegado de polícia a requisição de perícia, informações, documentos e dados que interessem à apuração dos fatos, há de se lembrar que certas diligências investigatórias demandam prévia autorização judicial, sujeitas que estão à denominada cláusula de reserva de jurisdição (v.g., prisão temporária, mandado de busca domiciliar). Assim, apesar de o delegado de polícia ter discricionariedade para avaliar a necessidade de interceptação telefônica, não poderá fazê-lo sem autorização judicial. Nos mesmos moldes, por ocasião do interrogatório policial do investigado, deverá adverti-lo quanto ao direito ao silêncio (CF, art. 5°, LXIII). Atenção! Em que pese a discricionariedade do Delegado de Polícia, é certo que autoridade policial não pode negar o requerimento de diligências que guardem importância e correlação com o esclarecimento dos fatos. Admite-se, a contrario sensu, o indeferimento de medidas inúteis, protelatórias ou desnecessárias, o que, por cautela, deve ser feito motivadamente. 5.1 Discricionariedade x Requisições do MP: mitigação da discricionariedade Essa discrionariedade, todavia, não é absoluta, sofrendo evidente mitigação diante de eventual requisição ministerial. Se o Ministério Público é o titular da ação penal pública (CF, art. 129, I), sendo, portanto, o destinatário, por excelência, dos elementos de informação produzidos no curso da investigação policial, não se pode negar ao Parquet a possibilidade de requisitar diligências imprescindíveis à formação da opinio delicti. Esse poder de requisição deriva diretamente da Constituição Federal: dentre as funções institucionais do Ministério Público, consta do art. 129, VIII, da CF, a possibilidade de requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações processuais. Destaca-se, porém que o Delegado de Polícia não é obrigado a atender requisições manifestamente ilegais. 6. RESTRIÇÕES À AVOCAÇÃO OU REDISTRIBUIÇÃO DE INVESTIGAÇÕES POLICIAIS O inquérito policial ou outro procedimento previsto em lei em curso somente poderá ser avocado ou redistribuído por superior hierárquico, mediante despacho fundamentado, por motivo de interesse público ou nas hipóteses de inobservância dos procedimentos previstos em regulamento da corporação que prejudique a eficácia da investigação. 7. NECESSIDADE DE FUNDAMENTAÇÃO DA REMOÇÃO DO DELEGADO A remoção do delegado de polícia dar-se-á somente por ato fundamentado. (§5º, art. 2º, Lei nº 12.830/2013). Na busca de evitar favorecimentos e perseguições em virtude do trabalho do Delegado de Polícia, o art. 2°, § 5°, da Lei n° 12.830/2013, passa a exigir que o ato administrativo de remoção seja devidamente fundamentado, o que, em tese, permite a todos a verificação do motivo que deu ensejo ao referido ato. Destaca-se ainda que, os Delegados de Polícia não são dotados da garantia da inamovibilidade. 8. INDICIAMENTO 8.1 Conceito Indiciar é atribuir a autoria (ou participação) de uma infração penal a uma pessoa. É apontar uma pessoa como provável autora ou partícipe de um delito. O indiciado não se confunde com um mero suspeito. A) Suspeito ou investigado é aquele em relação ao qual há frágeis indícios, ou seja, há mero juízo de possibilidade de autoria; B) Indiciado é aquele que tem contra si indícios convergentes que o apontam como provável autor da infração penal, isto é, há juízo de probabilidade de autoria; recebida a peça acusatória pelo magistrado, surge a figura do acusado. Obs.1. Distinção: Suspeita X Indiciamento (graus de convicção progressivo). A passagem da suspeita para o indiciamento envolve graus de convicção progressivos. Até o inquérito – INDICIADO. Após a formalização da acusação (ação penal) torna-se acusado, ou seja, no momento do oferecimento da denúncia ou queixa. Quando o juiz receber a exordial, torna-se réu, quando houver sentença condenatória vira condenado, e por fim, após o TJ tornando-se reeducando. A suspeita é um juízo de mera possibilidade, portanto é um juízo neutral. No indiciamento o juízo é de probabilidade, ante os indícios concretos de que o individuo é o autor do crime (aneutral). Indiciamento é declaração oficial (oficialização) da suspeita. Obs.2. Consequência A primeira consequência prática do indiciamento é o fato de que o nome do indiciado passará a constar nos sistemas policiais. 8.2 Momento A condição de indiciado poderá ser atribuída já no auto de prisão em flagrante ou até o relatório final do delegado de polícia. Logo, uma vez recebida a peça acusatória, não será mais possível o indiciamento, já que se trata de ato próprio da fase investigatória. Os Tribunais Superiores têm considerado que o indiciamento formal após o recebimento da denúncia é causa de ilegal e desnecessário constrangimento à liberdade de locomoção, visto que não se justifica mais tal procedimento, próprio da fase inquisitorial. 8.3 Espécies – direito e indireto O indiciamento pode ser feito de maneira direta ou indireta. A) o indiciamento direto ocorre quando o indiciado está presente; B) o indiciamento indireto ocorre quando o indiciado está ausente (v.g., indiciado foragido). A regra é que o indiciamento seja feito na presença do investigado. No entanto, na hipótese de o investigado não ser localizado, por se encontrar em local incerto e não sabido, ou quando, regularmente intimado para o ato, deixar de comparecer injustificadamente, é possível a realização do indiciamento indireto. 8.4 Pressupostos O indiciamento só pode ocorrer a partir do momento em que reunidos elementos suficientes que apontem para a autoria da infração penal, quando, então, o delegado de polícia deve cientificar o investigado, atribuindo-lhe, fundamentadamente, a condição jurídica de "indiciado", respeitadas todas as garantias constitucionais e legais. 8.5 Desindiciamento Ausente qualquer elemento de informação quanto ao envolvimento do agente na prática delituosa, a jurisprudência tem admitido a possibilidade de impetração de habeas corpus a fi de sanar o constrangimentoilegal daí decorrente, buscando-se o desindiciamento. O indiciamento configura constrangimento quando a autoridade policial, sem elementos mínimos de materialidade delitiva, lavra o termo respectivo e nega ao investigado o direito de ser ouvido e de apresentar documentos. 8.6 Atribuição O indiciamento é o ato resultante das investigações policiais por meio do qual alguém é apontado como provável autor de um fato delituoso. Cuida-se, pois, de ato privativo do Delegado de Polícia que, para tanto, deverá fundamentar-se em elementos de informação que ministrem certeza quanto à materialidade e indícios razoáveis de autoria. 8.7 Sujeito Passivo Em regra, qualquer pessoa pode ser indiciada. Todavia, de acordo com o art. 41, inciso II, e parágrafo único, da Lei n° 8.625/93, constitui prerrogativa dos membros do Ministério Público, no exercício de sua função, a de não ser indiciado em inquérito policial, sendo que, quando, no curso de investigação, houver indício da prática de infração penal por parte de membro do Ministério Público, deve a autoridade policial, civil ou militar remeter, imediatamente, sob pena de responsabilidade, os respectivos autos ao Procurador-Geral de Justiça, a quem competirá dar prosseguimento à apuração. De modo semelhante, quando, no curso de investigação, houver indício da prática de crime por parte do magistrado, a autoridade policial, civil ou militar, remeterá os respectivos autos ao Tribunal ou órgão especial competente para o julgamento, a fim de que prossiga na investigação (LC n° 35/79, art. 33, parágrafo único). Quem não pode ser indiciado? (“imune” a indiciamento). 1º Magistrados; Quem não tem atribuição para investigar, também não poderá ser indiciado. Assim, os magistrados não podem ser investigados pela autoridade policial, conforme proclama o artigo 33, p. único da LOMAN (Lei orgânica da magistratura nacional, LC 35/79). 2º Promotor de Justiça; Igualmente, membros do MP não podem ser indiciados posto a vedação quanto a investigação pela autoridade policial, conforme restrição dispostas ao teor do art. 41,II, LONMP, Lei 8.625. 3º Detentor de imunidade diplomática imunidade e consular (só abrange atos funcionais), fora da função o consular não possui imunidade. O agente diplomático, diferentemente, possui imunidade para qualquer ato. Assim, a imunidade do consular só abrange os atos funcionais, enquanto que o diplomata abrange todos os atos, relativos ou não a função. 9. TRATAMENTO PROTOCOLAR A SER DISPENSADO AOS DELEGADOS DE POLÍCIA O cargo de delegado de polícia é privativo de bacharel em Direito, devendo-lhe ser dispensado o mesmo tratamento protocolar que recebem os magistrados, os membros da Defensoria Pública e do Ministério Público e os advogados (Art. 3º, Lei nº 12.830/2013). 1 CARREIRAS JURÍDICAS CERS LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL MÓDULO ÚNICO – MANUAL CASEIRO – @dpeemconstrução Crimes Hediondos – Lei nº 8.072/90 Dispõe sobre os crimes hediondos, nos termos do art. 5º, inciso XLIII, da Constituição Federal, e determina outras providências. 1. Previsão Constitucional Art. 5º. XLIII – a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem. O art. 5º, XLIII da Constituição Federal impõe patamar mínimo ao legislador, revestindo-se a norma constitucional em verdadeiro “mandado ”. constitucional de criminalização - Aprofundamento: Mandado Constitucional de Criminalização- Os mandados de criminalização indicam matérias sobre as quais o legislador ordinário não tem a faculdade de legislar, mas a obrigatoriedade de tratar, protegendo determinados bens ou interesses de forma adequada e, dentro do possível, integral. As Constituições modernas não se limitam a especificar restrições ao poder do Estado e passam a conter preocupações com a defesa ativa do indivíduo e da sociedade em geral. A própria Constituição impõe a criminalização visando à proteção de bens e valores constitucionais, pois do Estado, espera-se mais de uma atividade defensiva. Requer-se que torne eficaz a Constituição, dando vida aos valores que ela contemplou. Conclusão: A Lei nº 8.072/90 define os crimes hediondos, anunciando as consequências penais e processuais, obedecendo mandado constitucional de criminalização, esculpida no art. 5º, XLIII da Constituição Federal. 2. Sistemas de Classificação das Infrações Penais como Crimes Hediondos a) Sistema legal: compete ao legislador num rol taxativo, anunciar quais os delitos considerados hediondos. Crítica ao respectivo sistema: esse sistema ignora a gravidade do caso concreto, trabalha apenas com a gravidade em abstrato. b) Sistema judicial: é o juiz quem, na apreciação do caso concreto, diante do crime e da forma como foi praticado, decide se é ou não hediondo. Crítica ao respectivo sistema: este sistema viola a taxatividade (não há segurança jurídica, pois fica a critério do juiz). c) Sistema misto: o legislador apresenta rol exemplificativo dos crimes hediondos, permitindo ao juiz, na análise do caso concreto, encontrar outras hipóteses (interpretação analógica). 2 Crítica ao respectivo sistema: reúne as críticas do sistema anterior, pois o rol exemplificativo do legislador ignora a gravidade do caso concreto, e o juiz, por outro lado, com o poder de complementar o rol, continua ignorando o princípio da taxatividade. E qual o sistema adotado pela Lei nº 8.072/90? O critério adotado pela legislação brasileira para rotular determinada conduta como hedionda é o sistema legal. Nesse sentido, dispõe o art. 5º, XLIII, da Constituição Federal “a lei considerará ...”. Pelo sistema legal, se o delito constar do rol taxativo de crimes ali enumerados, a infração será considerada hedionda, sujeitando-se a todos os gravames inerentes a tais infrações penais, independentemente da aferição judicial e de sua gravidade concreta. Obs.1: O Brasil adotou o sistema legal, sistema o qual também comporta criticas. Desse modo, tem doutrina sugerindo a criação de uma “ ”, permitindo que a depender clausula salvatória das circunstâncias do caso concreto, o juiz afastasse a natureza hedionda de um crime constante do rol fixado pelo legislador. - Aprofundamento: Cláusula Salvatória - Com fito de apaziguar as possíveis injustiças decorrentes da higidez normativa (do sistema legal), sugere a Doutrina que seja criada o que denominam de “cláusula salvatória”, a qual permitiria ao juiz retirar o caráter hediondo de um crime que conste na enumeração legal em nome da observância da não necessidade dessa etiquetagem, perante o caso concreto. Ressalte- se que lhe seria atribuído apenas o poder de reduzir o rol, mas não ampliá-lo, em respeito à garantia constitucional da legalidade. 3. Rol de Crimes Hediondos Art. 1º São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados. Obs.1: Cuidado! Determinadas questões negam a natureza hedionda quando o crime é na sua modalidade tentada, o que se apresenta equivocado, posto que a legislação dispõe que será hediondo tanto o crime na sua forma consumada quanto tentada. I – homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2o, incisos I, II, III, IV, V, VI e VII); Homicídio praticado em atividade típica de grupo de extermínio:é a única hipótese é que o homicídio Obs.1: simples é considerado crime hediondo (denominado de homicídio condicionado). com o advento da Lei nº 12.720/12, essa Obs.2: forma do crime (praticado por grupo de extermínio), bem como, quando praticado por milícia passou a configurar majorante de pena (causa de aumento de pena, art. 121 §6º do Código Penal). Cuidado! A Lei nº 12.720/12 3 não alterou a Lei nº 8.072/90, somente o homicídio simples praticado por grupo de extermínio é hediondo. Se simples e praticado por milícia, não é hediondo por falta de previsão legal. a doutrina, com razão, entende ser Obs.3: praticamente impossível conceder um crime de homicídio simples praticado e atividade típica de grupo de extermínio no qual não esteja presente uma das qualificadoras dos §2º do art. 121 do Código Penal. Nesse caso, por força do princípio da especialidade, deverá prevalecer a figura do homicídio qualificado, o que acaba por demonstrar o quanto foi inócua esta mudança produzida pela Lei nº 8.930/94. Homicídio qualificado: será hediondo o homicídio qualificado, Obs.1: não importando qual a circunstância presente no caso concreto. No STF e STJ é dominante o entendimento no sentido da possibilidade do homicídio qualificado-privilegiado, desde que a qualificadora seja de natureza objetiva. Homicídio qualificado-privilegiado é Obs.2: hediondo? Não. Na eventual hipótese de os jurados reconheceram a existência de homicídio qualificado-privilegiado, tal crime jamais poderá ser considerado hediondo. Primeiro, porque não há qualquer referência ao homicídio privilegiado na Lei. Segundo, porque seria absolutamente incoerente rotular como hediondo um crime de homicídio, por exemplo, mediante valor moral ou social. Por fim, como as causas de diminuição de pena enumeradas no art. 121, §1º do CP, tem natureza subjetiva, e as qualificadoras porventura reconhecida neste homicídio qualificado-privilegiado devem, obrigatoriamente, ter natureza objetiva, há de se reconhecer a natureza preponderante daquelas, aplicando-se raciocínio semelhante àquele constante do art.67 do Código Penal. JURISPRUDÊNCIA “Entendendo não haver contradição no reconhecimento de qualificadora de caráter objetivo (modo de execução do crime), e do privilégio, sempre de natureza subjetiva”. (STF, 1º Turma, HC 89.921|PR). O homicídio qualificado-privilegiado não pode ser considerado hediondo (STJ, HC 153.728|SP). I-A – lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, § 2o) e lesão corporal seguida de morte (art. 129, § 3o), quando praticadas contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição; INOVAÇÃO LEGISLATIVA A referida hipótese legal fora acrescentada com o advento da Lei 13.142/2015, a qual alterou o Código Penal, assim como a Lei de Crimes Hediondos, está ultima objeto de nosso estudo, para tratar sobre o homicídio e a lesão corporal 4 praticados contra integrantes dos órgãos de segurança pública. Só será considerada forma hedionda a Obs.1: lesão prevista ao teor do art. 129, §2º do Código Penal quando gravíssima ou seguida de morte em face dos agentes integrantes dos órgãos de segurança pública. II – Latrocínio (art. 157, §3º, in fine); O §3º do art. 157 prevê duas formas por Obs.1: meio das quais o crime de roubo é qualificado, lesão grave ou morte. Atenção! Somente a subtração seguida de morte da vítima é considerada latrocínio e sofre as consequências impostas pela Lei nº 8.072/90. para a ocorrência da qualificadora do Obs.2: latrocínio, o resultado morte deve ter sido causado ao menos culposamente. o art. 157, §3º dispõe que se da violência Obs.3: resulta morte, logo, não há latrocínio quando a morte decorre de grave ameaça. para que haja latrocínio é necessário que Obs.4: a morte decorra da violência empregada durante e em razão do assalto. É necessário o fator tempo e o fator nexo, faltando um desses fatores, não há que se falar em latrocínio. a doutrina entende haver também Obs.5: concurso de roubo e homicídio – e não latrocínio – quando um dos assaltantes mata o outro, para, por exemplo, ficar com todo dinheiro subtraído, ainda que a morte ocorra durante o assalto. Isso porque, no caso, o resultado morte atingiu o próprio sujeito ativo do roubo. Por outro lado, se o agente efetua um disparo para matar a vítima, mas por erro de pontaria, acaba atingindo e matando seu comparsa é crime de latrocínio. Nesse caso, ocorreu a chamada aberratio ictus (art. 73), em que o agente responde como se tivesse atingido a pessoa que visada. JURISPRUDÊNCIA LATROCÍNIO. COAUTORIA. DESNECESSIDADE DE SABER QUAL DOS COATORES DESFERIU O TIRO. “O coautor que, de maneira consciente, participa de um crime de roubo armado, responde pelo latrocínio ainda que o disparo fatal tenha sido efetuado por seus comparsas. Afinal, se tinha consciência de que o crime se roubo seria executado com o emprego de arma de fogo, era no mínimo previsível a superveniência do resultado morte” (STF, 1ª Turma, HC 74.861/SPM Rel. Min. Sydney Sanches, j. 25/03/1997, dj 27/06/1997). No entanto, caso o resultado morte não possa ser atribuído ao agente a título de dolo nem mesmo a título culposo (superveniência de resultado objetivamente imprevisível), não há falar em latrocínio, sob pena de responsabilidade penal objetiva, vejamos: “Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agente que o houver causado ao menos culposamente. O resultado morte não pode ser imputado ao coautor quando há rompimento do nexo causal entre a conduta dele e a de seu comparsa, como ocorre quando o coautor é preso pela polícia antes da realização do disparo do tiro fatal pelo comparsa e ainda em local diverso da prática do roubo” (STF, 1ª Turma, HC 109.151/RJ, Rel. Min. Rosa Weber, j. 12 /06/2012, DJe 16/08/2012). Súmula 610, STF. Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não realize o agente a subtração dos bens da vítima. 5 III – Extorsão qualificada pela morte (art. 158, §2º); De acordo com art. 1º, inciso III, da Lei n. Obs.1: 8.072/90, o delito de extorsão qualificada pela morte previsto no art. 158, §2º, do Código Penal, também é considerado crime hediondo. Da mesma forma que ocorre com o crime de roubo, a extorsão somente será considerada hedionda se qualificada pela morte. Por força da Lei nº. 11.923/09, foi acrescido um §3º ao art. 158 do Código Penal, para tipificar o denominado sequestro relâmpago: “Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§2º e 3º, respectivamente”. Esse crime, havendo morte, é hediondo? Obs.2: Apesar da tipificação dessa nova modalidade delituosa pela Lei n. 11.923/09, a Lei dos crimes hediondos não foi alterada a fim de se nela fazer inserir o referido crime, do que deriva a conclusão de que tal delito não pode ser considerado hediondo, ainda que qualificado pelo resultado morte (CP, art. 158, §3º, in fine). Houve evidente desídia por parte do legislador no tocante ao crime do art. 158, §3º, qualificado pelo resultado morte. Prevalece que essa desídia não permite considerar o sequestro relâmpago qualificado pelo resultado morte como crime hediondo, sob pena de se fazer evidente analogia in malam partem, violando-se, por consequência, o princípioda legalidade. Sendo este o entendimento que prevalece. IV – Extorsão mediante sequestro e na forma qualificada (art. 159, caput, e §§ 1º, 2º e 3º); Ao contrário do que ocorre com os crimes de roubo e de extorsão, que são considerados hediondos apenas se qualificados pelo resultado morte, o delito de extorsão mediante sequestro é etiquetado como hediondo independentemente da modalidade, ou seja, na modalidade simples e na modalidade qualificada. Esquematizando Art. 157, §3º in fine, CP; Art. 158, CP Art. 159, CP Hediondo, se houver resultado morte. Hediondo, se houver resultado morte. Sempre hediondo. V – Estupro (art. 213, caput e § §1º e 2º); O delito de estupro é rotulado como hediondo, independentemente da modalidade. VI – Estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1º, 2º, 3º e 4º); Cuidado: STF e STJ entendem que o estupro de vulnerável (art. 224 do CP, na redação anterior a Lei nº 12.015), já era hediondo. A 3ª Seção do STJ autoriza a aplicação dos consectários da Lei 8.072/90 para os crimes sexuais praticados com violência presumida, mesmo que anteriores a Lei nº 12.015/09: 6 “Os crimes de estupro e atentado violento ao pudor praticados anteriormente à Lei n.º 12.015/2009, ainda que mediante violência presumida, configuram crimes hediondos. Precedentes desta Corte e do Supremo Tribunal Federal. 2. Embargos de divergência acolhidos a fim de reconhecer a hediondez do crime praticado pelo Embargado” (REsp. 1225387/RS, rel. Min. Laurita Vaz, Dje 04/09/2013). VII – Epidemia com resultado morte (art. 267, §1º); ATENÇÃO: Somente a propagação de doença humana é que configura o crime do art. 267, §1º do Código Penal, já que em se tratando de enfermidade que atinja animais ou plantas, o crime será o do art. 61, Lei nº 9.605/98, não hediondo por falta de previsão legal. VII – A (Vetado). VII – B. falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais (art. 273, caput e § 1º, § 1º-A e § 1º-B, com a redação dada pela Lei 9.677, de 2 de julho de 1998). VIII – favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º). (Incluído pela Lei nº 12.978, de 2014). Com o advento da Lei nº 12.978, que entrou em vigor no dia 22 de maio de 2014, para além da mudança do nome jurídico do art. 218-B do Código Penal, também foi acrescentado ao art. 1º da Lei nº 8.072/90 o inciso VIII para rotular tal crime como hediondo. Nas modalidades submeter, induzir, atrair e facilitar consuma-se o delito no momento em que a vítima passa a se dedicar à prostituição, colocando-se, de forma constante, à disposição dos clientes, ainda que não tenha atendido nenhum. CONCLUSÃO: crime instantâneo, ainda que de efeitos permanentes. Já na modalidade de impedir ou dificultar o abandono da prostituição, o crime consuma-se no momento em que a vítima delibera por deixar a atividade e o agente obsta esse intento, protraindo a consumação durante todo o período de embaraço (crime permanente). CONCLUSÃO: crime permanente. Na modalidade impedir ou dificultar, o crime é permanente, logo, quem antes da lei, dificultou o abandono, persistindo o embaraço na vigência da nova lei, vai ser alcançado pela mudança legislativa, conforme o entendimento da Súmula 711, STF. Súmula 711, STF: A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência. JURISPRUDÊNCIA Pune-se a mera prática de relação sexual com adolescente submetido à prostituição – e nessa conduta não se exige reiteração, poder de mando, ou introdução da vítima na habitualidade da prostituição. STJ, 6ª Turma, 7 HC 288.734/AM, Rel. Min. Nefi Cordeiro. j.5/6/2014. DJe 13/6/2014). Há algum crime hediondo fora do Código Obs.: Penal? Cuidado: O tráfico de drogas, a tortura e o terrorismo não são crimes hediondos, mas equiparados a crimes hediondos. Resposta: Existe sim, é o crime de genocídio, Lei nº 2.889/56, tentado ou consumado. E os crimes militares? Percebe-se, então, Obs.: que o legislador da Lei n. 8.072/90 não teve o cuidado de conferir natureza hedionda aos crimes militares. A disparidade de tratamento do crime militar e do crime comum já foi questionada perante o STF, que, no entanto, concluiu que a diferença de tratamento legal entre os crimes comuns e os crimes militares, mesmo em se tratando de crimes militares impróprios, não revela inconstitucionalidade, pois o Código Penal Militar não institui privilégios. Ao contrário, em muitos pontos, o tratamento dispensado ao autor de um delito é mais gravoso do que aquele do Código Penal comum. Desse modo, os crimes militares correspondentes aos incisos I a VII do art. 1º, da Lei nº 8.072/90 não são considerados hediondos por falta de previsão legal. 4. Caráter Hediondo e Consequências 4.1 Insuscetível de anistia, graça e indulto Inicialmente, cumpre destacarmos que as consequências também são aplicadas aos crimes “equiparados” a hediondos, quais sejam, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, tortura e terrorismo. Nos termos do art. 2º, inciso I, da Lei nº 8.072/90, os crimes hediondos são insuscetíveis de anistia, graça e indulto. Nesse sentido, dispõe o texto supracitado, bem como, a Constituição Federal, senão vejamos. Art. 2º, Lei nº 8072/90: Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de: I - anistia, graça e indulto; Art. 5º, XLIII CF - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem. A vedação do indulto feita exclusivamente Obs.1: pela Lei nº 8.072 é constitucional? 1ª Corrente: a ampliação é inconstitucional, pois as vedações previstas no art. 5º, XLIII da Constituição Federal, são máximas sendo defeso ao legislador amplia-las. 2ª Corrente: a ampliação é constitucional, pois as vedações constitucionais são mínimas, podendo o legislador amplia-las. Para aqueles que entendem que as vedações são máximas, não se pode esquecer que a vedação da graça, 8 abrange indulto, pois o indulto nada mais é do que graça coletiva. A 2ª Corrente é a que prevalece no STF e STJ. E o indulto humanitário? Obs.2: Chama-se indulto humanitário aquele concedido por razões de grave deficiência física ou em virtude de debilitado estado de saúde do executado. Temos decisões admitindo o induto humanitário com fundamento no princípio da humanidade das penas, até mesmo para condenados por crimes hediondos e equiparados (STJ). O STF, no HC 118/213 SP, não permitiu induto humanitário para tráfico de drogas. JURISPRUDÊNCIA Trata-se de recurso extraordinário interposto contra acórdão proferido pelo Tribunal Regional da 4ª Região, que possui a seguinte “PENAL E PROCESSUAL PENAL. AGRAVO DE EXECUÇÃO. DECRETO 7.648/2011. INDULTO. CONDENADO POR CRIME DE TRÁFICO INTERNACIONAL DE DROGAS. ARTIGO 5º, INCISO XLIII, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. ABRANGÊNCIA DO TERMO 'GRAÇA'. ARTIGOS 2º, INCISO I, DA LEI 8.072/90, E 44 DA LEI 11.343/2006. VEDAÇÃO LEGAL. INAPLICABILIDADE DAQUELE DIPLOMA DE MENOR HIERARQUIA. AGRAVO PROVIDO. 1. A concessão de indulto natalino insere-se no poder discricionário do Presidente da República, encontrando-se balizada pela dicção do artigo 5º , inciso XLIII, da Constituição Federal, o qual, ao estabelecer que poderão ser considerados insuscetíveisde graça, nos termos da lei, os crimes de tráfico ilícito de entorpecentes, dentre outros, abrange tanto a graça em sentido estrito como o indulto. Precedente do Plenário do Supremo Tribunal Federal. 2. Vedação que, ademais, foi acolhida de forma expressa tanto pelo artigo 2º , inciso I, da Lei 8.070/90, quanto pelo artigo 44 da Lei 11.343/2006, com assento na Constituição Federal, em face de pronunciamento anterior de seu intérprete mais autorizado, resolvendo- se o conflito pela não aplicabilidade do diploma de menor hierarquia. 3. Agravo provido” (pág. 1 do documento eletrônico 59). No RE, fundado no art. 102, III, a , da Constituição, alegou-se violação aos arts. 5º, LXIII e 84, XII, da Carta Magna. A pretensão recursal merece acolhida. A decisão recorrida está em dissonância com o entendimento desta Suprema Corte. Com efeito, a Segunda Turma desta Corte, reiterou a jurisprudência no sentido de não ser possível o deferimento de indulto a réu condenado por tráfico de drogas. A corroborar essa assertiva, transcrevo a ementa do HC 118.213/SP, relator Ministro Gilmar Mendes: “Habeas corpus. 2. Tráfico e associação para o tráfico ilícito de entorpecentes (arts. 33 e 35 da Lei 11.343/2006). Condenação. Execução penal. 3. Sentenciada com deficiência visual. Pedido de concessão de indulto humanitário, com fundamento no art. 1º, inciso VII, alínea a, do Decreto Presidencial n. 6.706/2008. 4. O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL JÁ DECLAROU A INCONSTITUCIONALIDADE DA CONCESSÃO DE INDULTO A CONDENADO POR TRÁFICO DE DROGAS, INDEPENDENTEMENTE DA QUANTIDADE DA PENA IMPOSTA [ADI n. 2.795 (MC), Rel. Min. Maurício Corrêa, Pleno, DJ 20.6.2003]. 5. Vedação constitucional (art. 5º, inciso XLIII, da CF) e legal (art. 8º, inciso I, do Decreto n. 6.706/2008)à concessão do benefício. 6. Ausência de constrangimento ilegal. Ordem denegada”. Isso posto, nego seguimento ao recurso (CPC, art. 557, caput). Publique-se. Brasília, 20 de junho de 2014.Ministro RICARDO LEWANDOWSKI- Relator - (STF - ARE: 815408 RS , Relator: Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Data de Julgamento: 20/06/2014, Data de Publicação: DJe-125 DIVULG 27/06/2014 PUBLIC 01/07/2014). 4.2 Insuscetível de Fiança Art. 2º. Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e 9 drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de: II - fiança. O referido inciso foi alterado pela Lei nº 11.464/2007, antes o mesmo inciso vedava fiança, bem como, a liberdade provisória, atualmente, veda tão somente a fiança. Lei nº 11.464/2007 Antes Depois Vedava: fiança + liberdade provisória. Veda apenas a fiança Súmula 697, STF. A proibição de liberdade provisória nos processos por crimes hediondos não veda o relaxamento da prisão processual por excesso de prazo. E a liberdade provisória, agora é cabível? 1ª C: A liberdade provisória está proibida (implicitamente na vedação da fiança); 2ª C (Prevalece): A fiança e a liberdade provisória não se confundem. Não se proibindo a liberdade provisória (não existe proibição implícita) entende-se cabível. Antes do advento da Lei nº 11.464/07 não entendia que a vedação da liberdade provisória era inconstitucional. Após a alteração, dois entendimentos se firmaram quanto à liberdade provisória. Lei nº 8.072/90 Lei nº 11.464/07 HC 104.339 O art. 2º, II: proibia a fiança e a liberdade provisória. STF não entendia ser inconstitucional a vedação. *Súmula 697, STF. O art. 2º, II: proíbe somente fiança. Obs.: a vedação da liberdade provisória passou a ser objeto de discussão. Declarou inconstitucional qualquer vedação a concessão de liberdade provisória, com base exclusivamente na gravidade em abstrato do crime. JURISPRUDÊNCIA Ementa: CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL PENAL. TRÁFICO DE ENTORPECENTES. LEI 11.343/06, ART. 44, CAPUT. VEDAÇÃO À LIBERDADE PROVISÓRIA. INCONSTITUCIONALIDADE (HC 104.339/SP, PLENÁRIO, MIN. GILMAR MENDES, DJE DE 06.12.2012). PRISÃO PREVENTIVA. GRAVIDADE ABSTRATA DO DELITO. FUNDAMENTO INSUBSISTENTE. PRECEDENTES. 1. O Plenário do Supremo Tribunal Federal, no HC 104.339/SP (Min. Gilmar Mendes, DJe de 06.12.2012), em evolução jurisprudencial, declarou a inconstitucionalidade da vedação à liberdade provisória prevista no art. 44, caput, da Lei 11.343/06. Entendeu-se que (a) a mera inafiançabilidade do delito (CF, art. 5º, XLIII) não impede a concessão da liberdade provisória; (b) sua vedação apriorística é incompatível com os princípios constitucionais da presunção de inocência e do devido processo legal, bem assim com o mandamento constitucional que exige a fundamentação para todo e qualquer tipo de prisão. 2. Ademais, a gravidade abstrata do delito de tráfico de entorpecentes não constitui fundamentação idônea para a decretação da custódia cautelar. Precedentes. 3. Ordem concedida. (STF - HC: 110359 RJ , Relator: Min. TEORI ZAVASCKI, Data de Julgamento: 19/03/2013, Segunda Turma, Data de Publicação: DJe-061 DIVULG 03-04-2013 PUBLIC 04-04-2013) 5. Regime Inicialmente Fechado § 1o A pena por crime previsto neste artigo será cumprida inicialmente em regime fechado. Antes do advento da Lei nº 11.464/2007, a Lei de Crimes Hediondos previa o cumprimento da pena em regime integralmente fechado, ou seja, não admitia a progressão do regime de cumprimento de pena. Referido dispositivo fora posteriormente declarado inconstitucional. 10 O STF declarou inconstitucional o regime inicial fechado obrigatório, por violar o princípio da individualização da pena, devendo analisar o caso concreto e fundamentar sua decisão. Na fixação do regime inicial, o juiz deve observar as Súmulas 718 e 719 do STF. Súmula 718 STF: “A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui motivação idônea para a imposição de regime mais severo do que o permitido segundo a pena aplicada.” Não pode fixar regime c/ base a gravidade em abstrato apenas. Súmula 719 STF: “A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada permitir exige motivação idônea”. Cuidado! Regime inicial fechado para o crime de tortura, possibilidade. (Julgado de 2015)! No HC 123316/SE, de 9.6.2015, o Min. Marco Aurélio (relator) denegou a ordem. Considerou que, no caso, a dosimetria e o regime inicial de cumprimento das penas fixadas atenderiam aos ditames legais. Asseverou não caber articular com a Lei de Crimes Hediondos, pois a regência específica (Lei 9.455/1997) prevê expressamente que o condenado por crime de tortura iniciará o cumprimento da pena em regime fechado, o que não se confundiria com a imposição de regime de cumprimento da pena integralmente fechado. Assinalou que o legislador ordinário, em consonância com a CF/1988, teria feito uma opção válida, ao prever que, considerada a gravidade do crime de tortura, a execução da pena, ainda que fixada no mínimo legal, deveria ser cumprida inicialmente em regime fechado, sem prejuízo de posterior progressão. Isso significa que a declaração e Obs.1: entendimento de inconstitucionalidade da obrigatoriedade de inicio de cumprimento de pena em regime fechado fora alterado? JURISPRUDÊNCIA AgRg no AREsp 272656 / RO, Min. Ericson Maranho, 6ª T., j. 18/08/2015 . II - A obrigatoriedade do regime inicial fechado prevista na Lei do Crime de Tortura foi superada pela Suprema Corte, de modo que a mera natureza do crime não configura fundamentação idônea a justificar a fixação do regime mais gravoso para os condenados pela prática de crimes hediondos e equiparados, haja vista que, para estabelecer o regime prisional, deve o magistrado avaliar o caso concreto de acordo com os parâmetros estabelecidos pelo artigo 33 e parágrafos do Código Penal. 6. Progressão de Regime de Pena § 2º A progressão de regime, no casodos condenados aos crimes previstos neste artigo, dar-se-á após o cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for primário, e de 3/5 (três quintos), se reincidente. JURISPRUDÊNCIA HC 310649 / RS, Min. Sebastião Reis Junior, 6ª T., j. 12/02/2015 . 2. O Superior Tribunal de Justiça não faz distinção entre a primeira e a segunda progressão para fins de aplicação do art. 2º, § 2º, da Lei n. 8.072/1990, o qual estabelece as frações de 2/5 e de 3/5 para a 11 obtenção do benefício, conforme o apenado seja primário ou reincidente. 3. Sendo a hipótese de condenação por crime hediondo e estando caracterizada a reincidência da paciente, aplica- se a fração de 3/5 para a aferição do requisito objetivo, independentemente de se tratar de segunda progressão. 4. Habeas corpus não conhecido. Nos termos do art. 2º, §2º, Lei nº 8.072/90, “a progressão de regime, no caso dos condenados aos crimes previstos neste artigo, dar-se-á após o cumprimento de 2/5 da pena, se o apenado for primário, e de 3/5, se reincidente”. Incluído pela Lei 11.464 (antes não se permitia progressão). Logo: Progressão 2/5 para apenado primário 3/5 para apenado reincidente Contemplamos assim que a Lei de Crimes Hediondos prevê um lapso temporal distinto ao previsto na Lei de Execução Penal, para a progressão de regime. Lei nº 8.072/90 HC 82.959.7 Lei nº 11.464/2007 Previa o regime integral fechado. STF declarou inconstitucional o regime integral fechado, passando a admitir a progressão, observando o 1/6 da Pena, conforme LEP. Regime inicial fechado e permitiu progressão, 2/5 ou 3/5. Os patamares foram trazidos com o advento da Lei 11.464 de 2007, fazendo distinção para os primários e reincidentes. A Lei nº 11.464/07 retroage para alcançar Obs.1: fatos pretéritos? Não, pois deve respeitar o princípio da anterioridade, evitando-se retroatividade maléfica. Súmula vinculante 26: Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei n. 8.072, de 25 de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo fundamentado, a realização de exame criminológico. Súmula 471 STJ: Os condenados por crimes hediondos ou assemelhados cometidos antes da vigência da Lei n. 11.464/2007 sujeitam-se ao disposto no art. 112 da Lei n. 7.210/1984 (Lei de Execução Penal) para a progressão de regime prisional. (Leia-se, cumprimento de 1/6 da pena). 7. Direito de recorrer em liberdade §3º Em caso de sentença condenatória, o juiz decidirá fundamentadamente se o réu poderá apelar em liberdade. Interpretação conforme a CF: Réu processado preso, recorre preso, salvo se desaparecerem os fundamentos que determinaram a decretação da prisão preventiva. Por outro lado, réu processado solto, via de regra, recorre solto, salvo se presentes os fundamentos da prisão preventiva, eis a interpretação conforme a Constituição. 12 Ante o exposto, contemplamos que está vedado a imposição da condição de recolhimento ao cárcere para recorrer, devendo a sua decretação quando necessária ser fundamentada, em observância ao art.93,IX, da CF. 8. Prisão Temporária e Crimes Hediondos A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei nº 7.960, de 21 de dezembro de 1989, nos crimes previstos neste artigo (hediondos + TTT), terá o prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade. (Prisão temporária http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7 960.htm). Lei nº 7.960/89 Problema Art. 1º.III. a) até o). Prisão temporária: 5d + 5 d. Prisão temporária hediondo/equiparad o: 30d + 30 dia. O que acontece com os crimes que foram Obs.1: inseridos no rol de crimes hediondos (Lei 8.072/90), mas não fora englobado na lei de prisão temporária? (Por exemplo, tortura, terrorismo, falsificação de remédios). Esses crimes não admitiria prisão temporária com prazo mais elástico, 30 dias? A Lei nº 8.072/90, não apenas alterou o prazo de prisão temporária para crimes hediondos ou equiparados a hediondos, mas também alargou o rol dos crimes que admitem essa espécie de prisão cautelar, abrangendo crimes hediondos e equiparados não previstos na Lei nº 7.960/89, mas no art. 2º, da Lei nº8.072/90. O entendimento é de que é cabível, pois a lei de crimes hediondos não só alterou o lapso temporal, mas modificou também o rol dos crimes. 9. Estabelecimentos de Segurança Máxima Art. 3º. A União manterá estabelecimentos penais, de segurança máxima, destinados ao cumprimento de penas impostas a condenados de alta periculosidade, cuja permanência em presídios estaduais ponha em risco a ordem ou incolumidade pública. A competência para fiscalização da execução é da Justiça Federal, estabelecimento federal é fiscalizado por Juiz Federal, e estadual, respectivamente pelo Juiz Estadual. 10. Livramento Condicional Art. 5º, Lei nº 8072/90 - Ao art. 83 do Código Penal é acrescido o seguinte inciso: Art. 83. V - cumprido mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo, prática da tortura, tráfico ilícito de 13 entorpecentes e drogas afins, e terrorismo, se o apenado não for reincidente específico em crimes dessa natureza. Alterou o art. 83 CP. LIVRAMENTO CONDICIONAL: trata-se de liberdade antecipada; medida alternativa à prisão; modificação da execução penal; mediante condições. REQUISITO TEMPORAL Primário + Bons Antecedentes Reincidente Crime hediondo ou equiparado Cumprimento de + de 1/3 da pena. Cumprimento de + de ½ da pena. Cumprimento de + de 2/3 da Pena (desde que não seja reincidente especifico). O reincidente específico não tem direito Obs.: ao livramento condicional, por ocasião do cometimento de crime hediondo. O que é reincidente específico? 1ª Corrente é o reincidente em crimes previstos no mesmo tipo penal, por exemplo, art. 213, CP e pratica novamente o art. 213, CP. 2ª Corrente é reincidente específico o agente condenado por crimes que protegem o mesmo bem jurídico, não precisa está no mesmo tipo penal, por exemplo, condenado por latrocínio e depois em extorsão mediante sequestro, não fazendo jus ao livramento. 3ª Corrente é o reincidente em crimes hediondos ou equiparados, não importando se no mesmo tipo ou protegendo o mesmo bem jurídico. Prevalece a 3ª corrente! 11. Associação Criminosa Art. 8º. Será de três a seis anos de reclusão a pena prevista no art. 288 do Código Penal (Associação Criminosa), quando se tratar de crimes hediondos, prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins ou terrorismo. Parágrafo único. O participante e o associado que denunciar à autoridade o bando ou quadrilha, possibilitando seu desmantelamento, terá a pena reduzida de um a dois terços. Art. 288 do CP - Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes: Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. Parágrafo único. A pena aumenta-se até a metade se a associação é armada ou se houver a participação de criança ou adolescente. Art. 288, CP Art. 8º, Lei nº 8.072/90 Associação para o fim de cometer crimes “comuns”. Pena de 1-3 anos. Associação para o fim de praticar crimes hediondos ou equiparados. Pena 3-6 anos. Não se aplica o art. 288 do CP, e nem o Obs.1: art. 8º, Lei 8.072, quando se tratar se associação para o tráfico de drogas, pois existe norma especial, a saber, o art.35 da Lei nº 11.343/2006 (princípio da especialidade). 14 A associaçãocriminosa (art. 288, CP) Obs.2: mesmo quando visar a prática de crimes hediondos, não é crime hediondo, sequer equiparado. Trata-se de uma qualificadora do crime! Delação Premiada - o participante e o Obs.3: associado que denunciar à autoridade o bando ou quadrilha, possibilitando seu desmantelamento, terá a pena reduzida de um a dois terços. QUESTIONAMENTOS DA AULA 1 - CABE RESTRITIVA DE DIREITOS e “SURSIS” PARA CRIMES HEDIONDOS OU EQUIPARADOS? 1º C Não cabe, pois são benefícios incompatíveis com a gravidade dos crimes hediondos ou equiparados. 2º C (STF) Cabe, pois a vedação de benefícios penais e processuais deve ser expressa, sendo Não bastasse a que a Lei nº 8.072 não a proíbe. proibição com base a gravidade em abstrato, é inconstitucional, devendo o juiz analisar o caso concreto. CUIDADO! Não obstante a possibilidade de concessão do sursis aos crimes hediondos, é bom ressaltar que, especificamente em relação ao tráfico de drogas, ante a vedação constante do art. 44 da Lei n. 11.343/06, os Tribunais ainda vêm considerando ser legítima a proibição da concessão da suspensão condicional da pena aos crimes dos arts. 33, caput e §1º, e 34 a 37 da referida Lei. O STF, no HC 101.919, também decidiu "O óbice, previsto no artigo 44 da Lei nº 11.343/06, à suspensão condicional da pena imposta ante tráfico de drogas mostra-se afinado com a Lei nº 8.072/90 e com o disposto no inciso XLIII do artigo 5º da Constituição Federal”. 2- É POSSÍVEL REMIÇÃO PARA CRIMES Trabalho HEDIONDOS OU EQUIPARADOS? carcerário ou estudo para remir a pena. A Lei nº 8.072/90 não proíbe sequer implicitamente. Logo, é possível. A remição é possível pelo trabalho, pelo estudo, e admitindo ainda pela leitura (no sistema penitenciário federal). 3- É POSSÍVEL TRABALHO EXTERNO PARA CRIMES HEDIONDOS OU EQUIPARADOS? Mais uma vez, ante a ausência de vedação expressa, não se pode proibir, devendo-se evitar porém a fuga, impondo medidas para esse fim. 4- É POSSÍVEL PRISÃO DOMICILIAR (art. 117 LEP) PARA CRIMES HEDIONDOS OU Os Tribunais superiores tem EQUIPARADOS? admitido! Sugestão de Leitura Complementar! http://www.dizerodireito.com.br/2015/07/co mentarios-sobre-lei-131422015-que.html 1 CARREIRAS JURÍDICAS CERS LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL MÓDULO ÚNICO – MANUAL CASEIRO – @dpeemconstrução Lei de Execução Penal - LEP Lei nº 7.210/84 Lei de Execução Penal – Parte I Profº Rogério Sanches 1. Lei de Execução Penal: Finalidades O art. 1º da Lei de Execução Penal proclama as finalidades da mesma, nos termos seguintes: Art. 1º. A execução penal tem por objetivo (a) efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e (b) proporcionar condições para harmônica integração social do condenado e do internado. a) propiciar meios para que a sentença seja integralmente cumprida Obs.1: a Lei de Execução Penal deve propiciar meios para concretizar RETRIBUIÇÃO e PREVENÇÃO ESPECIAL, finalidades da pena na sentença. Ao aplicar a pena, o juiz deverá levar em consideração a necessidade de retribuição ao mal causado, e a prevenção especial (negatitva): evitar reincidência. Obs.2: Sentença empregada no art. 1º, abrange a sentença condenatória assim como absolutória. Sentença Condenatória Absolutória (imprópria) Absolve, mas impõe medida de segurança. A Lei de Execução penal aplica-se também ao internado. Obs.3: A Lei de Execução Penal não serve para executar transação penal. *Transação penal: medida despenalizadora prevista ao teor do art. 76, da Lei dos Juizados Especiais (Manuais Caseiros 02 e 03): Trata-se de acordo entre o titular da ação penal e o agente. A transação penal impede o devido processo legal, logo, não tem como se executar o que não fora objeto de processo. Conforme visto em aula, em caso de descumprimento do acordo pactuado (transação penal) caberá ao Ministério Público oferecer a denúncia, formando assim o devido processo legal, na busca pela condenação. Súmula Vinculante 35: A homologação da transação penal prevista no artigo 76 da Lei 9.099/1995 não faz coisa julgada material e, descumpridas suas cláusulas, retoma-se a situação anterior, possibilitando-se ao Ministério Público a continuidade da persecução penal mediante oferecimento de denúncia ou requisição de inquérito policial. b) reintegração do sentenciado ao convívio social Trata-se da ressocialização (prevenção especial positiva). A ressocialização deve ser espontânea. Ex.: Caso Suzane von Richthofen, inobstante a referida tenha preenchido os requisitos para a progressão de regime, optou em permanecer no regime mais rigoroso, confirmando assim a natureza espontânea da ressocialização. 2. Princípios da Lei de Execução Penal Os princípios a serem observados na fase de execução da penal encontram-se previstos na Constituição e na própria Lei de Execução Penal. 2 2.1 Princípio da Legalidade na Execução Penal Cuidado! A lei consagra em seu teor dispositivo próprio sobre a legalidade implicitamente, vejamos: Art. 3º. Ao condenado e ao internado serão assegurados todos os direitos não atingidos pela sentença ou pela lei. 2.2 Princípio da igualdade/isonomia Art. 3º. Parágrafo único: Não haverá qualquer distinção racial, social, religiosa ou politica. Através do referido dispositivo, está se proibindo tratamento diferenciado em decorrência de raça, condição social, religiosa ou política. Mas é possível distinção de natureza etária e sexual. É possível distinção ainda, considerando a gravidade do crime e periculosidade do agente. Por exemplo, ao maior de 70 anos será possibilitado o direito de cumprir pena em seu domicílio (art. 117, I, LEP). Outro exemplo, que podemos citar é a colocação das mulheres em estabelecimento distintos dos homens. Por fim, em 2015 a Lei de Execução Penal foi alterada pela Lei nº 13.167, de 2015, a qual passou a prever ao teor do art. 84 critérios para separação dos preços conforme sua periculosidade. Atenção! Trata-se de inovação legislativa do ano 2015 (fazer leitura atenciosa do dispositivo legal). 2.3 Princípio da Individualização da Execução Penal Art. 5º. Os condenados serão classificados, segundo os seus antecedentes e personalidade, para orientar a individualização da execução penal. #Quem realiza a classificação? Art. 6º. A classificação será feita por Comissão Técnica de Classificação que elaborará o programa individualizador da pena privativa de liberdade adequada ao condenado ou preso provisório. Art. 7º A Comissão Técnica de Classificação, existente em cada estabelecimento, será presidida pelo diretor e composta, no mínimo, por 2 (dois) chefes de serviço, 1 (um) psiquiatra, 1 (um) psicólogo e 1 (um) assistente social, quando se tratar de condenado à pena privativa de liberdade. Composição Diretor (presidência) 2 chefes de serviço 1 psiquiatra 1 psicólogo 1 assistente social Parágrafo único. Nos demais casos a Comissão atuará junto ao Juízo da Execução e será integrada por fiscais do serviço social. “Todo estabelecimento possuirá uma Comissão Técnica de Classificação, incumbida de elaborar o programa de individualizado adequado ao condenado. A composição dessa Comissão depende do tipo de pena a ser executada”. Comissão Técnica de Classificação Pena privativa de liberdade. Pena restritivas de direitos/medida de segurança. Composição: 2 Chefes de Serviço 1 Psiquiatra 1 Psicólogo 1 Assistente Social Composição: Atuará junto ao Juízo da Execução e será composta por FISCAIS DO SERVIÇO SOCIAL Atenção! Quando a pena aplicada for diversa da pena privativa de liberdade, compete aos FISCAIS DO SERVIÇO SOCIAL (composição). Exame de classificação # Exame criminológico. Não se deve confundir os referidosexames, vejamos suas principais distinções. 3 Exame de Classificação Exame criminológico Realizado quando o agente INGRESSA NO SISTEMA. Realizado DURANTE a execução penal. Amplo e genérico Específico. Orienta o MODO DE CUMPRIMENTO da pena, norte de realização. Busca construir prognóstico de periculosidade, partindo do binômio delito- delinquente. Envolve aspectos relacionados com a personalidade do condenado, seus antecedentes, sua vida familiar e social, sua capacidade laborativa. Envolve a parte psicológica e psiquiátrica, atestando a maturidade e disciplina do reeducando, sua capacidade de suportar frustrações. - é um prognostico sociológico. Diante do exposto, podemos verificar que há distinção entre referidos exames quanto ao momento de sua realização, quanto a finalidade de sua realização, e por fim, quantos aos seus aspectos de personalidade. Atenção: Art. 9º da LEP (Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012). Art. 9o-A. Os condenados por crime praticado, dolosamente, com violência de natureza grave contra pessoa, ou por qualquer dos crimes previstos no art. 1o da Lei no 8.072, de 25 de julho de 1990, serão submetidos, obrigatoriamente, à identificação do perfil genético, mediante extração de DNA - ácido desoxirribonucleico, por técnica adequada e indolor. § 1o A identificação do perfil genético será armazenada em banco de dados sigiloso, conforme regulamento a ser expedido pelo Poder Executivo. § 2o A autoridade policial, federal ou estadual, poderá requerer ao juiz competente, no caso de inquérito instaurado, o acesso ao banco de dados de identificação de perfil genético. Com o advento da Lei 12.654/2012 os condenados por crime praticado, DOLOSAMENTE, com VIOLÊNCIA de natureza grave contra a pessoa, ou por qualquer dos crimes etiquetados como hediondos ou equiparados, a identificação do perfil genético é obrigatória, mediante extração de DNA, devendo seguir técnica adequada e indolor. ATENÇÃO:A Lei nº 13.167/15 alterou o art. 84 da LEP para estabelecer critérios objetivos e subjetivos aptos a orientar a separação dos presos (provisórios e definitivos), considerando, essencialmente, a sua primariedade ou reincidência e gravidade dos crimes pelos quais são acusados ou cumprem pena, vejamos: Art. 84 §3o Os presos condenados ficarão separados de acordo com os seguintes critérios: I - condenados pela prática de crimes hediondos ou equiparados; II - reincidentes condenados pela prática de crimes cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa; III - primários condenados pela prática de crimes cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa; IV - demais condenados pela prática de outros crimes ou contravenções em situação diversa das previstas nos incisos I, II e III. Três estabelecimentos distintos para os referidos. Separação dos Presos, conforme sua condição Condenado por crime hediondo/equiparados Reincidente condenado por crime c/ violência ou grave ameaça. Primário condenado por crime c/ violência ou grave ameaça. 2.4 Princípio da Jurisdicionalidade Os incidentes na execução penal serão decididos pelo Poder Judiciário. 4 Arts. 2º e 194, da LEP. Art. 2º A jurisdição penal dos Juízes ou Tribunais da Justiça ordinária, em todo o Território Nacional, será exercida, no processo de execução, na conformidade desta Lei e do Código de Processo Penal. Art. 194. O procedimento correspondente às situações previstas nesta Lei será judicial, desenvolvendo-se perante o Juízo da execução. ATENÇÃO: A lei reserva a autoridade administrativa a decisão sobre pontos secundários da execução da pena, tais como: visitas, horário de banho sol, permissão de saída, cela do preso, etc. Na hipótese de eventuais abusos praticados pela autoridade administrativa, será possibilitado ao condenado peticionar perante o juiz, relatando os referidos abusos. 2.5 Princípio do devido processo Legal O processo de execução deve observar ampla defesa, contraditório, publicidade, etc. 2.6 Princípio da humanidade/humanização das penas Respeito à dignidade da pessoa humana. 2.7 Princípio reeducativo/ da ressocialização Busca-se, durante a execução penal, a ressocialização do preso. Quais os instrumentos de ressocialização? a progressão de regime; livramento condicional; saída temporária; trabalho do preso; (art. 126, LEP) estudo realizado pelo preso; (art. 126,LEP) art. 11, da LEP: referido diploma assegura assistência. Art. 11. A assistência será: I - material; II - à saúde; III -jurídica; IV - educacional; V - social; VI - religiosa. Assistência social Art. 22. A assistência social tem por finalidade amparar o preso e internado e prepará-lo para o retorno à liberdade. Nessa esteira, para assegurar a referida assistência, o art. 6º da Resolução 113 do CNJ anuncia que o juízo da execução deverá, dentre as ações voltadas a ressocialização do condenado e do internado, e para que tenha acesso aos serviços sociais disponíveis, diligenciar para que sejam expedidos seus documentos pessoais, em especial, o CPF. O CPF apresenta-se em documento importante, necessário para o usufruto da assistência social prevista ao teor do art. 22, LEP. Art. 23. Incumbe ao serviço de assistência social: I - conhecer os resultados dos diagnósticos ou exames; II - relatar, por escrito, ao Diretor do estabelecimento, os problemas e as dificuldades enfrentadas pelo assistido; III - acompanhar o resultado das permissões de saídas e das saídas temporárias; IV - promover, no estabelecimento, pelos meios disponíveis, a recreação; V - promover a orientação do assistido, na fase final do cumprimento da pena, e do liberando, de modo a facilitar o seu retorno à liberdade; VI - providenciar a obtenção de documentos, dos benefícios da Previdência Social e do seguro por acidente no trabalho; 5 VII - orientar e amparar, quando necessário, a família do preso, do internado e da vítima. ATENÇÃO: À pessoa travesti, mulher ou homem transexual em privação de liberdade, serão garantidos a manutenção do seu tratamento hormonal e o acompanhamento de saúde específico (art. 7º parágrafo único, da Resolução Conjunta nº 1 “que define novas regras para acolhimento da comunidade LGBT em unidades prisionais” do Conselho Nacional de Combate à Discriminação). Ensino Atualmente, não se garante apenas o ensino fundamental, garante-se também o ensino médio. Art. 18. O ensino de 1º grau será obrigatório, integrando-se no sistema escolar da Unidade Federativa. (Incluído pela Lei nº 13.163, de 2015) Art. 18-A. O ensino médio, regular ou supletivo, com formação geral ou educação profissional de nível médio, será implantado nos presídios, em obediência ao preceito constitucional de sua universalização. § 1o O ensino ministrado aos presos e presas integrar-se-á ao sistema estadual e municipal de ensino e será mantido, administrativa e financeiramente, com o apoio da União, não só com os recursos destinados à educação, mas pelo sistema estadual de justiça ou administração penitenciária. § 2o Os sistemas de ensino oferecerão aos presos e às presas cursos supletivos de educação de jovens e adultos. § 3o A União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal incluirão em seus programas de educação à distância e de utilização de novas tecnologias de ensino, o atendimento aos presos e às presas. 3. Partes na Execução Penal Exequente: Não obstante a possibilidade de um particular, nos casos expressos em lei, perseguir a pena como titular da ação penal, sua EXECUÇÃO É MONOPÓLIO DO ESTADO. Nesse sentido, disciplina o art. 105, LEP. Art. 105. Transitando em julgado a sentença que aplicar pena privativa de liberdade, se o réu estiver ou vier a serpreso, o Juiz ordenará a expedição de guia de recolhimento para a execução. O Estado figurando como exequente (mesmo no caso de ação penal privada, a transferência é só da titularidade da ação, a execução é monopólio do Estado. Executado: condenado preso ou individuo sujeito a medida de segurança. Atenção: aplica-se a LEP, no que couber, ao preso provisório (art. 2º, parágrafo único, LEP – Esta lei aplicar-se-á igualmente ao preso provisório ...). A T E N Ç Ã O #Cabe “execução penal provisória” ao preso condenado, que aguarda julgamento de recursos? R: Sim. Atenção: tem doutrina criticando a expressão execução provisória, preferindo antecipação de benefícios de execução. Fundamentos a) Art. 2º, parágrafo único da LEP; Art. 2º Parágrafo único. Esta Lei aplicar-se-á igualmente ao preso provisório e ao condenado pela Justiça Eleitoral ou Militar, quando recolhido a estabelecimento sujeito à jurisdição ordinária. 6 b) Súmula 716, STF. Súmula 716. Admite-se a progressão de regime de cumprimento da pena ou aplicação imediata de regime menos severo nela determinada, antes do transito em julgado da sentença condenatória. c) Resolução 113, CNJ, Art. 8º. Art. 8º. Tratando-se de réu preso por sentença condenatória recorrível, será expedida guia de recolhimento provisória da pena privativa de liberdade, ainda que pendente de recurso sem efeito suspensivo, devendo, nesse caso, o juízo da execução definir o agendamento dos benefícios cabíveis. #Cabe “execução penal provisória” ao réu solto, que aguarda julgamento de recursos? Preso condenado que aguarda julgamento de recursos cabe execução penal provisória. Réu solto condenado que aguarda julgamento de recursos ??? Anteriormente era posição do STF, que o réu condenado que recorria em liberdade, não seria cabível a execução provisória da pena, todavia, referido entendimento restou superado. - ANTES - - NOVO ENTENDIMENTO- ESQUEMATIZANDO Posição ANTERIOR do STF: NÃO ADMITIA. HC 84078, Rel. Min. Eros Grau, Tribunal Pleno, julgado em 05/02/2009. Posição ATUAL do STF: SIM STF. Plenário. HC 126292/SP, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 17/02/2016. Sugestão de Estudo Completar | Acesso: http://www.dizerodireito.com.br/2016/02/e- possivel-execucao-provisoria-de.html Quadro Comparativo Preso + condenação definitiva Preso + condenação provisória Preso sem condenação Condenado provisório solto Aplica-se a LEP. Aplica-se a LEP. Aplica-se a LEP no que couber, por exemplo, direitos do preso. Não se aplica a LEP, salvo se condenado em grau de recurso na 2ª instância (aplica-se a LEP). Obs.1: IMPORTANTE: A Res. 113 CNJ, em seu art. 8º anuncia que deve ser expedida a guia de recolhimento para o preso condenado provisoriamente. Obs.2: Prevalece que compete ao Juiz da Execução do LOCAL DA PRISÃO a antecipação dos benefícios de execução penal. Obs.3: CUIDADO!!! Antes do julgamento do HC 126.292, prevaleci não existir “execução provisória” 7 de sursis, de pena restritiva de direitos e multa. Agora, a tendência é permitir, desde que exista confirmação das penas em 2º grau. #Aplica-se a LEP para menor infrator? Pena Medida de Segurança Medida Sócio- educativa Finalidades: a) prevenção especial; b) retribuição; c) ressocialização. Finalidade essencialmente preventiva. Finalidade: a) integração social do adolescente; b) garantia de seus direitos individuais e sociais. Aplica-se a LEP Aplica-se a LEP Não se aplica a LEP, mas o ECA e leis correlatas. 4. Lei de Execução Penal e Competência A competência do juiz da execução penal se inicia com o trânsito em julgado da sentença condenatória (ou da absolutória imprópria). Cuidado: 1) Já estudamos ser possível execução penal provisória (art.8º, Res. 113, CNJ); 2) A competência da LEP não é ditada pelo local onde transitou em julgado o processo de conhecimento. Situações elucidativas Penas privativas de liberdade R.: a execução será executada no local da prisão. Penas restritivas de direito R.: a execução será processada no domicílio do sentenciado. Sursis e Livramento Condicional R.: a execução será processada no domicílio do sentenciado. Condenado com foro por prerrogativa de função R.: a execução, enquanto perdurar o foro será do Tribunal do processo e julgamento. Pena de multa R.: a competência para execução forçada, é da Vara da Fazenda Pública. #De quem é a competência para a execução de condenado da justiça federal cumprindo pena em estabelecimento estadual? A competência é da J. Estadual. Súmula 192 STJ: compete ao juízo das execuções penais do estado a execução das penas impostas a sentenciados pela justiça federal, militar ou eleitoral, quando recolhidos a estabelecimentos sujeitos a administração estadual. Obs.: Atualmente temos presídios federais. Logo, seguindo o mesmo espirito da súmula 192 do STJ, sentenciado pela J. Estadual mas recolhido em estabelecimento Federal, a competência para fiscalizar a execução é federal. ATENÇÃO! Não se confunde o início da competência do juiz da execução com o início da execução. Competência do Juiz da Execução Início da Execução Se inicia com o trânsito em julgado da condenação ou absolvição imprópria. Se inicia com a prisão seguida da expedição da guia de recolhimento (peça processual que formaliza o início da execução). 5. Estatuto Jurídico do Preso A partir do art. 38 até o art. 43 da LEP, estão elencados direitos e deveres do preso. 8 5.1 Deveres do Preso Art. 38. Cumpre ao condenado, além das obrigações legais inerentes ao seu estado, submeter-se às normas de execução da pena. Art. 39. Constituem deveres do condenado: I - comportamento disciplinado e cumprimento fiel da sentença; II - obediência ao servidor e respeito a qualquer pessoa com quem deva relacionar-se; III - urbanidade e respeito no trato com os demais condenados; IV - conduta oposta aos movimentos individuais ou coletivos de fuga ou de subversão à ordem ou à disciplina; V - execução do trabalho, das tarefas e das ordens recebidas; VI - submissão à sanção disciplinar imposta; VII - indenização à vitima ou aos seus sucessores; VIII - indenização ao Estado, quando possível, das despesas realizadas com a sua manutenção, mediante desconto proporcional da remuneração do trabalho; IX - higiene pessoal e asseio da cela ou alojamento; X - conservação dos objetos de uso pessoal. Parágrafo único. Aplica-se ao preso provisório, no que couber, o disposto neste artigo. Obs.1: Existem outros deveres do preso além dos elencados nos arts. 38 e 39, no corpo da lei de execução penal. Exemplo: Art. 146, LEP. 5.2 Direitos do Preso Art. 40 - Impõe-se a todas as autoridades o respeito à integridade física e moral dos condenados e dos presos provisórios. Art. 41 - Constituem direitos do preso: I - alimentação suficiente e vestuário; II - atribuição de trabalho e sua remuneração; III - Previdência Social; IV - constituição de pecúlio; V - proporcionalidade na distribuição do tempo para o trabalho, o descanso e a recreação; VI - exercício das atividades profissionais, intelectuais, artísticas e desportivas anteriores, desde que compatíveis com a execução da pena; VII - assistência material, à saúde, jurídica, educacional, social e religiosa; VIII - proteção contra qualquer forma de sensacionalismo; IX - entrevista pessoal e reservada com o advogado; X - visita do cônjuge, da companheira, de parentes e amigos em dias determinados; XI - chamamento nominal; XII - igualdade de tratamento salvo quanto às exigências da individualização da pena; XIII - audiência especial com o diretor do estabelecimento; XIV - representação
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