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Manual Caseiro - Legislação Penal Especial

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MANUAL CASEIRO 
1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Manual Caseiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FICHAMENTO DO LIVRO  
 
LEGISLAÇÃO CRIMINAL ESPECIAL 
COMENTADA, Renato Brasileiro de Lima (Pág. 
173 – 185, 2014, 2ª Tiragem, Revista, Ampliada e 
Atualizada, Editora Juspodvim). 
 
INVESTIGAÇÃO CRIMINAL CONDUZIDA 
PELO DELEGADO DE POLÍCIA 
 
 Legislação: Lei 12.830/2013 
 
1. Objeto da Lei nº 12.830 de 2013 
O artigo 1º da Lei 12.830/2013, deixa claro 
qual o objeto de análise da referida, declinando 
“Esta lei dispõe sobre a INVESTIGAÇÃO 
CRIMINAL CONDUZIDA PELO DELEGADO 
DE POLÍCIA”. 
Cumpre recordarmos em que contexto 
histórico social essa Lei foi editada. 
Após a rejeição da PEC 37, a qual 
objetivava conferir a investigação criminal com 
exclusividade à Polícia. Diante do insucesso da 
PEC 37, surge então a Lei nº 12.830/2013, que 
passa a dispor sobre a investigação criminal 
conduzida pelo Delegado de Polícia. 
2. Polícia Judiciária |Administrativa e 
Investigativa 
O art. 2º da Lei 1.2.830/2013 descreve que 
“as funções de polícia judiciária e a apuração de 
infrações penais exercidas pelo delegado de 
polícia são se natureza jurídica, essenciais e 
exclusivas de Estado”. 
Denota-se da leitura do dispositivo acima 
transcrito que o legislador ordinário fez uma 
distinção entre a denominada policia judiciária e 
policia investigativa. Nesse sentido, questiona-se, 
em que consiste a atividade da polícia judiciária? E 
da policia investigativa? E, por fim a 
administrativa? 
2.a) Polícia Judiciária  cuida da função de 
caráter repressivo, auxiliando o Poder Judiciário. 
Sua atuação ocorre depois da prática de uma 
infração penal e tem como objetivo precípuo 
colher elementos de informação relativos à 
materialidade e à autoria do delito, propiciando que 
o titular da ação penal possa dar início à 
persecução penal em juízo. 
2.b) Polícia Investigativa  atua na busca dos 
elementos informativos e de prova de autoria e 
materialidade do crime. 
Obs.1. No tocante as atividades investigatórias, 
cumpre ressaltar que estas devem ser exercidas 
precipuamente por autoridades policiais, sendo 
vedada a participação de agentes estranhos ao 
quadro da polícia. 
2.c) Polícia administrativa trata-se de atividade 
de cunho preventivo, ligada à segurança, visando 
impedir a prática de atos lesivos à sociedade. 
Além da distinção feita pela Lei nº 
12.830/2013, ora objeto de nosso estudo, a 
Constituição Federal nessa mesma linha também o 
fez, conforme se pode observar do teor do art. 144, 
§1º incisos I e II, senão vejamos. 
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, 
direito e responsabilidade de todos, é exercida para 
a preservação da ordem pública e da incolumidade 
das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes 
órgãos: 
I - polícia federal; 
II - polícia rodoviária federal; 
 
 
 
 
 
 
III - polícia ferroviária federal; 
IV - polícias civis; 
V - polícias militares e corpos de 
bombeiros militares. 
§ 1º A polícia federal, instituída por lei 
como órgão permanente, organizado e mantido 
pela União e estruturado em carreira, destina-se a: 
I - apurar infrações penais contra a ordem 
política e social ou em detrimento de bens, 
serviços e interesses da União ou de suas entidades 
autárquicas e empresas públicas, assim como 
outras infrações cuja prática tenha repercussão 
interestadual ou internacional e exija repressão 
uniforme, segundo se dispuser em lei; 
II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de 
entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o 
descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de 
outros órgãos públicos nas respectivas áreas de 
competência; 
 
Como se percebe, a Constituição Federal e 
a Lei n° 12.830/2013 estabelecem uma distinção 
entre as funções de polícia judiciária e as funções 
de polícia investigativa. 
Destarte, por funções de polícia 
investigativa devem ser compreendidas as 
atribuições ligadas à colheita de elementos 
informativos quanto à autoria e materialidade das 
infrações penais. A expressão polícia judiciária 
está relacionada às atribuições de auxiliar o 
Poder Judiciário, cumprindo as ordens judiciárias 
relativas à execução de mandados de prisão, busca 
e apreensão, condução coercitiva de testemunhas, 
etc. Por se tratar de norma hierarquicamente 
superior, deve, então, a Constituição Federal, 
prevalecer sobre o teor do Código de Processo 
Penal (art. 4°, caput). 
3. Natureza jurídica das funções de Polícia 
Judiciária e investigativa 
Da redação disposta no art. 2º, caput, da Lei 
12830/2013, fica evidente que as funções de 
polícia judiciária e a apuração das infrações penais 
exercidas pelo Delegado de Polícia são de natureza 
jurídica. 
Obs.: Exclusividade do Estado para o exercício da 
atividade policial. 
O art. 2°, caput, da Lei n° 12.830/13, 
também dispõe expressamente que as funções de 
polícia judiciária e a apuração de infrações penais 
exercidas pelo Delegado de Polícia são essenciais e 
exclusivas do Estado, o que significa dizer que o 
Estado não pode transferir o exercício dessas 
funções à iniciativa privada. 
Cumpre salientarmos que, inobstante a 
exclusividade do Estado para o exercício da 
atividade policial, as investigações podem ser 
feitas por outras instituições, que não a policial, é o 
exemplo do poder de investigação criminal 
exercida pelo Ministério Público. 
Nesse sentido, “a atribuição para a 
apuração das infrações penais e de sua autoria 
não excluirá a de autoridades administrativas, a 
quem por lei seja cometida a mesma função. Há 
diversos órgãos que também podem desenvolver 
atividades investigatórias criminais, como, por 
exemplo, as Comissões Parlamentares de 
Inquérito, o Conselho de Controle de Atividades 
Financeiras (COAF), o Conselho Administrativo 
 
 
 
 
 
 
de Defesa Econômica (CADE) e o próprio 
Ministério Público. Na mesma linha, o art. 2°, 
caput, da Lei n° 12.830/2013, não impede a 
realização de investigações criminais defensivas”. 
4. CONDUÇÃO DO INQUÉRITO POLICIAL 
PELO DELEGADO DE POLÍCIA 
O §1º, do art. 2º, da Lei nº 12.830/2013, 
prevê que “Ao delegado de polícia, na qualidade 
de autoridade policial, cabe a condução da 
investigação criminal por meio de inquérito 
policial ou outro procedimento previsto em lei, que 
tem como objetivo a apuração das circunstâncias, 
da materialidade e da autoria das infrações 
penais”. 
- O que é o inquérito policial? Qual sua natureza 
jurídica? Finalidade? Como é sua condução? 
O inquérito policial é procedimento 
administrativo inquisitório e preparatório, 
presidido pelo Delegado de Polícia, na qualidade 
de autoridade policial. 
O inquérito policial consiste em um 
conjunto de diligências realizadas pela polícia 
investigativa objetivando a identificação das fontes 
de prova e a colheita de elementos de informação 
quanto à autoria e materialidade da infração penal, 
a fim de possibilitar que o titular da ação penal 
possa ingressar em juízo. 
- Qual a função do inquérito policial? A doutrina 
mais moderna tem imputado ao inquérito policial 
duas funções, quais sejam, a função preservadora e 
a função preparatória, está última mais conhecida 
no âmbito jurídico. 
a) preservadora: a existência prévia de um 
inquérito policial inibe a instauração de um 
processo penal infundado, temerário, resguardando 
a liberdade do inocente e evitando custos 
desnecessários para o Estado; 
b) preparatória: fornece elementos de 
informação para que o titular da ação penal 
ingresse em juízo, além de acautelar meios de 
prova que poderiam desaparecer com o decurso do 
tempo. 
Nessa esteira, contemplamos que a 
condução do inquéritoé de atribuição do Delegado 
de Polícia. 
O art. 2°,§1°, da Lei nº 12.830/13, 
demonstra que a autoridade policial a que se refere 
a legislação processual penal é o Delegado de 
Polícia, que deve conduzir as investigações 
criminais por meio de inquéritos policiais ou 
outros procedimentos investigatórios de atribuição 
da Polícia. 
 
5. DISCRICIONARIEDADE DO DELEGADO 
DE POLÍCIA NA CONDUÇÃO DO 
INQUÉRITO 
O inquérito policial é conduzido de maneira 
discricionária pela autoridade policial, que deverá 
determinar o rumo das diligências de acordo com 
as peculiaridades do caso concreto. 
Os arts. 6 e 7º do Código de Processo 
Penal, prevê algumas das diligências que podem 
ser realizadas na fase do inquérito policial, todavia, 
não são as referidas de produção obrigatória. 
Tem-se aí apenas uma sugestão das 
principais medidas que devem ser adotadas pela 
autoridade policial, o que não impede que o 
 
 
 
 
 
 
Delegado de Polícia defina estratégia e diligências 
diversas para a apuração da infração penal. 
Obs.: Exame de corpo de delito, quando a infração 
deixa vestígios é de realização obrigatória. 
- E o que se pode entender por uma atuação 
discricionária? 
Discricionariedade implica liberdade de 
atuação nos limites traçados pela lei. Se a 
autoridade policial ultrapassa esses limites, sua 
atuação passa a ser arbitrária, ou seja, contrária à 
lei. Logo, não se permite ao Delegado de Polícia a 
adoção de diligências investigatórias contrárias à 
Constituição Federal e à legislação 
infraconstitucional. Portanto, quando o art. 2°, § 
2°, da Lei n° 12.830/13, dispõe que cabe ao 
delegado de polícia a requisição de perícia, 
informações, documentos e dados que interessem à 
apuração dos fatos, há de se lembrar que certas 
diligências investigatórias demandam prévia 
autorização judicial, sujeitas que estão à 
denominada cláusula de reserva de jurisdição (v.g., 
prisão temporária, mandado de busca domiciliar). 
Assim, apesar de o delegado de polícia ter 
discricionariedade para avaliar a necessidade de 
interceptação telefônica, não poderá fazê-lo sem 
autorização judicial. Nos mesmos moldes, por 
ocasião do interrogatório policial do investigado, 
deverá adverti-lo quanto ao direito ao silêncio (CF, 
art. 5°, LXIII). 
Atenção! 
Em que pese a discricionariedade do 
Delegado de Polícia, é certo que autoridade 
policial não pode negar o requerimento de 
diligências que guardem importância e correlação 
com o esclarecimento dos fatos. Admite-se, a 
contrario sensu, o indeferimento de medidas 
inúteis, protelatórias ou desnecessárias, o que, por 
cautela, deve ser feito motivadamente. 
5.1 Discricionariedade x Requisições do MP: 
mitigação da discricionariedade 
Essa discrionariedade, todavia, não é 
absoluta, sofrendo evidente mitigação diante de 
eventual requisição ministerial. Se o Ministério 
Público é o titular da ação penal pública (CF, art. 
129, I), sendo, portanto, o destinatário, por 
excelência, dos elementos de informação 
produzidos no curso da investigação policial, não 
se pode negar ao Parquet a possibilidade de 
requisitar diligências imprescindíveis à formação 
da opinio delicti. Esse poder de requisição deriva 
diretamente da Constituição Federal: dentre as 
funções institucionais do Ministério Público, 
consta do art. 129, VIII, da CF, a possibilidade de 
requisitar diligências investigatórias e a 
instauração de inquérito policial, indicados os 
fundamentos jurídicos de suas manifestações 
processuais. 
Destaca-se, porém que o Delegado de 
Polícia não é obrigado a atender requisições 
manifestamente ilegais. 
6. RESTRIÇÕES À AVOCAÇÃO OU 
REDISTRIBUIÇÃO DE INVESTIGAÇÕES 
POLICIAIS 
O inquérito policial ou outro procedimento 
previsto em lei em curso somente poderá ser 
avocado ou redistribuído por superior hierárquico, 
mediante despacho fundamentado, por motivo de 
interesse público ou nas hipóteses de inobservância 
 
 
 
 
 
 
dos procedimentos previstos em regulamento da 
corporação que prejudique a eficácia da 
investigação. 
7. NECESSIDADE DE FUNDAMENTAÇÃO 
DA REMOÇÃO DO DELEGADO 
A remoção do delegado de polícia dar-se-á 
somente por ato fundamentado. (§5º, art. 2º, Lei nº 
12.830/2013). 
Na busca de evitar favorecimentos e 
perseguições em virtude do trabalho do Delegado 
de Polícia, o art. 2°, § 5°, da Lei n° 12.830/2013, 
passa a exigir que o ato administrativo de remoção 
seja devidamente fundamentado, o que, em tese, 
permite a todos a verificação do motivo que deu 
ensejo ao referido ato. 
Destaca-se ainda que, os Delegados de 
Polícia não são dotados da garantia da 
inamovibilidade. 
8. INDICIAMENTO 
8.1 Conceito 
Indiciar é atribuir a autoria (ou 
participação) de uma infração penal a uma pessoa. 
É apontar uma pessoa como provável autora ou 
partícipe de um delito. 
 O indiciado não se confunde com um mero 
suspeito. 
A) Suspeito ou investigado é aquele em relação ao 
qual há frágeis indícios, ou seja, há mero juízo de 
possibilidade de autoria; 
B) Indiciado é aquele que tem contra si indícios 
convergentes que o apontam como provável autor 
da infração penal, isto é, há juízo de probabilidade 
de autoria; recebida a peça acusatória pelo 
magistrado, surge a figura do acusado. 
Obs.1. Distinção: Suspeita X Indiciamento 
(graus de convicção progressivo). 
A passagem da suspeita para o 
indiciamento envolve graus de convicção 
progressivos. 
Até o inquérito – INDICIADO. Após a 
formalização da acusação (ação penal) torna-se 
acusado, ou seja, no momento do oferecimento da 
denúncia ou queixa. 
Quando o juiz receber a exordial, torna-se 
réu, quando houver sentença condenatória vira 
condenado, e por fim, após o TJ tornando-se 
reeducando. 
A suspeita é um juízo de mera 
possibilidade, portanto é um juízo neutral. 
No indiciamento o juízo é de probabilidade, 
ante os indícios concretos de que o individuo é o 
autor do crime (aneutral). 
Indiciamento é declaração oficial 
(oficialização) da suspeita. 
Obs.2. Consequência 
A primeira consequência prática do 
indiciamento é o fato de que o nome do indiciado 
passará a constar nos sistemas policiais. 
8.2 Momento 
A condição de indiciado poderá ser 
atribuída já no auto de prisão em flagrante ou até o 
relatório final do delegado de polícia. Logo, uma 
vez recebida a peça acusatória, não será mais 
possível o indiciamento, já que se trata de ato 
próprio da fase investigatória. 
 
 
 
 
 
 
Os Tribunais Superiores têm considerado 
que o indiciamento formal após o recebimento da 
denúncia é causa de ilegal e desnecessário 
constrangimento à liberdade de locomoção, visto 
que não se justifica mais tal procedimento, próprio 
da fase inquisitorial. 
8.3 Espécies – direito e indireto 
O indiciamento pode ser feito de maneira 
direta ou indireta. 
A) o indiciamento direto ocorre quando o 
indiciado está presente; 
B) o indiciamento indireto ocorre quando o 
indiciado está ausente (v.g., indiciado foragido). 
A regra é que o indiciamento seja feito na 
presença do investigado. No entanto, na hipótese 
de o investigado não ser localizado, por se 
encontrar em local incerto e não sabido, ou 
quando, regularmente intimado para o ato, deixar 
de comparecer injustificadamente, é possível a 
realização do indiciamento indireto. 
8.4 Pressupostos 
O indiciamento só pode ocorrer a partir do 
momento em que reunidos elementos suficientes 
que apontem para a autoria da infração penal, 
quando, então, o delegado de polícia deve 
cientificar o investigado, atribuindo-lhe, 
fundamentadamente, a condição jurídica de 
"indiciado", respeitadas todas as garantias 
constitucionais e legais. 
 
8.5 Desindiciamento 
Ausente qualquer elemento de informação 
quanto ao envolvimento do agente na prática 
delituosa, a jurisprudência tem admitido a 
possibilidade de impetração de habeas corpus a fi 
de sanar o constrangimentoilegal daí decorrente, 
buscando-se o desindiciamento. 
O indiciamento configura constrangimento 
quando a autoridade policial, sem elementos 
mínimos de materialidade delitiva, lavra o termo 
respectivo e nega ao investigado o direito de ser 
ouvido e de apresentar documentos. 
8.6 Atribuição 
O indiciamento é o ato resultante das 
investigações policiais por meio do qual alguém é 
apontado como provável autor de um fato 
delituoso. Cuida-se, pois, de ato privativo do 
Delegado de Polícia que, para tanto, deverá 
fundamentar-se em elementos de informação que 
ministrem certeza quanto à materialidade e indícios 
razoáveis de autoria. 
8.7 Sujeito Passivo 
Em regra, qualquer pessoa pode ser 
indiciada. Todavia, de acordo com o art. 41, inciso 
II, e parágrafo único, da Lei n° 8.625/93, constitui 
prerrogativa dos membros do Ministério Público, 
no exercício de sua função, a de não ser indiciado 
em inquérito policial, sendo que, quando, no curso 
de investigação, houver indício da prática de 
infração penal por parte de membro do Ministério 
Público, deve a autoridade policial, civil ou militar 
remeter, imediatamente, sob pena de 
responsabilidade, os respectivos autos ao 
Procurador-Geral de Justiça, a quem competirá dar 
prosseguimento à apuração. De modo semelhante, 
quando, no curso de investigação, houver indício 
da prática de crime por parte do magistrado, a 
 
 
 
 
 
 
autoridade policial, civil ou militar, remeterá os 
respectivos autos ao Tribunal ou órgão especial 
competente para o julgamento, a fim de que 
prossiga na investigação (LC n° 35/79, art. 33, 
parágrafo único). 
Quem não pode ser indiciado? (“imune” a 
indiciamento). 
1º Magistrados; 
Quem não tem atribuição para investigar, 
também não poderá ser indiciado. Assim, os 
magistrados não podem ser investigados pela 
autoridade policial, conforme proclama o artigo 33, 
p. único da LOMAN (Lei orgânica da magistratura 
nacional, LC 35/79). 
2º Promotor de Justiça; 
Igualmente, membros do MP não podem ser 
indiciados posto a vedação quanto a investigação 
pela autoridade policial, conforme restrição 
dispostas ao teor do art. 41,II, LONMP, Lei 8.625. 
3º Detentor de imunidade diplomática 
imunidade e consular (só abrange atos funcionais), 
fora da função o consular não possui imunidade. O 
agente diplomático, diferentemente, possui 
imunidade para qualquer ato. 
Assim, a imunidade do consular só abrange 
os atos funcionais, enquanto que o diplomata 
abrange todos os atos, relativos ou não a função. 
9. TRATAMENTO PROTOCOLAR A SER 
DISPENSADO AOS DELEGADOS DE 
POLÍCIA 
O cargo de delegado de polícia é privativo 
de bacharel em Direito, devendo-lhe ser 
dispensado o mesmo tratamento protocolar que 
recebem os magistrados, os membros da 
Defensoria Pública e do Ministério Público e os 
advogados (Art. 3º, Lei nº 12.830/2013). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 
 
CARREIRAS JURÍDICAS CERS 
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL 
MÓDULO ÚNICO 
– MANUAL CASEIRO – 
@dpeemconstrução 
 
Crimes Hediondos – Lei nº 8.072/90 
 
Dispõe sobre os crimes hediondos, nos 
termos do art. 5º, inciso XLIII, da Constituição 
Federal, e determina outras providências. 
1. Previsão Constitucional 
Art. 5º. XLIII – a lei considerará crimes 
inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia 
a prática da tortura, o tráfico ilícito de 
entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os 
definidos como crimes hediondos, por eles 
respondendo os mandantes, os executores e os 
que, podendo evitá-los, se omitirem. 
O art. 5º, XLIII da Constituição Federal impõe 
patamar mínimo ao legislador, revestindo-se a 
norma constitucional em verdadeiro “mandado 
”. constitucional de criminalização
- Aprofundamento: Mandado Constitucional 
de Criminalização- 
Os mandados de criminalização indicam 
matérias sobre as quais o legislador ordinário 
não tem a faculdade de legislar, mas a 
obrigatoriedade de tratar, protegendo 
determinados bens ou interesses de forma 
adequada e, dentro do possível, integral. 
As Constituições modernas não se limitam a 
especificar restrições ao poder do Estado e 
passam a conter preocupações com a defesa 
ativa do indivíduo e da sociedade em geral. A 
própria Constituição impõe a criminalização 
visando à proteção de bens e valores 
constitucionais, pois do Estado, espera-se mais 
de uma atividade defensiva. Requer-se que 
torne eficaz a Constituição, dando vida aos 
valores que ela contemplou. 
Conclusão: A Lei nº 8.072/90 define os crimes 
hediondos, anunciando as consequências 
penais e processuais, obedecendo mandado 
constitucional de criminalização, esculpida no 
art. 5º, XLIII da Constituição Federal. 
2. Sistemas de Classificação das Infrações 
Penais como Crimes Hediondos 
a) Sistema legal: compete ao legislador num rol 
taxativo, anunciar quais os delitos considerados 
hediondos. 
Crítica ao respectivo sistema: esse sistema ignora a 
gravidade do caso concreto, trabalha apenas 
com a gravidade em abstrato. 
b) Sistema judicial: é o juiz quem, na 
apreciação do caso concreto, diante do crime e 
da forma como foi praticado, decide se é ou não 
hediondo. 
Crítica ao respectivo sistema: este sistema viola a 
taxatividade (não há segurança jurídica, pois 
fica a critério do juiz). 
c) Sistema misto: o legislador apresenta rol 
exemplificativo dos crimes hediondos, 
permitindo ao juiz, na análise do caso concreto, 
encontrar outras hipóteses (interpretação 
analógica). 
 
 
 
 
 
2 
 
Crítica ao respectivo sistema: reúne as críticas do 
sistema anterior, pois o rol exemplificativo do 
legislador ignora a gravidade do caso concreto, 
e o juiz, por outro lado, com o poder de 
complementar o rol, continua ignorando o 
princípio da taxatividade. 
E qual o sistema adotado pela Lei nº 8.072/90? 
O critério adotado pela legislação brasileira 
para rotular determinada conduta como 
hedionda é o sistema legal. Nesse sentido, 
dispõe o art. 5º, XLIII, da Constituição Federal 
“a lei considerará ...”. 
Pelo sistema legal, se o delito constar do rol 
taxativo de crimes ali enumerados, a infração 
será considerada hedionda, sujeitando-se a 
todos os gravames inerentes a tais infrações 
penais, independentemente da aferição judicial 
e de sua gravidade concreta. 
Obs.1: O Brasil adotou o sistema legal, sistema 
o qual também comporta criticas. Desse modo, 
tem doutrina sugerindo a criação de uma 
“ ”, permitindo que a depender clausula salvatória
das circunstâncias do caso concreto, o juiz 
afastasse a natureza hedionda de um crime 
constante do rol fixado pelo legislador. 
- Aprofundamento: Cláusula Salvatória - 
Com fito de apaziguar as possíveis injustiças 
decorrentes da higidez normativa (do sistema 
legal), sugere a Doutrina que seja criada o que 
denominam de “cláusula salvatória”, a qual 
permitiria ao juiz retirar o caráter hediondo de 
um crime que conste na enumeração legal em 
nome da observância da não necessidade dessa 
etiquetagem, perante o caso concreto. Ressalte-
se que lhe seria atribuído apenas o poder de 
reduzir o rol, mas não ampliá-lo, em respeito à 
garantia constitucional da legalidade. 
3. Rol de Crimes Hediondos 
Art. 1º São considerados hediondos os 
seguintes crimes, todos tipificados no 
Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 
1940 - Código Penal, consumados ou tentados. 
Obs.1: Cuidado! Determinadas questões negam 
a natureza hedionda quando o crime é na sua 
modalidade tentada, o que se apresenta 
equivocado, posto que a legislação dispõe que 
será hediondo tanto o crime na sua forma 
consumada quanto tentada. 
I – homicídio (art. 121), quando praticado em 
atividade típica de grupo de extermínio, ainda 
que cometido por um só agente, e homicídio 
qualificado (art. 121, § 2o, incisos I, II, III, IV, 
V, VI e VII); 
 Homicídio praticado em atividade típica de 
grupo de extermínio:é a única hipótese é que o homicídio Obs.1: 
simples é considerado crime hediondo 
(denominado de homicídio condicionado). 
com o advento da Lei nº 12.720/12, essa Obs.2: 
forma do crime (praticado por grupo de 
extermínio), bem como, quando praticado por 
milícia passou a configurar majorante de pena 
(causa de aumento de pena, art. 121 §6º do 
Código Penal). Cuidado! A Lei nº 12.720/12 
 
 
 
 
 
3 
 
não alterou a Lei nº 8.072/90, somente o 
homicídio simples praticado por grupo de 
extermínio é hediondo. Se simples e praticado 
por milícia, não é hediondo por falta de 
previsão legal. 
a doutrina, com razão, entende ser Obs.3: 
praticamente impossível conceder um crime de 
homicídio simples praticado e atividade típica 
de grupo de extermínio no qual não esteja 
presente uma das qualificadoras dos §2º do art. 
121 do Código Penal. Nesse caso, por força do 
princípio da especialidade, deverá prevalecer a 
figura do homicídio qualificado, o que acaba 
por demonstrar o quanto foi inócua esta 
mudança produzida pela Lei nº 8.930/94. 
 Homicídio qualificado: 
será hediondo o homicídio qualificado, Obs.1: 
não importando qual a circunstância presente 
no caso concreto. 
No STF e STJ é dominante o entendimento no 
sentido da possibilidade do homicídio 
qualificado-privilegiado, desde que a 
qualificadora seja de natureza objetiva. 
Homicídio qualificado-privilegiado é Obs.2: 
hediondo? Não. Na eventual hipótese de os 
jurados reconheceram a existência de homicídio 
qualificado-privilegiado, tal crime jamais 
poderá ser considerado hediondo. Primeiro, 
porque não há qualquer referência ao 
homicídio privilegiado na Lei. Segundo, porque 
seria absolutamente incoerente rotular como 
hediondo um crime de homicídio, por exemplo, 
mediante valor moral ou social. Por fim, como 
as causas de diminuição de pena enumeradas 
no art. 121, §1º do CP, tem natureza subjetiva, e 
as qualificadoras porventura reconhecida neste 
homicídio qualificado-privilegiado devem, 
obrigatoriamente, ter natureza objetiva, há de 
se reconhecer a natureza preponderante 
daquelas, aplicando-se raciocínio semelhante 
àquele constante do art.67 do Código Penal. 
JURISPRUDÊNCIA 
“Entendendo não haver contradição no 
reconhecimento de qualificadora de caráter 
objetivo (modo de execução do crime), e do 
privilégio, sempre de natureza subjetiva”. 
(STF, 1º Turma, HC 89.921|PR). O homicídio 
qualificado-privilegiado não pode ser 
considerado hediondo (STJ, HC 153.728|SP). 
 
I-A – lesão corporal dolosa de natureza 
gravíssima (art. 129, § 2o) e lesão corporal 
seguida de morte (art. 129, § 3o), quando 
praticadas contra autoridade ou agente 
descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição 
Federal, integrantes do sistema prisional e da 
Força Nacional de Segurança Pública, no 
exercício da função ou em decorrência dela, ou 
contra seu cônjuge, companheiro ou parente 
consanguíneo até terceiro grau, em razão 
dessa condição; 
INOVAÇÃO LEGISLATIVA 
A referida hipótese legal fora acrescentada com 
o advento da Lei 13.142/2015, a qual alterou o 
Código Penal, assim como a Lei de Crimes 
Hediondos, está ultima objeto de nosso estudo, 
para tratar sobre o homicídio e a lesão corporal 
 
 
 
 
 
4 
 
praticados contra integrantes dos órgãos de 
segurança pública. 
Só será considerada forma hedionda a Obs.1: 
lesão prevista ao teor do art. 129, §2º do Código 
Penal quando gravíssima ou seguida de morte 
em face dos agentes integrantes dos órgãos de 
segurança pública. 
II – Latrocínio (art. 157, §3º, in fine); 
O §3º do art. 157 prevê duas formas por Obs.1: 
meio das quais o crime de roubo é qualificado, 
lesão grave ou morte. 
Atenção! Somente a subtração seguida de 
morte da vítima é considerada latrocínio e sofre 
as consequências impostas pela Lei nº 8.072/90. 
para a ocorrência da qualificadora do Obs.2: 
latrocínio, o resultado morte deve ter sido 
causado ao menos culposamente. 
o art. 157, §3º dispõe que se da violência Obs.3: 
resulta morte, logo, não há latrocínio quando a 
morte decorre de grave ameaça. 
para que haja latrocínio é necessário que Obs.4: 
a morte decorra da violência empregada 
durante e em razão do assalto. É necessário o 
fator tempo e o fator nexo, faltando um desses 
fatores, não há que se falar em latrocínio. 
a doutrina entende haver também Obs.5: 
concurso de roubo e homicídio – e não 
latrocínio – quando um dos assaltantes mata o 
outro, para, por exemplo, ficar com todo 
dinheiro subtraído, ainda que a morte ocorra 
durante o assalto. Isso porque, no caso, o 
resultado morte atingiu o próprio sujeito ativo 
do roubo. Por outro lado, se o agente efetua um 
disparo para matar a vítima, mas por erro de 
pontaria, acaba atingindo e matando seu 
comparsa é crime de latrocínio. Nesse caso, 
ocorreu a chamada aberratio ictus (art. 73), em 
que o agente responde como se tivesse atingido 
a pessoa que visada. 
JURISPRUDÊNCIA 
LATROCÍNIO. COAUTORIA. 
DESNECESSIDADE DE SABER QUAL DOS 
COATORES DESFERIU O TIRO. “O coautor 
que, de maneira consciente, participa de um 
crime de roubo armado, responde pelo 
latrocínio ainda que o disparo fatal tenha sido 
efetuado por seus comparsas. Afinal, se tinha 
consciência de que o crime se roubo seria 
executado com o emprego de arma de fogo, era 
no mínimo previsível a superveniência do 
resultado morte” (STF, 1ª Turma, HC 
74.861/SPM Rel. Min. Sydney Sanches, j. 
25/03/1997, dj 27/06/1997). 
No entanto, caso o resultado morte não possa 
ser atribuído ao agente a título de dolo nem 
mesmo a título culposo (superveniência de 
resultado objetivamente imprevisível), não há 
falar em latrocínio, sob pena de 
responsabilidade penal objetiva, vejamos: 
“Pelo resultado que agrava especialmente a 
pena, só responde o agente que o houver 
causado ao menos culposamente. O resultado 
morte não pode ser imputado ao coautor 
quando há rompimento do nexo causal entre a 
conduta dele e a de seu comparsa, como ocorre 
quando o coautor é preso pela polícia antes da 
realização do disparo do tiro fatal pelo 
comparsa e ainda em local diverso da prática 
do roubo” (STF, 1ª Turma, HC 109.151/RJ, Rel. 
Min. Rosa Weber, j. 12 /06/2012, DJe 
16/08/2012). 
Súmula 610, STF. Há crime de latrocínio, 
quando o homicídio se consuma, ainda que não 
realize o agente a subtração dos bens da vítima. 
 
 
 
 
 
5 
 
III – Extorsão qualificada pela morte (art. 158, 
§2º); 
De acordo com art. 1º, inciso III, da Lei n. Obs.1: 
8.072/90, o delito de extorsão qualificada pela 
morte previsto no art. 158, §2º, do Código 
Penal, também é considerado crime hediondo. 
Da mesma forma que ocorre com o crime de 
roubo, a extorsão somente será considerada 
hedionda se qualificada pela morte. 
Por força da Lei nº. 11.923/09, foi acrescido um 
§3º ao art. 158 do Código Penal, para tipificar o 
denominado sequestro relâmpago: “Se o crime é 
cometido mediante a restrição da liberdade da 
vítima, e essa condição é necessária para a 
obtenção da vantagem econômica, a pena é de 
reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da 
multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, 
aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§2º e 
3º, respectivamente”. 
Esse crime, havendo morte, é hediondo? Obs.2: 
Apesar da tipificação dessa nova modalidade 
delituosa pela Lei n. 11.923/09, a Lei dos crimes 
hediondos não foi alterada a fim de se nela 
fazer inserir o referido crime, do que deriva a 
conclusão de que tal delito não pode ser 
considerado hediondo, ainda que qualificado 
pelo resultado morte (CP, art. 158, §3º, in fine). 
Houve evidente desídia por parte do legislador 
no tocante ao crime do art. 158, §3º, qualificado 
pelo resultado morte. Prevalece que essa 
desídia não permite considerar o sequestro 
relâmpago qualificado pelo resultado morte 
como crime hediondo, sob pena de se fazer 
evidente analogia in malam partem, violando-se, 
por consequência, o princípioda legalidade. 
Sendo este o entendimento que prevalece. 
IV – Extorsão mediante sequestro e na forma 
qualificada (art. 159, caput, e §§ 1º, 2º e 3º); 
Ao contrário do que ocorre com os crimes de 
roubo e de extorsão, que são considerados 
hediondos apenas se qualificados pelo 
resultado morte, o delito de extorsão mediante 
sequestro é etiquetado como hediondo 
independentemente da modalidade, ou seja, na 
modalidade simples e na modalidade 
qualificada. 
Esquematizando 
Art. 157, §3º 
in fine, CP; 
Art. 158, CP Art. 159, CP 
Hediondo, se 
houver 
resultado 
morte. 
Hediondo, se 
houver 
resultado 
morte. 
Sempre 
hediondo. 
 
 
V – Estupro (art. 213, caput e § §1º e 2º); 
O delito de estupro é rotulado como hediondo, 
independentemente da modalidade. 
VI – Estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e 
§§ 1º, 2º, 3º e 4º); 
Cuidado: STF e STJ entendem que o estupro de 
vulnerável (art. 224 do CP, na redação anterior 
a Lei nº 12.015), já era hediondo. 
A 3ª Seção do STJ autoriza a aplicação dos 
consectários da Lei 8.072/90 para os crimes 
sexuais praticados com violência presumida, 
mesmo que anteriores a Lei nº 12.015/09: 
 
 
 
 
 
6 
 
“Os crimes de estupro e atentado violento ao 
pudor praticados anteriormente à Lei n.º 
12.015/2009, ainda que mediante violência 
presumida, configuram crimes hediondos. 
Precedentes desta Corte e do Supremo Tribunal 
Federal. 2. Embargos de divergência acolhidos 
a fim de reconhecer a hediondez do crime 
praticado pelo Embargado” (REsp. 
1225387/RS, rel. Min. Laurita Vaz, Dje 
04/09/2013). 
VII – Epidemia com resultado morte (art. 267, 
§1º); 
ATENÇÃO: Somente a propagação de doença 
humana é que configura o crime do art. 267, §1º 
do Código Penal, já que em se tratando de 
enfermidade que atinja animais ou plantas, o 
crime será o do art. 61, Lei nº 9.605/98, não 
hediondo por falta de previsão legal. 
VII – A (Vetado). 
VII – B. falsificação, corrupção, adulteração ou 
alteração de produto destinado a fins 
terapêuticos ou medicinais (art. 273, caput e § 
1º, § 1º-A e § 1º-B, com a redação dada pela 
Lei 9.677, de 2 de julho de 1998). 
VIII – favorecimento da prostituição ou de 
outra forma de exploração sexual de criança 
ou adolescente ou de vulnerável (art. 218-B, 
caput, e §§ 1º e 2º). (Incluído pela Lei nº 
12.978, de 2014). 
Com o advento da Lei nº 12.978, que entrou em 
vigor no dia 22 de maio de 2014, para além da 
mudança do nome jurídico do art. 218-B do 
Código Penal, também foi acrescentado ao art. 
1º da Lei nº 8.072/90 o inciso VIII para rotular 
tal crime como hediondo. 
Nas modalidades submeter, induzir, atrair e 
facilitar consuma-se o delito no momento em 
que a vítima passa a se dedicar à prostituição, 
colocando-se, de forma constante, à disposição 
dos clientes, ainda que não tenha atendido 
nenhum. 
CONCLUSÃO: crime instantâneo, ainda que de 
efeitos permanentes. 
Já na modalidade de impedir ou dificultar o 
abandono da prostituição, o crime consuma-se 
no momento em que a vítima delibera por 
deixar a atividade e o agente obsta esse intento, 
protraindo a consumação durante todo o 
período de embaraço (crime permanente). 
CONCLUSÃO: crime permanente. 
Na modalidade impedir ou dificultar, o crime é 
permanente, logo, quem antes da lei, dificultou 
o abandono, persistindo o embaraço na 
vigência da nova lei, vai ser alcançado pela 
mudança legislativa, conforme o entendimento 
da Súmula 711, STF. 
Súmula 711, STF: A lei penal mais grave 
aplica-se ao crime continuado ou ao crime 
permanente, se a sua vigência é anterior à 
cessação da continuidade ou da permanência. 
JURISPRUDÊNCIA 
Pune-se a mera prática de relação sexual com 
adolescente submetido à prostituição – e nessa 
conduta não se exige reiteração, poder de 
mando, ou introdução da vítima na 
habitualidade da prostituição. STJ, 6ª Turma, 
 
 
 
 
 
7 
 
HC 288.734/AM, Rel. Min. Nefi Cordeiro. 
j.5/6/2014. DJe 13/6/2014). 
 
 
Há algum crime hediondo fora do Código Obs.: 
Penal? 
Cuidado: O tráfico de drogas, a tortura e o 
terrorismo não são crimes hediondos, mas 
equiparados a crimes hediondos. 
Resposta: Existe sim, é o crime de genocídio, 
Lei nº 2.889/56, tentado ou consumado. 
E os crimes militares? Percebe-se, então, Obs.: 
que o legislador da Lei n. 8.072/90 não teve o 
cuidado de conferir natureza hedionda aos 
crimes militares. 
A disparidade de tratamento do crime militar e 
do crime comum já foi questionada perante o 
STF, que, no entanto, concluiu que a diferença 
de tratamento legal entre os crimes comuns e os 
crimes militares, mesmo em se tratando de 
crimes militares impróprios, não revela 
inconstitucionalidade, pois o Código Penal 
Militar não institui privilégios. Ao contrário, 
em muitos pontos, o tratamento dispensado ao 
autor de um delito é mais gravoso do que 
aquele do Código Penal comum. 
Desse modo, os crimes militares 
correspondentes aos incisos I a VII do art. 1º, da 
Lei nº 8.072/90 não são considerados 
hediondos por falta de previsão legal. 
 
4. Caráter Hediondo e Consequências 
4.1 Insuscetível de anistia, graça e indulto 
Inicialmente, cumpre destacarmos que as 
consequências também são aplicadas aos 
crimes “equiparados” a hediondos, quais 
sejam, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas 
afins, tortura e terrorismo. 
Nos termos do art. 2º, inciso I, da Lei nº 
8.072/90, os crimes hediondos são insuscetíveis 
de anistia, graça e indulto. 
Nesse sentido, dispõe o texto supracitado, bem 
como, a Constituição Federal, senão vejamos. 
Art. 2º, Lei nº 8072/90: Os crimes hediondos, a 
prática da tortura, o tráfico ilícito de 
entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são 
insuscetíveis de: I - anistia, graça e indulto; 
Art. 5º, XLIII CF - a lei considerará crimes 
inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia 
a prática da tortura, o tráfico ilícito de 
entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os 
definidos como crimes hediondos, por eles 
respondendo os mandantes, os executores e os 
que, podendo evitá-los, se omitirem. 
A vedação do indulto feita exclusivamente Obs.1: 
pela Lei nº 8.072 é constitucional? 
 
1ª Corrente: a ampliação é inconstitucional, 
pois as vedações previstas no art. 5º, XLIII da 
Constituição Federal, são máximas sendo 
defeso ao legislador amplia-las. 
2ª Corrente: a ampliação é constitucional, pois 
as vedações constitucionais são mínimas, 
podendo o legislador amplia-las. Para aqueles 
que entendem que as vedações são máximas, 
não se pode esquecer que a vedação da graça, 
 
 
 
 
 
8 
 
abrange indulto, pois o indulto nada mais é do 
que graça coletiva. 
A 2ª Corrente é a que prevalece no STF e STJ. 
E o indulto humanitário? Obs.2: 
Chama-se indulto humanitário aquele 
concedido por razões de grave deficiência física 
ou em virtude de debilitado estado de saúde do 
executado. 
Temos decisões admitindo o induto 
humanitário com fundamento no princípio da 
humanidade das penas, até mesmo para 
condenados por crimes hediondos e 
equiparados (STJ). 
O STF, no HC 118/213 SP, não permitiu induto 
humanitário para tráfico de drogas. 
JURISPRUDÊNCIA 
Trata-se de recurso extraordinário interposto 
contra acórdão proferido pelo Tribunal 
Regional da 4ª Região, que possui a seguinte 
“PENAL E PROCESSUAL PENAL. AGRAVO 
DE EXECUÇÃO. DECRETO 7.648/2011. 
INDULTO. CONDENADO POR CRIME DE 
TRÁFICO INTERNACIONAL DE DROGAS. 
ARTIGO 5º, INCISO XLIII, DA 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. ABRANGÊNCIA 
DO TERMO 'GRAÇA'. ARTIGOS 2º, INCISO I, 
DA LEI 8.072/90, E 44 DA LEI 11.343/2006. 
VEDAÇÃO LEGAL. INAPLICABILIDADE 
DAQUELE DIPLOMA DE MENOR 
HIERARQUIA. AGRAVO PROVIDO. 1. A 
concessão de indulto natalino insere-se no 
poder discricionário do Presidente da 
República, encontrando-se balizada pela dicção 
do artigo 5º , inciso XLIII, da Constituição 
Federal, o qual, ao estabelecer que poderão ser 
considerados insuscetíveisde graça, nos termos 
da lei, os crimes de tráfico ilícito de 
entorpecentes, dentre outros, abrange tanto a 
graça em sentido estrito como o indulto. 
Precedente do Plenário do Supremo Tribunal 
Federal. 2. Vedação que, ademais, foi acolhida 
de forma expressa tanto pelo artigo 2º , inciso I, 
da Lei 8.070/90, quanto pelo artigo 44 da Lei 
11.343/2006, com assento na Constituição 
Federal, em face de pronunciamento anterior 
de seu intérprete mais autorizado, resolvendo-
se o conflito pela não aplicabilidade do diploma 
de menor hierarquia. 3. Agravo provido” (pág. 
1 do documento eletrônico 59). No RE, fundado 
no art. 102, III, a , da Constituição, alegou-se 
violação aos arts. 5º, LXIII e 84, XII, da Carta 
Magna. A pretensão recursal merece acolhida. 
A decisão recorrida está em dissonância com o 
entendimento desta Suprema Corte. Com 
efeito, a Segunda Turma desta Corte, reiterou 
a jurisprudência no sentido de não ser 
possível o deferimento de indulto a réu 
condenado por tráfico de drogas. A corroborar 
essa assertiva, transcrevo a ementa do HC 
118.213/SP, relator Ministro Gilmar Mendes: 
“Habeas corpus. 2. Tráfico e associação para o 
tráfico ilícito de entorpecentes (arts. 33 e 35 da 
Lei 11.343/2006). Condenação. Execução penal. 
3. Sentenciada com deficiência visual. Pedido 
de concessão de indulto humanitário, com 
fundamento no art. 1º, inciso VII, alínea a, do 
Decreto Presidencial n. 6.706/2008. 4. O 
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL JÁ 
DECLAROU A INCONSTITUCIONALIDADE 
DA CONCESSÃO DE INDULTO A 
CONDENADO POR TRÁFICO DE DROGAS, 
INDEPENDENTEMENTE DA QUANTIDADE 
DA PENA IMPOSTA [ADI n. 2.795 (MC), Rel. 
Min. Maurício Corrêa, Pleno, DJ 20.6.2003]. 5. 
Vedação constitucional (art. 5º, inciso XLIII, da 
CF) e legal (art. 8º, inciso I, do Decreto n. 
6.706/2008)à concessão do benefício. 6. 
Ausência de constrangimento ilegal. Ordem 
denegada”. Isso posto, nego seguimento ao 
recurso (CPC, art. 557, caput). Publique-se. 
Brasília, 20 de junho de 2014.Ministro 
RICARDO LEWANDOWSKI- Relator - (STF - 
ARE: 815408 RS , Relator: Min. RICARDO 
LEWANDOWSKI, Data de Julgamento: 
20/06/2014, Data de Publicação: DJe-125 
DIVULG 27/06/2014 PUBLIC 01/07/2014). 
4.2 Insuscetível de Fiança 
Art. 2º. Os crimes hediondos, a prática da 
tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e 
 
 
 
 
 
9 
 
drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de: 
II - fiança. O referido inciso foi alterado pela Lei 
nº 11.464/2007, antes o mesmo inciso vedava 
fiança, bem como, a liberdade provisória, 
atualmente, veda tão somente a fiança. 
Lei nº 11.464/2007 
Antes Depois 
Vedava: fiança + 
liberdade provisória. 
Veda apenas a fiança 
Súmula 697, STF. A 
proibição de 
liberdade provisória 
nos processos por 
crimes hediondos 
não veda o 
relaxamento da 
prisão processual por 
excesso de prazo. 
E a liberdade 
provisória, agora é 
cabível? 
1ª C: A liberdade 
provisória está proibida 
(implicitamente na 
vedação da fiança); 
2ª C (Prevalece): A 
fiança e a liberdade 
provisória não se 
confundem. Não se 
proibindo a liberdade 
provisória (não existe 
proibição implícita) 
entende-se cabível. 
 
Antes do advento da Lei nº 11.464/07 não 
entendia que a vedação da liberdade provisória 
era inconstitucional. Após a alteração, dois 
entendimentos se firmaram quanto à liberdade 
provisória. 
 
Lei nº 8.072/90 Lei nº 
11.464/07 
 HC 
104.339 
O art. 2º, II: 
proibia a fiança 
e a liberdade 
provisória. 
STF não 
entendia ser 
inconstitucional 
a vedação. 
 
*Súmula 697, 
STF. 
O art. 2º, II: 
proíbe 
somente 
fiança. 
 
Obs.: a 
vedação da 
liberdade 
provisória 
passou a ser 
objeto de 
discussão. 
Declarou 
inconstitucional 
qualquer 
vedação a 
concessão de 
liberdade 
provisória, com 
base 
exclusivamente 
na gravidade 
em abstrato do 
crime. 
 
JURISPRUDÊNCIA 
Ementa: CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL 
PENAL. TRÁFICO DE ENTORPECENTES. LEI 
11.343/06, ART. 44, CAPUT. VEDAÇÃO À 
LIBERDADE PROVISÓRIA. 
INCONSTITUCIONALIDADE (HC 104.339/SP, 
PLENÁRIO, MIN. GILMAR MENDES, DJE DE 
06.12.2012). PRISÃO PREVENTIVA. 
GRAVIDADE ABSTRATA DO DELITO. 
FUNDAMENTO INSUBSISTENTE. 
PRECEDENTES. 1. O Plenário do Supremo 
Tribunal Federal, no HC 104.339/SP (Min. Gilmar 
Mendes, DJe de 06.12.2012), em evolução 
jurisprudencial, declarou a inconstitucionalidade da 
vedação à liberdade provisória prevista no art. 44, 
caput, da Lei 11.343/06. Entendeu-se que (a) a 
mera inafiançabilidade do delito (CF, art. 5º, 
XLIII) não impede a concessão da liberdade 
provisória; (b) sua vedação apriorística é 
incompatível com os princípios constitucionais da 
presunção de inocência e do devido processo legal, 
bem assim com o mandamento constitucional que 
exige a fundamentação para todo e qualquer tipo de 
prisão. 2. Ademais, a gravidade abstrata do delito de 
tráfico de entorpecentes não constitui 
fundamentação idônea para a decretação da custódia 
cautelar. Precedentes. 3. Ordem concedida. (STF - 
HC: 110359 RJ , Relator: Min. TEORI ZAVASCKI, 
Data de Julgamento: 19/03/2013, Segunda Turma, 
Data de Publicação: DJe-061 DIVULG 03-04-2013 
PUBLIC 04-04-2013) 
 
5. Regime Inicialmente Fechado 
§ 1o A pena por crime previsto neste artigo 
será cumprida inicialmente em regime 
fechado. 
Antes do advento da Lei nº 11.464/2007, a Lei 
de Crimes Hediondos previa o cumprimento 
da pena em regime integralmente fechado, ou 
seja, não admitia a progressão do regime de 
cumprimento de pena. Referido dispositivo 
fora posteriormente declarado inconstitucional. 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
O STF declarou inconstitucional o regime 
inicial fechado obrigatório, por violar o 
princípio da individualização da pena, 
devendo analisar o caso concreto e 
fundamentar sua decisão. 
Na fixação do regime inicial, o juiz deve 
observar as Súmulas 718 e 719 do STF. 
Súmula 718 STF: “A opinião do julgador sobre 
a gravidade em abstrato do crime não constitui 
motivação idônea para a imposição de regime 
mais severo do que o permitido segundo a 
pena aplicada.” Não pode fixar regime c/ base 
a gravidade em abstrato apenas. 
Súmula 719 STF: “A imposição do regime de 
cumprimento mais severo do que a pena 
aplicada permitir exige motivação idônea”. 
Cuidado! Regime inicial fechado para o crime 
de tortura, possibilidade. (Julgado de 2015)! 
No HC 123316/SE, de 9.6.2015, o Min. Marco 
Aurélio (relator) denegou a ordem. Considerou 
que, no caso, a dosimetria e o regime inicial de 
cumprimento das penas fixadas atenderiam aos 
ditames legais. Asseverou não caber articular 
com a Lei de Crimes Hediondos, pois a 
regência específica (Lei 9.455/1997) prevê 
expressamente que o condenado por crime de 
tortura iniciará o cumprimento da pena em 
regime fechado, o que não se confundiria com 
a imposição de regime de cumprimento da 
pena integralmente fechado. Assinalou que o 
legislador ordinário, em consonância com a 
CF/1988, teria feito uma opção válida, ao 
prever que, considerada a gravidade do crime 
de tortura, a execução da pena, ainda que 
fixada no mínimo legal, deveria ser cumprida 
inicialmente em regime fechado, sem prejuízo 
de posterior progressão. 
 
Isso significa que a declaração e Obs.1: 
entendimento de inconstitucionalidade da 
obrigatoriedade de inicio de cumprimento de pena 
em regime fechado fora alterado? 
JURISPRUDÊNCIA 
AgRg no AREsp 272656 / RO, Min. Ericson 
Maranho, 6ª T., j. 18/08/2015 . II - A 
obrigatoriedade do regime inicial fechado 
prevista na Lei do Crime de Tortura foi 
superada pela Suprema Corte, de modo que a 
mera natureza do crime não configura 
fundamentação idônea a justificar a fixação do 
regime mais gravoso para os condenados pela 
prática de crimes hediondos e equiparados, 
haja vista que, para estabelecer o regime 
prisional, deve o magistrado avaliar o caso 
concreto de acordo com os parâmetros 
estabelecidos pelo artigo 33 e parágrafos do 
Código Penal. 
 
6. Progressão de Regime de Pena 
§ 2º A progressão de regime, no casodos 
condenados aos crimes previstos neste artigo, 
dar-se-á após o cumprimento de 2/5 (dois 
quintos) da pena, se o apenado for primário, e 
de 3/5 (três quintos), se reincidente. 
JURISPRUDÊNCIA 
HC 310649 / RS, Min. Sebastião Reis Junior, 6ª 
T., j. 12/02/2015 . 2. O Superior Tribunal de 
Justiça não faz distinção entre a primeira e a 
segunda progressão para fins de aplicação do 
art. 2º, § 2º, da Lei n. 8.072/1990, o qual 
estabelece as frações de 2/5 e de 3/5 para a 
 
 
 
 
 
11 
 
obtenção do benefício, conforme o apenado seja 
primário ou reincidente. 3. Sendo a hipótese de 
condenação por crime hediondo e estando 
caracterizada a reincidência da paciente, aplica-
se a fração de 3/5 para a aferição do requisito 
objetivo, independentemente de se tratar de 
segunda progressão. 4. Habeas corpus não 
conhecido. 
 
Nos termos do art. 2º, §2º, Lei nº 8.072/90, “a 
progressão de regime, no caso dos condenados aos 
crimes previstos neste artigo, dar-se-á após o 
cumprimento de 2/5 da pena, se o apenado for 
primário, e de 3/5, se reincidente”. Incluído pela 
Lei 11.464 (antes não se permitia progressão). 
Logo: 
 
 
 
 
Progressão 
2/5 para apenado 
primário 
3/5 para apenado 
reincidente 
 
 
Contemplamos assim que a Lei de Crimes 
Hediondos prevê um lapso temporal distinto 
ao previsto na Lei de Execução Penal, para a 
progressão de regime. 
 
Lei nº 
8.072/90 
HC 82.959.7 Lei nº 
11.464/2007 
Previa o 
regime 
integral 
fechado. 
STF declarou 
inconstitucional 
o regime integral 
fechado, 
passando a 
admitir a 
progressão, 
observando o 1/6 
da Pena, 
conforme 
LEP. 
Regime inicial 
fechado e 
permitiu 
progressão, 
2/5 ou 3/5. 
Os patamares 
foram trazidos 
com o advento 
da Lei 11.464 
de 2007, 
fazendo 
distinção para 
os primários e 
reincidentes. 
 
A Lei nº 11.464/07 retroage para alcançar Obs.1: 
fatos pretéritos? Não, pois deve respeitar o princípio 
da anterioridade, evitando-se retroatividade 
maléfica. 
Súmula vinculante 26: Para efeito de 
progressão de regime no cumprimento de pena 
por crime hediondo, ou equiparado, o juízo da 
execução observará a inconstitucionalidade do 
art. 2º da Lei n. 8.072, de 25 de julho de 1990, 
sem prejuízo de avaliar se o condenado 
preenche, ou não, os requisitos objetivos e 
subjetivos do benefício, podendo determinar, 
para tal fim, de modo fundamentado, a 
realização de exame criminológico. 
Súmula 471 STJ: Os condenados por crimes 
hediondos ou assemelhados cometidos antes da 
vigência da Lei n. 11.464/2007 sujeitam-se ao 
disposto no art. 112 da Lei n. 7.210/1984 (Lei de 
Execução Penal) para a progressão de regime 
prisional. (Leia-se, cumprimento de 1/6 da 
pena). 
7. Direito de recorrer em liberdade 
§3º Em caso de sentença condenatória, o juiz 
decidirá fundamentadamente se o réu poderá 
apelar em liberdade. 
Interpretação conforme a CF: Réu processado 
preso, recorre preso, salvo se desaparecerem os 
fundamentos que determinaram a decretação 
da prisão preventiva. Por outro lado, réu 
processado solto, via de regra, recorre solto, 
salvo se presentes os fundamentos da prisão 
preventiva, eis a interpretação conforme a 
Constituição. 
 
 
 
 
 
12 
 
Ante o exposto, contemplamos que está vedado 
a imposição da condição de recolhimento ao 
cárcere para recorrer, devendo a sua decretação 
quando necessária ser fundamentada, em 
observância ao art.93,IX, da CF. 
8. Prisão Temporária e Crimes Hediondos 
A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei 
nº 7.960, de 21 de dezembro de 1989, nos 
crimes previstos neste artigo (hediondos + 
TTT), terá o prazo de 30 (trinta) dias, 
prorrogável por igual período em caso de 
extrema e comprovada necessidade. 
(Prisão temporária  
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7
960.htm). 
Lei nº 7.960/89 Problema 
Art. 1º.III. a) até o). 
Prisão temporária: 5d 
+ 5 d. 
Prisão temporária 
hediondo/equiparad
o: 30d + 30 dia. 
 
O que acontece com os crimes que foram Obs.1: 
inseridos no rol de crimes hediondos (Lei 8.072/90), 
mas não fora englobado na lei de prisão 
temporária? (Por exemplo, tortura, terrorismo, 
falsificação de remédios). Esses crimes não 
admitiria prisão temporária com prazo mais 
elástico, 30 dias? 
A Lei nº 8.072/90, não apenas alterou o prazo 
de prisão temporária para crimes hediondos ou 
equiparados a hediondos, mas também alargou 
o rol dos crimes que admitem essa espécie de 
prisão cautelar, abrangendo crimes hediondos e 
equiparados não previstos na Lei nº 7.960/89, 
mas no art. 2º, da Lei nº8.072/90. 
O entendimento é de que é cabível, pois a lei de 
crimes hediondos não só alterou o lapso 
temporal, mas modificou também o rol dos 
crimes. 
9. Estabelecimentos de Segurança Máxima 
Art. 3º. A União manterá estabelecimentos 
penais, de segurança máxima, destinados ao 
cumprimento de penas impostas a 
condenados de alta periculosidade, cuja 
permanência em presídios estaduais ponha 
em risco a ordem ou incolumidade pública. 
 
A competência para fiscalização da execução é 
da Justiça Federal, estabelecimento federal é 
fiscalizado por Juiz Federal, e estadual, 
respectivamente pelo Juiz Estadual. 
10. Livramento Condicional 
Art. 5º, Lei nº 8072/90 - Ao art. 83 do Código 
Penal é acrescido o seguinte inciso: 
Art. 83. V - cumprido mais de dois terços da 
pena, nos casos de condenação por crime 
hediondo, prática da tortura, tráfico ilícito de 
 
 
 
 
 
13 
 
entorpecentes e drogas afins, e terrorismo, se o 
apenado não for reincidente específico em 
crimes dessa natureza. 
Alterou o art. 83 CP. 
LIVRAMENTO CONDICIONAL: trata-se de 
liberdade antecipada; medida alternativa à 
prisão; modificação da execução penal; 
mediante condições. 
REQUISITO TEMPORAL 
Primário + 
Bons 
Antecedentes 
Reincidente Crime 
hediondo ou 
equiparado 
Cumprimento 
de + de 1/3 
da pena. 
Cumprimento 
de + de ½ da 
pena. 
Cumprimento 
de + de 2/3 
da Pena 
(desde que 
não seja 
reincidente 
especifico). 
 
O reincidente específico não tem direito Obs.: 
ao livramento condicional, por ocasião do 
cometimento de crime hediondo. 
O que é reincidente específico? 
1ª Corrente  é o reincidente em crimes 
previstos no mesmo tipo penal, por exemplo, 
art. 213, CP e pratica novamente o art. 213, CP. 
2ª Corrente  é reincidente específico o agente 
condenado por crimes que protegem o mesmo 
bem jurídico, não precisa está no mesmo tipo 
penal, por exemplo, condenado por latrocínio e 
depois em extorsão mediante sequestro, não 
fazendo jus ao livramento. 
3ª Corrente é o reincidente em crimes 
hediondos ou equiparados, não importando se 
no mesmo tipo ou protegendo o mesmo bem 
jurídico. Prevalece a 3ª corrente! 
11. Associação Criminosa 
Art. 8º. Será de três a seis anos de reclusão a 
pena prevista no art. 288 do Código Penal 
(Associação Criminosa), quando se tratar de 
crimes hediondos, prática da tortura, tráfico 
ilícito de entorpecentes e drogas afins ou 
terrorismo. 
Parágrafo único. O participante e o associado 
que denunciar à autoridade o bando ou 
quadrilha, possibilitando seu 
desmantelamento, terá a pena reduzida de um 
a dois terços. 
Art. 288 do CP - Associarem-se 3 (três) ou mais 
pessoas, para o fim específico de cometer 
crimes: Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) 
anos. 
Parágrafo único. A pena aumenta-se até a 
metade se a associação é armada ou se houver a 
participação de criança ou adolescente. 
Art. 288, CP Art. 8º, Lei nº 8.072/90 
 
Associação para o fim 
de cometer crimes 
“comuns”. 
Pena de 1-3 anos. 
 
Associação para o fim 
de praticar crimes 
hediondos ou 
equiparados. 
Pena 3-6 anos. 
 
Não se aplica o art. 288 do CP, e nem o Obs.1: 
art. 8º, Lei 8.072, quando se tratar se associação 
para o tráfico de drogas, pois existe norma 
especial, a saber, o art.35 da Lei nº 11.343/2006 
(princípio da especialidade). 
 
 
 
 
 
14 
 
A associaçãocriminosa (art. 288, CP) Obs.2: 
mesmo quando visar a prática de crimes 
hediondos, não é crime hediondo, sequer 
equiparado. Trata-se de uma qualificadora do 
crime! 
Delação Premiada - o participante e o Obs.3: 
associado que denunciar à autoridade o bando 
ou quadrilha, possibilitando seu 
desmantelamento, terá a pena reduzida de um 
a dois terços. 
QUESTIONAMENTOS DA AULA 
1 - CABE RESTRITIVA DE DIREITOS e 
“SURSIS” PARA CRIMES HEDIONDOS OU 
EQUIPARADOS? 
1º C Não cabe, pois são benefícios 
incompatíveis com a gravidade dos crimes 
hediondos ou equiparados. 
2º C  (STF) Cabe, pois a vedação de benefícios 
penais e processuais deve ser expressa, sendo 
Não bastasse a que a Lei nº 8.072 não a proíbe. 
proibição com base a gravidade em abstrato, é 
inconstitucional, devendo o juiz analisar o caso 
concreto. 
CUIDADO! 
Não obstante a possibilidade de concessão do 
sursis aos crimes hediondos, é bom ressaltar 
que, especificamente em relação ao tráfico de 
drogas, ante a vedação constante do art. 44 da 
Lei n. 11.343/06, os Tribunais ainda vêm 
considerando ser legítima a proibição da 
concessão da suspensão condicional da pena 
aos crimes dos arts. 33, caput e §1º, e 34 a 37 da 
referida Lei. 
O STF, no HC 101.919, também decidiu "O 
óbice, previsto no artigo 44 da Lei nº 11.343/06, 
à suspensão condicional da pena imposta ante 
tráfico de drogas mostra-se afinado com a Lei 
nº 8.072/90 e com o disposto no inciso XLIII do 
artigo 5º da Constituição Federal”. 
2- É POSSÍVEL REMIÇÃO PARA CRIMES 
Trabalho HEDIONDOS OU EQUIPARADOS? 
carcerário ou estudo para remir a pena. A Lei nº 
8.072/90 não proíbe sequer implicitamente. 
Logo, é possível. A remição é possível pelo 
trabalho, pelo estudo, e admitindo ainda pela 
leitura (no sistema penitenciário federal). 
3- É POSSÍVEL TRABALHO EXTERNO PARA 
CRIMES HEDIONDOS OU EQUIPARADOS? 
Mais uma vez, ante a ausência de vedação 
expressa, não se pode proibir, devendo-se 
evitar porém a fuga, impondo medidas para 
esse fim. 
4- É POSSÍVEL PRISÃO DOMICILIAR (art. 117 
LEP) PARA CRIMES HEDIONDOS OU 
Os Tribunais superiores tem EQUIPARADOS? 
admitido! 
 
 
 
 
 
 
Sugestão de Leitura Complementar! 
http://www.dizerodireito.com.br/2015/07/co
mentarios-sobre-lei-131422015-que.html 
 
 
 
 
 
 
1 
 
CARREIRAS JURÍDICAS CERS 
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL 
MÓDULO ÚNICO 
– MANUAL CASEIRO – 
@dpeemconstrução 
 
Lei de Execução Penal - LEP 
Lei nº 7.210/84 
 
Lei de Execução Penal – Parte I 
Profº Rogério Sanches 
 
 
1. Lei de Execução Penal: Finalidades 
O art. 1º da Lei de Execução Penal proclama as 
finalidades da mesma, nos termos seguintes: 
Art. 1º. A execução penal tem por objetivo (a) 
efetivar as disposições de sentença ou decisão 
criminal e (b) proporcionar condições para 
harmônica integração social do condenado e do 
internado. 
a) propiciar meios para que a sentença seja 
integralmente cumprida 
Obs.1: a Lei de Execução Penal deve propiciar 
meios para concretizar RETRIBUIÇÃO e 
PREVENÇÃO ESPECIAL, finalidades da pena na 
sentença. 
Ao aplicar a pena, o juiz deverá levar em 
consideração a necessidade de retribuição ao mal 
causado, e a prevenção especial (negatitva): evitar 
reincidência. 
Obs.2: Sentença empregada no art. 1º, abrange a 
sentença condenatória assim como absolutória. 
Sentença 
Condenatória Absolutória (imprópria) 
 Absolve, mas impõe 
medida de segurança. 
 
A Lei de Execução penal aplica-se também ao 
internado. 
Obs.3: A Lei de Execução Penal não serve para 
executar transação penal. 
*Transação penal: medida despenalizadora prevista ao teor do 
art. 76, da Lei dos Juizados Especiais (Manuais Caseiros 02 e 
03): Trata-se de acordo entre o titular da ação penal e o agente. 
 
A transação penal impede o devido processo legal, 
logo, não tem como se executar o que não fora 
objeto de processo. Conforme visto em aula, em 
caso de descumprimento do acordo pactuado 
(transação penal) caberá ao Ministério Público 
oferecer a denúncia, formando assim o devido 
processo legal, na busca pela condenação. 
Súmula Vinculante 35: A homologação da transação 
penal prevista no artigo 76 da Lei 9.099/1995 não 
faz coisa julgada material e, descumpridas suas 
cláusulas, retoma-se a situação anterior, 
possibilitando-se ao Ministério Público a 
continuidade da persecução penal mediante 
oferecimento de denúncia ou requisição de inquérito 
policial. 
b) reintegração do sentenciado ao convívio social 
Trata-se da ressocialização (prevenção especial 
positiva). 
A ressocialização deve ser espontânea. 
Ex.: Caso Suzane von Richthofen, inobstante a 
referida tenha preenchido os requisitos para a 
progressão de regime, optou em permanecer no 
regime mais rigoroso, confirmando assim a natureza 
espontânea da ressocialização. 
2. Princípios da Lei de Execução Penal 
Os princípios a serem observados na fase de 
execução da penal encontram-se previstos na 
Constituição e na própria Lei de Execução Penal. 
 
 
 
 
 
2 
 
2.1 Princípio da Legalidade na Execução Penal 
Cuidado! A lei consagra em seu teor dispositivo 
próprio sobre a legalidade implicitamente, vejamos: 
 Art. 3º. Ao condenado e ao internado serão 
assegurados todos os direitos não atingidos pela 
sentença ou pela lei. 
2.2 Princípio da igualdade/isonomia 
Art. 3º. Parágrafo único: Não haverá qualquer 
distinção racial, social, religiosa ou politica. 
Através do referido dispositivo, está se proibindo 
tratamento diferenciado em decorrência de raça, 
condição social, religiosa ou política. Mas é 
possível distinção de natureza etária e sexual. É 
possível distinção ainda, considerando a gravidade 
do crime e periculosidade do agente. 
Por exemplo, ao maior de 70 anos será possibilitado 
o direito de cumprir pena em seu domicílio (art. 117, 
I, LEP). Outro exemplo, que podemos citar é a 
colocação das mulheres em estabelecimento 
distintos dos homens. Por fim, em 2015 a Lei de 
Execução Penal foi alterada pela Lei nº 13.167, de 
2015, a qual passou a prever ao teor do art. 84 
critérios para separação dos preços conforme sua 
periculosidade. 
Atenção! Trata-se de inovação legislativa do ano 
2015 (fazer leitura atenciosa do dispositivo legal). 
2.3 Princípio da Individualização da Execução 
Penal 
Art. 5º. Os condenados serão classificados, segundo 
os seus antecedentes e personalidade, para orientar a 
individualização da execução penal. 
#Quem realiza a classificação? 
Art. 6º. A classificação será feita por Comissão 
Técnica de Classificação que elaborará o programa 
individualizador da pena privativa de liberdade 
adequada ao condenado ou preso provisório. 
Art. 7º A Comissão Técnica de Classificação, 
existente em cada estabelecimento, será presidida 
pelo diretor e composta, no mínimo, por 2 (dois) 
chefes de serviço, 1 (um) psiquiatra, 1 (um) 
psicólogo e 1 (um) assistente social, quando se tratar 
de condenado à pena privativa de liberdade. 
Composição 
Diretor (presidência) 
2 chefes de serviço 
1 psiquiatra 
1 psicólogo 
1 assistente social 
 
Parágrafo único. Nos demais casos a Comissão 
atuará junto ao Juízo da Execução e será integrada 
por fiscais do serviço social. 
“Todo estabelecimento possuirá uma Comissão 
Técnica de Classificação, incumbida de elaborar o 
programa de individualizado adequado ao 
condenado. A composição dessa Comissão depende 
do tipo de pena a ser executada”. 
Comissão Técnica de Classificação 
Pena privativa de 
liberdade. 
Pena restritivas de 
direitos/medida de 
segurança. 
Composição: 
2 Chefes de Serviço 
1 Psiquiatra 
1 Psicólogo 
1 Assistente Social 
Composição: 
Atuará junto ao Juízo da 
Execução e será 
composta por FISCAIS 
DO SERVIÇO SOCIAL 
 
Atenção! Quando a pena aplicada for diversa da 
pena privativa de liberdade, compete aos FISCAIS 
DO SERVIÇO SOCIAL (composição). 
Exame de classificação # Exame criminológico. 
Não se deve confundir os referidosexames, vejamos 
suas principais distinções. 
 
 
 
 
 
3 
 
Exame de 
Classificação 
Exame criminológico 
Realizado quando o 
agente INGRESSA NO 
SISTEMA. 
Realizado DURANTE a 
execução penal. 
 
Amplo e genérico Específico. 
Orienta o MODO DE 
CUMPRIMENTO da 
pena, norte de 
realização. 
Busca construir 
prognóstico de 
periculosidade, partindo 
do binômio delito-
delinquente. 
Envolve aspectos 
relacionados com a 
personalidade do 
condenado, seus 
antecedentes, sua vida 
familiar e social, sua 
capacidade laborativa. 
Envolve a parte 
psicológica e 
psiquiátrica, atestando a 
maturidade e disciplina 
do reeducando, sua 
capacidade de suportar 
frustrações. 
- é um prognostico 
sociológico. 
 
Diante do exposto, podemos verificar que há 
distinção entre referidos exames quanto ao momento 
de sua realização, quanto a finalidade de sua 
realização, e por fim, quantos aos seus aspectos de 
personalidade. 
Atenção: Art. 9º da LEP (Incluído pela Lei nº 
12.654, de 2012). 
Art. 9o-A. Os condenados por crime praticado, 
dolosamente, com violência de natureza grave 
contra pessoa, ou por qualquer dos crimes previstos 
no art. 1o da Lei no 8.072, de 25 de julho de 1990, 
serão submetidos, obrigatoriamente, à identificação 
do perfil genético, mediante extração de DNA - 
ácido desoxirribonucleico, por técnica adequada e 
indolor. 
§ 1o A identificação do perfil genético será 
armazenada em banco de dados sigiloso, conforme 
regulamento a ser expedido pelo Poder 
Executivo. 
§ 2o A autoridade policial, federal ou estadual, 
poderá requerer ao juiz competente, no caso de 
inquérito instaurado, o acesso ao banco de dados de 
identificação de perfil genético. 
 
Com o advento da Lei 12.654/2012 os condenados 
por crime praticado, DOLOSAMENTE, com 
VIOLÊNCIA de natureza grave contra a pessoa, 
ou por qualquer dos crimes etiquetados como 
hediondos ou equiparados, a identificação do perfil 
genético é obrigatória, mediante extração de DNA, 
devendo seguir técnica adequada e indolor. 
ATENÇÃO:A Lei nº 13.167/15 alterou o art. 84 da 
LEP para estabelecer critérios objetivos e subjetivos 
aptos a orientar a separação dos presos (provisórios 
e definitivos), considerando, essencialmente, a sua 
primariedade ou reincidência e gravidade dos crimes 
pelos quais são acusados ou cumprem pena, 
vejamos: 
Art. 84 §3o Os presos condenados ficarão separados 
de acordo com os seguintes critérios: 
I - condenados pela prática de crimes hediondos ou 
equiparados; 
II - reincidentes condenados pela prática de crimes 
cometidos com violência ou grave ameaça à 
pessoa; 
III - primários condenados pela prática de crimes 
cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa; 
IV - demais condenados pela prática de outros 
crimes ou contravenções em situação diversa das 
previstas nos incisos I, II e III. 
Três estabelecimentos distintos para os referidos. 
Separação dos Presos, conforme sua condição 
Condenado por crime hediondo/equiparados 
Reincidente condenado por crime c/ violência ou 
grave ameaça. 
Primário condenado por crime c/ violência ou 
grave ameaça. 
2.4 Princípio da Jurisdicionalidade 
Os incidentes na execução penal serão decididos 
pelo Poder Judiciário. 
 
 
 
 
 
4 
 
Arts. 2º e 194, da LEP. 
Art. 2º A jurisdição penal dos Juízes ou Tribunais da 
Justiça ordinária, em todo o Território Nacional, será 
exercida, no processo de execução, na conformidade 
desta Lei e do Código de Processo Penal. 
Art. 194. O procedimento correspondente às 
situações previstas nesta Lei será judicial, 
desenvolvendo-se perante o Juízo da execução. 
ATENÇÃO: A lei reserva a autoridade 
administrativa a decisão sobre pontos secundários da 
execução da pena, tais como: visitas, horário de 
banho sol, permissão de saída, cela do preso, etc. 
Na hipótese de eventuais abusos praticados pela 
autoridade administrativa, será possibilitado ao 
condenado peticionar perante o juiz, relatando os 
referidos abusos. 
2.5 Princípio do devido processo Legal 
 O processo de execução deve observar ampla 
defesa, contraditório, publicidade, etc. 
2.6 Princípio da humanidade/humanização das 
penas 
Respeito à dignidade da pessoa humana. 
2.7 Princípio reeducativo/ da ressocialização 
Busca-se, durante a execução penal, a 
ressocialização do preso. 
Quais os instrumentos de ressocialização? 
 a progressão de regime; 
 livramento condicional; 
 saída temporária; 
 trabalho do preso; (art. 126, LEP) 
 estudo realizado pelo preso; (art. 126,LEP) 
 art. 11, da LEP: referido diploma assegura 
assistência. 
Art. 11. A assistência será: I - material; II - à saúde; 
III -jurídica; IV - educacional; V - social; VI - 
religiosa. 
 
Assistência social 
Art. 22. A assistência social tem por finalidade 
amparar o preso e internado e prepará-lo para o 
retorno à liberdade. 
Nessa esteira, para assegurar a referida assistência, o 
art. 6º da Resolução 113 do CNJ anuncia que o juízo 
da execução deverá, dentre as ações voltadas a 
ressocialização do condenado e do internado, e para 
que tenha acesso aos serviços sociais disponíveis, 
diligenciar para que sejam expedidos seus 
documentos pessoais, em especial, o CPF. 
O CPF apresenta-se em documento importante, 
necessário para o usufruto da assistência social 
prevista ao teor do art. 22, LEP. 
Art. 23. Incumbe ao serviço de assistência social: 
I - conhecer os resultados dos diagnósticos ou 
exames; 
II - relatar, por escrito, ao Diretor do 
estabelecimento, os problemas e as dificuldades 
enfrentadas pelo assistido; 
III - acompanhar o resultado das permissões de 
saídas e das saídas temporárias; 
IV - promover, no estabelecimento, pelos meios 
disponíveis, a recreação; 
V - promover a orientação do assistido, na fase final 
do cumprimento da pena, e do liberando, de modo a 
facilitar o seu retorno à liberdade; 
VI - providenciar a obtenção de documentos, dos 
benefícios da Previdência Social e do seguro por 
acidente no trabalho; 
 
 
 
 
 
5 
 
VII - orientar e amparar, quando necessário, a 
família do preso, do internado e da vítima. 
ATENÇÃO: À pessoa travesti, mulher ou homem 
transexual em privação de liberdade, serão 
garantidos a manutenção do seu tratamento 
hormonal e o acompanhamento de saúde específico 
(art. 7º parágrafo único, da Resolução Conjunta nº 1 
“que define novas regras para acolhimento da 
comunidade LGBT em unidades prisionais” do 
Conselho Nacional de Combate à Discriminação). 
Ensino 
Atualmente, não se garante apenas o ensino 
fundamental, garante-se também o ensino médio. 
Art. 18. O ensino de 1º grau será obrigatório, 
integrando-se no sistema escolar da Unidade 
Federativa. 
(Incluído pela Lei nº 13.163, de 2015) 
Art. 18-A. O ensino médio, regular ou supletivo, 
com formação geral ou educação profissional de 
nível médio, será implantado nos presídios, em 
obediência ao preceito constitucional de sua 
universalização. 
§ 1o O ensino ministrado aos presos e presas 
integrar-se-á ao sistema estadual e municipal de 
ensino e será mantido, administrativa e 
financeiramente, com o apoio da União, não só com 
os recursos destinados à educação, mas pelo sistema 
estadual de justiça ou administração penitenciária. 
§ 2o Os sistemas de ensino oferecerão aos presos e 
às presas cursos supletivos de educação de jovens e 
adultos. 
§ 3o A União, os Estados, os Municípios e o Distrito 
Federal incluirão em seus programas de educação à 
distância e de utilização de novas tecnologias de 
ensino, o atendimento aos presos e às presas. 
3. Partes na Execução Penal 
Exequente: Não obstante a possibilidade de um 
particular, nos casos expressos em lei, perseguir a 
pena como titular da ação penal, sua EXECUÇÃO 
É MONOPÓLIO DO ESTADO. 
Nesse sentido, disciplina o art. 105, LEP. 
Art. 105. Transitando em julgado a sentença que 
aplicar pena privativa de liberdade, se o réu estiver 
ou vier a serpreso, o Juiz ordenará a expedição de 
guia de recolhimento para a execução. 
O Estado figurando como exequente (mesmo no 
caso de ação penal privada, a transferência é só da 
titularidade da ação, a execução é monopólio do 
Estado. 
Executado: condenado preso ou individuo sujeito a 
medida de segurança. 
Atenção: aplica-se a LEP, no que couber, ao preso 
provisório (art. 2º, parágrafo único, LEP – Esta lei 
aplicar-se-á igualmente ao preso provisório ...). 
A T E N Ç Ã O 
 
#Cabe “execução penal provisória” ao preso 
condenado, que aguarda julgamento de recursos? 
R: Sim. 
Atenção: tem doutrina criticando a expressão 
execução provisória, preferindo antecipação de 
benefícios de execução. 
Fundamentos 
a) Art. 2º, parágrafo único da LEP; 
Art. 2º Parágrafo único. Esta Lei aplicar-se-á 
igualmente ao preso provisório e ao condenado pela 
Justiça Eleitoral ou Militar, quando recolhido a 
estabelecimento sujeito à jurisdição ordinária. 
 
 
 
 
 
 
6 
 
b) Súmula 716, STF. 
Súmula 716. Admite-se a progressão de regime de 
cumprimento da pena ou aplicação imediata de 
regime menos severo nela determinada, antes do 
transito em julgado da sentença condenatória. 
c) Resolução 113, CNJ, Art. 8º. 
Art. 8º. Tratando-se de réu preso por sentença 
condenatória recorrível, será expedida guia de 
recolhimento provisória da pena privativa de 
liberdade, ainda que pendente de recurso sem efeito 
suspensivo, devendo, nesse caso, o juízo da 
execução definir o agendamento dos benefícios 
cabíveis. 
#Cabe “execução penal provisória” ao réu solto, que 
aguarda julgamento de recursos? 
Preso condenado que aguarda julgamento de 
recursos cabe execução penal provisória. 
Réu solto condenado que aguarda julgamento de 
recursos ??? 
Anteriormente era posição do STF, que o réu 
condenado que recorria em liberdade, não seria 
cabível a execução provisória da pena, todavia, 
referido entendimento restou superado. 
 
- ANTES - 
 
 
 
- NOVO ENTENDIMENTO- 
 
ESQUEMATIZANDO 
Posição ANTERIOR do 
STF: NÃO ADMITIA. 
HC 84078, Rel. Min. 
Eros Grau, Tribunal 
Pleno, julgado em 
05/02/2009. 
Posição ATUAL do 
STF: SIM 
STF. Plenário. HC 
126292/SP, Rel. Min. 
Teori Zavascki, julgado 
em 17/02/2016. 
 
Sugestão de Estudo Completar | Acesso: 
http://www.dizerodireito.com.br/2016/02/e-
possivel-execucao-provisoria-de.html 
 
Quadro Comparativo 
Preso + 
condenação 
definitiva 
Preso + 
condenação 
provisória 
Preso sem 
condenação 
Condenado 
provisório 
solto 
Aplica-se a 
LEP. 
 
 
 
Aplica-se a 
LEP. 
 
Aplica-se a 
LEP no que 
couber, por 
exemplo, 
direitos do 
preso. 
Não se aplica 
a LEP, salvo 
se condenado 
em grau de 
recurso na 2ª 
instância 
(aplica-se a 
LEP). 
 
Obs.1: IMPORTANTE: A Res. 113 CNJ, em seu 
art. 8º anuncia que deve ser expedida a guia de 
recolhimento para o preso condenado 
provisoriamente. 
Obs.2: Prevalece que compete ao Juiz da Execução 
do LOCAL DA PRISÃO a antecipação dos 
benefícios de execução penal. 
Obs.3: CUIDADO!!! Antes do julgamento do HC 
126.292, prevaleci não existir “execução provisória” 
 
 
 
 
 
7 
 
de sursis, de pena restritiva de direitos e multa. 
Agora, a tendência é permitir, desde que exista 
confirmação das penas em 2º grau. 
#Aplica-se a LEP para menor infrator? 
Pena Medida de 
Segurança 
Medida Sócio-
educativa 
Finalidades: 
a) prevenção 
especial; 
b) retribuição; 
c) 
ressocialização. 
Finalidade 
essencialmente 
preventiva. 
Finalidade: 
a) integração 
social do 
adolescente; 
b) garantia de 
seus direitos 
individuais e 
sociais. 
Aplica-se a 
LEP 
Aplica-se a 
LEP 
Não se aplica a 
LEP, mas o 
ECA e leis 
correlatas. 
 
4. Lei de Execução Penal e Competência 
A competência do juiz da execução penal se inicia 
com o trânsito em julgado da sentença condenatória 
(ou da absolutória imprópria). 
Cuidado: 
1) Já estudamos ser possível execução penal 
provisória (art.8º, Res. 113, CNJ); 
2) A competência da LEP não é ditada pelo local 
onde transitou em julgado o processo de 
conhecimento. 
Situações elucidativas 
Penas privativas de liberdade 
R.: a execução será executada no local da prisão. 
Penas restritivas de direito 
R.: a execução será processada no domicílio do 
sentenciado. 
Sursis e Livramento Condicional 
R.: a execução será processada no domicílio do 
sentenciado. 
Condenado com foro por prerrogativa de função 
R.: a execução, enquanto perdurar o foro será do 
Tribunal do processo e julgamento. 
Pena de multa 
R.: a competência para execução forçada, é da Vara 
da Fazenda Pública. 
#De quem é a competência para a execução de 
condenado da justiça federal cumprindo pena em 
estabelecimento estadual? A competência é da J. 
Estadual. 
Súmula 192 STJ: compete ao juízo das execuções 
penais do estado a execução das penas impostas a 
sentenciados pela justiça federal, militar ou eleitoral, 
quando recolhidos a estabelecimentos sujeitos a 
administração estadual. 
Obs.: Atualmente temos presídios federais. Logo, 
seguindo o mesmo espirito da súmula 192 do STJ, 
sentenciado pela J. Estadual mas recolhido em 
estabelecimento Federal, a competência para 
fiscalizar a execução é federal. 
ATENÇÃO! Não se confunde o início da 
competência do juiz da execução com o início da 
execução. 
Competência do Juiz 
da Execução 
 
 
Início da Execução 
Se inicia com o trânsito 
em julgado da 
condenação ou 
absolvição imprópria. 
 
 
Se inicia com a prisão 
seguida da expedição da 
guia de recolhimento 
(peça processual que 
formaliza o início da 
execução). 
 
5. Estatuto Jurídico do Preso 
A partir do art. 38 até o art. 43 da LEP, estão 
elencados direitos e deveres do preso. 
 
 
 
 
 
8 
 
5.1 Deveres do Preso 
Art. 38. Cumpre ao condenado, além das obrigações 
legais inerentes ao seu estado, submeter-se às 
normas de execução da pena. 
Art. 39. Constituem deveres do condenado: 
I - comportamento disciplinado e cumprimento fiel 
da sentença; 
II - obediência ao servidor e respeito a qualquer 
pessoa com quem deva relacionar-se; 
III - urbanidade e respeito no trato com os demais 
condenados; 
IV - conduta oposta aos movimentos individuais ou 
coletivos de fuga ou de subversão à ordem ou à 
disciplina; 
V - execução do trabalho, das tarefas e das ordens 
recebidas; 
VI - submissão à sanção disciplinar imposta; 
VII - indenização à vitima ou aos seus sucessores; 
VIII - indenização ao Estado, quando possível, das 
despesas realizadas com a sua manutenção, 
mediante desconto proporcional da remuneração do 
trabalho; 
IX - higiene pessoal e asseio da cela ou alojamento; 
X - conservação dos objetos de uso pessoal. 
Parágrafo único. Aplica-se ao preso provisório, no 
que couber, o disposto neste artigo. 
Obs.1: Existem outros deveres do preso além dos 
elencados nos arts. 38 e 39, no corpo da lei de 
execução penal. Exemplo: Art. 146, LEP. 
5.2 Direitos do Preso 
Art. 40 - Impõe-se a todas as autoridades o respeito 
à integridade física e moral dos condenados e dos 
presos provisórios. 
Art. 41 - Constituem direitos do preso: 
I - alimentação suficiente e vestuário; 
II - atribuição de trabalho e sua remuneração; 
III - Previdência Social; 
IV - constituição de pecúlio; 
V - proporcionalidade na distribuição do tempo para 
o trabalho, o descanso e a recreação; 
VI - exercício das atividades profissionais, 
intelectuais, artísticas e desportivas anteriores, desde 
que compatíveis com a execução da pena; 
VII - assistência material, à saúde, jurídica, 
educacional, social e religiosa; 
VIII - proteção contra qualquer forma de 
sensacionalismo; 
IX - entrevista pessoal e reservada com o advogado; 
X - visita do cônjuge, da companheira, de parentes e 
amigos em dias determinados; 
XI - chamamento nominal; 
XII - igualdade de tratamento salvo quanto às 
exigências da individualização da pena; 
XIII - audiência especial com o diretor do 
estabelecimento; 
XIV - representação

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