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Ética

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Ética da bem-aventurança
A Idade Média
Introdução 
A nossa vida está marcada pelo desejo de felicidade. Na maioria dos nossos esforços tem como objetivo nossa plena realização como pessoas dotadas de razão, portanto, com capacidade para escolher.
A decisão esta diferentemente relacionada com nosso projeto de superação daqueles limites que impedem nosso bem-estar (Aristóteles).
Animais decidem motivados por seu instinto de conservação e reprodução. Neles não cabe, portanto, a moralidade. Seus atos não são valorados como bons ou maus, uma vez que lhe falta a decisão consciente.
O homem embora algumas de nossas ações sejam orientadas, em primeiro plano apenas pela necessidade de sobrevivência, o fato é que possuímos uma dimensão simbólico-cultural das nossas ações, em um segundo plano, a consciência, mas do que ação instintiva ou inteligente.
As boas ou mas ações sempre estão presentes nos fundamentos de nossas escolhas. A ação humana dessa maneira, é sempre um exercício que envolve valor.
Ética no Ocidente (sobre como tratamos o Bem e o Mal), podemos falar de uma Ética própria dos povos primitivos que orientava as decisões da comunidade, tendo como base o mundo mágico-sobrenatural.
Ética Grega que tomava harmonia da natureza, ou a justa medida como fundamento para a boa ação do homem inserido na polis.
Ética medieval que via na Verdade Divina Revelada o cânon para o correto modo de proceder.
Ética moderna, que sustentou na expressão racional, na capacidade de decisão autônoma, o valor das corretas decisões.
Ética incapaz de ver um fundamento solido para o seu projeto humano de felicidade CRISE.
A ética daquele tempo em que a cultura ocidental manteve a convicção de que a boa ação deveria ser espelhada pela Verdade Revelada (Verdade de Deus transmitida aos homens), tempo em que o projeto de uma vida boa e feliz se organizaria sobre a convicção de que a plena felicidade só seria alcançada numa vida futura.
CRISTIANISMO NOS DIZ SOBRE A ETICA MEDIEVAL
Uma breve característica do projeto de vida assumido na Idade Média
Era cristã até o renascimento (século I ao século XV), um tempo marcado pela força de um projeto orientado pelos ensinamentos e convicções de uma novidade que denominamos de Cristianismo, ensinamentos de Jesus de Nazaré.
A felicidade que para o homem da Grécia Antiga orientava a vida na polis, agora, no seio do cristianismo, só será alcançada numa vida futura se a pratica da misericórdia for vivenciada em seu estilo mais radical no amor ao próximo.
A mensagem bíblica se assenta sobre a convicção do monoteísmo que substitui o politeísmo típico da cultura grega. O monoteísmo apresenta um Deus que se comunica com os homens e lhes dá um projeto de vida singular. Deus faz uma aliança com o povo, e lhe transmite sua lei que é a expressão de sua vontade DEUS TEM UMA LEI.
A ideia do criacionismo. Deus como o criador do mundo do nado, ou seja, o mundo seria fruto da vontade de Deus. Contraria a posição grega, com a impossibilidade de produzir alguma coisa do nada.
O projeto cristão é marcadamente centrado no homem. Criado a imagem e a semelhança de Deus, o homem é a primícia da criação. Os gregos com uma visão mais cosmocêntrica da realidade.
Lei moral ligada a vontade de Deus. Não haveria outra fonte para a moralidade senão a de Deus: cabe ao homem o dever de obedecer aos seus mandamentos. Sabemos que, para os gregos, a fonte da moral é a natureza.
A desobediência à lei de Deus que teria causado a expulsão do homem ao paraíso. A ideia de pecado é fundamental na compreensão do código de moralidade do mundo cristão medieval. O pecado introduziu o mal no mundo, uma vez que Deus só poderia ter criado o mundo perfeito e, portanto bom VONTADE.
Deus é a providencia, que é Amor, ela elabora um projeto de resgate do homem.
O plano de salvação que Deus propõe aos homens redefine o amor. Para os gregos o amor Eros fazia com que o homem amasse o deus. Na visão crista, por sua vez, o amor ágape mostra que Deus ama o homem. Amor ágape (doação)
Podemos dizer que a criação do mundo, a criação do homem a imagem e semelhança de Deus; o projeto da salvação oferecido por Deus ao homem; a felicidade futura na ressurreição período medieval (homem a procura da felicidade).
A ética medieval apresenta o exercício da FÉ, mas do que pelo exercício da RAZÃO;
Deus não nos quer infelizes “imagem e semelhança de Deus”, podemos, por meio de uma reta condução de nossas vidas, nos libertar dos limites que nos mantém presos a um mundo de sofrimentos (pecados) e participar, por meio da ressurreição de uma vida de felicidade plena.
Os fundamentos racionais do projeto ético na idade média
Projeto ético fundado na caridade. 
Agostinho de Hipona é o seu mais expressivo representante, defende o Livre- arbítrio. Possui como base Aristoteles.
Na escolástica, justificação racional das verdades que compunham aquela mesma moralidade.
Santo Agostinho e a relação entre Vontade e Liberdade
Homem como elemento central no projeto ético, para agostinho o verdadeiro problema ético não reside no cosmo, mas no homem. O grande mistério da criação não é o mundo, mas o homem para si mesmo. Ver o homem em sua concretude é o ponto de partida do projeto da ética agostiniana.
O lugar da vontade humana, afasta o intelectualismo grego. Agostinho elabora um projeto de felicidade, o confronto entre a vontade do homem e a vontade de Deus. A vontade do homem é decisiva no processo de escolha e ela é sempre uma opção que brota de uma luta no interior de cada ser humano, que ao mesmo tempo que e não quer.
O homem enquanto corpo e alma “uma alma que se serve de um corpo”, o homem interior é, para o Bispo de Hipona, a imagem do Deus Trindade.
A questão do mal, qual a origem do mal?, para Agostinho, o mal tem a sua origem na vontade, o mal não é uma questão puramente intelectual como estavam inclinados a defender os grandes filósofos gregos. O mal é a privação, é deficiência, é carência de algo. Quanto ao mal-metafisico esclarece o autor que não se pode falar da existência do mal no cosmo, mas apenas que o ser possui graus de ser inferiores a Deus, uma vez que todas as coisas são criadas e por isso mesmo finitas.
Mal moral, é identificado com o pecado, que é causado pela má vontade, que é quando a vontade não tende para Deus e sim para as coisas criadas, portanto, para aquelas que tem menor potencia de ser.
Conclui que o bem esta no homem é obra de Deus e que o mal também nele encontrado é fruto do seu pecado. O mal então e consequência do pecado original, são produtos do mal moral. Este, mal físico, tem um papel positivo na historia da salvação, uma vez que, ao assumi-lo, nos colocamos na perspectiva de uma libertação de nossos pecados.
Vontade e liberdade, a liberdade não é fruto da razão, mas da vontade. Acredita porem que a Razão pode conhecer o bem, mas a vontade pode rejeita-lo. Cabe a razão conhecer, mas a Vontade pode rejeita-lo. Cabe a razão conhecer, mas cumpre à vontade escolher inclusive aquilo que é irracional. Para Agostinho o pecado original foi o primeiro desvio da vontade, que o arbítrio da vontade só é verdadeiramente livre em seu sentido pleno quando não faz o mal. O livre – arbítrio foi dado ao homem, mas depois do pecado original a liberdade ficou corrompida e agora só conseguimos retomar o caminho com a ajuda da graça divina.
Se o homem busca viver tomando apenas suas próprias forças, sem a ajuda Deus, será vencido pelo pecado. A única maneira de superar o pecado, portanto, deve ser por meio da fé na graça que o salva e de sua livre opção a ela.
Santo Tomás de Aquino e a Ética como ciência dos atos humanos
O projeto ético que se desprende do pensamento de Tomas, possui um caráter especulativo racional, ou seja, considera que é preciso ter em mente primeiro as verdades racionais, uma vez que nós, seres humanos, somos unidos pela razão e, a partir delas, construímos um discurso de natureza teológico.
A natureza do homem, atos humanos exercidos com uma intenção e pela livre escolha. Para ele o homemé uma natureza racional e isto é tomado como alicerce não só para a ética como também para a política. Deus é encontrado como sendo um bem supremo. Se o intelecto pudesse contemplar Deus, a vontade não poderia deixar de querê-lo.
O livre-arbitrio, a liberdade do homem é reduzida pela presciência de Deus (Deus prevê tanto o que é necessário quanto o que é contigente). É na liberdade humana que o filosofo escolástico localiza a raiz de todo o mal que, seguindo as considerações de Agostinho, é tomado como ausência do bem.
Onde reside o mal? Na ação deliberada do homem. Os fins intermediários não satisfazem a sede da felicidade do homem. Somente para quando a ação for dirigida para o fim ultimo (Deus) os desejos humanos serão plenamente satisfeitos. Assim a felicidade humana não pode ser encontrada nos bens criados, mas só em Deus.
A felicidade perfeita e imperfeita felicidade plena só pode ser alcançada no pleno conhecimento de Deus, argumentando que nessa vida só podemos alcançar uma felicidade incompleta, o que equivale a dizer imperfeita.
A virtude, é uma boa ação, que é uma virtude que torna melhor quem possui, exercendo um papel de lapidação da desordem de nossas emoções, de nossos desejos e alucinações. É a virtude que permite ao homem tornar-se melhor não só no que é como também naquilo que faz. Sem esse habito argumenta-se que é uma má ação. O vicio é o habito que priva o homem das condições necessárias para aquele que seja melhor no que é e no que faz. 
O papel das leis na elaboração da ética, a lei eterna que corresponde ao plano racional de Deus que se traduz na ordem do universo. A lei natural que se ilustra pela máxima que incita o homem a fazer o que é bem e evitar o que é mal. O bem é aquilo que conduz a conservação enquanto que o Mal é aquilo que leva a destruição de si. A lei humana, que é aquela criada pelo homem, ou seja, o direito positivo. A lei humana deve estar intimamente ligada a lei natural, produzindo por dedução, o jus gentium e por especificação o jus civile.
Confissões – Santo Agostinho
A origem do mal. Tinha certeza de que, sempre que decidia querer ou não querer uma coisa, era eu e não outro quem queria, e via cada vez melhor que ai estava a causa do meu pecado. Do mesmo modo estava convencido de que as ações que eu praticava contra a minha vontade eram sofridas por mim enquanto vitima, e não considerava faltas, e refletindo sobre a tua justiça, não tinha dificuldade em reconhecê-las como merecido castigo. 
Preferindo crer que estas sujeito ao mal a considerar o homem capaz de cometê-lo.
Deus é incorruptível. O poder e a vontade de Deus são o próprio Deus. Para ti, que tudo conheces, existe acaso algo imprevisto? Enfim, nenhum ser existe senão enquanto o conheces. Mas por que gastar tantas palavras para demonstrar que Deus não é substancia corruptível, quando se o fosse, já não seria Deus?
Ainda o problema da origem do mal. Ele é certamente sumo bem, e as criaturas são bem menores. 
Refutação da astrologia. Não existe a arte de prever o futuro, mas o acaso vem muitas vezes com o auxilio da conjecturas dos homens e dentre muitas coisas que dizem, varias se dizem e depois se realizam, sem que tenhas consciência delas aquele que afirma, mas adivinha, porque não se cala.
Todos desejam felicidade. Portanto, não podemos dizer com segurança que todos queiram ser felizes, pois aqueles que não querem a ti – única felicidade – certamente não querem ser felizes. Ou talvez o queiram, mas não fazer o que desejam, porque a carne tem aspirações contrarias ao espírito e o espírito contrarias a carne.
Felicidade é o gozo da verdade, o que significa gozar de ti, que és a verdade, ó Deus, minha lus e salvação da minha face.
Ética Legalista
Que é esclarecimento?
Esclarecimento é a saída do homem de sua menoridade, da qual ele próprio é culpado. A causa da menoridade é a falta de decisão e coragem de servir-se de si mesmo sem a direção de outrem.
A preguiça e a covardia são as causas pelas quais tão grande parte dos homens continuarem na menoridade. É tão cômodo ser menor.
A imensa maioria da humanidade considera a passagem à maioridade difícil e alem do mais perigoso, porque aqueles tutores de bom grado tomaram a seu cargo a supervisão dela. 
É difícil portanto para um homem em particular desvencilhar-se da menoridade que para ele se tornou quase uma natureza.
Liberdade de fazer uso publico de sua própria razão em todas as questões. 
Qual é a limitação que impede o esclarecimento? Qual não impede, e até favorece? O USO PUBLICO de sua razão deve ser sempre livre e só ele pode realizar o esclarecimento.
O uso privado da razão, pode ser limitado, sem contudo, por isso impedir notavelmente o progresso do esclarecimento.
O uso publico de sua própria razão aquele que qualquer homem, enquanto sábio, faz dela diante do grande publico do mundo letrado. O uso privado aquele que o sábio pode fazer de sua razão em um certo cargo publico ou função a ele confiado.
Para cargos que exerçam os interesses da comunidade é permitido raciocinar, mas deve-se obedecer, mas não deixar expor as suas observações 
Atualmente se for feita a pergunta “vivemos em uma época esclarecida? A resposta será: Não, vivemos em uma época de esclarecimento.
Imperativo categórico seria aquele que representa uma ação como objetivamente necessária por si mesmo, sem relação com um outro fim. Se declara a ação em si como objetivamente necessária, sem relação com qualquer objetivo, isto é, também sem qualquer outro fim, vale como principio apoditicamente pratico.
LUIZA MARTINS

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