Buscar

Caio Fabio - A Origem do Desespero

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 56 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 56 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 56 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Fora do Caminho da Graça em Cristo, não há caminho a ser feito! 
www.caiofabio.com | www.vemevetv.com.br 
 
 
 
 
 
 
 
CAIO FÁBIO D´ARAÚJO FILHO 
 
 
 
 
 
VIVER: 
DESESPERO 
OU 
ESPERANÇA? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fora do Caminho da Graça em Cristo, não há caminho a ser feito! 
www.caiofabio.com | www.vemevetv.com.br 
 
Índice 
 
 
 
PARTE 1 – Genealogia do Desespero 
 
1. A Origem do Desespero 
2. O Sistema Religioso 
3. O Sistema Filosófico 
4. O Sistema Científico 
5. Um Universo Criado de um Princípio de Pluralidade 
6. A Constituição do Desespero 
 
 
 
 
PARTE 2 – Genealogia da Esperança 
 
7. A Esperança 
8. A Convergência do Tempo de Sua Vinda ao Mundo 
9. A Vinda de Cristo 
10. A Redenção 
11. Vivendo na Esperança 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fora do Caminho da Graça em Cristo, não há caminho a ser feito! 
www.caiofabio.com | www.vemevetv.com.br 
 
 
 
 
 
PARTE 1 
 
GENEALOGIA DO 
DESESPERO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fora do Caminho da Graça em Cristo, não há caminho a ser feito! 
www.caiofabio.com | www.vemevetv.com.br 
 
1 
A Origem do Desespero 
 
 
Quem, com bom senso, e depois de profunda e acurada análise da 
espécie humana, de suas reações, de seus anseios, de sua história e de sua cultura, 
pode, coerentemente com as evidências, afirmar que a humanidade vai bem e que 
o homem é bom e feliz? 
A história do homem está salpicada de sangue e rasgada pela 
violência. Temos informações de achados arqueológicos, antropológicos e de 
estudos etnológicos que, no interesse de conhecer nossas raízes como espécie, 
têm achado restos de antiqüíssimas culturas humanas que nos revelam o 
egoísmo, as disputas, as guerras e códigos de leis, na tentativa de reprimirem os 
abusos do próprio homem contra o seu próximo! 
Desde quando se tem conhecimento histórico do homem, suas 
atitudes de sensatez se têm constituído como que exceções na regra geral de sua 
insensatez. 
O egoísmo, o desamor, a violência, a perversão, o homicídio, o 
roubo etc... não têm sido problema de um chamado estado de NÃO-
CIVILIZAÇÃO. Pelo contrário: tanto numa tribo primeva como numa grande 
cidade moderna, os delitos se repetem, sendo hoje, de uma incidência 
proporcionalmente bem maior. 
É ingenuidade afirmar-se que o homem é um ser que, mediante 
lento desenvolvimento evolutivo, consegue erguer-se do teor primitivo e da 
ignorância tateante de uma origem animalescamente rude até as alturas de 
sensibilidade e introspecção religiosa e filosófica. A História não mostra o 
homem como criatura que está evoluindo mas, antes, como criatura rebaixada a 
cada dia pelas suas incursões num mundo interior de rebeldia e selvageria. 
Há um relacionamento de total insegurança do homem com o 
homem. Um bicho confia noutro bicho mais do que o homem tantas e tantas 
vezes confia noutro homem. Como disse o Rev. J.R.W. Stott, "Uma promessa 
não é suficiente; precisamos de contrato. Portas não bastam; temos que fechá-las 
a chave a aferrolhá-las. O pagamento de taxas não é suficiente; temos que ter 
recibos que são perfurados, inspecionados e recolhidos. A lei e a ordem não 
chegam; precisamos de polícia para reforçá-la".
1
 Por outro lado, conquanto o 
homem possua consciência do bem e do mal, parece possuir uma tendência 
incompreensivelmente forte para praticar o mal. 
Por que será que as coisas são assim? Será que o homem é, de fato, 
obra das mãos de um Criador bom? E se Deus é bom, como criou um ser tão 
desajustado e mau como o homem? Foi sempre o homem como nós o 
conhecemos, ou ele já existiu numa outra contextura originalmente boa? 
Dependendo das respostas que dermos a essas perguntas, todo 
nosso rumo pode mudar na vida. 
Fora do Caminho da Graça em Cristo, não há caminho a ser feito! 
www.caiofabio.com | www.vemevetv.com.br 
 
Pense-se, por exemplo, que o homem é obra das mãos de Deus, e 
que ele é hoje tal qual Deus o fez, e, certamente, seremos conduzidos pela 
coerência a pensar de acordo com o poeta Baudelaire: "Se há um Deus, este é o 
diabo"
2
; e a conclusão final nesse conceito é a de Archibald Macleish: "Se Ele é 
Deus, não pode ser bom; se é bom, não pode ser Deus"
3
. Se se entende que o 
homem não mudou em seu estado de origem e que tal como é, o é pela vontade 
de Deus, esse Deus, por criar o homem já nesse estado de corrupção moral e 
espiritual, certamente seria maior em crueldade e indignidade do que o próprio 
homem! 
Não. Deus não é o responsável por este obstinado e violento 
homem. A real compreensão do problema teve o sábio Salomão quando, depois 
de muito meditar sobre os caminhos do homem em relação ao "ato criativo" de 
Deus, disse: "Eis que tão-somente achei: Que Deus fez o homem reto, mas ele se 
meteu em muitas astúcias."
4
 
Se partirmos da premissa de que o homem caiu de um estado 
original de santidade e virtude, sentiremos total impulso para amar o Criador. 
Mas, se partirmos do pressuposto de que o homem não mudou desde a sua 
origem, tem-se que, em nome da razão, assumir de duas, uma posição: a 
primeira, é a de que Deus é mau por criar o homem mau; a segunda, é a de que o 
homem é "filho do acaso" e está simplesmente manifestando, em seus atos de 
violência, reservas de instintos guardadas em seu subconsciente. 
No entanto, somos levados pela coerência, pela sensibilidade, pela 
harmonia e pelas evidências notadas ao nosso redor, a crer que Deus é, ou seja, 
que Ele está aí, está presente. E se Ele está presente, faz-se necessário que 
admitamos a realidade de Sua perfeição, de Sua santidade, de Seu amor e, 
contrastantemente, da nossa inteira destituição de verdadeiro amor e auto-doação 
espontâneos. 
Deus não nos fez como somos. A natureza foi corrompida e 
distanciou-se do padrão original. 
Talvez a pergunta necessária ao momento, seja: Como adquiriu o 
homem essa natureza? É sobre isso que passaremos a discorrer. 
A Bíblia narra em Gênesis 2:4 a 7, o evento histórico da criação do 
ser humano. Em seu complexo orgânico, o ser humano foi formado de elementos 
simples unicamente por causa da ordem e do "ato criativo" de Deus. Porém, 
maravilhosamente, em seu mundo interior de consciência e de valores morais e 
espirituais, foi dotado da imagem e da semelhança de Deus, que é um ser pessoal 
e, consequentemente, consciente. Por causa disso, o homem é consciente de si 
mesmo, do seu mundo contemporâneo e circunstancial, e de sua história. 
O plano de Deus, ao fazer o homem, não foi outro, senão o de 
revelar-se a si próprio a ele numa relação de amor. Fomos criados para Deus. 
Para o louvor e a admiração profunda das realidades indeléveis do ser de Deus. 
Um ambiente perfeito foi criado, nele o homem foi posto, e a ele 
foram dadas a autoridade para governar as demais criaturas e o incentivo para 
que se reproduzisse e enchesse a terra (Gênesis 1:28). 
Entretanto algumas coisas precisam ser observadas. A primeira é 
que o mal sempre existiu - mesmo antes da queda de Satanás e da do homem - 
Fora do Caminho da Graça em Cristo, não há caminho a ser feito! 
www.caiofabio.com | www.vemevetv.com.br 
 
como antítese conceitual do bem. Deus é o padrão da santidade e a santidade é o 
padrão de Deus. Nesse sentido, o mal existia como alternativa abstrata e 
conceitual, pois tudo quanto Deus era em expressão concreta de Sua santidade 
determinava a existência do mal como conceito alternativo, oposto à maneira real 
de Deus ser. Donde concluímos que o "bem real" é eterno como expressão da 
santidade de Deus, mas que o "mal conceitual" também é eterno como antítese do 
"bem real". 
A segunda é que o mal moral já existia , antes da queda do homem 
na forma da desobediência, perversão e soberba de Lúcifer, anjo decaído de seu 
original estado de perfeição angelical (Ezequiel 28: 14,15 e Isaías 14:12,15). 
A terceira é que Deis mão cria robôs, máquinas de executar a sua 
vontade. E isso certamente inclui o homemna sua livre vontade de ser o que quer 
ser. Deus criou o homem para louvá-Lo, mas esse louvor seria ridículo, se o 
homem fosse um andróide. Por isso, Deus nos deu livre arbítrio, liberdade para 
escolher. No entanto, não há liberdade que se caracterize como tal, sem critérios 
e sem referências. No caso do homem, essa disposição de louvar a Deus por 
vontade própria tinha que ser demonstrada. 
O amor que não é provado não se revela plenamente. A obediência 
que não é testada não se revela na forma maravilhosa da fidelidade. 
Deus então determina um mandamento para a referência da 
obediência e da livre vontade do homem. O mandamento é simples, o objeto 
posto como referência é mais simples ainda, porém os efeitos oriundos da 
desobediência seriam trágicos porque revelariam o livre desejo de "viver para o 
eu" ao invés de "viver para Deus". É, pois, assim, que Deus determina: "De toda 
árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e 
do mal não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás." 
(Gênesis 2: 16,17) 
Mas o homem não estava só na sua decisão de obedecer ou não a 
Deus. Mostra-nos a Bíblia que Lúcifer entra em cena com intento destruidor de, 
junto consigo próprio, arrastar também o homem para o estado de rebelião e 
desobediência. Foi assim, como lhe é peculiar, que se disfarçou no interior de 
uma serpente, até então bela, como bem revela o texto hebraico de Gênesis. 
É interessante como a inteligência de Lúcifer se faz notória na 
narrativa da queda do homem. Os elementos dialéticos usados por Lúcifer 
atingem a essência da mais inteligente sutileza. Eis como formulou a sua 
tentação: "É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim?" 
Notemos a malícia. Primeiro Lúcifer afirmou que Deus havia dito um 
mandamento: "É assim que Deus disse". Depois ele sugere a dúvida no que Deus 
disse, acrescentando uma interrogação: "Não comereis de toda árvore do 
jardim?" Não estava o mandamento sendo atacado frontalmente, mas, sim, sendo 
colocado em dúvida. O mais perigoso de todos os métodos de ataque contra a 
verdade e indução para a mentira está na dúvida que se possa colocar no 
pressuposto da verdade. O que lúcifer propôs assemelha-se à estrutura da 
dialética hegeliana: "Tenho uma nova idéia. De agora em diante pensemos da 
seguinte maneira: em vez de causa e efeito (ou seja: "se dela comeres morrerás"), 
pensemos na tese ("Deus disse para não comer"), e na oposição à tese, a antítese 
Fora do Caminho da Graça em Cristo, não há caminho a ser feito! 
www.caiofabio.com | www.vemevetv.com.br 
 
("é certo que não morrereis"). E a resposta quanto à relação entre as duas não está 
no movimento horizontal de causa e efeito, mas sempre na conclusão triangular, 
na síntese ("como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal".) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A resposta que se fez ouvir por parte da mulher foi: "Do fruto das 
árvores do jardim podemos comer, mas do fruto da árvore que está no meio do 
jardim, disse Deus: Dele não comereis, nem tocareis nele, para que não morrais." 
Lúcifer anteriormente sugeriu que o que Deus disse poderia ser posto em dúvida 
e a sua seta mentirosa penetrou mais profunda do que se poderia esperar, quando 
vemos sua conseqüência imediata na resposta dada pela mulher. Quando foi 
posta em dúvida a verdade absoluta de Deus, foi aberta a porta para que ela 
pudesse ser alterada. Foi assim que aconteceu, quando a mulher acrescentou ao 
mandamento de Deus algo que ele não havia declarado: "Nem tocareis". Deus 
não havia dito isso, ma antes: "De toda árvore do jardim comerás livremente, mas 
da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque no dia em que 
dela comeres, certamente morrerás." 
Se se põe dúvida no que Deus disse, pode-se perfeitamente alterar 
tanto o que Ele disse como negar o que ele disse. Esse foi o final daquele trágico 
diálogo, porque então disse a serpente à mulher: "É certo que não morrereis. 
Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e, 
como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal". A verdade agora já havia 
sido negada, taxativamente e mentirosas promessas estavam sendo feitas. 
Observemos as propostas de autonomia e soberba: "se vos abrirão os olhos" e, 
"como Deus, sereis..." Terrível malogro. A divinização do homem rebaixa-o mais 
do que qualquer outra coisa. 
Com a morte do desejo de obedecer a Deus, vem automaticamente 
a glorificação do "eu", o que leva o indivíduo "a viver para si". 
Isso aconteceu primeiramente com a mulher, pois, " vendo que a 
árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e árvore desejável para dar 
entendimento, tomou-lhe do fruto e o comeu, e deu também ao marido, e ele 
comeu". (Gênesis 3:6) 
Daquele ato de desobediência foi que se desencadeou todo esse 
sistema de morte reinante no mundo, e ainda a cobiça concebida no Éden é a 
 SÍNTESE = “Como Deus, sereis conhecedores 
do bem e do mal” (Gn. 3:5) 
“Dele não comereis” 
(Gn. 3:3) 
ANTÍTESE 
“É certo que não morrereis” 
(Gn. 3:4) 
 
1
. 
2
. 
3
. 
Fora do Caminho da Graça em Cristo, não há caminho a ser feito! 
www.caiofabio.com | www.vemevetv.com.br 
 
mesma que caracteriza o consumismo dos nossos dias. 
A queda trouxe consigo as mais catastróficas conseqüências, que 
são notadas em todas as reações do homem e do seu ambiente. 
Entre as inúmeras conseqüências da queda, queremos, na presente 
postulação, apresentar apenas cinco. Vejamo-las: 
Em primeiro lugar, houve a depravação da natureza humana: 
"Viu o Senhor que a maldade do homem se havia multiplicado na 
terra e que era continuamente mau todo desígnio do seu coração". (Gênesis 6:5) 
O homem feito ereto, no princípio comparado ao homem caído do 
resto da História, é, na verdade, uma aberração, um desfigurado, um 
irreconhecível. À semelhança de um morto que, apresentado para identificação e 
não a obtendo, seria enterrado como um não-identificado, como um indigente. 
Com a queda, repetimos, o homem se tornou um ser desfigurado e 
irreconhecível. 
O Salmo 14:3 diz: "Todos se extraviaram e juntamente se 
corromperam: não há quem faça o bem, não há nenhum sequer." É assim que 
Deus vê o homem caído! 
Em segundo lugar, houve a separação entre Deus e o homem. Faz-
se necessário, para que se tenha um vislumbre da realidade dessa separação, 
compreender, antes de tudo, a santidade de Deus. 
Mais de 555 vezes na Bíblia, lêem-se os termos Santíssimo e Santo, 
mostrando o caráter santo da natureza divina. A principal palavra do Velho 
Testamento é GADHÔSH que, em sua origem semítica, significa "separação". A 
santidade de Deus pode ser considerada como a síntese de todos os seus 
atributos, ou ainda pode ser chamada de "o atributo dos atributos". A santidade é 
o padrão da conduta de Deus, padrão esse que é a Sua própria natureza 
intrínseca. Podemos então dizer que santidade é o padrão de Deus e que Deus é 
o padrão da santidade. 
 De fato, é importante saber que Deus é santo, e que em sua 
natureza santa há total repulsa pelo pecado e pela desobediência. 
Foi a natureza santa do Criador que levou Adão e sua mulher a se 
esconderem de Deus; a se sentirem nus, mesmo depois de já terem tecido vestes 
de folhas de figueira para se cobrirem. Mas, essa santidade só se mostra 
condenadora diante do pecado. Antes de haver pecado, esse confronto não se 
manifestava. 
Um dos grandes exemplos da Bíblia, da manifestação da 
consciência de pecado do homem em relação ao caráter santo de Deus, é-nos 
apresentado no livro de Isaías, capítulo 6, quando da narrativa da visão que 
aquele profeta teve da glória de Deus. A progressão da narrativa mostra-nos que, 
quando a santidade de Deus foi proclamada e manifestada, Isaías exclamou: " Ai 
de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros, habito no meio de 
um povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei... o Senhor!..." 
O pecado seembrenhou na natureza humana, legou ao homem um 
desgraçado estado de separação de Deus. O que antes da queda não se fazia, 
passou a ser feito depois dela, ou seja: a invocação de Deus ( Gênesis 4:26). A 
relação do homem com Deus, anterior à queda, era natural e constante, não 
Fora do Caminho da Graça em Cristo, não há caminho a ser feito! 
www.caiofabio.com | www.vemevetv.com.br 
 
havendo, portanto, necessidade de uma invocação, pois Deus não estava separado 
do homem em relacionamento e comunhão. 
Quando o homem pecou, um grande abismo surgiu entre ele e 
Deus, no sentido da comunhão e do relacionamento entre ambos. A santidade de 
Deus é incompatível com estado de pecaminosidade da criatura humana. 
Anteriormente à queda, Deus estava separado do homem e de sua 
criação apenas no que diz respeito à sua infinitude como Criador e pessoa 
independente: 
O diagrama daquele estado pode ser assim representado: 
 
DDEEUUSS 
 
Abismo promovido pela infinitude 
 
HHoommeemm ee oo rreessttoo ddaa ccrriiaaççããoo,, iinncclluuiinnddoo aa ppaarrttee mmeeccâânniiccaa ddoo UUnniivveerrssoo
55
 
 
Conquanto houvesse aquela divisão em função da Infinitude do 
Criador como ser pessoal, havia por outro lado, uma indivisível comunhão 
pessoal entre Deus e o homem feito à sua imagem e semelhança. 
No entanto, o diagrama que hoje se tem que apresentar para 
significar o que aconteceu depois da queda difere contundentemente do primeiro. 
 
DDEEUUSS--CCRRIIAADDOORR ppeessssooaall ee iinnffiinniittoo 
 
Abismo em razão de sua infinitude 
 
HHoommeemm ee CCrriiaaççããoo 
 
Abismo criado pelo pecado do homem 
 
HHoommeemm ee oo rreessttoo ddaa CCrriiaaççããoo ((RRoommaannooss 88::2222--2255 )) 
 
 
No primeiro diagrama, ficou patente o fato de que, em razão da 
infinitude de Deus, o homem, por ser finito, nunca compreenderia totalmente o 
Criador. Mas isso nada significava porque havia entre eles uma linguagem 
espiritual inerente à perfeita comunhão pessoal, pois ambos são seres pessoais. 
No segundo diagrama, evidencia-se que, depois da queda, o homem 
ficou totalmente separado de Deus pela infinitude do criador e pelo pecado, não 
havendo para ele, por causa do pecado, possibilidade de manter comunhão com 
Deus. 
Podemos então dizer que o que acontece hoje de maneira natural na 
vida de todos os homens é a separação de Deus, "pois todos pecaram e 
destituídos estão da glória de Deus" (Romanos 3:23). 
Em terceiro lugar, houve uma divisão interior no homem. A grande 
QQ 
UU 
EE 
DD 
AA 
Fora do Caminho da Graça em Cristo, não há caminho a ser feito! 
www.caiofabio.com | www.vemevetv.com.br 
 
mentira engolida pelo homem na sua queda trágica foi a de que seria, como 
Deus, conhecedor do "bem e do mal". Todo homem tem conhecimento desses 
valores e é capaz de dizer que a consciência o assombra com seu rigor e com 
seus critérios. Mas a grande mentira esteve nesta comparação: "Como Deus, 
sereis conhecedores". Esta é uma terrível mentira. Deus conhece o bem e o 
pratica de modo absoluto. Conhece o mal e o rejeita e odeia, e nele não há 
injustiça. Destarte, tal não aconteceu com o homem, que conhece o bem e não o 
pratica, conhece o mal e não o rejeita. 
Eis o drama de todos os homens: "Não faço o bem que prefiro, e, 
sim, o que detesto. Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita 
bem nenhum: pois o querer está em mim; não, porém, o efetuá-lo. Porque não 
faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço. Mas, se eu faço o 
que não quero, já não sou eu quem o faz, e, sim, o pecado que habita em mim. 
Então, ao querer fazer o bem, encontro a lei de que o mal reside em mim" ( 
Romanos 7:15 a 21.) 
Sobre esta dicotomia entre o que o homem "é" e o que ele quer 
"ser", diz-nos o Dr. Francis Schaeffer: "A queda não só originou uma divisão 
entre Deus e o homem primeiramente, mas dividiu o homem contra si mesmo. 
Estas são as divisões psicológicas. Estou convencido de que esta é a psicose 
básica: que o homem, individualmente falando, encontra-se dividido em sua 
própria estrutura de personalidade como resultado da queda."
6
 
O estado de rebelião do homem legou-lhe uma atrofia também na 
mente, na sua possibilidade de percepção, e o colocou numa total impossibilidade 
de usar o seu intelecto com a pujança primária, não havendo portanto, depois da 
queda, a autonomia que hoje tanto se pretende para o intelecto humano. Isso pode 
ser confirmado em nossos dias, com o conhecimento de que somente 10% da 
mente do homem é que são usados por ele mesmo. O livro de Gênesis, nos seus 
três primeiros capítulos, mostra-nos o homem em total integração com a 
natureza. Dir-se-ia que havia um diálogo instintivo entre os seres da natureza 
(Gênesis 2:19 e 20). Há, também, o significativo fato de que as plantas vibram e 
sentem, e isso não lhes foi dado por Deus em vão. Pensamos que, anteriormente à 
queda, o ser humano podia relacionar-se com os vegetais, sendo uma espécie de 
comunicador tanto consciente, no nívve com Deus, quanto instintivo, no seu 
relacionamento com os animais e os vegetais. temos igualmente como certo, que 
os 90% da mente do homem que, hoje em dia não são utilizados, tanto servem 
para esacima, como também foram atrofiados e embotados pela queda. Anelo 
pelo dia em que uma criança meterá a mão na cova do basilisco, e um pequenino 
conduzirá um leão. Naquele tempo, a mente do homem terá sido redimida. 
Anteriormente à queda, não havia uma autonomia intelectual 
proveniente das elucubrações do pensamento no que diz respeito ao 
conhecimento de Deus, pois as relações do homem com Deus eram feitas com 
base em uma completa comunhão espiritual, praticada com toda racionalidade e 
santidade. Havia uma razão superior inerente ao estado original de obediência 
que proporcionava ao homem um relacionamento intelectual com Deus, 
promovido pela racionalidade perfeita em face da isenção do pecado. A queda, 
no entanto, daí precipitou o homem. 
Fora do Caminho da Graça em Cristo, não há caminho a ser feito! 
www.caiofabio.com | www.vemevetv.com.br 
 
A quarta conseqüência da queda está na desordem que ela 
provocou na natureza. Em Romanos 8, lemos: "Porquanto a criação ficou sujeita 
à vaidade, não por sua vontade, mas por causa daquele que a sujeitou." Observe-
se a expressão: " Não por sua vontade." A quem se refere o apóstolo Paulo? De 
quem foi a vontade que sujeitou a natureza a um estado de divisão contra si 
mesma, ou seja, a um estado de guerra contra si própria? Se alguém pretende 
envolver nesse drama a pessoa de Lúcifer, deve saber que isso não faz sentido. 
Vejamos por quê: Conquanto Lúcifer já tivesse, nos tempos anteriores à história 
do homem, pecado e dado origem a uma rebelião angelical, ele, com seu pecado, 
não pode ser o acusado de ter sujeitado a natureza ao estado de rebelião, pois, 
apesar do pecado já existente no universo, Deus, assim mesmo, no que diz 
respeito à criação do homem, das espécies existentes na terra, dos vegetais e das 
manifestações mecânicas da natureza, fê-los em total harmonia e equilíbrio, sem 
que entre eles houvesse guerra e predadores. (Gênesis 1:10, 12, 21, 25, 31). 
Uma compreensão bem nítida do problema, tem o Dr. Schaeffer: " 
Uma parte essencial de toda verdadeira filosofia é a compreensão correta da 
norma e plano da criação como revelada pelo próprio Deus que a concretizou. 
Por exemplo, devemos ver que cada espécie criada em sentido ascendente - 
máquina, planta, animal irracional e o homem - utiliza-se daquilo que é inferior a 
si mesma. Damo-nos conta de que o homem utiliza o animal, a planta e a 
máquina; de que o animal come a planta e a planta utiliza a porção mecânica do 
universo."
7
 
Francis Bacon, cientista dos primórdios da ciência moderna, 
observou: "O homem, pela queda, caiu, ao mesmo tempo, de seu estado de 
inocência e de seu domínio sobre a natureza."
8
 
QuandoBacon faz referência ao termo "domínio", está tão somente 
pensando de acordo com a Bíblia, em Gênesis 1:28. Nem Bacon nem a Bíblia 
estão dizendo que o homem, legalmente falando, seja o soberano da natureza. 
Somente Deus tem o direito a essa soberania. No entanto, a queda lançou tanto o 
homem como a natureza em guerra entre si e contra si mesmos. 
É necessário observarmos que quase todas as maldições do capítulo 
3 de Gênesis atingem as manifestações externas e físicas. É a terra que passa a 
ser amaldiçoada por causa do homem (v.17). É o corpo da mulher que sentirá 
desconforto durante a gravidez e dores múltiplas no parto (v.16). 
Sendo assim, o homem, e não Lúcifer, foi quem sujeitou a natureza 
à vaidade das disputas, mas foi Deus, soberanamente, quem determinou que a 
natureza se colocasse em disputas, por causa do pecado do homem ( Gênesis 
3:17, 18). Mas, porque foi atingida pela queda, a natureza também está plantada 
na esperança da redenção (Romanos 8:20, 21, 22). 
Vejamos o que Deus disse ao homem posteriormente à queda: 
"Visto que atendeste à voz da tua mulher, e comeste da árvore que eu te ordenara 
não comesses: Maldita é a terra por tua causa: Em fadigas obterás dela o sustento 
durante os dias da tua vida. Ela produzirá também cardos e abrolhos, e tu 
comerás a erva do campo." (Gênesis 3:17 e 18). 
Quando Deus disse "ela ( a terra ) produzirá", ele estava 
anunciando que, com a queda, haveria na natureza o surgimento de espécies 
Fora do Caminho da Graça em Cristo, não há caminho a ser feito! 
www.caiofabio.com | www.vemevetv.com.br 
 
aguerridas e provocantes de dificuldades e conflitos. Não sabemos até que ponto 
os "cardos e abrolhos"podem ser símbolos de uma desordem bem mais extensa, 
como cremos que são. 
É por não terem uma compreensão da queda que homens como 
Hugh Evan Hopkins, têm escrito, expondo o conflito entre a natureza e a 
onipotência e bondade de Deus, como se segue: "Se a lei de toda criação fosse a 
justiça, e se o Criador fosse onipotente, então, qualquer que seja a quantidade do 
sofrimento ou de felicidade dispensada ao mundo, a participação nela de cada 
pessoa, seria distribuída de acordo com os bons ou maus atos de cada um. 
Nenhum ser humano teria um pior quinhão do que outro, sem ter merecido uma 
situação pior; acidentes e favoritismos não teriam nenhuma participação neste 
mundo, sendo que cada ser humano estaria desempenhando seu papel num drama 
que teria sido preparado como uma história moral perfeita. Nenhuma teoria do 
bem, por mais comprada ou distorcida que tenha sido por qualquer fanatismo 
religioso ou filosófico, tem conseguido fazer com que o andamento da natureza 
se assemelhe à obra de um Ser, que seja ao mesmo tempo, bom e onipotente."
9
 
A única explicação plausível para a desordem existente na forma 
do sofrimento legado à humanidade e à natureza é a queda do homem, pois, sem 
que se admita o seu advento histórico, é-nos impossível tentar conciliar a criação 
com um Deus bom e ao mesmo tempo onipotente. Porém, com convicção cremos 
que Deus, ao criar todas as coisas, viu que tudo o que fizera era "muito bom" 
(Gênesis 1:31). 
A quinta conseqüência da queda foi o estado de morte em três 
dimensões que ela legou à humanidade. 
O estado de caídos resultou-nos na morte física e espiritual dentro 
do tempo, na penalidade ameaçadora da morte eterna. Vejamos como isso 
aconteceu, examinando cada dimensão separadamente. 
 
1) A morte física. 
 
A Bíblia diz: "Do suor do teu rosto comerás o teu pão, até que 
tornes à terra, pois dela fostes formado: porque tu és pó e ao pó tornarás." 
(Gênesis 3:19) Outras referências interessantes a essa área da morte são-nos 
apresentadas em Hebreus 9:27 e no Salmo 89:48, respectivamente: "Aos homens 
está ordenado morrerem" e "Quem há que viva, e não veja a morte?". Poderíamos 
citar muitas referências bíblicas que fazem alusão a essa área da discussão, 
porém isso se torna dispensável em razão de que esta é uma lei universal e 
irrefragavelmente incontestável. Dela todos os que vivem participam. Quem dela 
tem podido isentar-se? 
Há um provérbio russo que diz: "Não se morre mais de uma vez, 
mas dessa viagem ninguém escapa." Os cemitérios atestam a realidade dessas 
palavras. Escreve-se com profundidade e a terra revelará em seu coração os 
fósseis de muitos anos passados que testemunham essa lei universal. Mas, a 
princípio, as coisas não eram assim. Essa não era a realidade dos seres vivos. 
Alguns levantam a seguinte questão: Como, num mundo sem 
morte, o homem resolveria o problema da explosão demográfica? De fato sabe-se 
Fora do Caminho da Graça em Cristo, não há caminho a ser feito! 
www.caiofabio.com | www.vemevetv.com.br 
 
que, em muitos países, a morte parece ser uma boa solução para os seus 
problemas econômicos e demográficos. Tomemos como exemplo a Índia: 
quando os ingleses lá chegaram e vacinaram milhares de pessoas contra a raiva, 
extinguiram um elemento controlador das labaredas demográficas da Índia. Essa 
foi a reclamação de milhares de hindus. Não obstante, o problema da explosão 
demográfica não se manifestaria se a queda não tivesse havido. Deus é 
controlador de todas as coisas. Ele promoveria o perfeito equilíbrio na balança 
demográfica. 
Se Deus não tivesse pronunciado a sentença de morte a todos os 
homens depois de caídos, todos continuariam vivendo em seus pecados e 
maldades, até que a terra se tornasse o próprio inferno. Imaginemo-nos vivendo 
no mundo em que prosseguissem, ao mesmo tempo, as maiores aberrações 
morais e os maiores déspotas da história. Que se faria num mundo em que na 
mesma época vivessem Caim, Lameque, Manassés, Antíoco Epifânio, Nero, 
Hitler, Stálin, Idi Amin e o aiatolá Komeíne? Acreditamos que isso seria o 
inferno. Você gostaria de viver nesse mundo? Imagine-se fazendo um concurso 
público no qual homens de sete mil anos de idade estivessem concorrendo. Você 
teria condições de competir com essas feras da cultura milenar? Imagine, 
também, que o nosso mundo é terrivelmente manipulado por uns poucos, que 
concentram as riquezas e o poder em suas mãos. Esses déspotas tornam-se 
poderosos no espaço de apenas uma geração, mas quando eles morrem a terra 
respira. Você já pensou no que aconteceria se eles vivessem para sempre? De 
quem seria esse mundo? Talvez conseguíssemos contar numa só mão os seus 
donos. 
A Bíblia, no entanto, revela: "Visto que os seus dias estão 
contados, contigo está o número dos seus meses; Tu ao homem puseste limites, 
além dos quais não passará." (Jó 14:5) 
A morte é a mais comprovada de todas as leis do universo. Os seres 
quando nascem já começam automaticamente uma carreira inconsciente - exceto 
no caso do homem que é consciente - contudo, ininterrupta, para o fim. É nessa 
direção que eu e você estamos caminhando também! 
 
2) A morte espiritual. 
 
Em Efésios 2:1, lemos: "Ele vos deu vida, estando vós mortos nos 
vossos delitos e pecados." E no mesmo livro, capítulo 5:14, encontramos: 
"Desperta, ó tu que dormes, levanta-te de entre os mortos e Cristo te iluminará." 
Por que a Bíblia diz que o homem caído está em delitos e pecados? 
Simplesmente porque a vida espiritual depende total e intrinsecamente das 
relações entre o espírito do homem e Deus. Como já vimos, Deus abomina o 
pecado, e sua natureza santa não se compatibiliza com ele. É, pois, necessário 
saber que o pecado afasta completamente a possibilidade de Deus comunicar-se 
com o homem, e a ausência de Deus, que é a própria vida em essência e 
plenitude, deixa o homem morto na solidão e nos seus pecados. Essa morte, 
alienação e solidão do homem, pode ser ilustrada vividamente pelo exemplo do 
pintor Mondrian (1872-1944). Lutando para tentar expressar nos seus quadros 
Fora do Caminho da Graça em Cristo, não há caminho a ser feito! 
www.caiofabio.com | www.vemevetv.com.br 
 
uma arte universal, Mondrian buscava retratar o universo daexistência. Por isso, 
chegou à conclusão de que não poderia emoldurar os seus quadros, para que eles 
não parecessem buracos na parede. Todavia observou que havia uma 
discrepância entre o quadro, a parede e a mobília. Em razão disso, começou a 
compor a parede e a mobília, de maneira que pudessem ajuntar-se ao quadro 
como um todo. Assim, Mondrian conseguiu um equilíbrio entre o quadro, a 
parede e a mobília. Entretanto, ao se observar um homem diante desse conjunto, 
nota-se outra discrepância: O universo de Modrian não se harmoniza com o 
homem, pois essa é a sensação que se tem quando um ser humano fica à frente 
desse complexo-universo-existencial. Essa é a morte e a solidão do homem em 
seus delitos e pecados. 
É interessante esta dimensão espiritual do homem na qual este já se 
considera morto, mesmo quando ainda está vivo no corpo. É a respeito destes 
mortos-vivos que Jesus se referiu ao chamar um judeu para segui-lo. Na ocasião, 
o discípulo disse que não poderia segui-lo pois ainda precisava enterrar o seu pai. 
Mas Jesus lhe disse: "Deixa aos mortos o enterrar os seus próprios mortos." A 
primeira vez que a palavra mortos é usada no versículo, ela faz alusão àqueles 
que, conquanto estejam vivos, já estão mortos. Na segunda referência, a palavra 
mortos mostra a realidade dupla da morte: tanto no corpo, quanto no espírito. 
Fica, pois, demonstrado que a queda trouxe ao homem também a 
experiência de morrer espiritualmente. 
 
3) A morte eterna 
 
No estado de corrupção imposto pela queda, aparece a grande 
realidade de uma morte eterna. Por que o homem caído e não-restaurado morre 
eternamente? É fácil responder. Simplesmente porque o que por ele foi rejeitado 
é de natureza eterna, e também porque a sua vida é de caráter eterno, 
indestrutível; e ainda, porque o pecado entrou no mundo, no nível da presente 
existência, pelo homem encarnado, portanto, o problema do pecado na vida da 
humanidade tinha que ser resolvido neste nível da existência, e na vida de cada 
homem, individualmente, enquanto ele está vivo no corpo. Toda e qualquer 
solução para o problema do homem tem que ser apresentada a ele enquanto está 
no corpo. Ele pecou encarnado, precisa ser redimido encarnado, ou seja, 
enquanto está vivo no corpo. ( Romanos 5:12) 
No grande conflito que envolveu a mente do homem nos momentos 
anteriores à desobediência, havia uma grande luta entre o que é temporal e o que 
é eterno. O grande e único mandamento, àquela altura, tinha como penalidade de 
sua não-observância a queda da imortalidade para a mais frágil e terrena 
mortalidade. Portanto, quando em aquiescência ao eu o homem desobedeceu a 
Deus, ele estava decididamente trocando o eterno pelo temporal, em face de que 
o mandamento assim determinava: "No dia em que dele comeres, certamente 
morrerás." É, pois, de esperar-se que a rejeição da vida eterna implique inevitável 
e irreversivelmente em morte eterna. 
Em Mateus 25:46, Jesus disse: "E irão estes para o castigo eterno." 
Ninguém em toda história advertiu mais acerca de um castigo eterno do que 
Fora do Caminho da Graça em Cristo, não há caminho a ser feito! 
www.caiofabio.com | www.vemevetv.com.br 
 
Jesus. De igual modo, ninguém além dele trouxe uma real esperança para após a 
morte: "Se alguém guardar a minha palavra não verá a morte, eternamente." E 
entre vintenas de outras promessas ouçamos esta: "Quem ouve a minha palavra e 
crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da 
morte para a vida." (João 5:24) 
Sem dúvida, trágico, amargo e indizível em solidão deve ter sido 
para Adão o primeiro pôr-do-sol sem a companhia do Criador. Estranha e 
profunda melancolia deve ter-lhe invadido o coração. Já não havia em seus lábios 
o habitual e espontâneo poema de louvor a Deus. No seu peito, fazia-se sentir um 
vazio do tamanho do infinito, logo, do tamanho de Deus. E, no seu coração, o 
peso do pecado que o afastara de Deus e o projetara numa terrível e irremediável 
condição espiritual o apertava e oprimia. 
Impossível, no entanto, é para o homem viver curtindo no peito um 
vazio do tamanho de Deus. Foi então, na tentativa de redimir essa situação de 
solidão e culpa, que os sistemas humanos surgiram, tendo como objetivo 
conseguir restabelecer entre o homem e o Criador, ou porque mesmo não dizer - 
olhando exclusivamente para a dor humana e o desejo que o homem tem de não 
sentir ou ser atingido por qualquer sofrimento para promover qualquer situação 
ou paliativo que tirasse o homem do seu estado de solidão, vazio e dor, oriundos 
da desobediência e do pecado. 
Assim, é que convidamos os leitores a prosseguirem nesta leitura, 
analisando, juntamente conosco, os sistemas humanos, seus ideais, suas histórias 
e os seus fins. 
 
 
 
 
 
 
 
BIBLIOGRAFIA SUMÁRIA 
 
(1) STOTT, J. R. W. Cristianismo Básico. São Paulo, ABU e 
Edições Vida Nova, 1973. 
(2) SCHAEFFER, Francis. A Morte da Razão. São Paulo, ABU 
Editora, 1975. 
(3) Apud Schaeffer, op. cit. 
(4) A BÍBLIA Sagrada. ed. rev. e atualizada. Trad. por João 
Ferreira de Almeida, Rio de Janeiro, Sociedade Bíblica do Brasil, 1969. 
(5) SCHAEFFER op. cit., pág. 25. 
(6) BACON, Francis. Poluição e Morte do Homem. 2.ª ed., Rio de 
Janeiro, JUERP, 1976, pág. 73. 
(7) Id., pág. 77. 
(8) Id., ibid. 
(9) LITTLE, Paul. Você Pode Explicar Sua Fé? 2.ª ed., São Paulo, 
Ed. Mundo Cristão, s. d. 
Fora do Caminho da Graça em Cristo, não há caminho a ser feito! 
www.caiofabio.com | www.vemevetv.com.br 
 
 
2 
O SISTEMA RELIGIOSO 
 
 
As origens da religião são antigas, tanto quanto o desejo de o 
homem reatar sua relação com Deus. 
Religião é a tentativa de religar o homem à divindade. É uma 
tentativa de baixo para cima, do homem para Deus. Entre as muitas definições 
que os dicionários dão ao termo, a linha básica do pensamento é a seguinte: 
"Crença em Deus ou deuses (...), adoração a Deus ou deuses". 
A história da religião, nos seus primórdios, nos é apresentada na 
Bíblia em Gênesis 4, quando Abel e Caim apresentaram-se diante de Deus para 
oferecerem sacrifícios. Ali se percebe claramente que os dois homens eram tão 
distintos em suas estruturas de personalidade, quanto o foram nas suas ofertas 
religiosas. Abel, filho mais novo de Adão, leva a Deus uma oferta de sangue, de 
vida pela vida, de substituição. Imolara para Deus um sacrifício cujo fruto era das 
"primícias do seu rebanho e gordura deste". Caim, primogênito de Adão, leva a 
Deus uma oferta das suas atividades, de sua cultura como agricultor. Era uma 
atitude de ser aceito pelas suas obras. Diz-nos a Bíblia, que de Abel e de sua 
oferta, Deus se agradou, porém não se agradou de Caim e de sua oferta. 
O que aprendemos nós desses dois irmãos? Pensamos que a lição 
ensinada foi de que a verdadeira relação com Deus ( a de Abel ) exige "um 
substituto inocente", reivindica sangue como substituição pela vida e pela 
expiação do pecado. "Porque a vida da carne está no seu sangue." (Levítico 
17:11). E ainda porque "sem derramamento de sangue não há remissão de 
pecados". (Hebreus 9:22) Assim também aprendemos que relação errada com 
Deus (a de Caim) parte de um esforço humano no sentido de com as suas 
próprias obras e virtudes "comprar" o direito de ser aceito por Deus. Porém, o 
relacionamento com Deus não vem de "obras para que ninguém se glorie." 
(Efésios 2:8,9). Havia necessidade de se derramar sangue, em substituição pela 
vida, pela seguinte razão: o pecado entrou no mundo pelo homem. Mas ele não 
só entrou no mundo-humanidade, como também no nível da existência material. 
Ora, a sublime manifestação da vida material está no corpo e seu complexo. No 
entanto, a vida do corpo está potencialmente no sangue, logo, em termos de 
escatologia redentiva, o sangue prefigurava Cristo e seu sacrifício, mas 
igualmente oferecia-se como o autêntico representante do valor material ao nível 
da vida em que o pecadose introduziu no mundo. 
Quando neste capítulo, nos propusemos a analisar o sistema 
religioso, fizemo-lo desejando tão-somente enveredar no caminho da religião 
como deve ela ser entendida em sua forma etimológica e em seu ideal extra e 
anti-bíblico. 
Fora do Caminho da Graça em Cristo, não há caminho a ser feito! 
www.caiofabio.com | www.vemevetv.com.br 
 
Religião, no sentido etimológico da palavra, é uma atitude de busca 
de nivelamento em direção ascendente: de baixo para cima, do homem para 
Deus, do natural para o sobrenatural, do terrestre para o celestial. E essa busca é 
parte de um credo religioso que reza que o homem tem possibilidades, extra-
revelação, de descobrir e alcançar o Criador através de elucubrações mentais e de 
esforços ou por meio de penitências físicas e espirituais para se relacionar com 
ele independentemente de qualquer revelação que Deus faça de si próprio. 
O fato é que, quer o homem aceite uma relação com Deus que 
dependa da revelação ou aceite a relação que dependa do seu esforço ou da sua 
autonomia mental, sempre há em cada ser humano um sensus deitatis ( senso de 
divindade ). Sempre há consciência de um ser supremo, de uma mente suprema. 
Alguns dizem que cada homem tem basicamente uma doença chamada 
religiosidade mas, talvez, como diz R. B. Kuiper, seja melhor chamá-lo de 
"constitucionalmente religioso".
1
 Essa qualidade está tão intrinsecamente 
entranhada na natureza humana quanto a própria racionalidade, pois tanto esta 
como aquela fazem parte de sua nobreza de caráter. 
Na Segunda Guerra Mundial dizia-se: "Não há nenhum ateu nas 
trincheiras." Esta é uma verdade básica. Há um incontrolável senso de divindade 
em cada criatura humana, principalmente diante do perigo. 
A religião, na gênese de sua formação, era constitucionalmente 
monoteísta. A Bíblia declara assim, e muito contundentemente o tem 
demonstrado. Wilhelm Schmidt, em sua obra A Origem da Idéia de Deus, declara 
haver chegado, pelo método histórico, à conclusão de que a mais rudimentar 
religião humana era essencialmente monoteísta. 
Alguém poderia perguntar: "Como então há tantas religiões e 
conceitos de deuses no mundo e através da História?" A Bíblia diz que isso foi 
causado pela religião de Caim, pela religião da autonomia, pela teologia natural. 
Observemos: "... Mudaram a verdade de Deus em mentira, adorando e servindo a 
criatura em lugar do Criador." (Romanos 1:25) Sobre isso diz-nos Billy Graham: 
"Certa vez, vi um homem na Índia, deitado sobre um leito de 
pregos. Ele já estava ali havia muitos dias, sem comer, e bebendo pouca água. 
Com isso tentava fazer expiação pelos seus pecados. Em outra ocasião, na África, 
vi um homem caminhar sobre carvão em brasa. Ao que pensava, se ele saísse dali 
ileso teria sido aceito por Deus; se se queimasse, seria considerado pecador, 
necessitado de arrependimento. 
"Certa missionária na Índia, ao passar pelas margens do rio Ganges 
notou uma mulher sentada ali com dois de seus filhos. No colo, estava uma 
belíssima criancinha e, choramingando a seu lado, uma criança bastante retardada 
de cerca de três anos. Ao retornar mais tarde para casa, a missionária viu a jovem 
ainda sentada no mesmo lugar, tentando consolar o filho retardado, mas o bebê 
não estava mais ali. Horrorizada com o pensamento que lhe ocorreu, e que 
poderia ser verdadeiro, ela hesitou um momento, mas dirigiu-se à mulher e 
perguntou-lhe o que acontecera. Com lágrimas escorrendo pelo rosto, a mulher 
ergueu os olhos e disse: "Não sei o seu deus, mas o deus da minha terra exige o 
melhor". Ela dera o bebê perfeito ao deus do Ganges".
2
 
Fora do Caminho da Graça em Cristo, não há caminho a ser feito! 
www.caiofabio.com | www.vemevetv.com.br 
 
Quem pode negar que os fatos narrados acima tenham uma forte 
ligação com o sacrifício de Caim? 
A religião, do ponto de vista humano, sempre é penitenciosa e, por 
conseguinte, busca uma autonomia para a salvação! A Bíblia, no entanto, diz que 
Deus "não se agradou de Caim e de seu sacrifício". 
Marchando, paralelamente, no tempo e no espaço, sempre 
coexistiram dois conceitos de relação com Deus. Como já vimos, ambos bem 
podem ser personificados em Caim e Abel. 
Na Bíblia, no entanto, patenteia-se a realidade de não haver 
qualquer possibilidade de uma relação com Deus que seja comprada pelas obras 
provenientes de um entendimento soberbo pela autonomia que se pensa que o 
homem possui. 
John Bunyan com perspicácia observou: "A religião é a melhor 
armadura que um homem pode ter; mas, como manto, seria o pior."
3
 
A religião natural desenvolveu-se na mente dos homens há milhares 
de anos. Em todas as culturas de povos que já existiram observa-se, sem exceção, 
a presença de alguma crença religiosa. 
Ao contrário do que se pensa com muita freqüência, o monoteísmo 
estribado na revelação de Deus não começou com Abraão em Ur dos caldeus. 
Nele, houve sim, uma volta ao monoteísmo da base primeira, em face da 
autonomia que o homem pensou possuir, que já, àquela altura, evidenciava seus 
resultados, deformando totalmente o monoteísmo original e dando início ao 
politeísmo. Com Abraão, houve o retorno ao monoteísmo calçado pela revelação 
divina. A História, daí para diante, conheceu sempre duas escolas de pensamento 
religioso, escolas que podem ser denominadas naturalistas ou evolucionistas, e 
sobrenaturalistas ou da revelação. A primeira escola ensina que o homem evoluiu 
no curso de sua existência como espécie, aguçando gradualmente o seu senso de 
percepção do divino. A segunda escola postula, com base na revelação de Deus, 
que o homem em seu estado natural de caído não tem qualquer autonomia no seu 
senso do divino, tendo tão-somente consciência de sua existência, mas não, 
meios autônomos de se relacionar com Ele, a não ser através da revelação que 
Deus faz de si próprio. 
O judaísmo e mais tarde o cristianismo foram as únicas religiões 
que mantiveram essa posição de total dependência da revelação divina. 
No judaísmo houve revelações de Deus que se cumpriram na vida 
de Israel como nação, que também anunciavam a futura redenção oferecida a 
todo homem com base na oferta de Abel, ou seja, numa substituição com o 
elemento sangue. Enquanto isso, todos eram salvos nessa esperança e, até fora de 
Israel, muitos aguardaram essa promessa e por ela foram salvos. Sobre o assunto 
observa Billy Graham: "Um famoso conhecedor da Bíblia, o Dr. Donald 
Barnhouse, falou acerca de uma viagem fluvial que teve de realizar, pelo centro 
da África. Logo que entrou no barco, viu uma galinha, e pensou tratar-se do 
almoço deles. Cerca de duas ou três horas depois, ouviu um rumor distante e 
percebeu que se aproximavam de corredeiras. Os homens naturais do lugar, que 
remavam a embarcação, dirigiram-se para a margem do rio, pegaram a galinha, e 
foram para a mata. Fizeram um altar tosco. Antes de oferecerem a ave no altar, 
Fora do Caminho da Graça em Cristo, não há caminho a ser feito! 
www.caiofabio.com | www.vemevetv.com.br 
 
deceparam-lhe a cabeça e espargiram o sangue na parte anterior do bote. O Dr. 
Barnhouse disse que percebeu uma vez mais que, mesmo sem terem ouvido um 
missionário, e sem a palavra de Deus, aqueles homens sabiam que havia 
necessidade de um sacrifício."
4
 
Com o cristianismo, que não é uma religião há apenas dois mil 
anos, porém rotulada nesse tempo, pois ela é apenas o cumprimento histórico de 
antigas promessas feitas por Deus aos israelitas, houve verdadeiramente a plena 
manifestação da relação de Deus com o homem, quando ele mesmo assumiu a 
forma humana e se revelou pessoalmente, encerrando assim toda Revelação, 
como bem nos diz o escritor da epístola aos hebreus: "Havendo Deus, outrora, 
falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais pelos profetas, nestes últimos 
dias nos falou pelo filho a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual 
também fez o Universo!" (Hebreus1:1 e 2) 
Os anos se passaram até que, no cristianismo histórico, o qual se 
distingue do cristianismo bíblico, ocorreu a penetração quase que imperceptível 
da religião natural. Isso aconteceu com o advento de Tomás de Aquino. Na 
concepção de Tomás de Aquino o homem estava caído na vontade, mas não no 
intelecto. Essa teologia abriu no cristianismo histórico uma imensa ponte para a 
religião natural, que entrou sem pedir licença. 
Com a teologia de Aquino, o intelecto humano tornou-se autônomo 
e conseqüentemente capaz de prescindir da Revelação. Aquino partiu da 
perspectiva de que a teologia natural é uma teologia que se poderia formular 
independentemente das Escrituras. Isso certamente implicaria numa filosofia 
religiosa, porém Tomás esperava que resultasse numa harmonia e dizia que 
existia uma correlação entre a teologia natural e a revelação escriturística, ou 
seja, que a mente humana por si só chegaria à conclusão a que as Escrituras 
chegaram. 
Passaram, pois, a coexistir, rotulados com o mesmo nome, dois 
cristianismos. O primeiro, o da revelação verbalizada e proposicional, ou seja, o 
cristianismo das Escrituras. O segundo, o cristianismo evolutivo e histórico, 
dissociado das Escrituras e aliado à autonomia mental do homem filosófico e 
religioso. 
Se pensa-se, com convicção, que a mente humana é autônoma, 
deve-se, por conta desse conceito, sair à procura do lugar do homem no 
Universo, partindo-se, evidentemente, das elucubrações filosóficas e religiosas. 
Foi justamente nesta odisséia espiritual que o homem foi colocado dentro de um 
certo cristianismo, embora permanecesse fora do cristianismo calçado no 
evangelho da paz. 
Com a autonomia religiosa do homem veio também um obstinado 
senso crítico. Foi assim que, dentro do cristianismo, surgiram os seus mais 
perigosos inimigos. Ora, isso é fácil de imaginar-se. Se pode-se prescindir da 
revelação escriturística, pode-se, obviamente, em nome dessa independência, 
criticá-la de acordo com a conveniência de um melhor ajustamento com a 
teologia natural, ou seja, com a teologia das circunstâncias e das contingências. A 
teologia natural não contextualiza as Escrituras às circunstâncias concretas da 
existência, mas tão-somente usa seus símbolos, termos e expressões, destituídos 
Fora do Caminho da Graça em Cristo, não há caminho a ser feito! 
www.caiofabio.com | www.vemevetv.com.br 
 
do sentido original e primário. Trata-se de uma manipulação de termos 
escriturísticos, todavia, tomados apenas para sacralizar os pensamentos da 
teologia natural. 
No entanto, a busca autônoma de Deus, que já havia falhado na 
História inteira, estava também fadada a falhar no cristianismo da teologia 
natural. É nesse cristianismo naturalístico que os teólogos frustrados com a sua 
insatisfação espiritual encontram, ao fim dessa escorregadia escalada, a doutrina 
do Deus morto. Ao afirmarem a morte de Deus eles estão dizendo de duas uma 
coisa: ou que Deus nunca existiu ou que ele é incognoscível, a nível de uma 
busca exaustiva de conhecimento de sua realidade. 
Depois do fracasso, no entender de Francis A. Schaeffer, poderiam 
ter feito duas coisas a fim de continuarem no campo racional e lógico, ao invés 
de terem caído no irracional místico de terem fé na fé. Poderiam ter abandonado 
seu racionalismo fracassado e voltado à teologia bíblica da Reforma, a qual 
tinham rejeitado com base nas pressuposições naturalísticas; ou poderiam tornar-
se niilistas no que se refere ao pensamento e à vida. Porém, em vez de 
escolherem uma destas duas alternativas racionais, escolheram um terceiro 
caminho, exatamente como os filósofos: um terceiro caminho inconcebível para 
o homem culto antes disso, que implicava numa divisão no conceito de verdade, 
pois caíram no paradoxal "absoluto do relativismo". Quando dizemos absoluto do 
relativismo é porque, ao afirmarem que não há uma verdade absoluta na vida, 
eles estão colocando o relativismo como um absoluto. Além dessa posição em 
prol do relativismo, eles caíram na irracionalidade de crerem em Deus, mesmo 
partindo do pressuposto de que Ele é inatingível, ou melhor, não pode ser 
experimentado. Ilustração dramática disso, é-nos dada por Ruben Alves, em 
entrevista concedida ao jornal Kairós Momento, da Aliança Bíblica 
Universitária: "Ah! Deus tem de existir. Eu aposto na existência d´Ele, embora 
eu não possa provar, tenho apenas indicações". É aí que Ruben Alves se torna 
mais grave e fala como se estivesse narrando o saldo de mortos e feridos de uma 
batalha. Para ele, Deus é inatingível pelo conhecimento, e resta somente o salto 
irracional da fé", diz o articulista do Kairós. "É como um salto de pára-quedas. 
Você tem de confiar que vai abrir. Deus não pode ser conhecido porque o justo 
viverá da fé. Se eu posso conhecê-lo, então, para que a fé?"
5
 Assim, numa linha 
Kierkegardiana, Ruben Alves não busca fundamentação racional de Deus e da fé. 
Como ele, há milhares de cristãos nos nossos dias. Podemos mesmo afirmar que 
todos quantos não admitem a Bíblia como a Palavra de Deus, e não voltaram ao 
cristianismo das Escrituras, estão nessa desalentadora situação de terem 
construído um sistema autônomo que falhou na busca de Deus. Pois, segundo 
Ruben Alves, a única Palavra de Deus que a Bíblia define, é a intenção de Deus 
de estar sempre criando. "Se eu leio corretamente a Bíblia, a Palavra de Deus, 
imutável, é a sua intenção criadora, o que não significa que Deus faça sempre as 
mesmas coisas." Ora, com esse tipo de concepção, o melhor que se faz é desistir 
de tentar conhecer esse Deus cuja imutabilidade está no fato de que ele 
estabeleceu mudar freqüentemente. Com base em tamanha criatividade, não há 
homem que possa conhecer e andar com esse Deus. Para tais homens, Deus está 
morto na prática e vivo apenas como concepção vaga e etérea. Para que eles 
Fora do Caminho da Graça em Cristo, não há caminho a ser feito! 
www.caiofabio.com | www.vemevetv.com.br 
 
consigam continuar sobrevivendo nesse mundo é preciso arregimentar toda fé 
que possam para então canalizarem-na numa fé cega e incomunicável. 
As alternativas que a religião moderna está propondo são 
basicamente as seguintes: 
 
1) O pan - homo - ismo. Pode ser percebido e entendido pela 
poética conclusão de Ludwig Fernebach: "A consciência de Deus é 
autoconsciência, o conhecimento de Deus é autoconhecimento. A religião é o 
solene desvelar dos tesouros ocultos do homem, a revelação dos seus 
pensamentos íntimos, a confissão aberta dos seus segredos de amor".
6
 Eu 
chamaria essa declaração não de "Panteísmo", nem de "Pantodo-ismo", mas de 
"PAN-HOMO-ISMO", pois a pressuposição é que Deus está em todo homem, e 
que conhecer-se a si mesmo é conhecer a Deus. Todavia, se fosse assim, 
cairíamos na tragédia de que a nível individual Deus só seria Deus no impossível 
ajuntamento das intimidades e conhecimentos próprios, que são sempre 
insondáveis. Portanto, se essa teoria fosse prática, eu estaria perdido na escuridão 
de uma teologia auto-psicanalítica, pois o eu-meu-Deus nada responde a mim 
mesmo, porque, se nele houvesse respostas, nada se lhe necessitaria perguntar, 
pois é de se supor que haveria um subconsciente estado de paz e harmonia, mas 
isso não acontece. Também em termos coletivos, sociais, comunitário etc... a 
teoria não é prática, pois o Deus não integra o coletivo na experiência mútua, não 
tendo, portanto, nenhuma utilidade tanto no mundo individual e interior de cada 
homem, quanto no seu ambiente coletivo de existência. 
 
2) A religião dos símbolos e das configurações imaginárias. 
Observemos um texto bastante significativo que se propõe a codificar o 
pensamento da religião dos símbolos e das configurações imaginárias: "para a 
religião, não importam os fatos e as presenças que os sentidos podem agarrar. 
Importam os objetos que a fantasia e a imaginação podem construir. Fatos não 
são valores: presençasque valem o amor. O amor se dirige para coisas que ainda 
não nasceram, ausentes. Vive do desejo e da espera. E é justamente aí que 
surgem a imaginação e a fantasia, encantações destinada a produzir... a coisa que 
deseja..." Concluímos, assim, com honestidade, que as entidades religiosas são 
entidades imaginárias. 
"Sei que tal afirmação parece sacrílega. Especialmente para as 
pessoas que já se encontraram com o sagrado. (Para o autor do texto toda 
experiência religiosa é válida, pois não há racionalidade nem objetividade na 
religião.) De fato, aprendemos desde muito cedo a identificar a imaginação com 
aquilo que é falso... Não, não estou dizendo que a religião é apenas imaginação, 
apenas fantasia. Ao contrário, estou sugerindo que ela tem o poder, o amor, e a 
dignidade do imaginário. Mas para elucidar declaração tão estapafúrdia, teríamos 
de dar um passo atrás, até lá onde a cultura nasceu e continua a nascer... Por que 
razões os homens fizeram flautas, inventaram danças, escreveram poemas, 
puseram flores nos seus cabelos e colares nos seus pescoços , construíram casas, 
pintaram-nas de cores alegres e puseram quadros nas paredes? Imaginemos que 
estes homens tivessem sido totalmente objetivos, totalmente verdadeiros - sim, 
Fora do Caminho da Graça em Cristo, não há caminho a ser feito! 
www.caiofabio.com | www.vemevetv.com.br 
 
verdadeiros! Poderiam eles ter inventado coisas? Onde estava a flauta antes de 
ser inventada? E o jardim? E as danças? E os quadros? Ausentes. Inexistentes. 
Nenhum conhecimento poderia jamais arrancá-los da natureza. Foi necessário 
que a imaginação ficasse grávida para que o mundo da cultura nascesse. 
Portanto, ao afirmar que as entidades da religião pertencem ao imaginário, não as 
estou colocando ao lado do engodo e da perturbação mental. Estou apenas 
estabelecendo sua filiação e reconhecendo a fraternidade que nos une."
7
 
Ao tentar colocar a religião como filha do imaginário, o autor do 
texto pretende concluir com uma espécie de objetividade secundária, ou seja, se a 
religião é filha do imaginário tanto quanto a flauta, a dança, o jardim, etc. Então 
ela seria imaginária na concepção, mas objetiva no parto e daí em diante. 
Portanto, ele pretende colocar-nos diante do fato de que há uma realidade 
objetiva na religião agora, como existe com as coisas inventadas, uma vez 
executadas. Entretanto, o argumento não satisfaz no caso de coisas abstratas 
como a religião, pois no máximo o que se inventaria, para além da idéia, seriam 
os símbolos naturais que transubstanciaram a natureza para configurar as idéias e 
transubstanciaram as idéias para sacralizar a natureza, coisas que em si não 
preenchem nem satisfazem a um homem honesto na sua busca de sentido, 
vontade e razão para a vida, pois uma "idéia" é sempre posterior àquele que 
pensa, logo "Deus", a "religião" e a "Fé" seriam coisas tanto criadas, como 
subordinadas e dependentes dos homens. Esse fato pode ser admitido quando se 
estuda a fenomenologia das religiões, mas não quando incluímos o cristianismo 
nesse nível de argumentação, pois as origens do cristianismo estão no Cristo 
eterno, a menos que tenhamos abdicado dos nossos pressupostos e fatos cristãos. 
Nesse caso, também não usemos a palavra "cristão", sem conotação bíblica, 
apenas para rotular o nosso irracional desejo de sermos bons. O cristianismo não 
pode ser dissociado da sua confissão de fé. Se o for, é qualquer "coisa-boa", 
menos cristianismo. Talvez pudéssemos chamar de um Clik-bom ou de Tik-bom. 
Assim seríamos mais coerentes. 
Ao tratar da religião e seus símbolos como coisas necessárias à 
vida, alguém disse: "É verdade que os homens não vivem só de pão. Vivem 
também de símbolos, porque sem eles não haveria ordem, nem sentido para a 
vida, nem a vontade de viver. Se pudermos concordar com a afirmação de que 
aqueles que habitam um mundo ordenado e carregado de sentido gozam de um 
senso de ordem interna, integração, unidade, direção e se sentem efetivamente 
mais forte, para viver, teremos então descoberto a efetividade e o poder dos 
símbolos e vislumbrado a maneira pela qual a imaginação tem contribuído para a 
sobrevivência dos homens."
8
 
Os símbolos que o texto menciona são destituídos de razão 
primária, possuindo apenas razão secundária, posterior à idéia, sendo, portanto, 
coisas sem sentido em si mesmas, mas apenas absurdos referenciais de 
esperança. Já a alusão à "vontade de viver", como sendo oriunda da esperança 
dos símbolos, é algo tão irracional quanto o desejo e a vontade de sexo. Por que 
alguém deseja possuir uma mulher que de repente passa no caminho? Não há 
resposta racional apesar das "explicações" da estética, da biologia e da 
psicologia. É uma questão de desejo. Nesse caso, se o desejo de viver é tão 
Fora do Caminho da Graça em Cristo, não há caminho a ser feito! 
www.caiofabio.com | www.vemevetv.com.br 
 
desejo quanto é o de possuir uma mulher, então o que se está propondo é uma 
espécie de irracional emulação existencial, e a intensidade e ebulição desse 
desejo seria uma tara existencial. 
Para tragédia do homem e da religião do século XX, o Deus 
primeiro está morto. Resta apenas a possibilidade de ressuscitá-lo através de um 
milagre de objetividade secundária, seja através dos símbolos e idéias, ou através 
de uma espécie de divinização do consciente coletivo. Como alguém disse: 
"Nascemos fracos e indefesos; incapazes de sobreviver como indivíduos 
isolados; recebemos da sociedade um nome e uma identidade; (...). É 
compreensível que ela seja o Deus que todas as religiões adoram..."
9
 
Ao ler textos como esse, lamento que o drama de Abel e Caim 
continue a ser repetido. Lamento que a religião dos frutos da terra continue a ser 
cultuada. Entristeço-me por ver tanta solidão na vida do homem que se deixa 
levar pela idéia de que "um Deus de símbolos" pode preencher o coração que o 
concebeu. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BIBLIOGRAFIA SUMÁRIA 
 
(1) KUIPER, R. B. A Evangelização Teocêntrica. S. P., 
Publicações Evangélicas Selecionadas, 1976. 
(2) GRAHAM, Billy, Como Nascer de Novo. s. ed. Minas Gerais, 
Editora Betânia, 1977, pág. 49. 
(3) Apud Graham, op. cit. 
(4) Id., op. cit. 
(5) Ruben Alves, in "Kairós Momento", S. Paulo, ABU Editora, 
junho de 1981. 
(6) ALVES, Ruben. O Que é Religião. s. ed. S. Paulo, Editora 
Brasiliense, 1981. 
(7) Ibid. 
(8) Id., ibid. 
(9) Id., ibid. 
 
 
 
 
 
 
 
Fora do Caminho da Graça em Cristo, não há caminho a ser feito! 
www.caiofabio.com | www.vemevetv.com.br 
 
3 
 
O SISTEMA FILOSÓFICO 
 
 
Conceitos originais de filosofia 
 
A Filosofia como sistema surgiu em meio à História humana. Não 
é tão antiga quanto o sistema religioso, porém remonta, historicamente, às mais 
pródigas culturas da antiguidade. Aí também encontramos as suas raízes 
acadêmicas. 
Voltando a esse começo, devemos pensar na cultura egípcia e no 
Livro dos Mortos; na cultura da Mesopotâmia e nos seus sistemas filosóficos em 
torno da influência dos astros; nas filosofias iranianas e nas filosofias hindus com 
a negação do mundo visível. Entretanto, a Filosofia, no seu conceito natural, é 
tão antiga quanto a própria necessidade humana de encontrar sentido e finalidade 
no Universo. 
Num certo sentido, cada homem é um filósofo, desde que se 
entenda por filosofia qualquer conceito que se correlacione intrinsecamente com 
o homem. Todo homem vivo é um filósofo em potencial, em face de que 
ninguém vive sem um conceito de vida. Aliás, isso é verdade até mesmo na mais 
lídima forma da filosofia, pois sabemos que os grandes filósofos já nasceram 
com essa inclinação. As academias do pensamento foram conseqüência dos 
pensamentos que emergiram do grande mar das conceituações humanas, de 
forma totalmente espontânea e livre. 
A Filosofia, no seu sentido acadêmico, no entanto, assim pode ser 
definida: uma tentativa de correlação de todo o conhecimentoque existe a 
respeito do Universo, numa forma sistemática, a ela se integrando a experiência 
humana. Portanto, o conhecimento das coisas que nos rodeiam está intimamente 
ligado aos nossos atos no contexto que nos cerca. Dependendo do que eu penso, 
é como eu ajo. 
Quando se pensa em filosofia acadêmica, focaliza-se sempre a 
Grécia. Na verdade, foi lá que, na História do homem, houve o levantamento das 
grandes questões da existência humana. Mestres na arte de divagar, nas 
abstrações e no raciocínio, os gregos da grande época plantaram as sementes que 
germinariam mais tarde em todas as culturas do mundo, muito especialmente na 
do Ocidente, e das quais, ainda hoje, colhemos os frutos. Tendo levantado todas 
as questões básicas da existência, os gregos propiciaram aos pensadores do 
Ocidente limitarem-se apenas a retomar as teorias que já haviam sido expostas. 
Como já vimos no capítulo primeiro deste livro, todos os sistemas 
do pensamento humano visam, consciente ou inconscientemente, recuperar o 
lugar primeiro do homem, sua paz, e seu propósito na existência. A genealogia 
da crise filosófica do homem, especialmente a do século XX, bem pode ser 
Fora do Caminho da Graça em Cristo, não há caminho a ser feito! 
www.caiofabio.com | www.vemevetv.com.br 
 
entendida à luz de dois eventos. Primeiro, o da queda, como narrado nas 
Escrituras. Segundo, o da influência que os sistemas gregos impuseram à 
filosofia e cultura do homem moderno. 
A crise básica do homem é estar separado de Deus pela sua total 
ausência da verdade, num mundo onde os absolutos de Deus foram rejeitados. 
Para alguns, há uma crença num DEUS incognoscível, cuja realidade não pode 
ser experimentada, visto acreditar-se haver uma total dualidade entre o mundo 
numênico (mundo do espírito) e o mundo fenomênico (mundo da natureza). 
Baseado nesse pressuposto, todo raciocínio termina num acaso, num 
despropósito. 
Se o homem não reconhece seus próprios limites, perde-se no 
insucesso ao investigar a verdade dos fatos primeiros. Platão admitiu a 
necessidade de critérios e a impotência da mente humana, no que tange a 
desvendar os mistérios da existência, quando, no Fedo, pág. 85, põe na boca do 
personagem Simias, as seguintes palavras: "Pois ouso afirmar que tu, ó Sócrates, 
sentes, como eu, quão difícil ou quase impossível é a aquisição de qualquer 
certeza em problemas como este. E, todavia, consideraria covarde aquele que não 
provasse o mais possível o que é dito acerca deles, ou cujo coração falhasse antes 
de os ter examinado por todos os lados. Pois devia perseverar até que atingisse 
uma das duas coisas ou descobriria ou aprenderia a verdade a respeito deles; ou, 
se isso fosse impossível, eu gostaria que ele tomasse o que há de melhor e mais 
irrefragável nas tradições humanas e deixasse que isto fosse a jangada sobre a 
qual navegasse a vida - Não sem risco, como penso, se não puder achar qualquer 
revelação de Deus, que o transporte, com mais segurança e sem perigo."
1
 Platão 
reconheceu aí, que a única coisa capaz de afiançar a verdade e dar segurança ao 
homem, em áreas onde este percebe sua impossibilidade de ser autônomo, no que 
diz respeito a um descobrimento intelectual, é uma revelação de DEUS. 
Infelizmente, o homem do século XX tem deificado sua própria 
mente numa total ausência de reconhecimento de sua não-autonomia, o que tem 
levado milhões à frustração. Ao perceber que todo o seu sistema vagueia sobre o 
éter das pressuposições, o homem se desespera num Universo sem respostas. Isto 
ocorre em face do falso conceito que o homem possui de que todas as respostas 
sobre "o princípio" e "a existência" devem partir de si mesmo, de suas próprias 
cogitações. Como isso não acontece, ele se torna um desesperado. 
 
 
O dogma da matéria primária 
 
 
No século XX, erigiu-se uma filosofia anti-filosófica cujas idéias 
são as do absurdo. Postulam seus protagonistas que não há sentido e propósito na 
existência. Como resultado disso, não é de se estranhar o estado de insuportável 
cansaço e total morbidez minando no homem o seu desejo de encontrar a 
verdade, em meio às frustrações filosóficas existentes no decurso da História 
humana. Elaboram, portanto, todo um sistema de niilismo filosófico a partir dos 
elementos existentes. Olharam para esses elementos com o descaso que só se 
Fora do Caminho da Graça em Cristo, não há caminho a ser feito! 
www.caiofabio.com | www.vemevetv.com.br 
 
olha para o "nada", o qual não carece de explicações sobre sua existência, pois é 
simplesmente inexistente; existindo apenas em oposição referencial àquilo que 
existe. 
No esforço que o homem tem feito para desvendar os mistérios que 
envolvem a silenciosa eternidade e a assombrosa existência do Universo, sempre 
tem partido, em razão de sua própria limitação ( ainda que tantas vezes não a 
reconheça ), daquilo que podemos chamar o "dogma da matéria primária", a fim 
de elaborar todas as suas pressuposições. 
Não haveria problema algum em se fazer suposições a partir de 
"alguma coisa" já existente, desde que se admitisse que "alguma coisa" não é 
filha do nada, a menos que a "voz" do Onipotente assim o ordene. Mas, 
normalmente, a metafísica do homem do século XX é tão dogmática quanto a de 
Epicuro, fundador do epicurismo, que elaborou, há mais de 2.000 anos, toda a 
sua cosmologia, partindo da matéria existente ( Átomos ) e esquecendo-se de 
qualquer explicação para essa existência primária. Assim fazendo, colocou-se em 
total ateísmo. 
Nosso raciocínio não postula que DEUS seja um "tapa buracos", 
mas no pensamento de muitos, no século em que vivemos, há um dogmatismo 
maior do que a fé que possa ser exigida em qualquer área da teologia cristã. Lê-
se com frequência, de ateus que têm escrito alguma coisa sobre o princípio, mais 
ou menos a mesma coisa que uma cozinheira faz quando dá a receita de um bolo. 
Para o ateu, as pressuposições sempre partem de algum material já existente: 
energia, movimento, matéria, gases, etc... Parece-nos bastante razoável, exigir-se 
de uma cozinheira que não crê que o trigo, o fermento, o leite, o açúcar e os ovos 
foram feitos por alguém ou que procedam de alguma fonte de existência superior 
a eles, que faça o seu bolo partindo do "Nada", para depois então dizer, 
soberbamente: "Aqui está o bolo! Fi-lo sem que nada existente tivesse 
contribuído". 
Achamos bastante interessante, ao lermos trabalhos escritos pelas 
greis atéias, notar que as suas cogitações são: ("Não há DEUS"). No entanto, 
num dogmatismo bastante ingênuo, elaboram seu sistema ateu em "bases já 
existentes". Falam eles em movimento, força, etc. Ora, força e movimento estão 
intrínseca e inseparavelmente correlacionados. É por seu movimento que um 
agente pode exercer uma força. E um movimento estará sempre relacionado a 
uma força anterior, de forma que não se sabe bem que gerou força. Força e 
movimento representam dois aspectos de um mesmo fenômeno. Mas como 
teríamos movimento sem força e força sem movimento? Portanto, se 
começarmos do "Nada-Nada" mesmo, a inexistência e a inércia reinarão para 
sempre. Cremos que o ateísmo sempre foi e será um sistema dogmático limitado 
pela impotência do seu criador, o homem. Se começarmos o nosso pensamento 
do "Nada-Nada", e não "Nada-Algo" e do "Algo-Nada", ficaremos sempre no 
Niilo. O homem é um criador que só pode partir do primário da existência. 
DEUS, sim, é o único que pode partir do "Nada-Nada". 
Para irracionalidade e alienação do homem moderno, todos os 
sistemas filosóficos atuais, que buscam estudar o Universo e suas origens 
principiam por uma total autonomia de raciocínio e, em consequência, 
Fora do Caminho da Graça em Cristo, não há caminho a ser feito! 
www.caiofabio.com | www.vemevetv.com.br 
 
pressupõem a partir do que está feito, sem que, humildemente, reconheçam já 
terem feitas essas coisas. Eu porém afirmo: É muito fácil ser ateu a partirdo que 
já está feito, o impossível é sê-lo a partir do "Nada-Nada". 
A despeito dessas teses de um Universo descriado serem 
dogmáticas e simplistas no seu raciocínio metafísico, elas têm impingido ao 
homem moderno o desespero de ser filho do dogma ateu. 
 
 
A metafísica do impessoal 
 
 
Quando nos referimos ao homem moderno como um "todo" em 
aquiescência a esses sistemas, é em função do que é normalmente ensinado nas 
Universidades e na literatura popular. Há, em verdade, um número reduzido de 
ateus, mas são justamente eles que estão tomando as iniciativas de divulgar suas 
idéias numa pregação cheia de ardis e hiperbolismos. Sabemos haver um grande 
número de pessoas que, embora crendo na existência de Deus, vivem enormes 
dramas interiores. As estatísticas revelam que 96% dos ingleses crêem na 
existência de um DEUS. Mas, para a maioria dessas pessoas, DEUS é um SER 
distante, alienado por vontade própria, perdido num Universo sem paredes e 
totalmente incognoscível para o homem. Não é de admirar que tais pessoas lutem 
entre o pessoal e o impessoal, entre o DEUS-Ser e o DEUS-Energia. 
Há, na presente ordem de coisas, como nunca, uma tendência 
enorme para duas posições metafísicas, distantes apenas por uma sutileza 
semântica. A primeira pode ser muito bem ilustrada por uma declaração de 
Bertrand Russel no livro Culto ao Homem Livre, onde ele afirma "que o homem 
é o produto de causas que não tinham nenhuma previsão do fim que iriam atingir; 
que sua origem, crescimento, esperanças e temores, amores e crenças são 
unicamente o resultado acidental de colocação de átomos; que nenhum fogo, 
nenhum heroísmo (...) pode preservar uma vida individual após a sepultura (...), 
que o templo inteiro das conquistas do homem deve ser inevitavelmente 
enterrado sob os escombros de um universo e ruínas - todas estas coisas, se bem 
que não estejam livres de serem questionadas, apresentam ser tão certas que 
nenhuma filosofia que as rejeitar poderá esperar sobreviver".
2
 Esta é, sem dúvida, 
a metafísica do absurdo, da casualidade e do desespero. 
A segunda posição metafísica reside na atenuada crença em DEUS. 
Mas, a natureza e a existência desse DEUS são impessoais. Assemelha-se tal 
pensamento ao conceito estóico da natureza de DEUS, segundo o qual DEUS não 
tem interesse nos problemas pessoais do homem, pois ELE não é pessoal. 
Quando, há pouco, nos referíamos aos dois sistemas acima 
mencionados como sendo distintos apenas numa sutileza semântica, fizemo-lo 
pela consciência que temos de que, em última análise, não há muita diferença 
para o homem se DEUS existe como energia impessoal ou não existe, visto que, 
em ambos os casos, esse DEUS não se relaciona com o homem. No segundo 
caso, pela impessoalidade de sua existência; no primeiro, pela inexistência de sua 
existência. 
Fora do Caminho da Graça em Cristo, não há caminho a ser feito! 
www.caiofabio.com | www.vemevetv.com.br 
 
Como já vimos, no pensamento secular hodierno, na melhor das 
hipóteses, tem-se um DEUS-Impessoal, incapaz de atuar na vida dos homens e 
nos seus destinos. Repete-se, portanto, a tragédia grega: "Ora os deuses 
controlavam os destinos, ora os destinos controlavam os deuses."
3
 
As muitas vezes em que ouço a palavra DEUS, tenho tido o 
cuidado de verificar a que DEUS a palavra faz referência, visto que nenhuma 
outra palavra há sido usada para significar sentidos tão opostos. Não é a palavra 
DEUS o que importa objetivamente para tirar o homem do seu desespero, mas 
sim o verdadeiro conceito de DEUS. Platão entendeu a necessidade e a realidade 
da existência de DEUS. Mas não contava ele com qualquer revelação de DEUS, 
e os deuses do seu conhecimento eram pequenos demais para suprir tão grandes 
necessidades interiores. 
Quando alguém crê num DEUS-Impessoal (Energia, Razão Última, 
Ordem Superior) está crendo num DEUS tão inoperante e estéril para satisfazer o 
espírito humano quanto o que crê em um não-Deus, ou seja, um DEUS que não 
se relaciona como DEUS com o homem, visto que, o homem como ser pessoal e 
consciente é superior a esse DEUS, pois o homem tem consciência de si, porém a 
existência impessoal não se conhece. E se DEUS não é DEUS na Sua relação 
com o homem, este deve entender-se autônomo, o que o leva ao desespero de 
estar só. 
Cremos ser necessário advertir que seja qual for o pensamento 
aceito - DEUS-Energia ou Ateísmo - ambos levantam um monumento e o 
erguem sobre uma só pedra, um só sistema. Trata-se do sistema monolítico do 
desespero, e, nos dois casos, o homem está abandonado no Universo, sem um 
ponto infinito como referência. 
 
 
A filosofia de hoje 
 
 
Hoje, conscientemente, o que se pode dizer é que a Filosofia no seu 
sentido original está morta. Não há, nos dias atuais, filosofias no sentido clássico 
do termo. Há sim, no pensamento filosófico vigente, um posicionamento anti-
filosófico. Não mais crêem os pensadores de hoje que alcançarão qualquer 
resposta racional para a existência. A filosofia do século XX foi batizada pelo 
sacerdote do absurdo, com o nome de Existencialismo, o qual ainda se apega ao 
conceito clássico de filosofia, aceitando, todavia, a total dicotomia entre a 
racionalidade e a esperança. Em outras palavras: o conceito clássico de filosofia 
foi colocado no plano da esperança irracional. 
Sobre o existencialismo secular, o Dr. Francis Schaeffer4, no seu 
livro A Morte da Razão, analisa o pensamento do seu maior expoente em nossos 
dias, Jean-Paul Sartre: "Racionalmente, o Universo é absurdo e o homem deve 
buscar autenticar-se a si mesmo. Como? Mediante um ato de vontade. Assim, se 
você estiver andando de carro pela rua e avistar alguém na calçada sob forte 
chuva, você pára o carro, e apanha a pessoa e lhe dá carona. É absurdo. Que 
importa? A pessoa nada é, a situação de igual modo nada é, mas você se 
Fora do Caminho da Graça em Cristo, não há caminho a ser feito! 
www.caiofabio.com | www.vemevetv.com.br 
 
autenticou mediante o ato da vontade. A dificuldade, entretanto, é que a 
autenticação não tem conteúdo racional ou lógico - todas as direções de um ato 
de vontade são iguais. Portanto, de maneira semelhante, se você está dirigindo 
numa rua e avista um homem na chuva, e acelera o carro e o atropela, você 
autenticou sua vontade na mesma medida. Entendeu? Assim, pranteie pelo 
homem moderno posto em situação tão desesperançosa."
4
 
É em razão de uma ideologia sem critérios e princípios absolutos, 
que Sartre autenticou a sua vontade, quando com muita freqüência esteve 
envolvido com o governo francês por atitudes à margem da lei. 
O mal e a virtude nada são. Estão sujeitos à casualidade e ao 
capricho. Isto é angustiante. 
Desapareceu qualquer esperança de harmonia entre o mundo 
numênico e o mundo fenomênico, vindo definitivamente o pensamento que 
motivou e tem motivado de modo negativo as idéias de filósofos, teólogos, 
políticos, cientistas, industriais e hippies. 
De acordo com o Dr. Schaeffer o diagrama do pensamento 
moderno é o seguinte: 
 
"O otimismo deve ser não-racional." 
 
Toda racionalidade = pessimismo 
 
Acrescenta Schaeffer: "A situação agora se pode resumir no 
seguinte: abaixo da linha há racionalidade e lógica. O andar superior abriga o não 
lógico e o não racional. Não há relacionamento entre os dois níveis. O homem 
não tem significado, não tem propósito, não tem sentido. Há apenas pessimismo 
quanto ao homem como homem. Mas, em cima, como num salto não-racional, 
não razoável, há uma fé não-racional que dá otimismo. Esta é a total dicotomia 
do homem moderno"
5
. 
Podemos categoricamente afirmar que a Filosofia não foi, nem será 
jamais o sistema usado para reaver as perdas sofridas pelo homem oriundas da 
queda, continuando assim, esse mesmo homem, totalmente perdido e separado de 
DEUS. Esse é o desespero. 
 
 
 
BIBLIOGRAFIA SUMÁRIA 
 
(1) TENNEY, Merrill. O Novo Testamento, Sua Origem e Análise.

Continue navegando

Outros materiais