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USJT Introdução ao processo civil aulas 2, 3 e 4 1ª metade

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USJT – Introdução ao processo civil – Aulas 2, 3 e 4 (1ª metade) –17.3.2017, 24.3.2017 e 31.3.2017
Princípios do Direito Processual Civil
1. O que são princípios? 
Definição: “Princípios são orientações, caminhos a serem seguidos, ou, ainda, “pautas directivas” que não possuem o caráter de regras a ponto de servirem de solução concreta de problemas, mas que orientam a solução dos problemas na direção do que for mais justo.” Bonizzi, p. 22.
distinção entre princípios e regras: O gênero norma jurídica se subdivide em duas espécies: princípios e regras.
Regras são normas com alto grau de determinação, aplicáveis ou inaplicáveis ao caso concreto. Possuem estrutura concreta e simples: basta verificar se o caso concreto se aplica à hipótese prevista na norma.
Princípios são normas com alto grau de abstração e generalidade, que podem ser realizados gradativamente, a depender das condições fáticas e jurídicas, possuindo por isso caráter relativo. Como não descrevem situações fáticas, mas apenas prescrevem determinado valor, sua aplicação depende mais do intérprete, o método é mais complexo.
2. Onde encontrar os princípios?
Constituição: O estudo do processo civil não se esgota no Código de Processo Civil. Outras leis e até mesmo a Constituição Federal contêm disposições que tratam da matéria. 
A Constituição prevê diversos princípios processuais (ou seja, que projetam efeitos para o processo civil), como forma de garantir o acesso à justiça, mediante a obtenção em tempo razoável de uma decisão de mérito justa e efetiva. (Dinamarco, Lopes, p. 54).
“Direito processual constitucional é o método consistente em examinar o sistema processual e os institutos do processo à luz da Constituição e das relações mantidas com ela.”
CPC: logicamente, também há princípios processuais previstos no próprio CPC
Princípios não positivados: alguns princípios não estão expressamente positivados em dispositivos de lei, mas existem mesmo assim.
Os princípios terão influência sobre todos os institutos processuais que estudaremos ao longo de cinco anos de curso.
3. Princípios em espécie
3.1. princípios constitucionais
Obs.: alguns princípios constitucionais podem ser repetidos em lei infraconstitucional (no código de processo civil, por exemplo) e isso não afasta sua natureza constitucional
inafastabilidade do controle jurisdicional (art. 5º, XXXV, CF): representa a proibição de o Poder Legislativo criar regras que inviabilizem, dificultem ou restrinjam o acesso ao Poder Judiciário.
Não quer dizer que todos os processos terão resultado favorável ao autor (pode ser que o pedido não seja apreciado no mérito ou que o réu seja vencedor) – o que se garante é a possibilidade de acionar o Poder Judiciário.
Embora o comando diga respeito ao Legislador, ninguém pode impedir outra pessoa de ajuizar ação;
Abrange a proteção a direitos lesados ou ameaçados (ação preventiva – exemplo: saúde).
Contraditório (art. 5º, LV, CF): na concepção clássica, representa a garantia a ambas as partes de terem conhecimento do processo, de todos os seus atos, e de poderem reagir diante de atos desfavoráveis.
Informação/reação (obrigatório); ciência/resistência (facultativo).
Atualmente, entende-se que o contraditório inclui também o direito de a parte influir na convicção do julgador, entendendo-se o processo como diálogo, como cooperação.
Dois destinatários da garantia: legislador deve instituir meios para que as partes participem efetivamente do processo; e juiz deve criar condições para que esses meios sejam observados.
Como desdobramento da possibilidade de influir no convencimento do julgador, há o dever de o juiz levar em consideração na sua decisão as alegações das partes (dever de fundamentação; ônus argumentativo).
Contraditório pode ser diferido (postergado, adiado) em caso de urgência, mas nunca suprimido em prejuízo da parte que não teve oportunidade de se manifestar.
ampla defesa (art. 5º, LV, CF): complemento, esclarecimento quanto ao modo de ser da garantia do contraditório;
Prazos razoáveis para manifestação, possibilitando estudo e elaboração de peças processuais adequadas para a defesa dos interesses do cliente;
Prova (requerimento e participação na produção).
Não significa que todas as provas requeridas terão que ser produzidas, mas somente aquelas que forem pertinentes.
vedação da utilização das provas ilícitas (art. 5º, LVI, CF): para que determinada prova possa ingressar no processo, ser considerada pelo juiz como elemento de formação do convencimento (sendo, portanto, relevante para o julgamento do processo), ela deve ter sido obtida por meio lícito;
Excluem-se as provas obtidas mediante crime, ou ilícito civil, mesmo que demonstrem a verdade.
Se a única prova capaz de demonstrar um fato tiver sido obtida ilicitamente, então o fato tem que ser tido como não provado.
Teoria dos frutos da árvore envenenada: provas derivadas das informações obtidas por meios ilícitos não são admissíveis.
motivação (art. 93º, IX, CF): quando decidir, o magistrado tem que apresentar razões de fato e de direito que o levaram à conclusão a que chegou de maneira clara, coerente e suficiente, sob pena de nulidade;
Motivação deve relacionar de verdade os fatos e as provas à decisão, não pode ser genérica (ou meramente formal);
A fundamentação se refere aos fatos (dentre os fatos alegados, quais se considera que ocorreram e que consequências isso tem no processo) e ao direito (diante dos fatos demonstrados, quais regras se aplicam ao caso e por que, e qual o resultado da demanda).
Livre convencimento motivado: magistrado pode apreciar a prova livremente, desde que apresente as razões de seu convencimento (oposto de prova tarifada).
Publicidade (art. 93, IX, CF): a existência e os elementos do processo são abertos e acessíveis ao público em geral, permitindo a qualquer cidadão interessado que obtenha informações a seu respeito.
Engloba livre consulta aos autos e documentos do processo, acesso a audiências, que devem ser realizadas a portas abertas, publicidade e livre acesso a sessões de julgamentos de recursos e ações de competência originária dos Tribunais, consulta dos resultados dos julgamentos, transmissão televisiva ou por internet das atividades dos órgãos jurisdicionais (TV Justiça);
Comporta exceções, se violar outros direitos e garantias fundamentais (art 5º, LX, CF), especialmente a intimidade, privacidade e imagem;
duplo grau de jurisdição (sem previsão expressa): possibilidade de submissão da mesma causa para reexame por órgão hierarquicamente superior visando à obtenção de resultado favorável;
Poder Judiciário se divide em órgãos, sendo o primeiro grau o do juiz que tem contato com as partes e profere a sentença; o segundo grau é o dos desembargadores, que julgam recursos. Tribunais superiores não são terceiro grau, têm função diferente (de sobreposição, unificação da jurisprudência).
Não é absoluto: (i) causas julgadas direto pelo STF não admitem recurso para outro órgão; (ii) recurso pode ser julgado pelo mesmo órgão que proferiu a decisão (causas inferiores a 50 OTNs terão recurso analisado pelo próprio juiz); (iii) recurso pode ser julgado por órgão da mesma hierarquia do prolator, embora pessoas diferentes (recurso inominado, JEC);
juiz natural (art. 5º, LIII e XXXVII, CF): ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente e não haverá juízo ou tribunal de exceção (ou seja, tribunal criado após o fato)
necessidade de verificação das regras de competência
o juiz também deve ser imparcial (Código de Processo Civil tem regras sobre suspeição e impedimento)
impossibilidade de escolher o juiz (aplicação prática da discussão em caso de intervenção de terceiros)
duração razoável do processo (art. 5º, LXXVIII, CF): Estado tem dever de prestar a tutela jurisdicional em prazo razoável
não há parâmetros objetivos para definir qual seria um prazo razoável para a duração de um processo
a duração de um processo depende de vários fatores (endoprocessuais eextraprocessuais)
igualdade (art. 5º, caput, CF): todos são iguais perante a lei e evidentemente essa regra também tem aplicação no processo
igualdade formal vs. igualdade substancial
o princípio não impõe tratamento igual a todos (igualdade formal) 
as desigualdades devem ser levadas em consideração
necessidade de verificar se o critério de diferenciação é adequado
assistência jurídica integral e gratuita (art. 5º, LXXIV, CF): o hipossuficiente econômico tem direito a acesso gratuito e representação técnica profissional provida pelo Estado
a isenção de custas pode ser concedida tanto a pessoas físicas quanto a pessoas jurídicas (estas devem demonstrar impossibilidade financeira de pagar as custas)
forma de concretização da igualdade substancial
definitividade das decisões judiciais/coisa julgada (art. 5º, XXXVI, CF)
Não concordo que exista um princípio com esse nome; o que existe é uma garantia constitucional segundo a qual “a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada” 
Seria ilógico permitir a todo momento a rediscussão daquilo que já foi decido
 Alguns autores afirmam que isso seria característica essencial da jurisdição. Eu discordo. Trata-se de uma opção política do legislador; em determinado momento passa-se a privilegiar a segurança jurídica
Conceito importante: trânsito em julgado
O comando constitucional é voltado ao legislador, que não pode, por meio de lei, atingir decisões já transitadas em julgado
O Código de Processo Civil também disciplina a coisa julgada e impede que as partes levem novamente ao Judiciário uma demanda sobre algo que já foi decidido
devido processo legal (art. 5º, LXVI, CF): “ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”
Trata-se de princípio síntese, porque abarca todas as demais garantias processuais (contraditório, ampla defesa, juiz natural, motivação)
Ainda assim, sua previsão não é supérflua, pois permite que cada um dos subelementos já expressamente disciplinados sejam realizados ou interpretados conforme o devido processo legal (ou seja, conserva ao menos uma função interpretativa, mas tem também função integrativa e atua no preenchimento de lacunas ou contradições entre os elementos)
É um sistema de limitações ao exercício do poder
De acordo com o STF, o devido processo legal tem uma dimensão formal mas também material, impedindo a edição de atos legislativos revestidos de conteúdo arbitrário ou irrazoável. Os direitos e as liberdades das pessoas são protegidos contra qualquer modalidade de legislação que se revele opressiva ou destituída do necessário coeficiente de razoabilidade
3.2. princípios infraconstitucionais
cooperação (art. 6º, CPC): “Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva”
é possível a colaboração entre os sujeitos parciais
melhor interpretação: releitura do contraditório
cooperação gera deveres para o juiz: esclarecimento, prevenção, consulta e auxílio
“por dever de esclarecimento temos de entender ‘o dever de o tribunal se esclarecer junto das partes quanto às dúvidas que tenha sobre as suas alegações, pedidos ou posições em juízo’. Por dever de prevenção, o dever se o órgão jurisdicional prevenir as partes do perigo de o êxito de seus pedidos ‘ser frustrado pelo uso inadequado do processo’. Por dever de consulta, o dever de o órgão judicial consultar as partes antes de decidir sobre qualquer questão, possibilitando antes que essas o influenciem a respeito do rumo a ser imprimido à causa. Por dever de auxílio, ‘o dever de auxiliar as partes na superação de eventuais dificuldades que impeçam o exercício de direitos ou faculdades ou o cumprimento de ônus ou deveres processuais’” (Daniel Mitidiero, Colaboração no processo civil, p. 85)
Cássio Scarpinella Bueno, ao tratar do art. 6º do novo Código, afirma que “o desafio do dispositivo (...) é o de permitir ao intérprete e ao aplicador do direito processual civil ir além dos casos em que o próprio CPC de 2015 já se ocupou de solucionar questões ou de impor deveres na perspectiva da cooperação” (cf. Manual de direito processual civil, p. 87)
boa-fé e lealdade processual (arts. 5º e 77, CPC)
impõe deveres de moralidade e probidade a todos que participam do processo
O desrespeito a esses deveres significa ilícito processual e há sanções para isso
iniciativa das partes ou princípio da demanda ou princípio da ação (arts. 2º, 141 e 492, CPC): à parte cabe a iniciativa de provocar o exercício da função jurisdicional (independe se o direito é disponível ou não); a jurisdição é inerte 
Se assim não fosse, estaria comprometida a imparcialidade do juiz.
No processo penal, fala-se em dois modelos de processo: processo acusatório (separação entre pessoas responsáveis pela acusação e julgamento) e processo inquisitivo (funções de acusar, defender e julgar enfeixadas em um único órgão)
impulso oficial (art. 2º, CPC)
uma vez instaurado, o processo precisa caminhar até o fim, não pode ficar à mercê das partes
o processo não é só assunto das partes; o Estado tem interesse na rápida solução das controvérsias (e não só rápida, mas rápida e justa)
o instituto da preclusão está intimamente relacionado com o impulso oficial
dispositivo: há duas correntes sobre o significado desse princípio
primeira corrente: o princípio está relacionado com a atividade probatória; ou seja, as partes devem ter iniciativa para solicitar as provas. Entretanto, o processo é público e em alguns casos o juiz pode ter iniciativa probatória (CPC, art. 370) – doutrina diverge sobre o alcance dos poderes do juiz
segunda corrente: o princípio está relacionado com a liberdade que as partes têm de exercer ou não seus direitos; no processo civil, essa liberdade é quase absoluta e sofre restrições nos casos de direito material de natureza indisponível. De acordo com essa corrente (Bedaque), o princípio dispositivo nada mais é do que a influência que a disponibilidade do direito material tem no processo; ou seja, as partes podem dispor de seus direitos no processo sempre que possam deles dispor fora do processo
eficiência e economia processual (art. 8º, CPC)
deve haver necessária proporção entre fins e meios, buscando-se máximo resultado na atuação do direito com o mínimo emprego possível de atividades processuais
esse princípio encontra-se refletido em alguns institutos processuais, como reunião de processos, aproveitamento de atos viciados etc.

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