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SISTEMA DE ENSINO
DIREITO 
PROCESSUAL CIVIL
Processo
Livro Eletrônico
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Lídia Marangon
Processo
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
Sumário
Processo . ....................................................................................................................................4
Apresentação . ............................................................................................................................4
1. Conceito de Processo . ...........................................................................................................5
2. Constitucionalização do Direito Processual . .....................................................................8
3. Normas Fundamentais do Processo Civil . ..........................................................................8
3.1. Instauração do Processo por Iniciativa da Parte . ......................................................... 10
3.2. Desenvolvimento do Processo por Impulso Oficial ...................................................... 11
3.3. Devido Processo Legal . ................................................................................................... 11
3.4. Dignidade da Pessoa Humana . ........................................................................................17
3.5. Legalidade . ....................................................................................................................... 19
3.6. Contraditório . ................................................................................................................... 19
3.7. Publicidade . ......................................................................................................................23
3.8. Duração Razoável do Processo . ....................................................................................25
3.9. Igualdade Processual ou Isonomia.................................................................................27
3.10. Eficiência . ...................................................................................................................... 28
3.11. Boa-fé Processual . .........................................................................................................29
3.12. Efetividade . .....................................................................................................................34
3.13. Adequação . .....................................................................................................................34
3.14. Cooperação . ....................................................................................................................36
3.15. Respeito ao Autorregramento da Vontade no Processo ...........................................39
3.16. Primazia da Decisão de Mérito .................................................................................... 40
3.17. Instauração do Processo por Iniciativa da Parte e Desenvolvimento do Processo 
por Impulso Oficial . .................................................................................................................43
3.18. Regra da Obediência à Ordem Cronológica de Conclusão . .......................................44
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Lídia Marangon
Processo
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
Questões de Concurso . ...........................................................................................................46
Gabarito . ..................................................................................................................................59
Gabarito Comentado . ............................................................................................................. 60
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Lídia Marangon
Processo
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
PROCESSO
ApresentAção
Olá, querido(a) aluno(a)!
Aqui quem escreve é a professora Lídia Marangon. No Gran Cursos Online, ministro aulas 
de Direito Processual Civil e sou coordenadora dos cursos de Defensorias Públicas Estaduais 
e Defensoria Pública da União.
Iniciaremos agora uma preparação completa para os concursos de carreiras jurídicas. 
Trata-se, sem dúvida alguma, de uma excelente oportunidade de ingressar em uma dessas bri-
lhantes carreiras, levando-se em consideração tanto as funções (de magistrados, promotores, 
defensores públicos e advogados públicos) como a remuneração dos cargos em questão.
As bancas escolhidas para organizar tais concursos são as mais diversas, mas focare-
mos nas principais bancas examinadoras. Compreenderemos os principais entendimentos 
e autores utilizados pelas bancas e resolveremos questões cobradas anteriormente nos 
concursos públicos. Com isso, poderemos treinar todo o conhecimento aprendido nas aulas.
É importante deixar claro que muitas das questões abordam mais de uma temática e, 
nesse caso, comentaremos essas alternativas, mesmo que aquele conteúdo não faça parte 
do assunto da aula.
Professora, como posso aperfeiçoar meus estudos para os concursos de carreira jurídica?
Indico a resolução de muitas questões associadas ao estudo da jurisprudência do Superior 
Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal Federal. Obviamente, a doutrina, associada ao 
estudo de lei seca, também é importante e ajuda a consolidar conhecimentos para as demais 
fases dos certames. Por isso, nossas aulas contemplarão todos esses aspectos. Tente 
garantir o máximo de pontos possíveis nas primeiras fases. Esse é o caminho certo para a 
aprovação.
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Lídia Marangon
Processo
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
É extremamente importante criar uma base sólida em Direito Processual Civil, que possi-
bilitará, com o tempo, o alcance de um alto nível de conhecimento e de acertos nas questões 
de prova.
Comecei minha trajetória nos concursos há algum tempo. O primeiro concurso no qual fui 
nomeada foi para o cargo de Advogado dos Correios. Nele, nem cheguei a assumir o cargo, por-
que, logo em seguida, fui alcançando outros resultados, como Técnico Administrativo do TJDFT, 
Técnico Administrativo do TRF 1ª Região, Analista Processual do MPU, Analista Judiciário/Exe-
cução de Mandados do TJDFT, Analista Judiciário do STJ, Analista Judiciário do TRT 2ª Região, 
e por fim, Defensora Pública do Distrito Federal, meu grande objetivo. Em todos esses concursos, 
fui nomeada, tendo tomado posse primeiramente no TJDFT, em seguida no MPU e, por último, 
na DPDF.
Já estive na sua posição e sei bem como é difícil o caminho até a aprovação no concurso 
dos sonhos. Saiba, porém, que valem a pena o esforço e a abdicação. Não tenha medo de 
encarar seus desafios. Seja forte e determinado(a). Após a aprovação, cada um desses mo-
mentos de dificuldade será lembrado apenas como algo que passou rapidamente e você será 
vitorioso(a)!
Conte comigo nessa caminhada!
Feitas as apresentações iniciais, vamos à luta!
Nessa aula, abordaremos os seguintes pontos:
1. Conceito de Processo
2. Constitucionalização do Direito Processual
3. Normas Fundamentais do Processo Civil
Vamos lá?
1. ConCeito de proCesso
Querido(a) aluno(a), para que façamos uma introdução ao estudo do Direito Processual 
Civil, é importante que, inicialmente, você saiba o conceito de processo.
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Processo
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
Segundo Fredie Didier Júnior, processo pode ser compreendido como um método de 
criação de normas jurídicas. Pode também, contudo, ser compreendido como ato jurídico 
complexo e, nesse caso, é sinônimo de procedimento. Além disso, há o entendimento de 
processo como relação jurídica.
Veja o esquemaabaixo para compreender melhor:
Para quem entende que processo é o método de criação de normas jurídicas, o processo 
seria o modo de produção da norma, pois o poder de criação de normas somente pode ser 
exercido processualmente. Nesse contexto, há:
• o processo legislativo, que corresponde à produção de normas gerais pelo Poder 
Legislativo;
• o processo administrativo, que corresponde à produção de normas gerais e individua-
lizadas pela administração pública;
• o processo jurisdicional, que corresponde à produção de normas pela jurisdição.
Atualmente, é possível ainda conceber o processo negocial.
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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
Do que se trata esse último processo?
Trata-se do método de criação de normas jurídicas pela autonomia privada.
Perceba que o artigo 190 do Código de Processo Civil (CPC) de 2015 prevê a possibilidade 
de as partes convencionarem sobre vários aspectos processuais, como seus ônus, poderes, 
faculdades e deveres processuais. É a chamada cláusula geral de negócio jurídico processual.
Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito às partes ple-
namente capazes estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da causa 
e convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou durante 
o processo.
Para quem entende que o processo é um ato jurídico complexo, ele é visto como ato de 
formação sucessiva, pois os vários atos que o compõem sucedem-se no tempo em busca da 
prestação jurisdicional.
Para quem entende que o processo é um conjunto de relações jurídicas, seria ele um agru-
pamento de relações, de natureza jurídica, que se estabelecem entre os sujeitos processuais.
E quem seriam esses sujeitos processuais?
Todos aqueles, que de alguma forma, participam do processo, como o juiz, as partes, os 
auxiliares da justiça, os defensores públicos, os promotores de justiça e os advogados. Para 
grande parte da doutrina, essa corrente é a mais aceita, sendo o processo uma relação jurídica 
de Direito Processual que se exterioriza por meio do procedimento.
Por fim, perceba que os três conceitos de processo expostos não são antagônicos, tanto 
que o artigo 14 do CPC/2015 trata o processo tanto como um conjunto de “atos processuais 
praticados” quanto como um conjunto de relações jurídicas. Veja:
Art. 14. A norma processual não retroagirá e será aplicável imediatamente aos processos em 
curso, respeitados os atos processuais praticados e as situações jurídicas consolidadas sob a 
vigência da norma revogada.
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Processo
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
2. ConstituCionAlizAção do direito proCessuAl
Agora, trataremos de um tema muito interessante. A constitucionalização do Direito 
Processual.
É muito importante que você observe o teor do artigo 1º do CPC, pois ele traz em seu bojo 
o reconhecimento do fenômeno da constitucionalização do Direito Processual.
Art. 1º O processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado conforme os valores e as normas 
fundamentais estabelecidos na Constituição da República Federativa do Brasil, observando-se as 
disposições deste Código.
Esse é um artigo que demonstra a tomada de posição do legislador no sentido de reco-
nhecer a força normativa da Constituição e que as normas de Direito Processual Civil não 
podem ser compreendidas de modo afastado do texto constitucional.
Conforme os doutrinadores, esse fenômeno da constitucionalização do Direito Processual 
pode ser visto sob dois aspectos, o primeiro correspondendo à incorporação aos textos 
constitucionais de normas processuais, inclusive como direitos fundamentais (o devido pro-
cesso legal, o princípio do juiz natural e o contraditório, por exemplo); e o segundo ao exame 
das normas processuais infraconstitucionais como caracterizadoras das disposições constitu-
cionais. Nesse ponto, podemos afirmar que o diálogo entre processualistas e constitucionalistas 
se tornou mais intenso.
Por fim, o que se torna bem claro com a constitucionalização do Direito Processual é 
que as normas processuais não podem ser vistas sem o devido confronto com as normas 
constitucionais.
É fundamental perceber que o legislador busca, cada vez mais, reconhecer a força normativa 
da Constituição ao elaborar a legislação infraconstitucional.
3. normAs FundAmentAis do proCesso Civil
Um dos temas mais cobrados em provas de concursos para as carreiras jurídicas é o que 
trata das normas fundamentais do processo civil. Perceba que o CPC de 2015 trouxe um título 
exclusivo, no Livro I, para tratar dessas normas fundamentais (artigos 1º ao 12).
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O que são as normas fundamentais?
São normas processuais que formam a base do Direito Processual Civil Fundamental, as 
quais são, algumas vezes, consideradas princípios, outras consideradas regras, como afirmado 
pelo Fórum Permanente de Processualistas Civis. Confira:
Enunciado n. 370, FPPC:
Norma processual fundamental pode ser regra ou princípio.
Algumas dessas normas decorrem diretamente da própria Constituição Federal; outras, 
do próprio CPC, que dedicou um capítulo inteiro a elas (artigos 1º ao 12).
Podemos dizer que as normas são fundamentais porque estruturam o modelo de processo 
civil brasileiro?
Sim. Essas normas fundamentais, previstas nos primeiros artigos do CPC/2015, servem 
de base para todas as demais normas jurídicas processuais civis.
Além disso, o rol de normas fundamentais previsto nesse capítulo, nos artigos 1º ao 12 
do CPC/2015, não é taxativo, mas meramente exemplificativo. Isso significa que há outras 
normas fundamentais do processo civil brasileiro espalhadas no CPC.
Exemplos:
O princípio de respeito ao autorregramento da vontade no processo e o dever de observância dos 
precedentes judiciais são considerados, por grande parte da doutrina, normas fundamentais.
Também temos um enunciado do Fórum Permanente de Processualistas Civis que afirma 
exatamente isso:
Enunciado n. 369/FPPC:
O rol de normas fundamentais previsto no Capítulo I do Título Único do Livro I da Parte 
Geral do CPC não é exaustivo.
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Trataremos agora das normas fundamentais expressas previstas no CPC.
No artigo 2º do CPC, temos a seguinte previsão:
Art. 2º O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as ex-
ceções previstas em lei.
Esse artigo corresponde a duas regras importantes. A primeira delas é conhecida como a 
regra da instauração do processo por iniciativa da parte:
3.1. instAurAção do proCesso por iniCiAtivA dA pArte
O processo civil começa por iniciativa da parte.
Quanto a essa regra, é importante atentar para os seguintes pontos:
• O CPC/1973 permitia, no artigo 989, que o juiz desse início de ofício ao processo de 
inventário. O CPC/2015 não mais permite:
Art. 615. O requerimento de inventário e de partilha incumbe a quem estiver na posse e na admi-
nistração do espólio, no prazo estabelecido no art. 611.
• A execução de sentença de obrigação de fazer, não fazer ou dar coisa, desde que essa 
coisa não seja dinheiro, pode ser instaurada de ofício. O mesmo não acontece com a 
execução de sentença para pagamento de quantia, pois, nesse caso, haverá necessida-
de de provocação da parte. Perceba a redação dos artigos do CPC colacionados abaixo:
Art. 536. No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de fazer ou de 
não fazer, o juizpoderá, de ofício ou a requerimento, para a efetivação da tutela específica ou a 
obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente, determinar as medidas necessárias à satis-
fação do exequente.
Art. 538. Não cumprida a obrigação de entregar coisa no prazo estabelecido na sentença, será 
expedido mandado de busca e apreensão ou de imissão na posse em favor do credor, conforme se 
tratar de coisa móvel ou imóvel.
Art. 513, § 1º O cumprimento da sentença que reconhece o dever de pagar quantia, provisório ou 
definitivo, far-se-á a requerimento do exequente.
• Alguns incidentes processuais podem ser instaurados de ofício.
Exemplos:
O incidente de resolução de demandas repetitivas (art. 976), conflito de competência (art. 951) 
e o incidente de arguição de inconstitucionalidade (art. 948).
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A outra regra trazida pelo artigo 2º do CPC é a do desenvolvimento do processo por 
impulso oficial.
3.2. desenvolvimento do proCesso por impulso oFiCiAl
Essa regra traduz o ensinamento de que o processo se desenvolve por impulso oficial, 
sem a necessidade de novas provocações da parte. Uma vez que a parte dê início ao processo, 
cabe ao juiz conduzi-lo e dar o devido andamento.
Quanto à regra do desenvolvimento do processo por impulso oficial, observa-se que:
• não impede que o autor desista da demanda;
• há a possibilidade de as partes, convencionalmente, limitarem o impulso oficial, com 
fundamento no artigo 190 do CPC;
• o dever de impulso oficial não se estende à fase recursal, já que cabe à parte a iniciativa 
de interpor o recurso devido, salvo nos casos de remessa necessária.
3.3. devido proCesso legAl
É um princípio previsto no inciso LIV do artigo 5º da Constituição Federal:
Art. 5º, LIV – ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal.
A doutrina entende que esse princípio confere, a todo sujeito de direito, o direito funda-
mental a um processo devido, justo e equitativo.
É importante você lembrar que o princípio do devido processo legal é visto como base 
norteadora de todos os demais princípios a serem observados no processo. Isso se deve 
à sua importância no ordenamento jurídico, uma vez que tal princípio é utilizado, inclusive, 
como uma espécie de limitador da administração pública, a fim de que ela não aja com des-
respeito aos direitos fundamentais reconhecidos nas relações jurídicas de natureza privada.
Na doutrina, há bastante divergência com relação à origem desse princípio, mas é bas-
tante comum os autores afirmarem a Magna Carta de 1215 como o mais remoto documento 
histórico que o consagre em seu texto. No entanto, alguns doutrinadores informam que a 
origem de tal princípio é germânica e ainda mais antiga.
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Fique atento(a), pois as bancas examinadoras costumam questionar se o princípio do 
devido processo legal é uma cláusula geral. A resposta é afirmativa. Por ser, sim, uma cláusula 
geral, há um conteúdo mínimo desse princípio que deve ser observado para que o processo 
seja considerado devido.
Qual conteúdo mínimo?
A seguir, serão listados esses conteúdos:
• observância do contraditório e da ampla defesa com tratamento paritário às partes do 
processo;
• observância da duração razoável do processo;
• proibição do retrocesso dos direitos fundamentais;
• proibição de provas ilícitas;
• publicidade do processo;
• garantia do juiz natural;
• necessidade de fundamentação das decisões judiciais;
• garantia do acesso à justiça.
O devido processo legal é direito fundamental, que pode ser compreendido em duas 
dimensões:
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Inicialmente, vamos falar sobre o devido processo legal formal, também conhecido como 
procedural due process. No sentido formal, temos a definição tradicional desse princípio, que 
corresponde à observância dos princípios processuais na condução dos processos, como 
o direito ao contraditório, ao juiz natural e a uma razoável duração do processo. Essa é a 
dimensão mais famosa e conhecida desse princípio. Em outras palavras, seria o mesmo que 
objetivamente respeitar as normas processuais.
Contudo, isso, por si só, não basta, uma vez que um processo devido não é apenas 
o que respeita as exigências formais. Há necessidade de algo mais: um processo que 
gere decisões substancialmente devidas. Por isso, foi desenvolvida a noção de devido 
processo legal substancial.
O devido processo legal substancial também é conhecido como substantive due process, 
ideia desenvolvida nos Estados Unidos. De acordo com a jurisprudência do STF e diversos 
doutrinadores brasileiros, o devido processo legal, em sua dimensão substancial, é a fonte 
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dos deveres de proporcionalidade e razoabilidade. Desse modo, o devido processo legal im-
põe que tanto o órgão julgador quanto o legislador tomem decisões razoáveis e proporcionais.
O artigo 8º do CPC consagra, expressamente, o dever de observância da proporcionalidade 
e da razoabilidade na aplicação do ordenamento jurídico. Observe:
Art. 8º Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem 
comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporciona-
lidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência.
O devido processo legal se aplica às relações jurídicas privadas?
Essa é uma pergunta importante e a resposta é afirmativa.
Você já deve ter ouvido falar da eficácia horizontal dos direitos fundamentais. Isso sig-
nifica que a Constituição Federal, ao prever direitos fundamentais, admite sua aplicação nas 
relações entre particulares.
Assim, é crucial saber que o devido processo legal se aplica, também, às relações jurídicas 
privadas, seja na fase pré-negocial, seja na fase executiva do negócio jurídico.
Exemplo:
Observe o teor do artigo 57 do Código Civil:
Art. 57. A exclusão do associado só é admissível havendo justa causa, assim reconhecida em 
procedimento que assegure direito de defesa e de recurso, nos termos previstos no estatuto.
Perceba que, para que uma associação exclua um associado de seus quadros, há neces-
sidade da observância de um procedimento; não basta a simples exclusão. Nesse sentido, em 
2005, o STF enfrentou a teoria da aplicação dos direitos fundamentais às relações jurídicas 
privadas, como consta no informativo n. 405.
Por meio dele, o STF decidiu, ao apreciar litígio entre clube e associado, que os direitos 
fundamentais, inclusive os processuais, aplicam-se às relações entre particulares, o que se 
denomina eficácia horizontal dos direitos fundamentais.
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Dessa maneira, não é lícito, também no âmbito das relações privadas, restrição a qualquer 
direito sem observar o princípio do devido processo legal.
Confira um trecho do julgado:
Sociedade Civil de Direito Privado e Ampla Defesa
A Turma, concluindo julgamento, negou provimento a recurso extraordinário interposto 
contra acórdão do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro que mantivera deci-
são que reintegrara associado excluído do quadro da sociedade civil União Brasileira 
de Compositores (UBC), sob o entendimento de que fora violado o seu direito de defesa, 
em virtude de o mesmo não ter tidoa oportunidade de refutar o ato que resultara na 
sua punição - v. Informativos n. 351, 370 e 385. Entendeu-se ser, na espécie, hipótese 
de aplicação direta dos direitos fundamentais às relações privadas. Ressaltou-se que, 
em razão de a UBC integrar a estrutura do ECAD (Escritório Central de Arrecadação e 
Distribuição), entidade de relevante papel no âmbito do sistema brasileiro de proteção 
aos direitos autorais, seria incontroverso que, no caso, ao restringir as possibilidades 
de defesa do recorrido, a recorrente assumira posição privilegiada para determinar, pre-
ponderantemente, a extensão do gozo e da fruição dos direitos autorais de seu asso-
ciado. Concluiu-se que as penalidades impostas pela recorrente ao recorrido extrapo-
laram a liberdade do direito de associação e, em especial, o de defesa, sendo imperiosa 
a observância, em face das peculiaridades do caso, das garantias constitucionais do 
devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa. Vencidos a Min. Ellen Gracie, 
relatora, e o Min. Carlos Velloso, que davam provimento ao recurso, por entender que a 
retirada de um sócio de entidade privada é solucionada a partir das regras do estatuto 
social e da legislação civil em vigor, sendo incabível a invocação do princípio constitu-
cional da ampla defesa.
RE n. 201819/RJ, rel.: Min. Ellen Gracie, rel p/ acórdão: Min. Gilmar Mendes, 11.10.2005. 
(RE-201819)
Excetuando essa situação (exclusão de associado), existe alguma outra em que se aplique 
o devido processo legal às relações privadas?
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Processo
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
Existe. Considere o caso a seguir.
Observe o teor do artigo 1.337 do Código Civil:
Art. 1.337. O condômino, ou possuidor, que não cumpre reiteradamente com os seus deveres 
perante o condomínio poderá, por deliberação de três quartos dos condôminos restantes, ser cons-
trangido a pagar multa correspondente até ao quíntuplo do valor atribuído à contribuição para as 
despesas condominiais, conforme a gravidade das faltas e a reiteração, independentemente de 
perdas e danos que se apurem.
Parágrafo único. O condômino ou possuidor que, por seu reiterado comportamento antis-
social, gerar incompatibilidade de convivência com os demais condôminos ou possuidores, 
poderá ser constrangido a pagar multa correspondente ao décuplo do valor atribuído à contri-
buição para as despesas condominiais, até ulterior deliberação da assembleia.
Perceba, da leitura desse artigo, que o Código Civil prevê que, se o condômino apre-
sentar reiterado comportamento antissocial, poderá ser punido com sanção pecuniária, ou 
seja, uma multa.
Para que o condomínio aplique essa multa, é necessário que garanta ao condômino direi-
to ao contraditório e à ampla defesa?
Com certeza. Aqui, temos mais um exemplo da aplicação da eficácia horizontal dos direi-
tos fundamentais. Nesse sentido, o STJ decidiu que a sanção prevista para o comportamento 
antissocial reiterado de condômino não pode ser aplicada sem que antes lhe seja conferido o 
direito de defesa.
Confira um trecho do julgado:
A sanção prevista para o comportamento antissocial reiterado de condômino (art. 1.337, parágrafo 
único, do CC) não pode ser aplicada sem que antes lhe seja conferido o direito de defesa.
De fato, o Código Civil – na linha de suas diretrizes de socialidade, cunho de humanização do di-
reito e de vivência social, eticidade, na busca de solução mais justa e equitativa, e operabilidade, 
alcançando o direito em sua concretude – previu, no âmbito da função social da posse e da pro-
priedade, no particular, a proteção da convivência coletiva na propriedade horizontal. Assim, os 
condôminos podem usar, fruir e livremente dispor das suas unidades habitacionais, assim como 
das áreas comuns (art. 1.335 do CC), desde que respeitem outros direitos e preceitos da legislação 
e da convenção condominial. Nesse passo, o art. 1.337 do CC estabelece sancionamento para o 
condômino que reiteradamente venha a violar seus deveres para com o condomínio, além de ins-
tituir, em seu parágrafo único, punição extrema àquele que reitera comportamento antissocial. A 
doutrina especializada reconhece a necessidade de garantir o contraditório ao condômino infrator, 
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possibilitando, assim, o exercício de seu direito de defesa. A propósito, esta é a conclusão do enun-
ciado 92 da I Jornada de Direito Civil do CJF: “Art. 1.337. As sanções do art. 1.337 do novo Código 
Civil não podem ser aplicadas sem que se garanta direito de defesa ao condômino nocivo.” Por se 
tratar de punição imputada por conduta contrária ao direito, na esteira da visão civil-constitucional 
do sistema, deve-se reconhecer a aplicação imediata dos princípios que protegem a pessoa huma-
na nas relações entre particulares, a reconhecida eficácia horizontal dos direitos fundamentais, que 
também deve incidir nas relações condominiais, para assegurar, na medida do possível, a ampla 
defesa e o contraditório. Ressalte-se que a gravidade da punição do condômino antissocial, sem 
nenhuma garantia de ampla defesa, contraditório ou devido processo legal, na medida do possível, 
acaba por onerar consideravelmente o suposto infrator, o qual fica impossibilitado de demonstrar, 
por qualquer motivo, que seu comportamento não era antijurídico nem afetou a harmonia, a qua-
lidade de vida e o bem-estar geral, sob pena de restringir o seu próprio direito de propriedade. Por 
fim, convém esclarecer que a prévia notificação não visa conferir uma última chance ao condômino 
nocivo, facultando-lhe, mais uma vez, a possibilidade de mudança de seu comportamento nocivo. 
Em verdade, a advertência é para que o condômino faltoso venha prestar esclarecimentos aos de-
mais condôminos e, posteriormente, a assembleia possa decidir sobre o mérito da punição.
REsp n. 1.365.279-SP, rel.: Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 25/8/2015, DJe 29/9/2015.
Note que a doutrina também já se debruçou sobre o tema. Temos um enunciado da I Jor-
nada de Direito Civil do CJF que o aborda.
Enunciado n. 92/CJF:
Art. 1.337.
As sanções do art. 1.337 do novo Código Civil não podem ser aplicadas sem que se 
garanta direito de defesa ao condômino nocivo.
3.4. dignidAde dA pessoA HumAnA
O princípio da dignidade da pessoa humana tem previsão legal no artigo 8º do CPC, cuja 
redação é a que segue:
Art. 8º Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem 
comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporciona-
lidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência.
Da leitura do artigo 8º do CPC, percebe-se, claramente, que o CPC exige que o julgador 
resguarde e promova a dignidade da pessoa humana, no processo civil brasileiro.
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Essa exigência de resguardo e promoção tem a finalidade de garantir ao indivíduo que, de 
um lado, o Estado não viole a dignidade humana e, de outro, promova-a e a efetive. Outra fina-
lidade é a humanização do processo civil, ou seja, a construção de um processo civil atento a 
problemas reais que afetem a dignidade da pessoa.
A seguir temos alguns exemplos da aplicação desse princípio no CPC.
Veja o teor do artigo 162, inciso III, do CPC:
Art. 162. O juiz nomeará intérprete ou tradutor quando necessário para:
III – realizar a interpretação simultânea dos depoimentos das partes e testemunhas com deficiên-
cia auditiva que se comuniquem por meio da Língua Brasileira de Sinais, ou equivalente, quando 
assim for solicitado.
Perceba que esse artigo resguarda o direito, à pessoacom deficiência auditiva, de comu-
nicar-se, em audiências, por meio de Libras, em claro respeito à dignidade da pessoa humana.
Também é possível afirmar que o CPC, ao prever a impenhorabilidade de certos bens no 
artigo 833, visa garantir a aplicação desse princípio.
É com base nesse entendimento que o Superior Tribunal de Justiça entende que a 
pequena propriedade rural é impenhorável, nos termos do art. 5º, inciso XXVI, da Consti-
tuição Federal e do art. 833, inciso VIII, do CPC, mesmo que o imóvel não sirva de moradia 
ao executado e à sua família, pois, com esse entendimento, visa-se garantir ao executa-
do a preservação de um patrimônio mínimo, do qual lhe seja possível extrair condições 
dignas de subsistência. (STJ. 3ª Turma. REsp n. 1.591.298-RJ, rel.: Min. Marco Aurélio 
Bellizze, julgado em 14/11/2017, Info n. 616).
Outro exemplo é a previsão do artigo 1.048, inciso I, do CPC que trata da tramitação prio-
ritária de processos de pessoas idosas ou com doenças graves.
Art. 1.048. Terão prioridade de tramitação, em qualquer juízo ou tribunal, os procedimentos judiciais:
I – em que figure como parte ou interessado pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) 
anos ou portadora de doença grave, assim compreendida qualquer das enumeradas no art. 6º, 
inciso XIV, da Lei n. 7.713, de 22 de dezembro de 1988
O princípio da dignidade da pessoa humana pode ser estendido às pessoas jurídicas?
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Embora seja comum relacionar a dignidade da pessoa humana à pessoa natural, a doutri-
na possui posicionamento no sentido de que o princípio deve ser estendido a todo aquele que 
pode ser parte, como pessoas jurídicas, condomínios, nascituros etc., uma vez que é neces-
sário garantir a qualquer parte um tratamento digno.
3.5. legAlidAde
De acordo com o princípio da legalidade, o juiz deve decidir, em conformidade com o Direito, 
qualquer que seja a sua fonte, não apenas com base na lei. Além disso, o dever de observar a 
legalidade deve ser compatibilizado com o dever de o órgão jurisdicional fazer o controle de 
constitucionalidade da lei ao não aplicar uma lei inconstitucional.
O princípio também está previsto no artigo 8º do CPC.
Art. 8º Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem 
comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporciona-
lidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência.
3.6. ContrAditório
Um dos mais importantes princípios, o contraditório é claramente derivado do princípio do 
devido processo legal.
É aplicado não só no âmbito jurisdicional, mas também no administrativo e no negocial.
A Constituição Federal prevê o princípio do contraditório no artigo 5º, inciso LV. Confira:
Art. 5º, LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são 
assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes
Esse princípio é composto de duas garantias, ou duas dimensões:
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A garantia da participação corresponde à dimensão formal do princípio do contraditório. 
É a garantia de ser ouvido, de participar do processo, de serem comunicados atos proces-
suais, de poder manifestar-se no processo.
A dimensão substancial corresponde ao poder de influenciar as decisões do órgão jurisdi-
cional. É o denominado poder de influência da parte. Não basta que a parte seja ouvida. A ela 
deve ser conferida a possibilidade de influenciar a decisão judicial. É essa dimensão que im-
pede, por exemplo, a prolação de decisões dotadas de surpresa para as partes. Isso significa 
que as questões que serão submetidas a julgamento devem passar antes pelo contraditório.
A dimensão substancial do contraditório está concretizada no artigo 10 do CPC. Confira:
Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito 
do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria 
sobre a qual deva decidir de ofício.
Assim, não pode o órgão jurisdicional decidir com base em argumento, questão jurídica 
ou questão de fato que não tenha sido submetida previamente às partes no processo. Nesse 
caso, há necessidade de que o órgão jurisdicional intime as partes para manifestar-se a res-
peito do assunto, principalmente em razão do exercício democrático e cooperativo do poder 
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jurisdicional. Isso também visa evitar a decisão-surpresa, a qual é nula por violação ao 
princípio do contraditório.
Observe que foi com base no princípio do contraditório que o STJ decidiu que o recurso 
interposto pela Defensoria Pública, na qualidade de curadora especial, está dispensado do 
pagamento de preparo.
Confira um trecho do julgado:
A Corte Especial, em apreciação aos embargos de divergência, pacificou o entendimento 
que encontrava dissonância no âmbito do Tribunal com relação à isenção do recolhi-
mento do preparo recursal nos casos em que a Defensoria Pública, no exercício de suas 
funções institucionais, atua como curadora especial. O acórdão embargado entendeu 
que “não é possível a concessão de assistência judiciária gratuita ao réu citado por edital 
que, quedando-se revel, passou a ser defendido por Defensor Público na qualidade de 
curador especial, pois inexiste nos autos a comprovação da hipossuficiência da parte”. 
Ao revés, o aresto paradigma perfilhou o entendimento de que “quando há a atuação da 
Defensoria Pública, há a presunção de hipossuficiência”. Deve-se observar que, se o réu 
é revel e está sendo assistido pela Defensoria Pública, a exigência do pagamento das 
custas processuais implica, na prática, a impossibilidade de interposição do recurso, 
uma vez que não se pode esperar tampouco exigir que o curador especial efetue o paga-
mento do preparo por sua conta. Aliás, não é essa a sua função. A Defensoria Pública 
tão somente tem o múnus público de exercer a curadoria especial nos casos previstos 
em lei. Desse modo, tendo em vista os princípios do contraditório e da ampla defesa, 
o recurso interposto pela Defensoria Pública, na qualidade de curadora especial, está 
dispensado do pagamento de preparo. (EAREsp n. 978.895-SP, rel.: Min. Maria Thereza 
de Assis Moura, por unanimidade, julgado em 18/12/2018, DJe 04/02/2019, Info n. 641)
Um negócio jurídico processual pode reestruturar a conformação do contraditório?
Sabemos que o artigo 190 do CPC permite a celebração de negócios jurídicos processuais 
atípicos. Vamos conferir o teor do artigo:
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Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito às partes ple-
namente capazes estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da causa 
e convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou durante 
o processo.
Parágrafo único. De ofício ou a requerimento, o juiz controlará a validade das convenções previstas 
neste artigo, recusando-lhes aplicação somente nos casos de nulidade ou de inserção abusiva em 
contrato de adesão ou em que alguma parte se encontre em manifesta situação de vulnerabilidade.
Diante disso, a ampla doutrina entende que um negócio jurídico processual feito entre as 
partes pode, sim, reestruturar a conformação do contraditório. Por isso, o controle judicial 
do efetivo contraditório somentepode ocorrer nos casos de nulidade, inserção abusiva em 
contrato de adesão ou manifesta situação de vulnerabilidade da parte. Isso significa que o 
magistrado não poderia interferir na vontade das partes quanto ao modo pelo qual decidiram 
conformar o contraditório naquele processo específico.
No processo arbitral também há necessidade de respeito ao princípio do contraditório?
Sim. Veja que a Lei da Arbitragem (Lei n. 9.307/1996) traz, em seu artigo 21, expressa 
previsão nesse sentido:
Art. 21. A arbitragem obedecerá ao procedimento estabelecido pelas partes na convenção de 
arbitragem, que poderá reportar-se às regras de um órgão arbitral institucional ou entidade 
especializada, facultando-se, ainda, às partes delegar ao próprio árbitro, ou ao tribunal arbitral, 
regular o procedimento.
§ 2º Serão, sempre, respeitados no procedimento arbitral os princípios do contraditório, da igual-
dade das partes, da imparcialidade do árbitro e de seu livre convencimento.
Há relação entre a ampla defesa e o princípio do contraditório?
Com toda certeza, já que a ampla defesa é direito fundamental de ambas as partes e 
consiste no conjunto de meios adequados para o exercício efetivo e adequado do contraditório, 
de modo que podemos concluir que a ampla defesa corresponde ao aspecto substancial do 
princípio do contraditório.
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3.7. publiCidAde
O direito fundamental à publicidade está garantido na Constituição Federal, no artigo 5º, 
inciso LX.
Art. 5º, LX. A lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimi-
dade ou o interesse social o exigirem
Isso significa que os atos processuais devem ser, via de regra, públicos, pois processo 
devido é processo público.
Quais seriam as funções da publicidade dos atos processuais?
A publicidade processual tem duas dimensões:
• interna: publicidade para as partes;
• externa: publicidade para terceiros, que pode ser restringida em alguns casos.
O artigo 189 do CPC é a regra que dá densidade normativa ao princípio da publicidade e 
determina que alguns processos devam tramitar em segredo de justiça. Vamos conferir.
Art. 189. Os atos processuais são públicos, todavia tramitam em segredo de justiça os processos:
I – em que o exija o interesse público ou social;
II – que versem sobre casamento, separação de corpos, divórcio, separação, união estável, filiação, 
alimentos e guarda de crianças e adolescentes;
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III – em que constem dados protegidos pelo Direito Constitucional à intimidade;
IV – que versem sobre arbitragem, inclusive sobre cumprimento de carta arbitral, desde que a con-
fidencialidade estipulada na arbitragem seja comprovada perante o juízo.
§ 1º. O direito de consultar os autos de processo que tramite em segredo de justiça e de pedir cer-
tidões de seus atos é restrito às partes e aos seus procuradores.
§ 2º. O terceiro que demonstrar interesse jurídico pode requerer ao juiz certidão do dispositivo da 
sentença, bem como de inventário e de partilha resultantes de divórcio ou separação.
No CPC, há outros artigos que versam sobre o princípio da publicidade:
Art. 8º Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do 
bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a 
proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência.
Art. 11. Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas 
todas as decisões, sob pena de nulidade.
Parágrafo único. Nos casos de segredo de justiça, pode ser autorizada a presença somente das 
partes, de seus advogados, de defensores públicos ou do Ministério Público.
O processo arbitral pode ser sigiloso?
Sim, pode, sigilo esse que se restringe à publicidade externa. No entanto, a arbitragem que 
envolve entes públicos não pode ser sigilosa. Fique atento(a) quanto à essa circunstância.
Lei n. 9.307/1996. Art. 2º A arbitragem poderá ser de direito ou de equidade, a critério das partes.
§ 3º A arbitragem que envolva a administração pública será sempre de direito e respeitará o prin-
cípio da publicidade.
Há também o Enunciado n. 15 do Fórum Permanente de Processualistas Civis que trata 
desse tema.
Enunciado n. 15 FPPC:
As arbitragens que envolvam a administração pública respeitarão o princípio da publi-
cidade, observadas as exceções legais (vide art. 2”, § 3º, da Lei n. 9.307/1996, com a 
redação da Lei n. 13.129/2015).
Quando tratamos do princípio do contraditório, foi dito que um negócio jurídico proces-
sual pode reestruturar sua conformação. Seria possível que as partes pactuem o sigilo 
processual com fundamento no artigo 190 do CPC?
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A resposta aqui é negativa para a maioria dos doutrinadores. O artigo 190 do CPC autoriza 
a celebração de negócios jurídicos processuais atípicos. No entanto, não se admite o pacto 
de sigilo processual, ou seja, um segredo de justiça de origem negocial. Aqui, temos em jogo 
o princípio das motivações das decisões judiciais e a publicidade tornaria efetiva o controle 
dessas decisões.
3.8. durAção rAzoável do proCesso
Para que o processo seja devido, você concorda que ele precisa ter uma duração razoável?
A EC n. 45/2004 incluiu o inciso LXXVIII no artigo 5º da Constituição, prevendo que “a 
todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo 
e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação”. No entanto, esse princípio já era 
previsto em tratados internacionais aos quais o Brasil aderiu.
No CPC, a previsão legal desse princípio encontra-se no artigo 4º.
Art. 4º As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a 
atividade satisfativa.
Observe que o artigo 4º do CPC esclarece que o princípio da duração razoável do processo 
se aplica, inclusive, à atividade satisfativa, que corresponde à fase executiva.
Seguindo essa mesma tendência, o CPC previu que cabe ao magistrado primar pela dura-
ção razoável do processo. Veja:
Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe:
II – velar pela duração razoável do processo;
Como se pode saber se o processo está tendo ou não duração razoável? Existem critérios 
para se determinar isso?
Sim. Os critérios foram firmados pela Corte Europeia dos Direitos Humanos. São eles:
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A seguir, serão dados exemplos de alguns mecanismos que visam efetivar a razoável 
duração do processo.
• A previsão de um calendário processual, conforme dispõe o artigo 191 do CPC, é um 
desses mecanismos, pois visa evitar a perda de tempo desnecessária para o deslinde 
da controvérsia.
Art. 191. De comum acordo, o juiz e as partes podem fixar calendário para a prática dos atos pro-
cessuais, quando for o caso.
• A representação por excesso de prazo, conforme dispõe o artigo 235 do CPC, também é 
um exemplo de mecanismo que visa garantir a duração razoável do processo.
Art. 235. Qualquer parte, o Ministério Público ou a Defensoria Pública poderá representar ao corre-
gedor do tribunal ou ao Conselho Nacional de Justiça contra juiz ou relator que injustificadamente 
exceder os prazos previstos em lei, regulamento ou regimento interno.
Ainda quanto a esse princípio, é importante deixar claro que a duração razoável do 
processo não é o mesmo que princípio da celeridade.Aliás, para a doutrina, esse último nem 
sequer existe. O processo não tem que ser rápido ou célere, pois, na verdade, deve demorar o 
tempo necessário e adequado à solução do caso submetido ao poder judiciário. Isso significa 
que não podemos passar por cima dos direitos e atos processuais obrigatórios com a desculpa 
de termos um processo célere.
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3.9. iguAldAde proCessuAl ou isonomiA
O princípio da igualdade processual está previsto no artigo 7º do CPC e visa, justamente, 
evitar que haja algum tipo de discriminação no processo, sem que haja um motivo justo 
para tanto.
Art. 7º É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de direitos e facul-
dades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de sanções proces-
suais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório.
Sobre o artigo acima, o Fórum Permanente de Processualistas Civis editou o seguinte 
enunciado:
Enunciado n. 379/FPPC:
O exercício dos poderes de direção do processo pelo juiz deve observar a paridade de 
armas das partes.
É importante, para realizar minhas provas, conhecer os enunciados do FPPC?
Sem dúvida. As bancas examinadoras adoram cobrar os enunciados e você não pode 
perder pontos por desconhecê-los. Fora isso, os enunciados ajudam bastante a interpretar os 
artigos do CPC.
Segundo Fredie Didier, os aspectos que a igualdade processual deve observar são os seguintes:
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No entanto, deve ser observado que, em certos casos, há necessidade de tratamento distinto 
justamente para garantir a igualdade entre as partes. É o caso, por exemplo, da nomeação de 
curador especial para incapazes no processo.
Podemos destacar, ainda, que os artigos 926 e 927 do CPC, quando afirmam que cabe aos 
tribunais manter sua jurisprudência estável, íntegra e coerente e que juízes e tribunais devem 
observar determinados pronunciamentos, estão visando, também, à garantia do princípio da 
isonomia, pois é certo que a diversidade de decisões sobre um mesmo tema não observa a 
mínima previsibilidade que se espera do Poder Judiciário e, com isso, restam afetadas a 
segurança jurídica e a igualdade.
3.10. eFiCiênCiA
O princípio da eficiência resulta da previsão contida no artigo 37, caput, da Constituição 
Federal de 1988, um dispositivo que também se dirige ao Poder Judiciário. No CPC, sua 
previsão legal está no artigo 8º.
Art. 8º Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem 
comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporciona-
lidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência.
O que é uma atuação eficiente?
A atuação eficiente é aquela que implica a necessidade de condução eficiente do proces-
so pelo órgão jurisdicional. Em outras palavras, é a que promove os fins do processo de modo 
satisfatório em termos:
• quantitativos: significa não escolher meios que promovam resultados insignificantes;
• qualitativos: significa não escolher meios que produzam muitos efeitos negativos;
• probabilísticos: significa não escolher meios de resultado duvidoso.
Processo eficiente é diferente de processo efetivo?
Sim. Efetivo é o processo que realiza o direito afirmado e reconhecido judicialmente. 
Eficiente é o processo que atingiu esse resultado de modo satisfatório, observando os termos 
anteriormente expostos (qualidade, quantidade e probabilidade).
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3.11. boA-Fé proCessuAl
Um dos princípios mais importantes do Direito Processual Civil é o da boa-fé processual. 
Sua previsão está contida no artigo 5º do CPC.
Art. 5º. Aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de acordo com a 
boa-fé.
Observe que a boa-fé prevista no artigo 5º do CPC não diz respeito à boa-fé subjetiva. A 
boa-fé processual deve ser entendida como norma de conduta e independe das boas ou más 
intenções das partes.
Esse princípio também é considerado cláusula geral processual, visto que não há enu-
meração na lei das condutas consideradas desleais, embora existam regras processuais que 
concretizem o princípio, como as normas sobre litigância de má-fé, previstas nos artigos 79 
a 81 do CPC.
Observe, ainda, que todas as vezes em que existir um vínculo jurídico, as partes envolvi-
das devem não frustrar a confiança razoável do outro, devendo comportar-se como se pode 
esperar de uma pessoa de boa-fé. Isso significa que o princípio da boa-fé objetiva deve ser 
aplicado em todos os ramos do Direito, não apenas no Direito Processual Civil.
A exigência de agir de acordo com a boa-fé processual é direcionada apenas às partes?
Essa é uma pergunta muito cobrada pelas bancas e sua resposta é não. O STF e o STJ 
entendem que a exigência de comportamento segundo a boa-fé se dirige a todos os sujeitos 
processuais, inclusive ao juiz. 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL. NULIDADE DE ATO PROCESSUAL DE SERVENTUÁRIO. 
EFEITOS SOBRE ATOS PRATICADOS DE BOA-FÉ PELAS PARTES.
A eventual nulidade declarada pelo juiz de ato processual praticado pelo serventuário 
não pode retroagir para prejudicar os atos praticados de boa-fé pelas partes. O princípio 
da lealdade processual, de matiz constitucional e consubstanciado no art. 14 do CPC, 
aplica-se não só às partes, mas a todos os sujeitos que porventura atuem no processo. 
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Dessa forma, no processo, exige-se dos magistrados e dos serventuários da Justiça 
conduta pautada por lealdade e boa-fé, sendo vedados os comportamentos contradi-
tórios. Assim, eventuais erros praticados pelo servidor não podem prejudicar a parte de 
boa-fé. Entendimento contrário resultaria na possibilidade de comportamento contradi-
tório do Estado-Juiz, que geraria perplexidade na parte que, agindo de boa-fé, seria pre-
judicada pela nulidade eventualmente declarada. Assim, certidão de intimação tornada 
sem efeito por serventuário não pode ser considerada para aferição da tempestividade 
de recurso. Precedente citado: AgRg no AgRg no Ag n. 1.097.814-SP, DJe 8/9/2009. 
AgRg no AREsp n. 91.311-DF, rel.: Min. Antônio Carlos Ferreira, julgado em 6/12/2012.
(STJ, AgRg no AREsp n. 91.311, Informativo n. 511)
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. RECURSO INTERPOSTO ANTES DA PUBLICAÇÃO DO 
ACÓRDÃO. CONHECIMENTO. INSTRUMENTALISMO PROCESSUAL. PRECLUSÃO QUE 
NÃO PODE PREJUDICAR A PARTE QUE CONTRIBUI PARA A CELERIDADE DO PROCESSO. 
BOA-FÉ EXIGIDA DO ESTADO-JUIZ. DOUTRINA. RECENTE JURISPRUDÊNCIA DO PLE-
NÁRIO. MÉRITO. ALEGAÇÃO DE OMISSÃO E CONTRADIÇÃO. INEXISTÊNCIA. RECURSO 
CONHECIDO E REJEITADO.
1. A doutrina moderna ressalta o advento da fase instrumentalista do Direito Processual, 
ante a necessidade de interpretar os seus institutos sempre do modo mais favorável ao 
acesso à justiça (art. 5º, XXXV, CRFB) e à efetividade dos direitos materiais (OLIVEIRA, 
Carlos Alberto Álvaro de. O formalismo-valorativo no confronto com o formalismo exces-
sivo. In: Revista de Processo, São Paulo: RT, n. 137, p. 7-31, 2006; DINAMARCO, Cândido 
Rangel. A instrumentalidade do processo. 14. ed. São Paulo: Malheiros, 2009; BEDA-
QUE, José Roberto dos Santos. Efetividade do Processo e Técnica Processual. 3. ed. São 
Paulo: Malheiros, 2010).
2. A forma, se imposta rigidamente, sem dúvidas conduz ao perigo do arbítrio das leis, nos 
moldes do velho brocardo dura lex, sed lex (BODART, Bruno ViníciusDa Rós. Simplificação 
e adaptabilidade no anteprojeto do novo CPC brasileiro. In: O Novo Processo Civil Brasi-
leiro Direito em Expectativa. Org. Luiz Fux. Rio de Janeiro: Forense, 2011. p. 76).
3. As preclusões se destinam a permitir o regular e célere desenvolvimento do feito, por 
isso que não é possível penalizar a parte que age de boa-fé e contribui para o progresso 
da marcha processual com o não conhecimento do recurso, arriscando conferir o direito 
à parte que não faz jus em razão de um purismo formal injustificado.
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4. O formalismo desmesurado ignora a boa-fé processual que se exige de todos os sujei-
tos do processo, inclusive, e com maior razão, do Estado-Juiz, bem como se afasta da 
visão neoconstitucionalista do Direito, cuja teoria proscreve o legicentrismo e o forma-
lismo interpretativo na análise do sistema jurídico, desenvolvendo mecanismos para a 
efetividade dos princípios constitucionais que abarcam os valores mais caros à nossa 
sociedade (COMANDUCCI, Paolo. Formas de (neo)constitucionalismo: un análisis meta-
teórico. Trad. Miguel Carbonell. In: Isonomía. Revista de Teoría y Filosofía del Derecho, 
n. 16, 2002).
[...]
9. Embargos de declaração conhecidos e rejeitados.
(STF, HC n. 101.132, Informativo 665)
No mesmo sentido, temos o Enunciado n. 375 do Fórum Permanente de Processualistas 
Civis. Confira:
Enunciado n. 375/FPPC:
O órgão jurisdicional também deve comportar-se de acordo com a boa-fé objetiva.
Existe mais algum enunciado importante sobre o princípio da boa-fé objetiva?
Claro. Temos, ainda, os seguintes:
Enunciado n. 374/FPPC:
O art. 5º prevê a boa-fé objetiva
Enunciado n. 376/FPPC:
A vedação do comportamento contraditório aplica-se ao órgão jurisdicional.
Enunciado n. 377/FPPC:
A boa-fé objetiva impede que o julgador profira, sem motivar a alteração, decisões dife-
rentes sobre uma mesma questão de Direito aplicável às situações de fato análogas, 
ainda que em processos distintos.
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Enunciado n. 378/FPPC:
A boa fé processual orienta a interpretação da postulação e da sentença, permite a repri-
menda do abuso de Direito Processual e das condutas dolosas de todos os sujeitos pro-
cessuais e veda seus comportamentos contraditórios.
Segundo a doutrina alemã, há quatro casos de aplicação da boa-fé objetiva ao processo:
• Proibição de agir de má-fé.
Exemplos:
Requerimento doloso da citação por edital, a própria litigância de má-fé, prevista no artigo 80 
do CPC, a atuação dolosa do juiz.
Art. 258/CPC. A parte que requerer a citação por edital, alegando dolosamente a ocorrência das circuns-
tâncias autorizadoras para sua realização, incorrerá em multa de 5 (cinco) vezes o salário-mínimo.
Parágrafo único. A multa reverterá em benefício do citando.
Art. 80/CPC. Considera-se litigante de má-fé aquele que:
I – deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso;
II – alterar a verdade dos fatos;
III – usar do processo para conseguir objetivo ilegal;
IV – opuser resistência injustificada ao andamento do processo;
V – proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo;
VI – provocar incidente manifestamente infundado;
VII – interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório.
Art. 81/CPC. De ofício ou a requerimento, o juiz condenará o litigante de má-fé a pagar multa, que 
deverá ser superior a um por cento e inferior a dez por cento do valor corrigido da causa, a indenizar 
a parte contrária pelos prejuízos que esta sofreu e a arcar com os honorários advocatícios e com 
todas as despesas que efetuou.
Art. 143/CPC. O juiz responderá, civil e regressivamente, por perdas e danos quando:
I – no exercício de suas funções, proceder com dolo ou fraude
• Proibição de comportamento processual contraditório (venire contra factum proprium). 
É a proibição de exercício de uma situação jurídica contrária a um comportamento an-
terior que tenha gerado no outro uma expectativa legítima de manutenção da coerência.
Exemplos:
Recorrer de uma decisão que já havia aceitado ou pedir a invalidação de ato a cujo defeito 
deu causa.
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Confira os artigos correspondentes:
Art. 1.000/CPC. A parte que aceitar expressa ou tacitamente a decisão não poderá recorrer.
Art. 276/CPC. Quando a lei prescrever determinada forma sob pena de nulidade, a decretação desta 
não pode ser requerida pela parte que lhe deu causa.
• Proibição de abuso de direitos processuais.
Exemplos:
Abuso do direito de recorrer, abuso na escolha dos meios executivos.
Art. 80/CPC. Considera-se litigante de má-fé aquele que:
VII – interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório.
Art. 805/CPC. Quando por vários meios o exequente puder promover a execução, o juiz mandará 
que se faça pelo modo menos gravoso para o executado.
• Perda de poderes processuais em razão do seu não exercício (suppressio). Corresponde 
à perda de poderes processuais em razão do seu não exercício por tempo suficiente para 
fazer o outro sujeito ter a confiança legítima de que esse poder não mais seria exercido.
Exemplo:
Perda do poder do juiz de examinar a admissibilidade do processo após anos de tramitação 
regular, sem que ninguém haja suscitado a questão.
Ainda quanto ao princípio da boa-fé, é importante ressaltar que, no plano do Direito Mate-
rial, há o dever de mitigar o prejuízo ou as perdas, conhecido como duty to mitigate the loss, 
conforme podemos notar do teor do Enunciado n. 169 do CJF (Conselho da Justiça Federal):
Enunciado n. 169/CJF:
O princípio da boa-fé objetiva deve levar o credor a evitar o agravamento do próprio prejuízo.
Por fim, é importante ressaltar que o negócio jurídico é uma espécie de fato jurídico que tem 
como suporte fático manifestação de vontade das partes envolvidas. Assim, a boa-fé é pressu-
posto também do negócio jurídico, desde o início das suas tratativas até a sua conclusão.
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Em razão desse entendimento, foi editado o Enunciado n. 407 do Fórum Permanente de 
Processualistas Civis. Confira:
Enunciado n. 407/FPPC:
Nos negócios processuais, as partes e o juiz são obrigados a guardar nas tratativas, na 
conclusão e na execução do negócio o princípio da boa-fé.
3.12. eFetividAde
Segundo esse princípio, os direitos, além de reconhecidos, devem ser efetivados. De nada 
adiantaria reconhecer o direito sem dar à parte os meios necessários para a sua efetivação. 
Por isso, podemos dizer que esse princípio garante o direito fundamental à tutela executiva.
Isso está previsto no artigo 4º do CPC.
Art. 4º As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a 
atividade satisfativa.
É preciso ter atenção a esse artigo. Leia e releia várias vezes. A maioria das provas muda 
sua redação para excluir a atividade satisfativa.
3.13. AdequAção
Segundo a doutrina, o princípio da adequação pode ser visualizado em três dimensões:
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Esse princípio define que um processo, para ser considerado adequado, tem que ser devido.
• A adequação legislativa do processo é sempre prévia e feita em abstrato. Corresponde 
à dimensão informadora da produção legislativa das regras processuais.
• A adequação jurisdicional éa que confere ao órgão julgador poderes para conformar 
o procedimento às peculiaridades do caso concreto. Nesse caso, permite-se ao juiz a 
correção do procedimento que, por exemplo, revele-se inconstitucional, por ferir um 
direito fundamental processual da parte. Em outras palavras, essa dimensão permite 
ao juiz adaptar o procedimento às peculiaridades da causa que lhe é submetida.
Isso quer dizer que o juiz pode adaptar as regras processuais ao caso concreto?
Sim, considerando o entendimento de grande parte da doutrina e a existência de regras 
gerais que autorizam a adequação jurisdicional do procedimento.
Exemplo:
O artigo 139, inciso VI, do CPC permite ao juiz dilatar os prazos processuais e alterar a ordem 
de produção dos meios de prova, adequando-os às necessidades do conflito de modo a 
conferir maior efetividade à tutela do Direito.
Confira o teor do Enunciado n. 107 do Fórum Permanente de Processualistas Civis, que 
reforça esse entendimento:
Enunciado n. 107/FPPC:
O juiz pode, de ofício, dilatar o prazo para a parte se manifestar sobre a prova documen-
tal produzida.
O juiz pode, de ofício, dilatar o prazo para a parte se manifestar sobre a prova documental 
produzida.
• A adequação negocial é aquela que deriva de negócios processuais celebrados pelos 
sujeitos processuais. Há no CPC, no artigo 190, uma autorização genérica de as partes 
poderem ajustar o procedimento atipicamente.
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Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito às partes 
plenamente capazes estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da 
causa e convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou 
durante o processo.
Parágrafo único. De ofício ou a requerimento, o juiz controlará a validade das convenções previstas 
neste artigo, recusando-lhes aplicação somente nos casos de nulidade ou de inserção abusiva em 
contrato de adesão ou em que alguma parte se encontre em manifesta situação de vulnerabilidade.
3.14. CooperAção
O princípio da cooperação é aquele que imputa aos sujeitos processuais alguns deveres, 
como o de lealdade, o de esclarecimento, o de consulta, o de prevenção e o de proteção.
Tradicionalmente, a doutrina concebia a existência de dois modelos de processo:
• No modelo adversarial, o processo é organizado de modo a ser conduzido pelas par-
tes. O modelo adversarial assume a forma de competição, desenvolvendo-se como 
um conflito entre as partes, diante de um órgão jurisdicional relativamente passivo. O 
processo deve ser regido pelo princípio dispositivo, segundo o qual a proeminência do 
processo pertence às partes, ou seja, fica à disposição delas.
• Já no modelo inquisitorial, há um protagonismo do órgão julgador, não das partes. 
Nesse caso, incide o princípio inquisitivo. Tantos mais poderes forem atribuídos ao 
juiz, mais ajustado ao princípio inquisitivo o processo será.
Fredie Didier entende que o modelo brasileiro é cooperativo, considerando que haveria um 
equilíbrio entre as características de um e outro modelos.
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• No modelo cooperativo de processo, não há protagonistas, de modo que, independen-
temente do papel que exerçam, prevalece o cooperativismo. A condução do processo 
deixa de ser determinada exclusivamente pela vontade das partes. Também não há 
uma condução inquisitorial do processo pelo magistrado. Não há destaque para qualquer 
dos sujeitos processuais.
Há previsão expressa do princípio da cooperação no CPC?
Sim, no artigo 6º.
Art. 6º Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo 
razoável, decisão de mérito justa e efetiva.
Esclareceremos agora o que significam os deveres que fazem parte do conceito da 
cooperação.
• Dever de esclarecimento: as partes devem redigir sua demanda com clareza e coerên-
cia, e o tribunal deve se esclarecer junto às partes quanto às dúvidas que tenha sobre 
suas alegações, com a finalidade de evitar que o magistrado tome decisões precipita-
das, açodadas. Além disso, o órgão jurisdicional tem o dever de esclarecer seus pró-
prios pronunciamentos para as partes, com fundamento no dever de motivação.
• Dever de consulta: é uma variante do dever de esclarecimento. Não pode o órgão ju-
risdicional decidir com base em questão de fato ou de direito sem que tenha dado às 
partes o direito de manifestação prévia.
• Dever de prevenção: o magistrado tem o dever de apontar as deficiências das postula-
ções das partes para que elas sejam corrigidas. Visamos, com a prevenção, evitar que 
o êxito da ação ou da defesa possa ser frustrado pelo uso inadequado do processo.
Exemplos:
De acordo com o artigo 76 do CPC, se o juiz verificar a incapacidade processual ou a irregu-
laridade da representação da parte, suspenderá o processo e designará prazo razoável para 
que seja sanado o vício; não simplesmente extinguirá o processo.
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Outro exemplo é o previsto no artigo 1.029, § 3º, do CPC, que afirma que tanto o Supremo 
Tribunal Federal como o Superior Tribunal de Justiça podem desconsiderar vício formal de 
recurso tempestivo ou determinar sua correção, desde que não o reputem grave.
Você já ouviu falar da Teoria dos Jogos e do Equilíbrio de Nash? O que isso tem a ver com 
o princípio da cooperação1?
A Teoria dos Jogos consiste em um dos ramos da matemática aplicada e da economia, 
o qual estuda situações estratégicas em que participantes se engajem em um processo de 
análise de decisões baseando sua conduta na expectativa de comportamento da pessoa com 
quem se interage.
Inicialmente, entendeu-se que a regra básica das relações seria a competição. Se cada 
um lutar para garantir melhor parte para si, os competidores mais qualificados ganhariam um 
maior quinhão. Desse modo, um dos competidores, para ganhar, deveria levar necessaria-
mente o adversário à derrota. Nesse sentido, a teoria seria totalmente não cooperativa.
No entanto, John Nash partiu de outro pressuposto. Enquanto outros estudiosos partiam 
da ideia de competição, John Nash introduziu o elemento cooperativo na Teoria dos Jogos. A 
ideia de cooperação não seria totalmente incompatível com o pensamento de ganho individu-
al, já que, para Nash, a cooperação torna possível maximizar ganhos individuais cooperando 
com o outro participante (até então adversário).
Assim, podemos afirmar que John Nash partiu do seguinte pressuposto: seria possível 
agregar valor ao resultado do jogo por meio da cooperação.
Conclui-se, dessa maneira, que o processo, como relação jurídica que é, tem total relação 
com a Teoria dos Jogos, devendo-se buscar ao máximo o equilíbrio na relação por meio da 
aplicação do princípio da cooperação, de modo que ambas as partes ganhem, tanto individu-
almente como coletivamente.
Observe que as bancas examinadoras têm cobrado o tema.
1 Para o assunto, indica-se leitura do Manual de Mediação Judicial do CNJ, disponível em: http://www.cnj.jus.br/files/con-
teudo/arquivo/2016/07/f247f5ce60df2774c59d6e2dddbfec54.pdf.
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questão 1 (FCC/DPE-MA/DEFENSOR PÚBLICO/2018) O conceito de Equilíbrio de Nash 
(NASH, John F. Theory of Games and Economic Behavior, 1944) na Teoria dos Jogos:
a) trata de teoria de comportamento econômico, sem qualquer relevância para o estudo da 
mediação em demandas judiciais.b) tem como principal elemento a competição entre os envolvidos na disputa, de modo que 
deve prevalecer quem tem maior mérito.
c) é absolutamente incompatível com os escopos e finalidades da mediação como instru-
mento de autocomposição.
d) tem por finalidade assegurar a absoluta igualdade entre as partes envolvidas em um litígio 
judicial.
e) é compatível com a cooperação, pois combinando estratégias entre os jogadores alcança-se 
melhor resultado, individual e coletivamente.2
3.15. respeito Ao AutorregrAmento dA vontAde no proCesso
A primeira observação a ser mencionada sobre esse princípio é que o poder de autorre-
gramento da vontade no processo não é ilimitado. Por envolver o exercício de uma função 
pública, que é a jurisdição, a negociação processual se torna mais regulada e seu objeto, 
mais restrito.
Esse princípio tem por finalidade a obtenção de um ambiente processual em que o direito 
de se autorregular possa ser exercido sem restrições infundadas, ou seja, tornar o processo 
um espaço propício para o exercício da liberdade.
É possível afirmar que existe um microssistema de proteção do exercício da livre vontade 
no processo?
2 Letra e.
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Sim, é possível.
• O CPC é estruturado de modo a estimular a solução do conflito por autocomposição.
• O CPC prevê muitos negócios processuais típicos, como a eleição negocial do foro, o 
calendário processual, o acordo para a suspensão do processo etc.
• O CPC prevê, no artigo 190, uma cláusula geral de negociação processual, que permite 
a realização de negócios jurídicos processuais atípicos.
• A arbitragem tem bastante prestígio no Direito brasileiro.
Todas essas circunstâncias levam a doutrina a pensar na existência de um microssistema 
de proteção do exercício livre da vontade no processo.
3.16. primAziA dA deCisão de mérito
Para esse princípio, o magistrado deve priorizar a decisão de mérito e tê-la como objetivo 
principal.
Na prática, isso significa que o magistrado deve buscar conduzir o processo aprovei-
tando ao máximo os atos processuais, evitar reconhecer nulidades quando puderem ser 
sanadas e deixar de lado formalidades excessivas, destituídas de fundamento.
Esse é um princípio previsto no artigo 4º do CPC:
Art. 4º As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a 
atividade satisfativa.
No entanto, há diversos outros dispositivos no CPC que reforçam esse princípio:
Art. 6º. Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo 
razoável, decisão de mérito justa e efetiva.
Art. 317. Antes de proferir decisão sem resolução de mérito, o juiz deverá conceder à parte oportu-
nidade para, se possível, corrigir o vício.
Art. 321. O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos dos arts. 319 e 320 ou 
que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará 
que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou a complete, indicando com precisão o que 
deve ser corrigido ou completado.
Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a petição inicial.
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Esse princípio se aplica somente em primeira instância?
Não, é aplicável também na instância recursal, o que significa que há necessidade de se 
dar preferência à análise do mérito recursal em vez de não conhecer recurso por defeitos que 
possam ser sanados ou mesmo desconsiderados. Perceba que esse princípio busca fortalecer 
também o reconhecimento do direito material da parte em detrimento das velhas “picuinhas” 
jurídicas.
Observe os seguintes artigos do CPC como exemplo da aplicação desse princípio na fase 
recursal.
Art. 932. Parágrafo único. Antes de considerar inadmissível o recurso, o relator concederá o prazo 
de 5 (cinco) dias ao recorrente para que seja sanado vício ou complementada a documentação 
exigível.
Art. 1.007. No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará, quando exigido pela 
legislação pertinente, o respectivo preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, sob pena 
de deserção.
§ 7º O equívoco no preenchimento da guia de custas não implicará a aplicação da pena de deserção, 
cabendo ao relator, na hipótese de dúvida quanto ao recolhimento, intimar o recorrente para sanar 
o vício no prazo de 5 (cinco) dias.
Perceba que, antes de inadmitir o recurso, o relator deve dar oportunidade ao recorrente 
de sanar o vício existente ou complementar a documentação faltante.
Perceba também que, havendo equívoco no preenchimento da guia de custas do recurso, 
o relator não vai de imediato declarar o recurso deserto, mas dar oportunidade de o recorrente 
sanar o vício. Isso visa justamente evitar o não conhecimento do recurso e decidir o mérito.
É também importante dizer que a primazia da decisão de mérito tem sido reconhecida no 
âmbito dos tribunais superiores.
No EAREsp n. 742.240-MG, o STJ entendeu que o interessado deverá ser intimado para 
a realização do preparo recursal nas hipóteses de indeferimento ou de não processamento 
do pedido de gratuidade da justiça; ou seja, se o pedido de gratuidade da justiça for feito 
na fase recursal e for indeferido, é preciso que o recorrente seja intimado para que realize 
o pagamento do preparo antes de o relator declarar o recurso deserto, evitando-se, assim, 
aquela velha jurisprudência defensiva dos tribunais em detrimento do princípio da primazia 
do julgamento de mérito.
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Confira um trecho do julgado:
A Corte Especial do STJ, em apreciação aos embargos de divergência, pacificou o enten-
dimento que encontrava dissonância no âmbito do Tribunal sobre a necessidade, ou 
não, de intimar o interessado para a realização do preparo quando reconhecida como 
incorreta a formulação do pedido de assistência judiciária gratuita na própria petição 
do Recurso Especial. O acórdão embargado, da Primeira Turma, decidiu que o recurso 
seria deserto, pois o pedido de benefício de assistência judiciária gratuita deveria ter 
sido feito em autos apartados. Ao revés, o aresto paradigma, da Quarta Turma, decidiu 
que no caso de indeferimento, há que oportunizar à parte o pagamento do preparo. O 
CPC/2015, em seu art. 99, avançou em relação ao tema da assistência judiciária gra-
tuita, por permitir que o requerimento seja formulado por qualquer meio e, nos casos do 
seu indeferimento, que o interessado seja intimado para a realização do preparo. Assim, 
nada mais razoável para se tornarem efetivos os direitos fundamentais de assistência 
jurídica das pessoas economicamente hipossuficientes (art. 5º, LXXIV, da CF/1988) e 
de amplo acesso à Justiça (art. 5º, XXXV, da CF/1988) que seja assegurada ao jurisdi-
cionado não somente a possibilidade de protocolizar o pedido de assistência judiciária 
por qualquer meio processual e em qualquer fase do processo, mas também, caso inde-
ferido o pedido, que seja intimado para que realize o recolhimento das custas e porte de 
remessa e retorno, quando for o caso.
EAREsp n. 742.240-MG, rel.: Min. Herman Benjamin, por unanimidade, julgado em 
19/09/2018, DJe 27/02/2019 (Informativo n. 643).
Ainda sobre o princípio da primazia da decisão de mérito, temos o Enunciado n. 372 do 
Fórum Permanente de Processualistas Civis.
Enunciado n. 372/FPPC:
O art. 4º tem aplicação em todas as fases e em todos os tipos de procedimento, inclu-
sive em incidentes processuais e na instância recursal, impondo ao órgão jurisdicional 
viabilizar o saneamento de vícios para examinar o mérito,

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