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24-03-2017 Mutação Constitucional Introdução A constituição de um Estado não pode ser um documento estático, petrificado. A constituição deve ser compreendida como um elemento vivo, em constante transformação, na medida em que ocorre as transformações da sociedade e o surgimento de novas demandas sociais. É preciso, portanto, encontrar um meio termo entre a necessidade de estabilidade e segurança da constituição e a necessidade de atualização da constituição por força da evolução social. A mutação constitucional tem o propósito de atualizar a constituição a partir das novas demandas sociais, sem que o texto da constituição seja modificado Conceito A mutação constitucional consiste em processo informal de modificação da constituição, que se dá pela atribuição de novos significados a constituição, resultantes da transformação dos valores sociais e/ou da alteração da realidade fática, sem que o texto constitucional seja alterado. Causas Transformação dos valores sociais. Os valores sociais que predominam em um determinado momento histórico são determinantes para a atribuição de novos significados à constituição. Por exemplo, no século XIX, a suprema corte americana, com base no princípio da igualdade, admitia práticas de segregação racial entre negros e brancos. Na segunda metade do século XX, a suprema corte americana, com base no mesmo texto constitucional do princípio da igualdade, mudou a sua compreensão sobre a convivência entre negros e brancos, permitindo segregação racial em alguns espaços. Atualmente, com base no mesmo princípio da igualdade, a suprema corte americana não admite segregação racial. Alteração da realidade tática A alteração de circunstâncias de fato, provocada por fatores econômicos ou tecnológicos, pode provocar a atribuição de novos significados a constituição. Por exemplo, na década de 70, quando havia níveis baixos de inflação, com base no princípio da legalidade, o STF entendia que havia necessidade de lei para fixar correção monetária de qualquer tipo de dívida. Já no final dos anos 70 e início dos anos 80 do século XX, com o aumento da inflação, o STF, com base no mesmo princípio da legalidade, passou a entender que somente não havia necessidade de lei para fixar correção monetária de dívidas de valor. A partir da metade dos anos 80 do século XX, o STF, com base no mesmo princípio da legalidade, passou a sustentar a desnecessidade de lei para fixar correção monetária para qualquer tipo de dívida. Ambas Quando não existia a tecnologia do exame de DNA, o princípio da coisa julgada era aplicado de forma rígida. Com o trânsito em julgado da ação de investigação de paternidade, a questão não podia mais ser discutida. Com a chegada da tecnologia do exame de DNA ao Brasil, houve uma nova atribuição de significado a coisa julgada nas ações de investigação de paternidade, isto é, mesmo com o trânsito em julgado definitivo da ação, se comprovada a paternidade por exame de DNA, a ação poderia ser revista, em virtude de flexibilização da coisa julgada. Além da alteração da realidade fática, provocada pela tecnologia do exame de DNA, a mutação constitucional do princípio da coisa julgada, resultou da transformação dos valores sociais, no que diz respeito ao reforço do princípio da dignidade humana. Origem A origem da mutação constitucional está nos EUA, sobretudo na jurisprudência da suprema corte americana e na doutrina da constituição viva Mecanismos
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