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Seguridade Social: Política de assistência social e o SUAS 2/258 Seguridade Social: Política de assistência social e o SUAS Autor: Emanuel Jones Xavier Freitas Sumário Apresentação da Disciplina 03 Unidade 1: Construção histórica da Seguridade Social e da Política de Assistência Social no Brasil 06 Assista a suas aulas 29 Unidade 2: Dinâmica de funcionamento do SUAS e o significado sócio institucional das instâncias de deliberação e de pactuação 38 Assista a suas aulas 70 Unidade 3: Política de Assistência Social e SUAS: instâncias, funções, princípios, diretrizes, financiamento e orçamento, gestão e planejamento 82 Assista a suas aulas 98 Unidade 4: Relações interinstitucionais e mecanismos de controle social 109 Assista a suas aulas 127 Unidade 5: Rede socioassistencial: conceitos, serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais. Instrumentos de gestão: Controle social 137 Assista a suas aulas 161 2/258 3/2583 Unidade 6: O papel dos agentes sociais na consolidação dos direitos sociais: avanços e desafios 171 Assista a suas aulas 196 Unidade 7: Reordenamento da rede socioassistencial. Sistema municipal, territorialidade e gestão, estrutura e funcionamento dos Centros de Referência da Assistência Social - CRAS e dos Centros de Referência Especializados da Assistência Social - CREAS 204 Assista a suas aulas 225 Unidade 8: O SUAS e os elementos normativos e instrumentais para a gestão do sistema e o Sistema de Monitoramento e Avaliação no SUAS: princípios, objetivos e os procedimentos para implementação 233 Assista a suas aulas 251 Sumário Seguridade Social: Política de assistência social e o SUAS Autor: Emanuel Jones Xavier Freitas 4/258 Apresentação da Disciplina A assistência social consolidou-se ao longo do tempo, na particularidade da história brasileira, como um dos principais objetos de pesquisa e reflexão no bojo da gestão social. Embora não se constitua como um campo específico de atuação de determinada categoria profissional, por apresentar as mais significativas transformações no campo social, político e econômico, a assistência social acaba por consolidar-se como profícua fonte de temáticas nos mais diversos campos da pesquisa científica. Por sua importância e capilaridade, a assistência social, atualmente instituída como política pública, apresenta-se como significativo campo do conhecimento e atuação de diversas categorias profissionais. Nesta perspectiva, o presente material tem por objetivo viabilizar a você: • Apresentação do histórico da assistência social no Brasil, relacionando-o com as reflexões dos principais teóricos sobre o assunto; • Disponibilizar as referências necessárias acerca do assentamento jurídico normativo da assistência social no Brasil; • Apontar as principais características da Política de Assistência Social na perspectiva do Sistema Único de Assistência Social; 5/258 • Possibilitar a você o contato com as principais bibliografias presentes sobre o assunto na literatura atual. Espera-se que, por meio deste conteúdo, você tenha condições de se familiarizar com o tema, conhecendo sua história e as determinações históricas, sociais e econômicas que delinearam a política de assistência social no contexto brasileiro. 6/258 Unidade 1 Construção histórica da Seguridade Social e da Política de Assistência Social no Brasil Objetivos 1. Conhecer a história da assistência social no Brasil; 2. Entender o ordenamento jurídico da assistência social no contexto brasileiro; 3. Conhecer as determinações sócio-históricas da assistência social no Brasil. Unidade 1 • Construção histórica da Seguridade Social e da Política de Assistência Social no Brasil7/258 Introdução Resgatar a história da assistência social no Brasil é imprescindível para o pleno entendimento de sua importância e dos reflexos contemporâneos. Não é possível entender a sua organização no Brasil contemporâneo, sem que antes haja um profundo reconhecimento de sua história, seus marcos mais significativos, bem como sua interpretação pelos mais diversos modelos de governo que já se desenvolvera em nosso país. Você verá que a assistência social no Brasil existe desde a chegada da família real ao solo brasileiro, no entanto, sua institucionalização, ordenamento jurídico normativo e reconhecimento enquanto direito social apenas se estabelecem no país muitos anos após. Não fossem os esforços da população para o reconhecimento da assistência social como direito social, certamente a sua maioria, que passou pela experiência da miséria, continuaria sofrendo com as expressões da questão social, tão arraigadas em nossa sociedade atualmente. Assim, na presente unidade, você conhecerá o percurso histórico da assistência social no contexto brasileiro, seu desenho histórico e o início de uma legitimação jurídico normativa. Unidade 1 • Construção histórica da Seguridade Social e da Política de Assistência Social no Brasil8/258 Breve Resgate Histórico Da Política De Assistência Social No Brasil Os antecedentes históricos da atual política de assistência social se constituem desde a descoberta do Brasil, no século XVI, quando houve a instalação das Santas Casas de Misericórdia, pois entende-se como fundante desta hoje política púbica todas as ações de cunho assistencial (benemerente e filantrópico) que permearam o enfrentamento às expressões da questão social num período antecedido pela instauração do Estado Democrático de Direito. Para saber mais Para Marilda Vilela Iamamoto, importante teórica do Serviço Social Brasileiro, questão social pode ser considerada como o conjunto de “expressões do processo de formação e desenvolvimento da classe operária e de seu ingresso no cenário político da sociedade, exigindo seu reconhecimento como classe por parte do empresariado e do Estado. É a manifestação, no cotidiano da vida social, da contradição entre o proletariado e a burguesia, a qual passa a exigir outros tipos de intervenção mais além da caridade e repressão”. Unidade 1 • Construção histórica da Seguridade Social e da Política de Assistência Social no Brasil9/258 Segundo Sposati: A assistência ao outro é prática antiga na humanidade. Não se limita nem à civilização judaico-cristã nem às sociedades capitalistas. A solidariedade social diante dos pobres, os viajantes, dos doentes, dos incapazes, dos mais frágeis, se inscreve sob diversas formas nas normas morais das diferentes sociedades. Ao longo do tempo, grupos filantrópicos e religiosos foram conformando práticas de ajuda e apoio. A fim de que se possa cunhar com mais especificidade a trajetória da assistência social, faz- se necessário realizar um salto histórico evidenciando particularmente o período em que se constituiu, no início dos anos de 1910, quando o processo de industrialização estava crescendo no Brasil e se estabeleceu um cenário em que as expressões da questão social se demonstram de forma mais evidente. No período compreendido entre 1910 e 1930, as ações benemerentes e filantrópicas predominam no que se refere à assistência social. Essas atividades eram desenvolvidas por organizações da sociedade civil, mais especificamente por organizações religiosas, Unidade 1 • Construção histórica da Seguridade Social e da Política de Assistência Social no Brasil10/258 que acreditavam que em torno de sua missão estava a função de estruturar meios para o enfrentamento das expressões da questão social. As manifestações da população diante do governo eram interpretadas como caso de polícia, considerando que as atividades do Estado eram constituídas em torno do desenvolvimento industrial e econômico (estado de cunho Para saber maisO cunho liberal, para além de um modelo econômico, pode ser considerado como um credo psicológico que determina um comportamento social, no bojo das relações sociais capitalistas. Além de fomentar a isenção do Estado em relação às necessidades sociais da população, ele define uma conduta particular individualista e completamente isenta de participação social, gerando impactos danosos à vida em sociedade. Unidade 1 • Construção histórica da Seguridade Social e da Política de Assistência Social no Brasil11/258 liberal) da sociedade brasileira. Conforme aponta Iamamoto: Observa-se, a partir desse momento, uma política econômica que se coloca nitidamente a serviço da industrialização, procurando reverter para esse polo os mecanismos econômicos naturalmente voltados para a sustentação e a agro-exportação. O Estado busca de diversas formas incentivar as indústrias básicas - tornando-se, em última instância, produtor direto através de empresas estatais e de economia mista - que viabilizem a expansão do setor industrial, organizando o mercado de trabalho, assim como a partir das políticas financeira e cambial, apoiar a capitalização e acumulação desse setor. (IAMAMOTO, 2005, p.235) Ações assistenciais deviam, portanto, permear o atendimento àqueles que não possuíam emprego, “sorte” ou qualquer meio que lhes possibilitasse seu próprio desenvolvimento. Unidade 1 • Construção histórica da Seguridade Social e da Política de Assistência Social no Brasil12/258 O trato da assistência social no âmbito da moral privada, e não da ética social e pública, é um dos equívocos dessa versão filantrópica. O primeiro-damismo, a benemerência está no âmbito da moral privada. Neste sentido, é que os conservadores pretendem agir (e agem) modelando a atenção àqueles mais cravados pela destituição, desapropriação e exclusão social, organizando atividades que vinculam as relações de classe, sob a égide do favor transclassista, do mais rico ao mais pobre, com a vinculação do reconhecimento da bondade do doador pelo receptor [...] (SPOSATI, 2001, p.76) Unidade 1 • Construção histórica da Seguridade Social e da Política de Assistência Social no Brasil13/258 O modelo conservador trata o Estado como uma grande família, na qual as esposas de governantes, as primeiras damas, é que cuidam dos “coitados”. É o paradigma do não direito, da reiteração da subalternidade, assentado no modelo de Estado patrimonial (...). Neste modelo, a assistência social é entendida como espaço de reconhecimento dos necessitados, e não de necessidades sociais. (SPOSATI, 2001, p. 76) Em 1937, no período da ditadura do Estado Novo (1937 a 1945), que o Estado brasileiro passa a interagir com as ações da sociedade civil, no que tange a assistência social. Esta interação se dá por meio da criação do Conselho Nacional de Serviço Social (CNSS), que teve como presidente Ataulpho de Paiva, em detrimento de suas propostas da criação de uma assistência social pública. O Decreto-Lei nº 525, de 1° de julho de 1938, que cria o CNSS, foi a primeira regulamentação nacional na área de Assistência Social e visava fixar as bases da organização do serviço social no país. Definia o serviço social como conjunto de obras públicas ou privadas orientadas “para o fim de diminuir ou suprimir as deficiências ou sofrimentos causados pela pobreza ou pela Unidade 1 • Construção histórica da Seguridade Social e da Política de Assistência Social no Brasil14/258 miséria, ou oriundos de qualquer forma de desajustamento social” (BRASIL, 1938, Art. 1o). O decreto determinava, ainda, que o CNSS tinha a função de estudar o problema do serviço social, atuar como órgão consultivo e opinar sobre os pedidos de subvenções que lhe fossem encaminhados por entidades privadas de Assistência Social. Da mesma data é o Decreto- Lei no 527, que se voltou à cooperação financeira entre a União e as entidades privadas de Assistência Social, regulando as subvenções públicas àquelas entidades e institucionalizando uma política na qual o Estado tinha como principal tarefa apoiar financeiramente as obras de Assistência Social. O CNSS surge então com a função de estabelecer a relação entre o Estado e as organizações da sociedade civil, no que tange as atividades voltadas à assistência social. Irá atuar na avaliação do trabalho e estrutura das organizações sociais (responsáveis pelas atividades de benemerência e filantropia frente à população), a fim de identificar possibilidades para a concessão de subvenções estatais, considerando que o Estado passava então a regular uma cooperação financeira da União com entidades privadas por intermédio dos Ministérios da Saúde e Educação (GOMES, 1999, p. 93). Em 1942 é criada a Legião Brasileira de Assistência Social (LBA) pela então primeira dama da república Darcy Vargas. A Unidade 1 • Construção histórica da Seguridade Social e da Política de Assistência Social no Brasil15/258 LBA surge com o objetivo de oferecer apoio às famílias dos soldados que foram encaminhados pelo governo brasileiro para o combate na Segunda Guerra Mundial. Considerou-se que ao encaminhar os chefes de família à guerra, seria necessária a oferta de subsídios que possibilitassem a manutenção do lar. Após o desmonte da guerra, a LBA passa a compor a rede de serviços assistenciais então constituintes do universo de organizações da sociedade civil. O surgimento da LBA terá de imediato um amplo papel de mobilização da opinião pública para apoio ao “esforço guerra”, promovido pelo governo e, consequentemente, ao próprio governo ditatorial. Nesse sentido, serão lançadas diversas campanhas no âmbito nacional, como as de borracha usada, confecção de ataduras e bandagens, campanha de livro, campanha das “hortas da vitória”, etc. Para os soldados mobilizados serão patrocinados diversos serviços de promoção e lazeres (cantinas, espetáculos etc). A assistência às famílias dos convocados terá também um amplo caráter promocional. Apenas no Distrito Federal, a LBA montará mais de cem postos de atendimentos e postos diversos de trabalhos voluntários. (IAMAMOTO, 2005, p. 251) Unidade 1 • Construção histórica da Seguridade Social e da Política de Assistência Social no Brasil16/258 Observa-se, portanto, que a partir da década do Governo Vargas, as organizações sociais, por meio da ação estatal, passam a constituir instrumentos de controle social sobre a população, seja para a manutenção do modo de produção capitalista, seja para absorver os conflitos sociais emergentes nas relações sociais. Embora: Ao longo da história brasileira, o controle social foi tomando dimensões diferenciadas, considerando as diferentes formas de governo e exercício do poder. Assim, essencialmente, pode ser concebido de duas formas: controle dos Estados sobre a sociedade civil, com o objetivo de conservação de privilégios, e controle da sociedade civil sobre o Estado, enquanto perspectiva de mudança social. Em ambos os casos, o controle social constitui-se como base e instrumento de um projeto societário que poderá fortalecer os interesses das classes dominantes ou das classes subalternas. (MACHADO, 2012, p.53) A partir da criação da LBA, observa-se um Estado restrito que conta com o apoio da iniciativa Unidade 1 • Construção histórica da Seguridade Social e da Política de Assistência Social no Brasil17/258 privada no sentido de atender às necessidades sociais. Assim, a LBA inicia ações que se caracterizavam como de Assistência Social, e por ser uma organização de abrangência nacional, suas ações se desenvolveram rapidamente e ganharam legitimidade em todo o território nacional. Entretanto, a base de sustentação das ações desenvolvidas pela LBA se fundamentava nacaridade, na benesse e no favor, fatos que marcam a dependência entre os indivíduos atendidos e a organização, ou seja, a assistência social naquele momento histórico não se constituía como um direito. A atuação da LBA consolidou as bases fundamentais do assistencialismo e contribuiu para a propagação do costume de se delegar às primeiras damas a responsabilidade pela direção das ações assistenciais do Estado, nos diferentes níveis de governo. Em 1946, com a promulgação de uma nova Constituição Federal (CF), desencadeou-se no país um processo de democratização, um dos avanços correu com a descentralização do poder da esfera federal e a garantia de autonomia aos poderes executivos e legislativos estaduais. O modelo assistencial baseado na filantropia e na benemerência privadas foi mantido, aprofundado e expandido, na medida em que se estimulou o surgimento de instituições assistenciais públicas e privado-filantrópicas por todo o país, do que resultou um emaranhado de ações Unidade 1 • Construção histórica da Seguridade Social e da Política de Assistência Social no Brasil18/258 e práticas sem unidade ou perspectiva política. Com relação ao regime militar, é necessário pontuar que não ocorreram inovações significativas ao padrão filantrópico e benemerente historicamente dominante. A questão social nesse período é reduzida à problemática da infância e da adolescência numa perspectiva de segurança pública. Assim, observa-se a criação das grandes instituições que buscavam o enquadramento dos jovens ao funcionamento da sociedade brasileira. Daí funda-se um sistema representado pela Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor e ainda, as FEBEMs (Fundações Estaduais de Bem-Estar do Menor). As demais expressões da questão social no bojo da assistência social permaneciam constituídas de um conjunto variado de ações públicas e privadas fragmentadas, desarticuladas e descontínuas, que funcionavam como ações complementares a outras políticas públicas. Em 1969, a LBA foi transformada em fundação pública e sua vinculação se deu ao Ministério do Trabalho e a Previdência Social. Também ocorreu a criação de outras instituições públicas para a oferta de serviços, programas e projetos assistenciais, entretanto, segmentados por necessidades especificas como é o caso da Central de Medicamentos (Ceme) e do Banco Nacional de Habitação (BNH). Em maio de 1974, o governo federal criou o Ministério da Previdência e Assistência Unidade 1 • Construção histórica da Seguridade Social e da Política de Assistência Social no Brasil19/258 Social (MPAS), e entre as suas Secretarias foi criada a de Assistência Social, a qual tinha por atribuição primordial formular e coordenar a política de combate à pobreza. No período do regime militar, as políticas sociais não emplacaram e, em meio à crise econômica dos anos 1970 e 1980, ocorreu o acirramento das desigualdades sociais. Nesse sentido, ocorreram pressões dos movimentos sociais, principalmente do movimento sindical, sanitarista, dos assistentes sociais e de novos movimentos sociais (movimento de mulheres, movimento negro, movimento ambientalista, movimentos de defesa dos direitos da criança e do adolescente, os movimentos das populações tradicionais, etc.), os quais se constituíram nos sujeitos coletivos de um amplo processo de luta das classes populares contra as condições impostas ao povo e na luta por melhores condições de vida. Esse conjunto de atores e sujeitos sociais, e tantos outros, conformaram o campo das forças progressistas que deixaram a marca dos direitos sociais, da democracia participativa, da descentralização e da cidadania na Constituição Federal de 1988. Observa-se, portanto, que a assistência social, ao longo de sua história no Brasil, esteve intimamente relacionada com as práticas benemerentes e assistencialistas, desenvolvidas por instituições da sociedade civil com apoio do Estado. No entanto, no final da década de 1980, esse cenário passa por significativas mudanças Unidade 1 • Construção histórica da Seguridade Social e da Política de Assistência Social no Brasil20/258 que redefiniram a história da assistência social no contexto brasileiro. Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, está, em seu capítulo II, da Seguridade Social, Seção I, das disposições gerais, posto: Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos: I. universalidade da cobertura e do atendimento; II. uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais; III. seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços; IV. irredutibilidade do valor dos benefícios; V. equidade na forma de participação no custeio; VI. diversidade da base de financiamento; VII. caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão Unidade 1 • Construção histórica da Seguridade Social e da Política de Assistência Social no Brasil21/258 quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998). (Constituição Federal, 1988, grifo nosso) Observa-se, portanto, o estabelecimento de uma carta magna na população brasileira, que a partir de sua promulgação reconhece o acesso à assistência social como um direto universal, integrante da Previdência Social e de responsabilidade do Estado, assim, a “assistência afirmada, sobretudo a partir da metade dos anos 80, é a assistência como um direito social e como uma ampliação da cidadania” (SCHONS, 2008, p. 39) Segundo Couto: Unidade 1 • Construção histórica da Seguridade Social e da Política de Assistência Social no Brasil22/258 As décadas de 1980 e 1990 foram paradigmáticas e paradoxais no encaminhamento de uma nova configuração para o cenário político, econômico e social brasileiro. De um lado, desenvolveu-se um processo singular de reformas, no que se refere à ampliação do processo de democracia - evidenciada pela transição dos governos militares para governos civis - e à organização política e jurídica - especialmente demonstrada no desenho da Constituição promulgada em 1968, considerada, pela maioria dos teóricos que a analisaram, como balizadora da tentativa do estabelecimento de novas relações sociais no país. (COUTO, 2010, p. 139) Unidade 1 • Construção histórica da Seguridade Social e da Política de Assistência Social no Brasil23/258 E, no bojo do Serviço Social, no mesmo período: Situamo-nos na segunda metade da década de 80, mais especificamente a partir de 1987, quando, segundo Netto, estamos no “terceiro momento” da “perspectiva de intenção de ruptura” (NETTO, 1989, p. 640 e 647), quando o movimento de reconceituação em Serviço Social dá o “espraiamento sobre a categoria profissional” (NETTO, 1989, p. 508). Ocasião em que se daria o seu amadurecimento. Não há dúvida que os profissionais se defrontam com a necessidade de dar novas respostas às suas ações profissionais partindo de uma postura crítica e dessa exigência, uma vez que “a questão da cidadania vem encontrando espaço nas discussões sobre a profissão, tendo em vista a necessidade de se redefinir formas de atualização dessa profissão face às demandas que lhe são postas pela sociedade”, conclui uma das autoras (OLIVEIRA, 1987, p. 11).”. (SCHONS, 2008, p. 39) Observa-se, portanto, que a abertura política ocorrida no início da década de1980 gerou significativas reformulações no cenário brasileiro, sobretudo e particularmente na política Unidade 1 • Construção histórica da Seguridade Social e da Política de Assistência Social no Brasil24/258 de assistência social. Ao assumir a política de assistência social, o governo brasileiro passa a responder por ela junto à população usuária e, embora pareça óbvia tal reflexão, deve-se considerar o grande vácuo histórico no qual esteve instalada tal política. Nasce de um caso de polícia (Início da Década de 1930), passa pela manipulação de governos ditatoriais (Período Getúlio Vargas), serve apenas àqueles que possuem vínculo empregatício (Ditadura Militar), para, enfim, alcançar status enquanto política pública. Questão reflexão ? para 25/258 A partir do conteúdo apresentado nesta unidade, reflita sobre a importância de uma política de assistência social no contexto de um país como o Brasil, com elevadíssimos índices de desigualdade social. Feito isso, desenvolva um texto de autorreflexão sobre este assunto e observe em seu cotidiano situações em que a intervenção do Estado poderia ser melhor desenvolvida, se mudado determinado cenário. 26/258 Considerações Finais A assistência social passou por muitas transformações ao longo do tempo no Brasil. É de fundamental importância conhecer sua origem e história a fim de que seja possível uma compreensão mais aprofundada de sua relevância para a consolidação dos direitos sociais no contexto brasileiro. Foi utilizada com estratégia de manobra ao longo de muitos anos, após deixar de ser compreendida como “caso de polícia”, no entanto, ainda nos dias de hoje, faz-se perceptível cotidianamente as consequências do estigma social construído em torno de sua importância. A assistência social parte do atendimento às necessidades sociais numa perspectiva caritativa e filantrópica, evoluindo na perspectiva do direito social e com assentamento na Constituição Federal de 1988. Unidade 1 • Construção histórica da Seguridade Social e da Política de Assistência Social no Brasil27/258 Referências BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, Senado, 1998. BRASIL. Decreto-Lei nº 525, de 1º de Julho de 1938, Institue o Conselho Nacional de Serviço Social e fixa as bases da organização do serviço social em todo o país. Diário Oficial da União - Seção 1 - 5/7/1938, Página 13384. COUTO, Berenice Rojas. et al. O Sistema Único de Assistência Social no Brasil: uma realidade em movimento. São Paulo: Cortez, 2011. GOMES, Ana Lígia. A nova regulamentação da filantropia e o marco legal do terceiro setor. In: Serviço Social & Sociedade. Nº 61. Ano XX. São Paulo: Cortez, 1999. p. 91-108. IAMAMOTO, Marilda Vilela. O Serviço Social na Contemporaneidade: trabalho e formação profissional. 9 ed. São Paulo: Cortez, 2005. IAMAMOTO, Marilda Vilela; CARVALHO, Raul. Relações Sociais e Serviço Social no Brasil: esboço de uma interpretação histórico-metodológica. São Paulo: Cortez, 1983. MACHADO, Loiva Mara de Oliveira. Controle da política de assistência social: caminhos e descaminhos - Porto Alegre: EDIPUCRS, 2012. Unidade 1 • Construção histórica da Seguridade Social e da Política de Assistência Social no Brasil28/258 SCHONS, Selma Maria. Assistência Social entre a Ordem e a Des-Ordem: Mistificação dos direitos sociais e da cidadania. São Paulo: Cortez, 1999. SPOSATI, Aldaíza de Oliveira e outros. A assistência na trajetória das políticas sociais brasileiras: uma questão em análise. São Paulo: Cortez, 1985. SPOSATI, Aldaíza de Oliveira e outros. Desafios para fazer avançar a política de Assistência Social no Brasil. In: Serviço Social & Sociedade. Assistência e proteção social. Nº 68. Ano XXII. São Paulo: Cortez, 2001. p. 54-82. Referências 29/258 Assista a suas aulas Aula 1 - Tema: Construção Histórica da Seguridade Social e da Política de Assistência Social no Brasil - Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f- 1d/68eb0d99fb23f5ebf5d0772cea8a028b>. Aula 1 - Tema: Construção Histórica da Seguridade Social e da Política de Assistência Social no Brasil - Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/pA- piv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/b5d- 2f6b6c4bfa58b4a781daf62ceb035>. 30/258 1. Como podemos definir a ação estatal na primeira metade do século XX em relação à assistência social no Brasil? a) Eram ações pautadas na perspectiva no direito, em que os cidadãos possuíam total subsídio do Estado para atendimento às suas necessidades sociais. b) Eram ações caritativas e benemerentes, uma vez que o Estado interpretava as expressões da questão social como caso de polícia, restando à própria sociedade civil enfrentá-las. c) Eram desenvolvidas na perspectiva da redistribuição de renda e criação de benefícios sociais. d) O Estado enfrentava as expressões da questão social por meio da criação de empregos e aumento da capacidade de consumo da população. e) O Estado brasileiro financiava ações empresariais para enfrentar as expressões da questão social. Questão 1 31/258 2. Em que momento e o que destaca o início da interação estatal com a sociedade civil em relação às atividades benemerentes da sociedade civil? a) Em 1937, por meio da Criação do Conselho Nacional de Serviço Social. b) Em 1988, por meio da promulgação da Constituição Federal de 1988. c) Em 2004, por meio da promulgação da Política Nacional de Assistência Social. d) Em 1943, por meio da promulgação da Consolidação das Leis Trabalhistas. e) Em 1942, a partir da criação da Legião Brasileira de Assistência. Questão 2 32/258 3. Em que perspectiva é criada a Legião Brasileira de Assistência (LBA)? a) A LBA surge com o objetivo de oferecer apoio às famílias dos soldados que foram encaminhados pelo governo brasileiro para o combate na Segunda Guerra Mundial. b) Com o objetivo de centralizar as ações fiscalizatórias do Estado em relação às organizações assistenciais. c) Surge na perspectiva de organizar as ações, então descentralizadas, das damas de caridade em relação às pessoas em situação de rua. d) A LBA surge na perspectiva de um órgão estatal para o ordenamento de recursos financeiros das organizações assistenciais. e) A LBA surge como fundo de investimentos estatal para criação de novas organizações sociais. Questão 3 33/258 4. Qual a principal característica da Constituição Federal de 1946 em relação à assistência social? a) Rompe-se com o direcionamento filantrópico e caritativo, gerando uma ação estatal estrutural de enfrentamento à questão social. b) Aumenta-se o repasse estatal por meio de convênios público-privados às organizações sociais. c) Mantém-se o modelo assistencial com centralidade em ações filantrópicas e caritativas, sendo aprofundado e expandido. d) Investe-se na ação privada no campo da saúde, criando novos serviços e formas inovadoras de intervenção social. e) Contrata-se mais profissionais para atuar no campo da assistência social, promovendo capacitação continuada e novos instrumentos de intervenção. Questão 4 34/258 5. Escolha entre as alternativas a seguir, a que melhor define a ação esta- tal em relação à assistência social no período da Ditadura Militar: a) No período da ditadura militar, as políticas sociais foram supervalorizadas, gerando segurança e satisfação na população usuária. b) No período da ditadura militar, as políticas sociais já estavam consolidadas, não havendo a necessidade de mobilização social para esta questão. c) O período de regime militar no Brasil detém significativa importância em razão de seu excelente desempenho em relação ao enfrentamento às expressões da questão social.d) Não há registros do desempenho estatal no período do regime militar, em relação à assistência social. e) No período do regime militar, as políticas sociais não emplacaram e, em meio à crise econômica dos anos 1970 e 1980, ocorreu o acirramento das desigualdades sociais. Questão 5 35/258 Gabarito 1. Resposta: B. No período compreendido entre 1910 e 1930 (primeira metade do século XX), no Brasil, as ações benemerentes e filantrópicas predominam em detrimento da ação estatal, no que se refere à assistência social. Essas atividades eram desenvolvidas por organizações da sociedade civil, mais especificamente por organizações religiosas, que acreditavam que em torno de sua missão estava a função de estruturar meios para enfrentar as expressões da questão social. 2. Resposta: A. Em 1937, no período da ditadura do Estado Novo (1937 a 1945) é que o Estado brasileiro passa a interagir com as ações da sociedade civil no que tange a assistência social. Esta interação se dá por meio da criação do Conselho Nacional de Serviço Social (CNSS), que teve como presidente Ataulpho de Paiva, em detrimento de suas propostas de criação de uma assistência social pública. 3. Resposta: A. Em 1942 é criada a Legião Brasileira de Assistência Social (LBA), pela então primeira dama da república Darcy Vargas. A LBA surge com o objetivo de oferecer apoio às famílias dos soldados que foram encaminhados pelo governo brasileiro para o combate na Segunda Guerra Mundial. 36/258 Considerou-se que ao encaminhar os chefes de família à guerra, seria necessária a oferta de subsídios que possibilitassem a manutenção do lar. 4. Resposta: C. Em 1946, com a promulgação de uma nova Constituição Federal (CF), desencadeou-se no país um processo de democratização, um dos avanços ocorreu com a descentralização do poder da esfera federal e a garantia de autonomia aos poderes executivos e legislativos estaduais. O modelo assistencial baseado na filantropia e na benemerência privadas foi mantido, aprofundado e expandido, na medida em que se estimulou o surgimento Gabarito de instituições assistenciais públicas e privado-filantrópicas por todo o país, do que resultou um emaranhado de ações e práticas sem unidade ou perspectiva política. 5. Resposta: E. No período do regime militar, as políticas sociais não emplacaram e, em meio à crise econômica dos anos 1970 e 1980, ocorreu o acirramento das desigualdades sociais. Nesse sentido, ocorreram pressões dos movimentos sociais, principalmente do movimento sindical, sanitarista, dos assistentes sociais e de novos movimentos sociais (movimento de mulheres, movimento negro, movimento 37/258 ambientalista, movimentos de defesa dos direitos da criança e do adolescente, os movimentos das populações tradicionais, etc.), os quais se constituíram nos sujeitos coletivos de um amplo processo de luta das classes populares contra as condições impostas ao povo e na luta por melhores condições de vida. Gabarito 38/258 Unidade 2 Dinâmica de funcionamento do SUAS e o significado sócio institucional das instâncias de deliberação e de pactuação Objetivos 1. Compreender conceitualmente o significado do SUAS; 2. Entender a organização dos tipos de proteção da assistência social; 3. Introduzir os aspectos estruturantes do SUAS. Unidade 2 • Dinâmica de funcionamento do SUAS e o significado sócio institucional das instâncias de deliberação e de pactuação39/258 O SUAS no Contexto da PNAS O Sistema Único de Assistência Social, SUAS, é público e tem como principal objetivo organizar, de forma descentralizada, entre os três níveis de governo (municipal, estadual e federal) os serviços que compõem a rede de serviços sócio assistenciais em todo território brasileiro. O referido sistema se dá por consequência da PNAS, que ao desenhar a política pública de assistência, demanda a criação de um sistema que, de maneira planejada e organizada, deverá atribuir materialidade às ações da assistência social. O SUAS materializa, portanto, o conteúdo da Lei Orgânica de Assistência Social - LOAS. Unidade 2 • Dinâmica de funcionamento do SUAS e o significado sócio institucional das instâncias de deliberação e de pactuação40/258 Segundo PNAS: O SUAS, cujo modelo de gestão é descentralizado e participativo, constitui-se na regulação e organização em todo território nacional das ações sócio assistenciais. Os serviços, programas, projetos e benefícios têm como foco prioritário a atenção às famílias, seus membros e indivíduos e o território como base de organização, que possam a ser definidos pelas funções que desempenham, pelo número de pessoas que delas necessitam e pela sua complexidade. Pressupõe, ainda, gestão compartilhada, cofinanciamento da política pelas três esferas de governo e definição clara das competências técnico-políticas da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, com a participação e mobilização da sociedade civil, e estes têm o papel efetivo da sua implantação e implementação. (PNAS, 2005, p. 39) Nesta perspectiva, o SUAS prevê de forma organizada e planejada as ações no campo da assistência social, conjeturando em igual medida definições e tipologias importantes para a consecução da política pública de assistência social como direito social. Unidade 2 • Dinâmica de funcionamento do SUAS e o significado sócio institucional das instâncias de deliberação e de pactuação41/258 Para saber mais Você sabe o que são condicionalidades da Política Nacional de Assistência Social? As condicionalidades são os compromissos assumidos tanto pelas famílias beneficiárias do Bolsa Família quanto pelo poder público para ampliar o seu acesso aos direitos sociais básicos. Por um lado, as famílias devem assumir e cumprir esses compromissos para continuar recebendo o benefício, por outro, as condicionalidades responsabilizam o poder público pela oferta dos serviços públicos de saúde, educação e assistência social. Na área de saúde, as famílias beneficiárias assumem o compromisso de acompanhar o cartão de vacinação, o crescimento e o desenvolvimento das crianças menores de 7 anos. As mulheres na faixa de 14 a 44 anos também devem fazer o acompanhamento e, se gestantes ou nutrizes (lactantes), devem realizar o pré-natal e o acompanhamento da sua saúde e do bebê. Na educação, todas as crianças e adolescentes entre 6 e 15 anos devem estar devidamente matriculados e com frequência escolar mensal mínima de 85% da carga horária. Já os estudantes entre 16 e 17 anos devem ter frequência de, no mínimo, 75%. O poder público deve fazer o acompanhamento gerencial para identificar os motivos do não cumprimento das condicionalidades. A partir daí, são implementadas ações de acompanhamento das famílias em descumprimento, consideradas em situação de maior vulnerabilidade social. A família que encontra dificuldades em cumprir as condicionalidades deve, além de buscar Unidade 2 • Dinâmica de funcionamento do SUAS e o significado sócio institucional das instâncias de deliberação e de pactuação42/258 Para saber mais orientações com o gestor municipal do Bolsa Família, procurar o Centro de Referência de Assistência Social (Cras), o Centro de Referência Especializada de Assistência Social (Creas) ou a equipe de assistência social do município. O objetivo é auxiliar a família a superar as dificuldades enfrentadas. Esgotadas as chances de reverter o descumprimento das condicionalidades, a família pode ter o benefício do Bolsa Família bloqueado, suspenso ou até mesmo cancelado. Todas as informações relacionadas às condicionalidades das famílias podem ser encontradas no Sistema de Condicionalidades do Programa Bolsa Família (Sicon). (Fonte: <http://www.mds.gov.br/ bolsafamilia/condicionalidades>).O SUAS: Elementos Estruturantes O SUAS estabelece elementos que constituem a base para a execução da política pública de assistência social em conformidade com o estabelecido na PNAS do ponto de vista do marco ideológico, sendo que extrapola tais elementos quando atribuídos à perspectiva da aplicação Unidade 2 • Dinâmica de funcionamento do SUAS e o significado sócio institucional das instâncias de deliberação e de pactuação43/258 à realidade concreta, ou seja, supera os princípios estabelecidos pela PNAS, quando aplicados à realidade, constituindo novos elementos de cunho prático, constituindo os eixos estruturantes e de subsistemas, conforme a seguir: • Matricialidade familiar; • Descentralização político- administrativa e territorialização; • Novas bases para a relação entre Estado e Sociedade Civil; • Financiamento; • Controle Social; • O desafio da participação popular/ cidadão usuário; • A política de recursos humanos; • A informação, o monitoramento e a avaliação; No campo das novas relações que se estabelecem entre sociedade civil e Estado, destaca-se a parceria entre organizações governamentais ou, o próprio Estado, com ONGs, na construção e consolidação das redes de atenção e proteção, previstas na PNAS e instituídas no SUAS. Unidade 2 • Dinâmica de funcionamento do SUAS e o significado sócio institucional das instâncias de deliberação e de pactuação44/258 A gravidade dos problemas sociais brasileiros exige que o Estado estimule a sinergia e gere espaços de colaboração, mobilizando recursos potencialmente existentes na sociedade, tornando imprescindível contar com a sua participação em ações integradas, de modo a multiplicar seus efeitos e chances de sucesso. Desconhecer a crescente importância da atuação das organizações da sociedade nas políticas sociais é reproduzir a lógica ineficaz e irracional da fragmentação, descoordenação, superposição e isolamento das ações. (PNAS, 2005 p. 47) O financiamento do SUAS possui assento na Constituição Federal, que em seu art. 195 dispõe do financiamento da Seguridade Social, afirma que esta possui orçamento próprio, por meio do custeio de toda a sociedade, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e das contribuições sociais. O controle social, assim como o financiamento da seguridade social, possui assento na CF-88, como instrumento de efetivação da participação popular, com caráter democrático e participativo. No Unidade 2 • Dinâmica de funcionamento do SUAS e o significado sócio institucional das instâncias de deliberação e de pactuação45/258 SUAS, os conselhos têm como principal papel a fiscalização da política e seu financiamento. Com relação ao controle social, Machado assevera: Considerando que controle social na Política de Assistência Social significa processo permanente de construção - permeado por relações contraditórias se segmentos da sociedade civil entre si e destes com o Estado no que se refere à gestão do poder e ao exercício democrático de participação -, busca-se neste item dar visibilidade às concepções de sociedade civil acerca do controle social. Pretende-se, igualmente, identificar alguns fatores que dificultam o exercício do controle social na Política de Assistência Social e a novidade que esse controle representa como mediação necessária ao fortalecimento da democracia participativa. Também busca-se destacar as dimensões integrantes do controle social e sua finalidade no contexto de redemocratização do Estado brasileiro. (MACHADO, 2012 p. 128) Portanto, as instâncias de controle social por meio de conferências e conselhos se constituem tanto como um avanço da PNAS na perspectiva do SUAS, quanto um grande desafio de Unidade 2 • Dinâmica de funcionamento do SUAS e o significado sócio institucional das instâncias de deliberação e de pactuação46/258 materializar o art. 5o da LOAS, inciso II ao legitimar a participação popular na política pública de assistência social. Segundo Yazbek: Importante destacar que esse estímulo à participação nos CRAS, conselhos e conferências tem sido conduzido pelos profissionais que trabalham nas unidades e serviços sócio assistenciais, o que revela o lugar estratégico da atuação dos trabalhadores do setor. (Yazbek et al., 2010, p. 193) Tal afirmação possibilita o encontro entre o papel dos profissionais envolvidos na política de assistência, bem como na política de recursos humanos prevista para a identificação e o progresso dos trabalhadores que participam do processo de desenvolvimento da política pública de assistência social. Unidade 2 • Dinâmica de funcionamento do SUAS e o significado sócio institucional das instâncias de deliberação e de pactuação47/258 O dinamismo, e diversidade e a complexidade da realidade social pautam questões sociais que se apresentam sob formas diversas de demandas para a política de assistência social, e que exigem a criação de uma gama diversificada de serviços que atendam às especificidades da expressão da questão social apresentada para esta política. (PNAS, 2005 p. 53) Assim, várias funções são criadas, o que acaba por determinar a necessidade de definições estruturais a fim de qualificar a possibilitar que por meio da atuação técnica, as intervenções dos trabalhadores alcancem os níveis de eficácia e eficiência necessários. Unidade 2 • Dinâmica de funcionamento do SUAS e o significado sócio institucional das instâncias de deliberação e de pactuação48/258 Por fim, um dos mais importantes elementos constituintes do SUAS dá-se pela perspectiva da informação, monitoramento e avaliação da política de assistência social, por meio da criação de um sistema oficial de informação que tem como objetivo central a mensuração da eficiência e eficácia das ações pré-ideadas nos planos de trabalho. Para saber maisEntrada de Famílias no Programa Bolsa Família Serão habilitadas a entrar no Programa Bolsa Família as famílias: » Com cadastros atualizados nos últimos 24 meses; » Com renda mensal por pessoa menor ou igual ao limite de extrema pobreza (R$ 77,00); » Com renda mensal por pessoa entre os limites de extrema pobreza e pobreza (R$ 77,01 e R$ 154,00), desde que possuam crianças e/ou adolescentes de 0 a 17 anos na sua composição. (Fonte: <http://www.mds.gov.br/bolsafamilia/beneficios/entrada-de-familias-no- programa%20%20>) Unidade 2 • Dinâmica de funcionamento do SUAS e o significado sócio institucional das instâncias de deliberação e de pactuação49/258 O que se pretende claramente com tal deliberação é a implantação de políticas articuladas de informação, monitoramento e avaliação que realmente promovam novos patamares de desenvolvimento da política de assistência social no Brasil, das ações realizadas e da utilização de recursos, favorecendo a participação, o controle social e uma gestão otimizada da política. Desenhados de forma a fortalecer a democratização da informação, na amplitude de circunstâncias que perfazem a política de assistência social, estas políticas e as ações resultantes deverão pautar-se principalmente na criação de sistemas de informação, que serão base estruturante e produto do Sistema Único de Assistência Social e na integração das bases de dados de interesse para o campo sócio assistencial, com a definição de indicadores específicos de tal política pública. (PNAS, 2005, p. 56) Assim, atua-se na perspectiva de compreender os processos de informação, monitoramento e avaliação na seara da assistência social, e que eles sejam considerados como setores estratégicos da gestão da política pública, “cessando com uma utilização tradicionalmente Unidade 2 • Dinâmica de funcionamento do SUAS e o significadosócio institucional das instâncias de deliberação e de pactuação50/258 circunstancial e tão somente instrumental deste campo, o que é central para o ininterrupto aprimoramento da política de assistência social no país” (PNAS, 2005, p. 58). Os Tipos de Proteção da Assistência Social A fim de que seja possível a apresentação dos tipos de proteção previstos pela PNAS e pelo SUAS, faz-se necessário conhecer conceitualmente a quem se destina a PNAS, ou seja, qual o público usuário da mesma. Em conformidade com o estabelecido na própria PNAS, constitui-se como público usuário da referida política: Unidade 2 • Dinâmica de funcionamento do SUAS e o significado sócio institucional das instâncias de deliberação e de pactuação51/258 [...] cidadãos e grupos que se encontram em situações de vulnerabilidade e riscos, tais como: famílias e indivíduos com perda ou fragilidade de vínculos de afetividade, pertencimento e sociabilidade; ciclos de vida; identidades estigmatizadas em termos étnicos, culturais e sexuais; desvantagem pessoal resultante de deficiências; exclusão pela pobreza e, ou, no acesso às demais políticas públicas; uso de substâncias psicoativas; diferentes formas de violências advinda do núcleo familiar, grupos e indivíduos, inserção precária ou não inserção no mercado de trabalho formal ou informal; estratégias e alternativas diferenciadas de sobrevivência que podem representar risco pessoal e social. (PNAS, 2005, p. 33) Diante dessa informação, foram constituídas proteções afiançadas, ou seja, acreditadas ao público alvo da política pública de assistência (por tratar-se de política social não contributiva), sendo elas: • Proteção Social Básica; Unidade 2 • Dinâmica de funcionamento do SUAS e o significado sócio institucional das instâncias de deliberação e de pactuação52/258 • Proteção Social Especial; • Proteção Social Especial de Média Complexidade; • Proteção Social Especial de Alta Complexidade; A proteção social básica tem como principal objetivo consolidar o aspecto preventivo da política de assistência, atuando com centralidade em atividades que promovam a aquisição e o desenvolvimento de potencialidades, bem como o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários, conforme princípios previstos na própria política pública de assistência social. Destina-se à população que vive em situação de vulnerabilidade social decorrente da pobreza, privação (ausência de renda, precário ou nulo acesso aos serviços públicos, dentre outros) e, ou, fragilização de vínculos afetivos - relacionais ou de pertencimento social (discriminações etárias, étnicas, de gênero ou por deficiências, dentro outras). (PNAS, 2005 p. 33) Os benefícios de prestação continuada, bem como os eventuais, constituem a proteção social básica, sendo compostos conforme a seguir: Unidade 2 • Dinâmica de funcionamento do SUAS e o significado sócio institucional das instâncias de deliberação e de pactuação53/258 O benefício de prestação continuada (BPC) pertence à política de assistência social, está previsto na LOAS (seção I, art. 20), cuja operacionalização dá-se pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e trata da: [...] garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem tê-la provida por sua família (Redação dada pela Lei no 12.435 de 2011). (LOAS, 2013) Neste sentido, considera-se como família: [...] a família é composta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto. (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011). (LOAS, 2013) Unidade 2 • Dinâmica de funcionamento do SUAS e o significado sócio institucional das instâncias de deliberação e de pactuação54/258 A seguir, seguem informações importantes decorrentes da revisão da LOAS, ocorrida por consequência da Lei 12.435/11, com o principal objeto de intervenção o BPC, sendo elas: § 2o Para efeito de concessão deste benefício, considera- se: (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011) I - pessoa com deficiência: aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade com as demais pessoas. (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011) II - impedimentos de longo prazo: aqueles que incapacitam a pessoa com deficiência para a vida independente e para o trabalho pelo prazo mínimo de 2 (dois) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011) § 2o Para efeito de concessão deste benefício, considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em Unidade 2 • Dinâmica de funcionamento do SUAS e o significado sócio institucional das instâncias de deliberação e de pactuação55/258 igualdade de condições com as demais pessoas. (Redação dada pela Lei nº 12.470, de 2011) § 3o Considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa com deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário-mínimo. (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011) § 4o O benefício de que trata este artigo não pode ser acumulado pelo beneficiário com qualquer outro no âmbito da seguridade social ou de outro regime, salvo os da assistência médica e da pensão especial de natureza indenizatória. (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011) § 5o A condição de acolhimento em instituições de longa permanência não prejudica o direito do idoso ou da pessoa com deficiência ao benefício de prestação continuada. (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011) § 6o A concessão do benefício ficará sujeita à avaliação da deficiência e do grau de incapacidade, composta por avaliação médica e avaliação social, realizadas por médicos peritos e por assistentes sociais Unidade 2 • Dinâmica de funcionamento do SUAS e o significado sócio institucional das instâncias de deliberação e de pactuação56/258 do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011) § 6º A concessão do benefício ficará sujeita à avaliação da deficiência e do grau de impedimento de que trata o § 2o, composta por avaliação médica e avaliação social, realizadas por médicos peritos e por assistentes sociais do Instituto Nacional de Seguro Social - INSS. (Redação dada pela Lei nº 12.470, de 2011) § 7º Na hipótese de não existirem serviços no município de residência do beneficiário, fica assegurado, na forma prevista em regulamento, o seu encaminhamento ao município mais próximo que contar com tal estrutura. (Incluído pela Lei nº 9.720, de 30.11.1998) § 8o A renda familiar mensal a que se refere o § 3o deverá ser declarada pelo requerente ou seu representante legal, sujeitando-se aos demais procedimentos previstos no regulamento para o deferimento do pedido. (Incluído pela Lei nº 9.720, de 30.11.1998) § 9º A remuneração da pessoa com deficiência na condição de aprendiz não será considerada Unidade 2 • Dinâmica de funcionamento do SUAS e o significado sócio institucional das instâncias de deliberação e de pactuação57/258 para fins do cálculo a que se refere o § 3o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.470, de 2011) § 10. Considera-se impedimento de longo prazo, para os fins do § 2o deste artigo, aquele que produza efeitospelo prazo mínimo de 2 (dois) anos. (Incluído pela Lei nº 12.470, de 2011) Art. 21. O benefício de prestação continuada deve ser revisto a cada 2 (dois) anos para avaliação da continuidade das condições que lhe deram origem. (Vide Lei nº 9.720, de 30.11.1998) § 1º O pagamento do benefício cessa no momento em que forem superadas as condições referidas no caput, ou em caso de morte do beneficiário. § 2º O benefício será cancelado quando se constatar irregularidade na sua concessão ou utilização. § 3o O desenvolvimento das capacidades cognitivas, motoras ou educacionais e a realização de atividades não remuneradas de habilitação e reabilitação, entre outras, não constituem motivo de suspensão ou cessação do benefício da pessoa com Unidade 2 • Dinâmica de funcionamento do SUAS e o significado sócio institucional das instâncias de deliberação e de pactuação58/258 deficiência. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) § 4o A cessação do benefício de prestação continuada concedido à pessoa com deficiência, inclusive em razão do seu ingresso no mercado de trabalho, não impede nova concessão do benefício, desde que atendidos os requisitos definidos em regulamento. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) § 4º A cessação do benefício de prestação continuada concedido à pessoa com deficiência não impede nova concessão do benefício, desde que atendidos os requisitos definidos em regulamento. (Redação dada pela Lei nº 12.470, de 2011) Art. 21-A. O benefício de prestação continuada será suspenso pelo órgão concedente quando a pessoa com deficiência exercer atividade remunerada, inclusive na condição de microempreendedor individual. (Incluído pela Lei nº 12.470, de 2011) § 1o Extinta a relação trabalhista ou a atividade empreendedora de que trata o caput deste artigo e, Unidade 2 • Dinâmica de funcionamento do SUAS e o significado sócio institucional das instâncias de deliberação e de pactuação59/258 quando for o caso, encerrado o prazo de pagamento do seguro-desemprego e não tendo o beneficiário adquirido direito a qualquer benefício previdenciário, poderá ser requerida a continuidade do pagamento do benefício suspenso, sem necessidade de realização de perícia médica ou reavaliação da deficiência e do grau de incapacidade para esse fim, respeitado o período de revisão previsto no caput do art. 21. (Incluído pela Lei nº 12.470, de 2011) § 2o A contratação de pessoa com deficiência como aprendiz não acarreta a suspensão do benefício de prestação continuada, limitado a 2 (dois) anos o recebimento concomitante da remuneração e do benefício. (Incluído pela Lei nº 12.470, de 2011) (LOAS, 2013 – grifo nosso) Os chamados benefícios eventuais, também componentes da proteção social básica, são de caráter suplementar e provisório, concedidos em casos emergentes de calamidade pública, nascimento, morte ou situações de vulnerabilidade temporária. Possuem como principal objetivo fortalecer as potencialidades individuais e familiares e, como o BPC, também possui assento Unidade 2 • Dinâmica de funcionamento do SUAS e o significado sócio institucional das instâncias de deliberação e de pactuação60/258 na Lei 8742/93 (LOAS). A possibilidade e valor dos benefícios concedidos devem ser definidos pelos entes federativos, bem como previstos nas leis orçamentárias, com base em critérios estabelecidos em conformidade com as deliberações dos Conselhos de Assistência Social. O Conselho Nacional de Assistência Social - CNAS, por meio da Resolução Nº 212, de 19 de outubro de 2006, e a União, por intermédio do Decreto Nº 6.307, de 14 de dezembro de 2007, estabeleceram critérios orientadores para a regulamentação e provisão de Benefícios Eventuais no âmbito da Política Pública de Assistência Social pelos Municípios, Estados e Distrito Federal. Para tanto, os Municípios devem estruturar um conjunto de ações, tais como: • Regulamentar a prestação dos Benefícios Eventuais; • Assegurar, em lei orçamentária, os recursos necessários à oferta destes benefícios; • Organizar o atendimento aos Unidade 2 • Dinâmica de funcionamento do SUAS e o significado sócio institucional das instâncias de deliberação e de pactuação61/258 beneficiários. Os Estados também têm como responsabilidade na efetivação desse direito a destinação de recursos financeiros aos Municípios, a título de cofinanciamento do custeio dos Benefícios Eventuais. (MDS, 2013) Conforme lei 8742/93 (LOAS), art. 22: Art. 22. Entendem-se por benefícios eventuais as provisões suplementares e provisórias que integram organicamente as garantias do Suas e são prestadas aos cidadãos e às famílias em virtude de nascimento, morte, situações de vulnerabilidade temporária e de calamidade pública. (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011) § 1o A concessão e o valor dos benefícios de que trata este artigo serão definidos pelos Estados, Distrito Federal e Municípios e previstos nas respectivas leis orçamentárias anuais, com base em critérios e prazos definidos pelos respectivos Conselhos de Assistência Social. (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011) Unidade 2 • Dinâmica de funcionamento do SUAS e o significado sócio institucional das instâncias de deliberação e de pactuação62/258 § 2o O CNAS, ouvidas as respectivas representações de Estados e Municípios dele participantes, poderá propor, na medida das disponibilidades orçamentárias das 3 (três) esferas de governo, a instituição de benefícios subsidiários no valor de até 25% (vinte e cinco por cento) do salário-mínimo para cada criança de até 6 (seis) anos de idade. (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011) § 3o Os benefícios eventuais subsidiários não poderão ser cumulados com aqueles Para saber mais O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) organizou uma Biblioteca Virtual unificada das cinco temáticas de atuação: Assistência Social, Bolsa Família, Segurança Alimentar e Nutricional, Inclusão Produtiva e Avaliação e Gestão da Informação. A seguir, acesse as publicações sobre Assistência Social e as respectivas fichas catalográficas: Acesse em: <http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/secretaria-nacional-de-assistencia- social-snas/biblioteca>. (Fonte: <http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/secretaria-nacional-de-assistencia- social-snas/biblioteca>) Unidade 2 • Dinâmica de funcionamento do SUAS e o significado sócio institucional das instâncias de deliberação e de pactuação63/258 instituídos pelas Leis no 10.954, de 29 de setembro de 2004, e no 10.458, de 14 de maio de 2002. (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011) A existência de ambos os benefícios, desonera, portanto, a Previdência Social do pagamento de renda mensal vitalícia, do auxílio-natalidade e do auxílio funeral, antes existentes no âmbito da Previdência Social. A proteção social especial, diferentemente da proteção social básica, tem caráter interventivo em situações de violação de direitos, seja na esfera objetiva (violência física, exploração sexual, etc.) ou subjetiva (psicológica), sendo este o grupo de usuários da política de assistência social, na perspectiva da proteção social especial. Unidade 2 • Dinâmica de funcionamento do SUAS e o significado sócio institucional das instâncias de deliberação e de pactuação64/258 A realidade brasileira nos mostra que existem famílias com as mais diversas situações socioeconômicas que induzem à violação de direitos de seus membros, em especial, de suas crianças, adolescentes, jovens, idosos e pessoas com deficiência, além da geração de outros fenômenos como: pessoas em situação de rua, migrantes, idosos abandonados que estão nesta condiçãonão pela ausência de renda, mas por outras variáveis da exclusão social. (PNAS, 2005, p. 36). Partindo desta compreensão e das situações de violação de direitos, entende-se a necessidade do estabelecimento de uma proteção social, voltada especificamente ao tratamento das extremas situações. Ocorrências que para serem combatidas, necessitam de intervenção conjunta e compartilhada entre a assistência social e as demais políticas setoriais e Poder Judiciário, Ministério Público, bem como outros órgãos e ações do Poder Executivo. Desta forma, “a ênfase da proteção social especial deve priorizar a reestruturação dos serviços de abrigamento dos indivíduos que, por uma série de fatores, não contam mais com a proteção e o cuidado de suas famílias, para as novas modalidades de atendimento”. (PNAS, 2005, p. 37) A proteção social especial é dividida, compreendendo-se os diferentes níveis de complexidade Unidade 2 • Dinâmica de funcionamento do SUAS e o significado sócio institucional das instâncias de deliberação e de pactuação65/258 apresentados pelas demandas atendidas pela política pública de assistência social. Divide-se a proteção social especial, entre média e alta complexidade. A proteção social de média complexidade é composta pelo conjunto de medidas que possibilitam o atendimento aos indivíduos e às famílias que, embora tenham seus direitos violados, não apresentam rompimento de vínculos familiares ou comunitários. E, neste sentido, demandam intervenções pautadas por contundente estruturação técnico-operativa, especializada e individualizada. A proteção social de alta complexidade é, por sua vez, constituída por ações que, considerando a violação de direitos, demanda a intervenção do poder público na perspectiva de garantir proteção integral ao indivíduo ou ao grupo familiar, por meio da concessão de moradia, alimentação, higienização e trabalho protegido, quando da iminência da exposição ao risco de morte ou de continuidade da violação de direitos (exploração sexual, violência física, entre outras). Questão reflexão ? para 66/258 A partir da leitura do material proposto, reflita sobre as potencialidades do Benefício de Prestação Continuada para a efetivação da Política Nacional de Assistência Social. Para que esta reflexão seja possível, sugere-se que você faça a leitura dos temas anteriores, bem como a leitura deste tema com profundidade. 67/258 Considerações Finais A Política Nacional de Assistência Social, na particularidade do Sistema Único de Assistência Social, possui peculiaridades importantes em relação às demais políticas públicas e, estas, devem ser consideradas. O Sistema Único de Assistência Social possui uma importante organicidade que deve ser considerada para a compreensão do funcionamento dos serviços e dos diferentes tipos de proteção social. Independente de qual seja o tipo de proteção social, o profissional deve ter a compreensão de que a relevância de sua atuação é muito significativa para o usuário e, neste sentido, as legislações e os parâmetros técnicos de atuação profissional são muito importantes. Unidade 2 • Dinâmica de funcionamento do SUAS e o significado sócio institucional das instâncias de deliberação e de pactuação68/258 Referências BRASIL, Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Política Nacional da Assistência Social – PNAS – Versão Original. Aprovada pelo Conselho Nacional de Assistência Social por intermédio da Resolução nº. 145, de 15 de outubro de 2004 e publicada no diário oficial da união – DOU do dia 28 de outubro de 2004. BRASIL. Presidência da República. Altera a Lei no 8.742, de 7 de dezembro de 1993, que dispõe sobre a organização da Assistência Social. BRASIL. Presidência da República. Lei Orgânica da Assistência Social, n. 8.742, de 7 de setembro de 1993. MACHADO, Loiva Mara de Oliveira. Controle da política de assistência social: caminhos e descaminhos - Porto Alegre: EDIPUCRS, 2012. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Histórico dos benefícios eventuais. Brasília, 2008. Disponível em: <http://www.mds.gov.br/suas/revisoes_bpc/benefícios-eventuais/ historico-dos-beneficios-eventuais>. Acesso em: 25 de jul. 2015. Unidade 2 • Dinâmica de funcionamento do SUAS e o significado sócio institucional das instâncias de deliberação e de pactuação69/258 YAZBEK, M. C. ; RAICHELIS, D. R. ; SILVA, Maria Ozanira da Silva e ; COUTO, Berenice Rojas . Avaliando a implantação do Sistema Único de Assistência Social no Brasil. In: IV JOINP, 2009, São Luis. IV Jornada Internacional de Políticas Públicas - São Luis UFMA/Programa de Pós Graduação em Políticas. São Luis: Editora da Universidade Federal do Maranhão- EDUFAMA, 2010. Referências 70/258 Assista a suas aulas Aula 2 - Tema: Dinâmica de Funcionamento do SUAS e o Significado Sócio-Institucional das Instâncias de Deliberação e de Pactuação - Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ 0f414a42529bce2944f0e5c83e1dab02>. Aula 2 - Tema: Dinâmica de Funcionamento do SUAS e o Significado Sócio-Institucional das Instâncias de Deliberação e de Pactuação - Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f- 1d/3b19cd9391a5dbd1569929ccfac56039>. 71/258 1. Identifique entre as questões a seguir, a que melhor define os objetivos do Sistema Único de Assistência Social (SUAS)? a) Sistema Único de Assistência Social, SUAS, é um sistema misto que tem como principal objetivo organizar, de forma centralizada, entre os três níveis de governo (municipal, estadual e federal) os serviços que compõem a rede de serviços sócio assistenciais em todo território brasileiro. b) Sistema Único de Assistência Social, SUAS, é um sistema público que tem como principal objetivo organizar, de forma centralizada, os serviços que compõem a rede de serviços sócio assistenciais em todo território brasileiro. c) Sistema Único de Assistência Social, SUAS, é um sistema público que tem como principal objetivo organizar, de forma centralizada, os serviços que compõem a rede de serviços sócio assistenciais em todo território brasileiro. d) Sistema Único de Assistência Social, SUAS, é um sistema privado que tem como principal objetivo organizar os serviços que compõem a rede de serviços sócio assistenciais em todo território brasileiro. e) Sistema Único de Assistência Social, SUAS, é um sistema público que tem como principal Questão 1 72/258 objetivo organizar, de forma descentralizada, entre os três níveis de governo (municipal, estadual e federal) os serviços que compõem a rede de serviços sócio assistenciais em todo território brasileiro. Questão 1 73/258 2. O SUAS, cujo modelo de gestão é descentralizado e participativo, cons- titui-se na regulação e organização em todo território nacional das ações sócio assistenciais e possui um foco prioritário importante de atenção. Ob- serve entre as alternativas a seguir, a que melhor define o foco prioritário de atenção do SUAS no contexto da PNAS: a) O foco prioritário do SUAS se assenta na proposta de uma atuação inter setorial entre diferentes políticas públicas com o objetivo central de fortalecimento de grupos sociais para o enfrentamento à pobreza e aos diferentes modos de exclusão social. b) O foco prioritário do SUAS se assenta na proposta de uma atuação inter setorial entre diferentes políticas públicas com o objetivo central de fortalecimento de grupos sociais (unicamente) para o enfrentamento à pobreza e aos diferentes modos de exclusão social. c) Os serviços, programas, projetos e benefícios da assistência social têm como foco prioritário a interlocução entre diferentes políticas setoriaisque possam ser definidos pelas funções que desempenham, pelo número de pessoas que delas necessitam e pela sua complexidade. Questão 2 74/258 d) Os serviços, programas, projetos e benefícios da assistência social têm como foco prioritário a atenção às famílias, seus membros e indivíduos e o território como base de organização, que possam a ser definidos pelas funções que desempenham, pelo número de pessoas que delas necessitam e pela sua complexidade. e) Os serviços, programas, projetos e benefícios da saúde tem como foco prioritário a atenção aos indivíduos, e ao território como base de organização, que possam a ser definidos pelas funções que desempenham, pelo número de pessoas que delas necessitam e pela sua complexidade. Questão 2 75/258 3. Na Política de Assistência Social, os Conselhos possuem importante pa- pel. Observe entre as alternativas a seguir, a que apresenta o papel dos Conselhos na Política de Assistência Social: a) Os Conselhos têm o papel de patrocinar as ações estatais no campo da assistência social. b) Os Conselhos têm o papel de promover ações intersetoriais no campo da assistência, garantindo a consecução dos objetivos do SUAS. c) Os Conselhos são instrumentos de efetivação da participação popular, com caráter democrático e participativo. No SUAS, os conselhos têm como principal papel a fiscalização da política e seu financiamento. d) Os Conselhos são instrumentos de efetivação da participação político-partidária da população, com caráter democrático e participativo. No SUAS, os conselhos têm como principal papel a fiscalização da política e seu financiamento e) Não há previsão de Conselhos na Política Social de Assistência. Questão 3 76/258 4. Identifique entre as alternativas a seguir, a que melhor expuser o perfil do público alvo/usuário da política pública de assistência social no Brasil: a) Constitui-se como público usuário da referida política, grupos que se encontram em situações de vulnerabilidade e riscos sociais, tais como: fragilidade de vínculos, identidades estigmatizadas, deficiências, drogadição ou demais violências advindas do núcleo familiar. b) Constitui-se como público usuário da referida política, cidadãos e grupos que se encontram em situações de vulnerabilidade e riscos sociais, tais como: fragilidade de vínculos, identidades estigmatizadas, deficiências, drogadição ou demais violências advindas do núcleo familiar. c) Constitui-se como público usuário da referida política, indivíduos que se encontram em situações de vulnerabilidade e riscos sociais, tais como: fragilidade de vínculos, identidades estigmatizadas, deficiências, drogadição ou demais violências advindas do núcleo familiar. d) Constitui-se como público usuário da referida política, cidadãos e grupos que se encontram em situações de vulnerabilidade e riscos de saúde, tais como: fragilidade de vínculos, identidades estigmatizadas, deficiências, drogadição ou demais violências advindas do núcleo familiar. e) Qualquer cidadão tem direito de acesso à política pública de assistência social. Questão 4 77/258 5. A proteção social básica tem como principal objetivo consolidar o as- pecto preventivo da política de assistência, atuando com centralidade em atividades que promovam a aquisição e desenvolvimento de potencialida- des. Neste sentido, identifique entre as alternativas a seguir, a que descreva o público alvo da proteção social básica: a) Destina-se à população que vive em situação de vulnerabilidade social decorrente da pobreza, privação (ausência de renda, precário ou nulo acesso aos serviços públicos, dentre outros) e, ou, fragilização de vínculos afetivos - relacionais ou de pertencimento social (discriminações etárias, étnicas, de gênero ou por deficiências, dentre outras). b) Destina-se aos indivíduos que vivem em situação de vulnerabilidade social decorrente da pobreza, privação (ausência de renda, precário ou nulo acesso aos serviços públicos, dentre outros) e, ou, fragilização de vínculos afetivos - relacionais ou de pertencimento social (discriminações etárias, étnicas, de gênero ou por deficiências, dentre outras). c) Destina-se aos segurados que vivem em situação de vulnerabilidade social decorrente da pobreza, privação (ausência de renda, precário ou nulo acesso aos serviços públicos, dentre outros) e, ou, fragilização de vínculos afetivos - relacionais ou de pertencimento social Questão 5 78/258 (discriminações etárias, étnicas, de gênero ou por deficiências, dentre outras). d) Destina-se à população que vive em situação de vulnerabilidade social decorrente de doença física ou mental e, ou, fragilização de vínculos afetivos - relacionais ou de pertencimento social (discriminações etárias, étnicas, de gênero ou por deficiências, dentre outras). e) Destina-se à população em geral, que julgue a necessidade de recorrer a um serviço de assistência social. Questão 5 79/258 Gabarito 1. Resposta: E. O Sistema Único de Assistência Social, SUAS, é público e tem como principal objetivo organizar, de forma descentralizada entre os três níveis de governo (municipal, estadual e federal) os serviços que compõem a rede de serviços sócio assistenciais em todo território brasileiro. O referido sistema se dá por consequência da PNAS, que ao desenhar a política pública de assistência, demanda a criação de um sistema que, de maneira planejada e organizada, deverá atribuir materialidade às ações da assistência social. O SUAS materializa, portanto, o conteúdo da Lei Orgânica de Assistência Social - LOAS. 2. Resposta: D. O SUAS, cujo modelo de gestão é descentralizado e participativo, constitui- se na regulação e organização em todo território nacional das ações sócio assistenciais. Os serviços, programas, projetos e benefícios têm como foco prioritário a atenção às famílias, seus membros e indivíduos e o território como base de organização, que possam a ser definidos pelas funções que desempenham, pelo número de pessoas que delas necessitam e pela sua complexidade. Pressupõe, ainda, gestão compartilhada, co-financiamento da política pelas três esferas de governo e definição clara das competências técnico-políticas da União, 80/258 Gabarito Estados, Distrito Federal e Municípios, com a participação e mobilização da sociedade civil, e estes têm o papel efetivo da sua implantação e implementação. 3. Resposta: C. O controle social, assim como o financiamento da seguridade social, possui assento na CF-88, como instrumento de efetivação da participação popular, com caráter democrático e participativo. No SUAS, os conselhos têm como principal papel a fiscalização da política e seu financiamento. 4. Resposta: B. Constitui-se como público usuário da referida política, cidadãos e grupos que se encontram em situações de vulnerabilidade e riscos, tais como: famílias e indivíduos com perda ou fragilidade de vínculos de afetividade, pertencimento e sociabilidade; ciclos de vida; identidades estigmatizadas em termos étnicos, cultural e sexual; desvantagem pessoal resultante de deficiências; exclusão pela pobreza e, ou, no acesso às demais políticas públicas; uso de substâncias psicoativas; diferentes formas de violências advindas do núcleo familiar, grupos e indivíduos, inserção precária ou não inserção no mercado de trabalho formal ou informal; estratégias e alternativas diferenciadas de sobrevivência que podem representar risco pessoal e social. (PNAS 2005, p. 33) 81/258 5. Resposta: A. Constitui-se como público usuário da referida política, cidadãos e grupos que se encontram em situações de vulnerabilidade e riscos, tais como: famílias e indivíduos com perda ou fragilidade de vínculos de afetividade, pertencimento e sociabilidade;ciclos de vida; identidades estigmatizadas em termos étnicos, culturais e sexuais; desvantagem pessoal resultante de deficiências; exclusão pela pobreza e, ou, no acesso às demais políticas públicas; uso de substâncias psicoativas; diferentes formas de violências advindas do núcleo familiar, grupos e indivíduos, inserção precária ou não inserção no mercado de trabalho formal ou informal; estratégias e alternativas diferenciadas de sobrevivência que podem representar risco pessoal e social. (PNAS, 2005, p. 33) Gabarito 82/258 Unidade 3 Política de Assistência Social e SUAS: instâncias, funções, princípios, diretrizes, financiamento e orçamento, gestão e planejamento Objetivos 1. Compreender a constituição histórica da Política Nacional de Assistência Social (PNAS); 2. Entender os elementos fundamentais que dão concretude à PNAS; 3. Introduzir o conceito de matricialidade familiar. Unidade 3 • Política de Assistência Social e SUAS: instâncias, funções, princípios, diretrizes, financiamento e orçamento, gestão e planejamento 83/258 Política de Assistência Social e SUAS A Política Nacional de Assistência Social (PNAS) nasce das históricas movimentações da população com o objetivo de instituir uma política pública que tivesse como principal objeto de intervenção a assistência social. Observa- se ao longo do tempo o processo constitutivo do qual se apresenta como decorrência a PNAS, ou seja, pode-se destacar como importantes antecedentes históricos desta política a Constituição Federal de 1988, que por meio de seu artigo 1o, inciso 13, dispõe sobre a dignidade da pessoa humana, bem como a LOAS, de 1993, que tem como principal objetivo a proteção, amparo e promoção de indivíduos e grupos em vulnerabilidade social. Observa-se que, desde que decretada e sancionada a LOAS, estabelecem- se encaminhamentos necessários à emancipação da política pública de assistência social, discussões estas desenvolvidas no âmbito do governo federal e permeadas por constantes manifestações da sociedade civil e de intelectuais da área, no que se refere ao reconhecimento da necessidade de uma Política Nacional de Assistência Social. Unidade 3 • Política de Assistência Social e SUAS: instâncias, funções, princípios, diretrizes, financiamento e orçamento, gestão e planejamento 84/258 No entanto, conforme Sposati: O atropelo da 1ª infância trouxe uma nova situação no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, que se inicia em 2003 com a Ministra Benedita da Silva. A menina LOAS recebe casa própria: o Ministério da Assistência Social. Seguramente, o mais importante avanço desde seu nascimento. (SPOSATI, 2007 p.76) Assim, inicia-se o processo de construção da Política Nacional de Assistência Social, que deve atuar junto às demais políticas setoriais (educação, saúde, habitação, etc.) na perspectiva da redução dos impactos decorrentes das desigualdades socioterritoriais, garantindo os mínimos sociais aos indivíduos e grupos que se encontram em situação de risco e vulnerabilidade social de forma não contributiva. Para saber mais Assine o canal do Ministério do Desenvolvimento Social e Cobate à Fome, no Youtube. Clique aqui: <https://www.youtube.com/channel/UCoIynWfEJb3sLmlFc-YmpJQ> Unidade 3 • Política de Assistência Social e SUAS: instâncias, funções, princípios, diretrizes, financiamento e orçamento, gestão e planejamento 85/258 Nasce no bojo da Política Nacional de Assistência Social a intenção da implementação do Sistema Único de Assistência Social - SUAS, constituindo-se, portanto, a materialização das diretrizes da Lei Orgânica de Assistência Social e busca romper com a perspectiva clientelista, assistencialista, caritativa e de ações pontuais na medida em que estabelece um compromisso do Estado com a sociedade civil em geral. Segundo Couto: [...] No caso da assistência social, o quadro é ainda mais grave. Apoiada por décadas na matriz do favor, do clientelismo, do apadrinhamento e do mando, que configurou um padrão arcaico de relações, enraizado na cultura política brasileira, esta área de intervenção do Estado caracterizou-se historicamente como não prática, renegada como secundária no conjunto das políticas públicas. (COUTO, et al. 2011, p. 32- 33) Assim, a PNAS busca sistematizar a assistência social, além de consubstancializar a assistência social como um dos pilares do sistema de proteção social na Seguridade Social (composto pela Unidade 3 • Política de Assistência Social e SUAS: instâncias, funções, princípios, diretrizes, financiamento e orçamento, gestão e planejamento 86/258 Saúde, Previdência e Assistência Social). A Política Nacional de Assistência Social: Princípios, Diretrizes e Objetivos A Política Nacional de Assistência Social estabelece um marco zero na concepção de assistência social como política pública de Estado no Brasil, pois busca garantir a todos que necessitarem da assistência social, sem prévia contribuição, acesso à proteção social básica ou especial, mediante a oferta dos mínimos sociais necessários para o desenvolvimento da sociabilidade humana, atuando por meio do fortalecimento dos grupos familiares, além de privilegiar uma atuação técnica pautada na identificação de potencialidades dos indivíduos e grupos, rompendo com a focalização na situação-problema. Conforme Couto: Unidade 3 • Política de Assistência Social e SUAS: instâncias, funções, princípios, diretrizes, financiamento e orçamento, gestão e planejamento 87/258 Passadas quase duas décadas da aprovação do LOAS, analisar o processo de implantação dessa nova matriz para a Assistência Social, com suas “virtudes” e “vicissitudes”, não é tarefa simples. Isso por que as possibilidades contidas nessa matriz, assim como as saídas que aponta e os avanços que alcançou, particularmente após a aprovação da PNAS e do SUAS em 2004, vem enfrentando conjunturas adversas, perante as quais os sujeitos comprometidos com sua feição pública buscam construir um projeto de resistência e de ruptura frente à implosão de direitos alimentada pelo ideário neoliberal, afirmando por sua vez os direitos sociais dos usuários da assistência social. Efetivamente, a Política Nacional de Assistência Social de 2004 (aprovada pela resolução n. 145, de 15 de outubro de 2004, do conselho Nacional de Assistência Social - CNAS e publicada no DOU de 28/10/2004), como resultado de intenso e amplo debate nacional, é uma manifestação dessa resistência. Unidade 3 • Política de Assistência Social e SUAS: instâncias, funções, princípios, diretrizes, financiamento e orçamento, gestão e planejamento 88/258 Partindo de uma análise situacional para o estabelecimento da política, observa-se alguns pontos de partida que determinaram a elaboração e o desenvolvimento da PNAS, sendo eles: • Uma visão social inovadora, dando continuidade ao inaugurado pela Constituição Federal de 1988 e pela Lei Orgânica de Assistência Social de 1993, pautada na dimensão ética de incluir “os invisíveis”, os transformados em casos individuais, enquanto de fato são parte de uma situação social coletiva; as diferenças e os diferentes, as disparidades e as desigualdades. • Uma visão social de proteção, o que supõe conhecer os riscos, as vulnerabilidades sociais a que estão sujeitos, bem como os recursos com que conta para enfrentar tais situações com menor dano pessoal e social possível. Isto supõe conhecer os riscos e as possibilidades de enfrentá-los. • Uma visão social capaz de captar as diferenças sociais, entendendo que as circunstâncias e os requisitos sociais circundantes do indivíduo e dele em sua família são determinantes para sua proteção e autonomia. Isto exige confrontar aleitura macro social com a leitura micro social. • Uma visão social capaz de entender que a população tem necessidades, Unidade 3 • Política de Assistência Social e SUAS: instâncias, funções, princípios, diretrizes, financiamento e orçamento, gestão e planejamento 89/258 mas também possibilidades ou capacidades que devem ser desenvolvidas. Assim, uma análise de situação não pode ser só de ausências, mas também de presenças até mesmo em desejos de superar a situação atual. • Uma visão social capaz de identificar forças e não fragilidades que as diversas situações de vida possuam. (PNAS, 2009, p. 15) Portanto, tendo como principal foco uma visão ampliada dos sujeitos e grupos sociais que compõem o objeto de intervenção de sua ação, a PNAS possui como princípios norteadores (princípios para si e não em si) os previstos na LOAS, capítulo II, seção I, artigo 4o, regendo-se pelos princípios conforme a seguir: I. Supremacia do atendimento às necessidades sociais sobre as exigências de rentabilidade econômica; II. Universalização dos direitos sociais, a fim de tornar o destinatário ação assistencial alcançável pelas demais políticas públicas; III. Respeito à dignidade do cidadão, à sua autonomia e ao seu direito a benefícios e serviços de qualidade, bem como a convivência familiar e comunitária, vedando-se qualquer comprovação vexatória de necessidade; IV. Igualdade de direitos no acesso ao Unidade 3 • Política de Assistência Social e SUAS: instâncias, funções, princípios, diretrizes, financiamento e orçamento, gestão e planejamento 90/258 atendimento, sem discriminação de qualquer natureza, garantindo-se a equivalência às populações urbanas e rurais; V. Divulgação ampla dos benefícios, serviços, programas e projetos assistenciais, bem como dos recursos oferecidos pelo Poder Público e dos critérios para sua concessão. Tais princípios permeiam toda a concepção da PNAS, uma vez que possui relações intrínsecas com a LOAS, no entanto, a PNAS em si possui princípios importantes, entre eles pode-se destacar os aspectos da matricialidade familiar, da territorialização, proteção proativa, integração à seguridade social e integração às políticas sociais e econômicas. Para saber mais Acesse a Política Nacional de Assistência Social no site do Ministério de Desenvolvimento e Combate à Fome: Clique aqui: <http://www.mds.gov.br/ assistenciasocial/secretaria-nacional- de-assistencia-social-snas/cadernos/ politica-nacional-de-assistencia-social- 2013-pnas-2004-e-norma-operacional- basica-de-servico-social-2013-nobsuas/ Politica%20Nacional%20de%20 Assistencia%20Social%202013%20PNAS%20 2004%20e%20Norma%20Operacional%20 Basica%20de%20Servico%20Social%20 2013%20NOBSUAS.pdf/download> Unidade 3 • Política de Assistência Social e SUAS: instâncias, funções, princípios, diretrizes, financiamento e orçamento, gestão e planejamento 91/258 No que se refere ao aspecto da matricialidade familiar como princípio, destaca-se a concepção de que a família é o núcleo social básico para quaisquer indivíduos, nos mais diversos campos da sociabilidade humana. Na PNAS, a matricialidade familiar significa que o foco da proteção social está na família, princípio ordenador das ações a serem desenvolvidas no âmbito do SUAS. Mas, como afirma a NOB-Suas, “não existe família enquanto modelo idealizado e sim famílias resultantes de uma pluralidade de arranjos e rearranjos estabelecidos pelos integrantes dessas famílias”. (Couto et al., 2011, p. 54) Neste sentido, a defesa do direito à convivência familiar deve ser um eixo norteador da política pública de assistência social, na medida em que a família deve ser apoiada e ter acesso para atender seu papel no sustento, guarda e educação de suas crianças e adolescentes, o que não restringe as responsabilidades públicas na garantia de acesso aos serviços e políticas públicas que garantam a compreensão dos sujeitos, como inseridos numa macroestrutura. Unidade 3 • Política de Assistência Social e SUAS: instâncias, funções, princípios, diretrizes, financiamento e orçamento, gestão e planejamento 92/258 Quanto à territorialização, pretende-se possibilitar a cobertura necessária aos indivíduos e famílias e acesso aos serviços de assistência social, numa perspectiva não somente de atendimento passivo, mas de prevenção e proteção proativa nas ações da assistência social, bem como planejamento e localização da rede de serviços a partir de territórios com maior incidência de situações de vulnerabilidade social. Tal destaque adquire ênfase nas reflexões de Couto: (...) merece ser evidenciado é a incorporação da abordagem territorial, que implica no tratamento da cidade e de seus territórios como base de organização do sistema de proteção social básica ou especial, próximo ao cidadão. Trata-se de uma dimensão potencialmente inovadora, pelo entendimento do território: • Como “espaço usado” (Milton Santos, 2007), fruto de interações entre homens, síntese de relações sociais; • Como possibilidade de superação da fragmentação das ações e serviços, organizados na Unidade 3 • Política de Assistência Social e SUAS: instâncias, funções, princípios, diretrizes, financiamento e orçamento, gestão e planejamento 93/258 lógica da territorialidade; • Como espaço onde se evidenciam as carências e necessidades sociais, mas também onde se forjam dialeticamente as resistências e as lutas coletivas. (COUTO, et al., 2011, p. 41) No aspecto da proteção proativa, deve-se buscar meios para que a proteção social básica contribua para a redução das ocorrências de risco, bem como de danos sociais. Observa-se ainda os princípios de integração à seguridade social, reafirmando a assistência como integrante do tripé da seguridade, bem como a integração às demais políticas sociais e, sobretudo, as econômicas, numa atuação intersetorial que buscará conferir aos usuários da assistência os trilhos para seguirem no caminho da superação de suas limitações. Nessa perspectiva, Couto destaca que: Unidade 3 • Política de Assistência Social e SUAS: instâncias, funções, princípios, diretrizes, financiamento e orçamento, gestão e planejamento 94/258 A intersetorialidade deve expressar a articulação entre as políticas públicas, por meio do desenvolvimento de ações conjuntas destinadas à proteção social básica ou especial e ao enfrentamento das desigualdades sociais identificadas nas distintas áreas. Supõe a implementação de programas e serviços integrados e a superação da fragmentação da atenção pública às necessidades sociais da população. Envolve a agregação de diferentes políticas sociais em torno de objetivos comuns e deve ser princípio orientador da construção das redes municipais. (COUTO et al., 2011, p. 38) Questão reflexão ? para 95/258 A partir do conteúdo apresentado nesta unidade, desenvolva uma breve reflexão acerca das potencialidades da política pública de assistência, identificando quais os limites e também quais são as possibilidades da PNAS no contexto dos serviços de assistência social no Brasil. O que você observa, no desenvolvimento do seu trabalho, como avanços da PNAS? Quais as limitações estabelecidas e como você imagina que este cenário possa ser alterado? 96/258 Considerações Finais A Política Nacional de Assistência Social se constitui num movimento histórico em direção ao fortalecimento da garantia dos direitos sociais no cenário brasileiro, processo este mobilizado pela Lei Orgânica de Assistência Social (1993), previsto na Constituição Federal de 1988. Junto às políticas setoriais, a política de assistência persegue o enfrentamento às diferentes manifestações das questões sociais, a partirda consideração das desigualdades sócio territoriais. Trata-se de uma política pública não contributiva e de direito universal, à qual qualquer cidadão poderá recorrer para provisão e atendimento aos mínimos sociais. A política social de assistência busca padronizar, ampliar e melhorar os serviços de assistência social no país, a partir da consideração dos conceitos fundamentais como o de matricialidade familiar e da vigilância sócio assistencial. Unidade 3 • Política de Assistência Social e SUAS: instâncias, funções, princípios, diretrizes, financiamento e orçamento, gestão e planejamento 97/258 Referências BRASIL, Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Política Nacional da Assistência Social – PNAS – Versão Original. Aprovada pelo Conselho Nacional de Assistência Social por intermédio da Resolução nº. 145, de 15 de outubro de 2004 e publicada no diário oficial da união – DOU do dia 28 de outubro de 2004. COUTO, Berenice Rojas et.al. O Sistema Único de Assistência Social no Brasil: uma realidade em movimento. São Paulo: Cortez, 2011. SPOSATI, Aldaíza. A menina LOAS: um processo de construção da assistência social. 3º. ed. São Paulo: Cortez, 2007. 98/258 Assista a suas aulas Aula 3 - Tema: Política de Assistência Social e SUAS: Instâncias, Funções, Princípios, Diretrizes, Financiamento e Orçamento, Gestão e Planejamento- Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ e6a62140b86aa9a10813a67ee2c9d9ee>. Aula 3 - Tema: Política de Assistência Social e SUAS: Instâncias, Funções, Princípios, Diretrizes, Financiamento e Orçamento, Gestão e Planejamento - Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ cf6379bc45d4989dd2ecd86497bce132>. 99/258 1. Qual a principal perspectiva de atuação da Política Nacional de Assistência Social? a) Reduzir a pobreza por meio de ações pontuais e voltadas para o fortalecimento financeiro das famílias. b) Estabelecer ações de curto prazo para o fortalecimento socioeducacional das famílias em vulnerabilidade social. c) Reduzir os impactos decorrentes das desigualdades socioterritoriais, garantindo os mínimos sociais aos indivíduos e grupos que se encontram em situação de risco e vulnerabilidade social de forma não contributiva. d) Conceder benefícios sociais à população, viabilizando poder de compra para aquecimento da economia regional. e) Acompanhar o processo de desenvolvimento das crianças em idade escolar, viabilizando espaços de aprendizado e acesso aos serviços públicos de qualidade. Questão 1 100/258 2. Qual a relação entre a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) e a Política Nacional de Assistência Social (PNAS)? a) A LOAS é a legislação que regulamenta a PNAS, garantindo sua existência e perenidade, independente de modelos de governo. b) A LOAS é a legislação específica da saúde que dará fundamentação jurídico institucional para a PNAS. c) A PNAS é uma legislação complementar à regulamentação da LOAS e da Constituição Federal de 1988. d) A PNAS é uma evolução concreta dos preceitos normativos previstos na LOAS. A LOAS, por sua vez, se consolida como uma legislação específica da assistência social. e) Não há relação entre ambas as legislações. Embora tratem da mesma matéria, não se relacionam ou devem ser confundidas. Questão 2 101/258 3. Qual a concepção de situação-problema defendida pela Política Nacional de Assistência Social? a) A concepção de situação-problema, na perspectiva da PNAS, é de desconstrução, na medida em que a PNAS busca romper com a focalização, atuando com centralidade em ações de promoção das potencialidades de indivíduos e grupos. b) A situação-problema na concepção da PNAS é de extrema importância, uma vez que é esta situação-problema que viabilizará a construção de novas possibilidades de atenção social às famílias e indivíduos. c) Situação-problema é um conceito central na PNAS, uma vez que a preocupação em manter o foco no problema social apresentado deve ser considerada. d) A focalização, compreendida por meio da centralidade na situação-problema, é categoria central nas discussões acerca da PNAS. e) Não há menções a este conceito na PNAS. Sendo assim, a situação-problema não é compreendida como um conceito a ser combatido ou mesmo promovido nas ações da PNAS. Questão 3 102/258 4. A PNAS parte de pressupostos amplos e inovadores, que a fazem figurar entre uma das mais contemporâneas políticas públicas brasileiras, na medida em que passa a interpretar o sujeito como protagonista e não apenas vítima do sistema social. Observe entre as alternativas a seguir, o principal destes pressupostos: a) O pressuposto de uma ação social condicionada ao atendimento das necessidades da população, independentemente do nível social e da situação de vulnerabilidade. O aspecto da universalidade é uma característica nova na política social brasileira. b) O pressuposto de uma visão humana capaz de captar as diferenças sociais, entendendo que as circunstâncias e os requisitos sociais circundantes do indivíduo e dele em sua família são determinantes para sua proteção e autonomia. Isto exige confrontar a leitura macro social com a leitura micro social. c) A LOAS parte de uma visão ampla que integra não apenas aspectos deficitários, mas, também, aspectos potencializadores, ou seja, compreende-se que os sujeitos sociais são providos de potencialidades e não apenas de limitações. Questão 4 103/258 d) A PNAS parte do pressuposto da ajuda e do fortalecimento comunitário. Por este motivo, os equipamentos públicos de atendimento à população estão localizados em regiões de alta vulnerabilidade social. e) A PNAS parte de uma visão ampla que integra não apenas aspectos deficitários, mas, também, aspectos potencializadores, ou seja, compreende-se que os sujeitos sociais são providos de potencialidades e não apenas de limitações. Questão 4 104/258 5. Nos princípios da Política Nacional de Assistência, observa-se significativa atenção à integração da assistência social à Seguridade, bem como, às demais políticas públicas. Este fomento fortalece a importância de uma ação intersetorial importante para a consecução dos objetivos sociais propostos. Neste sentido, identifique entre as alternativas a seguir, a que melhor define o conceito de “intersetorialidade”: a) A intersetorialidade deve promover a ação de diversos programas sociais em prol do atendimento às necessidades individuais da população, considerando que cada sujeito é singular em suas relações e necessidades. Assim, a PNAS deve buscar construir estratégias que consolidem os esforços técnicos para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. b) A intersetorialidade deve expressar a articulação entre as políticas públicas, por meio do desenvolvimento de ações conjuntas destinadas à proteção social básica ou especial e ao enfrentamento das desigualdades sociais identificadas nas distintas áreas. Supõe a Questão 5 105/258 implementação de programas e serviços integrados e a superação da fragmentação da atenção pública às necessidades sociais da população. Envolve a agregação de diferentes políticas sociais em torno de objetivos comuns e deve ser princípio orientador da construção das redes municipais. c) A intersetorialidade é a ação governamental alinhada em todos os setores da sociedade. Dá-se por meio de atividades síncronas em tempo e verbas, com a finalidade central de fortalecer os vínculos sócio-institucionais da população usuária. d) A intersetorialidade é definida como uma estratégia privada por meio da qual as ONG’s recorrem para comporem a rede de serviços socioassistenciais da PNAS. e) A intersetorialidadenão é uma categoria discutida ou compreendida na literatura sobre a assistência social. Trata-se de uma estratégia alheia à assistência social, de tradição da política de saúde. 106/258 Gabarito 1. Resposta: C. A Política Nacional de Assistência Social, que deve atuar junto às demais políticas setoriais (educação, saúde, habitação, etc.), na perspectiva da redução dos impactos decorrentes das desigualdades socioterritoriais, garantindo os mínimos sociais aos indivíduos e grupos que se encontram em situação de risco e vulnerabilidade social de forma não contributiva. 2. Resposta: D. A Lei Orgânica da Assistência Social é uma legislação específica da assistência social, que busca definir conceitualmente a assistência como direito social, determinando parâmetros para sua exequibilidade. A PNAS, por sua vez, que configura como um efetivo plano de ação que por meio de critérios claros, estruturados e organizados, buscará constituir ações de diversas naturezas para a consolidação do direito social universal à assistência social. 3. Resposta: A. A Política Nacional de Assistência Social estabelece um marco zero na concepção de assistência social como política pública de Estado no Brasil, pois busca garantir a todos que necessitarem da assistência social, sem prévia contribuição, acesso à proteção social básica ou especial, mediante a oferta dos mínimos sociais 107/258 Gabarito necessários para o desenvolvimento da sociabilidade humana, atuando por meio do fortalecimento dos grupos familiares, além de privilegiar uma atuação técnica pautada na identificação de potencialidades dos indivíduos e grupos, rompendo com a focalização na situação- problema. 4. Resposta: E. Partindo de uma análise situacional para estabelecimento da política, observa-se alguns pontos de partida que determinaram a elaboração e o desenvolvimento da PNAS, entre eles, o fato desta política partir de uma visão social capaz de entender que a população tem necessidades, mas também possibilidades ou capacidades que devem ser desenvolvidas. Assim, uma análise de situação não pode ser só de ausências, mas, também, de presenças, até mesmo de desejos em superar a situação atual. 5. Resposta: B. A intersetorialidade deve expressar a articulação entre as políticas públicas, por meio do desenvolvimento de ações conjuntas destinadas à proteção social básica ou especial e ao enfrentamento das desigualdades sociais identificadas nas distintas áreas. Supõe a implementação de programas e serviços integrados e a superação da fragmentação da atenção pública às necessidades sociais 108/258 da população. Envolve a agregação de diferentes políticas sociais em torno de objetivos comuns e deve ser princípio orientador da construção das redes municipais (COUTO et al., 2011, p. 38). Gabarito 109/258 Unidade 4 Relações interinstitucionais e mecanismos de controle social. Objetivos 1. Discutir a relevância da participação social para a efetivação do controle social; 2. Conhecer os diferentes conceitos de controle social; 3. Entender as diferentes abordagens acerca da participação social. Unidade 4 • Relações interinstitucionais e mecanismos de controle social.110/258 Mecanismos de Controle Social no Contexto da Política Pública de Assistência Social O reconhecimento da importância da participação social, bem como as diretrizes que fundamentam a participação da sociedade nas tomadas de decisão do poder público, da particularidade das políticas sociais, possuem assento jurídico especialmente a partir de 1988, quando se estabelecem efetivamente os mecanismos institucionais de participação social (compreendidos pelos conselhos de políticas públicas, as conferências, as discussões oriundas dos orçamentos participativos, entre outros). Por sua vez, estes mecanismos institucionais de participação social passam a ter como principal objetivo a operacionalização da democracia amplamente referenciada em Carta Magna (CF 1988), embora muitos dos mecanismos de democracia direta presentes na constituição ainda não possuam regulamentação específica, tais como os plebiscitos e referendos. Sugere-se que tal ausência de regulamentação dê-se em virtude do pequeno ou inexistente uso destes dispositivos para a reconstrução de nossa democracia. Infelizmente, a ampla gama de dispositivos para a efetivação da participação social e que deveriam garantir a governabilidade democrática, não estão diretamente relacionadas à qualidade da participação social. No Brasil, ainda é pequena a participação da população nas decisões Unidade 4 • Relações interinstitucionais e mecanismos de controle social.111/258 governamentais, não pela ausência de meios para fazê-lo, mas pela ausência de interesse do cidadão na construção de novas propostas e reformulação das estratégias governamentais. Em busca pela compreensão da desmobilização dos brasileiros em torno da participação política por meio dos mecanismos de controle social, Mark Evans (2012) propõe que é necessário observar quais os resultados que se pretende alcançar por meio de determinado processo de participação, pensando-se ainda se a metodologia participativa ou o próprio instrumento é adequado para aquela situação-problema ou assunto a ser abordado no contexto de determinada política pública. Para saber mais Conheça o site do Conselho Nacional de Assistência Social pelo link: <http://www.mds.gov.br/ cnas> Isso quer dizer que não basta a existência do espaço para participação social, faz-se necessário ponderar a pertinência de determinada metodologia participativa, pensar na abordagem do tema, avaliar as intempéries que potencializam ou inviabilizam a participação social da população em termo de um dispositivo de participação social. Unidade 4 • Relações interinstitucionais e mecanismos de controle social.112/258 Para tanto, faz-se necessário conhecer quais são estes dispositivos, bem como a relevância de sua utilização para a participação social. Conselhos de Políticas Públicas As lutas travadas pelos movimentos sociais, especialmente ao término dos anos de 1980, que culminaram na construção da Constituição Federal de 1988, promoveram um direcionamento importante de encaminhamentos para que fosse possível a construção de políticas públicas nos mais diversos campos que garantissem a intervenção estatal numa perspectiva universalista, na direção do resguardo aos direitos humanos, considerando o estabelecimento de um sistema cuja descentralização e participação social fossem garantidos. Neste sentido, observa-se como resultado desta luta, que a Constituição Federal de 1988 possui efetivamente tais direitos estabelecidos legalmente, subsidiando a população para a efetiva realização do controle social. Unidade 4 • Relações interinstitucionais e mecanismos de controle social.113/258 A Constituição Federal de 1988, também conhecida como Constituição Cidadã, veio a consolidar direitos e a prever, em diversos dispositivos, a participação do cidadão na formulação, implementação e controle social das políticas públicas. Em especial os artigos 198, 204 e 206 da Constituição deram origem à criação de conselhos de políticas públicas no âmbito da saúde, assistência social e educação nos três níveis de governo. Tais experiências provocaram a multiplicação de conselhos em outras áreas temáticas e níveis de governo. (MPOG, 2013, p. 22) Neste contexto, os Conselhos de Políticas Públicas são considerados um instrumento de participação social, por meio do qual governantes e sociedade deliberam em conjunto e em igual condição, estratégias para atendimento às necessidades sociais além de promover o controlenecessário às ações estatais. Nas palavras de Siraque, Conselhos de Políticas Públicas são: Unidade 4 • Relações interinstitucionais e mecanismos de controle social.114/258 Instrumentos concretos de partilha de poder entre os governantes e a sociedade para a democratização da elaboração e gestão das políticas públicas, servindo de mecanismos de controle social das atividades estatais. (SIRAQUE, 2009, p. 128) Para Moroni, estes mesmos conselhos podem ser considerados como: [...] espaço fundamentalmente político, institucionalizado, funcionando de forma colegiada, autônomo, integrante do poder público, de caráter deliberativo, composto por membros do governo e da sociedade civil, com as finalidades de elaboração, deliberação e controle da execução das políticas públicas. (MORONI, 2009, p. 114-115) Os conselhos podem desempenhar diferentes papéis, sendo eles de natureza fiscalizatória, de mobilização, de deliberação ou ainda de consultoria. Unidade 4 • Relações interinstitucionais e mecanismos de controle social.115/258 A função fiscalizadora dos conselhos pressupõe o acompanhamento e o controle dos atos praticados pelos governantes. A função mobilizadora refere-se ao estímulo à participação popular na gestão pública e às contribuições para a formulação e disseminação de estratégias de informação para a sociedade sobre as políticas públicas. A função deliberativa, por sua vez, refere-se à prerrogativa dos conselhos de decidir sobre as estratégias utilizadas nas políticas públicas de sua competência. A função consultiva relaciona-se à emissão de opiniões e sugestões sobre assuntos que lhe são correlatos (CGU, 2008). Conferências Nacionais Ainda na Constituição Federal de 1988, para além dos Conselhos de Políticas Públicas, estão previstas também as conferências nacionais. Unidade 4 • Relações interinstitucionais e mecanismos de controle social.116/258 As Conferências Nacionais são complementares aos Conselhos de Políticas Públicas, no entanto, possuem natureza distinta em razão de suas particularidades de objetivo e funcionamento. As Conferências de Políticas Públicas acontecem com um espaçamento importante e necessário entre uma e outra (entre 2 e 4 anos) e conta, em geral, com a participação de milhares de pessoas em todo o território nacional. Têm início com conferências municipais, nas quais são eleitos delegados para a participação nas conferências estadual e nacional. Nem sempre são estabelecidas por lei (como é o caso das conferências da saúde e da assistência social) e, portanto, obrigatórias em todos os níveis (municipal, estadual e federal). Existem também as conferências que são deliberadas pelos Conselhos de Políticas Públicas, em razão do nível de complexidade e capilaridade Para saber mais Você conhece os conselheiros do Conselho Nacional de Assistência Social? Clique aqui e conheça nossos representantes! Acesse: <http://www.mds.gov.br/cnas/ quem-somos/relacao-de-conselheiros- nacionais> Unidade 4 • Relações interinstitucionais e mecanismos de controle social.117/258 das decisões e, existem ainda aquelas conferências que são realizadas sem qualquer tipo de obrigação normativa. Estas últimas são aquelas que acontecem com o simples objetivo de legitimar determinadas ações governamentais, independente de qual seja o nível de gestão. Para saber mais Desde sua criação, o Conselho Nacional de Assistência Social vem realizando as Conferências Nacionais, conforme previsto na Lei Orgânica da Assistência Social e Regimento Interno. Acesse as atas das conferências no link: <http://www.mds.gov.br/cnas/conferencias- nacionais> Conforme Ciconello (2012), as conferências, enquanto dispositivo de participação social, possuem como significativa importância o fato de contribuírem para a elaboração de uma agenda de prioridades que possivelmente influenciarão as políticas sociais públicas que passarão a ser desenvolvidas nas próximas gestões governamentais, promovendo uma historicidade no processo de desenvolvimento da política pública. Unidade 4 • Relações interinstitucionais e mecanismos de controle social.118/258 Segundo informações da Secretaria Geral da Presidência da República, entre 2003 e 2010, foram realizadas 74 conferências nacionais. Dessas, 28 foram realizadas pela primeira vez. Dos 34 ministérios, 22 envolveram-se na realização de ao menos uma conferência, o que representa 64% dos órgãos. Estima-se que mais de 5 milhões de pessoas tenham participado desses processos onde foram produzidas mais de 5.000 resoluções/ deliberações durante a etapa nacional, sendo que a maioria delas se referiam a temas de competência do Governo Federal (MPOG, 2013 p. 24). Via de regra, muitas das deliberações oriundas das Conferências, sejam elas nacionais, estaduais ou municipais, passam a integrar as ações da administração pública uma vez que contam, também, além dos cidadãos, com a participação de representações políticas. Assim como foram identificados pelo menos 566 projetos de lei e 46 projetos de emenda à Constituição, que tinham ligação direta com as diretrizes das conferências (CUNILL, 2010; POGREBINSCHI et al., 2010). Unidade 4 • Relações interinstitucionais e mecanismos de controle social.119/258 Ouvidorias De maneira geral, são utilizadas para observar o nível de satisfação do usuário em relação aos serviços dos quais se utiliza e que são oferecidos pelas instituições públicas e também privadas. Trata-se de uma concepção comum de dispositivo de participação social, no entanto, quando consideradas no capo do poder público, adquirem importantes características. Segundo Siraque (2007, p. 137), as “ouvidorias foram instituídas para ouvir os reclames da sociedade, analisar a veracidade destes e encaminhá-los aos órgãos competentes para as providências que se fizerem necessárias”. Unidade 4 • Relações interinstitucionais e mecanismos de controle social.120/258 Sob a ótica da melhoria do serviço público, o papel da ouvidoria também se destaca por trazer à atuação interna da administração pública as demandas do cidadão, usuário do serviço público, que evidencia problemas, apresenta adequações e soluções que devem ser consideradas. É um interessante canal de acesso do cidadão e de participação, porém permite um feedback para a organização que deve ser tratado sob olhar estratégico de desenvolvimento e aprimoramento de políticas públicas mais eficazes. (MPOG, 2013) Embora sejam dispositivos facultativos no caso de instituições privadas, no caso das organizações públicas são constituídas legalmente. Assim, o ouvidor responsável pelo atendimento às manifestações populares é constituído de maneira também participativa. O processo eleitoral para escolha do ouvidor faz-se importante para o fortalecimento da capacidade deste dispositivo de obter retornos importantes que propulsionem as potencialidades institucionais necessárias. Unidade 4 • Relações interinstitucionais e mecanismos de controle social.121/258 Em termos da centralização / descentralização, os modelos de ouvidoria centrais ou gerais permitem o acompanhamento de todos os serviços públicos, podendo constituir uma base de informações relevantes para as decisões e planos de governo. O modelo de ouvidorias por órgãos com uma unidade de coordenação também possibilita reunir as informações em relatórios globais. Entretanto, para a figura de cada ouvidor, é mais complexo obter referências sobre encaminhamentos de situações e para as unidades centrais, a visualização de problemas e soluções não alcança todas as dimensões que são vivenciadas pelos ouvidores. (MPOG, 2013) Participação Social e Controle Social Permeados pelo objetivo de potencializar os espaços de participação sociale controle social no Brasil, estudiosos têm observado o comportamento e desenvolvimento de diferentes conselhos de políticas públicas, conferências e resultados das manifestações em ouvidorias de diferentes ministérios. Unidade 4 • Relações interinstitucionais e mecanismos de controle social.122/258 Pires e Vaz (2012), em pesquisa sobre a participação social como forma de governo, a partir de dados do Sistema de Informações Gerenciais e de Planejamento (SIGPLAN), observaram que: • Houve um incremento consistente entre 2002 e 2010 da adoção de diferentes formas de interlocução com a sociedade civil dentro das políticas públicas setoriais; • Tornou-se bastante visível a consolidação de uma variabilidade dos formatos de interface socioestatal (formas mais coletivizadas ou individualizantes) para além dos tradicionais espaços dos Conselhos e Conferências; • Observou-se certo padrão de associação entre tipos de interface socioestatal e áreas temáticas de políticas públicas. Enquanto interfaces como conselhos e conferências apresentaram maior vínculo relativo aos programas da área de proteção e promoção social, audiências e consultas públicas e reuniões com grupos de interesse apresentaram-se mais associadas às temáticas de desenvolvimento econômico e infraestrutura; • Com relação à percepção dos gestores sobre os papéis desempenhados e a contribuição das interfaces para a gestão dos programas. Ao passo que nas Unidade 4 • Relações interinstitucionais e mecanismos de controle social.123/258 áreas social e de meio ambiente, gestores perceberam as interfaces socioestatais como importantes para a garantia de transparência e legitimidade das ações e para a fiscalização e controle dos programas, nas áreas de desenvolvimento econômico e infraestrutura prevaleceu o papel de correção de rumos e metodologias dos programas. (PIRES; VAZ, 2012, p. 50-51) Embora sejam observados nos conteúdos anteriores dados que nos conduzem a uma compreensão positiva da participação social no Brasil, alguns pontos de atenção em relação aos espaços de controle social devem ser considerados, tais como: a diversidade das formas de se organizar e conduzir os dispositivos do ponto de vista metodológico, a questão da influência das deliberações em conselho e conferência sobre as políticas públicas, ausência de articulação entre os diferentes dispositivos e a completa diversificação de interesses entre os participantes de determinados conselhos e conferências que acabam por retardar o alcance de objetivos sociais mais amplos no campo da assistência social. Questão reflexão ? para 124/258 A partir da leitura do conteúdo proposto e, relacionando com seu cotidiano profissional, desenvolva uma reflexão sobre as potencialidades dos conselhos de direito para o exercício profissional junto à população em qualquer que seja a política pública, tentando imaginar como seu trabalho transcorreria, caso estes mecanismos de participação social não existissem. 125/258 Considerações Finais Por meio deste tema, pode-se observar a forma como se constituem os dife- rentes dispositivos de participação social existentes no cenário das políticas públicas estatais. São espaços importantes, dos quais muitas vezes lançamos mão para o exercício de nossas atividades profissionais, uma vez que estamos diretamente relacionados aos ditames da política pública. A compreensão acerca do formato, constituição e importância de cada uma das instâncias de participação social, portanto, se faz de imprescindível conhecimento. Unidade 4 • Relações interinstitucionais e mecanismos de controle social.126/258 Referências BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Secretaria de Gestão Pública. Programa GESPÚBLICA - Participação e Controle Social: Instrumentos jurídicos e mecanismos institucionais; Brasília; MP, SEGEP, 2013. CUNILL, N. Modelos de controle e participação sociais existentes na Administração Pública Federal. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, 2010. EVANS, Mark. Relatório Final – Participação social. Diálogos setoriais União Europeia Brasil, 2012. MORONI, José Antônio. O direito à participação no governo Lula. In: “Experiências nacionais de participação social”, Leonardo Avritzer (coord.). São Paulo: Cortez Editora, 2009. PIRES, R.; VAZ, A. Participação social como método de governo? Um mapeamento das interfaces socioestatais nos programas federais. Texto para discussão IPEA, 2012. POGREBINSCHI, T. et al. Conferências Nacionais, Participação Social e Processo Legislativo. Série Pensando o Direito, 27. Brasília: Secretaria de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça, 2010. SIRAQUE, Vanderlei. Controle social da função administrativa do Estado. Possibilidades e limites na Constituição de 1998. São Paulo: Editora Saraiva. 2° edição, 2009. 127/258 Assista a suas aulas Aula 4 - Tema: Relações Interinstitucionais e Mecanismos de Controle Social - Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ 62fb4ee8614fe844f8f85e1f87f66550>. Aula 4 - Tema: Relações Interinstitucionais e Mecanismos de Controle Social - Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/pA- piv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/b5a- 9102d6594cd878a44b8719431ed82>. 128/258 1. Em que período se legitimam os mecanismos de participação social no Brasil? Quais as principais características deste momento histórico? a) Os mecanismos ou dispositivos de participação social se constituem ao longo da década de 1980, momento em que no Brasil os movimentos sociais se fortaleciam em busca da construção de uma nova perspectiva de gestão pública. b) Os mecanismos ou dispositivos de participação social se constituem ao longo da década de 1990, momento em que no Brasil as organizações sociais se fortaleciam em busca da construção de uma nova perspectiva de gestão dos interesses sociais. c) A participação social se constitui ao longo da década de 1980, momento em que no Brasil os movimentos sociais se fortaleciam em busca da construção de uma nova perspectiva de gestão pública, não superando este período da história brasileira. d) Os mecanismos ou dispositivos de participação social se constituem ao longo da década de 1980, momento em que no Brasil os movimentos sociais se fortaleciam em busca da construção de uma abertura política necessária, em razão da ditadura que se estendeu até 1989. Questão 1 129/258 e) Os mecanismos ou dispositivos de participação social se constituem ao longo da década de 1980, momento em que no Brasil os movimentos sociais se fortaleciam em busca da construção de uma nova perspectiva de gestão pública e são legitimados por meio da Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS), em 1993. Questão 1 130/258 2. Assinale a alternativa incorreta: a) A década de 1980 é marcada pela participação social nos movimentos em busca da construção de uma sociedade mais justa e igualitária. b) Plebiscitos e referendos possuem regulamentação específica para sua realização. c) A metodologia participativa ou o próprio instrumento de participação social deve ser observado com a finalidade de garantir a efetividade do processo. d) A Constituição Federal compreende efetivamente os mecanismos de participação social. e) Apenas as conferências de saúde e assistência social são obrigatórias. Questão 2 131/258 3. A Constituição Federal de 1988, também conhecida como Constituição Cidadã, veio a consolidar direitos e a prever, em diversos dispositivos, a participação do cidadão na formulação, implementação e controle social das políticas públicas. Entre as alternativas a seguir, qual delas se refere aoconceito de Conselhos de Políticas Públicas? a) Instrumentos concretos de concentração de poder entre os governantes e a sociedade para a democratização da elaboração e da gestão das políticas públicas, servindo de mecanismos de controle social das atividades estatais. b) Instrumentos concretos de partilha de poder entre os governantes e a sociedade para a centralização da elaboração e da gestão das políticas públicas, servindo de mecanismos de controle social das atividades estatais. c) Instrumentos concretos de partilha de poder entre os governantes e a sociedade para a democratização da elaboração e da gestão das políticas públicas, servindo de mecanismos de controle social das atividades estatais. d) São complementares às Conferências, embora possuam natureza própria. e) Apenas as conferências de saúde e assistência social são obrigatórias. Questão 3 132/258 4. Os conselhos podem desempenhar diferentes papéis de naturezas distintas, cuja importância não se equivale. Observe entre as alternativas a seguir, a que melhor evidencia os diferentes papéis exercidos pelos Conselhos de Políticas Públicas: a) Função legisladora, mobilizadora, deliberativa e consultiva. b) Função fiscalizadora, judicial, deliberativa e consultiva. c) Função fiscalizadora, mobilizadora, deliberativa e construtiva. d) Função fiscalizadora, mobilizadora, deliberativa e consultiva. e) Função fiscalizadora, mobilizadora, deliberativa e intuitiva. Questão 4 133/258 5. As conferências nem sempre são estabelecidas por lei e, portanto, obrigatórias em todos os níveis (municipal, estadual e federal). Existem as que são deliberadas pelos Conselhos de Políticas Públicas, em razão do nível de complexidade e capilaridade das decisões e, existem ainda, aquelas conferências que são realizadas sem qualquer tipo de obrigação normativa. Aponte, entre as alternativas a seguir, quais as políticas setoriais com conferências obrigatórias: a) As Conferências de Saúde e Educação são previstas em Lei. b) As Conferências de Educação e Assistência Social são previstas em Lei. c) As Conferências de Trabalho e Assistência Social são previstas em Lei. d) As Conferências de Saúde e Serviço Social são previstas em Lei. e) As Conferências de Saúde e Assistência Social são previstas em Lei. Questão 5 134/258 Gabarito 1. Resposta: A. Os mecanismos ou dispositivos de participação social se constituem ao longo da década de 1980, momento em que no Brasil os movimentos sociais se fortaleciam em busca da construção de uma nova perspectiva de gestão pública. O reconhecimento da importância da participação social, bem como as diretrizes que fundamentam a participação da sociedade nas tomadas de decisão do poder público, da particularidade das políticas sociais, possuem assento jurídico especialmente a partir de 1988, quando se estabelecem efetivamente os mecanismos institucionais de participação social (compreendidos pelos conselhos de políticas públicas, as conferências, as discussões oriundas dos orçamentos participativos, entre outros). 2. Resposta: B. Plebiscitos e referendos possuem regulamentação específica para sua realização. Sugere-se que tal ausência de regulamentação dê-se em virtude do pequeno ou inexistente uso destes dispositivos para a re/construção de nossa democracia. 3. Resposta: C. Conselhos de Políticas Públicas são 135/258 Gabarito considerados como um instrumento de participação social, por meio dos quais governantes e sociedade deliberam em conjunto e em igual condição estratégias para atendimento às necessidades sociais além de promover o controle necessário às ações estatais. 4. Resposta: D. A função fiscalizadora dos conselhos pressupõe o acompanhamento e o controle dos atos praticados pelos governantes. A função mobilizadora refere-se ao estímulo à participação popular na gestão pública e às contribuições para a formulação e disseminação de estratégias de informação para a sociedade sobre as políticas públicas. A função deliberativa, por sua vez, refere- se à prerrogativa dos conselhos de decidir sobre as estratégias utilizadas nas políticas públicas de sua competência. A função consultiva relaciona-se à emissão de opiniões e sugestões sobre assuntos que lhe são correlatos. 5. Resposta: E. Nem sempre são estabelecidas por lei (como é o caso das conferências da saúde e da assistência social) e, portanto, obrigatórias em todos os níveis (municipal, estadual e federal). Existem também as conferências que são deliberadas pelos Conselhos de Políticas Públicas, em razão 136/258 do nível de complexidade e capilaridade das decisões e, existem ainda, aquelas conferências que são realizadas sem qualquer tipo de obrigação normativa. Estas últimas são aquelas que acontecem com o simples objetivo de legitimar determinadas ações governamentais, independente de qual seja o nível de gestão. Gabarito 137/258 Unidade 5 Rede socioassistencial: conceitos, serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais. Instrumentos de gestão: Controle social Objetivos » Apresentar e discutir o conceito de rede socioassistencial; » Conhecer os principais benefícios socioassistenciais; » Entender o funcionamento da rede no contexto do SUAS. Unidade 5 • Rede socioassistencial: conceitos, serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais. Instrumentos de gestão: Controle social 138/258 Rede Socioassistencial A rede de serviços socioassistentenciais “é um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade que ofertam e operam benefícios, serviços, programas e projetos, o que supõe a articulação entre todas estas unidades de provisão de proteção social sob a hierarquia de básica e especial e ainda por níveis de complexidade” (NOB/SUAS, 2005 p.20). Nas palavras de Battini: Unidade 5 • Rede socioassistencial: conceitos, serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais. Instrumentos de gestão: Controle social 139/258 A rede socioassistencial é estruturada a partir de iniciativas do poder público e da sociedade civil, com primazia do Estado, para cumprimento das funções de proteção por níveis de complexidade, definidas na Política Nacional de Assistência Social, associadas às ações de defesa de direitos, à produção de informações e aos mecanismos de monitoramento para a reversão de indicadores e processos que geram situações de vulnerabilidade e risco. Entende-se por rede socioassistencial o conjunto de ações unificadas e direcionadas para a construção e concretização dos direitos. Portanto, mesmo as iniciativas realizadas por organizações não governamentais são públicas e determinadas pelos parâmetros e definições do SUAS. (BATTINI et al., 2007, p. 156-157) A rede socioassistencial é composta por um conjunto de ações e benefícios que, integrados, buscam atribuir concretude à superação de vulnerabilidade que caracteriza o público alvo da política pública de assistência social, sendo que: Unidade 5 • Rede socioassistencial: conceitos, serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais. Instrumentos de gestão: Controle social 140/258 O processo de organização e de funcionamento da rede socioassistencial no eixo da proteção básica se realiza por meio de serviços, programas, projetos e benefícios, e no eixo de proteção social especial, por meio de serviços, programas e projetos. Para a operacionalização com competência técnico-política, faz-se necessária a definição de atividades e procedimentos que a viabilizam (BATTINI et al., 2007, p. 159) No bojo das entidades de assistência, sua correlação com o SUAS se dá por meio de vínculo que deve ser reconhecido pelas condiçõesdo estabelecimento de parcerias ou convênios solicitados pelas entidades assistenciais e avaliados pelo poder público, dentro dos parâmetros da Política Nacional de Assistência Social. Serviços, Programas, Projetos, Benefícios e seus Usuários A composição dos ferramentais necessários para a consolidação dos objetivos da política pública de assistência social, conforme Battini et al. (2007) e no expresso pela NOB/SUAS (2005), se dá por meio de serviços, programas, projetos e benefícios sócio assistenciais, Unidade 5 • Rede socioassistencial: conceitos, serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais. Instrumentos de gestão: Controle social 141/258 observados os níveis de complexidade e por consequência, o tipo de proteção a qual se destinam. Neste item, buscaremos apresentar as conceituações atribuídas a cada um dos compostos da rede socioassistencial. Unidade 5 • Rede socioassistencial: conceitos, serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais. Instrumentos de gestão: Controle social 142/258 Tabela 1 - Conceituação dos programas, projetos e benefícios da assistência social Tipo de proteção Ferramentas Conceito Proteção Social Especial Serviço Atividades continuadas, definidas no artigo 23 da LOAS, que visam a melhoria da vida da população e cujas ações estejam voltadas para as necessidades básicas da população, observando os objetivos, princípios e diretrizes estabelecidas nessa lei. A Política Nacional de Assistência Social prevê seu ordenamento em rede, de acordo com os níveis de proteção social: básica e especial, de média e alta complexidade. (NOB/SUAS, 2005, p. 20) Programas Compreendem ações integradas e complementares, tratadas no artigo 24 da LOAS, com objetivos, tempo e área de abrangência definidos para qualificar, incentivar, potencializar e melhorar os benefícios e os serviços assistenciais, não se caracterizando como ações continuadas. (NOB/SUAS, 2005, p. 20) Projetos Definidos nos artigos 25 e 26 da LOAS, caracterizam-se como investimentos econômico- sociais nos grupos populacionais em situação de pobreza, buscando subsidiar técnica e financeiramente iniciativas que lhes garantam meios e capacidade produtiva e de gestão para a melhoria das condições gerais de subsistência, elevação do padrão de qualidade de vida, preservação do meio ambiente e organização social, articuladamente com as demais políticas públicas. De acordo com a PNAS, esses projetos integram o nível de proteção social básica, podendo, contudo, voltar-se ainda às famílias e pessoas em situação de risco, público-alvo da proteção social especial. (NOB/SUAS, 2005 p. 20) Unidade 5 • Rede socioassistencial: conceitos, serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais. Instrumentos de gestão: Controle social 143/258 Proteção Social Básica Benefícios • Benefício de Prestação Continuada: previsto nos artigos 20 e 21 da LOAS, é provido pelo governo federal, consistindo no repasse de 1 (um) salário mínimo mensal ao idoso (com 65 anos ou mais) e à pessoa com deficiência que comprovem não ter meios para suprir sua sobrevivência ou de tê-la suprida por sua família. Esse benefício compõe o nível de proteção social básica, sendo seu repasse efetuado diretamente ao beneficiário. • Benefícios Eventuais: são previstos no artigo 22 da LOAS, e visam o pagamento de auxílio por natalidade ou morte, ou ainda outros que visem atender as necessidades advindas de situações de vulnerabilidade temporária, com prioridade para a criança, a família, o idoso, a pessoa com deficiência, a gestante, a nutriz e nos casos de calamidade pública. • Transferência de Renda: programas que visam o repasse direto de recursos dos fundos de assistência social aos beneficiários como forma de acesso à renda, visando o combate à fome, à pobreza e a outras formas de privação de direitos que levem à situação de vulnerabilidade social, criando possibilidades para a emancipação, o exercício da autonomia das famílias e indivíduos atendidos e o desenvolvimento local. (NOB/SUAS, 2005, p. 20-21) Fonte: Elaborado pelo autor. A forma de desenvolvimento de cada um dos serviços, programas, projetos e benefícios será diferente, a depender do tipo de proteção social (básica ou especial), sendo que Battini et al. Unidade 5 • Rede socioassistencial: conceitos, serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais. Instrumentos de gestão: Controle social 144/258 (2007), em sua obra, as evidencia conforme logo mais exposto. Na esfera dos serviços, na proteção básica, estes acontecem em forma de atendimento sócio familiar, defesa de direitos e participação popular, orientação técnico- jurídica e social, socialização familiar e comunitária, convivência e sociabilidade e atendimento social circunstancial/ emergencial. O atendimento sócio familiar “visa à construção do protagonismo e do pleno desenvolvimento das famílias e indivíduos, desencadeado por atividade político- pedagógica de orientação social e adoção de diferentes procedimentos e técnicas” (BATTINI et al., 2007, p. 166). A defesa de direitos e participação popular “destina-se aos sujeitos abrangidos no território, visando à participação popular e a defesa e ampliação dos direitos (BATTINI et al. , 2007, p. 166). Orientação técnico-jurídica e social “consiste em orientações acerca dos direitos e encaminhamentos para instâncias de mediação e de responsabilização jurídica, quando são identificadas situações de vulnerabilidade” (BATTINI et al., 2007, p. 167). Socialização familiar e comunitária tem como objetivo “provocar mudanças de valores, com humanização e desenvolvimento de potencialidades, abrangendo especialmente as famílias e a Unidade 5 • Rede socioassistencial: conceitos, serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais. Instrumentos de gestão: Controle social 145/258 comunidade referenciada” (BATTINI et al., 2007, p. 167). Convivência e sociabilidade “oportuniza espaços de reflexão e de convivência para diversos sujeitos, atendendo aos objetivos de inserção nos direitos, fortalecimento do protagonismo e dos vínculos sociais, bem como a construção e reconstrução de projetos individuais e coletivos” (BATTINI et al., 2007, p. 168). Atendimento social circunstancial/emergencial busca viabilizar “o acolhimento e a escuta qualificada das demandas individuais e familiares, com identificação de necessidades sociais e respectivos encaminhamentos e atenções” (BATTINI et al., 2007, p. 168). Com o objetivo principal de fortalecer o aspecto da matricialidade familiar, a PNAS, por meio da NOB/SUAS, prevê a elaboração, o desenvolvimento e a avaliação de programas e projetos que visam à promoção de seus usuários, assim, na esfera dos programas e projetos, são integrantes dessa ferramenta os programas e projetos de enfrentamento à pobreza, inclusão produtiva dos beneficiários dos programas de transferência de renda, economia solidária e grupos de produção, capacitação socioprofissional e geração de trabalho e renda. Enfrentamento à pobreza trata-se de programas e projetos Unidade 5 • Rede socioassistencial: conceitos, serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais. Instrumentos de gestão: Controle social 146/258 Socioassistenciais que se articulam a outras políticas e ações da rede social, locais, municipais, regionais, estaduais e federais, com o objetivo de implementar ações cooperativas no âmbito da erradicação da fome, da educação (...), da qualificação profissional, da criação do emprego e geração de trabalho e renda, bem como de estratégias de desenvolvimento local, com participação dos sujeitos envolvidos. (BATTINI et al., 2007, p. 169) A inclusãoprodutiva para beneficiários dos programas de transferência de renda busca assegurar por meio de ações de formação cidadã, a construção de condições de autonomia dos sujeitos e, em geral, podem ser classificadas por meio de atividades de qualificação profissional e geração de trabalho e renda. Economia solidária e grupos de produção buscam, por meio de propostas inovadoras, criar condições para o desenvolvimento econômico através do cooperativismo e associativismo civil, “na perspectiva da autonomia, da solidariedade e da formação política” (BATTINI et al., 2007, p. 170). Unidade 5 • Rede socioassistencial: conceitos, serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais. Instrumentos de gestão: Controle social 147/258 Capacitação socioprofissional possui enfoque na inserção produtiva, na direção da qualificação profissional e na capacitação socioprofissional na perspectiva da formação continuada a gestores e profissionais da política pública de assistência social. Geração de trabalho e renda busca incluir os usuários da assistência social, mantendo relação direta com o sistema público de trabalho, emprego e renda na perspectiva da geração de espaços de trabalho e de geração de renda. Os benefícios previstos na rede socioassistencial de proteção básica representam um marco na prestação de serviços sociais no Brasil, sendo que os benefícios hoje disponibilizados resultam de um processo de unificação dos programas de transferência de renda que passa a acontecer no Brasil a partir de 1995. Unidade 5 • Rede socioassistencial: conceitos, serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais. Instrumentos de gestão: Controle social 148/258 A unificação dos programas de transferência de renda representa uma evolução e inovação no âmbito desses programas em implementação no Brasil a partir de 1995. Propõe-se uma maior racionalização e simplificação do acesso da população aos referidos programas, cujo objetivo central é elevar a efetividade do combate à fome e à pobreza, prioridade social do governo brasileiro a partir de 2003. (SILVA; LIMA, 2010, p. 33) Tal processo resultou no estabelecimento do Bolsa Família, que hoje se estabelece como “o maior programa de transferência de renda em implementação no Brasil, assumindo a centralidade do Sistema de Proteção Social” (SILVA; LIMA, 2010, p. 35-36). Tal benefício possui como objetivos: a. combater a fome, a pobreza e as desigualdades por meio da transferência de um benefício financeiro associado à garantia do acesso aos direitos sociais básicos - saúde, educação, assistência social e segurança alimentar. b. promover a inclusão social, contribuindo para a emancipação das famílias beneficiárias, construindo meios e condições para que elas possam sair da situação de vulnerabilidade Unidade 5 • Rede socioassistencial: conceitos, serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais. Instrumentos de gestão: Controle social 149/258 em que se encontram (BRASIL/MDS, 2006 apud SILVA; LIMA, 2010, p. 37) São considerados ainda benefícios da assistência na proteção social básica, a transferência de renda que é “realizada por meio de bens, recursos financeiros e benefícios, sem necessidade de contrapartida, mas por critérios de equidade, vinculada à renda e às condições familiares” (BATTINI et al., 2007, p. 171). Benefício de prestação continuada, benefício da política de assistência social concedido às pessoas idosas ou com deficiência, no valor de um salário mínimo, operacionalizado pelas agências da Previdência Social, sendo uma condicionalidade a renda de até um quarto de salário mínimo per capita para garantia de acesso pelo usuário. Demanda perícia social (por assistente social devidamente enquadrado no quadro funcional das agências da Previdência Social) e, no caso de pessoas com deficiência, também é demandada perícia médica. Benefícios eventuais de assistência em espécie ou material são concedidos em caráter “suplementar e temporário, não contributiva, podendo ser concedida sob forma de pecúnia, bens de consumo ou prestação de serviços, que integram organicamente as garantias do SUAS” (BATTINI et al., 2007, p. 171). Na proteção social especial de média complexidade, observa-se também intervenções técnicas que buscam consolidar a política pública de Unidade 5 • Rede socioassistencial: conceitos, serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais. Instrumentos de gestão: Controle social 150/258 assistência, sendo que no bojo deste tipo de proteção oferece-se atendimento domiciliar, atendimento à população de rua, atendimento jurídico e social, atendimento especializado à criança em situação de trabalho infantil, atendimento especializado às vítimas de violência, execução de medida socioeducativa de prestação de serviços à comunidade, execução de medida socioeducativa de liberdade assistida e serviço de atendimento especializado às famílias com direitos violados. O atendimento domiciliar é realizado em situações em que não há mobilidade por parte dos usuários, ou seja, são intervenções técnicas e multiprofissionais, que por meio de busca ativa realizam as visitas domiciliares no sentido do apoio socioassistencial. No escopo da população de rua, o atendimento à população de rua busca a reconstrução de vínculos na perspectiva da superação dessa situação, construção de projetos de vida e alcance da autonomia por meio do atendimento técnico especializado e integração das diversas políticas setoriais. Assim como na proteção social básica, o atendimento jurídico e social se aplica igualmente à proteção social de média complexidade, pois nestes casos as intervenções jurídicas e sociais também existem no sentido das intervenções judiciais “que reclamem os direitos legalmente assegurados e nos Unidade 5 • Rede socioassistencial: conceitos, serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais. Instrumentos de gestão: Controle social 151/258 encaminhamentos para instâncias de mediação e de responsabilização jurídica, quando são identificadas situações de risco e de violação de direitos” (BATTINI et al., 2007, p. 172). Considerando que em muitos casos, as crianças em situação de risco formam considerável grupo de interesse da política pública de assistência, assim o atendimento especializado à criança em situação de trabalho infantil Inclui transferência de renda às famílias e jornada ampliada com ativida- des socioeducativas para crianças e adolescentes com idade inferior a 16 anos, envolvidos com trabalho precoce, em atividades consideradas peri- gosas, penosas, insalubres ou degradantes (...) (BATTINI et al., 2007, p.25) O atendimento social, psicológico e jurídico destinado às vítimas de violência física, negligência, exploração sexual ou comercial formam o atendimento especializado às vítimas de violência. A execução de medida socioeducativa de prestação de serviços à comunidade “consiste na prestação de serviços comunitários, por determinação judicial, como medida socioeducativa destinada aos adolescentes em conflito com a lei, por meio da realização de tarefas gratuitas Unidade 5 • Rede socioassistencial: conceitos, serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais. Instrumentos de gestão: Controle social 152/258 em entidades governamentais e não governamentais” (BATTINI et al., 2007, p. 173). O “acompanhamento multidisciplinar, auxílio e orientação em meio aberto a adolescentes, encaminhados ao ensino formal, profissionalização e inserção no mercado de trabalho” (BATTINI et al., 2007, p. 173) configuram a execução da medida socioeducativa de liberdade assistida. O serviço de atendimento especializado às famílias com direitos violados busca pormeio de atendimentos sucessivos sociais e psicológicos, orientar o usuário vítima de violência com o objetivo de romper com o ciclo de violência, além de “identificar as causas do processo violador e de recompor os direitos violados” (BATTINI et al., 2007, p. 173). Na proteção social de alta complexidade, os serviços destinam-se a sujeitos e grupos que se encontram em situação de risco social ou pessoal. Fazem parte da rede socioassistencial de alta complexidade o abrigamento, a família acolhedora, a execução de medida socioeducativa de semiliberdade, provisória e sentenciada. O abrigamento deve ser utilizado em situações em que há risco iminente de risco social e pessoal “decorrente de abandono, maus-tratos, negligência ou outros fatores” (BATTINI et al., 2007, p. 173). Família acolhedora são serviços constituídos por famílias, constituintes da sociedade civil, cadastradas e capacitadas Unidade 5 • Rede socioassistencial: conceitos, serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais. Instrumentos de gestão: Controle social 153/258 para atendimento direto aos sujeitos impossibilitados de conviver com suas famílias de origem. A intervenção das execuções de medidas socioeducativas acontece em semiliberdade, internação provisória e internação sentenciada: • Semiliberdade; restritiva de liberdade, destinada aos adolescentes em conflito com a lei, por meio de determinação judicial. Tem como objetivo proporcionar atividades externas de educação regular, profissional, atividades de lazer e aproximação familiar. • Provisória; privação de liberdade para desenvolvimento de atividades socioeducativas pelo período máximo de 45 dias, com a finalidade de realização de estudos de caso (conforme determinações previstas nos artigos 121, 122 e 123 do ECA). • Sentenciada; privação de liberdade por determinação judicial sujeita aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar da pessoa em desenvolvimento, com a realização de atividades escolares e de profissionalização, preservação de vínculos familiares e comunitários, cumprida em local distinto daquele destinado ao abrigo, obedecida rigorosa separação por idade, compleição física e gravidade de infração (BATTINI et al., 2007, p. 175) Entenda a disposição dos órgãos públicos de atendimento da política pública de assistência social: Unidade 5 • Rede socioassistencial: conceitos, serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais. Instrumentos de gestão: Controle social 154/258 Tabela 2 - Serviços e unidades públicas estatais de atendimento da política pública de assistência social Tipo de proteção Principal foco Unidade pública estatal de atendimento Serviços Proteção Social Básica Fortalecimento de vínculos familiares e comunitários e prevenção a situações de violação de direitos CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) Proteção e atendimento integral à família (PAIF); Convivência e fortalecimento de vínculos; Unidade 5 • Rede socioassistencial: conceitos, serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais. Instrumentos de gestão: Controle social 155/258 Proteção Social Especial de Média Complexidade Intervenções em situações de violação de direitos sem rompimento de vínculos familiares e comunitários. CREAS (Centro de Referência Especializado da Assistência Social) • Serviços de orientação e apoio sociofamiliar; • Plantão social; • Abordagem de rua; • Cuidado em domicílio; • Serviço de habilitação e reabilitação na comunidade das pessoas com deficiência; • Medidas socioeducativas em meio-aberto (Prestação de Serviços à Comunidade - PSC e Liberdade assistida - LA); Unidade 5 • Rede socioassistencial: conceitos, serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais. Instrumentos de gestão: Controle social 156/258 Proteção Social Especial de Alta Complexidade Intervenções em situações de violação de direitos com rompimento de vínculos familiares e comunitários. CREAS (Centro de Referência Especializado da Assistência Social) - erviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos – PAEFI; - Serviço de Proteção Social a Adolescentes em Cumprimento de Medida Socioeducativa de Liberdade Assistida e de Prestação de Serviços à Comunidade; - Serviço Especializado em Abordagem Social; - Serviço de Proteção Social Especial para Pessoas com Deficiência, Idosas e suas Famílias; Fonte: elaborado pelo autor O assistente social compõe o quadro de profissionais que com excelência deve operacionalizar Unidade 5 • Rede socioassistencial: conceitos, serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais. Instrumentos de gestão: Controle social 157/258 os procedimentos inerentes à política pública de assistência e, para tanto, lança mão do tripé que compõe a sua competência profissional (IAMAMOTO, 2004). Neste sentido, a dimensão técnico-operativa evidencia-se na atuação profissional. Dentre as atividades e procedimentos metodológicos relacionados às mediações técnico-operativas destacam-se: cadastramento e alimenta- ção de dados nos sistemas informação; acolhida e escuta individual para identificação de necessidades de indivíduos e famílias; atividades relacio- nadas ao trabalho e à renda; entrevista social; visitas domiciliares; pales- tras; trabalhos com grupo; campanhas socioeducativas; encaminhamen- to e acompanhamento de famílias, seus membros e indivíduos; reuniões; articulação e fortalecimento de grupos sociais locais; atividades, recrea- tivas, esportivas, lúdicas e culturais; produção de material, deslocamento de equipe; acompanhamento e controle da efetividade dos encaminha- mentos realizados; acompanhamento de condicionalidades, entre outras. (BATTINI et al., 2007, p. 179) Questão reflexão ? para 158/258 Avalie e reflita, a partir de sua prática profissional, como estão organizados em seu território os recursos socioassistenciais disponíveis, observando se há uma real articulação e diálogo entre essas organizações para a composição da rede social ou se este processo de articulação de redes se trata apenas de uma falácia. Você acredita, ainda, que os benefícios socioassistenciais estão a favor da população usuária? A população usuária, a seu ver, compreende os benefícios sociais como benesse ou direito social? 159/258 Considerações Finais A rede de serviços socioassistenciais se apresenta como importante instrumento de efetivação do princípio de territorialização proposta pela Política Nacional de Assistência, na medida em que fortalece os vínculos sociais comunitários na direção da intersetorialização. No entanto, deve-se ter claro que a rede por si só não viabiliza o atendimento às necessidades sociais, sendo necessário, portanto, a articulação de diferentes benefícios sociais. Os benefícios sociais, por sua vez, para além da organicidade da PNAS, viabiliza uma determinada materialização do direito social a assistência, quando se propõe a atender as necessidades da população brasileira. Unidade 4 • Relações interinstitucionais e mecanismos de controle social.160/258 Referências BATTINI, Odária. COLIN, Denise Arruda. SILVEIRA, Jucimeri Isolda. Serviços Socioassistenciais: referências preliminares na implantação do SUAS. In: SUAS: Sistema Único de Assistência Social em debate / Odária Battini (org). São Paulo: Veras Editora; Curitiba, PR: CIPEC, 2007. (Série núcleos de pesquisa). BRASIL. Lei Federal n. 8069, de 13 de julho de 1990. ECA _ Estatuto da Criança e do Adolescente. IAMAMOTO, Marilda Villela: O Serviço Social naContemporaneidade: trabalho e formação profissional, 7o ed. Cortez, 2004, 20, 123p. SILVA, Maria Ozanira da Silva; LIMA, Valéria Ferreira Santos de Almada. Avaliando o Bolsa Família: unificação, focalização e impactos. São Paulo: Cortez, 2010. 161/258 Assista a suas aulas Aula 5 - Tema: Rede Socioassistencial. Instrumentos de Gestão; Controle Social - Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f- 1d/95ac5940b9641604db1170a79fdef74b>. Aula 5 - Tema: Rede Socioassistencial. Instrumentos de Gestão; Controle Social - Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/pA- piv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/bb- 4c8033950e90139c1e7426a07a829c>. 162/258 1. Observe entre as alternativas a seguir, a que melhor define o conceito de “rede socioassistencial”: a) São ações integradas entre ONGs da Assistência Social e o poder público, além de empresas privadas, as quais garantem a consecução de estratégias para o enfrentamento às diferentes manifestações da questão social. b) São ações integradas entre ONGs da Assistência Social e o poder público, as quais garantem a consecução de estratégias para o enfrentamento às diferentes manifestações da questão social. c) A rede socioassistenncial são ações de iniciativa pública e do Estado que ofertam e operam benefícios, serviços, programas e projetos, o que supõe a articulação entre todas estas unidades de provisão de proteção social sob a hierarquia de básica e especial e ainda por níveis de complexidade. d) Trata-se de um conjunto integrado de ações de iniciativa privada e do empresariado que ofertam e operam benefícios, serviços, programas e projetos, o que supõe a articulação entre todas estas unidades de provisão de proteção social sob a hierarquia de básica e especial e ainda por níveis de complexidade. Questão 1 163/258 e) Trata-se de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade que ofertam e operam benefícios, serviços, programas e projetos, o que supõe a articulação entre todas estas unidades de provisão de proteção social sob a hierarquia de básica e especial e ainda por níveis de complexidade. Questão 1 164/258 2. Os benefícios eventuais da política de assistência social estão relacionados a qual nível de proteção social?: a) Os benefícios eventuais da assistência social estão relacionados à proteção social especial. b) Os benefícios eventuais da assistência social estão relacionados à proteção social especial de baixa complexidade. c) Os benefícios eventuais da assistência social estão relacionados à proteção social básica de alta vulnerabilidade. d) Os benefícios eventuais da assistência social estão relacionados à proteção social básica. e) Os benefícios eventuais da assistência social estão relacionados à proteção social especial de alta vulnerabilidade. Questão 2 165/258 3. São programas que visam o repasse direto de recursos dos fundos de assistência social aos beneficiários como forma de acesso à renda, visando o combate à fome, à pobreza e outras formas de privação de direitos que levem à situação de vulnerabilidade social, criando possibilidades para a emancipação, o exercício da autonomia das famílias e indivíduos atendidos e o desenvolvimento local. A afirmação anterior se refere a: a) Programas de empregabilidade da pessoa com deficiência. b) Projetos de responsabilidade social empresarial. c) Programas de transferência de renda. d) Programas institucionais de medida socioeducativa. e) Planos nacionais de assistência social. Questão 3 166/258 4. Observe entre as alternativas a seguir, a que melhor define o conceito de “atendimento social circunstancial/emergencial” inerente à política pública de assistência social: a) Caracteriza-se basicamente pela concessão de benefícios eventuais. b) É aquele que busca viabilizar o acolhimento e a escuta qualificada das demandas individuais e familiares, com identificação de necessidades sociais e respectivos encaminhamentos e atenções. c) É aquele que busca viabilizar a concessão automática de benefícios e a escuta qualificada das demandas individuais e familiares, com identificação de necessidades sociais e respectivos encaminhamentos e atenções. d) É aquele que busca viabilizar o acolhimento imediato em caso de catástrofes naturais, apenas. e) É aquele que busca viabilizar o acolhimento e a escuta qualificada, apenas de assistentes sociais, das demandas individuais e familiares, com identificação de necessidades sociais e respectivos encaminhamentos e atenções. Questão 4 167/258 5. Observe entre as alternativas a seguir, a que melhor define o conceito de “geração de trabalho e renda: a) É aquele projeto que busca incluir os usuários da assistência social, mantendo relação direta com o sistema público de trabalho, emprego e renda na perspectiva da geração de espaços de trabalho e geração de renda. b) É aquele projeto que busca incluir os usuários da assistência social, mantendo ininterrupta a concessão de benefícios eventuais até que o cidadão consiga recuperar sua autonomia financeira. c) É aquele que busca viabilizar a concessão automática de benefícios e a escuta qualificada das demandas individuais e familiares, com identificação de necessidades sociais e respectivos encaminhamentos e atenções. d) É aquele projeto que busca incluir os usuários da assistência social, mantendo ininterrupta a concessão de benefícios eventuais até que o cidadão consiga recuperar sua autonomia social. Questão 5 168/258 e) É aquele projeto que busca incluir os usuários da assistência social, mantendo o usuário do serviço inserido em cursos de capacitação profissional contínua, além do acompanhamento das situações de saúde e educação dos demais membros do grupo familiar. Questão 5 169/258 Gabarito 1. Resposta: E. A rede de serviços socioassistentenciais “é um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade que ofertam e operam benefícios, serviços, programas e projetos, o que supõe a articulação entre todas estas unidades de provisão de proteção social sob a hierarquia de básica e especial e ainda por níveis de complexidade” (NOB/SUAS, 2005, p.20). 2. Resposta: D. Os Benefícios Eventuais que compõem a proteção social básica são previstos no artigo 22 da LOAS, e visam o pagamento de auxílio por natalidade ou morte, ou ainda outros que visem atender as necessidades advindas de situações de vulnerabilidade temporária, com prioridade para a criança, a família, o idoso, a pessoa com deficiência, a gestante, a nutriz e nos casos de calamidade pública. 3. Resposta: C. Os Programas de Transferência de Renda são aqueles que visam o repasse direto de recursos dos fundos de assistência social aos beneficiários como forma de acesso à renda, visando o combate à fome, à pobreza e outras formas de privação de direitos que levem à situação de vulnerabilidade social, criando possibilidades para a emancipação, o 170/258 Gabarito exercício da autonomia das famílias e indivíduos atendidos e o desenvolvimento local. (NOB/SUAS, 2005, p. 20-21) 4. Resposta: B. Atendimento social circunstancial/ emergencial busca viabilizar “o acolhimento e a escuta qualificada das demandas individuais e familiares, com identificação de necessidades sociais e respectivos encaminhamentos e atenções” (BATTINI et al., 2007, p. 168). 5. Resposta: A. Geração de trabalho e renda busca incluir os usuários da assistência social, mantendo relação direta com o sistema público de trabalho, emprego e renda na perspectiva da geração de espaços de trabalho e da geração de renda. 171/258 Unidade 6 O papel dos agentessociais na consolidação dos direitos sociais: avanços e desafios Objetivos 1. Apresentar a Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do Sistema Único de Assistência Social; 2. Problematizar brevemente aspectos centrais da NOB/SUAS; 3. Conceituar os principais eixos da NOB/RH. Unidade 6 • O papel dos agentes sociais na consolidação dos direitos sociais: avanços e desafios.172/258 A Norma Operacional Básica De Recursos Humanos Da Assistência Social A Norma Operacional Básica da Assistência Social (NOBRH), aprovada por meio da resolução nº 296, de 13 de dezembro de 2006, representa um importante avanço no que diz respeito à profissionalização das ações profissionais no campo da assistência social no Brasil. Esta Norma surge na perspectiva do fortalecimento de ações que conduzam a Política Nacional de Assistência Social na direção da efetiva garantia dos direitos sociais previstos na Constituição Federal de 1988, bem como de uma concepção ética e política para que se qualifique e consolide verdadeiramente a atuação técnica na direção do direito socioassistencial. No entanto, embora as definições para a composição das equipes técnicas estejam muito bem definidas na NOB/RH, são muitos os desafios existentes para a consolidação das orientações previstas no documento. Para atendimento das equipes de referência para o exercício dos objetivos do SUAS, conforme definido na NOB/ RH, muitos municípios ainda realizam modalidades de contratação de pessoal diversas às orientações de concurso público. Unidade 6 • O papel dos agentes sociais na consolidação dos direitos sociais: avanços e desafios.173/258 Segundo Ortolani: Estas formas de contratação no serviço público geralmente ocorrem através de terceirizações por intermédio de Organizações Não Governamentais (ONGs) ou Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIPs), contratação temporária por prazo determinado, recibo de pagamento de autônomo (RPA) e cargos em comissão declarados em lei de livre nomeação e exoneração. (ORTOLANI, 2011, p. 4) São muitas, portanto, as consequências destes tipos de contratação. Além de na maioria das vezes não garantirem os direitos trabalhistas aos trabalhadores, tais como recolhimento de FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), pagamento de 13º salário, ou benefícios previdenciários, ainda expõem os trabalhadores a outras consequências. Unidade 6 • O papel dos agentes sociais na consolidação dos direitos sociais: avanços e desafios.174/258 Outra consequência desta flexibilização dos contratos de trabalho é a falta de estabilidade que causa grande insegurança ao trabalhador, uma vez que ele fica à mercê dos desmandos institucionais e políticos pelo temor em perder seu trabalho e, consequentemente, seu próprio meio de sobrevivência. Em alguns casos também ocorre certa divergência em termos salariais e de benefícios trabalhistas, gerando uma situação de desconforto e de desarticulação entre os trabalhadores que possuem vínculos estáveis de trabalho e os demais contratados (ORTOLANI, 2011, p. 5). Unidade 6 • O papel dos agentes sociais na consolidação dos direitos sociais: avanços e desafios.175/258 Observe o quadro abaixo: Figura 1 – Vínculo dos trabalhadores do SUAS Fonte: MDS, 2011. Por estes e outros motivos, a NOB/ RH busca a definição de diretrizes para a Política Nacional de Capacitação para os professionais do SUAS, bem como fundamenta a Educação Permanente, prevendo a construção de processos de capacitação de forma sistemática e continuada, levando-se em conta necessidades, demandas e as particularidades regionais da população. A Estrutura da Norma Opera- cional Básica de Recursos Hu- manos do Sistema Único de As- sistência Social A NOB/RH divide-se em: • Princípios e diretrizes nacionais para a gestão do trabalho no âmbito do SUAS. • Princípios éticos para os trabalhadores da assistência social. • Equipes de referência. • Diretrizes para a política nacional de Unidade 6 • O papel dos agentes sociais na consolidação dos direitos sociais: avanços e desafios.176/258 capacitação. • Diretrizes nacionais para os planos de carreira, cargos e salários – PCCS. • Diretrizes para as entidades e organizações de assistência social. • Diretrizes para o cofinanciamento da gestão do trabalho. • Responsabilidade e atribuições do gestor federal, dos gestores estaduais, do gestor do Distrito Federal e dos gestores municipais para a gestão do trabalho no âmbito do SUAS. • Organização de cadastro nacional de trabalhadores do SUAS. • Controle social da gestão do trabalho no âmbito do SUAS. • Regras de transição. Princípios e diretrizes nacionais para a gestão do trabalho no âmbito do SUAS Os princípios e diretrizes da NOB/RH, no âmbito do SUAS, versam sobre a contribuição no aprimoramento e gestão do SUAS, orientados para a qualidade da oferta dos serviços para a consolidação dos direitos socioassistenciais, através do fortalecimento dos empregos públicos, contra a terceirização. Observa-se ainda, a relevância da educação permanente e da capacitação do SUAS, na direção na interdisciplinaridade. Unidade 6 • O papel dos agentes sociais na consolidação dos direitos sociais: avanços e desafios.177/258 Princípios éticos para os trabalhadores da assistência social A composição das equipes de referência conta com profissionais de nível superior, os quais têm suas atividades regidas por códigos de ética específicos. Assim, no campo dos princípios éticos, a NOB/RH promoverá a compreensão de um direcionamento ético-político ontológico aos profissionais, com a finalidade de fortalecer o compromisso das diferentes categorias profissionais com a superação de práticas conservadoras de intervenção social. São considerados ainda aspectos como: sigilo profissional, transparência no repasse de informações aos usuários, reconhecimento e arquivo dos prontuários, etc. Equipes de referência Versa sobre a organização da divisão do trabalho entre profissionais e dos profissionais por unidade pública de atendimento. Para a NOB/RH, equipes de referência são: Unidade 6 • O papel dos agentes sociais na consolidação dos direitos sociais: avanços e desafios.178/258 [...] aquelas constituídas por servidores efetivos responsáveis pela organização e oferta de serviços, programas, projetos e benefícios de proteção social básica e especial, levando-se em consideração o número de famílias e indivíduos referenciados, o tipo de atendimento e as aquisições que devem ser garantidas aos usuários (NOB/RH, 2006, p. 27). Possuem configuração específica, a depender do serviço socioassistencial ao qual se destinam. Neste sentido, observa-se a seguir as equipes por nível de proteção social e unidade pública de atendimento. No caso da proteção social básica, cuja unidade pública de atendimento é o CRAS, observa-se a seguinte equipe de referência: Unidade 6 • O papel dos agentes sociais na consolidação dos direitos sociais: avanços e desafios.179/258 Figura 2 – Equipe de referência do CRAS Fonte: NOB/RH, 2011, p. 32. Unidade 6 • O papel dos agentes sociais na consolidação dos direitos sociais: avanços e desafios.180/258 Orienta ainda que: As equipes de referência para os Centros de Referência da Assistência Social - CRAS devem contar sempre com um coordenador, devendo o mesmo, independentemente do porte do município, ter o seguinte perfil profissional: ser um técnico de nível superior, concursado, com experiência em trabalhos comunitários e gestão de programas, projetos, serviços e benefícios socioassistenciais (NOB/RH, 2006, p. 33) Para a proteção social especial, cuja unidade pública de atendimento é o CREAS, observa- se que há uma equipe de referência específicapara cada tipo de serviço, por nível de complexidade. A composição sugerida para a equipe de referência de um serviço social de proteção especial de média complexidade seria concebida conforme a seguir: Unidade 6 • O papel dos agentes sociais na consolidação dos direitos sociais: avanços e desafios.181/258 Figura 3 – Equipe de referência do CRAS Fonte: NOB/RH, 2011, p. 34. No nível da proteção social de alta vulnerabilidade, sugere-se as seguintes estruturações de equipe de referência: Unidade 6 • O papel dos agentes sociais na consolidação dos direitos sociais: avanços e desafios.182/258 Figura 4 – Atendimento em pequenos grupos (abrigo institucional, casa-lar e casa de passagem) Fonte: NOB/RH, 2011, p. 34. Unidade 6 • O papel dos agentes sociais na consolidação dos direitos sociais: avanços e desafios.183/258 Figura 5 – Equipe de Referência para atendimento psicossocial, vinculada ao órgão gestor Fonte: NOB/RH, 2011, p. 36. Unidade 6 • O papel dos agentes sociais na consolidação dos direitos sociais: avanços e desafios.184/258 Figura 6 – Família acolhedora Fonte: NOB/RH, 2011, p. 36. Unidade 6 • O papel dos agentes sociais na consolidação dos direitos sociais: avanços e desafios.185/258 Figura 7 – República Fonte: NOB/RH, 2011, p. 36. Unidade 6 • O papel dos agentes sociais na consolidação dos direitos sociais: avanços e desafios.186/258 Figura 8 – Instituições de longa permanência para idosos - ILPIs Fonte: NOB/RH, 2011, p. 37. Referente à gestão do SUAS, a NOB/RH ainda define as funções, por nível de gestão (municipal, estadual e federal) para cada esfera do governo, com a finalidade de resguardar a descentralização político-administrativa do Sistema, bem como orientar as equipes de referência para a participação organizada para o controle social e defesa do resguardo ao pleno desenvolvimento da política pública de assistência social. Unidade 6 • O papel dos agentes sociais na consolidação dos direitos sociais: avanços e desafios.187/258 Deste feito, observa-se no quadro de referência a seguir, o papel de cada esfera do governo, em ralação à PNAS. Figura 9 – Quadro de referência das funções essenciais da gestão municipal e estadual Fonte: NOB/RH, 2011, p. 38. Unidade 6 • O papel dos agentes sociais na consolidação dos direitos sociais: avanços e desafios.188/258 Figura 10 – Quadro de referência das funções essenciais da gestão do DF e federal Fonte: NOB/RH, 2011, p. 39. Diretrizes para a política nacional de capacitação, planos de carreira e cargos e salários – PCCS Orienta o desenvolvimento de estratégias de capacitação pautadas em princípios fundamentais de difusão de conhecimento e desenvolvimento de habilidades técnicas das equipes de referência. Segundo os ditames da NOB/RH, deve ser sistemática e contínua, sustentável, participativa, nacionalizada, descentralizada, avaliada e constantemente monitorada. Em relação às diretrizes para o PCCS (plano de carreiras, cargos e salários), observadas Unidade 6 • O papel dos agentes sociais na consolidação dos direitos sociais: avanços e desafios.189/258 as orientações constitucionais em relação à autonomia administrativa, observa- se que cada esfera do governo formula, debate e elabora seus próprios PCCS, muito embora tais elaborações devam, obrigatoriamente, partir dos princípios de: 1. Universalidade dos PCCSs: Os Planos de Carreira, Cargos e Salários abrangem todos os trabalhadores que participam dos processos de trabalho do SUAS. 2. Equivalência entre cargos ou empregos: sem benefícios a determinados cargos para definição de salários. 3. Concurso público como forma de acesso: condicionamento da aprovação em concurso para desenvolvimento da política. 4. Mobilidade do trabalhador: garantia de trânsito do trabalhador do SUAS pelas diversas esferas de governo, sem perda de direitos ou da possibilidade de desenvolvimento e ascensão funcional na carreira. 5. Adequação funcional: Os PCCS adequar-se-ão periodicamente às necessidades, à dinâmica e ao funcionamento do SUAS. 6. Gestão partilhada das carreiras: entendida como garantia da participação dos trabalhadores, através de mecanismos legitimamente constituídos, na formulação e gestão dos seus Unidade 6 • O papel dos agentes sociais na consolidação dos direitos sociais: avanços e desafios.190/258 respectivos planos de carreiras. 7. PCCS como instrumento de gestão: entendendo-se por isto que os PCCS deverão constituir-se num instrumento gerencial de política de pessoal integrado ao planejamento e ao desenvolvimento organizacional. 8. Educação Permanente: significa o atendimento às necessidades de formação e qualificação sistemática e continuada dos trabalhadores do SUAS. 9. Compromisso solidário: compreendendo isto que os PCCS são acordos entre gestores e representantes dos trabalhadores em prol da qualidade dos serviços, do profissionalismo e da garantia pelos empregadores das condições necessárias à realização dos serviços, programas, projetos e benefícios da assistência social. Unidade 6 • O papel dos agentes sociais na consolidação dos direitos sociais: avanços e desafios.191/258 Diretrizes para as entidades e organizações de assistência social As entidades e organizações de assistência social de atendimento - definidas no artigo 3º, § 1º da nova redação da LOAS - compõem o Sistema Único de Assistência Social. A partir dessa definição, os serviços prestados por essas entidades e organizações têm finalidade pública e, desse ponto de vista, buscam o alinhamento aos princípios éticos dos trabalhadores do SUAS, assim como à 8ª diretriz para a gestão do trabalho que consta do item II desta Norma (NOB/RH, 2006, p. 54). Unidade 6 • O papel dos agentes sociais na consolidação dos direitos sociais: avanços e desafios.192/258 Diretrizes para o cofinanciamento da gestão do trabalho O artigo 30-A da LOAS estabelece que o cofinanciamento do Sistema Único de Assistência Social será feito por meio de transferências automáticas entre os fundos de assistência social e mediante alocação de recursos próprios nesses fundos nas três esferas de governo. (NOB/RH, 2006 p. 58) A nova redação da LOAS, dada pela lei 12.435/2011, foi uma conquista para a política de Assistência Social, pois seu artigo 6º-E possibilita o uso dos recursos do co financiamento do governo federal para pagamento dos profissionais que integram as equipes de referência. O estudo dos custos dos serviços sócio assistenciais é de responsabilidade de cada esfera de governo, considerando informações qualificadas sobre a demanda por serviços e benefícios e padrões de qualidade da proteção às famílias e indivíduos usuários do SUAS. (NOB/RH, 2006, p. 58) Questão reflexão ? para 193/258 A partir do texto proposto para estudo, observe em seu município, qual a condição de contratação dos trabalhadores da assistência social. Analise a situação de contratação destes profissionais desenvolvendo uma reflexão sobre os limites e possibilidades do modelo de contratação vigente, a partir das relações de poder e de interesse impostas, e responda à questão: Você acredita que a política de assistência social tem sido desenvolvida na direção dos objetivos do SUAS em seu município? 194/258 Considerações Finais Ao longo deste texto, foram discutidos os principais eixos constituintes da NOB/RH. Observa-se, entanto, que embora muito bem definidas as atividades por ambos os agentes sociais envolvidos no processo de consolidação do SUAS, ainda restam muitos desafios para a consolidação das normatizações estabelecidas na NOB/RH. Assim, somos todos convidados à participação política para a construçãode um corpo de recursos humanos coerente e alinhado do ponto de vista ético e político. Unidade 4 • Relações interinstitucionais e mecanismos de controle social.195/258 Referências BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Norma Operacional Básica de Recursos Humanos – NOB-RH/SUAS. Brasília, D.F. 2007. ORTOLANI, Flávia Bortoleto. Desafios para a construção da NOB-RH/SUAS nos municípios. V Jornada Internacional de Políticas Públicas. São Luiz, Maranhão, 2011. 196/258 Assista a suas aulas Aula 6 - Tema: O Papel dos Agentes Sociais na Consolidação dos Direitos Sociais: Avanços e Desafios - Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f- 1d/54904e701076a9d3ac5ae74d6c10bba5>. Aula 6 - Tema: O Papel dos Agentes Sociais na Consolidação dos Direitos Sociais: Avanços e Desafios - Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/pA- piv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/03c- d7af634f114e32bc230ccfda550ba>. 197/258 1. Identifique entre as alternativas abaixo, a que melhor conceitua a função da NOB/RH: a) A NOB/RH tem por função estabelecer diretrizes e princípios para a atuação ético-política na assistência social, em conformidade com a LOAS. b) A PNAS tem por função estabelecer diretrizes e princípios para a atuação ético-política na assistência social. c) A SUAS tem por função estabelecer diretrizes e princípios para a atuação ético-política na assistência social. d) A NOB tem por função estabelecer diretrizes e princípios para a atuação ético-política na assistência social. e) A NOB/RH tem por função estabelecer normas, diretrizes e princípios para a atuação técnica na política de assistência social. Questão 1 198/258 2. Observe entre as alternativas a seguir, a afirmação incorreta, de acordo com o texto de referência: a) O CREAS é o serviço de referência em nível de proteção especial de média e alta complexidade. b) Os agentes sociais que compõem o SUAS são formados por assistentes sociais, psicólogos, outros profissionais de ensino superior, além de profissionais de ensino médio e fundamental. c) Os princípios de capacitação e educação permanente estão previstos na NOB/RH. d) Todos os municípios estão parametrizados no que diz respeito à modalidade de contratação dos profissionais no campo de assistência. e) A NOB/RH está sob responsabilidade descentralizada, isso significa que todas as esferas do governo possuem corresponsabilidade em sua condução. Questão 2 199/258 3. Observe entre as alternativas a seguir, a afirmação correta: a) O CREAS é o serviço de referência em nível de proteção especial de média e alta complexidade. b) Na NOB, não há uma clara definição em relação à defesa ao emprego público, uma vez que em muitos casos, não há contratação de pessoas concursadas. c) Na NOB/RH, há uma clara defesa ao emprego público por meio de concursos públicos. d) A NOB/RH não define com exatidão as equipes de referência na proteção social básica, apenas da especial de média e alta vulnerabilidade. e) A NOB/RH não define com exatidão as equipes de referência na proteção social especial, apenas da básica de média e alta vulnerabilidade. Questão 3 200/258 4. A composição das equipes de referência pressupõe a definição de princípios fundamentais para além da ética deontológica de cada profissional. Observe entre as alternativas a seguir, a que melhor definir este direcionamento das equipes de referência: a) Trata-se de um direcionamento ético-normativo necessário para a consolidação da política pública de assistência. b) Trata-se de um direcionamento ético-político necessário para a consolidação da política pública de assistência. c) Trata-se de um direcionamento técnico necessário para a consolidação da política pública de assistência. d) Trata-se de um direcionamento ético-político desnecessário para a consolidação da política pública de assistência. e) Trata-se de um direcionamento ético-político necessário para a desconstrução da política pública de assistência. Questão 4 201/258 5. A responsabilidade pela gestão da proteção básica está relacionada a qual(ais) esfera(s) de gestão pública? a) Da gestão municipal. b) Da gestão estadual. c) Da gestão do DF, apenas. d) Da gestão federal. e) Das três esferas e do DF. Questão 5 202/258 Gabarito 1. Resposta: E. A NOB/RH surge na perspectiva do fortalecimento de ações que conduzam a Política Nacional de Assistência Social na direção da efetiva garantia dos direitos sociais previstos na Constituição Federal de 1988, bem como de uma concepção ética e política para que se qualifique e consolide verdadeiramente a atuação técnica na direção do direito socioassistencial. 2. Resposta: D. Para atendimento das equipes de referência para o exercício dos objetivos do SUAS, conforme definido na NOB/ RH, muitos municípios ainda realizam modalidades de contratação de pessoal diversas às orientações de concurso público. 3. Resposta: C. Os princípios e diretrizes da NOB/RH, no âmbito do SUAS, versam sobre a contribuição no aprimoramento e gestão do SUAS, orientados para a qualidade da oferta dos serviços para a consolidação dos direitos sócio assistenciais, através do fortalecimento dos empregos públicos, contra a terceirização. 4. Resposta: B. A composição das equipes de referência 203/258 Gabarito conta com profissionais de nível superior, os quais têm suas atividades regidas por códigos de ética específicos. Assim, no campo dos princípios éticos, a NOB/ RH promoverá a compreensão de um direcionamento ético-político ontológico aos profissionais, com a finalidade de fortalecer o compromisso das diferentes categorias profissionais com a superação de práticas conservadoras de intervenção social. 5. Resposta: B. A responsabilidade pela gestão da proteção social básica está relacionada à esfera municipal de governo. 204/258 Unidade 7 Reordenamento da rede socioassistencial. Sistema municipal, territorialidade e gestão, estrutura e funcionamento dos Centros de Referência da Assistência Social - CRAS e dos Centros de Referência Especializados da Assistência Social - CREAS Objetivos » Conhecer a organização do SUAS e suas políticas de atendimento; » Refletir sobre os programas de assistência social, bem como suas responsabilidades e abrangências; » Compreender as atividades realizadas pelos programas de assistência social. Unidade 7 • Reordenamento da rede socioassistencial. Sistema municipal, territorialidade e gestão, estrutura e funcionamento dos Centros de Referência da Assistência Social - CRAS e dos Centros de Referência Especializados da Assistência Social - CREAS 205/258 A Organização do Suas e as Unidades Públicas de Atendimento Os CRAS O Sistema Único de Assistência adquire concretude por meio das unidades públicas de atendimento, denominadas CRAS e CREAS. O CRAS, como visto anteriormente, é a unidade pública que viabiliza atendimento para usuários da assistência social no campo da proteção básica, para além da rede de serviços socioassistenciais. A proteção social básica, como já visto, tem por objetivo: [...] a prevenção de situações de risco por meio do desenvolvimento de potencialidades e aquisições e o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários. Destina-se à população que vive em situação de fragilidade decorrente da pobreza, ausência de renda, acesso precário ou nulo aos serviços públicos ou fragilização de vínculos afetivos (discriminações etárias, étnicas, de gênero ou por deficiências, dentre outras) (MDS, 2015). Unidade 7 • Reordenamento da rede socioassistencial. Sistema municipal,territorialidade e gestão, estrutura e funcionamento dos Centros de Referência da Assistência Social - CRAS e dos Centros de Referência Especializados da Assistência Social - CREAS 206/258 O CRAS, portanto, pode ser definido como uma unidade pública estatal descentralizada da política de assistência social, sendo responsável pela organização e oferta dos serviços socioassistenciais da Proteção Social Básica do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) nas áreas de vulnerabilidade e risco social dos municípios e DF. (MDS, 2015) Sua estrutura representa, portanto, o principal local de proteção e atendimento para seus usuários, desempenhando papel fundamental em relação à PNAS no território em que está inserido, [...] possuindo função exclusiva da oferta pública do trabalho social com famílias por meio do serviço de Proteção e Atendimento Integral a Famílias (PAIF) e gestão territorial da rede socioassistencial de proteção social básica (MDS, 2015). Unidade 7 • Reordenamento da rede socioassistencial. Sistema municipal, territorialidade e gestão, estrutura e funcionamento dos Centros de Referência da Assistência Social - CRAS e dos Centros de Referência Especializados da Assistência Social - CREAS 207/258 O PAIF caracteriza-se como uma intervenção técnica profissional dos trabalhadores da assistência social junto a famílias em situação de vulnerabilidade social de maneira continuada, objetivando o fortalecimento e proteção social às famílias em atendimento, promovendo ações para a viabilização do acesso e usufruto de direitos, bem como contribuindo para a elevação dos índices de qualidade de vida. A oferta do PAIF é pressuposto essencial para o funcionamento do CRAS. Embora este serviço possa oferecer outros programas, nenhum CRAS poderá funcionar sem ofertar à população o PAIF. Dentre seus principais objetivos, destacam-se: Unidade 7 • Reordenamento da rede socioassistencial. Sistema municipal, territorialidade e gestão, estrutura e funcionamento dos Centros de Referência da Assistência Social - CRAS e dos Centros de Referência Especializados da Assistência Social - CREAS 208/258 [...] o fortalecimento da função protetiva da família; a prevenção da ruptura dos vínculos familiares e comunitários; a promoção de ganhos sociais e materiais às famílias; a promoção do acesso a benefícios, programas de transferência de renda e serviços socioassistenciais; e o apoio a famílias que possuem, dentre seus membros, indivíduos que necessitam de cuidados, por meio da promoção de espaços coletivos de escuta e troca de vivências familiares (MDS, 2015). As funções do CRAS, neste sentido, são: • Disponibilizar acesso aos PAIF e outros serviços, programas e projetos no campo da assistência social básica aos usuários desta política pública; • Articular e fortalecer a rede de proteção social básica por meio da rede de serviços socioassistenciais; • Ações de prevenção ao risco social no território em que está alocado, fortalecendo vínculos sociais fragilizados, garantindo direitos. Unidade 7 • Reordenamento da rede socioassistencial. Sistema municipal, territorialidade e gestão, estrutura e funcionamento dos Centros de Referência da Assistência Social - CRAS e dos Centros de Referência Especializados da Assistência Social - CREAS 209/258 O CRAS deve ser instalado em regiões de alta vulnerabilidade social a serem identificados pela gestão municipal. Deve-se priorizar a instalação dos serviços de CRAS em regiões em que esteja alocado grande número de beneficiários de programas sociais e de redistribuição de renda, tais como BPC (Benefício de prestação continuada), Bolsa Família, entre outros, conforme indicadores estabelecidos na NOBSUAS/2005. Tabela 1 – Locais de implantação dos CRAS Perfil demográfico do território Onde devem ser implantados os CRAS Municípios pequeno Porte I Poderá ser instalado em áreas centrais, ou seja, áreas de maior convergência da população. Municípios pequeno Porte II Territórios de baixa densidade demográfica, com espalhamento ou dispersão populacional Deverá instalar-se em local de melhor acesso para a população ou poderá realizar a cobertura dessas áreas por meio de equipes volantes (ver equipes volantes). Fonte: Elaborado pelo autor. Unidade 7 • Reordenamento da rede socioassistencial. Sistema municipal, territorialidade e gestão, estrutura e funcionamento dos Centros de Referência da Assistência Social - CRAS e dos Centros de Referência Especializados da Assistência Social - CREAS 210/258 Em relação à quantidade de CRAS em determinado município: Os critérios de partilha de recursos propostos na NOBSUAS permitem atender, gradualmente, nos próximos anos, a todos os municípios na perspectiva da universalização da Proteção Social Básica. A NOBSUAS 2012 não prevê quantidade mínima de CRAS por município. Todos os 5570 municípios já receberam a oferta para o cofinanciamento federal do Piso Básico Fixo (PBF). Os municípios que ainda não têm o cofinanciamento federal do PBF recusaram a oferta do serviço em expansões passadas e/ou ainda não atingiram os requisitos mínimos para receberem recurso federal. (MDS, 2015) Assim, a compreende-se que fica a critério de cada município a quantidade de CRAS a serem disponibilizados à população, uma vez que este serviço estaria, portanto, sob gestão financeira do município proponente. A equipe de referência do CRAS deve ser composta por técnicos de nível superior (assistentes Unidade 7 • Reordenamento da rede socioassistencial. Sistema municipal, territorialidade e gestão, estrutura e funcionamento dos Centros de Referência da Assistência Social - CRAS e dos Centros de Referência Especializados da Assistência Social - CREAS 211/258 sociais e psicólogos) e médio, com as seguintes proporções: Tabela 2 – Composição de equipe CRAS Pequeno Porte I Pequeno Porte II Médio, Grande, Metrópole e Distrito Federal até 2.500 famílias referenciadas até 3.500 famílias referenciadas a cada 5.000 famílias referenciadas 2 técnicos de nível superior, sendo 1 assistente social e o outro, obrigatoriamente, psicólogo; 3 técnicos de nível superior, sendo 2 assistentes sociais e, obrigatoriamente1 psicólogo; 4 técnicos de nível superior, sendo 2 assistentes sociais, 1 psicólogo e 1 profissional que compõe o SUAS; 2 técnicos de nível médio. 3 técnicos de nível médio. 4 técnicos de nível médio. Fonte: MDS, 2015. Além dos profissionais citados anteriormente, deve-se contar, de acordo com os ditames da NOBRH/2005, com Coordenador das atividades, que deve possuir nível superior e experiência comprovada em atividades no campo da assistência social. As atividades, por profissional, são dividas da seguinte maneira: Unidade 7 • Reordenamento da rede socioassistencial. Sistema municipal, territorialidade e gestão, estrutura e funcionamento dos Centros de Referência da Assistência Social - CRAS e dos Centros de Referência Especializados da Assistência Social - CREAS 212/258 Tabela 3 – Atividades por cargo no CRAS Cargo Atividades Superior Assistentes Sociais e Psicólogos • Acolhida, oferta de informações e realização de encaminhamentos às famílias usuárias do CRAS; • Planejamento e implementação do PAIF, de acordo com as características do território de abrangência do CRAS; • Mediação de grupos de famílias dos PAIF; • Realização de atendimentos particularizados e visitas domiciliares às famílias referenciadas ao CRAS; • Desenvolvimento de atividades coletivas e comunitárias no território; • Apoio técnico continuado aos profissionais responsáveis pelo(s) serviço(s) de convivência e fortalecimento de vínculos desenvolvidos no território ou no CRAS; • Acompanhamento defamílias encaminhadas pelos serviços de convivência e fortalecimento de vínculos ofertados no território ou no CRAS; • Realização da busca ativa no território de abrangência do CRAS e desenvolvimento de projetos que visam prevenir aumento de incidência de situações de risco; • Acompanhamento das famílias em descumprimento de condicionalidades; • Alimentação de sistema de informação, registro das ações desenvolvidas e planejamento do trabalho de forma coletiva; • Articulação de ações que potencializem as boas experiências no território de abrangência; • Realização de encaminhamento, com acompanhamento, para a rede socioassistencial; • Realização de encaminhamentos para serviços setoriais; • Participação das reuniões preparatórias ao planejamento municipal ou do DF; • Participação de reuniões sistemáticas no CRAS para planejamento das ações semanais a serem desenvolvidas, como definição de fluxos, instituição de rotina de atendimento e acolhimento dos usuários, organização dos encaminhamentos, fluxos de informações com outros setores, procedimentos, estratégias de resposta às demandas e de fortalecimento das potencialidades do território. Unidade 7 • Reordenamento da rede socioassistencial. Sistema municipal, territorialidade e gestão, estrutura e funcionamento dos Centros de Referência da Assistência Social - CRAS e dos Centros de Referência Especializados da Assistência Social - CREAS 213/258 Superior Coordenador • Articular, acompanhar e avaliar o processo de implantação do CRAS e a implementação dos programas, serviços, projetos de proteção social básica operacionalizadas nessa unidade; • Coordenar a execução e o monitoramento dos serviços, o registro de informações e a avaliação das ações, programas, projetos, serviços e benefícios; • Participar da elaboração, acompanhar e avaliar os fluxos e procedimentos para garantir a efetivação da referência e contra referência; • Coordenar a execução das ações, de forma a manter o diálogo e garantir a participação dos profissionais, bem como das famílias inseridas nos serviços ofertados pelo CRAS e pela rede prestadora de serviços no território; • Definir, com participação da equipe de profissionais, os critérios de inclusão, acompanhamento e desligamento das famílias, dos serviços ofertados no CRAS; • Coordenar a definição, junto com a equipe de profissionais e representantes da rede socioassistencial do território, o fluxo de entrada, acompanhamento, monitoramento, avaliação e desligamento das famílias e indivíduos nos serviços de proteção social básica da rede socioassistencial referenciada ao CRAS; • Promover a articulação entre serviços, transferência de renda e benefícios socioassistenciais na área de abrangência do CRAS; • Definir, junto com a equipe técnica, os meios e as ferramentas teórico-metodológicos de trabalho social com famílias e dos serviços de convivência; • Contribuir para avaliação, a ser feita pelo gestor, da eficácia, eficiência e impactos dos programas, serviços e projetos na qualidade de vida dos usuários; Unidade 7 • Reordenamento da rede socioassistencial. Sistema municipal, territorialidade e gestão, estrutura e funcionamento dos Centros de Referência da Assistência Social - CRAS e dos Centros de Referência Especializados da Assistência Social - CREAS 214/258 Superior Coordenador • Efetuar ações de mapeamento, articulação e potencialização da rede socioassistencial no território de abrangência do CRAS e fazer a gestão local desta rede; • Efetuar ações de mapeamento e articulação das redes de apoio informais existentes no território (lideranças comunitárias, associações de bairro); • Coordenar a alimentação de sistemas de informação de âmbito local e monitorar o envio regular e nos prazos de informações sobre os serviços socioassistenciais referenciados, encaminhando-os à Secretaria Municipal (ou do DF) de Assistência Social; • Participar dos processos de articulação Inter setorial no território do CRAS; • Averiguar as necessidades de capacitação da equipe de referência e informar a Secretaria de Assistência Social (do município ou do DF); • Planejar e coordenar o processo de busca ativa no território de abrangência do CRAS, em consonância com diretrizes da Secretaria de Assistência Social (do município ou do DF); • Participar das reuniões de planejamento promovidas pela Secretaria de Assistência Social (do município ou do DF), contribuindo com sugestões estratégicas para a melhoria dos serviços a serem prestados; • Participar de reuniões sistemáticas na Secretaria Municipal, com presença de coordenadores de outro(s) CRAS (quando for o caso) e de coordenador(es) do CREAS (ou, na ausência deste, de representante da proteção especial). Agente Administrativo • Apoio ao trabalho dos técnicos de nível superior da equipe de referência do CRAS, em especial no que se refere às funções administrativas; • Participação de reuniões sistemáticas de planejamento de atividades e de avaliação do processo de trabalho com a equipe de referência do CRAS; • Participação das atividades de capacitação (ou formação continuada) da equipe de referência do CRAS; Unidade 7 • Reordenamento da rede socioassistencial. Sistema municipal, territorialidade e gestão, estrutura e funcionamento dos Centros de Referência da Assistência Social - CRAS e dos Centros de Referência Especializados da Assistência Social - CREAS 215/258 Agente ou Orientador Social • Recepção e oferta de informações às famílias usuárias do CRAS; • Mediação dos processos grupais, próprios dos serviços de convivência e fortalecimentos de vínculos, ofertados no CRAS (função de orientador social do Projovem Adolescente, por exemplo); • Participação de reuniões sistemáticas de planejamento de atividades e de avaliação do processo de trabalho com a equipe de referência do CRAS; • Participação das atividades de capacitação (ou formação continuada) da equipe de referência do CRAS. Fonte: MDS, 2015. OS CREAS O CREAS, ou Centro de referência especializado em assistência social, é: a unidade pública estatal de abrangência municipal ou regional que tem como papel constituir-se em lócus de referência, nos territórios da oferta de trabalho social especializado no SUAS a famílias e indivíduos em situação de risco pessoal ou social, por violação de direitos. Seu papel no SUAS define, igualmente, seu papel na rede de atendimento. (MDS, 2015) Unidade 7 • Reordenamento da rede socioassistencial. Sistema municipal, territorialidade e gestão, estrutura e funcionamento dos Centros de Referência da Assistência Social - CRAS e dos Centros de Referência Especializados da Assistência Social - CREAS 216/258 Este serviço deve ser oferecido à população, sob gestão do poder público local, ou seja, não depende de outras esferas, como a federal, para sua consecução. Por tratar-se de unidade pública de atendimento, considerando-se ainda seu elevado nível de complexidade, não deve estar sob gestão direta ou indireta de organizações de natureza privada ou mesmo as sem fins lucrativos (ONGs). São competências principais do CREAS: • ofertar e referenciar serviços especializados de caráter continuado para famílias e indivíduos em situação de risco pessoal e social, por violação de direitos, conforme dispõe a Tipificação Nacional de Serviços socioassistenciais; • a gestão dos processos de trabalho na Unidade, incluindo a coordenação técnica e administrativa, da equipe, o planejamento, monitoramento e avaliação das ações, a organização e execução direta do trabalho social no âmbito dos serviços ofertados, o relacionamento cotidiano com a rede e o registro de informações, sem prejuízo das competências do órgão gestor de assistência social em relação à Unidade (MDS, 2015). Para oferta do atendimento, os CREAS fundamentam-seem eixos centrais, que devem ser observados tanto em sua Unidade 7 • Reordenamento da rede socioassistencial. Sistema municipal, territorialidade e gestão, estrutura e funcionamento dos Centros de Referência da Assistência Social - CRAS e dos Centros de Referência Especializados da Assistência Social - CREAS 217/258 implantação, quanto ao longo do processo de funcionamento, sendo eles: 1. Atenção especializada e qualificação do atendimento; 2. Território e localização do CREAS; 3. Acesso a direitos socioassistenciais; 4. Centralidade sociofamiliar; 5. Mobilização e participação social; 6. Trabalho em rede. De acordo com a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais, pactuada na Comissão Inter gestores Tripartite – CIT e aprovada pelo Conselho Nacional de Assistência Social, por meio da Resolução nº 109 de 11 de dezembro de 2009, o CREAS pode ofertar os seguintes serviços: Unidade 7 • Reordenamento da rede socioassistencial. Sistema municipal, territorialidade e gestão, estrutura e funcionamento dos Centros de Referência da Assistência Social - CRAS e dos Centros de Referência Especializados da Assistência Social - CREAS 218/258 Tabela 4 – Serviços do CREAS Nome do Serviço Descrição do Serviço Unidade de Oferta do Serviço Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos – PAEFI Serviço de apoio, orientação e acompanhamento a famílias com um ou mais de seus membros em situação de ameaça e violação de direitos. Deve ser ofertado exclusivamente na unidade CREAS. Serviço de Proteção Social a Adolescentes em Cumprimento de Medida Socioeducativa de Liberdade Assistida e de Prestação de Serviços à Comunidade O Serviço tem por finalidade prover atenção socioassistencial e acompanhamento a adolescentes e jovens em cumprimento de medidas socioeducativas em meio aberto, determinadas judicialmente. Deve ser ofertado pelo CREAS, nas localidades onde se identificar demanda, podendo referenciar serviços complementares. No caso de possuir mais de uma Unidade CREAS, o município tem autonomia para a definição daquelas unidades que deverão ofertar este serviço, observada a relação com o território. Unidade 7 • Reordenamento da rede socioassistencial. Sistema municipal, territorialidade e gestão, estrutura e funcionamento dos Centros de Referência da Assistência Social - CRAS e dos Centros de Referência Especializados da Assistência Social - CREAS 219/258 Serviço Especializado em Abordagem Social O Serviço tem como finalidade assegurar trabalho social de abordagem e busca ativa que identifique, nos territórios, a incidência de trabalho infantil, exploração sexual de crianças e adolescentes, situação de rua, dentre outras. Pode ser ofertado pelo CREAS ou unidade específica referenciada ao CREAS, nos territórios onde se identificar demanda. Pode ser ofertado também nos Centros POP, de acordo com a definição do órgão gestor local. Serviço de Proteção Social Especial para Pessoas com Deficiência, Idosas e suas Famílias. Serviço destinado à promoção de atendimento especializado a famílias com pessoas com deficiência e idosos com algum grau de dependência, que tiveram suas limitações agravadas por violações de direito. Pode ser ofertado pelo Centro- Dia, CREAS ou unidade específica referenciada ao CREAS, nos territórios onde se identificar demanda. Fonte: MDS, 2015. As principais atividades a serem desenvolvidas pelos profissionais integrantes da equipe CREAS são: Unidade 7 • Reordenamento da rede socioassistencial. Sistema municipal, territorialidade e gestão, estrutura e funcionamento dos Centros de Referência da Assistência Social - CRAS e dos Centros de Referência Especializados da Assistência Social - CREAS 220/258 [...] acolhida; escuta; estudo social; diagnóstico socioeconômico; monitoramento e avaliação do serviço; orientação e encaminhamentos para a rede de serviços locais; construção de plano individual e/ ou familiar de atendimento; orientação sociofamiliar; atendimento psicossocial; orientação jurídico-social; referência e contra referência; informação, comunicação e defesa de direitos; apoio à família na sua função protetiva; acesso à documentação pessoal; mobilização, identificação da família extensa ou ampliada; articulação da rede de serviços socioassistenciais; articulação com os serviços de outras políticas públicas setoriais; articulação interinstitucional com os demais órgãos do Sistema de Garantia de Direitos; mobilização para o exercício da cidadania; trabalho interdisciplinar; elaboração de relatórios e/ou prontuários; estímulo ao convívio familiar, grupal, social e comunitário; mobilização e fortalecimento do convívio e de redes sociais de apoio; produção de orientações técnicas e materiais informativos; organização de banco de dados e informações sobre o serviço, sobre organizações governamentais e não governamentais e sobre o Sistema de Garantia de Direitos; dentre outros. (MDS, 2015) Unidade 7 • Reordenamento da rede socioassistencial. Sistema municipal, territorialidade e gestão, estrutura e funcionamento dos Centros de Referência da Assistência Social - CRAS e dos Centros de Referência Especializados da Assistência Social - CREAS 221/258 Nos CREAS, atendem-se famílias e indivíduos em situação de acentuado risco social, que se dá por violação de direitos individuais, tais como: violência física, psicológica e/ou negligência de qualquer natureza, abuso e/ou exploração sexual, afastamento do convívio familiar devido à aplicação de medida de proteção, pessoas em situação de rua, abandono, situações de trabalho infantil, discriminação de qualquer natureza, descumprimento das condicionalidades do Programa Bolsa Família em razão de situações de risco social, violação de direitos, cumprimento de medidas socioeducativas em meio aberto de Liberdade Assistida e de Prestação de Serviços à Comunidade por adolescentes, entre outras situações de privação e violência. Questão reflexão ? para 222/258 A partir do texto sugerido, reflita sobre as potencialidades e limitações apresentadas pelos diferentes equipamentos públicos de atendimento da política pública de assistência social. Você acredita que o SUAS oferece à população a quantidade de serviços públicos adequada em relação às demandas da sociedade? Você acredita que o fato de a gestão municipal ser responsável pela definição da quantidade de CRAS e CREAS gera algum tipo de defasagem da efetividade da política pública? 223/258 Considerações Finais As unidades públicas de atendimento da Política Nacional de Assistência Social são as principais responsáveis pela concretude das intervenções previstas no SUAS e nas NOBs. São espaços de proteção, aos quais a população deve recorrer em situações de qualquer tipo de violência ou privação, ou mesmo para que os profissionais possam realizar a gestão dos programas sociais, como é o caso do CRAS. Para tanto, faz-se importante compreender a importância e o funcionamento destes órgãos, a fim de que possamos intervir e organizar os processos de trabalho de maneira efetiva e coerente com os objetivos da política pública de assistência. Unidade 4 • Relações interinstitucionais e mecanismos de controle social.224/258 Referências BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Assistência Social, Institucional. Disponível em: <http://www.mds.gov.br/falemds/perguntas-frequentes/ assistencia-social>. Acesso em: 03 ago 2015. 225/258 Assista a suas aulas Aula 7 - Tema: Reordenamento da Rede Socioassistencial - Bloco I Disponívelem: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f- 1d/0a896cb5fb5db49f8be787de8c63b9b1>. Aula 7 - Tema: Reordenamento da Rede Socioassistencial - Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ a882de4e4bad1cd37e2f81f338f5ce85>. 226/258 1. O que significa a sigla CRAS e qual seu papel? a) Centro de referência de assistência social, ele existe para a organização e oferta dos serviços socioassistenciais da Proteção Social Especial do Sistema Único de Assistência Social. b) Centro de referência especializado de assistência social, ele existe para a organização e oferta dos serviços socioassistenciais da Proteção Social Básica do Sistema Único de Assistência Social. c) Centro de residência de assistência social, ele existe para a organização e oferta dos serviços socioassistenciais da Proteção Social Básica do Sistema Único de Assistência Social. d) Centro de referência para a assistência social, ele existe para a organização e oferta dos serviços socioassistenciais da Proteção Social Básica do Sistema Único de Assistência Social. e) Centro de referência de assistência social, ele existe para a organização e oferta dos serviços socioassistenciais da Proteção Social Básica do Sistema Único de Assistência Social. Questão 1 227/258 2. A quem se destina a proteção social básica? a) Destina-se apenas a brasileiros ou estrangeiros naturalizados. b) Destina-se à população em geral, inclusive a estrangeiros, uma vez que o direito à assistência social é universal. c) Destina-se a quem dela precisar por motivos diversos. d) Destina-se à população que vive em situação de fragilidade decorrente da pobreza, ausência de renda, acesso precário ou nulo aos serviços públicos ou fragilização de vínculos afetivos (discriminações etárias, étnicas, de gênero ou por deficiências, dentre outras). e) Destina-se à população que vive em situação de fragilidade decorrente de doenças, acesso precário ou nulo aos serviços públicos ou fragilização de vínculos afetivos (discriminações etárias, étnicas, de gênero ou por deficiências, dentre outras). Questão 2 228/258 3. Observe entre as alternativas a seguir, a que não se refere a uma das atividades do coordenador de CRAS: a) Participar das reuniões de planejamento promovidas pela Secretaria de Assistência Social (do município ou do DF), contribuindo com sugestões estratégicas para a melhoria dos serviços a serem prestados; b) Participar de reuniões sistemáticas na Secretaria Municipal, com presença de coordenadores de outro(s) CRAS (quando for o caso) e de coordenador(es) do CREAS (ou, na ausência deste, de representante da proteção especial). c) Acompanhamento das famílias em descumprimento de condicionalidades. d) Averiguar as necessidades de capacitação da equipe de referência e informar a Secretaria de Assistência Social (do município ou do DF). e) Planejar e coordenar o processo de busca ativa no território de abrangência do CRAS em consonância com diretrizes da Secretaria de Assistência Social (do município ou do DF). Questão 3 229/258 4. O que é o CREAS e qual o seu principal papel? a) É a unidade privada, de abrangência municipal ou regional, que tem como papel constituir- se em lócus de referência, nos territórios da oferta de trabalho social especializado no SUAS a famílias e indivíduos em situação de risco pessoal ou social. b) É a unidade pública estatal, de abrangência municipal ou regional, que tem como papel constituir-se em lócus de referência, nos territórios da oferta de trabalho social especializado no SUAS a famílias e indivíduos em situação de risco pessoal ou social. c) É a unidade pública estatal ou privada em parceria com o município, de abrangência municipal ou regional, que tem como papel constituir-se em lócus de referência, nos territórios da oferta de trabalho social especializado no SUAS a famílias e indivíduos em situação de risco pessoal ou social. d) É a unidade pública estatal, de abrangência estadual, que tem como papel constituir-se em lócus de referência, nos territórios da oferta de trabalho social especializado no SUAS a famílias e indivíduos em situação de risco pessoal ou social. Questão 4 230/258 5. Em que consiste o Serviço de Proteção Social a Adolescentes em Cumprimento de Medida Socioeducativa de Liberdade Assistida e de Prestação de Serviços Comunitários? a) O Serviço tem por finalidade prover atenção socioassistencial e acompanhamento a adolescentes e jovens em cumprimento de medidas socioeducativas em meio aberto, determinadas judicialmente. b) Serviço de apoio, orientação e acompanhamento a famílias com um ou mais de seus membros em situação de ameaça e violação de direitos. c) O Serviço tem como finalidade assegurar trabalho social de abordagem e busca ativa que identifique, nos territórios, a incidência de trabalho infantil, exploração sexual de crianças e adolescentes, situação de rua, dentre outras. d) Serviço destinado à promoção de atendimento especializado a famílias com pessoas com deficiência e idosos com algum grau de dependência, que tiveram suas limitações agravadas por violações de direito. Questão 5 231/258 Gabarito 1. Resposta: E. Comentário: O CRAS, portanto, pode ser definido como uma unidade pública estatal descentralizada da política de assistência social sendo responsável pela organização e oferta dos serviços socioassistenciais da Proteção Social Básica do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) nas áreas de vulnerabilidade e risco social dos municípios e DF. (MDS, 2015) 2. Resposta: D. A proteção social básica tem por objetivo a prevenção de situações de risco por meio do desenvolvimento de potencialidades e aquisições e o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários. Destina- se à população que vive em situação de fragilidade decorrente da pobreza, ausência de renda, acesso precário ou nulo aos serviços públicos ou fragilização de vínculos afetivos (discriminações etárias, étnicas, de gênero ou por deficiências, dentre outras) (MDS, 2015). 3. Resposta: D. O acompanhamento das famílias em descumprimento de condicionalidades é atividade específica a ser realizada pela equipe técnica, ou seja, assistentes sociais e psicólogos. 232/258 Gabarito 4. Resposta: D. CREAS é a unidade pública estatal, de abrangência municipal ou regional, que tem como papel constituir-se em lócus de referência, nos territórios da oferta de trabalho social especializado no SUAS a famílias e indivíduos em situação de risco pessoal ou social, por violação de direitos. Seu papel no SUAS define, igualmente, seu papel na rede de atendimento. (MDS, 2015) 5. Resposta: D. O Serviço tem por finalidade prover atenção socioassistencial e acompanhamento a adolescentes e jovens em cumprimento de medidas socioeducativas em meio aberto, determinadas judicialmente. 233/258 Unidade 8 O SUAS e os elementos normativos e instrumentais para a gestão do sistema e o Sistema de Monitoramento e Avaliação no SUAS: princípios, objetivos e os procedimentos para implementação Objetivos 1. Apresentar e discutir a Norma Operacional Básica (NOB) do SUAS; 2. Conhecer os conteúdos da NOB/ SUAS; 3. Entender a tipificação dos serviços socioassistenciais. Unidade 8 • O SUAS e os elementos normativos e instrumentais para a gestão do sistema e o Sistema de Monitoramento e Avaliação no SUAS: princípios, objetivos e os procedimentos para implementação 234/258 A Norma Operacional Básica do Sistema Único de Assistência Social A Norma Operacional Básica do Sistema Único de Assistência Social (NOB SUAS) é um instrumento normativo que busca disciplinara operacionalização da Política Nacional de Assistência Social. A primeira NOB é datada de 1997, sob a resolução CNAS 204 e teve como principal função estabelecer a descentralização político-administrativa e o financiamento da execução da política pública de assistência social. Em 1998, a resolução CNAS 207 aprovou a segunda versão da NOB, que contemplou detalhes mais aprofundados sobre o financiamento e critérios da partilha dos recursos da política. Em 2005, a resolução CNAS 130 aprova uma nova NOB, que possui como diferencial estar sob a égide da Política Nacional de Assistência Social, versando sobre o funcionamento do Sistema Único de Assistência Social (SUAS). Unidade 8 • O SUAS e os elementos normativos e instrumentais para a gestão do sistema e o Sistema de Monitoramento e Avaliação no SUAS: princípios, objetivos e os procedimentos para implementação 235/258 A NOB SUAS, portanto: A Norma Operacional Básica – NOB/SUAS disciplina a gestão pública da política de assistência social no território brasileiro, exercida de modo sistêmico pelos entes federativos, em consonância com a Constituição da República de 1988, a Lei Orgânica da Assistência Social - LOAS e as legislações complementares a ela aplicáveis. (NOB/SUAS, 2005, p. 13) O objeto da NOB/SUAS é constituído pelos seguintes conteúdos: a. Caráter do SUAS; • consolida o modo de gestão compartilhada, o cofinanciamento e a cooperação técnica entre os três entes federativos que, de modo articulado e complementar, operam a proteção social não contributiva de seguridade social no campo da assistência social; • estabelece a divisão de responsabilidades entre os entes federativos (federal, estadual, Distrito Federal e municipal) para instalar, regular, manter e expandir as ações de assistência social como dever de Estado e direito do cidadão no território nacional; Unidade 8 • O SUAS e os elementos normativos e instrumentais para a gestão do sistema e o Sistema de Monitoramento e Avaliação no SUAS: princípios, objetivos e os procedimentos para implementação 236/258 • fundamenta-se nos compromissos da PNAS/2004; • orienta-se pela unidade de propósitos, principalmente quanto ao alcance de direitos pelos usuários; • regula em todo o território nacional a hierarquia, os vínculos e as responsabilidades do sistema cidadão de serviços, benefícios, programas, projetos e ações de assistência social, de caráter permanente e eventual, sob critério universal e lógica de ação em rede hierarquizada de âmbito municipal, distrital, estadual e federal; • respeita a diversidade das regiões, decorrente de características culturais, socioeconômicas e de políticas em cada esfera de gestão, da realidade das cidades e da sua população urbana e rural; • reconhece que as diferenças e desigualdades regionais e municipais que condicionam os padrões de cobertura do sistema e os seus diferentes níveis de gestão devem ser consideradas no planejamento e execução das ações; • articula sua dinâmica às organizações e entidades de assistência social com reconhecimento pelo SUAS. (NOB/ SUAS, 2005, p. 12-13) b. Funções da política pública de assistência social para extensão da Unidade 8 • O SUAS e os elementos normativos e instrumentais para a gestão do sistema e o Sistema de Monitoramento e Avaliação no SUAS: princípios, objetivos e os procedimentos para implementação 237/258 proteção social brasileira; De acordo com a PNAS/2004, são funções da assistência social: a proteção social hierarquizada entre proteção básica e proteção especial; a vigilância social; e a defesa dos direitos socioassistenciais. (NOB/SUAS, 2005, p. 16) c. Níveis de gestão do SUAS; O Sistema Único de Assistência Social (SUAS) comporta quatro tipos de gestão: da União, do Distrito Federal, dos estados e dos municípios. As responsabilidades da União passam principalmente pela formulação, apoio, articulação e coordenação de ações. Os estados, por sua vez, assumem a gestão da assistência social dentro de seu âmbito de competência, tendo suas responsabilidades definidas na Norma Operacional Básica (NOB/SUAS). Unidade 8 • O SUAS e os elementos normativos e instrumentais para a gestão do sistema e o Sistema de Monitoramento e Avaliação no SUAS: princípios, objetivos e os procedimentos para implementação 238/258 No caso da gestão municipal, são possíveis três níveis de habilitação ao SUAS: inicial, básica e plena. A gestão inicial fica por conta dos municípios que atendam a requisitos mínimos, como a existência e funcionamento de conselho, fundo e planos municipais de assistência social, além da execução das ações da Proteção Social Básica com recursos próprios. No nível básico, o município assume, com autonomia, a gestão da proteção social básica. No nível pleno, ele passa à gestão total das ações socioassistenciais. (<http://www.mds.gov.br>) d. Instâncias de articulação, pactuação e deliberação que compõem o processo democrático de gestão do SUAS; Articulação: São espaços de participação aberta, com função propositiva no nível federal, estadual, do Distrito Federal e municipal, podendo ser instituídos regionalmente. São constituídos por organizações governamentais e não-governamentais com a finalidade de articulação entre: conselhos; união de conselhos; fóruns estaduais, regionais ou municipais; associações Unidade 8 • O SUAS e os elementos normativos e instrumentais para a gestão do sistema e o Sistema de Monitoramento e Avaliação no SUAS: princípios, objetivos e os procedimentos para implementação 239/258 comunitárias, entre outros. Pactuação: Entende-se por pactuação, na gestão da assistência social, as negociações estabelecidas com a anuência das esferas de governo envolvidas, no que tange à operacionalização da política, não pressupondo processo de votação, tampouco de deliberação. As pactuações de tais instâncias só são possíveis na medida em que haja concordância de todos os entes envolvidos, sendo formalizada por meio de publicação da pactuação e submetidas às instâncias de deliberação. Deliberação: • Conselhos de Assistência Social; Unidade 8 • O SUAS e os elementos normativos e instrumentais para a gestão do sistema e o Sistema de Monitoramento e Avaliação no SUAS: princípios, objetivos e os procedimentos para implementação 240/258 O CNAS tem caráter permanente e composição paritária entre governo e sociedade civil. São vinculados ao Poder Executivo e a sua estrutura pertencente ao órgão da Administração Pública responsável pela coordenação da Política de Assistência Social, que lhes dá apoio administrativo assegurando dotação orçamentária para seu funcionamento. (<http://www.mds.gov.br>) • Conselho Nacional de Assistência Social; No exercício das competências estabelecidas no artigo 18 da LOAS, e no seu regimento interno, o CNAS deve no cumprimento desta norma: a. Atuar como instância de recurso dos Conselhos de Assistência Social; b. Deliberar sobre as regulações complementares a esta norma; c. Atuar como instância de recurso da Comissão Intergestores Tripartite; d. Deliberar sobre as pactuações da CIT. (http://www.mds.gov.br) Unidade 8 • O SUAS e os elementos normativos e instrumentais para a gestão do sistema e o Sistema de Monitoramento e Avaliação no SUAS: princípios, objetivos e os procedimentos para implementação 241/258 • Conselho Estadual de Assistência Social – CEAS; O CEAS é uma instância colegiada de caráter permanente e deliberativo, com representação paritária entre governo e sociedade civil, que ao nível estadual discute, propõe e avalia ações e propostas da política pública de assistência social. • Conselho de Assistência Social do Distrito Federal – CAS/DF; O CAS/DF é uma instância colegiadade caráter permanente e deliberativo, com representação paritária entre DF e sociedade civil, que ao nível local discute, propõe e avalia ações e propostas da política pública de assistência social. • Conselho Municipal de Assistência Social – CMAS; O CMAS é o órgão que reúne representantes do governo e da sociedade civil para discutir, estabelecer normas e fiscalizar a prestação de serviços sociais públicos e privados no Município. A criação dos conselhos municipais de assistência social está definida na Lei Orgânica da Assistência Social - Lei 8.742/1993. Unidade 8 • O SUAS e os elementos normativos e instrumentais para a gestão do sistema e o Sistema de Monitoramento e Avaliação no SUAS: princípios, objetivos e os procedimentos para implementação 242/258 • Conferências de Assistência Social; As conferências de assistência social são instâncias deliberativas com atribuição de avaliar a Política de Assistência Social e propor diretrizes para o aperfeiçoamento do Sistema Único da Assistência Social (<http:// www.mds.gov.br>) e. Financiamento; Conforme estabelecido como eixo estruturante do SUAS, o financiamento da política pública de assistência social, também em seu financiamento deverá prover a descentralização político- administrativa de suas atividades, sendo assim, uma política com financiamento partilhado entre os entes federativos na qual os valores de repasse são previamente discutidos por meio dos órgãos deliberativos inerentes à estrutura do SUAS. Unidade 8 • O SUAS e os elementos normativos e instrumentais para a gestão do sistema e o Sistema de Monitoramento e Avaliação no SUAS: princípios, objetivos e os procedimentos para implementação 243/258 Conforme previsto pela Constituição Federal, as políticas públicas da seguridade social – o que inclui as da assistência social – devem ser financiadas com a participação de toda a sociedade, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, do Distrito Federal, dos estados e municípios e das diversas contribuições sociais. Os recursos de cada ente federado para a execução da Política Nacional de Assistência Social (PNAS) são alocados em seus orçamentos, pelos quais se efetiva a gestão financeira da política. Os recursos federais do cofinanciamento da assistência social são alocados no Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS). Por sua vez, os recursos do Distrito Federal e dos estados e municípios para o cofinanciamento são alocados, respectivamente, no Fundo de Assistência Social do Distrito Federal (FAZ/DF) e nos Fundos Estaduais e Municipais de Assistência Social, constituídos como unidades orçamentárias. Unidade 8 • O SUAS e os elementos normativos e instrumentais para a gestão do sistema e o Sistema de Monitoramento e Avaliação no SUAS: princípios, objetivos e os procedimentos para implementação 244/258 Para apoiar a execução dos serviços socioassistenciais de caráter continuado da PNAS no Distrito Federal e nos estados e municípios, os recursos do FNAS são transferidos regular e automaticamente aos fundos regionais e locais. Para o apoio a projetos e programas com duração determinada, os recursos são repassados por meio da celebração de convênios e contratos de repasse (este último tem como agente financeiro a Caixa Econômica Federal). A organização e a gestão da execução da PNAS acontecem por meio do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) que, por meio da sua Norma Operacional Básica (NOB/Suas), define as condições gerais, os mecanismos e os critérios de partilha para a transferência de recursos federais para o Distrito Federal e os estados e municípios. (<http://www. mds.gov.br>) Unidade 8 • O SUAS e os elementos normativos e instrumentais para a gestão do sistema e o Sistema de Monitoramento e Avaliação no SUAS: princípios, objetivos e os procedimentos para implementação 245/258 f. Regras de transição; As regras de transição dizem respeito à habilitação ou exclusão de municípios para operacionalização da política de assistência. Sendo necessário, para solicitação de habilitação, o atendimento às atividades previstas na NOB/SUAS. Tipificação dos Serviços Socio- assistenciais Das intensas discussões acerca dos serviços componentes da política pública de assistência, dos processos de financiamento das ações em assistência e da grande frequência de organizações com amplos programas de atendimento, foi aprovada em novembro de 2009, por meio da resolução 109 do CNAS a Tipificação dos Serviços Socioassistenciais (TSS). A TSS surge com o objetivo de organizar na perspectiva da tipificação dos serviços, as organizações que compunham a rede socioassistencial da política pública de assistência, daquelas que compunham a política pública de saúde e educação, por exemplo. Tal diferenciação fez-se necessária para fins de avaliação de habilitação para estabelecimento de convênios e parcerias, a fim de clarificar critérios para financiamento de programas e projetos, bem como dividir tarefas para o melhor monitoramento do trabalho das organizações por segmento da política pública (saúde, educação e assistência). Neste sentido, houve a organização dos Unidade 8 • O SUAS e os elementos normativos e instrumentais para a gestão do sistema e o Sistema de Monitoramento e Avaliação no SUAS: princípios, objetivos e os procedimentos para implementação 246/258 serviços conforme apresentado na Tabela 2 (dos serviços e unidades públicas de atendimento). Assim, a rede de serviços socioassistenciais ficaram classificadas da seguinte forma: I. Serviços de Proteção Social Básica: a. Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família - PAIF; b. Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos; c. Serviço de Proteção Social Básica no domicílio para pessoas com deficiência e idosas. II. Serviços de Proteção Social Especial de Média Complexidade: a. Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos - PAEFI; b. Serviço Especializado em Abordagem Social; c. Serviço de Proteção Social a Adolescentes em Cumprimento de Medida Socioeducativa de Liberdade Assistida - LA, e de Prestação de Serviços à Comunidade - PSC; d. Serviço de Proteção Social Especial para Pessoas com Deficiência, Idosos(as) e suas Famílias; e. Serviço Especializado para Pessoas Unidade 8 • O SUAS e os elementos normativos e instrumentais para a gestão do sistema e o Sistema de Monitoramento e Avaliação no SUAS: princípios, objetivos e os procedimentos para implementação 247/258 em Situação de Rua. III. Serviços de Proteção Social Especial de Alta Complexidade: a. Serviço de Acolhimento Institucional, nas seguintes modalidades: • abrigo institucional; • Casa-Lar; • Casa de Passagem; • Residência Inclusiva. b. Serviço de Acolhimento em República; c. Serviço de Acolhimento em Família Acolhedora; d. Serviço de Proteção em Situações de Calamidades Públicas e de Emergências. Questão reflexão ? para 248/258 Avalie e reflita qual a importância da Norma Operacional Básica do Sistema Único de Assistência Social para o processo de trabalho dos agentes sociais envolvidos na operacionalização da PNAS. A seu ver, em que a NOB/SUAS contribui para a consecução dos objetivos da PNAS? Qual a relação que ela mantém com seu cotidiano profissional? 249/258 Considerações Finais A rede de serviços socioassistenciais se apresenta como importante instrumento de efetivação do princípio de territorialização proposta pela Política Nacional de Assistência, na medida em que fortalece os vínculos sociais comunitários na direção da intersetorialização. No entanto, deve-se ter claro que a rede por si só não viabiliza o atendimentoàs necessidades sociais, sendo necessário, portanto, a articulação de diferentes benefícios sociais. Os benefícios sociais, por sua vez, para além da organicidade da PNAS, viabiliza uma determinada materialização do direito social a assistência, quando se propõe a atender as necessidades da população brasileira. Unidade 8 • O SUAS e os elementos normativos e instrumentais para a gestão do sistema e o Sistema de Monitoramento e Avaliação no SUAS: princípios, objetivos e os procedimentos para implementação 250/258 Referências BRASIL, Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Norma Operacional Básica do Sistema Único de Assistência Social NOB/SUAS. Brasília, 2005. 251/258 Assista a suas aulas Aula 8 - Tema: O SUAS e os Elementos Normativos e Instrumentais para a Gestão do Sistema e o Sistema de Monitoramento e Avaliação no SUAS - Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ f8db5ed2f445191be7687a437280c1fe>. Aula 8 - Tema: O SUAS e os Elementos Normativos e Instrumentais para a Gestão do Sistema e o Sistema de Monitoramento e Avaliação no SUAS - Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f- 1d/2382036e847d0d42ce09daf237215442>. 252/258 1. Como pode ser definida a Norma Operacional Básica do Sistema Único de Assistência Social (NOB/SUAS)? a) São ações integradas entre ONGs da Assistência Social e o poder público, além de empresas privadas, as quais garantem a consecução de estratégias para o enfrentamento às diferentes manifestações da questão social. b) A NOB/SUAS é um instrumento administrativo que busca burocratizar a operacionalização da Política Nacional de Assistência Social. c) A NOB/SUAS é um instrumento administrativo que busca burocratizar a operacionalização da Política Nacional de Assistência Social. d) Pode-se definir a NOB/SUAS como um instrumento burocrático que busca disciplinar a operacionalização da Política Nacional de Assistência Social. e) Pode-se definir a NOB/SUAS como um instrumento normativo que busca disciplinar a operacionalização da Política Nacional de Assistência Social. Questão 1 253/258 2. Observe entre as alternativas a seguir, aquela que não menciona uma das características do caráter do SUAS: a) Consolida o modo de gestão compartilhada, o cofinanciamento e a cooperação técnica entre os três entes federativos que, de modo articulado e complementar, operam a proteção social não contributiva de seguridade social no campo da assistência social. b) Estabelece a divisão de responsabilidades entre os entes federativos (federal, estadual, Distrito Federal e municipal) para instalar, regular, manter e expandir as ações de assistência social como dever de Estado e direito do cidadão no território nacional. c) Fundamenta-se nos compromissos da PNAS/2004. d) Desconsidera a diversidade das regiões, decorrente de características culturais, socioeconômicas e políticas em cada esfera de gestão, da realidade das cidades e de sua população urbana e rural. e) Reconhece que as diferenças e desigualdades regionais e municipais que condicionam os padrões de cobertura do sistema e os seus diferentes níveis de gestão devem ser consideradas no planejamento e execução das ações. Questão 2 254/258 3. São as negociações estabelecidas com a anuência das esferas de go- verno envolvidas, no que tange à operacionalização da política, não pressupondo o processo de votação, tampouco de deliberação. A qual instância do SUAS a afirmação anterior se refere? a) Exoneração. b) Deliberação. c) Pactuação. d) Consideração. e) Articulação. Questão 3 255/258 4. É uma instância colegiada de caráter permanente e deliberativo, com representação paritária entre DF e sociedade civil, que à nível local dis- cute, propõe e avalia ações e propostas da política pública de assistência social. A qual instância do SUAS a afirmação anterior se refere? a) Conferências Nacionais de Assistência Social. b) Conselho de Assistência do Distrito Federal - CAS/DF. c) Conselho Regional de Serviço Social. d) Conselhos de Políticas Públicas. e) Nenhuma das anteriores. Questão 4 256/258 5. Observe entre as alternativas a seguir, aquela que apresenta a justifi- cativa pela qual deu-se o processo de elaboração Tipificacão dos Servi- ços socioassistenciais (TSS). a) A TSS surge com o objetivo de organizar, na perspectiva da tipificação dos serviços, as organizações que compunham a rede socioassistencial da política pública de assistência, daquelas que compunham a política pública de saúde e educação, por exemplo. b) A TSS surge com o objetivo de organizar, na perspectiva da tipificação dos serviços, as organizações que compunham a rede socioassistencial da política pública de saúde, daquelas que compunham a política pública de cultura e educação, por exemplo. c) A TSS surge com o objetivo de estabelecer parâmetros para os agentes sociais que desenvolvem suas atividades no cerne da política pública de assistência social, definindo papéis e atribuições a cada um dos profissionais envolvidos. d) A TSS surge com o objetivo de organizar, na perspectiva da tipificação dos serviços, as organizações que compunham a rede de benefícios da política pública de assistência, daquelas que compunham a política pública de saúde e educação, por exemplo. e) Nenhuma das anteriores. Questão 5 257/258 Gabarito 1. Resposta: E. A Norma Operacional Básica do Sistema Único de Assistência Social (NOB SUAS) é um instrumento normativo que busca disciplinar a operacionalização da Política Nacional de Assistência Social. A primeira NOB é datada de 1997, sob a resolução CNAS 204 e teve como principal função estabelecer a descentralização político- administrativa e o financiamento da execução da política pública de assistência social. 2. Resposta: D. Em razão do princípio de Territorialização da PNAS, pode-se afirmar que esta deve considerar a diversidade das regiões, decorrente de características culturais, socioeconômicas e políticas em cada esfera de gestão, da realidade das cidades e da sua população urbana e rural. 3. Resposta: C. Entende-se por pactuação, na gestão da assistência social, as negociações estabelecidas com a anuência das esferas de governo envolvidas, no que tange à operacionalização da política, não pressupondo processo de votação, tampouco de deliberação. As pactuações de tais instâncias só são possíveis na medida em que haja concordância de todos os entes envolvidos, sendo formalizada 258/258 por meio de publicação da pactuação e submetidas às instâncias de deliberação. 4. Resposta: B. O CAS/DF é uma instância colegiada de caráter permanente e deliberativo, com representação paritária entre DF e sociedade civil que à nível local discute, propõe e avalia ações e propostas da política pública de assistência social. 5. Resposta: A. A TSS surge com o objetivo de organizar, na perspectiva da tipificação dos serviços, as organizações que compunham a rede socioassistencial da política pública de assistência, daquelas que compunham Gabarito a política pública de saúde e educação, por exemplo. Tal diferenciação fez-se necessária para fins de avaliação de habilitação para estabelecimento de convênios e parcerias, a fim de clarificar critérios para o financiamento de programas e projetos, bem como dividir tarefas para o melhor monitoramento do trabalho das organizações por segmento da política pública (saúde, educação e assistência).