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Seguridade Social: Política de assistência social e o SUAS 2/258 Seguridade Social: Política de assistência social e o SUAS Autor: Emanuel Jones Xavier Freitas Sumário Apresentação da Disciplina 03 Unidade 1: Construção histórica da Seguridade Social e da Política de Assistência Social no Brasil 06 Assista a suas aulas 29 Unidade 2: Dinâmica de funcionamento do SUAS e o significado sócio institucional das instâncias de deliberação e de pactuação 38 Assista a suas aulas 70 Unidade 3: Política de Assistência Social e SUAS: instâncias, funções, princípios, diretrizes, financiamento e orçamento, gestão e planejamento 82 Assista a suas aulas 98 Unidade 4: Relações interinstitucionais e mecanismos de controle social 109 Assista a suas aulas 127 Unidade 5: Rede socioassistencial: conceitos, serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais. Instrumentos de gestão: Controle social 137 Assista a suas aulas 161 2/258 3/2583 Unidade 6: O papel dos agentes sociais na consolidação dos direitos sociais: avanços e desafios 171 Assista a suas aulas 196 Unidade 7: Reordenamento da rede socioassistencial. Sistema municipal, territorialidade e gestão, estrutura e funcionamento dos Centros de Referência da Assistência Social - CRAS e dos Centros de Referência Especializados da Assistência Social - CREAS 204 Assista a suas aulas 225 Unidade 8: O SUAS e os elementos normativos e instrumentais para a gestão do sistema e o Sistema de Monitoramento e Avaliação no SUAS: princípios, objetivos e os procedimentos para implementação 233 Assista a suas aulas 251 Sumário Seguridade Social: Política de assistência social e o SUAS Autor: Emanuel Jones Xavier Freitas 4/258 Apresentação da Disciplina A assistência social consolidou-se ao longo do tempo, na particularidade da história brasileira, como um dos principais objetos de pesquisa e reflexão no bojo da gestão social. Embora não se constitua como um campo específico de atuação de determinada categoria profissional, por apresentar as mais significativas transformações no campo social, político e econômico, a assistência social acaba por consolidar-se como profícua fonte de temáticas nos mais diversos campos da pesquisa científica. Por sua importância e capilaridade, a assistência social, atualmente instituída como política pública, apresenta-se como significativo campo do conhecimento e atuação de diversas categorias profissionais. Nesta perspectiva, o presente material tem por objetivo viabilizar a você: • Apresentação do histórico da assistência social no Brasil, relacionando-o com as reflexões dos principais teóricos sobre o assunto; • Disponibilizar as referências necessárias acerca do assentamento jurídico normativo da assistência social no Brasil; • Apontar as principais características da Política de Assistência Social na perspectiva do Sistema Único de Assistência Social; 5/258 • Possibilitar a você o contato com as principais bibliografias presentes sobre o assunto na literatura atual. Espera-se que, por meio deste conteúdo, você tenha condições de se familiarizar com o tema, conhecendo sua história e as determinações históricas, sociais e econômicas que delinearam a política de assistência social no contexto brasileiro. 6/258 Unidade 1 Construção histórica da Seguridade Social e da Política de Assistência Social no Brasil Objetivos 1. Conhecer a história da assistência social no Brasil; 2. Entender o ordenamento jurídico da assistência social no contexto brasileiro; 3. Conhecer as determinações sócio-históricas da assistência social no Brasil. Unidade 1 • Construção histórica da Seguridade Social e da Política de Assistência Social no Brasil7/258 Introdução Resgatar a história da assistência social no Brasil é imprescindível para o pleno entendimento de sua importância e dos reflexos contemporâneos. Não é possível entender a sua organização no Brasil contemporâneo, sem que antes haja um profundo reconhecimento de sua história, seus marcos mais significativos, bem como sua interpretação pelos mais diversos modelos de governo que já se desenvolvera em nosso país. Você verá que a assistência social no Brasil existe desde a chegada da família real ao solo brasileiro, no entanto, sua institucionalização, ordenamento jurídico normativo e reconhecimento enquanto direito social apenas se estabelecem no país muitos anos após. Não fossem os esforços da população para o reconhecimento da assistência social como direito social, certamente a sua maioria, que passou pela experiência da miséria, continuaria sofrendo com as expressões da questão social, tão arraigadas em nossa sociedade atualmente. Assim, na presente unidade, você conhecerá o percurso histórico da assistência social no contexto brasileiro, seu desenho histórico e o início de uma legitimação jurídico normativa. Unidade 1 • Construção histórica da Seguridade Social e da Política de Assistência Social no Brasil8/258 Breve Resgate Histórico Da Política De Assistência Social No Brasil Os antecedentes históricos da atual política de assistência social se constituem desde a descoberta do Brasil, no século XVI, quando houve a instalação das Santas Casas de Misericórdia, pois entende-se como fundante desta hoje política púbica todas as ações de cunho assistencial (benemerente e filantrópico) que permearam o enfrentamento às expressões da questão social num período antecedido pela instauração do Estado Democrático de Direito. Para saber mais Para Marilda Vilela Iamamoto, importante teórica do Serviço Social Brasileiro, questão social pode ser considerada como o conjunto de “expressões do processo de formação e desenvolvimento da classe operária e de seu ingresso no cenário político da sociedade, exigindo seu reconhecimento como classe por parte do empresariado e do Estado. É a manifestação, no cotidiano da vida social, da contradição entre o proletariado e a burguesia, a qual passa a exigir outros tipos de intervenção mais além da caridade e repressão”. Unidade 1 • Construção histórica da Seguridade Social e da Política de Assistência Social no Brasil9/258 Segundo Sposati: A assistência ao outro é prática antiga na humanidade. Não se limita nem à civilização judaico-cristã nem às sociedades capitalistas. A solidariedade social diante dos pobres, os viajantes, dos doentes, dos incapazes, dos mais frágeis, se inscreve sob diversas formas nas normas morais das diferentes sociedades. Ao longo do tempo, grupos filantrópicos e religiosos foram conformando práticas de ajuda e apoio. A fim de que se possa cunhar com mais especificidade a trajetória da assistência social, faz- se necessário realizar um salto histórico evidenciando particularmente o período em que se constituiu, no início dos anos de 1910, quando o processo de industrialização estava crescendo no Brasil e se estabeleceu um cenário em que as expressões da questão social se demonstram de forma mais evidente. No período compreendido entre 1910 e 1930, as ações benemerentes e filantrópicas predominam no que se refere à assistência social. Essas atividades eram desenvolvidas por organizações da sociedade civil, mais especificamente por organizações religiosas, Unidade 1 • Construção histórica da Seguridade Social e da Política de Assistência Social no Brasil10/258 que acreditavam que em torno de sua missão estava a função de estruturar meios para o enfrentamento das expressões da questão social. As manifestações da população diante do governo eram interpretadas como caso de polícia, considerando que as atividades do Estado eram constituídas em torno do desenvolvimento industrial e econômico (estado de cunho Para saber maisO cunho liberal, para além de um modelo econômico, pode ser considerado como um credo psicológico que determina um comportamento social, no bojo das relações sociais capitalistas. Além de fomentar a isenção do Estado em relação às necessidades sociais da população, ele define uma conduta particular individualista e completamente isenta de participação social, gerando impactos danosos à vida em sociedade. Unidade 1 • Construção histórica da Seguridade Social e da Política de Assistência Social no Brasil11/258 liberal) da sociedade brasileira. Conforme aponta Iamamoto: Observa-se, a partir desse momento, uma política econômica que se coloca nitidamente a serviço da industrialização, procurando reverter para esse polo os mecanismos econômicos naturalmente voltados para a sustentação e a agro-exportação. O Estado busca de diversas formas incentivar as indústrias básicas - tornando-se, em última instância, produtor direto através de empresas estatais e de economia mista - que viabilizem a expansão do setor industrial, organizando o mercado de trabalho, assim como a partir das políticas financeira e cambial, apoiar a capitalização e acumulação desse setor. (IAMAMOTO, 2005, p.235) Ações assistenciais deviam, portanto, permear o atendimento àqueles que não possuíam emprego, “sorte” ou qualquer meio que lhes possibilitasse seu próprio desenvolvimento. Unidade 1 • Construção histórica da Seguridade Social e da Política de Assistência Social no Brasil12/258 O trato da assistência social no âmbito da moral privada, e não da ética social e pública, é um dos equívocos dessa versão filantrópica. O primeiro-damismo, a benemerência está no âmbito da moral privada. Neste sentido, é que os conservadores pretendem agir (e agem) modelando a atenção àqueles mais cravados pela destituição, desapropriação e exclusão social, organizando atividades que vinculam as relações de classe, sob a égide do favor transclassista, do mais rico ao mais pobre, com a vinculação do reconhecimento da bondade do doador pelo receptor [...] (SPOSATI, 2001, p.76) Unidade 1 • Construção histórica da Seguridade Social e da Política de Assistência Social no Brasil13/258 O modelo conservador trata o Estado como uma grande família, na qual as esposas de governantes, as primeiras damas, é que cuidam dos “coitados”. É o paradigma do não direito, da reiteração da subalternidade, assentado no modelo de Estado patrimonial (...). Neste modelo, a assistência social é entendida como espaço de reconhecimento dos necessitados, e não de necessidades sociais. (SPOSATI, 2001, p. 76) Em 1937, no período da ditadura do Estado Novo (1937 a 1945), que o Estado brasileiro passa a interagir com as ações da sociedade civil, no que tange a assistência social. Esta interação se dá por meio da criação do Conselho Nacional de Serviço Social (CNSS), que teve como presidente Ataulpho de Paiva, em detrimento de suas propostas da criação de uma assistência social pública. O Decreto-Lei nº 525, de 1° de julho de 1938, que cria o CNSS, foi a primeira regulamentação nacional na área de Assistência Social e visava fixar as bases da organização do serviço social no país. Definia o serviço social como conjunto de obras públicas ou privadas orientadas “para o fim de diminuir ou suprimir as deficiências ou sofrimentos causados pela pobreza ou pela Unidade 1 • Construção histórica da Seguridade Social e da Política de Assistência Social no Brasil14/258 miséria, ou oriundos de qualquer forma de desajustamento social” (BRASIL, 1938, Art. 1o). O decreto determinava, ainda, que o CNSS tinha a função de estudar o problema do serviço social, atuar como órgão consultivo e opinar sobre os pedidos de subvenções que lhe fossem encaminhados por entidades privadas de Assistência Social. Da mesma data é o Decreto- Lei no 527, que se voltou à cooperação financeira entre a União e as entidades privadas de Assistência Social, regulando as subvenções públicas àquelas entidades e institucionalizando uma política na qual o Estado tinha como principal tarefa apoiar financeiramente as obras de Assistência Social. O CNSS surge então com a função de estabelecer a relação entre o Estado e as organizações da sociedade civil, no que tange as atividades voltadas à assistência social. Irá atuar na avaliação do trabalho e estrutura das organizações sociais (responsáveis pelas atividades de benemerência e filantropia frente à população), a fim de identificar possibilidades para a concessão de subvenções estatais, considerando que o Estado passava então a regular uma cooperação financeira da União com entidades privadas por intermédio dos Ministérios da Saúde e Educação (GOMES, 1999, p. 93). Em 1942 é criada a Legião Brasileira de Assistência Social (LBA) pela então primeira dama da república Darcy Vargas. A Unidade 1 • Construção histórica da Seguridade Social e da Política de Assistência Social no Brasil15/258 LBA surge com o objetivo de oferecer apoio às famílias dos soldados que foram encaminhados pelo governo brasileiro para o combate na Segunda Guerra Mundial. Considerou-se que ao encaminhar os chefes de família à guerra, seria necessária a oferta de subsídios que possibilitassem a manutenção do lar. Após o desmonte da guerra, a LBA passa a compor a rede de serviços assistenciais então constituintes do universo de organizações da sociedade civil. O surgimento da LBA terá de imediato um amplo papel de mobilização da opinião pública para apoio ao “esforço guerra”, promovido pelo governo e, consequentemente, ao próprio governo ditatorial. Nesse sentido, serão lançadas diversas campanhas no âmbito nacional, como as de borracha usada, confecção de ataduras e bandagens, campanha de livro, campanha das “hortas da vitória”, etc. Para os soldados mobilizados serão patrocinados diversos serviços de promoção e lazeres (cantinas, espetáculos etc). A assistência às famílias dos convocados terá também um amplo caráter promocional. Apenas no Distrito Federal, a LBA montará mais de cem postos de atendimentos e postos diversos de trabalhos voluntários. (IAMAMOTO, 2005, p. 251) Unidade 1 • Construção histórica da Seguridade Social e da Política de Assistência Social no Brasil16/258 Observa-se, portanto, que a partir da década do Governo Vargas, as organizações sociais, por meio da ação estatal, passam a constituir instrumentos de controle social sobre a população, seja para a manutenção do modo de produção capitalista, seja para absorver os conflitos sociais emergentes nas relações sociais. Embora: Ao longo da história brasileira, o controle social foi tomando dimensões diferenciadas, considerando as diferentes formas de governo e exercício do poder. Assim, essencialmente, pode ser concebido de duas formas: controle dos Estados sobre a sociedade civil, com o objetivo de conservação de privilégios, e controle da sociedade civil sobre o Estado, enquanto perspectiva de mudança social. Em ambos os casos, o controle social constitui-se como base e instrumento de um projeto societário que poderá fortalecer os interesses das classes dominantes ou das classes subalternas. (MACHADO, 2012, p.53) A partir da criação da LBA, observa-se um Estado restrito que conta com o apoio da iniciativa Unidade 1 • Construção histórica da Seguridade Social e da Política de Assistência Social no Brasil17/258 privada no sentido de atender às necessidades sociais. Assim, a LBA inicia ações que se caracterizavam como de Assistência Social, e por ser uma organização de abrangência nacional, suas ações se desenvolveram rapidamente e ganharam legitimidade em todo o território nacional. Entretanto, a base de sustentação das ações desenvolvidas pela LBA se fundamentava nacaridade, na benesse e no favor, fatos que marcam a dependência entre os indivíduos atendidos e a organização, ou seja, a assistência social naquele momento histórico não se constituía como um direito. A atuação da LBA consolidou as bases fundamentais do assistencialismo e contribuiu para a propagação do costume de se delegar às primeiras damas a responsabilidade pela direção das ações assistenciais do Estado, nos diferentes níveis de governo. Em 1946, com a promulgação de uma nova Constituição Federal (CF), desencadeou-se no país um processo de democratização, um dos avanços correu com a descentralização do poder da esfera federal e a garantia de autonomia aos poderes executivos e legislativos estaduais. O modelo assistencial baseado na filantropia e na benemerência privadas foi mantido, aprofundado e expandido, na medida em que se estimulou o surgimento de instituições assistenciais públicas e privado-filantrópicas por todo o país, do que resultou um emaranhado de ações Unidade 1 • Construção histórica da Seguridade Social e da Política de Assistência Social no Brasil18/258 e práticas sem unidade ou perspectiva política. Com relação ao regime militar, é necessário pontuar que não ocorreram inovações significativas ao padrão filantrópico e benemerente historicamente dominante. A questão social nesse período é reduzida à problemática da infância e da adolescência numa perspectiva de segurança pública. Assim, observa-se a criação das grandes instituições que buscavam o enquadramento dos jovens ao funcionamento da sociedade brasileira. Daí funda-se um sistema representado pela Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor e ainda, as FEBEMs (Fundações Estaduais de Bem-Estar do Menor). As demais expressões da questão social no bojo da assistência social permaneciam constituídas de um conjunto variado de ações públicas e privadas fragmentadas, desarticuladas e descontínuas, que funcionavam como ações complementares a outras políticas públicas. Em 1969, a LBA foi transformada em fundação pública e sua vinculação se deu ao Ministério do Trabalho e a Previdência Social. Também ocorreu a criação de outras instituições públicas para a oferta de serviços, programas e projetos assistenciais, entretanto, segmentados por necessidades especificas como é o caso da Central de Medicamentos (Ceme) e do Banco Nacional de Habitação (BNH). Em maio de 1974, o governo federal criou o Ministério da Previdência e Assistência Unidade 1 • Construção histórica da Seguridade Social e da Política de Assistência Social no Brasil19/258 Social (MPAS), e entre as suas Secretarias foi criada a de Assistência Social, a qual tinha por atribuição primordial formular e coordenar a política de combate à pobreza. No período do regime militar, as políticas sociais não emplacaram e, em meio à crise econômica dos anos 1970 e 1980, ocorreu o acirramento das desigualdades sociais. Nesse sentido, ocorreram pressões dos movimentos sociais, principalmente do movimento sindical, sanitarista, dos assistentes sociais e de novos movimentos sociais (movimento de mulheres, movimento negro, movimento ambientalista, movimentos de defesa dos direitos da criança e do adolescente, os movimentos das populações tradicionais, etc.), os quais se constituíram nos sujeitos coletivos de um amplo processo de luta das classes populares contra as condições impostas ao povo e na luta por melhores condições de vida. Esse conjunto de atores e sujeitos sociais, e tantos outros, conformaram o campo das forças progressistas que deixaram a marca dos direitos sociais, da democracia participativa, da descentralização e da cidadania na Constituição Federal de 1988. Observa-se, portanto, que a assistência social, ao longo de sua história no Brasil, esteve intimamente relacionada com as práticas benemerentes e assistencialistas, desenvolvidas por instituições da sociedade civil com apoio do Estado. No entanto, no final da década de 1980, esse cenário passa por significativas mudanças Unidade 1 • Construção histórica da Seguridade Social e da Política de Assistência Social no Brasil20/258 que redefiniram a história da assistência social no contexto brasileiro. Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, está, em seu capítulo II, da Seguridade Social, Seção I, das disposições gerais, posto: Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos: I. universalidade da cobertura e do atendimento; II. uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais; III. seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços; IV. irredutibilidade do valor dos benefícios; V. equidade na forma de participação no custeio; VI. diversidade da base de financiamento; VII. caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão Unidade 1 • Construção histórica da Seguridade Social e da Política de Assistência Social no Brasil21/258 quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998). (Constituição Federal, 1988, grifo nosso) Observa-se, portanto, o estabelecimento de uma carta magna na população brasileira, que a partir de sua promulgação reconhece o acesso à assistência social como um direto universal, integrante da Previdência Social e de responsabilidade do Estado, assim, a “assistência afirmada, sobretudo a partir da metade dos anos 80, é a assistência como um direito social e como uma ampliação da cidadania” (SCHONS, 2008, p. 39) Segundo Couto: Unidade 1 • Construção histórica da Seguridade Social e da Política de Assistência Social no Brasil22/258 As décadas de 1980 e 1990 foram paradigmáticas e paradoxais no encaminhamento de uma nova configuração para o cenário político, econômico e social brasileiro. De um lado, desenvolveu-se um processo singular de reformas, no que se refere à ampliação do processo de democracia - evidenciada pela transição dos governos militares para governos civis - e à organização política e jurídica - especialmente demonstrada no desenho da Constituição promulgada em 1968, considerada, pela maioria dos teóricos que a analisaram, como balizadora da tentativa do estabelecimento de novas relações sociais no país. (COUTO, 2010, p. 139) Unidade 1 • Construção histórica da Seguridade Social e da Política de Assistência Social no Brasil23/258 E, no bojo do Serviço Social, no mesmo período: Situamo-nos na segunda metade da década de 80, mais especificamente a partir de 1987, quando, segundo Netto, estamos no “terceiro momento” da “perspectiva de intenção de ruptura” (NETTO, 1989, p. 640 e 647), quando o movimento de reconceituação em Serviço Social dá o “espraiamento sobre a categoria profissional” (NETTO, 1989, p. 508). Ocasião em que se daria o seu amadurecimento. Não há dúvida que os profissionais se defrontam com a necessidade de dar novas respostas às suas ações profissionais partindo de uma postura crítica e dessa exigência, uma vez que “a questão da cidadania vem encontrando espaço nas discussões sobre a profissão, tendo em vista a necessidade de se redefinir formas de atualização dessa profissão face às demandas que lhe são postas pela sociedade”, conclui uma das autoras (OLIVEIRA, 1987, p. 11).”. (SCHONS, 2008, p. 39) Observa-se, portanto, que a abertura política ocorrida no início da década de1980 gerou significativas reformulações no cenário brasileiro, sobretudo e particularmente na política Unidade 1 • Construção histórica da Seguridade Social e da Política de Assistência Social no Brasil24/258 de assistência social. Ao assumir a política de assistência social, o governo brasileiro passa a responder por ela junto à população usuária e, embora pareça óbvia tal reflexão, deve-se considerar o grande vácuo histórico no qual esteve instalada tal política. Nasce de um caso de polícia (Início da Década de 1930), passa pela manipulação de governos ditatoriais (Período Getúlio Vargas), serve apenas àqueles que possuem vínculo empregatício (Ditadura Militar), para, enfim, alcançar status enquanto política pública. Questão reflexão ? para 25/258 A partir do conteúdo apresentado nesta unidade, reflita sobre a importância de uma política de assistência social no contexto de um país como o Brasil, com elevadíssimos índices de desigualdade social. Feito isso, desenvolva um texto de autorreflexão sobre este assunto e observe em seu cotidiano situações em que a intervenção do Estado poderia ser melhor desenvolvida, se mudado determinado cenário. 26/258 Considerações Finais A assistência social passou por muitas transformações ao longo do tempo no Brasil. É de fundamental importância conhecer sua origem e história a fim de que seja possível uma compreensão mais aprofundada de sua relevância para a consolidação dos direitos sociais no contexto brasileiro. Foi utilizada com estratégia de manobra ao longo de muitos anos, após deixar de ser compreendida como “caso de polícia”, no entanto, ainda nos dias de hoje, faz-se perceptível cotidianamente as consequências do estigma social construído em torno de sua importância. A assistência social parte do atendimento às necessidades sociais numa perspectiva caritativa e filantrópica, evoluindo na perspectiva do direito social e com assentamento na Constituição Federal de 1988. Unidade 1 • Construção histórica da Seguridade Social e da Política de Assistência Social no Brasil27/258 Referências BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, Senado, 1998. BRASIL. Decreto-Lei nº 525, de 1º de Julho de 1938, Institue o Conselho Nacional de Serviço Social e fixa as bases da organização do serviço social em todo o país. Diário Oficial da União - Seção 1 - 5/7/1938, Página 13384. COUTO, Berenice Rojas. et al. O Sistema Único de Assistência Social no Brasil: uma realidade em movimento. São Paulo: Cortez, 2011. GOMES, Ana Lígia. A nova regulamentação da filantropia e o marco legal do terceiro setor. In: Serviço Social & Sociedade. Nº 61. Ano XX. São Paulo: Cortez, 1999. p. 91-108. IAMAMOTO, Marilda Vilela. O Serviço Social na Contemporaneidade: trabalho e formação profissional. 9 ed. São Paulo: Cortez, 2005. IAMAMOTO, Marilda Vilela; CARVALHO, Raul. Relações Sociais e Serviço Social no Brasil: esboço de uma interpretação histórico-metodológica. São Paulo: Cortez, 1983. MACHADO, Loiva Mara de Oliveira. Controle da política de assistência social: caminhos e descaminhos - Porto Alegre: EDIPUCRS, 2012. Unidade 1 • Construção histórica da Seguridade Social e da Política de Assistência Social no Brasil28/258 SCHONS, Selma Maria. Assistência Social entre a Ordem e a Des-Ordem: Mistificação dos direitos sociais e da cidadania. São Paulo: Cortez, 1999. SPOSATI, Aldaíza de Oliveira e outros. A assistência na trajetória das políticas sociais brasileiras: uma questão em análise. São Paulo: Cortez, 1985. SPOSATI, Aldaíza de Oliveira e outros. Desafios para fazer avançar a política de Assistência Social no Brasil. In: Serviço Social & Sociedade. Assistência e proteção social. Nº 68. Ano XXII. São Paulo: Cortez, 2001. p. 54-82. Referências 29/258 Assista a suas aulas Aula 1 - Tema: Construção Histórica da Seguridade Social e da Política de Assistência Social no Brasil - Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f- 1d/68eb0d99fb23f5ebf5d0772cea8a028b>. Aula 1 - Tema: Construção Histórica da Seguridade Social e da Política de Assistência Social no Brasil - Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/pA- piv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/b5d- 2f6b6c4bfa58b4a781daf62ceb035>. 30/258 1. Como podemos definir a ação estatal na primeira metade do século XX em relação à assistência social no Brasil? a) Eram ações pautadas na perspectiva no direito, em que os cidadãos possuíam total subsídio do Estado para atendimento às suas necessidades sociais. b) Eram ações caritativas e benemerentes, uma vez que o Estado interpretava as expressões da questão social como caso de polícia, restando à própria sociedade civil enfrentá-las. c) Eram desenvolvidas na perspectiva da redistribuição de renda e criação de benefícios sociais. d) O Estado enfrentava as expressões da questão social por meio da criação de empregos e aumento da capacidade de consumo da população. e) O Estado brasileiro financiava ações empresariais para enfrentar as expressões da questão social. Questão 1 31/258 2. Em que momento e o que destaca o início da interação estatal com a sociedade civil em relação às atividades benemerentes da sociedade civil? a) Em 1937, por meio da Criação do Conselho Nacional de Serviço Social. b) Em 1988, por meio da promulgação da Constituição Federal de 1988. c) Em 2004, por meio da promulgação da Política Nacional de Assistência Social. d) Em 1943, por meio da promulgação da Consolidação das Leis Trabalhistas. e) Em 1942, a partir da criação da Legião Brasileira de Assistência. Questão 2 32/258 3. Em que perspectiva é criada a Legião Brasileira de Assistência (LBA)? a) A LBA surge com o objetivo de oferecer apoio às famílias dos soldados que foram encaminhados pelo governo brasileiro para o combate na Segunda Guerra Mundial. b) Com o objetivo de centralizar as ações fiscalizatórias do Estado em relação às organizações assistenciais. c) Surge na perspectiva de organizar as ações, então descentralizadas, das damas de caridade em relação às pessoas em situação de rua. d) A LBA surge na perspectiva de um órgão estatal para o ordenamento de recursos financeiros das organizações assistenciais. e) A LBA surge como fundo de investimentos estatal para criação de novas organizações sociais. Questão 3 33/258 4. Qual a principal característica da Constituição Federal de 1946 em relação à assistência social? a) Rompe-se com o direcionamento filantrópico e caritativo, gerando uma ação estatal estrutural de enfrentamento à questão social. b) Aumenta-se o repasse estatal por meio de convênios público-privados às organizações sociais. c) Mantém-se o modelo assistencial com centralidade em ações filantrópicas e caritativas, sendo aprofundado e expandido. d) Investe-se na ação privada no campo da saúde, criando novos serviços e formas inovadoras de intervenção social. e) Contrata-se mais profissionais para atuar no campo da assistência social, promovendo capacitação continuada e novos instrumentos de intervenção. Questão 4 34/258 5. Escolha entre as alternativas a seguir, a que melhor define a ação esta- tal em relação à assistência social no período da Ditadura Militar: a) No período da ditadura militar, as políticas sociais foram supervalorizadas, gerando segurança e satisfação na população usuária. b) No período da ditadura militar, as políticas sociais já estavam consolidadas, não havendo a necessidade de mobilização social para esta questão. c) O período de regime militar no Brasil detém significativa importância em razão de seu excelente desempenho em relação ao enfrentamento às expressões da questão social.d) Não há registros do desempenho estatal no período do regime militar, em relação à assistência social. e) No período do regime militar, as políticas sociais não emplacaram e, em meio à crise econômica dos anos 1970 e 1980, ocorreu o acirramento das desigualdades sociais. Questão 5 35/258 Gabarito 1. Resposta: B. No período compreendido entre 1910 e 1930 (primeira metade do século XX), no Brasil, as ações benemerentes e filantrópicas predominam em detrimento da ação estatal, no que se refere à assistência social. Essas atividades eram desenvolvidas por organizações da sociedade civil, mais especificamente por organizações religiosas, que acreditavam que em torno de sua missão estava a função de estruturar meios para enfrentar as expressões da questão social. 2. Resposta: A. Em 1937, no período da ditadura do Estado Novo (1937 a 1945) é que o Estado brasileiro passa a interagir com as ações da sociedade civil no que tange a assistência social. Esta interação se dá por meio da criação do Conselho Nacional de Serviço Social (CNSS), que teve como presidente Ataulpho de Paiva, em detrimento de suas propostas de criação de uma assistência social pública. 3. Resposta: A. Em 1942 é criada a Legião Brasileira de Assistência Social (LBA), pela então primeira dama da república Darcy Vargas. A LBA surge com o objetivo de oferecer apoio às famílias dos soldados que foram encaminhados pelo governo brasileiro para o combate na Segunda Guerra Mundial. 36/258 Considerou-se que ao encaminhar os chefes de família à guerra, seria necessária a oferta de subsídios que possibilitassem a manutenção do lar. 4. Resposta: C. Em 1946, com a promulgação de uma nova Constituição Federal (CF), desencadeou-se no país um processo de democratização, um dos avanços ocorreu com a descentralização do poder da esfera federal e a garantia de autonomia aos poderes executivos e legislativos estaduais. O modelo assistencial baseado na filantropia e na benemerência privadas foi mantido, aprofundado e expandido, na medida em que se estimulou o surgimento Gabarito de instituições assistenciais públicas e privado-filantrópicas por todo o país, do que resultou um emaranhado de ações e práticas sem unidade ou perspectiva política. 5. Resposta: E. No período do regime militar, as políticas sociais não emplacaram e, em meio à crise econômica dos anos 1970 e 1980, ocorreu o acirramento das desigualdades sociais. Nesse sentido, ocorreram pressões dos movimentos sociais, principalmente do movimento sindical, sanitarista, dos assistentes sociais e de novos movimentos sociais (movimento de mulheres, movimento negro, movimento 37/258 ambientalista, movimentos de defesa dos direitos da criança e do adolescente, os movimentos das populações tradicionais, etc.), os quais se constituíram nos sujeitos coletivos de um amplo processo de luta das classes populares contra as condições impostas ao povo e na luta por melhores condições de vida. Gabarito 38/258 Unidade 2 Dinâmica de funcionamento do SUAS e o significado sócio institucional das instâncias de deliberação e de pactuação Objetivos 1. Compreender conceitualmente o significado do SUAS; 2. Entender a organização dos tipos de proteção da assistência social; 3. Introduzir os aspectos estruturantes do SUAS. Unidade 2 • Dinâmica de funcionamento do SUAS e o significado sócio institucional das instâncias de deliberação e de pactuação39/258 O SUAS no Contexto da PNAS O Sistema Único de Assistência Social, SUAS, é público e tem como principal objetivo organizar, de forma descentralizada, entre os três níveis de governo (municipal, estadual e federal) os serviços que compõem a rede de serviços sócio assistenciais em todo território brasileiro. O referido sistema se dá por consequência da PNAS, que ao desenhar a política pública de assistência, demanda a criação de um sistema que, de maneira planejada e organizada, deverá atribuir materialidade às ações da assistência social. O SUAS materializa, portanto, o conteúdo da Lei Orgânica de Assistência Social - LOAS. Unidade 2 • Dinâmica de funcionamento do SUAS e o significado sócio institucional das instâncias de deliberação e de pactuação40/258 Segundo PNAS: O SUAS, cujo modelo de gestão é descentralizado e participativo, constitui-se na regulação e organização em todo território nacional das ações sócio assistenciais. Os serviços, programas, projetos e benefícios têm como foco prioritário a atenção às famílias, seus membros e indivíduos e o território como base de organização, que possam a ser definidos pelas funções que desempenham, pelo número de pessoas que delas necessitam e pela sua complexidade. Pressupõe, ainda, gestão compartilhada, cofinanciamento da política pelas três esferas de governo e definição clara das competências técnico-políticas da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, com a participação e mobilização da sociedade civil, e estes têm o papel efetivo da sua implantação e implementação. (PNAS, 2005, p. 39) Nesta perspectiva, o SUAS prevê de forma organizada e planejada as ações no campo da assistência social, conjeturando em igual medida definições e tipologias importantes para a consecução da política pública de assistência social como direito social. Unidade 2 • Dinâmica de funcionamento do SUAS e o significado sócio institucional das instâncias de deliberação e de pactuação41/258 Para saber mais Você sabe o que são condicionalidades da Política Nacional de Assistência Social? As condicionalidades são os compromissos assumidos tanto pelas famílias beneficiárias do Bolsa Família quanto pelo poder público para ampliar o seu acesso aos direitos sociais básicos. Por um lado, as famílias devem assumir e cumprir esses compromissos para continuar recebendo o benefício, por outro, as condicionalidades responsabilizam o poder público pela oferta dos serviços públicos de saúde, educação e assistência social. Na área de saúde, as famílias beneficiárias assumem o compromisso de acompanhar o cartão de vacinação, o crescimento e o desenvolvimento das crianças menores de 7 anos. As mulheres na faixa de 14 a 44 anos também devem fazer o acompanhamento e, se gestantes ou nutrizes (lactantes), devem realizar o pré-natal e o acompanhamento da sua saúde e do bebê. Na educação, todas as crianças e adolescentes entre 6 e 15 anos devem estar devidamente matriculados e com frequência escolar mensal mínima de 85% da carga horária. Já os estudantes entre 16 e 17 anos devem ter frequência de, no mínimo, 75%. O poder público deve fazer o acompanhamento gerencial para identificar os motivos do não cumprimento das condicionalidades. A partir daí, são implementadas ações de acompanhamento das famílias em descumprimento, consideradas em situação de maior vulnerabilidade social. A família que encontra dificuldades em cumprir as condicionalidades deve, além de buscar Unidade 2 • Dinâmica de funcionamento do SUAS e o significado sócio institucional das instâncias de deliberação e de pactuação42/258 Para saber mais orientações com o gestor municipal do Bolsa Família, procurar o Centro de Referência de Assistência Social (Cras), o Centro de Referência Especializada de Assistência Social (Creas) ou a equipe de assistência social do município. O objetivo é auxiliar a família a superar as dificuldades enfrentadas. Esgotadas as chances de reverter o descumprimento das condicionalidades, a família pode ter o benefício do Bolsa Família bloqueado, suspenso ou até mesmo cancelado. Todas as informações relacionadas às condicionalidades das famílias podem ser encontradas no Sistema de Condicionalidades do Programa Bolsa Família (Sicon). (Fonte: <http://www.mds.gov.br/ bolsafamilia/condicionalidades>).O SUAS: Elementos Estruturantes O SUAS estabelece elementos que constituem a base para a execução da política pública de assistência social em conformidade com o estabelecido na PNAS do ponto de vista do marco ideológico, sendo que extrapola tais elementos quando atribuídos à perspectiva da aplicação Unidade 2 • Dinâmica de funcionamento do SUAS e o significado sócio institucional das instâncias de deliberação e de pactuação43/258 à realidade concreta, ou seja, supera os princípios estabelecidos pela PNAS, quando aplicados à realidade, constituindo novos elementos de cunho prático, constituindo os eixos estruturantes e de subsistemas, conforme a seguir: • Matricialidade familiar; • Descentralização político- administrativa e territorialização; • Novas bases para a relação entre Estado e Sociedade Civil; • Financiamento; • Controle Social; • O desafio da participação popular/ cidadão usuário; • A política de recursos humanos; • A informação, o monitoramento e a avaliação; No campo das novas relações que se estabelecem entre sociedade civil e Estado, destaca-se a parceria entre organizações governamentais ou, o próprio Estado, com ONGs, na construção e consolidação das redes de atenção e proteção, previstas na PNAS e instituídas no SUAS. Unidade 2 • Dinâmica de funcionamento do SUAS e o significado sócio institucional das instâncias de deliberação e de pactuação44/258 A gravidade dos problemas sociais brasileiros exige que o Estado estimule a sinergia e gere espaços de colaboração, mobilizando recursos potencialmente existentes na sociedade, tornando imprescindível contar com a sua participação em ações integradas, de modo a multiplicar seus efeitos e chances de sucesso. Desconhecer a crescente importância da atuação das organizações da sociedade nas políticas sociais é reproduzir a lógica ineficaz e irracional da fragmentação, descoordenação, superposição e isolamento das ações. (PNAS, 2005 p. 47) O financiamento do SUAS possui assento na Constituição Federal, que em seu art. 195 dispõe do financiamento da Seguridade Social, afirma que esta possui orçamento próprio, por meio do custeio de toda a sociedade, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e das contribuições sociais. O controle social, assim como o financiamento da seguridade social, possui assento na CF-88, como instrumento de efetivação da participação popular, com caráter democrático e participativo. No Unidade 2 • Dinâmica de funcionamento do SUAS e o significado sócio institucional das instâncias de deliberação e de pactuação45/258 SUAS, os conselhos têm como principal papel a fiscalização da política e seu financiamento. Com relação ao controle social, Machado assevera: Considerando que controle social na Política de Assistência Social significa processo permanente de construção - permeado por relações contraditórias se segmentos da sociedade civil entre si e destes com o Estado no que se refere à gestão do poder e ao exercício democrático de participação -, busca-se neste item dar visibilidade às concepções de sociedade civil acerca do controle social. Pretende-se, igualmente, identificar alguns fatores que dificultam o exercício do controle social na Política de Assistência Social e a novidade que esse controle representa como mediação necessária ao fortalecimento da democracia participativa. Também busca-se destacar as dimensões integrantes do controle social e sua finalidade no contexto de redemocratização do Estado brasileiro. (MACHADO, 2012 p. 128) Portanto, as instâncias de controle social por meio de conferências e conselhos se constituem tanto como um avanço da PNAS na perspectiva do SUAS, quanto um grande desafio de Unidade 2 • Dinâmica de funcionamento do SUAS e o significado sócio institucional das instâncias de deliberação e de pactuação46/258 materializar o art. 5o da LOAS, inciso II ao legitimar a participação popular na política pública de assistência social. Segundo Yazbek: Importante destacar que esse estímulo à participação nos CRAS, conselhos e conferências tem sido conduzido pelos profissionais que trabalham nas unidades e serviços sócio assistenciais, o que revela o lugar estratégico da atuação dos trabalhadores do setor. (Yazbek et al., 2010, p. 193) Tal afirmação possibilita o encontro entre o papel dos profissionais envolvidos na política de assistência, bem como na política de recursos humanos prevista para a identificação e o progresso dos trabalhadores que participam do processo de desenvolvimento da política pública de assistência social. Unidade 2 • Dinâmica de funcionamento do SUAS e o significado sócio institucional das instâncias de deliberação e de pactuação47/258 O dinamismo, e diversidade e a complexidade da realidade social pautam questões sociais que se apresentam sob formas diversas de demandas para a política de assistência social, e que exigem a criação de uma gama diversificada de serviços que atendam às especificidades da expressão da questão social apresentada para esta política. (PNAS, 2005 p. 53) Assim, várias funções são criadas, o que acaba por determinar a necessidade de definições estruturais a fim de qualificar a possibilitar que por meio da atuação técnica, as intervenções dos trabalhadores alcancem os níveis de eficácia e eficiência necessários. Unidade 2 • Dinâmica de funcionamento do SUAS e o significado sócio institucional das instâncias de deliberação e de pactuação48/258 Por fim, um dos mais importantes elementos constituintes do SUAS dá-se pela perspectiva da informação, monitoramento e avaliação da política de assistência social, por meio da criação de um sistema oficial de informação que tem como objetivo central a mensuração da eficiência e eficácia das ações pré-ideadas nos planos de trabalho. Para saber maisEntrada de Famílias no Programa Bolsa Família Serão habilitadas a entrar no Programa Bolsa Família as famílias: » Com cadastros atualizados nos últimos 24 meses; » Com renda mensal por pessoa menor ou igual ao limite de extrema pobreza (R$ 77,00); » Com renda mensal por pessoa entre os limites de extrema pobreza e pobreza (R$ 77,01 e R$ 154,00), desde que possuam crianças e/ou adolescentes de 0 a 17 anos na sua composição. (Fonte: <http://www.mds.gov.br/bolsafamilia/beneficios/entrada-de-familias-no- programa%20%20>) Unidade 2 • Dinâmica de funcionamento do SUAS e o significado sócio institucional das instâncias de deliberação e de pactuação49/258 O que se pretende claramente com tal deliberação é a implantação de políticas articuladas de informação, monitoramento e avaliação que realmente promovam novos patamares de desenvolvimento da política de assistência social no Brasil, das ações realizadas e da utilização de recursos, favorecendo a participação, o controle social e uma gestão otimizada da política. Desenhados de forma a fortalecer a democratização da informação, na amplitude de circunstâncias que perfazem a política de assistência social, estas políticas e as ações resultantes deverão pautar-se principalmente na criação de sistemas de informação, que serão base estruturante e produto do Sistema Único de Assistência Social e na integração das bases de dados de interesse para o campo sócio assistencial, com a definição de indicadores específicos de tal política pública. (PNAS, 2005, p. 56) Assim, atua-se na perspectiva de compreender os processos de informação, monitoramento e avaliação na seara da assistência social, e que eles sejam considerados como setores estratégicos da gestão da política pública, “cessando com uma utilização tradicionalmente Unidade 2 • Dinâmica de funcionamento do SUAS e o significadosócio institucional das instâncias de deliberação e de pactuação50/258 circunstancial e tão somente instrumental deste campo, o que é central para o ininterrupto aprimoramento da política de assistência social no país” (PNAS, 2005, p. 58). Os Tipos de Proteção da Assistência Social A fim de que seja possível a apresentação dos tipos de proteção previstos pela PNAS e pelo SUAS, faz-se necessário conhecer conceitualmente a quem se destina a PNAS, ou seja, qual o público usuário da mesma. Em conformidade com o estabelecido na própria PNAS, constitui-se como público usuário da referida política: Unidade 2 • Dinâmica de funcionamento do SUAS e o significado sócio institucional das instâncias de deliberação e de pactuação51/258 [...] cidadãos e grupos que se encontram em situações de vulnerabilidade e riscos, tais como: famílias e indivíduos com perda ou fragilidade de vínculos de afetividade, pertencimento e sociabilidade; ciclos de vida; identidades estigmatizadas em termos étnicos, culturais e sexuais; desvantagem pessoal resultante de deficiências; exclusão pela pobreza e, ou, no acesso às demais políticas públicas; uso de substâncias psicoativas; diferentes formas de violências advinda do núcleo familiar, grupos e indivíduos, inserção precária ou não inserção no mercado de trabalho formal ou informal; estratégias e alternativas diferenciadas de sobrevivência que podem representar risco pessoal e social. (PNAS, 2005, p. 33) Diante dessa informação, foram constituídas proteções afiançadas, ou seja, acreditadas ao público alvo da política pública de assistência (por tratar-se de política social não contributiva), sendo elas: • Proteção Social Básica; Unidade 2 • Dinâmica de funcionamento do SUAS e o significado sócio institucional das instâncias de deliberação e de pactuação52/258 • Proteção Social Especial; • Proteção Social Especial de Média Complexidade; • Proteção Social Especial de Alta Complexidade; A proteção social básica tem como principal objetivo consolidar o aspecto preventivo da política de assistência, atuando com centralidade em atividades que promovam a aquisição e o desenvolvimento de potencialidades, bem como o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários, conforme princípios previstos na própria política pública de assistência social. Destina-se à população que vive em situação de vulnerabilidade social decorrente da pobreza, privação (ausência de renda, precário ou nulo acesso aos serviços públicos, dentre outros) e, ou, fragilização de vínculos afetivos - relacionais ou de pertencimento social (discriminações etárias, étnicas, de gênero ou por deficiências, dentro outras). (PNAS, 2005 p. 33) Os benefícios de prestação continuada, bem como os eventuais, constituem a proteção social básica, sendo compostos conforme a seguir: Unidade 2 • Dinâmica de funcionamento do SUAS e o significado sócio institucional das instâncias de deliberação e de pactuação53/258 O benefício de prestação continuada (BPC) pertence à política de assistência social, está previsto na LOAS (seção I, art. 20), cuja operacionalização dá-se pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e trata da: [...] garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem tê-la provida por sua família (Redação dada pela Lei no 12.435 de 2011). (LOAS, 2013) Neste sentido, considera-se como família: [...] a família é composta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto. (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011). (LOAS, 2013) Unidade 2 • Dinâmica de funcionamento do SUAS e o significado sócio institucional das instâncias de deliberação e de pactuação54/258 A seguir, seguem informações importantes decorrentes da revisão da LOAS, ocorrida por consequência da Lei 12.435/11, com o principal objeto de intervenção o BPC, sendo elas: § 2o Para efeito de concessão deste benefício, considera- se: (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011) I - pessoa com deficiência: aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade com as demais pessoas. (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011) II - impedimentos de longo prazo: aqueles que incapacitam a pessoa com deficiência para a vida independente e para o trabalho pelo prazo mínimo de 2 (dois) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011) § 2o Para efeito de concessão deste benefício, considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em Unidade 2 • Dinâmica de funcionamento do SUAS e o significado sócio institucional das instâncias de deliberação e de pactuação55/258 igualdade de condições com as demais pessoas. (Redação dada pela Lei nº 12.470, de 2011) § 3o Considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa com deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário-mínimo. (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011) § 4o O benefício de que trata este artigo não pode ser acumulado pelo beneficiário com qualquer outro no âmbito da seguridade social ou de outro regime, salvo os da assistência médica e da pensão especial de natureza indenizatória. (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011) § 5o A condição de acolhimento em instituições de longa permanência não prejudica o direito do idoso ou da pessoa com deficiência ao benefício de prestação continuada. (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011) § 6o A concessão do benefício ficará sujeita à avaliação da deficiência e do grau de incapacidade, composta por avaliação médica e avaliação social, realizadas por médicos peritos e por assistentes sociais Unidade 2 • Dinâmica de funcionamento do SUAS e o significado sócio institucional das instâncias de deliberação e de pactuação56/258 do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011) § 6º A concessão do benefício ficará sujeita à avaliação da deficiência e do grau de impedimento de que trata o § 2o, composta por avaliação médica e avaliação social, realizadas por médicos peritos e por assistentes sociais do Instituto Nacional de Seguro Social - INSS. (Redação dada pela Lei nº 12.470, de 2011) § 7º Na hipótese de não existirem serviços no município de residência do beneficiário, fica assegurado, na forma prevista em regulamento, o seu encaminhamento ao município mais próximo que contar com tal estrutura. (Incluído pela Lei nº 9.720, de 30.11.1998) § 8o A renda familiar mensal a que se refere o § 3o deverá ser declarada pelo requerente ou seu representante legal, sujeitando-se aos demais procedimentos previstos no regulamento para o deferimento do pedido. (Incluído pela Lei nº 9.720, de 30.11.1998) § 9º A remuneração da pessoa com deficiência na condição de aprendiz não será considerada Unidade 2 • Dinâmica de funcionamento do SUAS e o significado sócio institucional das instâncias de deliberação e de pactuação57/258 para fins do cálculo a que se refere o § 3o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.470, de 2011) § 10. Considera-se impedimento de longo prazo, para os fins do § 2o deste artigo, aquele que produza efeitospelo prazo mínimo de 2 (dois) anos. (Incluído pela Lei nº 12.470, de 2011) Art. 21. O benefício de prestação continuada deve ser revisto a cada 2 (dois) anos para avaliação da continuidade das condições que lhe deram origem. (Vide Lei nº 9.720, de 30.11.1998) § 1º O pagamento do benefício cessa no momento em que forem superadas as condições referidas no caput, ou em caso de morte do beneficiário. § 2º O benefício será cancelado quando se constatar irregularidade na sua concessão ou utilização. § 3o O desenvolvimento das capacidades cognitivas, motoras ou educacionais e a realização de atividades não remuneradas de habilitação e reabilitação, entre outras, não constituem motivo de suspensão ou cessação do benefício da pessoa com Unidade 2 • Dinâmica de funcionamento do SUAS e o significado sócio institucional das instâncias de deliberação e de pactuação58/258 deficiência. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) § 4o A cessação do benefício de prestação continuada concedido à pessoa com deficiência, inclusive em razão do seu ingresso no mercado de trabalho, não impede nova concessão do benefício, desde que atendidos os requisitos definidos em regulamento. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) § 4º A cessação do benefício de prestação continuada concedido à pessoa com deficiência não impede nova concessão do benefício, desde que atendidos os requisitos definidos em regulamento. (Redação dada pela Lei nº 12.470, de 2011) Art. 21-A. O benefício de prestação continuada será suspenso pelo órgão concedente quando a pessoa com deficiência exercer atividade remunerada, inclusive na condição de microempreendedor individual. (Incluído pela Lei nº 12.470, de 2011) § 1o Extinta a relação trabalhista ou a atividade empreendedora de que trata o caput deste artigo e, Unidade 2 • Dinâmica de funcionamento do SUAS e o significado sócio institucional das instâncias de deliberação e de pactuação59/258 quando for o caso, encerrado o prazo de pagamento do seguro-desemprego e não tendo o beneficiário adquirido direito a qualquer benefício previdenciário, poderá ser requerida a continuidade do pagamento do benefício suspenso, sem necessidade de realização de perícia médica ou reavaliação da deficiência e do grau de incapacidade para esse fim, respeitado o período de revisão previsto no caput do art. 21. (Incluído pela Lei nº 12.470, de 2011) § 2o A contratação de pessoa com deficiência como aprendiz não acarreta a suspensão do benefício de prestação continuada, limitado a 2 (dois) anos o recebimento concomitante da remuneração e do benefício. (Incluído pela Lei nº 12.470, de 2011) (LOAS, 2013 – grifo nosso) Os chamados benefícios eventuais, também componentes da proteção social básica, são de caráter suplementar e provisório, concedidos em casos emergentes de calamidade pública, nascimento, morte ou situações de vulnerabilidade temporária. Possuem como principal objetivo fortalecer as potencialidades individuais e familiares e, como o BPC, também possui assento Unidade 2 • Dinâmica de funcionamento do SUAS e o significado sócio institucional das instâncias de deliberação e de pactuação60/258 na Lei 8742/93 (LOAS). A possibilidade e valor dos benefícios concedidos devem ser definidos pelos entes federativos, bem como previstos nas leis orçamentárias, com base em critérios estabelecidos em conformidade com as deliberações dos Conselhos de Assistência Social. O Conselho Nacional de Assistência Social - CNAS, por meio da Resolução Nº 212, de 19 de outubro de 2006, e a União, por intermédio do Decreto Nº 6.307, de 14 de dezembro de 2007, estabeleceram critérios orientadores para a regulamentação e provisão de Benefícios Eventuais no âmbito da Política Pública de Assistência Social pelos Municípios, Estados e Distrito Federal. Para tanto, os Municípios devem estruturar um conjunto de ações, tais como: • Regulamentar a prestação dos Benefícios Eventuais; • Assegurar, em lei orçamentária, os recursos necessários à oferta destes benefícios; • Organizar o atendimento aos Unidade 2 • Dinâmica de funcionamento do SUAS e o significado sócio institucional das instâncias de deliberação e de pactuação61/258 beneficiários. Os Estados também têm como responsabilidade na efetivação desse direito a destinação de recursos financeiros aos Municípios, a título de cofinanciamento do custeio dos Benefícios Eventuais. (MDS, 2013) Conforme lei 8742/93 (LOAS), art. 22: Art. 22. Entendem-se por benefícios eventuais as provisões suplementares e provisórias que integram organicamente as garantias do Suas e são prestadas aos cidadãos e às famílias em virtude de nascimento, morte, situações de vulnerabilidade temporária e de calamidade pública. (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011) § 1o A concessão e o valor dos benefícios de que trata este artigo serão definidos pelos Estados, Distrito Federal e Municípios e previstos nas respectivas leis orçamentárias anuais, com base em critérios e prazos definidos pelos respectivos Conselhos de Assistência Social. (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011) Unidade 2 • Dinâmica de funcionamento do SUAS e o significado sócio institucional das instâncias de deliberação e de pactuação62/258 § 2o O CNAS, ouvidas as respectivas representações de Estados e Municípios dele participantes, poderá propor, na medida das disponibilidades orçamentárias das 3 (três) esferas de governo, a instituição de benefícios subsidiários no valor de até 25% (vinte e cinco por cento) do salário-mínimo para cada criança de até 6 (seis) anos de idade. (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011) § 3o Os benefícios eventuais subsidiários não poderão ser cumulados com aqueles Para saber mais O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) organizou uma Biblioteca Virtual unificada das cinco temáticas de atuação: Assistência Social, Bolsa Família, Segurança Alimentar e Nutricional, Inclusão Produtiva e Avaliação e Gestão da Informação. A seguir, acesse as publicações sobre Assistência Social e as respectivas fichas catalográficas: Acesse em: <http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/secretaria-nacional-de-assistencia- social-snas/biblioteca>. (Fonte: <http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/secretaria-nacional-de-assistencia- social-snas/biblioteca>) Unidade 2 • Dinâmica de funcionamento do SUAS e o significado sócio institucional das instâncias de deliberação e de pactuação63/258 instituídos pelas Leis no 10.954, de 29 de setembro de 2004, e no 10.458, de 14 de maio de 2002. (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011) A existência de ambos os benefícios, desonera, portanto, a Previdência Social do pagamento de renda mensal vitalícia, do auxílio-natalidade e do auxílio funeral, antes existentes no âmbito da Previdência Social. A proteção social especial, diferentemente da proteção social básica, tem caráter interventivo em situações de violação de direitos, seja na esfera objetiva (violência física, exploração sexual, etc.) ou subjetiva (psicológica), sendo este o grupo de usuários da política de assistência social, na perspectiva da proteção social especial. Unidade 2 • Dinâmica de funcionamento do SUAS e o significado sócio institucional das instâncias de deliberação e de pactuação64/258 A realidade brasileira nos mostra que existem famílias com as mais diversas situações socioeconômicas que induzem à violação de direitos de seus membros, em especial, de suas crianças, adolescentes, jovens, idosos e pessoas com deficiência, além da geração de outros fenômenos como: pessoas em situação de rua, migrantes, idosos abandonados que estão nesta condiçãonão pela ausência de renda, mas por outras variáveis da exclusão social. (PNAS, 2005, p. 36). Partindo desta compreensão e das situações de violação de direitos, entende-se a necessidade do estabelecimento de uma proteção social, voltada especificamente ao tratamento das extremas situações. Ocorrências que para serem combatidas, necessitam de intervenção conjunta e compartilhada entre a assistência social e as demais políticas setoriais e Poder Judiciário, Ministério Público, bem como outros órgãos e ações do Poder Executivo. Desta forma, “a ênfase da proteção social especial deve priorizar a reestruturação dos serviços de abrigamento dos indivíduos que, por uma série de fatores, não contam mais com a proteção e o cuidado de suas famílias, para as novas modalidades de atendimento”. (PNAS, 2005, p. 37) A proteção social especial é dividida, compreendendo-se os diferentes níveis de complexidade Unidade 2 • Dinâmica de funcionamento do SUAS e o significado sócio institucional das instâncias de deliberação e de pactuação65/258 apresentados pelas demandas atendidas pela política pública de assistência social. Divide-se a proteção social especial, entre média e alta complexidade. A proteção social de média complexidade é composta pelo conjunto de medidas que possibilitam o atendimento aos indivíduos e às famílias que, embora tenham seus direitos violados, não apresentam rompimento de vínculos familiares ou comunitários. E, neste sentido, demandam intervenções pautadas por contundente estruturação técnico-operativa, especializada e individualizada. A proteção social de alta complexidade é, por sua vez, constituída por ações que, considerando a violação de direitos, demanda a intervenção do poder público na perspectiva de garantir proteção integral ao indivíduo ou ao grupo familiar, por meio da concessão de moradia, alimentação, higienização e trabalho protegido, quando da iminência da exposição ao risco de morte ou de continuidade da violação de direitos (exploração sexual, violência física, entre outras). Questão reflexão ? para 66/258 A partir da leitura do material proposto, reflita sobre as potencialidades do Benefício de Prestação Continuada para a efetivação da Política Nacional de Assistência Social. Para que esta reflexão seja possível, sugere-se que você faça a leitura dos temas anteriores, bem como a leitura deste tema com profundidade. 67/258 Considerações Finais A Política Nacional de Assistência Social, na particularidade do Sistema Único de Assistência Social, possui peculiaridades importantes em relação às demais políticas públicas e, estas, devem ser consideradas. O Sistema Único de Assistência Social possui uma importante organicidade que deve ser considerada para a compreensão do funcionamento dos serviços e dos diferentes tipos de proteção social. Independente de qual seja o tipo de proteção social, o profissional deve ter a compreensão de que a relevância de sua atuação é muito significativa para o usuário e, neste sentido, as legislações e os parâmetros técnicos de atuação profissional são muito importantes. Unidade 2 • Dinâmica de funcionamento do SUAS e o significado sócio institucional das instâncias de deliberação e de pactuação68/258 Referências BRASIL, Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Política Nacional da Assistência Social – PNAS – Versão Original. Aprovada pelo Conselho Nacional de Assistência Social por intermédio da Resolução nº. 145, de 15 de outubro de 2004 e publicada no diário oficial da união – DOU do dia 28 de outubro de 2004. BRASIL. Presidência da República. Altera a Lei no 8.742, de 7 de dezembro de 1993, que dispõe sobre a organização da Assistência Social. BRASIL. Presidência da República. Lei Orgânica da Assistência Social, n. 8.742, de 7 de setembro de 1993. MACHADO, Loiva Mara de Oliveira. Controle da política de assistência social: caminhos e descaminhos - Porto Alegre: EDIPUCRS, 2012. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Histórico dos benefícios eventuais. Brasília, 2008. Disponível em: <http://www.mds.gov.br/suas/revisoes_bpc/benefícios-eventuais/ historico-dos-beneficios-eventuais>. Acesso em: 25 de jul. 2015. Unidade 2 • Dinâmica de funcionamento do SUAS e o significado sócio institucional das instâncias de deliberação e de pactuação69/258 YAZBEK, M. C. ; RAICHELIS, D. R. ; SILVA, Maria Ozanira da Silva e ; COUTO, Berenice Rojas . Avaliando a implantação do Sistema Único de Assistência Social no Brasil. In: IV JOINP, 2009, São Luis. IV Jornada Internacional de Políticas Públicas - São Luis UFMA/Programa de Pós Graduação em Políticas. São Luis: Editora da Universidade Federal do Maranhão- EDUFAMA, 2010. Referências 70/258 Assista a suas aulas Aula 2 - Tema: Dinâmica de Funcionamento do SUAS e o Significado Sócio-Institucional das Instâncias de Deliberação e de Pactuação - Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ 0f414a42529bce2944f0e5c83e1dab02>. Aula 2 - Tema: Dinâmica de Funcionamento do SUAS e o Significado Sócio-Institucional das Instâncias de Deliberação e de Pactuação - Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f- 1d/3b19cd9391a5dbd1569929ccfac56039>. 71/258 1. Identifique entre as questões a seguir, a que melhor define os objetivos do Sistema Único de Assistência Social (SUAS)? a) Sistema Único de Assistência Social, SUAS, é um sistema misto que tem como principal objetivo organizar, de forma centralizada, entre os três níveis de governo (municipal, estadual e federal) os serviços que compõem a rede de serviços sócio assistenciais em todo território brasileiro. b) Sistema Único de Assistência Social, SUAS, é um sistema público que tem como principal objetivo organizar, de forma centralizada, os serviços que compõem a rede de serviços sócio assistenciais em todo território brasileiro. c) Sistema Único de Assistência Social, SUAS, é um sistema público que tem como principal objetivo organizar, de forma centralizada, os serviços que compõem a rede de serviços sócio assistenciais em todo território brasileiro. d) Sistema Único de Assistência Social, SUAS, é um sistema privado que tem como principal objetivo organizar os serviços que compõem a rede de serviços sócio assistenciais em todo território brasileiro. e) Sistema Único de Assistência Social, SUAS, é um sistema público que tem como principal Questão 1 72/258 objetivo organizar, de forma descentralizada, entre os três níveis de governo (municipal, estadual e federal) os serviços que compõem a rede de serviços sócio assistenciais em todo território brasileiro. Questão 1 73/258 2. O SUAS, cujo modelo de gestão é descentralizado e participativo, cons- titui-se na regulação e organização em todo território nacional das ações sócio assistenciais e possui um foco prioritário importante de atenção. Ob- serve entre as alternativas a seguir, a que melhor define o foco prioritário de atenção do SUAS no contexto da PNAS: a) O foco prioritário do SUAS se assenta na proposta de uma atuação inter setorial entre diferentes políticas públicas com o objetivo central de fortalecimento de grupos sociais para o enfrentamento à pobreza e aos diferentes modos de exclusão social. b) O foco prioritário do SUAS se assenta na proposta de uma atuação inter setorial entre diferentes políticas públicas com o objetivo central de fortalecimento de grupos sociais (unicamente) para o enfrentamento à pobreza e aos diferentes modos de exclusão social. c) Os serviços, programas, projetos e benefícios da assistência social têm como foco prioritário a interlocução entre diferentes políticas setoriaisque possam ser definidos pelas funções que desempenham, pelo número de pessoas que delas necessitam e pela sua complexidade. Questão 2 74/258 d) Os serviços, programas, projetos e benefícios da assistência social têm como foco prioritário a atenção às famílias, seus membros e indivíduos e o território como base de organização, que possam a ser definidos pelas funções que desempenham, pelo número de pessoas que delas necessitam e pela sua complexidade. e) Os serviços, programas, projetos e benefícios da saúde tem como foco prioritário a atenção aos indivíduos, e ao território como base de organização, que possam a ser definidos pelas funções que desempenham, pelo número de pessoas que delas necessitam e pela sua complexidade. Questão 2 75/258 3. Na Política de Assistência Social, os Conselhos possuem importante pa- pel. Observe entre as alternativas a seguir, a que apresenta o papel dos Conselhos na Política de Assistência Social: a) Os Conselhos têm o papel de patrocinar as ações estatais no campo da assistência social. b) Os Conselhos têm o papel de promover ações intersetoriais no campo da assistência, garantindo a consecução dos objetivos do SUAS. c) Os Conselhos são instrumentos de efetivação da participação popular, com caráter democrático e participativo. No SUAS, os conselhos têm como principal papel a fiscalização da política e seu financiamento. d) Os Conselhos são instrumentos de efetivação da participação político-partidária da população, com caráter democrático e participativo. No SUAS, os conselhos têm como principal papel a fiscalização da política e seu financiamento e) Não há previsão de Conselhos na Política Social de Assistência. Questão 3 76/258 4. Identifique entre as alternativas a seguir, a que melhor expuser o perfil do público alvo/usuário da política pública de assistência social no Brasil: a) Constitui-se como público usuário da referida política, grupos que se encontram em situações de vulnerabilidade e riscos sociais, tais como: fragilidade de vínculos, identidades estigmatizadas, deficiências, drogadição ou demais violências advindas do núcleo familiar. b) Constitui-se como público usuário da referida política, cidadãos e grupos que se encontram em situações de vulnerabilidade e riscos sociais, tais como: fragilidade de vínculos, identidades estigmatizadas, deficiências, drogadição ou demais violências advindas do núcleo familiar. c) Constitui-se como público usuário da referida política, indivíduos que se encontram em situações de vulnerabilidade e riscos sociais, tais como: fragilidade de vínculos, identidades estigmatizadas, deficiências, drogadição ou demais violências advindas do núcleo familiar. d) Constitui-se como público usuário da referida política, cidadãos e grupos que se encontram em situações de vulnerabilidade e riscos de saúde, tais como: fragilidade de vínculos, identidades estigmatizadas, deficiências, drogadição ou demais violências advindas do núcleo familiar. e) Qualquer cidadão tem direito de acesso à política pública de assistência social. Questão 4 77/258 5. A proteção social básica tem como principal objetivo consolidar o as- pecto preventivo da política de assistência, atuando com centralidade em atividades que promovam a aquisição e desenvolvimento de potencialida- des. Neste sentido, identifique entre as alternativas a seguir, a que descreva o público alvo da proteção social básica: a) Destina-se à população que vive em situação de vulnerabilidade social decorrente da pobreza, privação (ausência de renda, precário ou nulo acesso aos serviços públicos, dentre outros) e, ou, fragilização de vínculos afetivos - relacionais ou de pertencimento social (discriminações etárias, étnicas, de gênero ou por deficiências, dentre outras). b) Destina-se aos indivíduos que vivem em situação de vulnerabilidade social decorrente da pobreza, privação (ausência de renda, precário ou nulo acesso aos serviços públicos, dentre outros) e, ou, fragilização de vínculos afetivos - relacionais ou de pertencimento social (discriminações etárias, étnicas, de gênero ou por deficiências, dentre outras). c) Destina-se aos segurados que vivem em situação de vulnerabilidade social decorrente da pobreza, privação (ausência de renda, precário ou nulo acesso aos serviços públicos, dentre outros) e, ou, fragilização de vínculos afetivos - relacionais ou de pertencimento social Questão 5 78/258 (discriminações etárias, étnicas, de gênero ou por deficiências, dentre outras). d) Destina-se à população que vive em situação de vulnerabilidade social decorrente de doença física ou mental e, ou, fragilização de vínculos afetivos - relacionais ou de pertencimento social (discriminações etárias, étnicas, de gênero ou por deficiências, dentre outras). e) Destina-se à população em geral, que julgue a necessidade de recorrer a um serviço de assistência social. Questão 5 79/258 Gabarito 1. Resposta: E. O Sistema Único de Assistência Social, SUAS, é público e tem como principal objetivo organizar, de forma descentralizada entre os três níveis de governo (municipal, estadual e federal) os serviços que compõem a rede de serviços sócio assistenciais em todo território brasileiro. O referido sistema se dá por consequência da PNAS, que ao desenhar a política pública de assistência, demanda a criação de um sistema que, de maneira planejada e organizada, deverá atribuir materialidade às ações da assistência social. O SUAS materializa, portanto, o conteúdo da Lei Orgânica de Assistência Social - LOAS. 2. Resposta: D. O SUAS, cujo modelo de gestão é descentralizado e participativo, constitui- se na regulação e organização em todo território nacional das ações sócio assistenciais. Os serviços, programas, projetos e benefícios têm como foco prioritário a atenção às famílias, seus membros e indivíduos e o território como base de organização, que possam a ser definidos pelas funções que desempenham, pelo número de pessoas que delas necessitam e pela sua complexidade. Pressupõe, ainda, gestão compartilhada, co-financiamento da política pelas três esferas de governo e definição clara das competências técnico-políticas da União, 80/258 Gabarito Estados, Distrito Federal e Municípios, com a participação e mobilização da sociedade civil, e estes têm o papel efetivo da sua implantação e implementação. 3. Resposta: C. O controle social, assim como o financiamento da seguridade social, possui assento na CF-88, como instrumento de efetivação da participação popular, com caráter democrático e participativo. No SUAS, os conselhos têm como principal papel a fiscalização da política e seu financiamento. 4. Resposta: B. Constitui-se como público usuário da referida política, cidadãos e grupos que se encontram em situações de vulnerabilidade e riscos, tais como: famílias e indivíduos com perda ou fragilidade de vínculos de afetividade, pertencimento e sociabilidade; ciclos de vida; identidades estigmatizadas em termos étnicos, cultural e sexual; desvantagem pessoal resultante de deficiências; exclusão pela pobreza e, ou, no acesso às demais políticas públicas; uso de substâncias psicoativas; diferentes formas de violências advindas do núcleo familiar, grupos e indivíduos, inserção precária ou não inserção no mercado de trabalho formal ou informal; estratégias e alternativas diferenciadas de sobrevivência que podem representar risco pessoal e social. (PNAS 2005, p. 33) 81/258 5. Resposta: A. Constitui-se como público usuário da referida política, cidadãos e grupos que se encontram em situações de vulnerabilidade e riscos, tais como: famílias e indivíduos com perda ou fragilidade de vínculos de afetividade, pertencimento e sociabilidade;
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