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Monografia Justiça Restaurativa DAISON WOBETO corrigido final final

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CAMPANHA NACIONAL DAS ESCOLAS DA COMUNIDADE (CNEC)
INSTITUTO CENECISTA DE ENSINO SUPERIOR DE SANTO ÂNGELO – IESA
DAISON LAURENCE WOBETO
A JUSTIÇA RESTAURATIVA NA PACIFICAÇÃO
DE CONFLITOS CRIMINAIS NO BRASIL
Santo Ângelo (RS)
2016
DAISON LAURENCE WOBETO
A JUSTIÇA RESTAURATIVA NA PACIFICAÇÃO
DE CONFLITOS CRIMINAIS NO BRASIL
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à disciplina de Monografia II do curso de Direito, do Instituto Cenecista de Ensino Superior de Santo Ângelo (IESA), como requisito parcial para obtenção do título de bacharel em Direito.
Orientador: Professor Ms. Adriano Nedel dos Santos
Santo Ângelo (RS)
2016
DAISON LAURENCE WOBETO
A JUSTIÇA RESTAURATIVA NA PACIFICAÇÃO
DE CONFLITOS CRIMINAIS NO BRASIL
	
Monografia de Conclusão de Curso de Graduação para a obtenção do título de bacharel em direito realizada no Instituto Cenecista de Ensino Superior de Santo Ângelo (IESA), curso de Direito
A banca avaliadora, abaixo assinada, aprova o Trabalho de Conclusão:
Professor Orientador: Ms. Adriano Nedel dos Santos - IESA
__________________________________________
Professor Examinador: 
_______________________________________________
Professor Examinador: 
Santo Ângelo, 5 de Dezembro de 2016
RESUMO
Este trabalho tem com preceito mostrar a justiça restaurativa como alternativa à resolução de conflitos no sistema criminal brasileiro com o objetivo de estimular um estreitamento de laços entre vítima e infrator para que as lástimas ocorridas possam ser revistas e as “feridas” causadas pelo delito possam ser reparadas. Este estudo revelará os procedimentos da justiça restaurativa e seu poder de resolução de determinados conflitos, analisando assim o modo como ela irá se compatibilizar com o ordenamento jurídico do Brasil. Apresentar a justiça restaurativa como uma forma de alternativa à resolução de conflitos atual (justiça retributiva) é o objetivo deste trabalho, sem a presunção deste instituto ser meio eficaz de substituição ao atual sistema, mas apenas uma saída alternativa às penas de prisão, que porventura estejam sendo aplicadas em exagero. Para tanto, o faremos expondo pontos de vista divergentes sobre as práticas restaurativas e exibindo resultados atingidos em projetos que já estão em andamento.
PALAVRAS-CHAVE: Justiça Restaurativa, Conflitos Penais, Diálogos restaurativos.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO	07
1 COERÇÃO ESTATAL NA PERSEGUIÇÃO AO CRIME...................................................09
1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS	..10
1.2 O PAPEL DE COERÇÃO ESTATAL	10
1.3 A APLICAÇÃO DA PENA PELO ESTADO	14
2 A JUSTIÇA RESTAURATIVA NO MUNDO	21
2.1 JUSTIÇA RESTAURATIVA NO BRASIL	22
3 O SURGIMENTO DE UM NOVO MODELO DE JUSTIÇA PENAL	27
3.1 CONCEITUANDO JUSTIÇA RESTAURATIVA	28
3.2FALANDO DE VALORES EM JUSTIÇA RESTAURATIVA	33
3.2.1 Participação	35
3.2.2 Respeito	35
3.2.3 Honestidade	36
3.2.4 Humildade	36
3.2.5 Interconexão	37
3.2.6 Responsabilidade	38
3.2.7 Empoderamento	38
3.2.8 Esperança	39
3.3PRINCÍPIOS DA JUSTIÇA RESTAURATIVA	39
3.3.1 Princípio da Voluntariedade	40
3.3.2 Princípio da Consensualidade	41
3.3.3 Princípio da Confidencialidade	41
3.3.4 Princípio da Celeridade	42
3.3.5 Princípio da Adaptibilidade	42
3.3.6 Princípio da Urbanidade	43
3.3.7 Princípio da Imparcialidade	43
3.4 JUSTIÇA RETRIBUTIVA X JUSTIÇA RESTAURATIVA	43
3.4.1 Valores	44
3.4.2 Procedimentos	44
3.4.3 Resultados	45
3.4.4 Efeitos para a vítima	46
3.4.5 Efeitos para o agressor	46
CONCLUSÃO 	48
REFERÊNCIAS 	50
INTRODUÇÃO
Imagine uma forma de combater infrações penais baseada em um processo comunitário, não apenas jurídico, que buscasse colocar agressor e ofendido frente-a-frente, com poderes de diálogo e resolução do próprio conflito.
Imagine também, que por meio de procedimentos específicos, a palavra “justiça” remetesse a um valor e não a uma instituição. E se este processo fosse além, e “restaurasse” os laços dizimados pelo conflito por meio da harmonia e do equilíbrio entre as partes?
Impossível. Você diria. Pois é esta ousada proposta que contempla o “cerne” da agora propalada “Justiça Restaurativa”, que por meio deste trabalho vira alvo de pesquisa e atenção mais amiúde.
No desenvolvimento desta obra buscaremos apresentar a Justiça Restaurativa como uma alternativa viável e racional à pena de prisão em crimes de menor potencial ofensivo. 
Para este objetivo iremos nos valer em pesquisa de doutrina, artigos, legislação e documentação brasileira e estrangeira. Desta forma traremos à luz as origens, propostas, práticas, resultados e efeitos da justiça restaurativa.
Em um primeiro momento mostraremos alguns aspectos teóricos sobre a justiça restaurativa, expondo o papel coercitivo do Estado, o funcionamento do instituto pena e seu víes no sistema criminal brasileiro.
O conhecimento da justiça restaurativa se dará por meio da explanação de conceitos, valores e princípios da justiça restaurativa, bem como da comparação objetiva entre o metódo restaurativo e o método retributivo.
Importante também, e demonstradas serão, algumas das experiências que as práticas e procedimentos restaurativos vêm cunhando mundo afora desde o seu recente surgimento, destacando seu funcionamento no cenário jurídico internacional e seus resultados efetivos na diminuição da criminalidade.
E por último, mas não menos importante, analisaremos a compatibilidade do instituto justiça restaurativa com a justiça criminal do Brasil, mostrando as práticas realizadas no País e a legislação que as ampara.
1 COERÇÃO ESTATAL NA PERSEGUIÇÃO AO CRIME
O anseio de punição direta ao crime cometido fazem do método retributivo, por entendimento do senso comum, a escolha mais óbvia da nossa atual sociedade.
Para que possamos evoluir, é necessário vislumbrar algo melhor, algo que faça com que as sanções ao crime tenham um poder de ressocialização efetivo.
No método restaurativo os resultados de práticas possíveis e passíveis de aplicação podem ser exemplificados através da reparação do dano a vitima de crime, parte importante desse processo, assim como a sociedade e o agressor, que interagem em busca da restauração dos laços rompidos.
Enquanto isso nosso sistema tradicional atribui ao infrator à vinculação a lei e obediência ao juiz quando da sentença, ou seja, não possibilita ao infrator qualquer diálogo, por consequência a insatisfação da vítima. A Justiça Restaurativa enfatiza a importância de se elevar o papel das vítimas e membros da comunidade ao mesmo tempo em que os ofensores são efetivamente responsabilizados perante as pessoas, restaurando as perdas materiais e morais das vítimas e providenciando uma gama de oportunidades para diálogo, negociação e resolução de questões. Isto quando possível, proporciona uma maior percepção de segurança na comunidade, efetiva resolução de conflitos e saciedade moral por parte dos envolvidos. 
1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Neste primeiro capitulo trataremos coerção exercida pelo Estado em sua perseguição ao crime, bem como a forma como este crime é punido por meio da pena e o modo com se dá o acesso à Justiça no sistema brasileiro.
Saliente-se que não temos a menor pretensão de esgotar o tema, mas sim registrar alguns “nuances” necessários para que possamos introduzir o assunto foco de nosso estudo, a justiça restaurativa.
Graças a este início será possível uma percepção do tema como forma alternativa de controle social do desvio, com práticas voltadas ao futuro, baseadas no estímulo à recuperação dos laços destruído com o delito, resultando em eficiência na resolução de determinados tipos de conflito, reparando o dano e, o principal, trazendo de volta o ofensor ao convívio social.
1.2 O PAPEL DE COERÇÃO ESTATAL
A discussão sobre como os sistemas judiciais atuam no que se refere ao monopólio estatal do poder de coerção é objeto de debate entre os operadores do Direito. Destarte,precisamos entender do que se trata este “Estado coercitivo” em seu conceito.
Em seu norte, o sistema penal brasileiro tem obrigação diversa dos outros ramos do Direito, cabe unicamente a ele manter a ordem social, motivo maior de sua existência. A manutenção desta ordem só pode ser mantida por meio da justiça criminal, que utiliza do método retributivo para exercer o ius puniendi estatal.
Nos dizeres de Miguel Reale, o Estado é 
A organização da nação em uma unidade de poder, a fim de que a aplicação das sanções se verifique segundo uma proporção objetiva e transpessoal. Para tal fim, o Estado detém o monopólio da coação no que se refere à distribuição da justiça. O Estado como ordenação do poder, disciplina as formas e os processos de execução coercitiva do Direito. (REALE; MIGUEL1996, p. 76)
Rogério Greco sabiamente ensina que este ius puniendi é o poder, exclusivo do Estado, de “criar e fazer cumprir suas normas, executando as decisões condenatórias proferidas pelo Poder Judiciário”. (GRECO; ROGÉRIO 2008 p. 9)
Miguel Reale segue dizendo que “O Estado desta forma não tem o condão de transferir ao cidadão ao cidadão o seu poder punitivo e acaba atuando como gestor da sociedade, garantindo a este mesmo cidadão a tutela dos bens jurídicos fundamentais e a resolução dos conflitos de forma institucionalizada, igualitária, formalizada, observando os direitos individuais” (1996, p 72). Dando nome para esta “força”, chamando a de coação. 
Para Hans Kelsen e seu Direito positivo, a visão de Estado adquire uma face explícita desta força no exercício do controle do Estado, sendo primaz o equilíbrio deste controle com o Direito para que se funde uma ordem coercitiva da conduta humana.
O Direito positivo é essencialmente uma ordem de coerção. Ao contrário das regras do direito natural, as suas regras derivam da vontade arbitrária de uma autoridade humana e, por esse motivo, simplesmente por causa da natureza de sua fonte, elas não podem ter a qualidade da auto-evidência imediata. O conteúdo das regras do Direito positivo carece da necessidade "interna" que é peculiar às regras do direito natural em virtude de sua origem [...] a doutrina que declara a coerção como característica essencial do Direito é uma doutrina positivista e se ocupa unicamente com o Direito positivo. (KELSEN; HANS, 2000 p. 559)
Fica evidente que ambos preconizam o cumprimento e a obediência às normas jurídicas como parte de essência do Estado, Reale vai mais além e afirma que a forma como garantimos o cumprimento destas normas chama-se sanção e está é “todo e qualquer processo de garantia daquilo que se determina em uma regra”. (1996, p 72).
A sanção penal é a resposta social à pratica do delito, regrada e determinada pelo Estado que utiliza o Direito Penal como instrumento apontado para o indivíduo, e se valendo desta supremacia monopolista para usá-lo como meio extremo de controle social e de intervenção nos direitos de seus cidadãos.
Em busca do entendimento entre crime e desvio, objetos do ius puniendi estatal Giddens ensina 
“não conformidade com determinado conjunto de normas que são aceitas por um número significativo de pessoas em uma comunidade ou sociedade, enquanto que o crime, sociologicamente, é definido como uma conduta contrária à lei" (GIDDENS; ANTHONY, 2005 p. 172-175).
Por outro lado, Marcelo Saliba afirma com cores vivas que este sim é o meio que o Estado encontra pra reprimir, punir tais desvios
Todo o aparelho punitivo idealizado pelo Estado tem por fim a aplicação da sentença penal, objetivando a ressocialização, impondo ao condenado uma sanção pela prática de um ato criminoso. A resposta do Estado ao cometimento do crime se dá por meio da pena, vista pelo Estado e pelos seus cidadãos como a única capaz de afastar o caos, fazendo prevalecer a razão. (2009, p. 40)
Após introduzirmos o monopólio do poder coercitivo pelo Estado, tem se a nítida visão de que este ao assumir para si a onipresença do ius puniendi, enxerga apenas o caráter retributivo da aplicação da sanção penal, numa espécie de “crime e castigo”, colocando a resolução do conflito como uma imposição ao infrator, que ao descumprir a norma, violou a garantia do controle social.
Ocorre que ao enxergarmos apenas esta ótica retributiva, veremos o quanto o Estado tem sua atuação afetada, pois a ressocialização do infrator, preconizada em nosso sistema de aplicação de penas, fica muito distante, pelo contrário, o indivíduo penalizado que tem contato com o cárcere, se torna um algoz social muito mais perigoso que quando cometeu o desvio de conduta. Desta forma o Estado negligencia a vítima, enquanto fracassa na responsabilização do ofensor e na coibição do crime.
Pioneiro na prática da justiça restaurativa no Rio Grande do Sul, o magistrado Leoberto Brancher, recentemente escreveu artigo à Associação dos Magistrados do Brasil (AMB) dizendo
Pesquisas têm sido recorrentes, aqui e no mundo, em apontar a insatisfação dos usuários com o funcionamento e resultados do sistema de Justiça, notadamente na área criminal. Indicadores internacionais oscilam em torno de apenas 15% de satisfação. E basta perguntar às vítimas, para respostas insuspeitas. Não é para menos. Culpa, perseguição, imposição, castigo, coerção, são os fatores de um equacionamento muito criticado mas sempre reproduzido na Justiça Penal. Valores cristalizados no ordenamento jurídico, um dos meios pelos quais se traduz o "DNA" de uma cultura autoritária, fundada em mecanismos reducionistas de dominação, controle e subjugação que persistem sendo reeditados através dos séculos como sendo o único modo de responder a transgressões, adequar comportamentos desviantes, pacificar conflitos, fazer Justiça enfim. (BRANCHER; LEOBERTO, 2013)
O Magistrado oferece, de outra sorte, no mesmo texto, a justiça restaurativa como alternativa para este caos jurídico penal
O modelo reabilitador, contraparte dialeticamente professada do modelo meramente punitivo, varia apenas nas estratégias pós-sentença, e tampouco tem oferecido maior esperança. O quadro expansivo de insegurança, medo, violência e degradação é correlato a um sistema jurídico penal obsoleto, do qual o Judiciário não pode mais se esquivar atribuindo à falibilidade dos diplomas legais. Nenhuma dessas hipóteses simplificadoras resolve o complexo problema da jurisdição criminal, em geral, e da composição de conflitos, em particular. (BRANCHER; LEOBERTO, 2013)
É preciso vislumbrar outras lentes para a resolução de conflitos de menor potencial ofensivo, como nos diz Howard Zehr, “a lente através da qual enxergamos, determina o modo como configuraremos o problema e a ‘solução’”.
1.3 A APLICAÇÃO DA PENA PELO ESTADO
Cabe então ao Estado e seu poder inequívoco de punição, aplicar a pena como resposta ao crime cometido, como meio de controle social imposto pela força, fazendo com que a pena transita uma falsa ideia de manutenção da ordem e se tornando indispensável para que se possa pacificar os conflitos existentes na sociedade.
O pensamento limitante de que a aplicação da pena pelo Estado seria a única saída para impor a ordem fez com que o Direito Penal acabasse ficando limitado à essa proposta, impedindo de certa forma a construção de outras saídas para a resolução das lides criminais. E nesse sentido Saliba captou em suas palavras o entendimento social da pena.
a relação entre pena e direito penal é tamanha que a sociedade firmou o entendimento de que sem pena não há direito penal. A necessidade de sua aplicação como resposta ao crime tornou-se incontestável para os juristas penalistas. (SALIBA, 2009, p. 52)
O penalista Edgard Magalhães Noronha bem define: “Punição é pena”, e completa “hoje determinada pelo Estado, detentor do "jus puniendi””.
Desta forma podemos entender que o Sistema Punitivo Brasileiro compreende a reunião de todas as penas previstas na Legislação pátria em vigor, que interagem entre si por meio de normas jurídicas e processo norteado pela Constituição Federal.
A aplicação da pena requer, também, queseja considerado seu efeito no mundo onde os fatos ocorrem. 
Desta forma, como inserto no Artigo 59 do Código Penal Brasileiro, o Juiz, ao aplicar a pena, deve fazê-lo
O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Temos que o ato do magistrado deve ser proporcionado ao “necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime"; e que deve levar em conta a conduta social do agente, os motivos, circunstâncias e consequências do crime.
Por sua vez, o artigo 1º da Lei de Execução Penal diz que “A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do internado.”
No mesmo sentido, dispõe a exposição de motivos da Lei de Execuções Penais, no seu item14, que “(...) curva-se o Projeto (...) ao princípio de que as penas e medidas de segurança devem realizar a proteção dos bens jurídicos e a reincorporação do autor à comunidade.”
Por outro lado, fica claro e evidente que na eventual substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos, não se perderá o caráter retributivo, sancionatório e preventivo da pena substituída.
Ferrajoli diz que as teorias absolutas da pena enfocam a retribuição, enquanto as teorias relativas tratam a pena como meio de prevenção ao crime. Neste sentido podemos concluir que o Código Penal Brasileiro adotou uma solução mista, unindo as duas teorias. No entanto, podemos observar que por efeito esta saída não tem se mostrado eficaz e não atinge o fim social de reeducar e reinserir o infrator à sociedade de forma útil e saudável. (FERRAJOLI; 2010, p. 233)
Beccaria, em tempo remoto já dizia
É melhor prevenir os crimes do que ter de puni-los; e todo legislador sábio deve procurar antes impedir o mal do que repará-lo, pois uma boa legislação não é senão a arte de proporcionar aos homens o maior bem estar possível e preservá-los de todos os sofrimentos que se lhes possam causar, segundo o cálculo dos bens e dos males da vida. (BECCARIA, CESARE, 2002 p. 75) 
A Teoria Absoluta ou retributiva considera que a pena se esgota na idéia de pura retribuição, tem como fim a reação punitiva, ou seja, responde ao mal constitutivo do delito com outro mal que se impõe ao autor do delito. 
Clauss Roxin, caminha na mesma direção quando narra sua perspectiva sobre a retribuição penal
A teoria da retribuição não encontra o sentido da pena na perspectiva de algum fim socialmente útil, senão em que mediante a imposição de um mal merecidamente se retribui, equilibra e espia a culpabilidade do autor pelo fato cometido. Se fala aqui de uma teoria absoluta, porque para ela o fim da pena é independente, desvinculado de seu efeito social. (ROXIN, CLAUSS; 1997 p. 81-82)
Este é o momento em que o Estado assume a pena como resposta à uma sociedade faminta pelo cumprimento de seu dever de garantia aos direitos fundamentais, ao exercer o controlo social geral e o controle da repressão individual.
Diante desta ação, a sociedade legitima a ação retributiva do Estado, que, focado no castigo, entrega aos cidadãos o que eles pedem: punição, a pena como retaliação, reparando o crime com a condenação e cárcere do infrator.
A realidade do nosso sistema punitivo demonstra que nenhuma das teorias da pena consegue cumprir os objetivos a que se dispõem, como expressar uma potencialidade reeducativa, dissuasória ou de denunciação, como bem explicita Leonardo Sica
Tivesse o direito penal qualquer capacidade de prevenir crimes pela reinserção do condenado ou pela dissuasão da generalidade dos cidadãos, algum efeito prático já teria sido notado, uma vez que todas as formas de reforço qualitativo e quantitativo das penas têm sido implementadas há tempos. Em suma, as prisões estão lotadas e lotando-se cada vez mais, sem que isso tenha abatido a criminalidade. (SICA; LEONARDO 2003, p 190)
Neste mesmo sentido, Zaffaroni, ao falar sobre pena, diz que a mesma, significa sofrimento, aflição, e é a vitrificada manifestação do poder estatal, despida de qualquer racionalidade. 
A pena (...), como instrumento órfão de racionalidade, há vários séculos procura um sentido e não o encontra, simplesmente porque não tem sentido a não ser como manifestação de poder. (1927, p. 204)
No ensinamento de Bittencourt verificamos então que a legitimidade da pena se encontra condicionada a qualquer finalidade além da própria punição, existindo e se justificando em si apenas como retribuição ao crime praticado.
Por meio da imposição da pena absoluta não é possível imaginar nenhum outro fim que não seja o único e exclusivamente o de realizar a justiça. A pena é um fim em si mesmo. Há uma compensação entre o crime e a pena, sendo esta simplesmente a consequência jurídico-penal do delito praticado. (BITTENCOURT, CEZAR ROBERTO; 2011, p.106) 
E complementa ressaltando a grande dificuldade de ressocialização daquele que sofreu uma sanção penal em relação aos que não sofreram, segundo ele, “a prisão não ressocializa ninguém, porque não nasceu para ressocializar ninguém. A sua verdadeira função está condicionada a sua origem histórica de instrumento assegurador da desigualdade social”. Para Bitencourt, 
A estigmatização e o etiquetamento que sofre o delinquente com seu encarceramento tornam muito pouco provável sua reabilitação. Depois de iniciada uma carreira delitiva, é muito difícil conseguir a ressocialização de alguém. O sistema penal desintegra os socialmente frágeis e os marginalizados. Entre os delinquentes e a sociedade, levanta-se um muro que impede uma concreta solidariedade com os delinquentes ou inclusive entre estes mesmos. A separação entre honestos e desonestos, que ocasiona o processo de criminalização, é uma das funções simbólicas do castigo e um fator que impossibilita a realização do objetivo ressocializador. O sistema penal conduz à marginalização do delinquente; os efeitos diretos e indiretos da condenação produzem, em geral, a marginalização do indivíduo. Esta marginalização se aprofunda ainda mais durante a execução da pena. Nessas condições, é utópico pretender ressocializar o delinquente. (BITTENCOURT, 2011, p. 125)
Podemos concluir que a coerção penal, em si, não é instrumento que, notoriamente, evite o caos social ou venha a diminuir a criminalidade. Certo é que o castigo não conduz à prevenção. Mesmo que a racionalidade penal moderna tenha construído teorias que tentassem dar à pena uma certa legitimação, o que se verifica é que a pena tem, na verdade, função meramente retributiva, com a imposição de sofrimento e estigmatização ao ofensor.
De outra sorte, para Howard Zehr,, um dos pioneiros da justiça restaurativa, gradativas reformas nos processo penal vem sendo implantadas, como no caso das penas alternativas ao encarceramento, monitoração eletrônica, supervisão intensiva, entre outras. No entanto, o autor sustenta que tais medidas não tem se mostrado efetivas no tocante aos resultados. (ZEHR, HOWARD; 2008, p 65)
Ele alega que a culpa pela incapacidade na melhoria do sistema penal recai sobre a forma como o Estado reage à prática do ato danoso, com pressupostos de crime e justiça que estão em descompasso com a experiência real. Zehr aponta como saída para essas dificuldades, a necessidade de ir além das simples penas alternativas,buscando novas formas de enxergar o problema e a solução, por meio de valores diferenciados e não simplesmente técnicas punitivas. 
Do raciocínio de Howard Zehr e sua proposta de mudança do foco do problema surge a dicotomia:
Justiça Retributiva: O crime é uma violação contra o Estado, definida pela desobediência à lei e pela culpa. A justiça determina a culpa e inflige dor no contexto de uma disputa entre ofensor e Estado, regida por regras sistemáticas. 
Justiça Restaurativa: O crime é uma violação de pessoas e relacionamentos. Ele cria a obrigação de corrigir os erros. A justiça envolve a vítima, o ofensor e a comunidade na busca de soluções que promovam reparação, reconciliação e segurança. (ZEHR; HOWARD. 2008, p 45)
Diante destes relatos acadêmicos podemos concluir que a coerção penal, em si, não é instrumento que, notoriamente, evite o caos social ou venha a diminuir a criminalidade. Certo é que o castigo não conduz à prevenção. Mesmo que a racionalidade penal moderna tenha construído teorias que tentassem dar à pena uma certa legitimação, o que se verifica é que a pena tem, na verdade, função meramente retributiva, com a imposição de sofrimento e estigmatização ao ofensor.
A JUSTIÇA RESTAURATIVA NO MUNDO
No cenário internacional as técnicas restaurativas têm sido amplamente empregadas, sendo o Canadá, em 1974, o primeiro país a empregar legalmente a prática restaurativa em dois jovens que praticaram vandalismo contra propriedades em Ontário. (GABRIELLE, MAXWELL; 2005, p. 279)
Segundo SICA, no ano de 2002 a ONU lançou a Resolução 2002/12 com os princípios básicos para utilização de programas de justiça restaurativa em matéria criminal além de conceituar as partes e os processos do sistema restaurativo. Referente resolução, ainda, aconselhou que os Estados implementassem práticas restaurativas sob os seguintes argumentos: 
2. Encoraja os Estados Membros a inspirar-se nos princípios básicos para programas de justiça restaurativa em matéria criminal no desenvolvimento e implementação de programas de justiça restaurativa na área criminal; 
3. Solicita ao Secretário-Geral que assegure a mais ampla disseminação dos princípios básicos para programas de justiça restaurativa em matéria criminal entre os Estados Membros, a rede de institutos das Nações Unidas para a prevenção do crime e programas de justiça criminal e outras organizações internacionais regionais e organizações não-governamentais; 
4. Concita os Estados Membros que tenham adotado práticas de justiça restaurativa que difundam informações e sobre tais práticas e as disponibilizem aos outros Estados que o requeiram; 
5. Concita também os Estados Membros que se apoiem mutuamente no desenvolvimento e implementação de pesquisa, capacitação e outros programas, assim como em atividades para estimular a discussão e o intercâmbio de experiências. 
6. Concita, ainda, os Estados Membros a se disporem a prover, em caráter voluntário, assistência técnica aos países em desenvolvimento e com economias em transição, se o solicitarem, para os apoiarem no desenvolvimento de programas de justiça restaurativa. (SICA; LEONARDO, 2012 p. 82)
Em abril de 2005, em São Paulo, fora aprovada a Carta de Araçatuba prevendo os princípios da justiça restaurativa no Brasil, e reforçando as definições traçadas na Resolução 2002/12 da ONU com o argumento de que a implementação do sistema restaurativo no Brasil significará na “construção de uma sociedade democrática que respeite os direitos humanos e pratique a cultura de paz”. Dessa forma diversos países vão aplicando ao seu sistema criminal práticas restaurativas sendo destaque a África do Sul, Alemanha, Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, Escócia, Estados Unidos, Finlândia, França, Noruega e Nova Zelândia. 
2.1 JUSTIÇA RESTAURATIVA NO BRASIL
No Brasil, a justiça restaurativa ainda não está legalmente regulamentada, sendo recentes as discussões acerca do assunto, tendo, como marco inicial, as primeiras publicações em 2004 e programas implementados por volta de 2006. 
Tramita no Congresso Nacional o Projeto de Lei nº 7006, de 2006, que tem como objetivo “facultar o uso de procedimento de Justiça Restaurativa no sistema de justiça criminal brasileiro, em casos de crimes e contravenções penais”, alterando, para tanto, o Código Penal, Código de Processo Penal e Lei dos Juizados Especiais. 
Entretanto, mesmo sem regulamentação no Brasil, a Justiça Restaurativa possui experiências práticas em alguns estados brasileiros, como é o caso do Distrito Federal, São Paulo e Rio Grande do Sul. (BAQUIÃO, LEANDRA ; 2012)
O Projeto de Lei 7006/2006 define justiça restaurativa como: 
“conjunto de práticas e atos conduzidos por facilitadores, compreendendo encontros entre a vítima e o autor do fato delituoso e, quando apropriado, outras pessoas ou membros da comunidade afetados, que participarão coletiva e ativamente na resolução dosproblemas causados pelo crime ou pela contravenção, num ambiente estruturado denominado núcleo de justiça restaurativa”
De acordo com o projeto, o procedimento restaurativo deverá abranger técnicas de mediação pautadas por princípios restaurativos. Os atos do procedimento terão o diálogo como pressuposto, devendo compreender (1) consultas às partes sobre se querem, voluntariamente, participar do procedimento; (2) entrevistas preparatórias com as partes separadamente; (3) encontros restaurativos objetivando a resolução dos conflitos que cercam o delito. 
Segundo Leonardo Sica (2009), mediação é uma forma de dar resposta ao crime diversa da punição, sendo procedimento extrajudicial, regulado pelo Judiciário, onde a natureza do resultado da mediação é uma obrigação e não uma punição. 
O ofensor assumirá uma obrigação e terá que cumprir, pois não sendo cumprida, o caso voltará ao juiz, que poderá ou não abrir um processo. A mediação poderá resultar num acordo e se esse acordo for suficiente para reparar o dano causado à vítima evita-se o processo penal. (SICA, 2009)
Isso significa que, no caso das práticas, restaurativas, o juiz enviará o caso ao núcleo de justiça restaurativa para que seja resolvido por intermédio de mediador. Este será o facilitador, a pessoa que irá intermediar o diálogo entre outras duas – ofensor e vítima – desde que eles o queiram fazer. (SICA, 2009)
Pallamolla ressalta a necessidade de uma ampla discussão nacional sobre o assunto, a fim de se “evitar a aprovação de uma legislação falha, que tolha o potencial da justiça restaurativa em reduzir os danos causados pelo sistema de justiça criminal e, ao mesmo tempo, incrementar o acesso à justiça”. (2009, P. 145)
A referida autora aponta vários problemas ao projeto de lei 7006, de 2006. No presente trabalho serão apresentadas apenas algumas dessas críticas, a fim de demonstrar a necessidade de preservar na lei que regulamenta a Justiça Restaurativa os seus princípios, e evitar que a sua aplicação se desvincule da sua finalidade. (PALLAMOLLA, 2009)
A primeira crítica está relacionada à regulação da justiça restaurativa, prevista no artigo 1º: 
“Art. 1º Esta lei regula o uso facultativo e complementar de procedimentos de justiça restaurativa no sistema de justiça criminal, em casos de crimes e contravenções penais”. 
Para Pallamolla, o termo “facultativo” não é adequado na medida em que não especifica quais os crimes e contravenções que podem ser resolvidos pelas práticas restaurativas, deixando vaga a sua aplicação. 
Por não definir o âmbito de incidência das práticas restaurativas, a sua aplicação pode ser prejudicada, no momento em que os juízes, promotores públicos e polícia possuam a liberdade de encaminhar apenas casos de pouca relevância, como os de bagatela, a fim de não restringirem a sua atuação. (PALLAMOLLA, 2009)
Por este motivo, se faz necessário estipular a quantidade de pena como critério inicial para a aplicação da justiça restaurativa. Entretanto, este critério inicial deve estar vinculado a outros critérios, tendo em vista ser mais importante a vontade das partesemparticipar do processo restaurativo do que, especificamente, a gravidade do delito cometido. (PALLAMOLLA, 2009)
Outra forma demonstrada por Pallamolla para evitar a resistência às práticas restaurativas é incorporar na legislação a obrigatoriedade de fundamentação das decisões que não encaminhem o caso analisado ao núcleo de justiça restaurativa. Isso pode acontecer devido à resistência das autoridades judiciárias em reduzir sua atuação. (PALLAMOLLA, 2009)
O Art. 4º prevê que:
“Art. 4° - Quando presentes os requisitos do procedimento restaurativo, o juiz, com a anuência do Ministério Público, poderá enviar peças de informação, termos circunstanciados, inquéritos policiais ou autos de ação penal ao núcleo de justiça restaurativa”.
As críticas a este artigo referem-se à condição de enviar o caso ao núcleo de práticas restaurativas apenas com a anuência do Ministério Público. Isso poderia constituir obstáculo à pratica restaurativa, considerando o perfil punitivo do Ministério Público. Além disso, há também a questão do envio dos documentos utilizados no processo judicial para o núcleo restaurativo. O problema visto neste caso é a possibilidade de indução do processo restaurativo a mera reprodução do processo judicial.
O Art. 6º do Projeto de Lei 7006 prevê que:
“Art. 6º O núcleo de justiça restaurativa será composto por uma coordenação administrativa, uma coordenação técnica interdisciplinar e uma equipe de facilitadores, que deverão atuar de forma cooperativa e integrada.
§ 1º À Coordenação administrativa compete o gerenciamento do núcleo, apoiando as atividades da coordenação técnica interdisciplinar.
§ 2º. - À coordenação técnica interdisciplinar, que será integrada por profissionais da área de psicologia e serviço social, compete promover a seleção, a capacitação e a avaliação dos facilitadores, bem como a supervisão dos procedimentos restaurativos”.
§ 3º – Aos facilitadores, preferencialmente profissionais das áreas de psicologia e serviço social, especialmente capacitados para essa função, cumpre preparar e conduzir o procedimento restaurativo”.
Em relação a este artigo, Pallamolla sugere que sejam capacitados mediadores da comunidade, com o objetivo de desmistificar a idéia de que as práticas restaurativas são, apenas, mais um procedimento vinculado ao processo judiciário, bem como tornar a comunidade mais próxima do núcleo restaurativo113. 
Dentre as críticas de Pallamolla, a autora reafirma a necessidade de “discussão a respeito da institucionalização da justiça no Brasil”, bem como, ressalta a preocupação de que os princípios restaurativos estejam fielmente representados na lei, como forma de preservar a essência e aplicação das práticas restaurativas, não a desvirtuando dos seus objetivos. 
Ressalta, ainda, que a experiência dos programas de justiça restaurativa são de grande importância na construção dos debates a fim de encontrar a melhor forma de implementar a justiça restaurativa no sistema judicial brasileiro. (PALLAMOLLA, 2009)
3 O SURGIMENTO DE UM NOVO MODELO DE JUSTIÇA PENAL
Ao propor o lançamento de “novas lentes” sobre o conflito, em sua obra“Changing Lenses: A New Focus for Crime and Justice”, (uma das mais consagradas referências bibliográficas sobre o tema), Zehr eleva o crime a uma condição onde antes de ser uma violação à sociedade e ao Estado e sua normatização de controle social, é ele o crime, sim, uma violação primaz às pessoas, devendo, portanto, partir e começar por elas qualquer tipo de solução para o ato infracional. Ele é mais contundente e cita a sociedade, mesmo não sendo ela este ponto de partida para reflexão, como principal interessa no resultado, devendo se envolver efetivamente, tendo assim uma função a desempenhar. (ZEHR, HOWARD; 2005)
Para Leonardo Sica, a justiça restaurativa é mais que uma forma de resolução de conflito, ela impõe uma nova forma de pensar o crime
Primeira premissa importante: quando falamos sobre a introdução da Justiça Restaurativa, não nos referimos simplesmente à escolha de novos métodos de resolução dos conflitos ou mecanismos de alívio do judiciário, e tampouco ao debate de uma teoria penal. A abordagem remete à elaboração de um novo paradigma de justiça penal que influa (e altere) decisivamente na nossa maneira de pensar e agir em relação à questão criminal. (2009, p 98.)
Renato Socrates Gomes Pinto, renomado jurista chama atenção para o crescimento da criminalidade e a violência que toma conta do mundo contemporâneo e, para ele, a humanidade “se vê frente a um fenômeno que deve encarado em sua complexidade”. Para ele, só com criatividade poderemos enfrentar esse problema
É preciso avançar para um sistema flexível de justiça criminal, com condutas adequadas à variedade de transgressões e de sujeitos envolvidos, num salto de qualidade, convertendo um sistema monolítico, de uma só porta, para um sistema multi-portas que ofereça respostas diferentes e mais adequadas à criminalidade. É chegada a hora de pensarmos não apenas em fazer do Direito Penal algo melhor, mas algo melhor do que o Direito Penal, como pedia Radbruch. E nos perguntamos se a justiça restaurativa não seria uma dessas portas, com abertura para uma resposta adequada a um considerável número de delitos.(PINTO; RENATO GOMES; 2008)
 Complementando, o nobre jurista reafirma sua crença na real alternativa que a justiça restaurativa oferece à sociedade
A justiça restaurativa é um luz no fim do túnel da angústia de nosso tempo, tanto diante da ineficácia do sistema de justiça criminal como a ameaça de modelos de desconstrução dos direitos humanos, como a tolerância zero e representa, também, a renovação da esperança. E promoverá a democracia participativa na área de Justiça Criminal, uma vez que a vítima, o infrator e a comunidade se apropriam de significativa parte do processo decisório, na busca compartilhada de cura e transformação, mediante uma recontextualização construtiva do conflito, numa vivência restauradora. O processo atravessa a superficialidade e mergulha fundo no conflito, enfatizando as subjetividades envolvidas, superando o modelo retributivo, em que o Estado, figura, com seu monopólio penal exclusivo, como a encarnação de uma divindade vingativa sempre pronta a retribuir o mal com outro mal. (PINTO; RENATO GOMES; 2008)
3.1 CONCEITUANDO JUSTIÇA RESTAURATIVA
O termo em si, não é novo, a denominação justiça restaurativa é atribuída a Albert Eglash, que, em 1977, escreveu um artigo intitulado Beyond Restitution: Creative Restitution, publicado numa obra por Joe Hudson e Burt Gallaway, denominada Restitution in Criminal Justice. Eglash sustentou, no artigo, que havia três respostas ao crime - a retributiva, baseada na punição; a distributiva, focada na reeducação; e a restaurativa, cujo fundamento seria a reparação (BRANDÃO, 2010).
E o conceito segue:
A prática restaurativa tem como premissa maior reparar o mal causado peia prática do ilícito, que não é visto, a priori, como um fato jurídico contrário á norma positiva imposta pelo Estado, mas sim como um fato ofensivo à pessoa da vítima e que quebra o pacto de cidadania reinante na comunidade. Portanto, o crime, para a justiça restaurativa, não é apenas uma conduta típica e antijurídica que atenta contra bens e interesses penalmente tutelados, mas, antes disso, é uma violação nas relações entre infrator, a vítima e a comunidade, cumprindo, por isso, ã Justiça Restaurativa identificar as necessidades e obrigações oriundas dessa relação e do trauma causado e que deve ser restaurado (BRANDÃO, 2010).
Tal direcionamento também é presente na diversidade de conceituações que afloram em meio a esta ainda tenra matéria, que se desenvolve e se aperfeiçoa diuturnamente à medida que se instaura na sociedade moderna. Mesmo assim, é claro o entendimento de que o foco fica na solução do conflito de forma pacífica de modo que se tenha a reparação do dano e a pacificação social. Trata-se de um sistema no qual o infrator e a vítima, por intermédio do diálogo ecom a intervenção de membros da comunidade, buscam uma solução pacífica para o problema causado. A preocupação com a vítima e a comunidade envolvida também pontuam o tema, como vemos
Tal justiça, portanto, é fruto de uma conjuntura complexa, pois recebeu influência de diversos movimentos: o que contestou a instituições repressivas e mostrou seus efeitos deletérios (como o abolicionismo); o que (re) descobriu a vítima (vitimologia); e o que exaltou a comunidade, destacando suas virtudes (PALLAMOLLA. 2009, p. 36).
A voluntariedade e informalidade figuram entre os princípios utilizados para que a comunidade e o público atingido usem técnicas de mediação, conciliação ou transação para a obtenção de sucesso entre as partes.
Por outro lado, Leonardo Sica apresenta assim seu conceito de Justiça Restaurativa;
[...] um processo por meio do qual todas as partes com interesse em uma particular situação problemática encontram-se para resolver coletivamente como lidar com as consequências do fato (crime, ofensa, conflito) e suas implicações futuras (2007, p. 12).
Outros autores como Marcelo Gonçalves Saliba, se detêm também na explicação que a doutrina vem cunhando a partir de pontos em comum:
Processo de soberania e democracia participativa numa justiça penal e social inclusiva, perante o diálogo das partes envolvidas no conflito e comunidade, para melhor solução que o caso requer, analisando-o em suas peculiaridades e resolvendo-o em acordo com a vítima, o desviante e a comunidade, numa concepção de direitos humanos extensíveis a todos, em respeito ao multiculturalismo e à autodeterminação (2009, p.148).
Uma certeza também permeia todos, a de que é necessário um novo paradigma uma nova forma de ver a infração com um objetivo mais realista, não reconhecendo este como forma abstrata de que o sujeito comete um crime o Estado pune, mas, de outra sorte, o Estado e o "criminoso” são as partes no processo. Deve-se entender que o crime é um dano a pessoa a ao seu relacionamento, e que o crime esta ligado a outros danos. A justiça devera se concentrar não só neste rompimento, mas sim em uma restauração. Segundo Howard Zehr
O crime é uma violação de pessoas e relacionamento. Ele cria a obrigação de corrigir os erros. A justiça restaurativa envolve a vítima o ofensor e a comunidade na busca de soluções que promovam reparação, reconhecimento e separação (2008, p 170).
A justiça restaurativa funda-se não só no ato de culpado ou inocente, mas sim por uma compreensão mais ampla, todos os envolvidos tendo esse entendimento, e todos ouvidos se faz necessário uma solução para esse conflito, que pode ser resolvido por um simples pedido de desculpa, pois vai além dos danos materiais, transforma a realidade dos envolvidos da comunidade em que o infrator e a vítima vivem estreitando laços, pois o entendimento busca um equilíbrio de poder entre as partes participantes, valorizando o processo mais do que o resultado. Conforme Eduardo Rezende Melo
Da parte da Justiça, quando a elas chegam os conflitos, a justiça restaurativa não apenas dialoga com princípios garantistas, fazendo com que os encaminhamentos a círculos se dêem em audiência de oitiva informal, nos moldes da audiência preliminar do Juizado Especial Criminal - com a presença do juiz, promotor e advogado, além de assistente social -, como implica ainda uma transformação de paradigma no modo de resolução dos conflitos, valorizando a participação dos envolvidos no conflito para sua solução, procurando, com isso, evitar a estigmatização. Assim, sempre que reconhecimento de responsabilidade e disposição efetiva de encontro por parte de adolescente, vítima e seus grupos familiares, o processo é suspenso para a tomada de decisão sobre a melhor maneira de reparação dos danos e atendimento das necessidades de todos os afetados (adolescente e vítima, sobretudo) em círculo restaurativo. (2008, p. 4)
Essa medida restauradora trata-se é uma alternativa com caráter educativo que permite ao "criminoso" o reconhecimento de sua conduta, de seu valor como pessoa, a importância do respeito ao próximo, assim como, o instiga a um processo de conscientização, através de uma ação-reflexão, assumindo seu papel de sujeito e chegando a uma apreensão crítica de sua realidade, conduta e escolhas.
Para Bianchini, as relações são a “chave” do processo restaurativo, uma vez que:
Trata-se de uma abordagem do delito que envolve a vítima, o delinquente e a comunidade - sociedade - visando estabelecer relações sadias e restruturação da paz social, além de reparar os danos materiais e imateriais causados pela transgressão (2012,p.99).
Em 2002, buscando difundir e proceder orientação quanto à Justiça Restaurativa, o Conselho Econômico e Social da ONU (Organização das Nações Unidas) editou a Resolução 2002/12, na qual definiu esta forma alternativa de resolução de conflitos como
[...] qualquer processo no qual a vítima e o ofensor, e, quando apropriado, quaisquer outros indivíduos ou membros da comunidade afetados por um crime, participam ativamente na resolução das questões oriundas do crime, geralmente com a ajuda de um facilitador. Os processos restaurativos podem incluir a mediação, a conciliação, a reunião familiar ou comunitária (conferencing) e círculos decisórios (sentencing circles).
Já para Pedro Scuro Neto, 
“fazer justiça” do ponto de vista restaurativo significa dar resposta sistemática às infrações e a suas conseqüências, enfatizando a cura das feridas sofridas pela sensibilidade, pela dignidade ou reputação, destacando a dor, a mágoa, o dano, a ofensa, o agravo causados pelo malfeito, contando para isso com a participação de todos os envolvidos (vítima, infrator, comunidade) na resolução dos problemas (conflitos) criados por determinados incidentes. Práticas de justiça com objetivos restaurativos identificam os males infligidos e influem na sua reparação, envolvendo as pessoas e transformando suas atitudes e perspectivas em relação convencional com sistema de Justiça, significando, assim, trabalhar para restaurar, reconstituir, reconstruir; de sorte que todos os envolvidos e afetados por um crime ou infração devem ter, se quiserem, a oportunidade de participar do processo restaurativo (2000, p. 102). 
Com esta breve reunião de ensinamentos concluímos que a Justiça Restaurativa é uma alternativa ao tratamento do crime, que busca na interatividade entre os envolvidos uma explicação harmoniosa que vise o reequilíbrio social a ser desenvolvida por mediação e reuniões restaurativas.
Em uma análise essencial, descrevemos a justiça restaurativa pelas suas características marcantes na resolução de conflitos, seja na participação direta e ativa das partes envolvidas, o “tripé”, vítima, ofensor e comunidade; ou a maneira como os conflitos são resolvidos de modo a reparar/restituir efetivamente o dano resultante da infração, ou ainda a peculiaridade da proposta de acordo entre as partes, sua própria voluntariedade e a reintegração social de vítima e ofensor, resgatando a convivência de paz no ambiente do crime, todos estes motivos elencados, fazem da justiça restaurativa uma verdadeira alternativa ao sistema criminal brasileiro, no que tange aos crimes de menor potencial ofensivo.
3.2 FALANDO DE VALORES EM JUSTIÇA RESTAURATIVA
A Justiça como valor representa uma necessidade vital do ser humano. Tão vital que foi considerada pelos antigos, ao lado da coragem, da prudência e da temperança, como uma das virtudes capitais. Talvez, entre elas, a Justiça seja a mais importante, pois é capaz de iluminar as demais, dando sentimento às ações humanas, podendo ser esta, sua maior função.
O exercício da função de justiça não se limita ao campo institucional das atividades judiciais, mas perpassa todas as instâncias de relacionamento sociais em que normas são transgredidas e/ou tomadas decisões a respeito de conflitos interpessoais. Essa função se exerce, aliás, até mesmo no campo da consciência de cada indivíduo que reexamina seus próprios atos.
A justiça comovalor nada mais é que o modo como expressamos nossos valores preferenciais, significa lançar um olhar reflexivo sobre o modo como são resolvidos os conflitos e como são respondidas as transgressões, onde quer que seja que essa função seja exercida. Estamos o tempo todo, em nosso dia-a-dia, questionando os nossos próprios valores e a importância deles em nossa vida em sociedade.
Só existem práticas restaurativas se houver a expressão dos principais valores que compõem a justiça restaurativa. Só existirá restauração de laços se “respeito, honestidade, humildade, cuidados mútuos, responsabilidade e verdade”, nos dizeres de Chris Marshall, Jim Boyack e Helen Bowen, autores que abordam a justiça restaurativa pelo enfoque de seus valores e veem neste ponto a principal diferença entre justiça restaurativa e justiça retributiva. 
Para eles o processo é inseparável, “são os valores que determinam os processo e o processo é o que torna visíveis os valores”. Ou seja, qualquer prática de justiça que reflita esses valores é considerada restaurativa. 
E é isso que torna prudente ampliar o espectro de melhores práticas à concentrá-las em um único procedimento válido para todos os cenários. 
O trio de autores vê proveito sobre a justiça restaurativa quando ela permite
Especificar valores e virtudes que inspiram a visão da Justiça Restaurativa; -descrever como estes ideais encontram expressão em padrões concretos de prática; -identificar as habilidades que os praticantes necessitam para iniciar e guiar interações que expressem valores da justiça restaurativa; e afirmar que os valores e princípios da justiça restaurativa devem moldar a natureza dos relacionamentos entre os operadores de justiça restaurativa e todas as outras partes com um genuíno interesse no assunto, incluindo agências governamentais que contratam serviços da justiça restaurativa de operadores da comunidade. (MARSHALL; BOYACK; BOWEN, 2005 p. 270) 
Aí reside a diferença da justiça restaurativa de outras práticas de resolução de conflito, justamente nos valores que passamos a analisar
3.2.1 Participação
Os principais oradores do processo restaurativo devem ser justamente as partes mais afetadas: vítimas, ofensores e suas comunidades de interesse. São eles que devem tomar as decisões, em vez de profissionais treinados que representam os interesses do Estado. Deve-se valorizar a presença de todos de modo igual.
É a ação de participar ou de intervir, tomar parte em algum ato jurídico, em qualquer condição. É, portanto, a ação de ser parte, ou ter cooperado para que alguma coisa se fizesse ou fosse feita. (SILVA, 2006 p.1007) 
3.2.2 Respeito
A humanidade convive partindo do pressuposto de que todos somos iguais, não temos diferenças, independemos de nossos atos, de nossa raça ou qualquer outro marcador para que tenhamos nosso valor de pensamento respeitado.
Só o respeito entre as partes é capaz de gerar confiança e boa fé.
Reconhecimento da dignidade própria ou alheia e comportamento inspirado nesse reconhecimento. Demócrito foi o primeiro a transformar o respeito em princípio de ética: “Não deves ter para com os outros homens mais respeito que para contigo mesmo, nem agir mal quando ninguém o saiba mais do que quando todos o saibam; deves ter para contigo o máximo respeito e impor à tua alma a seguinte lei: não fazer o que não se deve fazer”. O respeito recíproco e a justiça são, assim entendidos, os dois ingredientes fundamentais da “arte política”, que é a técnica de vida em comunidade. (ABBAGNANO, 2007 p. 1008) 
3.2.3 Honestidade
Ser honesta e falar de modo honesto é essencial para se fazer justiça. A verdade é mister na resolução dos conflitos restaurativos, pois as pessoas precisam falar abertamente sobre sua experiência relativa à transgressão e seus sentimentos sobre o fato.
Derivado do latim honestus, de honos (consideração, respeito, estima), é a qualidade de tudo que é honesto ou de tudo que se faz conforme a decência, recato e honra. É a prática da virtude: honestatem exerce. (SILVA, 2006 p.1007) 
3.2.4 Humildade
O ser humano é falível e vulnerável e a aceitação destes, digamos, defeitos, colabora para que todos se coloquem nesta condição diante do processo restaurativo. Empatia e cuidados mútuos, tão presentes no processo restaurativo eficiente, são manifestações de humildade.
Falta de espírito de competição e vanglória, segundo São Paulo. Tomás de Aquino considerava a humildade como a parte da virtude „que tempera e freia o ânimo, a fim de que ele não tenda desmesuradamente às coisas mais altas‟ e veja nelas o complemento da magnanimidade que fortalece o ânimo contra o desespero e impele-o a perseguir as grandes coisas, de acordo com a reta razão. Hegel afirmava que a humildade é a consciência de Deus e da sua essência como amor (ABBAGNANO, 2007 p. 604) 
3.2.5 Interconexão
Ao enfatizar a liberdade individual e a responsabilidade, a justiça restaurativa reconhece os laços em comum que unem vítima e agressor e os reconhece como membros valorosos da comunidade.
E é justamente essa interligação social que faz os membros compartilharem suas responsabilidades. O aspecto social que o crime adquire, acaba envolvendo todos e os interligando de um modo ou de outro. Ademais, a responsabilidade compartilhada faz brotar uma vontade maior de restaurar as mazelas da vítima e reintegrar o ofensor.
Indica a existência de uma relação tão íntima entre duas coisas, que uma não pode ser objeto de conhecimento perfeito, sem que também se tome conhecimento da outra. Essa relação íntima e de dependência entre duas coisas, ligando-as de forma que não podem ser desunidas, para serem estudadas em separado, pois a vida de uma depende da outra ou vice-versa é que estrutura a conexão (SILVA, 2006 p.339)
3.2.6 Responsabilidade
Ao causar um dano deliberado em outro ser humano, esta pessoa assume para com seu ato, tendo obrigação moral de aceitar esta responsabilidade. O ofensor deve aceitar essa obrigação, expressando remorso em suas ações e buscando a reparação do prejuízo. Esta resposta do ofensor prepara o caminho para a reconciliação das partes.
Ampla significação, revela o dever jurídico, em que se coloca a pessoa, seja em virtude de contrato, seja em face de fato ou omissão, que lhe seja imputado, para satisfazer a prestação convencionada ou para suportar as sanções legais que lhe são impostas. Onde quer, portanto, que haja a obrigação de fazer, dar ou não fazer alguma coisa, de ressarcir danos, de suportar sanções legais ou penalidades, há a responsabilidade, em virtude da qual se exige a satisfação ou o cumprimento da obrigação ou da sanção. (SILVA, 2006 p.1222)
3.2.7 Empoderamento
Autodeterminação e autonomia de vida são inerentes ao ser humano em sua trajetória de vida. O efeito que o crime tem na vida das pessoas tira este poder das vítimas, visto que outrem exerceu este controle sem seu consentimento. O papel da justiça restaurativa é o de devolver este poder, dando voz ativa às vitimas para determinar suas necessidades e satisfações. Os ofensores também se empoderam ao se tornarem responsáveis por suas ofensas e capazes de fazer algo que possa repará-las.
“Poder é derivado do latino posse (poder, ter poder, ser capaz). É a expressão utilizada na terminologia jurídica nas mesmas condições em que se usa na linguagem corrente: isto é, como verbo e como substantivo. Como verbo, é tomado no sentido de ser autorizado, ser permitido, dar autoridade, faculdade, ter autoridade. Como substantivo, significa o domínio e a posse, tida sobre certas coisas, ou a faculdade, permissão, força ou autorização, para que se possam fazer ou executar certas coisas” (SILVA, 2006 p.1049)
3.2.8 Esperança
Não importa a força e a intensidade da ofensa, sempre é possível a recuperação por meio da resposta da comunidade em acreditar na força que tem ao emprestar solidariedade e apoio para quem está sofrendo. Essa significação na justiça restaurativa vai além, pois não pretende criminalizar atos passados,mas sim as necessidades presentes e preparar o futuro. Esperança é cura para as vítimas e oportunidade para agressores.
“Uma das emoções fundamentais. Impulso primordial da vida, ou seja, a mola que leva o ser humano a transcender o presente em direção ao futuro. Tal impulso que nasce da incompletude, não é algo puramente humano, mas concerne a própria estrutura do ser: Expectativa, esperança, intenção em direção a uma possibilidade que ainda não veio a ser são não só uma característica fundamental interna à realidade objetiva no seu conjunto (ABBAGNANO, 2007 p. 604)
3.3 PRINCÍPIOS DA JUSTIÇA RESTAURATIVA
Tudo aquilo que nos propomos a estudar tem um ponto de partida, os princípios. A partir deles poderemos alcançar o conhecimento de um modo ordenado e seguro.
É preciso determinar a regra geral à qual a matéria está sujeita, ou as teorias que guiam o assunto. No ensino de Miguel Reale, princípios:
são verdades fundantes de um sistema de conhecimento, como tais admitidas, por serem evidentes ou por terem sido comprovadas, mas também por motivos de ordem prática de caráter operacional, isto é, como pressuposto exigidos pelas necessidades da pesquisa e da práxis. (REALE, MIGUEL; 2009, p 299)
Na justiça restaurativa, a positivação dos princípios se dá de modo diferente em cada país onde ela é aplicada. Pela aridez de definições objetivas, a matéria se encontra regida pelos seguintes princípios que serão vistos a seguir.
3.3.1 Princípio da Voluntariedade
É preciso que os envolvidos sejam encorajados a participar do processo de restauração das relações para que as mazelas possam ser superadas. O método restaurativo não pode ser obrigatório em hipótese alguma.
O princípio da voluntariedade reflete a atuação dos envolvidos voluntariamente, sem que sofram coação, constrangimento ou obrigatoriedade. Dessa forma, no momento em que as autoridades sugerirem a resolução do conflito por meio da justiça restaurativa, as partes devem ser esclarecidas sobre o método, o que representa os direitos envolvidos e a forma de atuação. (BIANCHINI, 2012 p. 119)
3.3.2 Princípio da Consensualidade
A concordância em torno do debate e a diversidade de opiniões que se apresentam são subsidiárias da Voluntariedade, visto que se as partes não concordam com a possibilidade de restauração, o processo se vê comprometido.
o respeito pelo multiculturalismo, sem imposições ou exclusões, é uma barreira intransponível, e um valor a ser difundido pela Justiça Restaurativa; a aproximação de pessoas que compõem comunidades diversas e possuem culturas diferentes não é tarefa fácil e talvez seja até utópica, mas a proposição de estabelecer o respeito e a convivência pacífica é uma proposta desejável, que somente se mostra possível pelo consenso.(SALIBA, MARCELO; 2009, p. 154)
3.3.3 Princípio da Confidencialidade
O sigilo e a forma confidencial como as informações são compartilhadas durante a abordagem restaurativa devem ser norteadas pela ética, para poder garantir de modo ético uma certa tranquilidade às partes envolvidas. É preciso que as partes estejam à vontade para exercer sua vontade.
A exposição dos acordos alcançados deve abranger as autoridades responsáveis pela organização, fiscalização e pelo auxílio no cumprimento, não caracterizando a quebra de sigilo o acesso às informações pelos agentes relacionados ao procedimento. (BIANCHINI, 2012 p. 128)
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3.3.4 Princípio da Celeridade
Para que funcione, é preciso que seja executado de forma rápida, de modo a não agravar ainda mais o trauma causado pelo delito. Este princípio é ligado diretamente à efetividade do procedimento, visto que é justamente esta celeridade que é buscada pelo via alternativa de resolução de conflitos proposta pela justiça restaurativa.
A justiça restaurativa deve apresentar maior celeridade de execução. O procedimento restaurativo apresenta rapidez inerente ao instituto, tendo em vista a ausência de formalidades desnecessárias que atrasariam seu trânsito, da oralidade dos encontros e da desburocratização. (BIANCHINI, 2012 p. 129)
3.3.5 Princípio da Adaptibilidade
Este princípio tem por objetivo alcançar a maior efetividade possível no procedimento, utilizando-se do melhor método possível de acordo como o caso concreto.
A flexibilidade da Justiça Restaurativa é importante na escolha do melhor procedimento a ser aplicado às especificidades do caso, a flexibilidade procedimental decorre da gama de requisições que podem ser apresentadas no decorrer da abordagem, sendo necessário conciliar as necessidades de maneira equilibrada. (BIANCHINI, 2012 p. 131)
3.3.6 Princípio da Urbanidade
O cumprimento de regras é uma exigência para o sucesso do processo restaurativo, só assim será possível um bom relacionamento e equilíbrio das relações.
A observância da urbanidade, isto é, do bom comportamento se refere à necessidade de uma evolução do relacionamento no sentido de restauração, o que não haverá caso não esteja presente, durante o procedimento, o respeito entre os envolvidos. (BIANCHINI, 2012 p. 130)
3.3.7 Princípio da Imparcialidade
Por este princípio o conciliador deve compreender e auxiliar todos os envolvidos de modo imparcial, desta forma não facilita ou dificulta a situação para nenhuma das partes
O intermediador não poderá se envolver emocionalmente com as frustações e anseios das partes, bem como não poderá se identificar diretamente com nenhum integrante, pois o seu envolvimento atrapalhará o desenvolvimento restaurativo. (BIANCHINI, 2012 p. 133)
3.4 JUSTIÇA RETRIBUTIVA X JUSTIÇA RESTAURATIVA
Só entenderemos a importância da justiça restaurativa na resolução de determinados conflitos e sua contribuição para a justiça criminal formal se esclarecermos as diferenças entre justiça restaurativa e justiça retributiva. Abordaremos essa fase do estudo sob a ótica de Renato Sócrates (2012) e segundo as variáveis propostas por ele.
3.4.1 Valores
Justiça retributiva: Conceito de crime definido como ato contra a sociedade, que é representada pelo Estado. Interesse público prevalece. Culpa é voltada para o passado. Estigmatização do indivíduo. Estado alheio aos envolvidos. Rigidez no processo.
Justiça restaurativa: Conceito de crime definido como ato contra a vítima. Prevalência do interesse dos envolvidos e da comunidade. Culpa é voltada para o presente e futuro. Comprometimento com a inclusão das partes. Justiça Social. Processo é flexível, com respeito às diferenças. (PINTO, RENATO; 2005 p.25)
3.4.2 Procedimentos
Justiça retributiva: por ser um processo rígido, o seu procedimento é contencioso e contraditório, caracterizado por um ritual solene e público, onde a linguagem é baseada nas normas formais, os atores principais são as autoridades (representando o Estado) e os profissionais do direito (advogado). O processo decisório de resolução do conflito fica sob a responsabilidade dos operadores do Direito (policial, delegado, promotor, juiz, advogado). Há a indisponibilidade da ação penal
Justiça restaurativa: por ser o processo flexível, o rito processual é comunitário, voluntário e colaborativo, com as partes atuando diretamente. Além disso, é informal, mas com confidencialidade. Os atores principais são as partes envolvidas no litígio. (PINTO, RENATO; 2005)
3.4.3 Resultados
Justiça retributiva: o crime é abordado de acordo com os conceitos da prevenção geral e especial, sendo seu foco no infrator, para intimidar e punir. Há a penalização. As penas são as privativas de liberdade, restritivas de direito, multa, havendo uma estigmatização e discriminação do infrator. As penas privativas de liberdade são desarrazoadas e desproporcionais, em regime carcerário desumano, cruel e degradante, sendo uma escola do crime para os infratores. As penas alternativas são ineficazes, não havendo controle sobre os resultados obtidos com a aplicação dessas penas. A vítima e o infrator são desintegrados e desamparados, onde a paz social é obtida com tensão.
Justiça restaurativa: o crime é abordadocom o objetivo de restaurar as relações, tendo como foco o bem estar das partes. Há a preocupação com a reparação do dano, restauração e inclusão das partes envolvidas, resultando em responsabilização espontânea pelo infrator. Vigora o princípio da proporcionalidade e razoabilidade das obrigações assumidas no processo restaurativo. Há a reintegração da vitima e do infrator. A paz social é restabelecida com dignidade. (PINTO, RENATO; 2005)
3.4.4 Efeitos para a vítima
Justiça retributiva: a vítima é alienada da resolução do conflito, pois não há participação, proteção, pouco sabendo sobre o andamento do processo. Não há assistência psicológica, social, econômica ou jurídica do Estado. Esses fatores geram frustração e ressentimento em relação ao sistema.
Justiça restaurativa: a vítima é o centro da resolução do conflito, com um papel e voz ativa. Participa diretamente e tem controle do andamento do processo. assistência, afeto, restituição das perdas materiais e reparação do dano. O saldo é positivo, visto que as necessidades individuais e coletivas da vitima e da comunidade são supridas. (PINTO, RENATO; 2005)
3.4.5 Efeitos para o agressor
Justiça retributiva: o infrator é considerado em relação às suas faltas. Não tem participação, comunicando-se com o sistema por intermédio de seu advogado, sendo desestimulado ou impedido de conversar com a vítima. Não tem informações sobre fatos processuais. Não é efetivamente responsabilizado, apesar da punição. Não tem suas necessidades consideradas.
Justiça restaurativa: o transgressor é visto com potencial para assumir a responsabilidade dos danos e consequências causados pelo seu ato infrator. Tem participação ativa e direta no processo de resolução do conflito, interagindo com a vítima e a comunidade, criando a oportunidade de desculpar-se ao perceber as consequências dos seus atos em relação à vitima. É bem informado em relação aos fatos do processo restaurativo, podendo contribuir para a decisão, pois se encontra envolvido no processo. As suas necessidades são consideradas podendo ser supridas através do processo restaurativo. (PINTO, RENATO; 2005)
Apontadas as diferenças, podemos ter uma maior clareza sobre a importância da justiça restaurativa como alternativa ao sistema penal brasileiro para crimes de menor potencial ofensivo.
CONCLUSÃO
Concluímos então que ao apresentar a justiça restaurativa como uma alternativa viável e racional ao sistema punitivo brasileiro, por meio deste estudo, fizemos abordagens sobre as teorias que embasam este ainda incipiente instituto.
Desta forma verificamos que a justiça restaurativa tem muito a contribuir no exercício da cidadania, tão preconizado em nossa Constituição Federal de 1988 e tão praticado nesta forma de resolução de conflitos que lida com as implicações de um delito sob o viés de reintegração social, envolvendo agressores, vítimas e comunidade. 
A morosidade do judiciário também implica em gastos e sua ação, muitas vezes interfere de modo invasivo na vida das pessoas. No sistema atual o objetivo é a punição do ser humano considerado culpado, por meio da sanção. O Estado representa a vítima, visto que para este paradigma o ato é contra a sociedade e não contra a vítima, tendo no réu o centro das atenções.
Nesse contexto, a Justiça Restaurativa surge como uma forma alternativa de se fazer justiça, em relação a determinados crimes, com um novo olhar sobre a infração, suas consequências e suas formas de resolução dos conflitos, baseadas na ética, no dialogo, na inclusão e responsabilidade social com grande potencial transformador.
São práticas que se tornam relevantes perante uma sociedade vitimada, um sistema penal formal, repressor e falho, que não permite a expressão de sentimentos e emoções vivenciadas fundamentais na construção da restauração das relações sociais.
Por fim, cabe ressaltar que este trabalho teve seu objetivo alcançado quando da análise da possível aplicação da justiça restaurativa como uma forma alternativa à atual forma de resolução de conflitos, tendo em vista que, conforme demonstrado na monografia por meio dos doutrinadores, o método já vem sendo aplicado em outros países e no Brasil.
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