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Dimensionamento de Pilares Intermediários Segundo a NBR 6118/2003 Paulo Sérgio dos Santos Bastos (1), Luttgardes de Oliveira Neto (2) (1) Professor Doutor, Departamento de Engenharia Civil, UNESP - Bauru/SP email: pbastos@feb.unesp.br (2) Professor Doutor, Departamento de Engenharia Civil, UNESP - Bauru/SP email: lutt@feb.unesp.br Endereço para correspondência: UNESP – Departamento de Engenharia Civil, Av. Luiz Edmundo Coube, s/n, 17.033-360 – Bauru/SP Palavras-chave: pilares de edifícios, pilares intermediários, dimensionamento, projeto, normalização. Resumo A nova norma brasileira NBR 6118/2003 introduziu modificações na metodologia de dimensionamento de alguns elementos estruturais, entre eles os pilares de concreto armado. Com o propósito de apresentar e analisar as modificações introduzidas com relação aos pilares, este trabalho mostra como ficou o dimensionamento dos pilares intermediários. Apresentam-se as novas prescrições e os parâmetros de projeto, seguidos por um roteiro prático de dimensionamento. Dois exemplos numéricos são mostrados em detalhes a fim de exemplificar a aplicação das novas prescrições. Os resultados são analisados e comparados com aqueles obtidos segundo a metodologia contida na NBR 6118/78. A comparação dos resultados numéricos, calculados segundo as duas normas, mostra diferenças de armaduras, que vão de zero a até 21 %. 1. Introdução A nova NBR 6118/2003 fez modificações em algumas das metodologias de cálculo das estruturas de concreto armado, como também em alguns parâmetros aplicados no dimensionamento e verificação das estruturas. Especial atenção é dada à questão da durabilidade das peças de concreto. Particularmente no caso dos pilares, a nova norma introduziu várias modificações, como nos valores das excentricidades acidental e de 2a ordem, um maior cobrimento de concreto, uma nova metodologia para o cálculo da esbeltez limite relativa à consideração ou não dos momentos fletores de 2a ordem e, principalmente, com a consideração de um momento fletor mínimo, que pode substituir o momento fletor devido à excentricidade acidental. Como as modificações introduzidas são consideráveis e o texto não se encontra suficientemente detalhado, no caso dos pilares intermediários não ocorrem dúvidas, mas nos pilares de extremidade e de canto surgem algumas dúvidas, que podem originar erros no cálculo de dimensionamento. Outros dois artigos, um sobre pilares de extremidade e outro sobre pilares de canto são também apresentados. Este trabalho descreve os parâmetros de projeto e duas diferentes metodologias propostas na NBR 6118/2003 para o dimensionamento de pilares de concreto armado. Um roteiro de cálculo dos pilares intermediários está também apresentado. São feitos dois exemplos numéricos para verificação e avaliação dos métodos propostos na nova norma, além de uma comparação com os resultados obtidos segundo a NBR 6118/78. 2. Pilares Intermediários Para efeito de projeto, os pilares dos edifícios podem ser classificados nos seguintes tipos: pilares intermediários, pilares de extremidade e pilares de canto (FUSCO, 1981). A cada um desses tipos básicos de pilar corresponde uma situação de projeto ou de solicitação diferente. Nos pilares intermediários (figura 1) considera-se a compressão centrada para a situação de projeto, pois como as lajes e vigas são contínuas sobre o pilar, pode-se admitir que os momentos fletores transmitidos ao pilar sejam pequenos e desprezíveis. Não existem, portanto, os momentos fletores MA e MB de 1a ordem nas extremidades do pilar, como prescritos no item 15.8 da NBR 6118/2003. y x Nd Figura 1 - Arranjo estrutural e situação de projeto dos pilares intermediários. 3. Imperfeições Geométricas Locais “No caso da verificação de um lance de pilar, deve ser considerado o efeito do desaprumo ou da falta de retilinidade do eixo do pilar” (item 11.3.3.4.2). “Admite-se que, nos casos usuais, a consideração apenas da falta de retilinidade ao longo do lance do pilar seja suficiente.” A imperfeição geométrica local pode ser avaliada pelo ângulo: H100 1 1 =θ (Equação 1) com: H = altura do lance, em metro, conforme mostrado na figura 2; ⎩⎨ ⎧ ⇒ ⇒=θ locais esimperfeiçõ e móveis nós de estruturas para 300/1 fixos nós de estruturas para 400/1 mín1 θ1máx = 1/200 PLANTA SITUAÇÃO DE PROJETO Elemento de travamento θ θl l Hl Pilar de contraventamento Pilar contraventado l Hl/2 ea θl ea θ a) Elementos de travamento b) Falta de retilinidade c) Desaprumo do pilar (tracionado ou comprimido) no pilar Figura 2 - Imperfeições geométricas locais. A excentricidade acidental para um lance do pilar resulta do ângulo θ1 : 2 He 1a θ= (Equação 2) 4. Momento Fletor Mínimo A NBR 6118/2003 introduziu um parâmetro novo no cálculo dos pilares: o momento fletor mínimo, o qual consta no código ACI 318 (1995) como equação 10-15. Segundo o código, “a esbeltez é levada em consideração aumentando-se os momentos fletores nos extremos do pilar. Se os momentos atuantes no pilar são muito pequenos ou zero, o projeto de pilares esbeltos deve se basear sobre uma excentricidade mínima”, dada pelo momento mínimo. Na NBR 6118/2003 consta que “o efeito das imperfeições locais nos pilares pode ser substituído em estruturas reticuladas pela consideração do momento mínimo de 1a ordem dado a seguir” (item 11.3.3.4.3): )h03,0015,0(NM dmín,d1 += (Equação 3) com h sendo a altura total da seção transversal na direção considerada, em metro. A NBR 6118/2003 ainda informa que ao se considerar o momento fletor mínimo pode-se desconsiderar a excentricidade acidental ou o efeito das imperfeições locais, e que ao momento mínimo devem ser acrescidos os momentos de 2a ordem, descritos no item 6 deste artigo. 5. Análise dos Efeitos Locais de 2a Ordem “Sob a ação das cargas verticais e horizontais, os nós da estrutura deslocam-se horizontalmente. Os esforços de 2a ordem decorrentes desses deslocamentos são chamados efeitos globais de 2a ordem. Nas barras da estrutura, como um lance de pilar, os respectivos eixos não se mantém retilíneos, surgindo aí efeitos locais de 2a ordem que, em princípio, afetam principalmente os esforços solicitantes ao longo delas” (item 15.4.1). “As estruturas são consideradas, para efeito de cálculo, como de nós fixos, quando os deslocamentos horizontais dos nós são pequenos e, por decorrência, os efeitos globais de 2a ordem são desprezíveis (inferiores a 10 % dos respectivos esforços de 1a ordem). Nessas estruturas, basta considerar os efeitos locais e localizados de 2a ordem” (item 15.4.2). “A análise global de 2a ordem fornece apenas os esforços nas extremidades das barras, devendo ser realizada uma análise dos efeitos locais de 2a ordem ao longo dos eixos das barras comprimidas”. Os elementos isolados, para fins de verificação local, devem ser formados pelas barras comprimidas retiradas da estrutura, com comprimento le , porém aplicando-se às suas extremidades os esforços obtidos através da análise global de 2a ordem (item 15.7.4). Neste artigo, admite-se que os pilares sejam de nós fixos, onde basta considerar os efeitos localizados de 2a ordem. “Os efeitos locais de 2a ordem em elementos isolados podem ser desprezados quando o índice de esbeltez for menor que o valor limite λ1” (item 15.8.2), calculado pela expressão: b 1 1 h e5,1225 α + =λ (Equação 4) onde: e1 = excentricidade de 1a ordem (não inclui a excentricidade acidental ea); h/e1 = excentricidade relativa de 1 aordem; 9035 1 b ≤λ≤α (Equação 5) Deve-se ter pilar de seção e armadura constantes ao longo do eixo longitudinal. O valor de bα deve ser obtido conforme estabelecido a seguir: a) para pilares biapoiados sem cargas transversais 40,0 M M40,060,0 A B b ≥+=α (Equação 6) onde: 1,0 ≥ αb ≥ 0,4 MA e MB são os momentos de 1a ordem nos extremos do pilar. Deve ser adotado para MA o maior valor absoluto ao longo do pilar biapoiado e para MB o sinal positivo, se tracionar a mesma face que MA , e negativo em caso contrário. b) para pilares biapoiados com cargas transversais significativas ao longo da altura 1b =α c) para pilares em balanço 85,0 M M20,080,0 A C b ≥+=α (Equação 7) onde: MA = momento de 1a ordem no engaste; MC = momento de 1a ordem no meio do pilar em balanço. d) para pilares biapoiados ou em balanço com momentos menores que o momento mínimo 1b =α O fator αb consta do ACI 318 (1995) com a notação Cm (item 10.12.3.1). Porém, ao contrário da NBR 6118/2003, que também considera a excentricidade relativa e1/h, tanto o ACI como o Eurocode 2 (1992) e o MC-90 (1990) do CEB, calculam a esbeltez limite em função da razão entre os momentos fletores ou entre as excentricidades nas extremidades do pilar. 6. Determinação dos Efeitos Locais de 2a Ordem “O cálculo pode ser feito pelo método geral ou por métodos aproximados. O método geral é obrigatório para λ > 140” (item 15.8.3). A norma apresenta quatro diferentes métodos aproximados, sendo eles: método do pilar-padrão com curvatura aproximada (item 15.8.3.3.2), método do pilar-padrão com rigidez κ aproximada (item 15.8.3.3.3), método do pilar-padrão acoplado a diagramas M, N, 1/r (item 15.8.3.3.4) e médodo do pilar-padrão para pilares de seção retangular submetidos à flexão composta oblíqua (item 15.8.3.3.5). Neste artigo apresentam-se apenas os chamados “Método do pilar-padrão com curvatura aproximada” e “Método do pilar-padrão com rigidez κ aproximada”, os quais podem ser aplicados no cálculo de pilares com λmáx ≤ 90, seção constante e armadura simétrica e constante ao longo do seu eixo. 6.1 Método do Pilar-Padrão com Curvatura Aproximada “A não-linearidade geométrica é considerada de forma aproximada, supondo-se que a deformação da barra seja senoidal. A não-linearidade física é considerada através de uma expressão aproximada da curvatura na seção crítica”. O momento fletor total máximo no pilar deve ser calculado pela expressão: ⎩⎨ ⎧≥+α= mín,d1 A,d1 2 e dA,d1btot,d M M r 1 10 NMM l (Equação 8) onde: 1/r = curvatura na seção crítica, avaliada pela expressão aproximada: h 005,0 )5,0(h 005,0 r 1 ≤+ν= (Equação 9) sendo: cdc Sd f.A N=ν (Equação 10) M1d,A ≥ M1d,mín com: ν = força normal adimensional; M1d,A = valor de cálculo de 1a ordem do momento MA ; M1d,mín = momento fletor mínimo como definido na eq. 3; NSd = força normal solicitante de cálculo; Ac = área da seção transversal do pilar; fcd = resistência de cálculo à compressão do concreto (fcd = fck /γc); h = dimensão da seção transversal na direção considerada. A rigor, o momento fletor total máximo deve ser calculado para cada direção principal do pilar. Ele leva em conta que, numa seção intermediária onde ocorre a excentricidade máxima de 2a ordem, o momento fletor máximo de 1a ordem seja corrigido pelo fator αb. Isto é semelhante ao que encontra-se no item 7.5.4 de FUSCO (1981), com a diferença de que novos parâmetros foram estabelecidos para αb. Se o momento de 1a ordem for nulo ou menor que o mínimo, então o momento mínimo, constante na altura do pilar, deve ser somado ao momento fletor de 2a ordem. 6.2 Método do Pilar-Padrão com Rigidez κ Aproximada “A não-linearidade geométrica é considerada de forma aproximada, supondo-se que a deformação da barra seja senoidal. A não-linearidade física deve ser considerada através de uma expressão aproximada da rigidez”. O momento total máximo no pilar deve ser calculado a partir da majoração do momento de 1a ordem pela expressão: ⎪⎭ ⎪⎬⎫⎪⎩ ⎪⎨⎧≥ νκ λ− α= mín,d1 A,d1 2 A,d1b tot,d M M /120 1 M M (Equação 11) sendo o valor da rigidez adimensional κ dado aproximadamente pela expressão: ν⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛ +=κ d tot,d N.h M 5132 (Equação 12) “As variáveis h, ν, M1d,A e αb são as mesmas definidas anteriormente. Usualmente, duas ou três iterações são suficientes quando se optar por um cálculo iterativo.” Substituindo a equação 12 na equação 11 obtém-se uma equação do 2o grau que serve para calcular diretamente o valor de tot,dM , sem a necessidade de se fazer iterações: 0MNh3840M)M19200NhNh3840(M19200 A,d1dbtot,dA,d1bd 2 d 2 tot,d =α−α−λ−+ (Equação 13) 7. Roteiro de Cálculo Apresenta-se o roteiro de cálculo dos chamados pilares intermediários, com a aplicação do “Método do pilar-padrão com curvatura aproximada” e do “Método do pilar- padrão com rigidez κ aproximada”. No pilar intermediário, devido à continuidade das vigas e lajes no pilar, tem-se: MA = MB = 0 , em ambas as direções do pilar, o que leva a M1d,A = 0 e e1 = 0. a) Esforços Solicitantes A força normal de cálculo pode ser determinada como Nd = γn . γf . Nk onde: Nk = força normal característica no pilar; γn = coeficiente de majoração da força normal (ver Tabela 13.1 da NBR 6118/03); γf = coeficiente de majoração da força normal, como definido na Tabela 11.1 da NBR 6118/2003. b) Índice de Esbeltez i el=λ , A Ii = , para seção retangular: h 3,46 el=λ c) Momento Fletor Mínimo M1d,mín = Nd (1,5 + 0,03 h) com h = dimensão do pilar, em cm, na direção considerada. d) Esbeltez Limite b 1 1 h e12,5 25 α + =λ com 9035 1 b ≤λ≤α e1 = 0 para pilar intermediário. λ ≤ λ1 - não considera-se o efeito de 2ª ordem para a direção considerada; λ > λ1 - considera-se o efeito de 2ª ordem para a direção considerada. e) Momento de 2a Ordem e1) Método do Pilar-Padrão com Curvatura Aproximada Determina-se Md,tot pela Equação 8: ⎪⎩ ⎪⎨⎧≥+α= mín,d1 A,d1 2 e dA,d1btot,d M M r 1 10 NM.M l M1d,A ≥ M1d,mín e2) Armadura Longitudinal Determinam-se os coeficientes adimensionais: cdc d f.A N=ν e cdc tot,d fAh M=µ (Equação 14) No ábaco de flexão composta normal determina-se a taxa mecânica ω e calcula-se a armadura do pilar com a equação: yd cdc s f fAA ω= (Equação 15) e3) Método do Pilar-Padrão com Rigidez κ Aproximada Determina-se Md,tot pela Equação 13 e a armadura conforme o item e2): 0MNh3840M)M19200NhNh3840(M19200 A,d1dbtot,dA,d1bd 2 d 2 tot,d =α−α−λ−+ 8. Exemplos de Cálculo Os exemplos numéricos a seguir são de pilares intermediários, biapoiados, de nós fixos e sem forças transversais atuantes. Os seguintes dados são comuns em todos os exemplos: - concreto C-20; aço CA-50 A - d’ = 4,0 cm ; γc = γf =1,4 8.1 Exemplo Numérico 1 Dimensionar a armadura longitudinal vertical do pilar mostrado na figura 3, sendo conhecidos: Nk = 785,7 kN seção 20 x 50 (Ac = 1000 cm2) lex = ley = 280 cm dN x y h = 50 cmx h = 2 0 cm y Figura 3 – Dimensões da seção transversal e situação de projeto. RESOLUÇÃO Embora a armadura longitudinal resultará do cálculo segundo a direção de menor rigidez do pilar (dir. y), a título de exemplo será demonstrado também o cálculo segundo a direção x. a) Esforços solicitantes A força normal de cálculo é: Nd = γn . γf . Nk= 1,0 . 1,4 . 785,7 = 1100 kN. Tratando-se de um pilar intermediário, não existem momentos fletores e excentricidades de 1a ordem em ambas as direções do pilar. b) Índice de esbeltez 4,19 50 28046,3 h 46,3 x ex x =⋅==λ l 4,48 20 28046,3 h 46,3 y ey y =⋅==λ l c) Momento fletor mínimo O momento fletor mínimo, em cada direção, é calculado pela Equação 3: M1d,mín = Nd (1,5 + 0,03 h), com h em cm. Dir. x: M1d,mín,x = ( )50.03,05,11100 + = 3300 kN.cm Dir. y: M1d,mín,y = ( )20.03,05,11100 + = 2310 kN.cm d) Esbeltez limite b 1 1 h e12,5 25 α + =λ com 9035 1 b ≤λ≤α Nos pilares intermediários não ocorrem momentos fletores e excentricidades de 1a ordem nas extremidades do pilar em ambas as direções x e y, isto é, MA = MB = 0. Daí resulta que αb é igual a 1,0. Assim: λ1,x = λ1,y = 25 ≥ b 35 α ∴ λ1,x = λ1,y = 35 Desse modo: λx = 19,4 < λ1,x ∴ não são considerados os efeitos de 2ª ordem na direção x; λy = 48,4 > λ1,y ∴ são considerados os efeitos de 2ª ordem na direção y. e) Momento de 2a ordem O momento de 2a ordem será avaliado pelos métodos do pilar-padrão com curvatura aproximada e do pilar-padrão com rigidez κ aproximada. e1) Método do pilar-padrão com curvatura aproximada ⎩⎨ ⎧≥+α= mín,d1 A,d1 2 e dA,d1btot,d M M r 1 10 NMM l Força normal adimensional: 77,0 4,1 0,21000 1100 f.A N cdc d ===ν Curvatura segundo a direção y sujeita a esforços de 2a ordem: ( ) ( ) 1-41-4 m 10.5,220 005,0m 10.9685,1 5,077,020 005,0 50,0h 005,0 r 1 −− =≤=+=+ν= Fazendo M1d,A ≥ M1d,mín em cada direção, tem-se os momentos totais máximos: Dir. x: Md,tot,x = M1d,mín,x = 3300 kN.cm Dir. y: 400810.9685,1 10 28011002310.0,1M 4 2 y,tot,d =+= − kN.cm ∴Md,tot,y = 4008 kN.cm ≥ M1d,mín,y = 2310 kN.cm Para o momento total máximo na direção y resultam as excentricidades mostradas na figura 4. Nd y x e = 2,1cm1y,mín e = 1,54 cm2y e = 3,64 cmy Figura 4 – Excentricidades resultantes segundo a direção y. A excentricidade ey determinada conforme a NBR 6118/78 resulta igual a 3,72 cm (eay + e2y = 2,00 + 1,72), muito próxima da calculada pela NBR 6118/2003. e2) Cálculo da armadura Com ν = 0,77 e utilizando os ábacos de VENTURINI (1987) para flexão reta: Dir. x: µ = cdcx x,tot,d f.A.h M = 05,0 4,1 0,21000.50 3300 = Ábaco A-25 ω = 0,05 x x h 'd = 50 0,4 = 0,08 ≈ 0,10 Dir. y: µ = cdcy y,tot,d f.A.h M = = 4,1 0,21000.20 4008 0,14 Ábaco A-4 ω = 0,38 y y h 'd = 20 0,4 = 0,20 As = yd cdc f fAω = 49,12 15,1 50 4,1 0,21000.38,0 = cm2 e3) Método do pilar-padrão com rigidez κ aproximada Aplicando a Equação 13 numericamente para a direção y, tem-se: 0MNh3840M)M19200NhNh3840(M19200 A,d1dbtot,dA,d1bd 2 d 2 tot,d =α−α−λ−+ −−−+ tot,d22 tot,d M)2310.0,1.192001100.20.4,481100.20.3840(M19200 02310.1100.20.0,1.3840 =− 010.951488,1M11408320M19200 11tot,d 2 tot,d =−− 010164000M2,594M tot,d 2 tot,d =−− A raiz positiva da equação de 2o grau é: Md,tot = 3500 kN.cm ≥ M1d,mín = 2310 kN.cm e4) Cálculo da armadura Com ν = 0,77 e utilizando os ábacos de VENTURINI (1987) para flexão reta: µ = cdcy y,tot,d f.A.h M = 4,1 0,21000.20 3500 = 0,12 Ábaco A-4 ω = 0,30 y y h 'd = 20 0,4 = 0,20 As = yd cdc f fAω = 86,9 15,1 50 4,1 0,21000.30,0 = cm2 8.2 Exemplo Numérico 2 Este segundo exemplo é semelhante ao primeiro, com exceção da maior força normal de compressão. São conhecidos: Nk = 1071 kN seção 20 x 50 (Ac = 1000 cm2) lex = ley = 280 cm dN x y h = 50 cmx h = 2 0 cm y Figura 5 – Dimensões da seção transversal e situação de projeto. RESOLUÇÃO a) Esforços solicitantes A força normal de cálculo é: Nd = γn . γf . Nk = 1,0 . 1,4 . 1071 = 1500 kN. b) Índice de esbeltez 4,19 50 28046,3 h 46,3 x ex x =⋅==λ l 4,48 20 28046,3 h 46,3 y ey y =⋅==λ l c) Momento fletor mínimo O momento fletor mínimo, em cada direção, é calculado pela Eq. 3: M1d,mín = Nd (1,5 + 0,03 h), com h em cm. Dir. x: M1d,mín,x = ( )50.03,05,11500 + = 4500 kN.cm Dir. y: M1d,mín,y = ( )20.03,05,11500 + = 3150 kN.cm d) Esbeltez limite b 1 1 h e12,5 25 α + =λ com 9035 1 b ≤λ≤α Do mesmo modo como no exemplo anterior: λ1,x = λ1,y = 25 ≥ b 35 α ∴ λ1,x = λ1,y = 35 Desse modo: λx = 19,4 < λ1,x ∴ não são considerados os efeitos de 2ª ordem na direção x; λy = 48,4 > λ1,y ∴ são considerados os efeitos de 2ª ordem na direção y. e) Momento de 2a ordem O momento de 2a ordem será avaliado pelos métodos do pilar-padrão com curvatura aproximada e do pilar-padrão com rigidez κ aproximada. e1) Método do pilar-padrão com curvatura aproximada ⎩⎨ ⎧≥+α= mín,d1 A,d1 2 e dA,d1btot,d M M r 1 10 NMM l Força normal adimensional: 05,1 4,1 0,21000 1500 f.A N cdc d ===ν Curvatura segundo a direção y sujeita a esforços de 2a ordem: ( ) ( ) 1-41-4 m 10.5,220,0 005,0m 10.6129,1 5,005,120 005,0 50,0h 005,0 r 1 −− =≤=+=+ν= Fazendo M1d,A ≥ M1d,mín em cada direção, tem-se os momentos totais máximos: Dir. x: Md,tot,x = M1d,mín,x = 4500 kN.cm Dir. y: 504710.6129,1 10 28015003150.0,1M 4 2 y,tot,d =+= − kN.cm Md,tot,y = 5047 kN.cm ≥ M1d,mín,y = 3150 kN.cm Para o momento total máximo na direção y resultam as excentricidades mostradas na figura 6. e = 3,36 cmy x e = 1,26 cm 1y,míne = 2,1cm 2y y dN Figura 6 – Excentricidades resultantes segundo a direção y. A excentricidade ey determinada conforme a NBR 6118/78 resulta igual a 3,41 cm (eay + e2y = 2,00 + 1,41), muito próxima da calculada pela NBR 6118/2003. e2) Cálculo da armadura Com ν = 1,05 e utilizando os ábacos de VENTURINI (1987) para flexão reta: Dir. x: µ = cdcx x,tot,d f.A.h M = 06,0 4,1 0,21000.50 4500 = Ábaco A-25 ω = 0,38 x x h 'd = 50 0,4 = 0,08 ≈ 0,10 Dir. y: µ = cdcy y,tot,d f.A.h M = = 4,1 0,21000.20 5047 0,18 Ábaco A-4 ω = 0,78 y y h 'd = 20 0,4 = 0,20 As = yd cdc f fAω = 63,25 15,1 50 4,1 0,21000.78,0 = cm2 e3) Método do pilar-padrão com rigidez κ aproximada Aplicando a Equação 13 numericamente para a direção y, tem-se: 0MNh3840M)M19200NhNh3840(M19200 A,d1dbtot,dA,d1bd 2 d 2 tot,d =α−α−λ−+ −−−+ tot,d22 tot,d M)3150.0,1.192001500.20.4,481500.20.3840(M19200 03150.1500.20.0,1.3840 =− 010.6288,3M15556800M19200 11tot,d 2 tot,d =−− 018900000M25,810M tot,d 2 tot,d =−− A raiz positiva da equação de 2o grau é: Md,tot = 4771 kN.cm ≥ M1d,mín = 3150 kN.cm e4) Cálculo da armadura Com ν = 1,05 e utilizando os ábacos de VENTURINI (1987) para flexão reta: µ = cdcy y,tot,d f.A.h M = 4,1 0,21000.20 4771 = 0,17 Ábaco A-4 ω = 0,76 y y h 'd = 20 0,4 = 0,20 As = yd cdc f fAω = 97,24 15,1 50 4,1 0,21000.76,0 =cm2 9. Análise dos Resultados A Tabela 1 apresenta um resumo dos resultados obtidos, calculados segundo as normas NBR 6118/78 e NBR 6118/2003. Para efeito comparativo foram calculadas as armaduras longitudinais dos pilares segundo as metodologias das normas NBR 6118/78 e NBR 6118/2003. Utilizaram-se dois exemplos de cálculo de pilares intermediários, buscando-se conservar suas características físicas e mecânicas, tais como dimensões e resistência, aumentando-se a força normal atuante. As armaduras foram calculadas com d’ de 3,0 cm e 4,0 cm para a NBR 6118/78 e d’ de 4,0 cm para a NBR 6118/2003. Ao especificar um maior cobrimento nominal, o valor de d’, que para a NBR 6118/78 era comumente considerado igual a 3,0 cm, passou a ser de 4,0 cm para a nova norma. Tabela 1 - Momentos fletores de cálculo (kN.cm) e áreas de armadura (cm²) obtidas segundo a NBR 6118/78 e NBR 6118/2003. Método de Exemplo 1 Exemplo 2 dimensionamento Md,tot As Md,tot As NBR 6118/1978 - d’ = 3 cm 11,50 24,31 - d’ = 4 cm 4092 12,49 5115 25,63 NBR 6118/2003 (Curvatura Aproximada) 4008 12,49 5047 25,63 Diferença (%) para d’ = 3 cm + 8,6 + 5,4 Diferença (%) para d’ = 4 cm - 2,0 0,0 - 1,4 0,0 NBR 6118/2003 (Rigidez Aproximada) 3500 9,86 4771 24,97 Diferença (%) para d’ = 3 cm - 14,3 + 2,7 Diferença (%) para d’ = 4 cm - 14,5 - 21,1 - 6,7 - 2,6 Nos dois exemplos observa-se que o método da curvatura aproximada resultou armaduras idênticas àquelas obtidas segundo a NBR 6118/78, para o mesmo valor de d’. Comparando com a armadura calculada para d’ igual a 3,0 cm nota-se que, ao aumentar o cobrimento, a nova norma está aumentando a armadura necessária para o pilar. Nos dois exemplos numéricos nota-se que a excentricidade mínima foi um pouco superior à excentricidade acidental da NBR 6118/2003. Mesmo assim os momentos máximos calculados pelo método da curvatura aproximada foram um pouco menores. Isso ocorre porque a excentricidade de 2a ordem da NBR 6118/2003 resulta um pouco menor que aquela da NBR 6118/78. Mesmo tratando-se de pilares intermediários, onde não ocorrem momentos fletores de 1a ordem, notou-se um aumento considerável da armadura, em torno de 100 %, para um aumento de apenas 36 % para a força normal do exemplo 2. Embora apenas dois exemplos numéricos tenham sido apresentados, pelos valores contidos na Tabela 1 pode-se observar que o método da rigidez aproximada resulta armaduras inferiores ao método da curvatura aproximada. Para a força normal maior a diferença de armadura diminuiu de 21,1 % para 2,6 %. Outros exemplos devem ser feitos para verificar o problema. 10. Considerações Finais Este trabalho apresentou uma comparação entre as metodologias de cálculo utilizadas pela NBR 6118/78 e pela NBR 6118/2003 no dimensionamento da armadura de pilares intermediários. Para a comparação foram calculados dois exemplos de pilares empregando-se ambos os métodos. Vale lembrar que outros exemplos com solicitações diversas e consideração da fluência no concreto devem ser realizados para se obter resultados mais abrangentes e conclusivos. Nos pilares intermediários, como não ocorrem momentos fletores de 1a ordem, sempre resultará λ1 igual a 35. Isso implica que a nova norma está um pouco mais conservadora na questão de se considerar os efeitos de 2a ordem, pois na NBR 6118/78 o limite era um pouco superior (40). A NBR 6118/78 considera como excentricidade acidental 2,0 cm, ao passo que a NBR 6118/2003 considera o valor da falta de retilinidade que, na grande maioria das vezes, é bem menor que os 2,0 cm adotados pela NBR 6118/78. Por exemplo, tomando- se o maior valor admitido de θ1 = 1/200, para um pilar de altura H igual a 400 cm, o valor da excentricidade acidental resulta igual a 1,0 cm. Em relação ao cálculo do momento mínimo, há uma questão a ser colocada. A NBR 6118/2003 afirma que “O efeito das imperfeições locais nos pilares pode ser substituído em estruturas reticuladas pela consideração do momento mínimo de 1a ordem” (item 11.3.3.4.3). Pode-se entender que, sendo o momento de 1a ordem MA na extremidade do pilar maior que o momento mínimo, no cálculo do momento total deve-se tomar para M1d,A o seu próprio valor (MA), sem acréscimo do momento devido à excentricidade acidental (Nd . ea). Como MA é nulo no caso dos pilares intermediários, toma-se para M1d,A o valor do momento mínimo, nas duas direções principais do pilar. A Equação 13 apresentada transforma o cálculo iterativo numa equação do 2o grau, o que facilita um pouco o trabalho manual. Outros dois artigos dos autores tratam dos pilares de extremidade e dos pilares de canto. Referências Bibliográficas AMERICAN CONCRETE INSTITUTE. Building code requirements for structural concrete, ACI 318 R-95. Farmington Hills, 1995, 369p. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Projeto e execução de estruturas de concreto armado, NBR 6118. Rio de Janeiro, ABNT, 1978, 76p. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Projeto de estruturas de concreto – Procedimento, NBR 6118. Rio de Janeiro, ABNT, 2003, 170p. COMITÉ EURO-INTERNATIONAL DU BÉTON. CEB-FIP Model Code 1990: final draft. Bulletim D’Information, n.203, 204 e 205, jul., 1991. EUROPEAN COMMITTEE STANDARDIZATION. Eurocode 2 – Design of concrete structures. Part 1: General rules and rules for buildings. London, BSI, 1992. FUSCO, P.B. Estruturas de concreto - Solicitações normais. Rio de Janeiro, ed. Guanabara Dois, 1981, 464p. VENTURINI, W.S. Dimensionamento de peças retangulares de concreto armado solicitadas à flexão reta. São Carlos, Departamento de Engenharia de Estruturas, Escola de Engenharia de São Carlos – USP, 1987.