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ENGENHARIA CIVIL ESTRUTURAS DE CONCRETO ESPECIAIS CONTEUDO EBOOK COMPLETO

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Estruturas de concreto especiais
UNIDADE 1 – AÇÕES E SEGURANÇA NAS ESTRUTURAS DE CONCRETO
Autoria: Eduarda Pereira Barbosa - Revisão técnica: André Luis Moura da Silva Leal
Vamos lá!
Introdução
Vamos começar esta primeira unidade abordando os conceitos básicos sobre as verificações de segurança que devem ser realizadas em elementos estruturais de concreto armado. Para isso, serão propostas algumas reflexões: quais os mecanismos de deterioração do concreto? Quais os mecanismos de deterioração das armaduras? Quais os mecanismos de deterioração das estruturas? O que são estados limites? O que caracteriza os estados limites últimos? O que caracteriza os estados limites de serviço? Quais os tipos de verificações nos estados limites de serviço? Quais são as ações que podem atuar em uma estrutura? Quais os tipos de combinações de ações? Qual a importância da verificação de fissuras? Qual a importância da verificação de deformações? Qual a importância da verificação de ancoragem das armaduras?
Em seguida, serão apresentados os conceitos sobre a importância da qualidade, da durabilidade e da segurança no projeto estrutural, a definição dos estados limites como o estado limite último e estado limite de serviço. Também serão abordados os tipos de ações que podem atuar em uma estrutura, bem como as possíveis combinações dessas ações para tornar o cálculo das estruturas mais fidedigno. Após isso, serão apresentadas as verificações de segurança quanto à formação de fissuras, deformações e ancoragem de armaduras. Tais conceitos abordados serão os norteadores para as atividades da unidade e balizadoras para a prática profissional.
Bons estudos!
1.1 Segurança e durabilidade das estruturas de concreto
Projetar uma estrutura de concreto consiste em dimensionar elementos estruturais com determinadas capacidades de resistências que devem ser garantidas durante a vida útil prevista para eles. Para que isso ocorra, três fatores são de grande importância, a saber: 
1. 
 
2. 
 
3. 
A durabilidade.
PreviousNext
A norma brasileira NBR 6118, de 2014, é o documento que estabelece as especificações e os requisitos necessários para projetar estruturas de concreto. Em seu item 6.1, recomenda que essas estruturas devem ser projetadas e construídas para que estejam submetidas às condições e aos usos especificados durante o projeto e conservem a segurança, a estabilidade e a aptidão ao longo de sua vida útil (ABNT, 2014). 
Clímaco (2016) afirma que um profissional competente deve projetar estruturas de concreto que sejam resistentes, funcionáveis e duráveis, com custos acessíveis. Além disso, para que mantenha sua funcionalidade, a mesma importância dada ao projeto e à execução das estruturas deve ser dada à manutenção. 
1.1.1 Conceitos
A solução estrutural adotada em um projeto deve atender a requisitos de qualidade estabelecidos na NBR 6118, sendo estes divididos em três grupos:
	Capacidade resistente
	
	Desempenho em serviço
	
	Durabilidade
	
Um dos principais fatores responsáveis pela perda de qualidade e de durabilidade das estruturas é a agressividade ambiental, relacionada às ações físicas e químicas que atuam na estrutura (BASTOS, 2019). O grau de agressividade em uma estrutura é dado em função do tipo de ambiente onde a obra será implantada, sendo classificada em quatro classes. Além disso, para cada classe é conceituado o risco de deterioração da estrutura. Confira no quadro a seguir.
Quadro 1 - Classes de agressividade ambiental para estruturas de concretoFonte: Adaptado de ABNT, 2014.
#PraCegoVer: o quadro mostra as classes de agressividade em função do ambiente onde a estrutura será instalada. Na primeira coluna, constam as classes 1, 2, 3 e 4. Na segunda coluna, consta o grau de agressividade para cada classe sendo esta fraca, moderada, forte e muito forte, respectivamente. Na terceira coluna, são dispostos os ambientes em rural, submerso, urbano, marinho, industrial e respingos de maré. Na quarta coluna, para cada classe o risco de deterioração é insignificante, pequeno, grande e elevado.
Aprofunde seus conhecimentos!
Você quer ler?
O livro Curso Básico de Concreto Armado, dos autores Thiago Bomjardim Porto e Danielle Stefane Fernandes, apresenta os conceitos básicos a respeito das estruturas de concreto armado atualizados de acordo com a NBR 6118, de 2014. Além disso, ao final do livro, é mostrado um exemplo de projeto completo de um edifício.
Acesse
Ainda com relação à durabilidade, as estruturas também devem resistir às condições definidas em projeto quando utilizadas, conservando a segurança, a estabilidade e a aptidão durante a sua vida útil. A vida útil corresponde ao período em que a estrutura de concreto mantém suas características sem a necessidade de grandes intervenções. 
Segundo a norma de desempenho das edificações NBR 15775:1, de 2013, a vida útil de projeto para sistemas estruturais corresponde ao período de 50 anos ou mais. É importante que, no projeto estrutural, sejam levados em consideração os mecanismos que podem deteriorar o concreto, o aço e a própria estrutura (BASTOS, 2019).
Os principais mecanismos de deterioração do concreto são (ABNT, 2014; BASTOS, 2019):
· Lixiviação: mecanismo responsável por dissolver e carregar os produtos hidratados da pasta de cimento. Para prevenir isso, é recomendada a restrição das fissuras.
· Expansão por sulfato: mecanismo de expansão das águas ou solos.
· Reação álcali-agregado: mecanismo de expansão relacionado pelas reações entre os álcalis do concreto e os agregados reativos. 
Por sua vez, os mecanismos de deterioração da armadura são (ABNT, 2014):
· Despassivação por carbonatação: ocorre em função da carbonatação das armaduras, resultante das reações químicas entre o gás carbônico sobre o aço das armaduras. 
· Despassivação por ação de cloretos: consiste na ruptura local da camada de passivação pelo elevado teor de íon cloro. 
Por fim, temos os mecanismos de deterioração das estruturas (ABNT, 2014; BASTOS, 2019):
· Movimentações de origem térmica: provocadas pelas variações de temperatura que resultam em variações de volume da estrutura que podem estimular a formação de fissuras.
· Ações dinâmicas: ações repetitivas que causam fadiga nos materiais.
· Retração e fluência: deformações que resultam em redução de volume da estrutura que podem resultar em esforços adicionais sobre ela.
Além da qualidade e durabilidade, é necessário considerar a segurança estrutural. Segundo Clímaco (2016), uma estrutura é considerada segura quando atende às seguintes condições de forma simultânea:
Analisar a segurança das estruturas de concreto é de fundamental importância, pois o seu colapso configura-se como uma situação extremamente perigosa por envolver possíveis perdas humanas e materiais. A segurança delas envolve dois aspectos sendo o primeiro relacionado a não poder jamais alcançar a ruptura; o segundo aspecto relacionado ao conforto e à tranquilidade dos usuários em seu uso (BASTOS, 2019). 
Tais aspectos são representados por meio de estados limites que não devem ser ultrapassados. De acordo com Clímaco (2016), são estados que definem o uso impróprio da estrutura em função de segurança, funcionalidade, estética com desempenho fora dos padrões normativos para uso normal ou interrupção do funcionamento. 
Dessa forma, a segurança das estruturas de concreto deve ser verificada quanto a dois estados limites: o estado limite último e o estado limite de serviço. Abordaremos os conceitos sobre eles nos tópicos seguintes. 
Agora, hora de testar seus conhecimentos!
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(Atividade não pontuada)
No dia 15 de outubro de 2019, desabava o Edifício Andrea em Fortaleza. Segundo relatos de moradores, o prédio passava por reformas e a construção tinha mais de 40 anos. Vídeos divulgados na imprensa mostraram que os pilares da garagem estavam em situação precária. O parecer da promotora Ana Cláudia afirmava que, mesmo sabendo da má conservação do Edifício e da necessidade de realizar o escoramento, os engenheiros e o pedreiro optaram por iniciar a obra nodia 14 de outubro de 2019, um dia antes do desabamento, sem que houvesse qualquer equipamento para garantir a redistribuição dos esforços dos pilares da base do edifício.
Considerando que a cidade de Fortaleza está localizada no litoral Atlântico, é correto afirmar que a classe de agressividade ambiental para estruturas de concreto do edifício Andrea corresponde à:
· a. Classe de agressividade I; agressividade moderada; ambiente urbano; deterioração insignificante.
· b. Classe de agressividade I; agressividade fraca; ambiente submerso; deterioração insignificante.
· c. Classe de agressividade IV; agressividade forte; ambiente indústria; grande.
· d. Classe de agressividade II; agressividade forte, ambiente urbano, deterioração grande.
· e. Classe de agressividade III; agressividade forte, ambiente marinho, deterioração grande.
· Verificar 
1.1.2 Estado limite último
De acordo com item 3.2.1 da NBR 6118 (ABNT, 2014), o estado limite último (ELU) está relacionado ao colapso da estrutura ou qualquer forma de ruína estrutural em que seja necessária a paralisação do uso da estrutura. As estruturas de concreto são dimensionadas para que durante toda a sua vida útil não alcancem esse estado limite (BASTOS, 2019).
Devem ser verificados os seguintes estados limites últimos para garantir a segurança das estruturas (ABNT, 2014):
· 1
Perda de equilíbrio da estrutura.
· 2
Esgotamento da capacidade de resistência da estrutura, em seu todo ou em parte, em função de solicitações normais e tangenciais.
· 3
Esgotamento da capacidade de resistência da estrutura, no seu todo ou em parte, em função dos efeitos de segunda ordem.
· 4
Provocado por solicitações dinâmicas.
· 5
Colapso agressivo.
· 6
Esgotamento da capacidade de resistência da estrutura em função da exposição ao fogo.
· 7
Esgotamento da capacidade de resistência da estrutura em função de ações sísmicas.
· 8
Estados limites que possam ocorrer em casos especiais.
Quando a estrutura atinge o estado limite último, isso significa que esgotou sua capacidade de resistência e terá seu funcionamento interrompido, estando apta para uso somente após obras de reparo, reforço e, em casos mais graves, com a substituição parcial ou total da estrutura (CLÍMACO, 2016).
1.1.3 Estado limite de serviço
São os estados relacionados à utilização da estrutura analisada e que, em função da sua ocorrência, repetição ou duração, causam nas estruturas efeitos contrários às especificações para uso normal da construção e podem ser considerados indícios do comprometimento de sua durabilidade (ABNT, 2003). 
Além da durabilidade, os estados limites de serviço estão relacionados a conforto do usuário, aparência e boa utilização das estruturas em relação aos usuários, e às máquinas e aos equipamentos que podem ser suportados pela estrutura (ABNT, 2014). 
Quando a estrutura atinge o estado limite de serviço (ELS), significa dizer que apresenta desempenho fora dos padrões previstos para o uso normal da edificação; fato que compromete o seu uso e esta passa a não oferecer condições adequadas de conforto e durabilidade, porém sem o risco de ruína do sistema estrutural (CLÍMACO, 2016; BASTOS, 2019).
Diversos aspectos podem caracterizar um ELS nas estruturas de concreto como fissuras, deformações, vibrações excessivas e outros. Para que se tenha uma edificação em boas condições de utilização, são realizadas as verificações das estruturas nos seguintes ELS (ABNT, 2014): 
· Estado limite de formação de fissuras (ELS-F): representa o início da formação de fissuras. Esse estado limite é atingido quando a tensão de tração máxima na seção transversal do elemento for igual à resistência do concreto à tração na flexão (fct,f ).
· Estado limite de abertura de fissuras (ELS-W): representa o estado em que as fissuras formadas possuem aberturas iguais aos valores máximos especificados no item 13.4.2 da NBR 6118. De acordo com Clímaco (2016), é importante que a fissuração seja controlada, pois prejudica a aparência, a durabilidade e a estanqueidade da edificação. 
· Estado limite de deformações excessivas (ELS-DEF): representa o estado em que as deformações da estrutura atingem os limites máximos estabelecidos para a utilização normal especificados no item 13.3 da NBR 6118. É importante que o projetista limite os deslocamentos da estrutura em função dos valores aceitáveis estabelecidos pela norma, de forma a não prejudicar a estética e causar insegurança nos usuários. Elementos estruturais submetidos à flexão, como as vigas e lajes, apresentam deslocamentos chamados de flechas quando em serviço (CLÍMACO, 2016; BASTOS, 2019).
· Estado limite de vibrações excessivas (ELS-VE): representa o estado em que as vibrações da estrutura atingem os limites estabelecidos para o uso normal da edificação especificados no item 23.3 da NBR 6118, de forma a não prejudicar o conforto dos usuários ou causar falsos alarmes. 
Os estados limites mencionados dizem respeito ao concreto armado convencional. Além desses, podem ser verificados outros três estados limites para estruturas em concreto protendido, a saber (ABNT, 2014):
· Estado limite de descompressão (ELS-D): representa o estado limite em que um ou mais pontos da seção transversal do elemento estrutural à tensão normal é nula, não ocorrendo a tração no restante da seção.
· Estado limite de descompressão parcial (ELS- DP): representa o estado limite em que é garantida a compressão na seção transversal, na região das armaduras ativas. 
· Estado limite de compressão excessiva (ELS-CE): representa o estado limite em que as tensões de compressão atingem os limites máximos estabelecidos.
De acordo com item 16.2.4 da NBR 6118, para que seja garantido o bom desempenho da estrutura em serviço devem ser respeitados os limites de flechas, aberturas de fissuras, vibrações. Além disso, é importante levar em consideração a avaliação de aspectos como a estanqueidade e o conforto térmico ou acústico da estrutura (ABNT, 2014). 
1.2 Estados limites de serviço: combinação das ações
Para analisar uma estrutura, devem ser consideradas todas as ações que sobre ela possam causar efeitos significativos em consideração aos estados limites últimos e de serviço. Em uma estrutura em serviço, as cargas atuantes produzem tensões nas peças e considera-se que as ações são as causas, e as solicitações, os efeitos decorrentes das ações. Clímaco (2016) define as ações e solicitações da seguinte forma: 
Ações
Solicitações
Qualquer influência que possa causar estados de tensão na estrutura.
Cada tipo de estrutura possui suas características específicas, as quais devem ser respeitadas ao se considerar a definição das ações atuantes. As ações atuantes em uma estrutura são classificadas em permanentes, variáveis e excepcionais (ABNT, 2004).
1.2.1 Ações nas estruturas de concreto
De acordo com a NBR 8681 (ABNT, 2003), NBR 6120 (ABNT, 2019) e NBR 6118 (ABNT, 2014) podem ser utilizadas as seguintes definições para as ações atuantes em uma estrutura:
Ações permanentes: ações que ocorrem de forma constante durante toda a vida da construção. Também podem ser consideradas ações que crescem ao longo do tempo e tendem a evoluir para valores-limites. São classificadas em ações diretas e indiretas.
· Diretas: estão relacionadas ao peso próprio da estrutura, dos elementos construtivos fixos, das instalações permanentes e empuxos permanentes. 
· Como instalações permanentes, podem ser considerados equipamentos e máquinas de grande porte que não são movimentados na construção (BASTOS, 2019).
· Indiretas: estão relacionadas às deformações impostas pela estrutura pelos fenômenos de retração e fluência do concreto, deslocamentos de apoios, imperfeições geométricas e a protensão.
Ações variáveis: ações que apresentam variação significativa ao longo da vida da estrutura. São classificadas em diretas e indiretas. 
· Diretas: estão relacionadas às cargas acidentais previstas para uso da construção relacionadas ao seu uso, ação do vento e da água. As cargas acidentais podem ser entendidas como ações variáveis, que atuam nas estruturasrelacionadas ao seu uso.
As cargas acidentais previstas para o uso da construção correspondem, em geral, a (CARVALHO, FIGUEIREDO FILHO, 2014):
a) cargas verticais de uso da construção como as pessoas, mobiliários, veículos e materiais diversos;
b) cargas móveis, considerando o impacto vertical;
c) impacto lateral;
d) força longitudinal de frenação ou aceleração;
e) força centrífuga.
Você o conhece?
Roberto Chust Carvalho é engenheiro civil, mestre e doutor em Engenharia de Estruturas pela Universidade de São Paulo. Atua fortemente no ensino de concreto armado e protendido, e atualmente é professor sênior aposentado da Universidade Federal de São Carlos. É coautor dos livros Cálculo e Detalhamento de Estruturas Usuais de Concreto Armado, volumes 1 e 2, além de ser autor do livro Estruturas de Concreto Protendido. 
Com relação à ação dos ventos, Bastos (2019) afirma que devem ser sempre consideradas, independentemente do tipo, as dimensões e a altura da estrutura. Por sua vez, a ação da água deve ser considerada para o dimensionamento de reservatórios, tanques e decantadores. Em construções onde a água da chuva possa ficar retida, o ideal é considerar a presença de uma lâmina de água. 
· Indiretas: relacionadas às ações dinâmicas, às variações uniformes e às não uniformes de temperatura. Pode-se considerar a variação de temperatura uniforme quando causada globalmente pela insolação direta e pela variação da temperatura da atmosfera. Podem ser adotados os seguintes valores:
· 
· 
· 
Com relação à variação de temperatura não uniforme, pode ser considerada uma variação linear entre os valores de temperatura adotadas, caso haja uma variação de, no mínimo, 5 ºC entre uma fase e outra da estrutura. Por sua vez, com relação às ações dinâmicas, quando a estrutura estiver sujeita a choques ou vibrações, os efeitos decorrentes dessas ações devem ser considerados no projeto.
É importante salientar que não considerar as ações variáveis em um projeto estrutural pode causar incidentes desagradáveis em sua execução ou após sua conclusão. 
· Ações excepcionais: ações com duração curta e baixa probabilidade de ocorrer durante toda a vida da estrutura; porém, para algumas construções, é importante que sejam consideradas. Encaixam-se nessa categoria explosões, incêndios, choques de veículos, enchentes, abalos sísmicos e outros.
Você quer ver?
O que você sabe sobre a NBR 6120? E sobre o que ela trata? Quais as particularidades das ações atuantes em uma estrutura? Assista à live NBR 6120:2019- Ações para o Cálculo de Estruturas de Edificações (2020), organizada pela Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural (ABECE). 
Acesse
A seguir, conheça os coeficientes de ponderação.
1.2.2 Coeficientes de ponderação
As ações em uma estrutura são quantificadas por meio de valores representativos que podem ser classificados em característicos, excepcionais, reduzidos e de cálculo. 
Valores característicos (Fk): definidos em função da variação de intensidade das ações atuantes. 
Esses valores são adotados por meio de critérios estatísticos ou fixados em normas, com a finalidade de viabilizar o cálculo estrutural em função do caráter aleatório de ações, solicitações e resistência dos materiais (CLÍMACO, 2016).
· Valores convencionais excepcionais: arbitrados para ações excepcionais e dependem de cada caso.
· Valores reduzidos: definidos em função de combinações de ações para verificações de estados limites últimos e de serviço.
· Valores de cálculo (Fd): valores das ações definidos para várias de suas combinações a partir dos valores representativos, multiplicando-os por coeficientes de ponderação γf.
Conforme citado, o coeficiente de ponderação γf é utilizado para a obtenção dos valores de cálculo utilizados no projeto. Tal coeficiente é calculado por meio da equação seguinte e é desmembrado em três coeficientes parciais:
#PraCegoVer: o coeficiente de ponderação gama f é igual ao coeficente gama f1 multiplicado por gama f2 multiplicado por gama f3.
Onde: 
γf1= é o coeficiente que leva em consideração a variabilidade das ações;
γf2= é o coeficiente que leva em consideração a simultaneidade das ações;
γf3= é o coeficiente que leva em consideração os erros de avaliação dos efeitos das ações na estrutura, causados por problemas construtivos ou aproximações errôneas nos cálculos.
O desmembramento em coeficientes parciais permite que os valores de γf sejam determinados em função da peculiaridade dos diferentes tipos de estruturas e materiais considerados. A nomenclatura desse coeficiente pode ser modificada para identificar o tipo de ação considerada, passando a ser γg, γq, γp e γε, para identificar as ações permanentes, acidentais, de protensão e deformações, respectivamente (CARVALHO, FIGUEIREDO FILHO, 2014).
· Coeficientes de ponderação para os estados limites últimos.
Quando são considerados os estados limites últimos, o coeficiente γf é definido pelo produto de γf1 e γf3, definidos no quadro “Coeficiente γf= γf1. γf3” (ABNT, 2003). Para cada estado limite, são considerados os coeficientes específicos, o terceiro coeficiente da combinação f2 é substituído pelo coeficiente ψo estabelecido no quadro a seguir.
Quadro 2 - Coeficiente γf= γf1. γf2Fonte: Adaptado de ABNT, 2014.
#PraCegoVer: quadro com valores do coeficiente gama f1 em função dos coeficientes gama f2 e gama f3 para combinações últimas normais, especiais ou de construção e excepcionais para ações permanentes, variáveis, protensão e recalques de apoio e retração para a situação mais favorável e desfavorável das estruturas.
· Coeficientes de ponderação para os estados limites de serviço
Os coeficientes de ponderação para os estados limites de serviço são dados pela seguinte equação (ABNT, 2014):
#PraCegoVer: o coeficiente gama f é igual a gama f2.
Segundo Bastos (2019), o coeficiente γ_f2 tem valor variável de acordo com o tipo de combinações de ações para estados limites de serviço que podem ser combinações quase permanentes, frequentes e raras. Os coeficientes de ponderação para o estado limite de serviço estão especificados no a seguir.
Quadro 3 - Valores do coeficiente γf2Fonte: Adaptado de ABNT, 2014.
#PraCegoVer: no quadro, são especificados os coeficientes gama f2 em função das cargas acidentais dos edifícios, vento e temperatura. O coeficiente gama f2 é dado em termos de três fatores sendo estes o fator de redução de combinação para o estado limite último, fator de redução de combinação frequente para o estado limite de serviço e fator de redução de combinação quase permanente para o estado limite de serviço.
No quadro, estão especificados os seguintes coeficientes:
ψ0= fator de redução de combinação para o estado limite último;
ψ1= fator de redução de combinação frequente para o estado limite de serviço;
ψ2= fator de redução de combinação quase permanente para o estado limite de serviço.
São admitidas as seguintes combinações de ações nos estados limites de serviço.
a) Combinações raras:
#PraCegoVer: o coeficiente gama f2 é igual a 1.
b) Combinações frequentes: 
#PraCegoVer: o coeficiente gama f2 é igual ao fator de redução de combinação frequente para o estado limite de serviço.
c) Combinações raras:
#PraCegoVer: o coeficiente gama f2 é igual ao fator de redução de combinação quase permanente para o estado limite de serviço.
Na sequência, vamos conhecer as combinações de ações.
1.2.3 Combinações de ações
A carga atuante em uma estrutura é definida por meio das combinações das ações com boas probabilidades de ocorrerem de forma simultânea sobre a estrutura, em período preestabelecido. Deve ser feita considerando os efeitos mais desfavoráveis na estrutura, podendo ser combinações últimas e combinações de serviço quando relacionadas aos estados limites últimos e estados limites de serviço, respectivamente (ABNT, 2014).
Os estados limites de serviço são decorrentes de ações que podem ser combinadas de três formas, levando em consideração a permanência das ações na estrutura (ABNT, 2003; ABNT, 2014; CARVALHO, FIGUEIREDO FILHO, 2014):· Combinações quase permanentes (CQP): as ações podem atuar durante grande parte do período de vida da estrutura, em aproximadamente metade desse período. Pode ser necessária na verificação de deformações excessivas e, para essa combinação, utiliza-se a seguinte equação:
#PraCegoVer: o valor de cálculo das ações combinadas de serviço (Fdser) é igual ao somatório das ações permanentes diretas mais o somatório das ações variáveis diretas multiplicadas pelo fator de redução de combinação quase permanente para o estado limite de serviço.
Onde:
Fdser= valor de cálculo das ações combinadas de serviço;
Fg,k = ações permanentes diretas como o peso próprio, equipamentos fixos;
Fq,k = ações variáveis diretas como as sobrecargas de utilização;
ψ2 = fator de redução de combinação quase permanente para o estado limite de serviço.
· Combinações frequentes (CF): as ações repetem-se muitas vezes durante o período de vida da estrutura. A ação variável principal Fq1 é utilizada com seu valor frequente (ψ1∙Fq1,k) e as demais ações variáveis com seus valores quase permanentes (ψ2j∙Fqj,k). Emprega-se a seguinte expressão:
#PraCegoVer: o valor de cálculo das ações combinadas de serviço (Fdser) é igual ao somatório das ações permanentes diretas, mais o fator de redução de combinação de frequente multiplicado pelas ações variáveis principais diretas (Fq1,k), mais o somatório das ações variáveis diretas secundárias (Fqj,k) multiplicadas pelo fator de redução de combinação quase permanente para o estado limite de serviço.
Onde:
Fq1,k= ações variáveis principais diretas;
ψ1 = fator de redução de combinação frequente para o estado limite de serviço.
· Combinações raras (CR): as ações podem atuar em no máximo algumas horas durante toda a vida da estrutura. A ação variável principal Fq1,k é utilizada com seu valor característico e as demais ações variáveis com seus valores quase permanentes (ψ2j∙Fqj,k). Emprega-se a seguinte expressão:
#PraCegoVer: o valor de cálculo das ações combinadas de serviço (Fdser) é igual ao somatório das ações permanentes diretas, mais a ação variável principal (Fq1,k), mais o somatório das ações variáveis diretas (Fqj,k).
Além das combinações de ações para o estado limite de serviço, são utilizadas as combinações para o estado limite último. Podem ser classificadas em normais, especiais ou de construção e excepcionais (ABNT, 2014). 
· Combinações últimas normais: incluem as ações permanentes, a ação variável principal representada por seu valor característico (Fk) e as demais ações variáveis com valores reduzidos. São dadas pela seguinte expressão:
#PraCegoVer: o valor de cálculo das ações combinadas últimas (Fd) é igual à combinação das ações permanentes diretas, mais as combinações das ações permanentes indiretas, como a retração, mais as combinações das ações variáveis, mais as combinações das ações permanentes indiretas como a temperatura.
Onde:
Fd = valor de cálculo das ações para combinações últimas;
Fgk= representa as ações permanentes diretas;
Fεgk= representa as ações permanentes indiretas como a retração;
Fεqk= representa as ações indiretas variáveis como a temperatura;
Fq1k= representa a ação variável direta principal; as demais representações com designação F_q representam as demais ações variáveis diretas que atuam na estrutura.
· Combinações últimas especiais de construção: incluem ações permanentes e a ação variável especial quando esta existir e demais ações variáveis. A equação para essas combinações possui a mesma configuração das combinações normais, porém quando Fq1k  tiver curta duração o coeficiente ψ_0 poderá ser substituído por ψ2.
#PraCegoVer: o valor de cálculo das ações combinadas últimas (Fd) é igual à combinação das ações permanentes diretas, mais as combinações das ações permanentes indiretas, como a retração, mais as combinações das ações variáveis, mais as combinações das ações permanentes indiretas, como a temperatura.
· Combinações últimas excepcionais: incluem as ações permanentes, a ação variável excepcional e as demais ações variáveis. Quando Fq1exc tiver curta duração, o coeficiente ψ0 poderá ser substituído por ψ2.
#PraCegoVer: o valor de cálculo das ações combinadas últimas (Fd) é igual à combinação das ações permanentes diretas. mais as combinações das ações permanentes indiretas, como a retração, mais as ações excepcionais, mais as combinações das ações variáveis, mais as combinações das ações permanentes indiretas como a temperatura.
Onde:
Fq1exc= é a ação excepcional atuante na estrutura. 
1.3 Verificações nas estruturas de concreto
A fissuração excessiva de uma estrutura de concreto armado representa um risco para sua durabilidade, pois é um dos fatores que contribui para a degradação do concreto superficial das armaduras. É importante que a estrutura seja projetada para evitar que sofra deformação excessiva (CARVALHO, FIGUEIREDO FILHO, 2014).
Além desse fator, deve-se analisar a ocorrência de deformações excessivas para evitar que estas alcancem os limites máximos estabelecidos.
1.3.1 Verificação de fissuras
Para verificar as estruturas de concreto quanto às fissuras, são utilizados dois estados limites de serviço: o estado limite de serviço de formação de fissuras (ELS-F) e o estado limite de abertura de fissuras (ELS-W). Em geral, o segundo estado limite de serviço é o mais utilizado nas verificações.
Você sabia?
A fissura é uma abertura de pequena espessura no concreto. O aparecimento de fissuras no concreto armado deve-se à baixa resistência do concreto à tração, caracterizando-se por um fenômeno natural, embora indesejável (BASTOS, 2019).
As fissuras podem ocorrer em uma estrutura decorrentes das propriedades reológicas do concreto, como a retração térmica, ocorrida no processo de cura e das tensões em função das cargas solicitantes. Essas fissuras podem ser evitadas adotando-se medidas de controle tecnológico do concreto e um dimensionamento eficiente, levando em consideração as combinações de ações.
O controle de fissuras visa limitá-las de forma a que não causem desconforto psicológico ou sentimento de alarme nos usuários. Quanto a reservatórios, essa verificação visa resguardar a estanqueidade desses elementos (PORTO, FERNANDES, 2015).
O quadro seguinte apresenta os limites de aberturas estabelecidos pela NBR 6118 (ABNT, 2014), os quais devem ser respeitados para que as estruturas não tenham perda de durabilidade ou segurança. Esses limites são estabelecidos em função da classe de agressividade ambiental.
Quadro 4 - Abertura máxima das fissuras características (wk)Fonte: Adaptado de ABNT (2014).
#PraCegoVer: o quadro apresenta a abertura máxima de fissuras para cada classe de agressividade sendo para a classe um menor ou igual a 0,4 milímetros, para a classe dois menor ou igual a 0,3 milímetros, classe três menor ou igual a 0,3 mm e classe quatro menor ou igual a 0,2 mm.
Pode-se considerar que a abertura máxima seja da ordem de 0,2 mm a 0,4 mm para estruturas submetidas a ações das combinações frequentes de serviço. A variável wk representa os valores característicos para as aberturas permitidas em cada classe de agressividade (CARVALHO; FIGUEIREDO FILHO, 2014).
As estimativas de aberturas de fissuras devem respeitar os limites estabelecidos por wk, o que pode não acontecer em medidas reais. As fissuras eventualmente podem ultrapassar esses limites sem que haja motivo para alarmes (CLÍMACO, 2016).
Existem casos cuja verificação da abertura máxima (wk) de fissuras é dispensada, desde que sejam respeitadas as exigências normativas para armadura mínima e cobrimento mínimo para o elemento em análise. Além disso, devem atender às exigências do quadro “Valores máximos de diâmetros e espaçamento com barras de alta aderência”, que correlaciona a tensão (σsi) atuante no elemento com aos valores de diâmetro máximo (Ømáx) e espaçamento máximo (Smáx) entre as armaduras (ABNT, 2014). 
Quadro 5 - Valores máximos de diâmetros e espaçamento com barras de alta aderênciaFonte: Adaptado de ABNT (2014).
#PraCegoVer: é apresentado umquadro com valores de tensão, valores máximos de diâmetro e espaçamento de armaduras, que, combinados, excluem a necessidade da verificação de abertura máxima de fissuras.
Para o caso de essas condições não serem atendidas, realiza-se uma verificação mais rigorosa a partir de cálculos de uma abertura estimada. 
1.3.2 Verificação de deformações
Os estados limites de deformações excessivas visam verificar se estas atingem os limites estabelecidos para uso normal da edificação. Para tanto, devem ser analisadas as combinações, as características geométricas dos elementos estruturais, a fluência do concreto e as flechas limites. A NBR 6118 estabelece quatros grupos que devem atender a limites determinados (ABNT, 2014):
· Aceitabilidade sensorial: limite caracterizado por vibrações indesejáveis ou efeito visual desagradável. Os limites para esses casos são apresentados no quadro a seguir:
Quadro 6 - Limites para deslocamento quanto à acessibilidade sensorialFonte: Adaptado de ABNT (2014).
#PraCegoVer: no quadro, são apresentados os deslocamentos máximos permitidos quanto a deslocamentos visíveis em elementos estruturais e vibrações sentidas no piso.
· Efeitos em elementos não estruturais: deslocamentos estruturais podem ocasionar o mau funcionamento de elementos que, apesar que não fazerem parte da estrutura, estão a ela ligados. Os limites para esses casos são mostrados no quadro a seguir:
Quadro 7 - Limites para deslocamento quanto aos elementos não estruturaisFonte: Adaptado de ABNT (2014).
#PraCegoVer: no quadro, são apresentadas os deslocamentos limites para paredes, forros e pontes.
· Efeitos em elementos estruturais: os deslocamentos podem afetar o comportamento dos elementos estruturais, pois, se estes forem relevantes para o elemento analisado, os seus efeitos sobre as tensões e a estabilidade da estrutura devem ser considerados no modelo estrutural adotado. Os limites para esses casos estão especificados no quadro a seguir:
Quadro 8 - Limites para deslocamento quanto aos elementos estruturais em serviçoFonte: Adaptado de ABNT (2014).
#PraCegoVer: no quadro, destacam-se os deslocamentos limites em coberturas, varandas, ginásios, pistas de boliche e laboratórios.
· Efeitos específicos: os deslocamentos podem impedir a utilização adequada da construção.
Para elementos como vigas e lajes, o deslocamento máximo permitido (flecha) referente à acessibilidade sensorial dos usuários é dado pela seguinte expressão:
#PraCegoVer: lê-se a equação como a flecha limite é menor ou igual ao comprimento do elemento estrutural dividido por 250.
Conheça, agora, a verificação de ancoragem das armaduras.
1.3.3. Verificação de ancoragem das armaduras
A aderência entre as armaduras de aço e concreto é importante para que não ocorra o escorregamento entre esses elementos, e isso envolve dois aspectos: o mecanismo de transferência de força da barra e a capacidade do concreto de resistir às tensões que tem essa força como origem (BASTOS, 2018). 
A aderência pode ser classificada em aderência por adesão, atrito e mecânica. Por adesão, as armaduras aderem ao concreto por meio das ligações químicas que acontecem na interface aço-concreto durante a pega do cimento; por atrito, as armaduras aderem em função das forças de atrito existente entre os dois materiais; já a aderência mecânica ocorre em função da existência de entalhes e nervuras nas barras de aço ou irregularidades em barras lisas. Veja a figura a seguir:
Figura 1 - Tipos de aderência na interface aço-concretoFonte: Adaptado de PORTO; FERNANDES, 2015.
#PraCegoVer: a imagem apresenta a ilustração da classificação dos tipos de aderência entre as barras de aço e o concreto, sendo elas a aderência por adesão, a aderência por atrito e a aderência mecânica.
De início, deve-se determinar a resistência de aderência (fbd) entre o concreto e a armadura necessário para os cálculos do comprimento de ancoragem e do comprimento de emenda das barras. Esse parâmetro depende da resistência do concreto, da rugosidade da superfície das barras de aço, da posição da barra no concreto e de seu diâmetro (BASTOS, 2018). Pode ser obtido pela seguinte equação: 
#PraCegoVer: lê-se a equação como a resistência de aderência (fbd) é igual ao coeficiente eta 1, multiplicado por eta 2, multiplicado por eta 3, multiplicado pela resistência à tração do concreto (fctd).
Onde:
fctd é a resistência de cálculo do concreto à tração direta. Dada pela seguinte expressão:
#PraCegoVer: lê-se a equação como a resistência à tração do concreto é igual 0,7, multiplicado por 0,3, dividido pelo coeficiente de ponderação do concreto, multiplicado pela raiz cúbica da resistência característica do concreto (fck) ao quadrado.
Onde:
fck é a resistência característica do concreto aos 28 dias;
γc é o coeficiente de ponderação do concreto igual a 1,4.
O parâmetro η1 é determinado em função da rugosidade da superfície das barras de aço, adotando-se os seguintes valores:
η1 é igual a 1,0 quando as barras forem lisas;
η1 é igual a 1,4 quando as barras forem entalhadas;
η1 é igual a 2,25 quando as barras forem nervuradas.
O parâmetro η2 é determinado em função da posição das barras na peça, levando em consideração situações de boa ou má aderência. 
São consideradas em boa situação as barras que se situem nas seguintes posições (ABNT, 2014): 
a) com inclinação maior do que 45º sobre a horizontal; 
b) horizontais ou com inclinação menor que 45º sobre a horizontal, para elementos estruturais com h < 60 cm, localizados no máximo 30 cm acima da face inferior do elemento ou da junta de concretagem mais próxima; 
c) horizontais ou com inclinação menor que 45º sobre a horizontal, para elementos estruturais com h 60 cm, localizados no mínimo 30 cm abaixo da face superior do elemento ou da junta de concretagem mais próxima.
Figura 2 - Situações de boa aderência para as armadurasFonte: Adaptado de PORTO; FERNANDES, 2015.
#PraCegoVer: a imagem apresenta a ilustração de três situações consideradas de boa aderência entre barras de aço e o concreto. Na primeira imagem, são apresentadas barras de aço inclinadas em 45º dentro da peça de concreto. Na segunda imagem, é apresentado um elemento de altura menor do que 60 cm, em que a região de boa aderência fica em até 30 cm da face inferior. Na terceira imagem, é apresentado um elemento de altura maior do que 30 cm, em que a região de boa aderência fica em até 30 cm da face superior.
Para tais situações, são admitidos os seguintes valores:
η2 é igual a 1,0 para situações de boa aderência;
η2 é igual a 0,7 para situações de má aderência.
O parâmetro η3 é determinado em função do diâmetro das barras, sendo adotados os seguintes valores.
η3 é igual a 1,0 para barras com diâmetro menor do que 32 mm;
η3 é igual à expressão (132-Ø) / 100 para barras com o diâmetro maior do que 32 mm, onde Ø representa o diâmetro da barra utilizada na armadura em mm.
As barras das armaduras devem ser ancoradas para permitir que os esforços sejam integralmente transmitidos ao concreto. Na ancoragem por aderência mecânica, os esforços são ancorados por meio de um comprimento reto ou com um raio de curvatura seguido ou não de ganchos (PINHEIRO, 2007).
Esse comprimento reto representa o comprimento de ancoragem (lb) definido como necessário para ancorar a força limite (Rst) nessa barra. Depende da qualidade e da resistência do concreto, da posição e da inclinação da barra na peça, da força de tração na barra e da conformação superficial da barra (BASTOS, 2018). Confira na figura a seguir.
Figura 3 - Comprimento de ancoragemFonte: Adaptada de PORTO; FERNANDES, 2015.
#PraCegoVer: a imagem apresenta a ilustração de uma barra de aço inserida em uma peça de concreto para demonstrar o comprimento que a barra deve ter dentro da peça, chamado de comprimento de ancoragem.
É determinado pela seguinte equação:
#PraCegoVer: lê-se a equação como o comprimento básico de ancoragem é igual a diâmetro da barra, divido por 4, multiplicado pelo valor de cálculo da tensão de escoamento do aço (fyd), divididopela resistência de aderência (fbd).
Onde:
∅= diâmetro da barra;
fyd= valor de cálculo da tensão de escoamento do aço.
fbd= resistência de aderência.
O valor do comprimento de ancoragem deve ser maior do que 25 vezes o diâmetro da barra. 
Para casos em que armadura efetiva existente (As,ef) seja maior do que a armadura calculada (As, cal) para o elemento estrutural, ocorre uma redução na tensão da armadura, o que faz com que na mesma proporção ocorra a redução do comprimento de ancoragem básico (lb), dando origem ao comprimento de ancoragem necessário (lb,nec) correspondente a um parcela do comprimento de ancoragem inicial, determinado pela seguinte equação (ABNT, 2014): 
#PraCegoVer: lê-se a equação como o comprimento de ancoragem necessário é igual ao coeficiente alfa, multiplicado pelo comprimento de ancoragem básico, multiplicado pela armadura calculada, dividida pela armadura efetiva.
Onde:
α é igual a:
·       1,0 para barras lisas;
·        0,7 para barras tracionadas com gancho, com cobrimento no plano normal ao do gancho ³ 3f; 
·       0,7 para barras transversais soldadas; 
·        0,5 para barras transversais soldadas e gancho com cobrimento no plano normal ao do gancho ³ 3f;
O comprimento de ancoragem deve atender aos seguintes requisitos mínimos:
#PraCegoVer: lê-se a equação como o comprimento mínimo de ancoragem deve ser maior ou igual a 0,3, multiplicado pelo comprimento de ancoragem básico (lb) ou dez multiplicado pelo diâmetro da barra ou 100 mm.
Exemplo
Calcule o comprimento de ancoragem básico para uma barra de diâmetro de 12,5 mm de aço CA-50, fck= 20 MPa, γc de 1,4 considerando uma situação de boa aderência (CARVALHO, FIGUEIREDO FILHO, 2014). 
Primeiramente, será necessário determinar a resistência de cálculo do concreto à tração, conforme a seguir:
Após isso, calcule a resistência de ancoragem:
São adotados os seguintes coeficientes: 
η1 = 2,25 para barra de aço CA-50 nervurada
η2= 1,0 para situação de boa aderência
η3= 1,0 para Ø< 32 mm
Determinados esses valores, calcule o comprimento básico de ancoragem (lb) conforme segue:
Onde fyd representa a resistência de cálculo do aço, calculada pela tensão de escoamento de 500 MPa por se tratar do aço CA-50, dividida pelo coeficiente de ponderação do aço (γs) igual a 1,15. 
Dessa forma, para o exemplo dado, o coeficiente básico de ancoragem é igual a 54,65 cm.
Finalizamos esta unidade testando os seus conhecimentos!
Teste seus conhecimentos
(Atividade não pontuada)
O edifício Las Vegas, localizado à Rua Mário de Andrade, 128, em Praia Grande, de mais de 18 andares (que equivalem a 22) e 58 apartamentos, está com graves problemas estruturais e pode desabar a qualquer momento com 17 famílias dentro. Existe um parecer que proíbe os moradores do edifício de receberem visitas por conta do excesso de peso. O mesmo parecer afirma que o edifício não pode sofrer corrente de vento muito forte, acima de 100 km/hora.
(Fonte: Adaptado de: DIÁRIO do litoral. 8 out. 2020. Prédio residencial corre risco de desabamento em Praia Grande. Disponível em: https://www.diariodolitoral.com.br/cotidiano/predio-residencial-corre-risco-de-desabamento-em-praia-grande/138479/ . Acesso em: 26 jan. 2021.)
Com base no texto, assinale a alternativa que indica que tipo de ação as estruturas desse prédio estão sofrendo quando o parecer cita a ação do vento:
· a. Ações variáveis indiretas.
· b. Ações permanentes diretas.
· c. Ações excepcionais.
· d. Ações variáveis diretas.
· e. Ações permanentes indiretas.
· Verificar 
Chegamos ao final desta primeira unidade. Até a próxima!
Conclusão
Concluímos esta unidade na qual abordamos os conceitos a respeito dos requisitos de segurança necessários para a elaboração de um projeto estrutural. Apresentamos e discutimos os estados limites e ações nas estruturas. 
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
· Conhecer os conceitos de qualidade, durabilidade e segurança para estruturas de concreto.
· Compreender o que são os estados limites.
· Compreender o que são os estados limites últimos.
· Compreender o que são os estados limites de serviço e sua classificação.
· Conhecer os tipos de ações atuantes em uma estrutura.
· Conhecer os tipos de combinações últimas e combinações de ações de serviço.
· Explorar as verificações quanto a fissuras, deformações ou ancoragem.
Referências
ABNT. NBR 6118: Projeto de estruturas de concreto – procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 2014.
______. NBR 6120: Ações para o cálculo de estruturas de edificações. Rio de Janeiro: ABNT, 2019.
______. NBR 8681: Ações e segurança nas estruturas – procedimento. Rio de Janeiro, 2003.
BASTOS, P. S. S. Ancoragem de emenda de armaduras. Bauru: UNESP, 2018. Disponível em: https://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/concreto2/Ancoragem.pdf. Acesso em: 26 jan. 2021.
______. Fundamentos do concreto armado. Bauru: UNESP, 2019. Disponível em: https://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/concreto1/Fundamentos%20CA.pdf. Acesso em: 26 jan. 2021.
CARVALHO, R. C.; FIGUEIREDO FILHO, J. R. Cálculo e detalhamento de estruturas usuais de concreto armado: segundo a NBR 6118:2014. 4. ed. São Carlos: EdUFSCar, 2014. v. 1.
CLÍMACO, J. C. T. Estruturas de concreto armado: fundamentos de projeto, dimensionamento e verificação. 3. ed. Brasília: Elsevier, Unb, 2016.
LIVE: NBR 6120:2019 - Ações para o cálculo de estruturas de edificações. [S. l.: s. n.], 2020. 1 vídeo (96 min). Publicado pelo canal ABECE. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?app=desktop&v=hpnfW1rTqr8&ab_channel=ABECEAssoc.Bras.Eng.ConsultoriaEstrutural. Acesso em: 26 jan. 2021.
PINHEIRO, L. M. Fundamentos do concreto e projeto de edifícios. São Carlos: USP, 2010. Disponível em: http://www.set.eesc.usp.br/mdidatico/concreto/Textos/. Acesso em: 26 jan. 2021.
PORTO, T. B.; FERNANDES, D. S. G. Curso básico de concreto armado: conforme NBR 6118:2014. São Paulo: Oficina de Textos, 2015.
Estruturas de concreto especiais
UNIDADE 2 - DIMENSIONAMENTO DE PILARES
Autoria: Eduarda Pereira Barbosa - Revisão técnica: André Luis Moura Silva Leal
Vamos lá!
Introdução
Caro (a) estudante, nesta unidade, vamos abordar os conceitos básicos das verificações de segurança que devem ser realizadas em elementos estruturais de concreto armado. Para isso, serão propostas algumas reflexões: qual a definição de pilar? Quais os tipos de esforços solicitantes sobre um pilar? O que é a não linearidade geométrica? O que é flambagem? O que são efeitos de 1ª ordem? O que são excentricidades? O que são efeitos de 2ª ordem? Quais os tipos de pilares de acordo com a disposição construtiva? Qual o método de dimensionamento para cada tipo de pilar? Como é realizado o detalhamento das armaduras?
Você também verá casos práticos de dimensionamento das armaduras para cada tipo de pilar utilizando o método do pilar-padrão com curvatura aproximada. Após isso, serão apresentados os detalhamentos necessários a serem realizados nas armaduras longitudinais e transversais. Esses conceitos serão os norteadores para atividades e balizadores para a sua prática profissional.
Vamos começar? Bons estudos!
2.1 Pilares: conceitos iniciais
Elementos estruturais como lajes, vigas e pilares são os responsáveis por garantir a estabilidade de uma estrutura como um todo, promovendo condições para que todos os componentes desempenhem as funções durante o decorrer de sua vida útil. Desses elementos destacam-se os pilares. Veja a definição desse elemento, de acordo com a NBR 6118.
	Pilares
	
Eles têm a função de receber as cargas vindas das lajes e vigas, e de transportá-las até as fundações para que as repassem ao solo de suporte. Os formatos mais utilizados são de seção transversal quadrada, retangular ou circular, sendo uma de suas dimensões (comprimento) bem maior que as outras duas, por isso são tratados como elementos lineares, geralmente, isolados (CARVALHO; PINHEIRO, 2009).
2.1.1 Comportamento dos pilares e análise de elementos isolados
Nesta seção, vamos tratar dos principais aspectos necessários para entender os comportamentos dos pilares. Ospilares são elementos em que os esforços solicitantes que predominam são a força normal, geralmente de compressão, e o momento fletor, podendo ocorrer a força cortante. Esses esforços são denominados de solicitações normais e classificados da seguinte forma (CLÍMACO, 2016; BASTOS, 2020).
· Compressão centrada, axial ou simples
Ocorre quando a força de compressão (Nd) atua no centro geométrico da seção transversal do pilar. Porém, de acordo com a NBR 6118 (ABNT, 2014), para o dimensionamento dos pilares sempre deve ser considerado um momento mínimo atuante.
· Flexão composta
Ocorre pela atuação conjunta da força normal (N) e do momento fletor. De acordo com o tipo de força normal, caso seja tração ou compressão, recebe as denominações de flexocompressão e flexotração. Esse momento atuante é resultado da aplicação da força normal fora do centro geométrico do pilar e possui resultantes nos eixos x e y do pilar, chamadas de excentricidades.
A flexão composta é classificada em dois tipos de esforços distintos, de acordo com a atuação dos momentos fletores (CLÍMACO, 2016; BASTOS, 2020).
· Flexão composta normal ou reta: neste esforço, atua sobre o pilar a força normal e o momento fletor em uma direção, assim como a excentricidade.
· Flexão composta oblíqua: neste esforço, atua sobre o pilar a força normal e dois momentos fletores, sendo um em cada direção do pilar, assim como as excentricidades.
Veja a representação dessas solicitações normais na figura a seguir.
Figura 1 - Solicitações normais em pilares de concreto armadoFonte: Adaptada de BASTOS, 2020.
#PraCegoVer: imagem apresenta os três tipos de solicitações normais atuantes em pilares de concreto armado. O primeiro, à esquerda, tem o título compressão simples; o segundo, composto de duas representações gráficas, ao centro, tem o título flexão composta normal; e o terceiro, composto de duas representações gráficas, tem o título flexão composta oblíqua.
De acordo com Clímaco (2016), a flexão composta é o esforço predominante em pilares de edificações usuais, pois sempre ocorrem na estrutura excentricidades de diversas naturezas, como imprecisões geométricas decorrentes da construção, os chamados efeitos de 1ª e 2ª ordem.
Segundo Kimura (2018), a análise em 1ª ordem de uma estrutura é realizada com a configuração geométrica inicial não deformada, o que gera os efeitos de 1ª ordem. Por sua vez, a análise da estrutura em 2ª ordem é realizada com a estrutura na posição deformada, o que gera os efeitos adicionais chamados de efeitos de 2ª ordem. Veja as representações a seguir.
Figura 2 - Efeitos de 1ª e 2ª ordemFonte: Adaptada de KIMURA, 2018.
#PraCegoVer: imagem apresenta os efeitos de 1ª e 2ª ordem atuantes em uma estrutura. À esquerda, a ilustração traz uma estrutura, como se fosse um retângulo com dois apoios no chão, com setas, da esquerda para a direita, na lateral da estrutura, e no topo, no sentido de cima para baixo. Embaixo, o título configuração inicial (não deformada). Uma seta indica efeitos de 1ª ordem. À direita, a ilustração traz a estrutura, como se fosse um retângulo com dois apoios no chão, com uma leve inclinação para a direita, com setas apenas no topo, no sentido de cima para baixo. Embaixo, o título configuração deformada. Uma seta indica que a representação efeitos de 2ª ordem.
As excentricidades presentes em um pilar ocorrem em função dos momentos atuantes no pilar e podem ser classificadas em excentricidades de 1ª e 2ª ordem. As excentricidades de 1ª ordem, de acordo com Clímaco (2016) e NBR 6118 (ABNT, 2014), estão relacionadas à configuração inicial não deformada da estrutura e podem ser divididas em excentricidades oriundas de imperfeições geométricas, decorrentes das imperfeições do eixo dos elementos estruturais, excentricidade inicial das vigas em relação ao eixo do pilar e transmitidas pelas vigas ao pilar. Por sua vez, as excentricidades de 2ª ordem ocorrem em função dos efeitos de 2ª ordem. A NBR 6118 (ABNT, 2014) estabelece que os efeitos das imperfeições das estruturas podem ser substituídos considerando-se a ação de um momento mínimo de 1ª ordem a ser considerado nas direções do pilar, dado pela expressão abaixo:
Em que: Nd = força normal de cálculo; h = dimensão do pilar na direção considerada.
Segundo NBR 6118 (ABNT, 2014), Porto e Fernandes (2015), os efeitos de 2ª ordem podem ser desprezados quando o índice de esbeltez do pilar for menor que a esbeltez limite (, dada pela expressão:
Em que: e1 = excentricidade de 1ª ordem; h = dimensão do pilar na direção considerada.
O coeficiente  é determinado com base nos vínculos do pilar (ABNT, 2014). Vamos conhecê-los.
Pilares biapoiados sem cargas transversais:
Em que: MA e MB são os momentos de 1ª ordem atuantes na base e no topo do pilar, e MA deve ser o momento de maior valor absoluto. É necessário que o coeficiente atenda aos seguintes limites:
Pilares biapoiados com cargas transversais significativas na altura:
Pilares em balanço:
Em que: MA é o momento de 1ª ordem no engaste e MC o momento de 1ª ordem no meio do pilar. É necessário que o coeficiente atenda aos seguintes limites:
Pilar biapoiado com momento menor que o momento mínimo:
Já o índice de esbeltez é a razão entre o comprimento equivalente, também conhecido como comprimento de flambagem, e o raio de giração, a ser considerado nas duas direções do pilar. Os pilares de concreto devem ter índice de esbeltez menor ou igual a 200 (ABNT, 2014).
De acordo com Clímaco (2016), a flambagem é um fenômeno de instabilidade do equilíbrio da estrutura que pode provocar ruptura de uma peça em que a compressão é preponderante antes de esgotar sua capacidade de resistência.
O comprimento equivalente ou de flambagem de um pilar depende das vinculações na base e no topo. Supondo que o pilar esteja vinculado em ambas as extremidades, o comprimento equivalente (le) é o menor dos seguintes valores:
Veja a representação dessas variáveis na imagem a seguir.
Figura 3 - Representação do comprimento equivalenteFonte: BASTOS, 2020, p. 52.
#PraCegoVer: imagem traz a ilustração de uma estrutura, com marcações de comprimento e indicações de variáveis.
Em que: lo = distância entre as faces internas dos elementos estruturais que vinculam o pilar; h = altura da seção transversal do pilar; l = distância entre os eixos dos elementos estruturais ao qual o pilar está vinculado.
Teste seus conhecimentos
(Atividade não pontuada)
Magalhães, Real e Silva Filho (2018) trazem que os procedimentos de dimensionamento de pilares estabelecidos pelas normas de projeto apresentam níveis preestabelecidos de segurança. Esses níveis são definidos a partir do uso de coeficientes parciais de ponderação dos esforços solicitantes e resistentes, calibrados por modelos de simulação ou verificações práticas.
MAGALHÃES, F. C.; REAL, M. de V.; SILVA FILHO, L. C. P. da. Efeitos das operações de controle tecnológico do concreto na avaliação da confiabilidade de pilares de concreto armado. Revista Matéria, Rio de Janeiro, v. 23, n. 3, e12157, 2018. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rmat/v23n3/1517-7076-rmat-23-03-e12157.pdf. Acesso em: 14 jan. 2021.
Considerando os tipos de solicitações normais atuantes nos pilares de concreto armado, é correto afirmar que os elementos que atuam na flexão oblíqua correspondem à:
· a. Excentricidade em x, excentricidade em y, momento de 1ª ordem em x, momento de 1ª ordem em y.
· b. Excentricidade em x, excentricidade 0 em y, momento de 1ª ordem em x, momento de 1ª ordem 0 em y.
· c. Excentricidade 0 em x, excentricidade 0 em y, momento de 1ª ordem 0 em x, momento de 1ª ordem 0 em y.
· d. Excentricidade 0 em x, excentricidade 0 em y, momento de 1ª ordem em x, momento de 1ª ordem em y.
· e. Excentricidade em x, excentricidade em y, momento de 1ª ordem 0 em x, momento de 1ª ordem 0 em y.
· Verificar 
2.1.2 Disposições construtivas
Continuando nosso estudo, nesta seção, serão abordados os principais detalhes construtivos que você deve saber sobre os pilares. Os pilares são classificados de acordo com a posição na plantada edificação. Vamos conhecer quais são.
Pilares de extremidade, também conhecidos como pilares laterais, são posicionados nas bordas da edificação e apresentam descontinuidade da viga sobre eles apoiada em uma de suas direções, o que gera um momento fletor atuante de 1ª ordem transmitido pelo vão extremo da viga. Esse momento fletor atua em uma direção do pilar, sendo dividido em momento atuante no topo (MA) e na base do pilar (MB), além de gerar uma excentricidade na direção de atuação desse momento. Em função dessas características, o esforço solicitante sobre esses pilares é a flexão composta normal ou reta (BASTOS, 2015; CLÍMACO, 2016).
Veja a imagem para compreender o posicionamento do pilar de extremidade.
Figura 4 - Representações dos pilares de extremidadeFonte: Adaptada de BASTOS, 2015.
#PraCegoVer: imagem traz três ilustrações de pilares de extremidade. A da esquerda representa a edificação e traz uma figura tridimensional; a do meio representa a planta e traz uma figura bidimensional, no formato de um "T" na horizontal; e a da direita representa a situação de projeto e traz uma figura unidimensional, retangular e na horizontal.
Pilares intermediários são as lajes e vigas que possuem continuidade nas duas direções do pilar, geralmente encontram-se localizadas na região central da edificação. Considera-se o esforço de compressão simples atuante nesses pilares, pois admite-se que os momentos fletores transmitidos ao pilar sejam desprezíveis. Não existem momentos de 1ª ordem atuantes no topo (MA) e na base do pilar (MB) (BASTOS, 2015; CLÍMACO, 2016).
Veja a imagem para compreender o posicionamento do pilar intermediário.
Figura 5 - Representações dos pilares intermediáriosFonte: Adaptada de BASTOS, 2015.
#PraCegoVer: imagem traz três ilustrações de pilares intermediários. A da esquerda representa a edificação e traz uma figura tridimensional; a do meio representa a planta e traz uma figura bidimensional, no formato de uma cruz; e a da direita representa a situação de projeto e traz uma figura unidimensional, retangular e na vertical.
Pilares de canto são posicionados nos cantos da edificação e possuem descontinuidade da viga apoiada nas duas direções, o que gera momentos fletores de 1ª ordem atuantes nos dois eixos, que, por consequência, também geram excentricidades em x e y. Em função disso, esses pilares são submetidos ao esforço de flexão composta oblíqua.
Veja a imagem para compreender o posicionamento desses pilares.
Figura 6 - Representações dos pilares de cantoFonte: Adaptada de BASTOS, 2015.
#PraCegoVer: imagem traz três ilustrações de pilares de canto. A da esquerda representa a edificação e traz uma figura tridimensional; a do meio representa a planta e traz uma figura bidimensional, em formato de canto; e a da direita representa a situação de projeto e traz uma figura unidimensional, retangular e na vertical.
A NBR 6118 estabelece que um pilar, seja qual for o formato de seção transversal, não deve apresentar dimensão menor que 19 centímetros (ABNT, 2014). Em casos especiais, podem ser adotadas dimensões entre 14 e 19 centímetros, porém os esforços solicitantes de cálculo considerados no dimensionamento devem ser multiplicados por um coeficiente adicional γn, com intuito de majorar os esforços e garantir a segurança da estrutura. Além disso, para os pilares, deve ser considerada a área de seção transversal mínima de 360 cm². A tabela a seguir apresenta os valores adotados de acordo com a menor dimensão do pilar (b) adotada, expressa em centímetros.
Tabela 1 - Valores do coeficiente adicional γn para os pilaresFonte: Adaptada de ABNT, 2014.
#PraCegoVer: tabela com duas linhas e sete colunas. Na primeira linha estão os valores das dimensões dos pilares, medidos em centímetros, sendo o primeiro menor que 19 e o último 14. Na segunda linha estão os valores do coeficiente adicional.
Essas condições apresentadas são válidas para pilares em que a maior dimensão seja no máximo cinco vezes a menor dimensão (h ≤ 5b). As armaduras dos pilares são dispostas nas direções longitudinal e transversal. Sendo assim denominadas e apresentando funções específicas.
Armadura longitudinal ou principal
Armadura transversal ou estribos
Constituída de barras retas paralelas ao eixo do pilar que se estendem por todo o comprimento, sendo prolongadas acima e abaixo das faces superior e inferior das vigas e lajes, com esse trecho denominado de esperas (CLÍMACO, 2016).
Veja a imagem para visualizar os tipos de armaduras.
Figura 7 - Detalhamento de um pilar com indicações das armadurasFonte: Adaptada de BOTELHO; MARCHETTI, 2018.
#PraCegoVer: imagem traz três ilustrações, sendo a da esquerda uma estrutura vertical em perspectiva, com indicações de armadura (longitudinal), estribo (armadura transversal) e pilar. A do meio traz a estrutura em seção longitudinal, com indicações de estribo e armadura. E a da direita traz a estrutura em seção transversal, com indicações de armadura (longitudinal), estribo (armadura transversal) e cobrimento.
As armaduras não devem ser expostas ao ambiente, pois podem sofrer oxidação. Uma das maneiras de impedir essa exposição é protegê-las com uma camada de concreto, chamada de cobrimento (BOTELHO; FERRAZ, 2016). A espessura dessa camada é determinada em função da classe de agressividade da estrutura. Veja os valores especificados para o cobrimento de pilares.
Quadro 1 - Cobrimento para pilares de concreto armadoFonte: Adaptado de ABNT, 2014.
#PraCegoVer: quadro com quatro linhas, sendo a primeira a de classes de agressividade ambiental, que traz indicação de quatro itens, em algarismos romanos; a segunda linha é a de tipos de ambientes e traz sete itens; a terceira linha é a de agressividade e traz quatro níveis de intensidades; e a quarta linha é a de cobrimento normal traz valores numéricos em milímetros.
De acordo a NBR 6118, as armaduras longitudinais apresentam valores máximos e mínimos que devem ser considerados (ABNT, 2014). A armadura mínima longitudinal é determinada pela equação:
Em que: Nd = força normal de cálculo; fyd = resistência de cálculo ao escoamento do aço. Já a armadura máxima longitudinal é determinada pela equação:
Em que: Ac = área de concreto da seção transversal.
2.2 Dimensionamento de pilares
O ponto principal do dimensionamento de pilares consiste na determinação do momento fletor total atuante em cada direção dos eixos do pilar (x e y), sendo definido pela soma dos momentos de 1ª e 2ª ordem. Segundo a NBR 6118 (ABNT, 2014), o método de dimensionamento pode ser adotado com base no índice de esbeltez do pilar, utilizando a relação:
Grande parte dos pilares utilizados nas construções brasileiras apresenta índice de esbeltez menor que 90. Sendo assim, o método aproximado mais utilizado, de acordo com a NBR 6118, é o do pilar-padrão com curvatura aproximada, com rigidez K aproximada, acoplado a diagramas de momentos fletores e excentricidades para pilares de seção retangular submetidos à flexão composta oblíqua (ABNT, 2014).
Para os dimensionamentos abordados nesta unidade, será utilizado o método do pilar-padrão com curvatura aproximada, definindo o momento fletor total com base na equação de momento total definida na NBR 6118, uma vez que esse é um dos métodos mais simples de dimensionamento. Essa determinação também pode ser realizada com base nos diagramas de momento fletor e excentricidades do pilar. Por isso, foi elaborado um roteiro de cálculo com as etapas a serem seguidas para cada tipo de pilar, baseado em NBR 6118 (ABNT, 2014) e Bastos (2020).
2.2.1 Pilares de extremidade
Nesta seção, será apresentado o roteiro de cálculo para os pilares de extremidade. Para isso, é necessário seguir uma série de etapas, descritas a seguir.
Calcular a força normal de cálculo (Nd): quando fornecida a força solicitante característica (Nk) no pilar, esta deve ser majorada para a força normal de cálculo (Nd) em função dos coeficientes γn e γf, em que o primeiro coeficiente é obtido em função da seção transversal do pilar e o segundo em funçãodas ações atuantes. A força normal de cálculo é dada pela seguinte equação:
Calcular a excentricidade de 1ª ordem : os pilares de extremidade são submetidos a momentos de 1ª ordem atuantes em uma direção do pilar e no topo (M1d, A, x) e na base (M1d, B, x). Esses momentos geram excentricidades de 1ª ordem no topo () e na base do pilar (). Essas excentricidades são determinadas de acordo com as seguintes equações:
Calcular o índice de esbeltez do pilar : o índice de esbeltez deve ser determinado para as duas direções do pilar, x e y. Correlacionando o comprimento equivalente em x (lex) e y (ley) com as dimensões do pilar em x (hx) e y (hy).
O índice de esbeltez é determinado em x (e y () pelas expressões:
Calcular o momento fletor mínimo : o momento fletor mínimo deve ser determinado para as duas direções do pilar, x (M1d, mín, x) e y (M1d, mín, y), de acordo com as expressões:
Calcular a esbeltez limite : a esbeltez limite deve ser calculada nas duas direções do pilar, x () e y (), para comparação com o índice de esbeltez e ser realizada na verificação de dispensa das análises de 2ª ordem. Inicialmente, você deve determinar o coeficiente () dado em função dos vínculos dos pilares, conforme visto anteriormente. A esbeltez limite é dada pelas expressões:
O valor da esbeltez limite deve ser de no mínimo 35; caso os valores calculados sejam menores, você deve adotar a esbeltez limite igual a 35, tanto na direção x quanto na direção y do pilar.
Você quer ler?
Otimização de seções poligonais de concreto armado sujeitas à flexão composta
Ano: 2017
Autora: Flávia Castro de Faria
Comentário: os pilares de extremidade são elementos submetidos à flexão composta normal. Durante o dimensionamento, muitas vezes, é necessário que sua seção transversal seja otimizada de forma a proporcionar uma maior resistência desse elemento estrutural. Essa otimização pode ser feita de forma automática, por meio de programas computacionais, como é mostrado nesta indicação de dissertação.
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Verificar a consideração dos efeitos de 2ª ordem: os efeitos de 2ª ordem podem ser desconsiderados para as direções do pilar em que a esbeltez limite ( e ) for maior que o índice de esbeltez ( e ). Caso contrário, os efeitos de 2ª ordem devem ser considerados e, a partir disso, definida a situação mais crítica do pilar.
Por exemplo, vamos considerar que a direção x é a mais desfavorável, atendendo à seguinte condição:
Assim, as demais etapas do dimensionamento serão realizadas levando apenas essa direção em consideração. O mesmo pode ser feito para a direção y, caso atenda à condição.
Calcular a força normal adimensional : no dimensionamento dos pilares de extremidade são utilizadas equações adimensionais com o intuito de facilitar o uso de ábacos para a determinação da área de aço para as armaduras. A força normal é dada pela relação entre a força de cálculo (Nd), a área de concreto da seção transversal do pilar (Ac) e a resistência de cálculo do concreto (fcd).
Calcular o raio de curvatura (1/r): o raio de curvatura é calculado em função da não linearidade geométrica dos pilares por meio da equação:
E o raio de giração deve atender à seguinte condição:
Calcular o momento total atuante no pilar : após essas etapas, o momento total atuante na direção considerada pode ser calculado por meio da equação abaixo, determinada pela NBR 6118 (ABNT, 2014):
Antes de iniciar o cálculo, deve ser realizada esta verificação:
Em que o primeiro termo da equação de momento total deve ter valor maior que o momento mínimo. Caso essa condição não seja atendida, o termo será substituído na equação pelo valor do momento mínimo na direção considerada.
Por fim, na direção y, o momento total atuante pode ser considerado o momento mínimo tendo em vista que nessa direção não ocorrem momentos de 1ª e 2ª ordem.
Calcular a área de aço para o pilar de extremidade: os pilares de extremidade são solicitados pela flexão composta normal em que são utilizados ábacos para a determinação mais ágil da área de aço das armaduras. Para esse caso, os ábacos mais utilizados são os propostos por Venturini e Rodrigues (1987), em que para cada tipo de disposição construtiva e características geométricas do pilar podem ser adotados ábacos distintos.
Esses ábacos são utilizados para estruturas construídas com concretos de até 50 MPa. Para utilizá-los é necessário variáveis, como: a força normal adimensional (v), o parâmetro µ e a relação d’/h. Você pode utilizar as seguintes etapas para determinar a área de aço do pilar.
Calcular µ: determinado em função do momento fletor máximo na direção considerada e nas características do pilar.
Calcular a relação d’x/hx: d’x representa a distância do eixo das armaduras até a face externa do pilar e hx representa a dimensão do pilar na direção considerada, neste caso, x.
Você sabia?
A variável fcd representa a resistência de cálculo à compressão do concreto, determinada pela equação fcd = fck/γc, em que fck é a resistência característica do concreto aos 28 dias e γc é o coeficiente de ponderação da resistência do concreto, equivalente a 1,4. A variável fyd representa a resistência de cálculo à tração do aço, dada pela equação fyd=fyk/γs, em que fyk é a resistência característica ao escoamento do aço e γs é o coeficiente de ponderação da resistência do aço, equivalente a 1,15.
Determinar a taxa mecânica da armadura: os ábacos são utilizados para determinar a taxa mecânica da armadura original, sendo necessária, primeiramente, a escolha de um. A escolha do ábaco é de acordo com a disposição das armaduras no pilar, que fica a cargo do projetista e em função do tipo de aço e do valor da relação d’/h. Após a escolha é realizado o cruzamento dos valores de v e µ para a obtenção de , que representa a taxa mecânica da armadura necessária ao dimensionamento.
Figura 8 - Configuração do ábaco de VenturiniFonte: Adaptada de VENTURINI; RODRIGUES, 1987.
#PraCegoVer: imagem traz um plano cartesiano, em que a área entre os eixos horizontal (valores para mi) e vertical (valores para v) é toda quadriculada, com traços e indicações de valores numéricos.
Calcular a área de aço da armadura longitudinal (As): a área de aço da armadura é determinada de acordo com a equação:
Agora que finalizamos o roteiro para os pilares de extremidades, vamos para os pilares intermediários. Acompanhe!
2.2.2 Pilares intermediários
Nesta seção, será apresentado o roteiro de cálculo para os pilares intermediários. Para isso, é necessário seguir uma série de etapas.
Calcular a força normal de cálculo (Nd):
No caso desses pilares, em função da continuidade das vigas em duas direções, não existem momentos de 1ª ordem atuantes, por consequência, também não há excentricidades.
Calcular o índice de esbeltez do pilar na direção x  e direção y :
Calcular o momento fletor mínimo : para os pilares intermediários não há momentos de 1ª ordem atuantes, porém, conforme visto anteriormente, sempre deve ser considerado o momento mínimo nas duas direções no pilar (M1d, mín, x e M1d, mín, y) em função das imperfeições geométricas da estrutura.
Calcular as excentricidades mínimas de 1ª ordem : em função da consideração do momento fletor mínimo, devem ser consideradas excentricidades mínimas nas direções x e y determinadas pelas relações:
Calcular a esbeltez limite nas duas direções:
A seguinte condição deve ser satisfeita:
Para os valores calculados que não atendem à condição, deve ser considerado o valor mínimo de 35.
Verificar a consideração dos efeitos de 2ª ordem: os efeitos de 2ª ordem podem ser desconsiderados para as direções do pilar em que a esbeltez limite ( e ) for maior que o índice de esbeltez ( e ). Caso contrário, os efeitos de 2ª devem ser considerados e, a partir disso, definida a direção mais crítica do pilar.
Por exemplo, vamos considerar que a direção y é a mais desfavorável, atendendo à seguinte condição:
Por essa ser a direção em que mais esforços solicitantes estão atuando, é chamada de direção crítica e, assim, o restante do dimensionamento deve serrealizado com base nela, a fim de determinar o momento total que é resultado dos momentos de 1ª e 2ª ordem. Lembre-se de que a direção considerada nesse roteiro é apenas um exemplo, a mesma situação pode ocorrer na direção x, desde que atenda à condição citada.
Calcular a força normal adimensional :
Calcular o raio de curvatura (1/r): o raio de curvatura é calculado em função da não linearidade geométrica dos pilares por meio da equação:
O raio de giração deve atender à seguinte condição:
Calcular o momento total atuante no pilar : o momento total atuante é definido pela equação abaixo, neste caso, como não há momentos de 1ª ordem atuantes, e apenas é considerado o momento mínimo nas direções do pilar, o cálculo é realizado com base no momento mínimo na direção considerada, neste caso, .
Por fim, na direção x, uma vez que não se consideram os momentos de 2ª ordem para essa direção e não existem momentos de 1ª ordem, o momento total deverá ser considerado como o momento mínimo na direção.
Cálculo da área de aço (As): a área de aço da armadura longitudinal para os pilares intermediários é determinada de forma análoga aos pilares de extremidade, com o uso dos mesmos ábacos.
2.2.3 Pilares de canto
Nesta seção, será apresentado o roteiro de cálculo para os pilares de canto. Para isso, é necessário seguir uma série de etapas.
Calcular a força normal de cálculo (Nd):
Calcular a excentricidade de 1ª ordem nas duas direções do pilar : os pilares de canto são submetidos a momentos de 1ª ordem atuantes nas duas direções, sendo divididos em momentos atuantes no topo (M1d, A, x) e na base (M1d, B, x) na direção x, e no topo (M1d, A, y) e na base (M1d, B, y) na direção y. Esses momentos geram excentricidades de 1ª ordem no topo () e na base do pilar () em x, e no topo () e na base do pilar () em y, determinadas pelas relações:
Calcular o índice de esbeltez do pilar na direção x  e direção y :
Calcular o momento fletor mínimo na direção x e y :
Calcular a esbeltez limite  nas duas direções: esta determinação é realizada de modo análogo aos demais, porém, neste caso, como existem excentricidades atuantes na base e no topo do pilar nas duas direções, você deve considerar para o cálculo o maior valor de excentricidade na direção considerada.
Deve-se, então, analisar a seguinte condição de valor mínimo para o índice de esbeltez:
Verificar a consideração dos efeitos de 2ª ordem: os efeitos de 2ª ordem serão considerados na direção em que o índice de esbeltez seja maior que a esbeltez limite, considerada a direção mais desfavorável do pilar que conduzirá os demais cálculos. Neste caso, vamos considerar a direção x, mas lembre-se de que pode ocorrer na direção y, a depender da análise realizada.
Calcular a força normal adimensional :
Calcular o raio de curvatura (1/r):
E o raio de giração deve atender à seguinte condição:
Calcular o momento total atuante no pilar : para a situação dos pilares de canto, o momento de 1ª ordem a ser utilizado no cálculo do momento total deve ser o maior valor atuante na direção considerada, seja no topo ou na base do pilar.
Para isso, você deve realizar a seguinte verificação:
Caso a condição não seja atendida, deve ser considerado no cálculo o momento mínimo.
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Instabilidade e dimensionamento de pilares de concreto armado de seção poligonal submetidos à flexão composta oblíqua
Ano: 2017
Autor: Lucas Peres de Souza
Comentário: os pilares de canto podem ter diversos formatos de seção transversal, sendo resistentes ao esforço de flexão composta oblíqua. Neste link, você terá acesso à dissertação que trata da comparação da resistência à flexão composta oblíqua de pilares de seção quadrada, retangular, cruz, “T” e “L”.
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Por fim, na direção y, o momento total considerado deve ser verificado em relação ao momento mínimo, pois existem momentos de 1ª ordem atuantes, neste caso, o maior valor entre eles. De acordo com a seguinte condição, caso não seja satisfeita, deve ser adotado o momento mínimo na direção.
Cálculo da área de aço: os pilares de canto são submetidos à flexão composta oblíqua, sendo este um dos esforços que exige cálculos difíceis e detalhados. Para facilitar a determinação da área de aço são utilizados ábacos específicos para a flexão composta oblíqua. Os ábacos propostos por Pinheiro, Baraldi e Porem (2009) são os mais utilizados para dimensionar os pilares de canto, especialmente para definir a taxa mecânica (ω) da armadura.
Você o conhece?
Libânio Pinheiro é graduado em engenharia civil, mestre e doutor em engenharia de estruturas pela Universidade de São Paulo. É um dos grandes nomes da engenharia estrutural no Brasil, sendo professor aposentado da Escola de Engenharia de São Carlos. Atualmente, desenvolve pesquisas relacionadas aos seguintes temas: concreto armado, concreto estrutural ultraleve, estruturas de edifícios e estruturas de concreto pré-moldado.
Para obter a taxa mecânica nos ábacos são necessárias variáveis, como: a força normal adimensional (v), os parâmetros µx e µy e a relação d’x/hx e d’y/hy.
Você pode utilizar o seguinte roteiro para determinar a área de aço dos pilares de canto.
Calcular µx e µy: para os pilares de canto, o parâmetro  deve ser calculado para as duas direções do pilar.
Calcular a relação d’x/hx e d’y/hy: d’x representa a distância do eixo das armaduras até a face externa do pilar na direção x, d’y é a distância do eixo das armaduras até a face externa do pilar na direção y, e hx e hy representam a dimensão do pilar na respectiva direção.
Determinar a taxa mecânica da armadura (ω): primeiramente, é necessário escolher o gráfico com base no arranjo de armaduras, que pode ser de seis maneiras distintas, e as relações d’x/hx e d’y/hy. Essa escolha é com base em tabela, como mostrada na imagem a seguir.
Figura 9 - Parâmetros para a escolha dos ábacos de flexão composta oblíquaFonte: Adaptada de PINHEIRO; BARALDI; POREM, 2009.
#PraCegoVer: imagem traz, no lado esquerdo, duas tabelas, com o título relação dos ábacos. Essas tabelas possuem quatro colunas e 24 linhas. Do lado direito, seis ilustrações retangulares, numeradas de 1 a 6, com o título arranjos das barras.
Nos ábacos, cada quadrante representa um valor de v, sendo necessário realizar o cruzamento entre os parâmetros µx e µy para a determinação da taxa mecânica.
Figura 10 - Ábacos para dimensionamento de pilares na flexão oblíquaFonte: Adaptada de PINHEIRO; BARALDI; POREM, 2009.
#PraCegoVer: imagem traz, na parte superior, equações e uma ilustração retangular, com marcações de pontos. Na parte inferior, um gráfico, com os quatro quadrantes, com traços e indicações numéricas.
Calcular a área de aço da armadura longitudinal (As): a área de aço é determinada de forma análoga aos pilares de extremidade com o uso da mesma equação.
2.3 Detalhamento das armaduras
Na prática, a área de aço calculada para os pilares deve ser transformada em barras com diâmetros definidos que formarão a armadura longitudinal ou transversal. Isso é alcançado com o uso de tabelas que correlacionam dados, como o número de barras utilizadas na armadura, o diâmetro ou bitola das barras e a área de aço calculada. Veja essas correlações na tabela.
Tabela 2 - Correlação para definição das armadurasFonte: Adaptada de ARAÚJO, 2014.
#PraCegoVer: imagem traz uma tabela com dados de área de aço calculada (valores em cm²), diâmetro (valores em milímetros) e quantidade de barras (valores de 1 a 14).
Para utilizar essa tabela, você deve definir o número de barras e verificar, na coluna referente ao total escolhido, a área de aço que mais se aproxima da área de aço calculada, desde que seja superior, e correlacionar com o diâmetro de barra correspondente a linha em que se encontra.
Caso
No dimensionamento de um pilar de extremidade com seção transversal retangular foi calculada uma área de aço de 25 cm². A partir dessas informações, qual a armadura a ser adotada de acordo com a tabela de correlação? De acordo com o número de barras, podem ocorrer distintas soluções para essa

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