Buscar

Responsabilidade Civil Aulas 1 a 10

Prévia do material em texto

RESPONSABILIDADE CIVIL 
 
Introdução 
A proposta da disciplina está alinhada com os objetivos do curso de Direito da 
Universidade Estácio de Sá, qual seja, o de formar um profissional crítico apto 
a raciocinar teoricamente com plena aplicabilidade ao aspecto prático. 
Neste sentido, ilustraremos as aulas de uma forma polinormativa, fazendo um 
verdadeiro “diálogo entre suas fontes”. Desse modo, aplicaremos as normas de 
origem legislativa correlacionando-as às outras diversas (ex: normativo de 
agências reguladoras, normas de auto-regulação de diversas entidades etc.). 
 
Objetivos 
Identificar os institutos teóricos da responsabilidade civil; 
Analisar a teoria para correlacionando-a ao fato social; 
Aplicar os ensinamentos aos seus objetivos profissionais. 
 
Bibliografia 
CAHALI, Yussef Said. Dano Moral. 4. ed. São Paulo: RT, 2011. 
CAHALI, Yussef Said. Responsabilidade Civil do Estado. 5. ed. São Paulo: 
RT, 2014. 
CAVALIERI F., Sergio. Programa de Responsabilidade Civil. 12. ed. São 
Paulo: Atlas, 2015. 
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. Responsabilidade 
Civil. vol. 7. 29. ed. São Paulo: Saraiva, 2015. 
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. Responsabilidade 
Civil. vol. 4 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. 
PAMPLONA FILHO, Rodolfo; GAGLIANO, Pablo Stolze. Novo Curso de 
Direito Civil. Responsabilidade Civil. vol. 3, 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. 
SCHREIBER, Anderson. Novos Paradigmas da Responsabilidade Civil. 6. 
ed. São Paulo: Atlas, 2015. 
Links Sugeridos 
 
http://www.stf.jus.br/portal/principal/principal.asp 
http://www.stj.jus.br/portal/site/STJ 
http://www25.senado.leg.br/web/atividade/legislacao 
http://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/legislacao 
http://www.abecs.org.br/autorregulacao-normas 
http://portal.cfm.org.br/ 
http://www.ans.gov.br/ 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm. 
http://www.febraban.org.br/ 
http://www.bcb.gov.br/pt-br/paginas/default.aspx 
 http://www.autorregulacaobancaria.com.br/ 
http://www.autorregulacaobancaria.com.br/normativos.asp 
http://www.febraban.org.br/Febraban.asp?modulo=Servi%E7os 
http://www.abecs.org.br/ 
http://www.abecs.org.br/abecs-autorregulacao 
 
AULA 01 
 
Conceito de responsabilidade 
A palavra responsabilidade é de origem latina e proveniente da raiz do verbo: 
 
respondere = responder 
Etimologicamente, significa: indicar alguém como garantidor de alguma coisa. 
O ordenamento jurídico tem como principal objetivo o de proteger o lícito e 
reprimir o ilícito (San Tiago Dantas), reprimindo a conduta ilícita e tutelando a 
atividade do homem que se comporta de acordo com o direito. 
 
Dever Jurídico originário e sucessivo 
Para atingir o objetivo de uma conduta social reta, proba, o direito estabelece 
regras que podem ser positivas (dar e fazer) e negativas (não fazer), 
consubstanciando-se, assim, em um dever jurídico. 
 
Sendo assim, dever jurídico é uma conduta externa de uma pessoa imposta 
pelo direito positivo (lei) por exigência da convivência social. Divide-se o dever 
jurídico em: 
 
 Originário: o de não lesar ninguém. 
 Sucessivo: caso haja a lesão cria-se a partir deste a obrigação de repará-lo. 
 
 
Previsões normativas 
Temos, in casu, as seguintes previsões normativas pertinentes à 
responsabilidade civil: 
 
 Constituição Federal de 1988 – art. 5, V e X e outros; 
 Lei 10.406 de 2002 – artigos 927 ao 954 e outros. 
 
Quadro gráfico da responsabilidade civil 
 
Pelo gráfico a seguir, temos uma visão geral da responsabilidade civil em 
conjunto com os seus elementos: 
 
Responsabilidade Civil – art. 927 da Lei 10.406 de 2002: 
 
Elementos da responsabilidade civil 
 
Considerando o estudado, iremos pormenorizar os elementos da 
responsabilidade civil: 
 
Ato ilícito 
É a conduta necessária para termos o início da possibilidade da 
responsabilização jurídica de alguém que comete ato que violente o direito de 
outrem de não ter violado o direito à incolumidade. 
 
Sua expressa previsão está nos artigos 186 e 187 da Lei 10.406 de 2002: 
Título III - Dos Atos Ilícitos: 
 
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou 
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente 
moral, comete ato ilícito. 
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, 
excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, 
pela boa-fé ou pelos bons costumes. 
Nexo Causal 
Temos no nexo causal um dos pontos mais importantes da responsabilidade 
civil. Pois é justamente o ponto que irá convergir o ato ilícito e o dano. Sem os 
quais inexistirá a responsabilidade civil. 
 
Sua previsão legal é o da Lei 13.105 de 2015, principalmente, mas não 
exclusivamente em seus artigos 319, 320 e 373: 
Art. 319. A petição inicial indicará: (...) 
 
III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; 
VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos 
alegados; 
Art. 320. A petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis à 
propositura da ação. 
Art. 373. O ônus da prova incumbe: 
 
I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; 
II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do 
direito do autor. 
Existe imposição normativa ao autor que, à título de peticionamento, indique e 
instrua a petição inicial para a caracterização do seu direito na ação típica de 
responsabilidade civil. E, em sede de contestação, incumbirá ao reú que prove 
a ausência de direitos do autor. 
Dano 
É a consequência do ato ilícito. 
Configurado deforma típicao dano pode ser, por exemplo moral material, 
imagem etc. Ou de forma atípica, dano pela perda de uma chance, dano 
reflexo etc. 
Sua principal fundamentação é o art. 944 da Lei 10.406 de 2002: 
Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano. 
 
Questão 1 
Devido à indicação de luz vermelha do sinal de trânsito, Ricardo parou seu 
veículo pouco antes da faixa de pedestres. Sandro, que vinha logo atrás de 
Ricardo, também parou, guardando razoável distância entre eles. Entretanto, 
Tatiana, que trafegava na mesma faixa de rolamento, mais atrás, distraiu-se ao 
redigir mensagem no celular enquanto conduzia seu veículo, vindo a colidir 
com o veículo de Sandro, o qual, em seguida, atingiu o carro de Ricardo. 
Diante disso, à luz das normas que disciplinam a responsabilidade civil, 
assinale a afirmativa correta. 
 
Cada um arcará com seu próprio prejuízo, visto que a responsabilidade pelos 
danos causados deve ser repartida entre todos os envolvidos. 
 
Caberá a Tatiana indenizar os prejuízos causados ao veículo de Sandro, e este 
deverá indenizar os prejuízos causados ao veículo de Ricardo. 
 
Caberá a Tatiana indenizar os prejuízos causados aos veículos de Sandro e 
Ricardo. 
 
Tatiana e Sandro têm o dever de indenizar Ricardo, na medida de sua culpa. 
 
Não há responsabilidade civil por parte de Tatiana. 
Questão 2 
João dirigia seu veículo respeitando todas as normas de trânsito, com 
velocidade inferior à permitida para o local, quando um bêbado atravessou a 
rua, sem observar as condições de tráfego. João não teve condições de frear o 
veículo ou desviar‐se dele, atingindo‐o e causando‐lhe graves ferimentos. A 
partir do caso apresentado, assinale a afirmativa correta. 
 
Houve responsabilidade civil, devendo João ser considerado culpado por sua 
conduta. 
 
Faltou um dos elementos da responsabilidade civil, qual seja, a conduta 
humana,não ficando configurada a responsabilidade civil. 
 
Houve rompimento do nexo de causalidade, em razão da conduta da vítima, 
não restando configurada a responsabilidade civil. 
 
Inexistiu um dos requisitos essenciais para caracterizar a responsabilidade civil: 
o dano indenizável e, por isso, não deve ser responsabilizado. 
 
Não há responsabilidade civil. 
Questão 3 
São pressupostos necessários para aplicação do princípio geral de direito que 
impõe, a quem causa dano a outrem, o dever de o reparar: 
 
Ação ou omissão do agente; relação obrigatoriamente contratual e relação de 
causalidade. 
 
Dano experimentado pela vítima; culpa do agente; relação de causalidade e 
ação ou omissão do agente. 
 
Dano experimentado pela vítima; dolo do agente causador; inexistência de 
vínculo contratual. 
 
Concorrência de culpas, existência de nexo de causalidade; dano da vítima. 
 
Nexo de causalidade e ato ilícito. 
 
AULA 02 
Conceito de ato ilícito 
 
 
Ato ilícito é a conduta necessária para termos o início 
da possibilidade da responsabilização jurídica de 
alguém que comete ato que violente o direito de 
outrem de não ter violado o direito à incolumidade. 
Previsões normativas 
Considerando o tema, temos nos artigos 186, 187 e 188 da Lei 10.406 de 
2002, a previsão legal pertinente ao tema. 
TÍTULO III - DOS ATOS ILÍCITOS 
 
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou 
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente 
moral, comete ato ilícito. 
 
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, 
excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, 
pela boa-fé ou pelos bons costumes. 
 
Art. 188. Não constituem atos ilícitos: 
I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito 
reconhecido; 
II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de 
remover perigo iminente. 
Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as 
circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites 
do indispensável para a remoção do perigo. 
Tipos de atos ilícitos 
Diante da ideia que está presente nos termos do art. 927 da mesma lei, verbis: 
Título IX - Da Responsabilidade Civil 
Capítulo I - Da Obrigação de Indenizar 
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica 
obrigado a repará-lo. 
Para o tema, necessitamos da conjugação de tais fundamentações para 
termos, ainda que de forma estrita, um sentido mais ajustado do ato ilícito. 
Primeiro, como alguém indenizará outrem através da responsabilidade pelo 
fato do ato ser considerado como ilícito? 
Segundo, qual o conceito do ato ilícito? 
Tais questões serão resolvidas com o entendimento do Título III da Lei 10.406 
de 2002 (Código Civil). Pois a responsabilidade civil depende, entre outros 
(nexo causal e dano), saber justamente o que vem a ser o ato ilícito e seus 
desdobramentos. 
Ato ilícito gênero (ou puro) 
Prevê o art. 186 da Lei 10.406 de 2002: 
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou 
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente 
moral, comete ato ilícito. 
Tal fundamento gera a responsabilidade civil. É, em regra, o elencado para 
qualificar o ato ilícito. Decorre de uma conduta humana (comitiva ou omissiva), 
eivada de culpa (lato sensu), a qual se faz contrária ao ordenamento jurídico 
(ilicitude), e que causou dano à outrem. 
Destaca-se que a conduta humana não exime a pessoa não humana (pessoa 
jurídica). Ocorre que a pessoa jurídica é uma ficção que resulta 
da volição humana. 
De fato, a situação concreta de reparação civil, tem como ponto comum o 
cenário criado com o preenchimento de sua tipificação. 
Vamos fazer uma digressão nesta importante fundamentação: 
 
Ato ilícito espécie (ou equiparado) 
Diferentemente do ato ilícito gênero (ou puro), em que a conduta por si é 
qualificada como ilícita, no ato ilícito espécie (ou equiparado) o agente que 
causa o dano é parte legítima para o exercício do direito. Que poderia ser 
exercido sem nenhum tipo de impedimento. Entretanto, ao exercê-lo, 
ultrapassa os limites tácitos impostos pela lei, no que tange ao seu exercício. 
Vamos à leitura de sua fundamentação o art. 187 da Lei 10.406 de 2002: 
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, 
excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, 
pela boa-fé ou pelos bons costumes. 
Um exemplo simples, e capaz de ilustrar a situação narrada, é o caso do 
desrespeito ao direito de vizinhança. 
O sujeito que está ouvindo músicas em sua residência não comete nenhuma 
ilicitude, aliás, está ele legitimado à exercer tal ato, posto que não há qualquer 
previsão legal que o impeça de realizar esta atividade. 
Temos portanto, um ato plenamente lícito. 
Porém, se este mesmo sujeito pretenda ouvir suas músicas em volume 
exageradamente alto, em horário impróprio, ele deixou de exercer um ato lícito, 
pois o modo o qual está executando o ato o torna inadequado. 
Assim, a situação mencionada não se amolda como um ato ilícito puro, 
preconizado no artigo 186, CC, mas sim no ato ilícito equiparado, pois, o 
agente, praticou seu direito de maneira manifestamente abusiva, capaz de ser 
considerada intolerável à vizinhança no que se diz respeito à boa-fé, à 
moralidade, à harmonia nas relações humanas, etc. 
 
Tal qual como no ato ilícito gênero, passemos a sua análise: 
Também comete ato ilícito (...): 
 
 
 
É equiparado ao ato ilícito do art. 
186. 
 
(...) o titular de um direito (...): 
 
 
 
Legitimidade ativa para o pleno 
exercício de algo que lhe seja 
garantido pelo direito. 
 
(...) que, ao exercê-lo, excede 
manifestamente os limites 
impostos pelo seu fim econômico 
ou social (...): 
 
 
 
Ultrapassa os limites da 
razoabilidade econômica 
(cobrança vexatória) ou social 
(uso desmesurado do 
conhecimento técnico sobre algo). 
 
(...) pela boa-fé (...): 
 
 
 
Confiança na realização 
contratual Ausência de 
desconfiança na relação 
extracontratual 
 
(...) pelos bons costumes (...): 
 
 
 
Aquilo que a sociedade entende 
como moralmente correto. 
Aplicável ao tempo, lugar e 
pessoa. 
OBS: Enunciados da Jornada de Direito Civil promovida pelo Centro de 
Estudos do Conselho da Justiça Federal: 
37 – Art. 187: A responsabilidade civil decorrente do abuso do direito 
independe de culpa e fundamenta-se somente no critério objetivo-finalístico. 
412 – Art. 187: As diversas hipóteses de exercício inadmissível de uma 
situação jurídica subjetiva, tais como supressio, tu quoque, surrectio e venire 
contra factum proprium, são concreções da boa-fé objetiva. 
Tais institutos serão utilizados para suprir lacunas dos deveres implícitos nos 
contratos. 
413 – Art. 187: Os bons costumes previstos no art. 187 do CC possuem 
natureza subjetiva, destinada ao controle da moralidade social de determinada 
época, e objetiva, para permitir a sindicância da violação dos negócios jurídicos 
em questões não abrangidas pela função social e pela boa-fé objetiva. 
414 – Art. 187: A cláusula geral do art. 187 do Código Civil tem fundamento 
constitucional nos princípios da solidariedade, devido processo legal e proteção 
da confiança, e aplica-se a todos os ramos do direito. 
Atividade 
1) Em relação ao abuso do direito é correto afirmar: 
 
Só se configura nos casos em que os direitos são exercidos com a intençãode 
prejudicar. 
 
Será abusivo o exercício do direito que exceder manifestamente os limites 
impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons 
costumes. 
 
O Código Civil não consagrou, nem mesmo indiretamente, a teoria do abuso de 
direito. 
 
A culpa e o dolo integram necessariamente a noção de ato abusivo. 
 
O titular de um direito pode exigi-lo de forma ilimitada. 
 
A imperícia no cenário do ato ilícito 
Questão que merece uma indagação é a que diz respeito à ausência da 
expressão imperícia como tipificador do ato ilícito no art. 186 da Lei 10.406. 
A imperícia, então, seria causa de não tipificação do ato ilícito? 
 
Cremos que não! Pois o legislador assim não o desejou. E o profissional do 
Direito não pode criar texto no lugar em que este inexiste. Entretanto, isto não 
significa que a imperícia não gere responsabilidade civil. 
A imperícia no cenário do ato ilícito 
Tanto que no art. 951 da Lei 10.406 de 2002 temos: 
Lei 10.406 de 2002: 
Art. 951. O disposto nos arts. 948, 949 e 950 aplica-se ainda no caso de 
indenização devida por aquele que, no exercício de atividade profissional, por 
negligência, imprudência ou imperícia, causar a morte do paciente, agravar-lhe 
o mal, causar-lhe lesão, ou inabilitá-lo para o trabalho. 
Logo, considerando o tema, a imperícia é causa de responsabilidade civil do 
profissional da saúde, quando causa dano ao seu paciente, nos termos do 
artigo já citado. 
Logo, considerando o tema, a imperícia é causa de responsabilidade civil do 
profissional da saúde, 
quando causa dano ao seu paciente, nos termos do artigo já citado. 
Excludentes de ilicitude 
A excludente de ilicitude (diversa de excludente de responsabilidade) visa 
suprimir a tipificação do primeiro dos requisitos da responsabilidade civil, o ato 
ilícito. Neste tipo, a conduta ilícita tem uma justificativa que permite, 
justamente, a sua exclusão. 
Neste tema, abordaremos a exclusão do item que dá o início à 
responsabilidade civil, atentemos ao caput do art. 188, verbis: 
Art. 188. Não constituem atos ilícitos: 
Logo, em havendo o enquadramento da conduta do agente ao qual se 
pretende enquadrar a responsabilidade, temos as excludentes das ilicitudes 
apontadas em seus incisos, vamos apresentá-las: 
Art. 188. Não constituem atos ilícitos: 
I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito 
reconhecido; 
II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de 
remover perigo iminente. 
Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as 
circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites 
do indispensável para a remoção do perigo. 
Após a sua apresentação, vamos estudá-las de forma pormenorizada. 
Estrito cumprimento do dever legal 
O agente que tem o dever proveniente da lei como obrigação de agir, não 
responderá pelos atos praticados, ainda que constituam um ilícito. Pois o estrito 
cumprimento de dever legal constitui outra espécie de excludente de ilicitude, 
ou causa justificante. 
Para tal tipificação é necessário que o agente atue dentro da sua esfera de 
atribuição. E que também não atue de forma abusiva. Pois a incompetência 
judicial e a abusividade do dever de agir não gerarão tal excludente. 
Art. 188. Não constituem atos ilícitos:I - os praticados em legítima defesa ou no 
exercício regular de um direito reconhecido; 
 
Estado de necessidade 
Trata-se de uma excludente de ilicitude que constitui o sacrifício de um bem 
jurídico protegido, visando salvar de perigo atual e inevitável direito próprio do 
agente ou de terceiro - desde que no momento da ação não seja exigido do 
agente uma conduta menos lesiva. 
A conduta deve ser proporcional ao evento, de maneira que não se ultrapasse 
um limite considerado razoável. O bem tutelado que é deteriorado, destruído ou 
removido deve ser inferior em relação ao que é salvo. 
Art. 188. Não constituem atos ilícitos: 
II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de 
remover perigo iminente. 
Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as 
circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites 
do indispensável para a remoção do perigo. 
Legítima defesa 
O conceito de legítima defesa está baseado no fato de que os agentes que têm 
o dever legal de atuar não podem estar presentes em todos os lugares 
protegendo os direitos dos indivíduos. 
Nesse tipo, o agente pode, em situações restritas, defender direito seu ou de 
terceiro. Nada mais é do que a ação praticada pelo agente para repelir injusta 
agressão a si ou a terceiro, utilizando-se dos meios necessários com 
moderação. 
Logo, tal excludente deve ser de tal forma que a incolumidade daquele que 
está em perigo se utiliza de todos os meios necessário para salvaguardá-lo. 
Art. 188. Não constituem atos ilícitos: 
I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito 
reconhecido; 
VOCÊ SABIA? 
A legítima defesa ocorre quando, para defender um bem jurídico (no caso 
acima, a vida), a pessoa faz algo que, em outras circunstâncias, seria 
considerado um delito. Por exemplo, a legítima defesa ocorre quando alguém, 
para se proteger, atira no criminoso que o ameaçava com uma arma. Se você 
atira em alguém em uma situação normal, você cometeu um crime (homicídio), 
mas se você atira em um criminoso que apontava uma arma contra você, não 
há o crime, pois você estava protegendo um bem jurídico (sua vida) que estava 
no mesmo (ou maior) nível do que o bem jurídico ofendido (a vida do outro). 
 
Essa relação entre os bens jurídicos protegido e ofendido é importante. Você 
não pode alegar legítima defesa se você mata para proteger seu patrimônio 
durante um furto. Neste caso, o bem jurídico protegido (seu patrimônio) é 
menos importante que o bem jurídico ofendido (a vida do criminoso). Neste 
exemplo, se o bandido nao colocou sua vida em perigo, não há legítima defesa 
pois há uma desproporcionalidade negativa entre o que você ofende (tirar a 
vida de alguém) e o que você pretende proteger (seu patrimônio). 
Atividade 
2) O art. 188 do Código Civil prevê três causas de exclusão de ilicitude, que 
não acarretam no dever de indenizar. São elas: 
 
Legítima defesa, erro substancial e estado de necessidade. 
 
Legítima defesa, estado de necessidade e dolo bilateral. 
 
Exercício regular de direito reconhecido, estado de necessidade e dolo 
bilateral. 
 
Exercício regular de direito reconhecido, estado de necessidade e erro 
substancial. 
 
Legítima defesa, exercício regular de direito reconhecido e estado de 
necessidade. 
3) Assinale alternativa correta de acordo com o Código Civil Brasileiro. 
 
O ato ilícito é por natureza doloso. 
 
O dano moral puro é considerado ato ilícito. 
 
Apenas a legítima defesa é considerada causa excludente da prática do ato 
ilícito. 
 
Todo ato lesivo que violar direito e causar dano a outrem é considerado ato 
ilícito. 
 
O exercício de um direito com excesso manifesto aos limites impostos pela 
boa-fé não caracteriza o ato ilícito. 
Agora, de acordo com os conhecimentos adquiridos na aula, responda, leia o 
caso a seguir e responda: 
 
Carlos e seu filho de dez anos caminhavam por uma rua com pouco movimento 
e muito escura, já de madrugada, quando são surpreendidos com a vinda de 
um cão pitbull na direção deles. Quando o animal iniciou o ataque contra a 
criança, Carlos, que estava armado e tinha autorização para assim se 
encontrar, efetuou um disparo na direção do cão, que não foi atingido,ricocheteando a bala em uma pedra e acabando por atingir o dono do animal, 
Leandro, que chegava correndo em sua busca, pois notou que ele fugira 
clandestinamente da casa. A vítima atingida veio a falecer, ficando constatado 
que Carlos não teria outro modo de agir para evitar o ataque do cão contra o 
seu filho, não sendo sua conduta tachada de descuidada. Diante desse quadro, 
responda sobre a opção que apresenta a situação jurídica de Carlos. 
GABARITO 
Carlos atuou em estado de necessidade e não deve responder pela morte de 
Leandro. Perfeita situação de exclusão da ilicitude do crime por força do estado 
de necessidade. 
 
AULA 03 
Conceito de nexo causal 
O nexo causal é, também, nominado de nexo de causalidade, nexo etiológico 
ou relação de causalidade das leis naturais. 
Devemos raciocinar que o nexo causal é o liame que une a conduta do agente 
ao dano. 
 
 
É por meio do exame da relação causal que concluímos quem foi o causador 
do dano. Trata-se de um elemento indispensável. 
Destacamos que a responsabilidade dispensa a culpa, mas nunca 
dispensará o nexo causal. 
Se a vítima do dano não identificar o nexo causal que leva o ato danoso ao 
responsável, não há com ser indenizada. 
Sendo assim, para que ocorra obrigação de indenizar, é preciso que se 
demonstre a relação entre a ação (ou omissão) do agente e o dano. 
 
Sem que se estabeleça esse vínculo de causa e efeito, o Estado Juiz não pode 
julgar um pedido procedente em sede de uma ação de responsabilidade civil. 
Para tanto, ainda que inexista de maneira típica, em sede de responsabilidade 
civil, uma expressa previsão legal, vemos nos termos do art. 13 do CP uma 
fundamentação por analogia, como se lê:Decreto-lei n° 2.848, de 7 de 
dezembro de 1940 – CP: 
TÍTULO II - Do Crime 
Relação de causalidade 
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é 
imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem 
a qual o resultado não teria ocorrido. 
O art. 403 do CC, na seara civil, capitulada não em sede de responsabilidade 
civil, mas em sede de perdas e danos (Capítulo III), temos a tipificação para o 
estabelecimento do nexo causal, in verbis: Art. 403. Ainda que a inexecução 
resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos 
e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do 
disposto na lei processual. Ainda que não reflita diretamente como 
fundamentação, temos no art. 373 do CPC a lógica necessária ao seu 
entendimento, in verbis: Art. 373. O ônus da prova incumbe: I - ao autor, quanto 
ao fato constitutivo do seu direito; II - ao réu, quanto à existência de fato 
impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Podemos concluir que a 
prova é o centro que une o fato ao dano. Caso não ocorra a sua demonstração, 
inexiste relação de causalidade e, por consequência, obrigação de indenizar. 
Como consequência, em havendo o estabelecimento do nexo causal, 
passamos a observar a extensão do dano. Notas: Seara jurídica: Campo, 
extensão jurídica 
Teorias 
A seguir, apresentaremos duas teorias que justificam o estabelecimento do 
nexo causal. 
A maioria doutrinária entende como principal a chamada “teoria da causa 
adequada”. 
 
Mas não podemos deixar de apresentar a teoria da equivalência da causa. 
Minimamente para estabelecer um entendimento, como se lê. 
Teoria da equivalência da causa - conditio sine qua non - Direito Penal 
 
Como o próprio nome diz, essa teoria não faz distinção entre: 
 
 
 causa – aquilo de que uma coisa depende quanto à existência – e; 
 condição – o que permite à causa produzir seus efeitos positivos ou negativos. 
 
 
Se várias condições concorrem para o mesmo resultado, todas têm o mesmo 
valor, a mesma relevância, todas se equivalem. 
Causa é a ação ou a omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido, sem 
distinção da maior ou menor relevância que cada uma teve. Por isso, essa 
teoria é também chamada de conditio sine qua non, ou da equivalência das 
condições. 
VOCÊ SABIA? 
Para se saber se uma determinada condição é causa, elimina-se mentalmente 
essa condição, por meio de um processo hipotético. Se o resultado 
desaparecer, a condição é causa, mas se persistir, não o será. Destarte, 
condição é todo antecedente que não pode ser eliminado mentalmente sem 
que venha ausentar-se o efeito. 
Critica-se essa teoria pelo fato de conduzir a um exagero da causalidade e a 
uma regressão infinita do nexo causal. Por ela, teria que se indenizar a vítima 
de atropelamento, não apenas quem dirigia o veículo, mas, também, a 
concessionária que vendeu o bem, a montadora que produziu o mesmo e, 
assim, sucessivamente. 
Por esta teoria equivalem-se as causas, estabelecendo que todas as 
circunstâncias que concorreram para o dano se equivalem das causas que 
efetivamente produziram efeitos capazes de gerar o evento. Pouco importando 
se há uma condição preexistente, concomitante ou superveniente. 
Teoria da causalidade adequada - Direito Civil 
 
Por esta teoria, a causa 
é não apenas o 
antecedente necessário 
à causação do evento, 
mas, também, adequado 
à produção do resultado. 
Nem todas as condições 
serão causa, mas 
apenas aquela que for a 
mais apropriada a 
produzir o evento. 
Aquela que colaborou de 
forma preponderante e 
mais apropriada para o 
evento. 
 
A situação tem como 
revés em saber, 
exatamente, quem, entre 
as várias condições ser a 
mais adequada. Tem-se 
por praxe considerar, 
como já descrito, aquela 
que, de acordo com a 
experiência comum, for a 
mais idônea para gerar o 
evento. Não se limita que 
a causa seja condição 
preponderante para o 
prejuízo, é preciso, ainda 
que o fato constitua, no 
caso concreto, uma 
causa adequada e 
eficiente para a 
causação do dano. 
 
Assim, por exemplo, se 
um agente de viagens 
retém, de forma 
desnecessária e ilícita, 
um passageiro, 
impedindo-o de 
embarcar em um 
determinado navio e, por 
consequência, embarca-
o em um segundo, que 
vem a afundar, esta 
retenção, por mais que 
seja ilícita, não é a causa 
para o desastre. Por 
mais que o primeiro 
barco tenha chegado 
incólume ao seu destino 
(diferente do segundo). 
 
Teoria da causalidade adequada - Direito Civil A doutrina assim deverá 
correlacionar de forma adequada o fato e o dano (nexo de causalidade) de 
forma a atribuir de forma legítima causa e efeito. Deverá o Estado Juiz, no caso 
concreto, ir ao momento da conduta que foi capaz de produzir o evento 
danoso, colocando-se no lugar do causador (agente) e com base nas provas 
apresentadas, regras de experiência e condições particulares estabelecer seu 
juízo de forma consciente sobre a legítima causa do evento e seu responsável. 
Nossos doutrinadores entendem que, enquanto a teoria da equivalência 
prepondera na esfera penal, a da causalidade se adequou à civil. Por 
consequência, não apenas as condições que concorrem para o evento são 
capazes para se atribuir responsabilização (como na esfera penal), mas sim 
aquela que, dentre as demais, seja capaz de ser a causa mais adequada 
(preponderante) a ocasionar concretamente o resultado e por consequência o 
dano. Sendo assim, e de forma mais simples, basta observarmos as palavras 
do Desembargador Roberto de Abreu e Silva em seu insuperável A Falta 
Contra a Legalidade Constitucional, pág. 162 , 163. “A Teoria da causalidade 
adequada conduz à verificação se os fatos ocorreram em condições normais 
ou extraordinárias. Essa consubstanciase na previsibilidade humana do 
acontecimento.Atropelamento de um pedestre na calçada por derrapagem ou 
defeito mecânico do automóvel, por ser de previsibilidade humana, implica a 
responsabilidade civil. O mesmo fenômeno não ocorre se a vítima, 
inopinadamente, atravessa pista de rolamento de veículos, causando seu 
próprio atropelamento.” Notas: Nexo de causalidade: Elo que une os fatos a 
ação antijurídica do lesante ao resultado causando o dano proibido pela lei. 
Causalidade na omissão 
A relevância do instituto encontra sua justificativa, conforme Cavalieri Filho (fl. 
63) que: “...embora a omissão não dê causa a nenhum resultado, não 
desencadeie qualquer nexo causal, pode ser causa para não impedir o 
resultado.” 
 
A omissão não gera o dano propriamente dito. Mas, é relevante se 
considerarmos a conduta do agente causador no que tange o seu 
comportamento. Pois, a omissão somente será relevante quando o agente tiver 
o dever legal de agir e assim mesmo não o fizer. Fora isso, se não há o já 
citado dever legal não haverá implicância no nexo de causalidade. 
 
Causalidade na omissão Para tanto, colacionamos uma fundamentação com 
fins de dar ar de legalidade ao tema: Decreto-lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 
1940 - CP: TÍTULO II - Do Crime - Relação de causalidade Art. 13 - O 
resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem 
lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado 
não teria ocorrido. Superveniência de causa independente Art. 13 (...) § 1° - A 
superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação 
quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, 
imputam-se a quem os praticou. Relevância da omissão Art. 13 (...) § 2° - A 
omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para 
evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem: (...) c) com seu 
comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. 
Concausas 
É uma outra causa que, aliando-se à principal, concorre para o resultado. Ela 
não inicia nem interrompe o processo causal, apenas o reforça. 
Exemplo: o dever de manutenção de um veículo é a causa geral do evento 
danoso, que é a derrapagem por pneu careca e posterior abalroamento no 
veículo de um terceiro. . 
Múltiplas podem ser as causas que geram a responsabilização, mas a 
responsabilidade deve ser atribuída apenas a quem efetivamente a 
causou. 
 
Causa preexistente 
É o evento que já existia quando da conduta ilícita do causador do evento 
danoso. 
 
É própria do evento, sendo pura consequência da inobservância de um dever 
de cuidar de seu agente. É a origem, razão ou motivo simultâneo a outro, 
causa simultânea, e uma concorrência causal. 
 
Exemplo: uma pessoa em cárcere privado que toma um susto com o disparo 
de uma arma de fogo. Entretanto, ela já tinha um problema cardíaco que é a 
legítima causa do evento morte da vítima. 
 
Destaca-se que o agente causador responde pelo resultado mais grave, 
independentemente de ter ou não conhecimento da concausa antecedente que 
agravou e desencadeou o evento e, por consequência, o dano. 
 
Causa superveniente 
É semelhante à preexistente. Ocorre após o seu desencadeamento, e apesar 
de concorrer para o agravamento do dano, em nada favorece o seu causador, 
muito menos o desfecho do evento. 
 
Exemplo: a demora no atendimento de uma vítima de atropelamento que teve 
como causa a hemorragia oriunda deste mesmo evento. 
 
A sua relevância só fará diferencial se por si só for capaz de mudar o nexo 
causal existente, sendo, por consequência o efetivo causador do evento, desse 
modo, um novo nexo de causalidade. 
 
Exemplo: no mesmo caso retrocitado, em que se constata a demora no 
atendimento por consequência da demora no acionamento em que a vítima 
poderia ter sido salva. 
 
Causa concomitante 
Esta concausa por si só é capaz de acarretar o resultado, como por exemplo: 
em um parto, a mãe vem a sofrer um aneurisma cerebral que em nada tem 
com o evento parto. 
 
Ajuizada, a ação competente foi reformada por não ter nexo de causalidade 
com o evento parto, não obstante ter sido concomitante com o mesmo. 
Causas de exclusão de nexo de causalidade são as impossibilidades 
supervenientes do cumprimento da obrigação que não pode ser imputável ao 
devedor ou ao agente. 
 
Sendo assim, alguém não pode responder por um resultado a que não tenha 
dado causa. Logo, ausente como causa de exclusão da causalidade não há 
que se falar em responsabilidade. 
Fato exclusivo da vítima 
Para a isenção de responsabilidade do pretenso autor, basta que a vítima 
tenha colaborado de forma decisiva para o evento danoso. Logo, o 
comportamento da vítima é que determina a exclusão da responsabilidade. 
Exemplo 
Uma pessoa que atravessa uma avenida pela pista, ao invés de utilizar a 
passagem de pedestres (passarela). 
 
Nesse exemplo, pode-se observar que fica eliminado a causalidade em 
relação ao terceiro interveniente no evento (aquele a quem se imputaria 
responsabilidade). 
Fato de terceiro 
O terceiro é, segundo definição de Aguiar Dias, qualquer pessoa além da 
vítima e do responsável, alguém que não tem nenhuma ligação com o 
causador aparente do dano e o lesado. Pois, não raro acontece que o ato de 
terceiro é a causa exclusiva do evento, afastando qualquer relação de 
causalidade entre a conduta do autor aparente e a vítima. 
 
É o endereçamento errado da ação. A atribuição no polo passivo de forma 
errônea. 
 
Fato exclusivo da vítima Para tanto, lemos o art. 945 do CC, com sua 
devida interpretação: Art. 945. Se a vítima tiver concorrido culposamente 
para o evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a 
gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano. Destaca-se 
a Lei n° 8.078, de 11 de setembro de 1990, CDC nas excludentes de 
responsabilidade. Art. 12. (...) § 3° - O fabricante, o construtor, o produtor 
ou importador só não será responsabilizado quando provar: III - a culpa 
exclusiva do consumidor ou de terceiro. Art. 14- ...(..) § 3° - O fornecedor 
de serviços só não será responsabilizado quando provar: II - a culpa 
exclusiva do consumidor ou de terceiro. Fato de terceiro Para tanto, 
lemos o art. 930 do CC, com sua devida interpretação: Art. 930. No caso 
do inciso II do art. 188, se o perigo ocorrer por culpa de terceiro, contra 
este terá o autor do dano ação regressiva para haver a importância que 
tiver ressarcido ao lesado. Destaca-se a Lei n° 8.078, de 11 de setembro 
de 1990, CDC nas excludentes de responsabilidade. Art. 12. (...) § 3° - O 
fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será 
responsabilizado quando provar: III - a culpa exclusiva do consumidor ou 
de terceiro. Art. 14- ...(..) § 3° - O fornecedor de serviços só não será 
responsabilizado quando provar: II - a culpa exclusiva do consumidor ou 
de terceiro. 
Caso fortuito e força maior 
Antes de qualquer coisa, destacamos que até hoje não se definiu, exatamente, 
a sua diferença. Entretanto, o ponto central é que tanto um como o outro estão 
fora dos limites da culpa. Fala-se neles quando se trata de acontecimento que 
escapa toda diligência, inteiramente estranho à vontade do causador. 
Caso fortuito e força maior 
Tradicionalmente causo forfuito são cláusulas de exoneração devidas a atos 
humanos (revolução, guerras, greve). 
Enquanto a força maior decorreria de fatos da natureza (inundação, tufão, 
temporal). 
O caso fortuito ou de força maior excluem o nexo causal e, por via de 
consequência, eximem o devedor da responsabilidade pelo não 
cumprimento do dever de não lesar alguém. 
Para uma melhordefinição, explicitaremos o caso fortuito e a força maior. 
 
O CC/2002, como se vê no parágrafo único do art. 393, praticamente os 
considera sinônimos, na medida em que se caracteriza o caso fortuito ou 
a força maior como sendo o fato necessário, cujos efeitos não era 
possível evitar ou impedir. 
 
Entendemos, todavia, que há uma diferença, é a seguinte: 
Força maior 
Se o evento for inevitável, ainda que previsível, por se tratar de fato superior às 
forças do agente, como normalmente são os fatos da natureza: as 
tempestades, enchentes etc. 
 
Os ingleses o denominam de act of god. A inevitabilidade, por sua vez, deve 
ser considerada dentro de certa relatividade, tendo-se o acontecimento como 
inevitável em função do que seria razoável exigir-se. 
 
Caso fortuito 
Evento imprevisível. Entende-se a imprevisibilidade específica, relativa a um 
fato concreto, e não a genérica ou abstrata de que poderão ocorrer assaltos, 
acidentes, atropelamentos etc., porque se assim não for tudo passará a ser 
previsível. O caso fortuito se subdivide em fortuito interno e externo. 
 
Fortuito interno e fortuito externo 
Fortuito interno 
O fato imprevisível e, por isso, inevitável, que se liga à atividade da entidade. 
 
Exemplo: o estouro de um pneu de um ônibus, incêndio de um veículo e 
outros 
Fortuito externo 
É, também fato imprevisível e inevitável. Todavia, em nada tem correlação com 
a atividade da empresa. 
 
Exemplo: roubo a carro forte, em que se procura tomar todas as precauções 
possíveis. 
O que realmente interessa é que ambos excluem o nexo causal por 
constituírem, também, causa estranha à conduta do aparente agente, 
ensejadora direta do evento. Eis a razão pela qual a jurisprudência tem 
entendido que o defeito mecânico em veículo, salvo caso excepcional de 
total imprevisibilidade, não caracteriza o caso fortuito, por ser possível 
evitá-lo através de periódica e adequada manutenção. 
O mesmo entendimento tem sido adotado no caso de derrapagem, em dia 
de chuva, porquanto, além de previsível, pode ser evitada pelo cuidado. 
 
É necessário verificar a casuística para se determinar a qualificação mais 
adequada. 
No contrato de transporte, v.g., a obrigação principal do transportador, 
emergente de contrato, é levar o passageiro incólume ao seu destino. Se, no 
curso da viagem, ocorre um acidente e o passageiro sofre algum dano, fica 
caracterizado o inadimplemento, o ilícito contratual, em razão do qual terá o 
transportador que indenizar. 
A lição de Aguiar Dias a este respeito é irreprochável : 
“Se o contrato é uma fonte de obrigações, a sua inexecução também o é. 
Quando ocorre a inexecução, não é a obrigação contratual que movimenta o 
mundo da responsabilidade. O que se estabelece é uma obrigação nova, que 
se substitui à obrigação preexistente no todo ou em parte: a obrigação de 
reparar o prejuízo consequente à inexecução da obrigação assumida. 
 
Essa verdade se afirmará com mais vigor se observamos que primeira 
obrigação (contratual) tem origem na vontade comum das partes, ao passo que 
a obrigação que a substitui por efeito da inexecução, isto é, a obrigação de 
reparar o prejuízo, advém, muito ao contrário, contra a vontade do devedor: 
este não quis a obrigação nova, estabelecida com a inexecução da obrigação 
que contratualmente consentira. Em suma: a obrigação nascida do contrato é 
diferente da que nasce de sua inexecução”. 
 
Estudo de caso 
Maria se submeteu à operação plástica para embelezamento. Cirurgia que 
serviria para a retirada de sinal que deu origem a uma cicatriz maior do que o 
do próprio sinal. Laudo pericial atesta que o tempo de repouso determinado 
pelo médico, bem como a prescrição de medicamento eram insuficientes para 
a adequada recuperação da paciente. Considerando provados os fatos 
descritos, como advogado (a) de Maria responda quais seriam seus 
argumentos em ação de responsabilidade civil, especialmente no tocante ao 
nexo de causalidade. 
GABARITO 
A conduta de Maria foi capaz de causar o “auto-dano”. Pois ao não acatar a 
prescrição médica contribuiu, ainda que culposamente, pela ocorrência do 
próprio dano. Ademais, tal conduta foi demonstrada através de prova pericial. 
Fato este que tipificou a excludente de responsabilidade culpa exclusiva da 
vítima. Nos termos o art. 945 da Lei 10.406 de 2002, verbis: 
 
Art. 945. Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a 
sua indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em 
confronto com a do autor do dano. 
 
Atividades 
Assinale a afirmativa que não é excludente do nexo causal. 
 
A culpa exclusiva da vítima 
 
A menoridade do autor do dano 
 
A culpa de terceiro 
 
Por caso fortuito 
 
Por força maior 
Raul, dirigindo em alta velocidade, abalroou o veículo de Daniel, que ajuizou 
ação de indenização. A responsabilização de Raul se dará mediante 
comprovação de: 
 
Dano, nexo de causalidade e culpa, na modalidade subjetiva. 
 
Dano e nexo de causalidade, na modalidade objetiva. 
 
Dano e nexo de causalidade, na modalidade subjetiva. 
 
Dano, nexo de causalidade e culpa, na modalidade objetiva. 
 
Dano apenas, na modalidade objetiva. 
“A imputação de responsabilidade civil, portanto, supõe a presença de dois 
elementos de fato, que são a conduta do agente e o resultado danoso; e de um 
elemento lógico- normativo, o nexo causal”. Ministro Carlos Fernando Mathias 
Considerando o contexto acima, o caráter lógico-normativo do nexo causal se 
vincula: 
 
Ao elo referencial que conecta conduta e dano. 
 
Aos efeitos indiretos relacionados à conduta danosa. 
 
Ao grau de culpa do agente do dano. 
 
À reprovabilidade da conduta danosa. 
 
A qualquer condição com potencial para produzir o dano. 
 
AULA 04 
Conceito de dano 
 
 
 
O dano é a consequência da falta ao dever jurídico originário de não causar 
lesão ao patrimônio material e/ou imaterial do lesado. 
 
Temos sua principal fundamentação no CC, art. 944: 
 
Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano. 
 
Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa 
e o dano, poderá o juiz reduzir, equitativamente, a indenização. 
 
Mas, não basta o estabelecimento do nexo causal entre o ato ilícito e o dano 
com fins de configuração da responsabilidade civil. O dano deve causar uma 
lesão ao patrimônio material ou imaterial da pessoa. Como se lê no art. 186 da 
Lei 10.406 de 2002: 
 
Título III - Dos atos ilícitos 
 
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou 
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente 
moral, comete ato ilícito. 
Danos em espécies 
Vamos, agora, estudar os danos. 
 
Optamos por particioná-los em dois grandes grupos. O dano típico, que está 
expressamente positivado em institutos normativos. E o dano atípico, como 
consequência das demais fontes do Direito. Especialmente a doutrina e a 
jurisprudência. 
 
Danos típicos 
Como já dito, estão previstos em lei. São eles: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Danos atípicos 
Dano pela perda de uma chance 
Neste passo, a doutrina francesa que, costumeiramente vem sendo aplicada 
em nossos Tribunais (perte d’une chance), se dá nos casos em que o ato ilícito 
praticado pelo agente retira do lesado a real possibilidade do mesmo de obter 
uma situação futura melhor, isto é, uma possibilidade, uma chance de obter 
alguma vantagem ou ainda a chance de evitar algum prejuízo. 
Exemplo: Pessoa natural em questionamento, em programa deperguntas e 
respostas, pela televisão. Há uma questão sem viabilidade de resposta lógica. 
Isto impõe o dever de ressarcir o participante pela perda da oportunidade. 
 
Dano estético (ou morfológico) 
Construção jurisprudencial. Decorre de restrições nas relações sociais. São as 
deformidades que provocam repulsa de ordem externa (perante a sociedade) e 
interna (perante a sí). Podendo acarretar redução em sua capacidade 
laborativa (amputações e restrições). 
 
As lesões perpetradas à vítima em função do ato ilícito evidenciam 
inquestionáveis dores e sofrimentos que afetam sua esfera jurídica interna, 
caracterizando-se como causa dos danos morais. 
 
Por outro lado, o que sofre paraplegia perpetrada ao corpo físico da vítima 
implica a dependência permanente de pessoas, para atender as suas 
necessidades básicas, limitando sobremaneira sua vida de relação e o gozo 
dos prazeres da vida. 
 
Essa situação caracteriza o dano estético, na medida em que proporciona 
reflexos negativos evidentes na sua relação social, passível de arbitramento 
em separado, como assinala a norma do art. 949 da Lei 10.406 de 2002: 
Lei n° 10.406, de 10 de janeiro de 2002 
 
Art. 949. No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o 
ofendido das despesas do tratamento e dos lucros cessantes até ao fim da 
convalescença, além de algum outro prejuízo que o ofendido prove haver 
sofrido. 
Atenção!Súmula 387 do STJ - É possível a acumulação das indenizações de 
dano estético e moral. 
 
Súmula 96 do TJRJ - “As verbas relativas às indenizações por dano moral e 
dano estético são acumuláveis”. 
Exemplo:Amputação equivocada de membro inferior (lado direito), por 
consequência de diabetes. Enquanto que a perna correta seria a esquerda. 
 
Dano reflexo ou em ricochete 
Criação doutrinária. Surge com o dano imposto à pessoa do lesado direto de 
tamanha gravidade que reflete nas pessoas de seu íntimo convívio sócio 
familiar/relacional. 
Exemplo: Ofensa dirigida a um morto, que apesar de não ser ofendido em sua 
personalidade, pois os direitos da personalidade surgem com a concepção e se 
extinguem com a morte, portanto, não são transmitidos aos herdeiros, que só 
poderão entrar com ação de indenização em razão de sofrerem o dano reflexo 
da ofensa. 
 
Dano existencial 
Criação doutrinária. Lesão à impossibilidade de viver o vínculo afetivo com a 
existência de pessoa natural. Acidente provocado que gera a morte de filhos. 
Causando aos seus familiares a impossibilidade de viver a sua existência. 
Exemplo: Diante da morte de filho, seus pais perderam eventos existenciais 
normais para a sua realidade sócio normal, como aniversários, crescimento, 
formatura, casamento, netos etc 
 
Atividade proposta 
Leia o texto e responda: 
Cuida-se de ação de indenização proposta por ANA LÚCIA SERBETO DE 
FREITAS MATOS, perante a 1ª Vara Especializada de Defesa do Consumidor 
de Salvador - Bahia - contra BF UTILIDADES DOMÉSTICAS LTDA, empresa 
do grupo econômico "Sílvio Santos", pleiteando o ressarcimento por danos 
materiais e morais, em decorrência de incidente havido quando de sua 
participação no programa "Show do Milhão", consistente em concurso de 
perguntas e respostas, cujo prêmio máximo de R$ 1.000.000,00 (hum milhão 
de reais) em barras de ouro, é oferecido àquele participante que responder 
corretamente a uma série de questões versando conhecimentos gerais. 
Destacando que a pergunta tem quatro alternativas de respostas. A autora 
participou de edição daquele programa, na data de 15 de junho de 2000, 
logrando êxito nas respostas às questões formuladas, salvo quanto à última 
indagação, conhecida como "pergunta do milhão", não respondida por preferir 
salvaguardar a premiação já acumulada de R$ 500.000,00 (quinhentos mil 
reais), posto que, caso apontado item diverso daquele reputado como correto, 
perderia o valor em referência. No entanto, pondera haver a empresa BF 
Utilidades Domésticas Ltda, em procedimento de má-fé, elaborado pergunta 
deliberadamente sem resposta, razão do pleito de pagamento, por danos 
materiais, do quantitativo equivalente ao valor correspondente ao prêmio 
máximo, não recebido, e danos morais pela frustração de sonho acalentado por 
longo tempo. O pedido foi acolhido quanto ao dano material, sob o fundamento 
de que a pergunta nos termos em que formulada não tem resposta. Foi, então, 
condenada a empresa ré ao pagamento do valor de R$ 500.000,00 (quinhentos 
mil reais) com acréscimo de juros legais, contados do ato lesivo e verba de 
patrocínio de 15% (quinze por cento) sobre o valor da condenação. Acórdão 
que reforma a decisão Colegiada reduzido o valor da indenização para R$ 
125.000,00 (cento e vinte e cinco mil reais). 
Indaga-se, qual seria o dano apresentado ao tema. Disserte sobre o mesmo e 
justifique a diminuição da condenação de R$ 500.000,00 para R$ 125.000,00. 
GABARITO 
Recurso Especial nº 788.459 - BA (2005/0172410-9) 
Questão 1 
Nos termos do Código Civil, no que tange à responsabilidade civil, a 
indenização mede-se segundo a: 
 
Natureza do dano. 
 
Extensão do dano. 
 
Nocividade do dano. 
 
Agressão injustificada. 
 
Intensidade do dolo ou culpa. 
Questão 2 
No que se refere ao dano moral, assinale a opção correta. 
 
O inadimplemento contratual está fora do âmbito da indenização por danos 
morais. 
 
A gravidade do dano deve ser medida por padrão objetivo e em função da 
tutela do direito. 
 
De acordo com o STJ, o dano estético insere-se na categoria de dano moral e 
não é passível de indenização em separado. 
 
A capacidade econômica da vítima não pode ser utilizada como parâmetro para 
arbitramento do dano moral. 
 
De acordo com o STJ, a absolvição criminal por insuficiência de prova enseja 
indenização por danos morais. 
Questão 3 
Segundo a legislação civil vigente: 
 
A proteção dos direitos da personalidade é de aplicação irrestrita para as 
pessoas jurídicas. 
 
Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da 
personalidade. 
 
Apenas quanto à utilização do nome é que se aplica às pessoas jurídicas a 
proteção dos direitos da personalidade. 
 
Para caracterização de dano moral à pessoa jurídica é imprescindível que 
também ocorra dano patrimonial. 
 
Às pessoas jurídicas não se concede indenização por dano moral. 
 
AULA 05 
Responsabilidades Penal e Civil 
De início há um divisor de águas entre a responsabilidade civil e a penal. A 
ilicitude pode ser civil ou penal. 
Vamos estudá-las! 
 
Responsabilidade Penal 
A responsabilidade será penal quando as normas jurídicas protetivas dos 
interesses sociais objetivarem o resguardo da integridade de bens de valores 
elevados e indisponíveis, entre os quais, os direitos da personalidade do 
homem: a vida, a liberdade, a honra, a saúde física e mental. 
A sanção à violação das regras de conduta de não lesar a integridade física e a 
propriedade de outrem são “pesadas”, justamente por serem infrações 
consideradas pela sociedade como de maior potencial ofensivo, como, por 
exemplo, no crime de homicídio do art. 121 do CP – Pena - reclusão, de 6 
(seis) a 20 (vinte) anos. 
Como a descrição da conduta penal é sempre uma tipificação restrita, em 
princípio, a responsabilidade penal ocasiona o dever de indenizar. 
Por esta razão, a sentença penal condenatória faz coisa julgada no cível 
quanto ao dever de indenizar o dano decorrente da conduta criminal, na forma 
dos artigos: 91, I do Código Penal; 63 do CPP e 515, VI do NCPC. 
Sendo assim, as jurisdições penal e civil em nosso país são independentes, 
mas há reflexosno juízo cível, não só sob o mencionado aspecto da sentença 
penal condenatória como também porque não podemos discutir no cível a 
existência do fato e da autoria do ato ilícito, se essas questões foram decididas 
no juízo criminal e encontrarem-se sob o manto da coisa julgada, art. 64 do 
CPP e 935 do CC. 
Atenção 
De outro modo, a sentença penal absolutória, por falta de provas quanto ao 
fato, quanto à autoria ou a que reconhece uma dirimente ou justificativa, sem 
estabelecer a culpa, por exemplo, não tem influência na ação indenizatória que 
pode resolver autonomamente toda a matéria em seu bojo. 
Responsabilidade Civil 
A responsabilidade civil é uma conduta ilícita de repercussão menos 
gravosa. Sendo certo que nem toda conduta gera um ilícito civil é punível, 
descrita pela lei penal, já a recíproca é verdadeira, embora em ambas haja a 
responsabilidade. A responsabilidade civil é assim considerada de menor 
gravidade e o interesse de reparação é privado, embora com interesse social, 
não afetando, a princípio, a segurança pública. 
Para o ilícito civil, embora se possam equacionar modalidades de reparação 
em espécie, o denominador comum será sempre, ao final, a reparação em 
dinheiro como o lenitivo mais aproximado que existe no Direito para reparar ou 
minorar um mal causado, seja ele de índole patrimonial ou exclusivamente 
moral, como atualmente permite expressamente a Constituição. 
A responsabilidade civil leva em conta, primordialmente, o dano, o 
prejuízo, o desequilíbrio patrimonial, embora em sede de dano 
exclusivamente moral, o que se tem em mira é a dor psíquica ou o 
desconforto comportamental da vítima. No entanto, é básico que, se não 
houver dano ou prejuízo a ser ressarcido, não temos por que falar em 
responsabilidade civil: simplesmente não há por que responder. 
 
Responsabilidades Contratual e Extracontratual 
Existe uma distinção tradicional entre a responsabilidade contratual, que 
decorre do inadimplemento de obrigação assumida no contrato, e 
a responsabilidade extracontratual (delitual ou aquiliana) que deflui da 
violação de obrigação emanada da lei. 
Na realidade, os fundamentos são os mesmos em ambas as hipóteses, 
como abaixo veremos. 
 
Responsabilidade Contratual 
Esta responsabilidade tem desempenhado importante papel para facilitar 
a prova da culpa do inadimplente. 
Entende a doutrina e a jurisprudência que, no caso da obrigação de resultado, 
assumida por uma das partes, o simples fato de ter ocorrido o inadimplemento 
importa em presunção de culpa, cabendo ao devedor que não cumpriu a sua 
obrigação fazer a prova da ocorrência de força maior, caso fortuito, culpa do 
outro contratante ou outro fato que possa excluir a responsabilidade. 
Para tanto, vejamos o arts. 389 e 390 da Lei 10.406 de 2002: 
Título IV - Do Inadimplemento das Obrigações 
Capítulo I - Disposições Gerais 
Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, 
mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente 
estabelecidos, e honorários de advogado. 
Art. 390. Nas obrigações negativas o devedor é havido por inadimplente desde 
o dia em que executou o ato de que se devia abster. 
 
Responsabilidade Extracontratual 
Nelson Nery Junior e Rosa Maria de Andrade Nery identificam as seguintes 
cláusulas gerais na responsabilidade extracontratual: 
“Pode-se dizer que há algumas cláusulas gerais extraídas do sistema 
jurídico civil para a responsabilidade extracontratual”. 
Há o direito de o prejudicado ser indenizado e o dever de o ofensor indenizar 
quando: 
 
a) a ofensa se der a qualquer direito (patrimonial, material ou imaterial- como o 
moral, à imagem, da personalidade etc); 
b) a ofensa ocorrer em desrespeito a norma de ordem pública imperativa (v.g. 
abuso de direito – CC, 187); direito protegido por norma imperativa 
constitucional (penal, administrativa etc); 
c) o dano causado for apenas moral; 
d) por expressa especificação legal, ou quando a atividade normalmente 
desenvolvidas pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os 
direitos de outrem, independentemente de dolo ou culpa (responsabilidade 
objetiva – CC, 927 parágrafo único); 
e) a ofensa se der por desatendimento não especificados da boa-fé e dos bons 
costumes”. 
 
Atenção 
Logo, a responsabilidade extracontratual deflui de um imperativo genérico de 
não causar dano. 
Responsabilidades Subjetiva e Objetiva 
Examinando-se a atuação do causador do dano, a responsabilidade pode 
ser subjetiva ou objetiva. 
Abordaremos os pormenores dessas classificações abaixo! 
Responsabilidade Subjetiva 
Baseada na culpa em sentido lato, culpa ou dolo. 
É a análise integral do art. 186 da Lei 10.406 de 2002 que define o ato ilícito: 
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou 
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente 
moral, comete ato ilícito. 
Destacamos que, nesta modalidade, temos a explícita utilização, para fins da 
apuração da responsabilidade, do art. 373 do NCPC, vejamos: 
Art. 373. O ônus da prova incumbe: 
 
I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; 
II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do 
direito do autor. 
A análise deve ser sob a ótica de que o ônus da prova incumbe em que polo da 
ação se encontra. Há o dever, sempre, de provar (estabelecendo o nexo de 
causalidade). 
Logo, por fim, na responsabilidade subjetiva o ônus da prova é, para a 
constituição do direito da parte Autora. 
Responsabilidade Objetiva 
Independe de qualquer falha humana (culpa) ou desejo de causar dano (dolo) e 
decorre de uma simples relação de causalidade (nexo causal). 
Tal modalidade desnecessita da prova efetiva para a constituição dos direitos 
do autor. Flexibilizando assim o descrito no artigo 373 do NCPC acima descrito. 
• Entretanto, tal modalidade de apuração não desonera de forma absoluta 
o dever do autor de constituir a prova, minimamente, do alegado. 
Conforme o art. 319, VI do NCPC: 
Lei 13.105 de 2015 – NCPC 
Art. 319. A petição inicial indicará: (...) 
VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos 
alegados; 
(...) 
Observação: Provas – Indicação, relevância, qualificação, eventual produção. 
Exemplo: pericia 
• Sedimenta o tema, por amostragem, o seguinte enunciado de súmula do 
TJRJ: 
Enunciado nº. 330 - "Os princípios facilitadores da defesa do consumidor em 
juízo, notadamente o da inversão do ônus da prova, não exoneram o autor do 
ônus de fazer, a seu encargo, prova mínima do fato constitutivo do alegado 
direito: 
No tocante à responsabilidade civil objetiva no CC, temos como principal 
expoente o art. 927, parágrafo único do CC. Pois tal dispositivo é uma cláusula 
geral, ou seja, a responsabilidade civil será objetiva por determinação legal ou 
quando a atividade normalmente desenvolvida implicar em risco. Desta 
resultando as demais previsões legais. 
Art. 927: Aquele que por ato ilícito causar dano a outrem, fica obrigado a 
repará-lo. 
• Agora vamos ler o parágrafo único do artigo 927 CC: 
Art. 927 Parágrafo único – haverá obrigação de reparar o dano 
independentemente de culpa, nos casos especificados em lei ou quando a 
atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano, implicar por sua 
natureza risco para os direitos de outrem. 
Então, há casos em que a responsabilidade civil será objetiva porque a 
natureza da atividade envolve risco. A lei não diz que a responsabilidade civil é 
objetiva, mas ela permite que o juiz, examinando o caso concreto, conclua que 
determinada natureza da atividade éde risco e passe a responsabilidade civil a 
ser objetiva. 
Sendo assim, há responsabilidade civil objetiva quando a lei disser e 
quando, no caso concreto, você concluir que a natureza da atividade 
desenvolvida envolve risco. Como, por exemplo, quando quem causa o 
dano o exerce em atividade profissional. 
 
Atenção 
Tudo gira em torno da palavra atividade. Se a ação causar um dano, só isso é 
suficiente, a pessoa sabe que a ação dela é uma ação de risco. Se a ação dela 
é uma ação de risco, se a ação dela causar um dano, ela vai responder. 
Logo, apesar da responsabilidade objetiva desonerar o autor do ônus da prova, 
pois não se discute a culpa, isso não o desobriga de provar, minimamente, o 
alegado. 
 
Atividades 
1. Suprime-se o seguinte elemento, em casos de responsabilidade civil 
objetiva: 
 
Ação ou omissão voluntária 
 
Nexo de causalidade 
 
Dano 
 
Culpa 
 
Ato ilícito 
2. São elementos essenciais para configuração da responsabilidade civil 
subjetiva, apenas: 
 
O ato ilícito, o dano e o nexo de causalidade. 
 
O fato jurídico, a culpa, o dano e o nexo de causalidade. 
 
O abuso de direito, a culpa e o dano. 
 
O ato ilícito, a culpa, o dano e o nexo de causalidade. 
 
A ação humana e o dano. 
3. André, motorista profissional, colidiu seu veículo com o de Isaac, que o 
acionou judicialmente. A responsabilidade de André é: 
 
Subjetiva, dependendo da comprovação de culpa, além de nexo de 
causalidade e dano. 
 
Subjetiva, dependendo apenas da comprovação de nexo de causalidade e 
dano. 
 
Objetiva, dependendo da comprovação de culpa, além de nexo de causalidade 
e dano. 
 
Objetiva, dependendo apenas da comprovação de nexo de causalidade e 
dano. 
 
Objetiva, dependendo apenas da comprovação do dano. 
 
 
AULA 06 
Para começar a tratar da responsabilidade civil pelo fato de outrem deve-se ter 
em mente a distinção entre a responsabilidade civil direta e indireta, ou seja, a 
regra é a primeira e, a segunda é excepcional e ocorre quando uma pessoa 
pode vir a responder pelo fato de outrem. É importante destacar que a 
responsabilidade pelo fato de outrem não se confunde com o fato de terceiro 
que é uma excludente de nexo causal. 
No tocante a responsabilidade civil pelo fato da coisa deve-se saber que a 
guarda de uma coisa acarretará para o dono a responsabilização quando 
ocorrer um dano provocado pela coisa. A coisa dá causa ao evento sem a 
conduta direta de alguém. Pois esta não é capaz de fato; por trás do fato da 
coisa inanimada há sempre o fato do ser humano. 
Convêm informar que a apuração da responsabilidade será, para os dois 
temas, na modalidade objetiva. Em que não há discussão quanto à culpa 
(imprudência ou negligência – art. 186 do CC). 
 
Responsabilidade civil pelo fato de outrem 
 
Como regra atribuível da responsabilidade civil temos a forma direta. Nesta, a 
própria pessoa que causou um ato ilícito, responde pelo mesmo. 
Entretanto, na responsabilidade civil pelo fato de outrem alguém, que não o 
causador direto do dano, irá responder pelo ato ilícito. Essa responsabilidade 
decorre de uma relação existente entre o causador e o responsabilizável por 
força de lei. 
Tudo perfeitamente previsto nos termos art. 932 c/c 933, ambos do CC e outras 
previsões a serem estudadas. 
Culpa exclusiva de terceiro – excludente de responsabilidade civil. 
São vários os tipos de responsabilidade civil pelo fato de outrem: 
 Responsabilidade dos pais pelos atos dos filhos menores de idade; 
 Responsabilidade dos tutores e curadores; 
 Responsabilidade do incapaz; 
 Responsabilidade do empregador ou comitente ; 
Vamos analisá-los individualmente. 
 
Responsabilidade dos pais pelos atos dos filhos menores de idade 
Temos seu início com a leitura do art. 932 caput e seu inciso I, verbis: 
Lei 10.406 de 2002: 
Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil: 
I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em 
sua companhia ; 
É uma questão do exercício do poder de família, os pais (assim considerados 
de sexos diferentes ou não ou, ainda sob união estável ou similar, biológicos ou 
não) responderão objetivamente pelos danos causados pelos filhos menores 
de idade. Isso porque aos pais incumbe o dever de direcionar a conduta dos 
seus filhos menores de idade e, consequentemente, responder por seus atos. 
Para tanto, temos a seguinte base legal, verbis: 
CRFB/88 
Art. 226. A família, base da 
sociedade, tem especial proteção 
do Estado. 
(...) 
§ 5º Os direitos e deveres 
referentes à sociedade conjugal 
são exercidos igualmente pelo 
homem e pela mulher. 
 
Lei 10.406 de 2002: 
Art. 1.566. São deveres de ambos 
os cônjuges: 
(...) 
IV - sustento, guarda e educação 
dos filhos; 
Enunciados da Jornada de Direito 
Civil do STJ: 
 
Enunciado CJF nº 450 - Art. 932, I: 
Considerando que a 
responsabilidade dos pais pelos 
atos danosos praticados pelos 
filhos menores é objetiva, e não 
por culpa presumida, ambos os 
genitores, no exercício do poder 
familiar, são, em regra, 
solidariamente responsáveis por 
tais atos, ainda que estejam 
separados, ressalvado o direito de 
regresso em caso de culpa 
exclusiva de um dos genitores. 
 
Enunciado CJF nº 451 – Arts. 932 
e 933: A responsabilidade civil por 
ato de terceiro funda-se na 
responsabilidade objetiva ou 
independente de culpa, estando 
superado o modelo de culpa 
presumida. 
 
Enunciado CJF nº 590 – A 
responsabilidade civil dos pais 
pelos atos dos filhos menores, 
prevista no art. 932, inc. I, do 
Código Civil, não obstante objetiva, 
pressupõe a demonstração de que 
a conduta imputada ao menor, 
caso o fosse a um agente 
imputável, seria hábil para a sua 
responsabilização. 
Responsabilidade dos tutores e curadores 
Lei 10.406 de 2002: 
Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil: 
(...) 
II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas 
mesmas condições; 
 
 
Atenção! Lei nº 13.146, de 06/07/2015, publicada no DOU de 7/7/2015, em 
vigor 180 dias após a publicação. 
A alteração do regime de responsabilidade dos pais pelos atos dos filhos 
menores foi uma das inovações do Código Civil de 2002, passando-se da culpa 
presumida para a imputação objetiva. Por isso, ao lado de outras situações 
relacionadas à responsabilidade por ato de terceiro, seu fundamento não mais 
reside na inobservância de um dever de vigilância, mas na necessidade “de se 
garantir ressarcimento à vítima” 
 
(TEPEDINO; BARBOZA; MORAES. Código Civil Interpretado conforme a 
Constituição da República. Rio de Janeiro: Renovar, 2006, vol. II, p. 830). 
Responsabilidade do incapaz 
O incapaz (os incisos I e II do art. 932) poderá responder subsidiariamente 
com o patrimônio próprio, caso aquele que deveria ter o dever de fazê-lo 
não o puder, desde que não comprometa sua vida socioeconômica 
normal. 
Lei 10.406 de 2002: 
Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por 
ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de 
meios suficientes. 
Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser equitativa, 
não terá lugar se privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele 
dependem. 
 
Enunciados CJF : 
 
Enunciado CJF nº 39 – Art. 928: A 
impossibilidade de privação do 
necessário à pessoa, prevista no 
art. 928, traduz um dever de 
indenização equitativa, informado 
pelo princípio constitucional da 
proteção à dignidade da pessoahumana. Como consequência, 
também os pais, tutores e 
curadores serão beneficiados pelo 
limite humanitário do dever de 
indenizar, de modo que a 
passagem ao patrimônio do 
incapaz se dará não quando 
esgotados todos os recursos do 
responsável, mas se reduzidos 
estes ao montante necessário à 
manutenção de sua dignidade. 
 
Enunciado CJF nº 40 – Art. 928: O 
incapaz responde pelos prejuízos 
que causar de maneira subsidiária 
ou excepcionalmente como 
devedor principal, na hipótese do 
ressarcimento devido pelos 
adolescentes que praticarem atos 
infracionais nos termos do art. 116 
do Estatuto da Criança e do 
Adolescente, no âmbito das 
medidas socioeducativas ali 
previstas. 
 
Enunciado CJF nº 41 – Art. 928: A 
única hipótese em que poderá 
haver responsabilidade solidária do 
menor de 18 anos com seus pais é 
ter sido emancipado nos termos do 
art. 5º, parágrafo único, inc. I, do 
novo Código Civil. 
 
Responsabilidade do empregador ou comitente 
Essa responsabilidade decorre da força de relação jurídica trabalhista, em que 
o empregador responde, objetivamente, pela conduta do seu empregado, 
desde que o ato ilícito cometido seja no pleno exercício de atividade do 
trabalho. Sua previsão legal é a seguinte: 
Lei 10.406 de 2002: 
Art. 932. São também 
responsáveis pela reparação civil: 
III - o empregador ou comitente, 
por seus empregados, serviçais e 
prepostos, no exercício do trabalho 
que lhes competir, ou em razão 
dele; 
 
O art. 34 da lei 8.078 de 1990 
prevê instituto análogo, senão 
vejamos: 
 
Lei 8.078 de 1990: 
Art. 34. O fornecedor do produto 
ou serviço é solidariamente 
responsável pelos atos de seus 
prepostos ou representantes 
autônomos. 
 
Tema que é interpretado com a responsabilidade civil dos médicos, quando 
integrantes de corpo clínico. 
Enunciados CJF : 
 
Enunciado CJF nº 191 Art. 932: A 
instituição hospitalar privada 
responde, na forma do art. 932, III, 
do Código Civil, pelos atos 
culposos praticados por médicos 
integrantes de seu corpo clínico. 
 
Responsabilidade civil por hospedagem 
 
Há responsabilidade pela hospedagem, interpretada aqui de forma genérica. 
Pois a segurança de suas instalações a este compete. Mesmo que de forma 
transitória (hotéis e correlacionados) ou com fins educacionais (colégios, 
escolas, creches). 
Tudo de acordo com o art. 932, IV do CC: 
Lei 10.406 de 2002: 
Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil: 
IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se 
albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, 
moradores e educandos; 
 
Responsabilidade objetiva 
Convém atentar que as modalidades de reponsabilidade descritas têm a sua 
apuração na modalidade objetiva. Logo, elas são julgadas sem a necessidade 
de comprovação de culpa. Tudo por força do art. 933 do CC, in verbis: 
 
Lei 10.406 de 2002: 
Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda 
que não haja culpa de sua parte, responderão pelos atos praticados pelos 
terceiros ali referidos. 
Enunciados CJF :Enunciado CJF nº 451 Arts. 932 e 933: A responsabilidade 
civil por ato de terceiro funda-se na responsabilidade objetiva ou independente 
de culpa, estando superado o modelo de culpa presumida. 
Fato da coisa 
Teoria da guarda: 
Ao tema adota-se a teoria da guarda intelectual, ou seja, "guarda é aquele que 
tem a direção intelectual da coisa, que se define como poder de dar ordens, 
poder de comando, esteja ou não em contato material com ela" - Caio Mário da 
Silva Pereira. 
São vários os tipos de responsabilidade civil pelo fato da coisa: 
 Responsabilidade civil por fato de animais; 
 Responsabilidade civil por ruína de edifício; 
 Responsabilidade civil por coisas lançadas ou caídas de prédio; 
 Responsabilidade civil pelo contrato de depósito – estacionamentos. 
Vamos analisá-los individualmente. 
 
Responsabilidade civil por fato de animais 
Lei 10.406 de 2002: 
Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se 
não provar culpa da vítima ou força maior. 
Pela redação do art. 936, existe responsabilidade pelo animal, 
independentemente de ser proprietário, dono ou detentor. Existindo correlação 
entre a conduta do animal e o dano, haverá responsabilidade objetiva. Sendo 
elidida, apenas no caso fortuito ou de força maior. Incluem-se o profissional 
que deveria cuidar do animal (lojas especializadas, passeador de cães etc). 
Enunciados CJF : 
Enunciado CJF nº 452 Art. 936: A 
responsabilidade civil do dono ou 
detentor de animal é objetiva, 
admitindo-se a excludente do fato 
exclusivo de terceiro. 
 
Responsabilidade civil por ruína de edifício 
Lei 10.406 de 2002: 
Art. 937. O dono de edifício ou construção responde pelos danos que 
resultarem de sua ruína, se esta provier de falta de reparos, cuja necessidade 
fosse manifesta. 
A responsabilidade pela guarda e consequente manutenção precária é do 
proprietário/dono da edificação, pois do seu comportamento ilícito o evento 
dano ocorreu. Como a responsabilidade é objetiva, basta apresentar o liame 
existente entre esses pressupostos (ato ilícito e dano) através do nexo de 
causalidade. 
Sendo tal responsabilidade apurada na forma objetiva: 
Enunciados CJF : 
 
Enunciado CJF nº 556 - Art. 
937: A responsabilidade civil do 
dono do prédio ou construção 
por sua ruína, tratada pelo art. 
937 do CC, é objetiva. Artigo: 
937 do Código Civil. 
 
Responsabilidade civil por coisas lançadas ou caídas de prédio 
Lei 10.406 de 2002: 
Art. 938. Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano 
proveniente das coisas que dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido. 
Haverá responsabilidade pelas coisas caídas ou lançadas em lugar 
indevido, que cause dano. Diverso do tema anterior, o habitante (por 
exemplo, locador) responderá por este ilícito. Caso em que a legitimidade 
passiva não necessariamente é do proprietário, por não ser o habitante. 
Como nos demais temas a responsabilidade é objetiva. 
Conforme o enunciado a seguir: 
Enunciados CJF : 
Enunciado CJF nº 557 – Art. 938: Nos 
termos do art. 938 do CC, se a coisa 
cair ou for lançada de condomínio 
edilício, não sendo possível identificar 
de qual unidade, responderá o 
condomínio, assegurado o direito de 
regresso. Artigo: 938 do Código Civil. 
 
Responsabilidade civil pelo contrato de depósito – estacionamentos 
A guarda de veículo em estacionamento envolve a tipicidade do contrato de 
depósito. Pelo qual tem o dever de guardar e restituí-la nas mesmas condições 
da entrega. 
 
Lei 10.406 de 2002: 
Art. 627. Pelo contrato de depósito recebe o depositário um objeto móvel, para 
guardar, até que o depositante o reclame. 
 
Art. 629. O depositário é obrigado a ter na guarda e conservação da coisa 
depositada o cuidado e diligência que costuma com o que lhe pertence, bem 
como a restituí-la, com todos os frutos e acrescidos, quando o exija o 
depositante. 
O STJ pacificou o tema, desde 04/04/1995 quando da publicação da súmula 
130: 
Enunciados CJF : 
 
Enunciado de súmula do STJ 
nº 130 - A empresa responde, 
perante o cliente, pela 
reparação de dano ou furto de 
veiculo ocorridos em seu 
estacionamento. 
 
Destacamos a exposição de motivos que levou este Tribunal a este 
entendimento: 
"A empresa que permite aos seus empregados utilizarem-se do seu 
parqueamento, aparentemente seguro e dotado de vigilância, assume dever de 
guarda, tornando-se civilmente

Continue navegando