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INTERVENÇÕES DOS EUA NA AMÉRICA LATINA DURANTE A GUERRA FRIA: RETÓRICA ANTICOMUNISTA E IMPERIALISMO ECONÔMICO

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ISSN: 2359-103X – II INTERNATIONAL RELATIONS WEEK
INTERVENÇÕES DOS EUA NA AMÉRICA LATINA DURANTE A GUERRA FRIA: RETÓRICA ANTICOMUNISTA E IMPERIALISMO ECONÔMICO
Alexandre Criscione de Oliveira
Julia Concuruto Reche[1: Graduandos em Relações Internacionais pela Universidade do Sagrado Coração (USC).]
INTERVENTIONS FROM US IN LATIN AMERICA DURING THE COLD WAR: ANTI-COMMUNIST RHETORIC AND ECONOMIC IMPERIALISM
RESUMO
O objetivo deste artigo é analisar a ingerência dos Estados Unidos da América (EUA) nos países da América Latina, durante a Guerra Fria, e sua influência nos golpes militares ocorridos no continente por influência da Central Intelligence Agency (CIA), devido aos desdobramentos da sua política de contenção. A análise será feita sob as perspectivas histórica, econômica e política, para identificar se os motivos das intervenções estavam relacionados com o combate a uma suposta ameaça comunista ou a uma tentativa de impedir o desenvolvimento autônomo destes países. Na história, serão verificados os fatores que levaram ao início da Guerra Fria e a formatação da Doutrina Truman. Na economia, os acontecimentos pós Crise de 1929 e o subdesenvolvimento estrutural dos países da América Latina, e se a ascensão de governos ditos populistas deriva desta conjuntura. Na política, a influência da Guerra Fria nas dinâmicas internas dos países latino-americanos e o apelo americano às Doutrinas Monroe e Truman para justificar os golpes militares, e as campanhas massivas de agitação e financiamentos de opositores e meios de comunicação feitas pela CIA nestes países no cenário pré-golpe. Os principais autores utilizados serão Ianni, Nye, Kissinger, Vizentini, Vaïsse, Schoultz, Gerson Severo e Luís Rodrigues. Ao fim, pretende-se confirmar a hipótese de que as intervenções estavam relacionadas às tentativas de impedir o desenvolvimento autônomo nos países da América Latina.
PALAVRAS-CHAVE: Guerra Fria; Golpes militares na América do Sul; CIA; Populismo; doutrina Truman.
ABSTRACT
The objective of this paper is to analyze the interference of the United States of America (USA) in the Latin America countries, during the Cold War, and its influence on military coups occurred on the continent by the influence of Central Intelligence Agency (CIA), due to the unfolding of its policy of containment. The analysis will be done under the historical, economic and political perspectives, to identify whether the reasons for interventions were related with the combat to a supposed communist threat or to an attempt to prevent the autonomous development of these countries. In the history, will be checked the factors that led to the beginning of the Cold War and the formatting of the Truman Doctrine. In economy, the events after the 1929 crisis and the structural underdevelopment of Latin America, and the rise of governments named populists derives from this conjuncture. In policy, the influence of the Cold War in the internal dynamics of Latin American countries and the U.S. appeal to the Monroe and Truman Doctrines to justify military coups, and the massives campaigns of agitation and financing of opponents and the media made ​​by the CIA in these countries in the pre-coup scenario.
KEYWORDS: Cold War; Military coups in South America; CIA; Populist; Truman Doctrine.
INTRODUÇÃO 
O final da Segunda Guerra Mundial trouxe a ascensão de duas potências que dominariam o cenário geoestratégico mundial por quarenta anos, os Estados Unidos da América (EUA), liderando o bloco democrático-capitalista, e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), o bloco socialista. A Guerra Fria (GF), que representou basicamente a divisão do mundo nestes dois pólos de poder, é definida por diversas divisões cronológicas, tornando mais clara a compreensão do momento: 1945-1955 (nascimento da GF); 1955-1962 (confrontação); 1962-1973 (coexistência pacífica); 1973-1985 (distensão); 1985-1992 (nova Guerra Fria); 1992-2001 (fim de um mundo bipolar); pós 2001 (busca de uma nova ordem mundial). (VAÏSSE, 2013). 
A Guerra Fria legitimou o intervencionismo dos EUA no continente americano, sob a égide da Doutrina de Segurança Nacional (DSN), pois o governo Truman criou as bases econômica, política, militar e estratégica para o desencadeamento deste processo, com a sua doutrina e os adventos do Plano Marshall, da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e da Central Intelligence Agency (CIA). Sua política de contenção soviética logo evoluiu para a contenção comunista e se desdobrou em outras ações pelo globo.
Contudo, antes ainda, os EUA já consideravam a América Latina como seu “quintal”. Com o advento da Doutrina Monroe, de 1823, do presidente norte-americano James Monroe, os EUA passavam a ser os orientadores e mediadores das políticas externas dos países da América Latina para com o mundo, dado a necessidade de expandir sua influência econômica e internacional sobre o continente. Esta Doutrina encontrava eco no Destino Manifesto, um princípio moral através do qual os EUA consideravam que Deus havia dado a eles a missão de expandir a democracia pelo mundo, sobrepondo o Direito e os Tratados Internacionais. (O´Sullivan, 1845)
Nos primeiros anos do século XX, após a invasão de esquadras europeias na Venezuela para cobrar dívidas de bancos do velho continente, o presidente Theodore Roosevelt agastou-se com o fato de uma invasão ao seu “pátio”, assumiu o controle diplomático da situação e enviou ao Congresso o que ficou conhecido como o Corolário Roosevelt, que tinha como objetivo justificar quaisquer intervenções norte-americanas feitas na faixa de terras que ia do Golfo do México até o istmo do Panamá. Segundo T. Roosevelt, 
           
 “[...] All that this country desires is to see the neighboring countries stable, orderly, and prosperous. Any country whose people conduct themselves well can count upon our hearty friendship. If a nation shows that it knows how to act with reasonable efficiency and decency in social and political matters, if it keeps order and pays its obligations, it need fear no interference from the United States. Chronic wrongdoing, or an impotence which results in a general loosening of the ties of civilized society, may in America, as elsewhere, ultimately require intervention by some civilized nation, and in the Western Hemisphere the adherence of the United States to the Monroe Doctrine may force the United States, however reluctantly, in flagrant cases of such wrongdoing or impotence, to the exercise of an international police power. [...] While they thus obey the primary laws of civilized society they may rest assured that they will be treated by us in a spirit of cordial and helpful sympathy. We would interfere with them only in the last resort, and then only if it became evident that their inability or unwillingness to do justice at home and abroad had violated the rights of the United States or had invited foreign aggression to the detriment of the entire body of American nations [...].” (Roosevelt, T., 4th Annual Message,1904)
Como os países latino-americanos também tinham dívidas com os banqueiros de Wall Street, os EUA se colocavam, com o Corolário, como o garantidor do pagamentos destas dívidas ao europeus e asseguram o livre fluxo dos capitais estadunidenses e o recebimento dos dólares. Nascia deste Corolário, a política que ficou conhecida como do Big Stick. Ou seja, a Doutrina Monroe e o Destino Manifesto serviram de enquadramento ideológico para justificar o Corolário Roosevelt e assumir a tutela da América Central e, posteriormente, a do Sul. (ZARPELÃO, 2013, p.81). A América Latina seria a “plataforma de lançamento” do imperialismo econômico norte-americano no resto do globo. (COGGIOLA, 2014)[2: Big Stick: Política do Grande Porrete, baseada na frase do presidente dos EUA Theodor Roosevelt (1901-1909), “speakly softly and carry a big stick”.]
Até a crise de 29, o modelo agroexportador funcionou perfeitamente aos interesses dos EUA, que conseguiram um grande mercadopara seus produtos manufaturados na América Latina, pois este modelo atendia também aos interesses dos oligarcas e das pequenas burguesias comerciais. Porém, a crise levou à interrupção das exportações, o que gerou o colapso dessas oligarquias, e as classes populares passaram a ter peso na política dos países latino-americanos. Na prática, a retração do comércio internacional afetou a economia da região, pois a queda drástica das exportações trouxe consigo a queda dos preços das commodities e o corte nas linhas de investimento estrangeiro, causando um estrangulamento externo e escassez de divisas nas economias destes países.[3: O estrangulamento externo se refere às dificuldades para satisfazer a demanda de importações exigida pelo desenvolvimento, o que é denominado de “capacidade de importar”. (HAFFNER, 1996, p.91)][4: Escassez de divisas: perda da reserva de moeda estrangeira. ]
A crise da hegemonia oligárquica e das instituições liberais causou a migração crescente das áreas rurais para as urbanas e, consequentemente, o aumento da classe operária, o que, com a sua incorporação ao sistema eleitoral, aumentou consideravelmente o número de eleitores. Assim se delineia a necessidade das mudanças de paradigmas dos governos latino-americanos. As classes populares passam a ter peso e importância na política enquanto que a necessidade de internalizar a industrialização passa ser o foco para solucionar o problema de divisas. Os países latino-americanos passam a embasar suas economias no processo de substituição de importações e de incentivo as políticas nacionais desenvolvimentistas, enquanto políticas sociais que beneficiassem a classe trabalhadora passam a ser amplamente adotadas.[5: Processo de industrialização tardia ocorrida nos países latino-americanos entre os anos 30 e 60 onde basicamente se começa produzir internamente o que antes se importava. ]
Posteriormente, como destaca Severo (2002), durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), essas políticas econômicas contribuíram para que emergisse uma nova classe burguesa industrial, que lucrou muito com a produção de bens de consumo. Porém, ainda se mantinha o abismo social entre as classes. A burguesia que veio substituir as oligarquias como classe dominante tinha a preocupação de manter o seu status quo.
Dessa forma, o populismo surge com um caráter anti-imperialista e anti-status quo, buscando um desenvolvimento independente das nações capitalistas. Os governos assim chamados de populistas na América Latina começaram a adotar políticas tanto sociais como voltadas para a industrialização. Essa nova configuração do poder era de grande interesse norte-americano, pois a manutenção da estrutura agroexportadora e do subdesenvolvimento na América Latina era vital aos interesses econômicos de expansão de sua economia industrial. Esta nova política desenvolvimentista e ascensão de uma burguesia industrial iam de encontro a manutenção da hegemonia norte-americana no continente. [6: Políticas desenvolvimentistas são voltadas para o desenvolvimento e crescimento industrial e da infra-estrutura com a participação ativa do Estado na economia e onde se busca maior autonomia econômica no sistema internacional.]
Os processos de substituição de importações e reformas de base começaram com Lázaro Cárdenas no México, Getúlio Vargas no Brasil e Juan Domingos Perón na Argentina, entre os anos 30 e 40, e se desdobraram por toda a América Latina, especialmente Guatemala, República Dominicana e Chile, que tiveram como consequência golpes militares patrocinados pela CIA nestes países. Estes governos populistas foram confundidos ou propositalmente chamados de comunistas, pois eram nacionalistas e adotaram medidas de estatização e benefícios trabalhistas, o que, em meio a Guerra Fria, soava como uma ameaça soviética no continente. 
A partir deste cenário, procura-se responder algumas destas perguntas: O surgimento do nacionalismo e do populismo na América Latina pode ser considerado a culminância de um processo iniciado no subdesenvolvimento estrutural do continente ou faz parte de um cenário inspirado pelo marxismo? A Guerra Fria inspirou o nacionalismo nos países latino-americanos? As políticas externas não alinhadas aos EUA e as reformas de base propostas pelos governos latino-americanos justificam o temor norte-americano na transformação destes países em comunistas? Se não, pode-se dizer que as verdadeiras razões dos golpes ocorridos pela América Latina representam uma parte da ingerência estadunidense no continente que já dura por décadas?
O INÍCIO DA GUERRA FRIA E A CONTENÇÃO COMUNISTA
A diversidade de teorias sobre o início da Guerra Fria demonstra como o conflito apresenta perspectivas e discussões político-científicas ainda em fase de formação. Desse modo, o tema apresenta-se como um grande palco de estudos na contemporaneidade, principalmente, devido a propagação (no pós-Guerra Fria) da ideologia do “American Way of Life”, a qual ainda define padrões e emoldura perspectivas político-ideológicas nos países em desenvolvimento.[7: O American Way of Life defende os princípios de que qualquer indivíduo que tenha determinação e que trabalhe duro terá melhoria em sua qualidade de vida, pois terá maiores vantagens na livre competição no mercado de trabalho, um contraponto ao sistema de “igualdade” proposto pelo socialismo soviético.]
Segundo Nuno Rodrigues (2010), as teorias ortodoxas tradicionais apontam que a Guerra Fria iniciou-se devido às ambições expansionistas da URSS, motivada pela ideologia marxista-leninista, com o objetivo de expandir sua doutrina e combater a democracia capitalista. Segundo esta escola, os EUA orientados por seus ideais democráticos, passaram a agir apenas em defesa do mundo livre, afinal, logo no pós-guerra, rejeitaram alargar seu poder através das “esferas de influência”, e buscaram manter relações amigáveis com Joseph Stálin, o que justificaria a sua não-intenção imperialista. 
Ainda segundo Rodrigues, a partir do final de década de 1960, outra escola buscava rever a explicação tradicional, e alegava que a estratégia de expansão norte-americana de sua democracia liberal e valores ocidentais, de maneira imposta a outros povos, objetivava sim o imperialismo. O declínio do macarthismo e a intervenção estadunidense em diversas partes do globo fizeram que os historiadores revisionistas se perguntassem o alcance real da “ameaça comunista”, afinal os soviéticos encontravam-se fragilizados economica e militarmente devido à 2ª. Guerra Mundial, e suas intenções expansionistas seriam tão somente uma preocupação com a segurança do país. Os revisionistas mais radicais dizem que a expansão é inerente ao desenvolvimento do capitalismo, e o Plano Marshall buscava moldar este mundo a esse modelo.[8: Em 1951, a perseguição comunista foi inflada e ganhou espaço na política interna dos EUA através das ações empreendidas pelo senador Joseph McCarthy. O macarthismo surge então como sinônimo de anticomunismo. Qualquer um que simpatizasse com o sistema soviético, ou ainda expressasse ideias anti-americanas podia ser penalizado. Foi denominada como uma verdadeira “caça às bruxas”, através da qual pessoas, incluindo artistas, escritores e funcionários do governo, mesmo sem provas, eram acusadas de comunistas e de manter relações com a União Soviética e, posteriormente, perseguidas.]
Uma linha de entendimento entre estas duas anteriores surgiu nos anos 1970, e ficou conhecida como pós-revisionista. Este linha afirma que a Guerra Fria teve origem na interação de diversos fatores complexos, de origem interna e externa, tanto nos EUA quanto na URSS. O historiador norte-americano John Lewis Gaddis, autor de The United States and the Origins of the Cold War, publicado em 1972, cita, dentre os principais fatores internos da URSS, “a busca de segurança, o papel da ideologia, as necessidades massivas de reconstrução no pós-guerra e a personalidade de Stálin”, e dos EUA, o “ideal da autodeterminação, o medo do comunismo, e a ilusão de onipotênciagerada pelo seu poderio econômico e pela bomba atômica” (RODRIGUES, 2010).
Pode-se entender então, que, devido à devastação causada pela 2ª Guerra Mundial, a Europa encontrava-se arruinada economica e militarmente, além das dezenas de milhões de mortos em seu território. As potências europeias não eram grandes territorial e populacionalmente, e sua hegemonia no globo mantinha-se em grande parte devido às suas colônias. Com a redução da capacidade econômica em mantê-las, notadamente da França e da Inglaterra, um grande movimento de independências, inspirado também pela ascensão dos ideais de auto-determinação dos povos e soberania nacional, assolou a África e a Ásia, enfraquecendo ainda mais o poder europeu. (VAÏSSE, 2013)
Os EUA e a URSS, comparativamente, são gigantes territorialmente e contam com uma grande população e recursos, principalmente militares, e acabaram por sair vencedores da 2ª Guerra Mundial, fazendo com que o poder se deslocasse da Europa para os mundos extra-europeus. A preponderância europeia passa a visualizar a disseminação das forças estadunidenses e soviéticas pelo globo, nas suas outrora regiões de influência. Os EUA passam a influenciar diretamente na Europa Ocidental, com o advento do Plano Marshall de socorro à economia europeia, e a Ásia. Os soviéticos buscam expandir seu território pela Europa Oriental e Extremo Oriente (VAÏSSE, 2013)
Em fevereiro de 1946, George Kennan, diplomata estadunidense na União Soviética, redigiu um documento que se tornou o responsável pela estruturação filosófica e conceitual para interpretar a política externa de Stalin. O documento, conhecido como o Longo Telegrama, disse “que os EUA não se deviam culpar pela intransigência soviética, pois sua política externa era reflexo da ideologia comunista, e Stálin considerava as potências capitalistas ocidentais irrecuperavelmente hostis” (KISSINGER, 1994).  Segundo o documento, os interesses das duas potências eram antagônicos e irreconciliáveis, e a superioridade da ideologia liberal era superior à comunista e, que, portanto, prevaleceria no mundo se os EUA assumisse a liderança deste processo de formação de uma nova ordem mundial (KENNAN, 1946).
 Em 05 de março de 1946, o primeiro-ministro britânico Winston Churchill, em discurso no Westminster College de Fulton, em Missouri, nos EUA, já alertava sobre a divisão político-ideológica que surgia do pós-guerra, criando a expressão “cortina de ferro”, e já colocando a União Soviética como a inimiga da democracia ocidental. No mesmo ano, a eleição de um Congresso majoritariamente republicano nos EUA, extremamente conservador, contra as reformas sociais e ligado às indústrias bélicas, logo após a morte do presidente Franklin Delano Roosevelt, e a ascensão de Harry Truman à presidência, trouxe as bases políticas para a mudança de postura do isolacionismo histórico norte-americano para a defesa anticomunista no mundo.
Em 12 de março de 1947, o presidente Harry Truman faz um discurso ao Congresso, onde aponta a saída do isolacionismo histórico dos EUA para promover três princípios fundamentais: a manutenção da paz, a difusão da prosperidade, e a extensão progressiva do modelo americano de democracia. O objetivo inicial era socorrer financeiramente a Turquia e a Grécia, que estavam envolvidas em uma guerra civil. Contudo, a autorização do Congresso a esta ação formava as bases para o combate a tudo que se assemelhasse aos ideais comunistas:
“[...] Um dos primeiros objetivos da política exterior dos EUA é a criação de condições em que nós próprios e outras nações possamos ter uma forma de vida livre de coerção. Serão atingidos nossos objetivos, se estivermos dispostos a auxiliar os povos livres a sua integridade nacional contra manobras agressivas que procuram impor-lhes os regimes totalitários. [...] Creio que a política norte-americana deve apoiar os povos livres que resistem às imposições pelas minorias armadas ou pela pressão. Creio que devemos ajudar os povos livres a determinar seus destinos da forma como entenderem. [...]“ (Truman, 1947)
Para Joseph Nye (2009), a política de contenção sempre foi utilizada pelos países, com o objetivo de manter o equilíbrio de poder. Os EUA se utilizaram da contenção sob a concepção de barrar a expansão soviética no leste europeu. Contudo, com o decorrer da Guerra Fria, tendências comunistas se espalharam de formas peculiares em diversos países, na África, Europa e América. Somente após 1950, durante a Guerra da Coreia contra a China de Mao Tsé-Tung, a doutrina Truman passou a vigorar sob a doutrina de contenção do comunismo, desdobrada principalmente no Plano Marshall (viés econômico) e na criação da OTAN (viés militar). O NSC-68 propunha o aumento das verbas para as forças armadas e uma campanha de propaganda para convencer o povo estadunidense da ampliação da contenção.  [9: Documento 68 do Conselho de Segurança Nacional (NSC-68): foi um documento secreto do governo norte-americano “que previa um ataque soviético em quatro a cinco anos como parte de um plano para dominação mundial. O NSC-68 reclamava um aumento descomunal nos gastos com a defesa americana.” Nye (2009)]
Através do Plano Marshall, conhecido oficialmente como Programa de Recuperação Europeia, a partir de 1947 os EUA deram aproximadamente US$13 bilhões em ajuda financeira para que os países europeus reorganizassem suas economias, abrindo seus mercados de acordo com a ideologia liberal, com o objetivo de demonstrar na prática aos partidos comunistas o melhor nível de vida que estes países atingiriam, além de evitar que a crise econômica do pós-guerra atingisse suas indústrias. O fluxo das exportações estadunidenses à Europa aumentou consideravelmente, o que possibilitou um distanciamento do seu poderio econômico no globo. 
Nascia deste aparato a Central Intelligence Agency (CIA), o órgão responsável pelas atividades de inteligência e espionagem norte-americana, fundamental para a desestabilização interna e golpes de estado em diversos países do globo caracterizados pela agência como potenciais ou neoaliados da União Soviética, ou que ainda efetuasse transformações políticas e sociais em seus territórios, de forma a ir de encontro aos interesses norte-americanos do livre comércio. A ofensiva cultural da CIA contra o comunismo foi notável. Nos próprios EUA, a classe média ainda não estava convencida de que a União Soviética era um inimigo e que o comunismo era nocivo, segundo a visão do governo. Em 1948, foi criado na agência o OPC (Office of Policy Cordination), com o objetivo de realizar missões secretas. Em três anos, seu pessoal efetivo saltou de 302 para 2.812 funcionários, além de 3.412 assalariados no estrangeiro, e seu orçamento para 82 milhões de dólares.
A OPC financiava secretamente na Europa, através de fundações e dos próprios governos, artistas de esquerda que não compactuavam com o regime stalinista, para ampliar o alcance cultural de suas ideias. Além disto, também foram criadas publicações, como livros e revistas, e constituídos comitês e associações sob o argumento da defesa da cultura, da liberdade e democracia, mas que na verdade ocultavam a propaganda anticomunista. Na prática, passou a haver uma elite intelectual, definidora de comportamentos e referência acadêmico-cultural, que fazia o anticomunismo parecer ser um consenso natural. Com isso, os EUA puderam legitimar também toda a sua nova doutrina de política externa, através de uma “percepção externa generalizada” de todos os males causados pelo comunismo.
Na América, especificamente, a CIA financiava órgãos de imprensa, associações sindicais, alguns movimentos sociais, estudantes, com o objetivo de maximizar o alcance das ideias liberais, e causar desestabilização aos governos populistas, conforme descreveremos nos próximos capítulos.
A DEFINIÇÃO DE POPULISMO E SUA ASCENSÃO NA AMÉRICA LATINA
São diversas as definições para o termo populismo, assim batizado para caracterizar governos nacionalistas, de cunho social-desenvolvimentista, com discursos voltados paraas classes menos favorecidas. Segundo Weffort (1968 apud IANNI, 1975, p. 43), “o populismo surge do vazio político gerado pela crise da hegemonia oligárquica e das instituições liberais onde o líder populista faria o papel de intermediário entre os grupos dominantes e as massas que não se mostravam em condições”, nenhuma delas, “de assumir o poder e impor seu mandato às outras classes”. Assim, o líder populista é o mediador entre classes, assumindo um caráter policlassista, onde haveria uma aliança de classes, mas, a medida que “a burguesia se ache suficientemente forte não querendo mais dividir ou negociar as decisões; ou quando os trabalhadores levam as suas reivindicações políticas ou econômicas além das conveniências do Estado capitalista”, esse pacto se rompe (Ianni, 1975, p. 44).
Existe um senso comum que vê o populismo na América Latina sob uma perspectiva negativa, onde políticas “assistencialistas” serviriam apenas para angariar votos da maioria da população, as classes mais pobres, e essas políticas seriam uma mera manipulação de governantes para manterem-se no poder. As classes operárias recém-formadas, que migraram das áreas rurais para as áreas urbanas formando extensos grupos marginais, não tinham total consciência política, ou, como caracteriza Ianni (1975, p. xx), “com escassa ou nula compreensão dos valores e padrões socioculturais da cidade”, e acabavam aderindo amplamente à demagogia de líderes carismáticos em troca de políticas sociais, aceitando assim o status de dominação. Seria assim o populismo uma forma de dominação ao qual não é percebida pelo dominado.
Como destaca Iannni (1975, p.30):
“[...] a simples mudança do campo para a cidade além da escolarização e a influência dos meios de comunicação de massa, provocam nas massas urbanas de formação recente a elevação dos seus níveis de aspiração social e econômica, ou a revolução de suas expectativas. Ao mesmo tempo, as massas urbanas recém-formadas, devido a sua inexperiência política e debilidade organizatória, são facilmente mobilizadas por lideranças carismáticas, em nome de ideologias demagógicas. [...]” 
Para Di Tella, “as ideologias são utilizadas de forma instrumental, como meio de controle social de mobilização de massas” (1969 apud IANNI, 1975, p. 89). Essencialmente, o termo populismo foi usado para denominar de forma pejorativa os governos carismáticos que cooptavam as massas através de seus discursos e de políticas que beneficiassem as classes mais pobres atingindo assim amplo apoio populacional.
Assim caracteriza Graciarena (1967 apud IANNI, 1975, p.33): “nesses movimentos a ideologia é secundária, já que para ter efeito precisa ser personificada. Aqui, a fonte de poder é o líder e não a ideologia. Tanto assim que o líder pode variar os seus conteúdos com certa liberdade”. Segundo Batistella (2012, p.474), “a teoria clássica do populismo [...] acaba sendo simplificada na ideia de que políticos personalistas e maquiavélicos manipulavam e controlavam um povo apático e alienado”.
De fato, essas visões não levam em consideração as peculiaridades e as práticas de cada governo populista, visto que cada país em que ocorreu tem sua particularidade e por diversos períodos diferentes na história com tamanha importância e mudanças sociais que levaram a golpes militares de longa duração. O subdesenvolvimento dos países da América Latina, com sua economia predominantemente agrária, presos à antigas estruturas feudais, era justamente mantido pelas grandes potências, principalmente pelos EUA, que viam nestes países meros fornecedores de alimentos e matérias-primas, além da disponibilidade de mão-de-obra barata para a expansão de suas indústrias. O desenvolvimento autônomo destes países a partir da crise de 29 prejudicava, então, os interesses comerciais norte-americanos, pois sinalizava uma segunda independência, neste caso a mais importante, pois econômica.
Estes movimentos desenvolvimentistas e de substituição de importações iniciaram-se ainda nos anos 30 e 40, conforme descrito anteriormente, com os governos Vargas no Brasil (1930-1945), Cardeñas no México (1934-1940), e Perón na Argentina (1946-1955). A busca por capitais para desenvolver a indústria de base norteou a política econômica e externa destes países. A ascendente classe burguesa passava a ser o centro do poder econômico e, por conseguinte, a que passaria ser beneficiada pelas políticas econômicas do governo. A crescente classe trabalhadora urbana necessitava de serviços sociais que atendessem às suas necessidades. Configurava-se então, o início dos governos populistas, que buscavam aliar os interesses das classes e uma maior autonomia nacional, com foco no desenvolvimento nacional e reformas de base.
Como exemplo, podemos citar o caso argentino. Juan Domingos Perón ascendeu ao poder após sua participação pelo Grupo de Oficiais Unidos (GOU) no golpe de 1943, contra o governo conservador e fraudulento de Ramón Castillo, que representava a década infame iniciada em 1930. Perón, então, assumiu a Secretaria de Trabajo y Previsión e, em 1944, tornou-se vice-presidente e assumiu o Ministério da Guerra. Em outubro de 1945, acabou sendo preso por oficiais que se opunham à sua influência no regime e uma grande mobilização popular foi às ruas exigir sua libertação, o que possibilitou que em fevereiro de 1946 Perón fosse eleito democraticamente pelo partido Laborista à Presidência da Argentina, com amplo apoio popular. Assume assim o lugar definitivo de líder dos trabalhadores e mediador entre as classes.
O sucesso de Perón foi resultado da percepção que, em meio à instabilidade caótica do país, a indiferença com a qual a população trabalhadora havia sido tratada até então só fazia aumentar os conflitos e a possibilidade de insurgência, inclusive comunista. Pela Secretaria de Trabajo y Previsión, Perón implantou políticas que beneficiaram os trabalhadores através de uma série de medidas legislativas que ampliavam os direitos trabalhistas e organizava os movimentos sindicais, ainda que assumindo um forte caráter centralizador. Sob seu comando, a Secretaria assumiu um status ministerial, podendo interferir em outras secretarias e departamentos provinciais que interessassem à questão trabalhista. Perón proibiu por decreto atividades socialistas e dissolveu sindicatos que  não estivessem dispostos a colaborar com a nova Secretaria. Reuniões ou manifestações sindicais só ocorreriam se regulamentadas e fiscalizadas pelo Estado. Ao mesmo tempo em que atraiu os movimentos sindicais, oferecendo-lhes amplos benefícios, os colocou em situação de subordinação ao Estado. Dessa forma, o movimento operário foi integrado ao Estado.
Perón buscava “a unidade de todos os argentinos”, e se declarou internacionalmente imparcial entre EUA e URSS, e como mediador entre a classe operária e a patronal. Assim como Getúlio Vargas, no Brasil, ao mesmo tempo em que políticas sociais foram implantadas, a burguesia industrial lucrou com as políticas de incentivo à indústria nacional.
Buscando uma justiça social tão necessária ao povo argentino, Perón nacionalizou empresas, bancos (inclusive o Banco Central) e ferrovias, aumentou os salários, incluiu a remuneração de todos os feriados e férias, regulamentou-se a jornada de trabalho e os reajustes salariais de acordo com a inflação, instituiu o 13º salário e o voto das mulheres, construiu casas populares, adotou políticas de saúde (vacinação, saneamento básico, redução drástica da mortalidade infantil e aumento da expectativa de vida) e monopolizou o comércio internacional assumindo uma atitude anti-imperialista.
         
INTERVENÇÕES DOS EUA NA AMÉRICA LATINA: CONTENÇÃO AO COMUNISMO OU IMPERIALISMO ECONÔMICO?
Os EUA sempre estiveram entre a política da Boa Vizinhança e a do Grande Porrete (Big Stick). Paralelamente a este período de ascensão destes governos populistas pós-crise de 29, os EUA estavam em meio à política da Boa Vizinhança reinstaurada pelo Presidente Roosevelt, a qual impossibilitava um intervenção direta ou indireta sobreesses governos, principalmente sobre o de Cárdenas no México, que havia nacionalizado os títulos e ações de diversas companhias de petróleo estrangeiras. Além disso, as preocupações se voltavam para a Europa onde uma nova Guerra Mundial estaria prestes a acontecer e ao qual viria modificar a política externa de Roosevelt (SCHOULTZ, 2000).
No pós 2a. Guerra Mundial e com a materialização das tensões entre os dois pólos de poder, o fim do isolacionismo norte-americano é posto em pauta nos EUA e vence a disputa através do discurso de Truman, conforme descrito anteriormente. Os EUA estavam no ápice de seu poder e a Doutrina Truman vem inaugurar uma nova fase de intervenções estadunidenses sobre todo o globo. A assinatura do Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR), em 1947, e a criação da Organização dos Estados Americanos (OEA), em 1948, foram instrumentos institucionais, nos campos  diplomático e militar, elaborados pelos EUA para manter alinhados os governos latino-americanos sob sua estratégia, legitimando suas ações (VISENTINI, 2012) e garantindo a manutenção da hegemonia do país na América. (MUNHOZ 2004 apud ZARPELÃO, 2013 p. 82).
Paralelamente a isso, os países latino-americanos viram frustradas suas expectativas econômicas no pós-Guerra, pois seu suporte material contra o Eixo e o suporte político na Guerra Fria, por votarem em bloco na Organização das Nações Unidas (ONU), não foram retríbuídos, visto que a saída de capitais era maior que a entrada, e o auxílio no desenvolvimento tecnológico destes países não demonstrava sinais de que os EUA auxiliaria em seus respectivos desenvolvimentos econômicos. (VISENTINI, 2012) 
O primeiro governo da América Latina a sofrer com um golpe perpetrado pelos EUA, promovido pela CIA, foi a Guatemala, em 1954. Os EUA, fortemente influenciados pelo Macartismo, argumentavam que as ações do governo Jacobo Árbenz Guzmán voltadas à reforma agrária, principalmente expropriando terras de empresas estrangeiras, tinham caráter comunista de influência soviética. Porém, verifica-se que o processo iniciado na Guatemala iniciado em 1944, denominado Revolução de Outubro, tinha como objetivo dar poder a crescente burguesia liberal e progressista e substituir a estrutura mono-agroexportadora por uma mais moderna e autônoma. O caráter nacionalista se expressava pela crítica aos monopólios estadunidenses da International Railways of Central America (IRCA), da Companhia Elétrica da Guatemala e, principalmente, da United Fruit Company (UFCO). (RAMPINELLI, 2007)[10: A United Fruit Company (UFCO) possuía terras por toda a América Latina (Colômbia, Costa Rica, Cuba, República Dominicana, Equador, Guatemala, Honduras, Jamaica, Nicarágua e Panamá), onde produzia frutas tropicais, principalmente banana e abacaxi, o que gerou a expressão “república das bananas” ao se referir aos países que haviam tido seus governos derrubados com o apoio da empresa. Com o apoio das antigas ditaduras, a UFCO dominava a economia guatemalteca, sendo um Estado dentro de outro. ]
O primeiro governo da Revolução foi de Juan José Arévalo, que sofreu 28 tentativas de golpe de Estado. Basicamente, seu governo ampliou o direito ao voto às mulheres e aos analfabetos, à livre organização de partidos e entidades sociais, contribuindo para erodir a estrutura patriarcal-autoritária. Em 1951, assumiu a Presidência Jacobo Árbenz Guzmán, já sob um cenário de forte pressão das antigas oligarquias e desconfiança dos EUA. O discurso de posse do Guzmán ilustra que a Revolução não visava a implantação do comunismo, mas sim a modernização da economia do país e a entrada do país na era capitalista:
“Nosso governo propõe-se a iniciar o caminho do desenvolvimento econômico da Guatemala, tendendo para os três objetivos clássicos: transformar nosso país, de uma nação dependente e de uma economia semi-colonial, em um país economicamente independente; transformar a Guatemala, de país atrasado e de economia predominantemente feudal, em um país moderno e capitalista; fazer com que estas transformações aconteçam de tal forma que elevem ao máximo possível o nível de vida das grandes massas populares.” (Árbenz Guzmán, 1951)
O estopim para o golpe foi justamente a estatização das terras da UFCO, que possuía 7% das terras aráveis do país sem cultivá-las, em 1953, já sob o governo Republicano de Dwight Eisenhower nos EUA, seguindo com sua política de reforma agrária, inclusive confiscando terras da Igreja Católica. O próprio Eisenhower, seu vice Richard Nixon, seu secretário de Estado John Foster Dulles e o chefe da CIA Allan Dulles, tinham envolvimento direto nos negócios da empresa, o que gerou um protesto formal do Departamento de Estado (DE) dos EUA logo após o confisco, dizendo que via com preocupação a aplicação da reforma agrária nas terras da UFCO. A partir daí, inicia-se o processo de reação articulada entre o DE, a UFCO e a CIA. (RAMPINELLI, 2007)
As principais estratégias utilizadas foram a de forjar um vínculo do governo guatemalteco à URSS, isolar politicamente o país na América Central, e utilizar-se da mídia local controlada pelos EUA para retratar a Guatemala como um “perigo vermelho para o continente”. A Igreja Católica apoiou fortemente a deposição do governo através de suas marchas em defesa da propriedade privada, da tradição e da família. Configurava-se, então, o cenário de desestabilização do governo e a preparação para o golpe. Os EUA impuseram um bloqueio econômico ao país e prepararam uma invasão de mercenários e direitistas a partir de Honduras. (VISENTINI, 2012)
O governo recorreu contra a intervenção militar à ONU, que alegou que o caso era de competência da Organização dos Estados Americanos (OEA), abrindo o caminho para o golpe de 1954. A OEA, na X Conferência Inter-Americana de Caracas, emitiu uma nota  condenando “o comunismo internacional e sua ingerência na Guatemala”, com abstenções apenas de México e Argentina e a oposição óbvia da Nicarágua. Importante destacar que tanto a OEA como a Organização das Nações Unidas (ONU) eram controladas pelos EUA, e suas posições refletiam seus interesses imperialistas.  (RAMPINELLI, 2007)
Nota-se que o caso da Guatemala ilustra bem que as intervenções norte-americanas no continente tinham como objetivo maior invocar o Corolário Roosevelt e tratar a América Latina como um sub-continente, atrelado aos seus interesses econômicos. Muito mais do que combater a ideologia comunista era assegurar o liberalismo econômico e a expansão das suas indústrias, em uma forma de imperialismo. Segundo Visentini (2012, p.213), “o discurso antissoviético e anticomunista - haja vista não ter a mais remota possibilidade ou intenção de ataque soviético e o comunismo latino-americano possuir uma expressão modesta e reformista - visava, sobretudo a legitimar a luta contra qualquer atitude nacionalista restritiva à forma de inversão de capital ou de comércio proposta pelos EUA”.
Contudo, segundo Rampinelli (2007), os ideais da Revolução de Outubro impulsionaram outros países do continente a buscar por uma maior autonomia perante os EUA, e pela modernização de sua estrutura econômica, para se afastarem do subdesenvolvimento. Aliados agora a um sentimento antiamericanista, derivados da intervenção militar direta na Guatemala, ocorreu a Revolução Cubana (1959), e a ascensão de outros governos de traços populistas no Brasil e Chile, além do retorno do peronismo, na Argentina.
A Revolução Cubana foi um movimento nacionalista, mas com uma herança anti-imperialista e esquerdista. Suas reformas, no início, eram moderadas, mas receberam forte oposição dos EUA, afinal a ilha era dominada pela exploração da máfia norte-americana, no que toca à exploração de cassinos e hoteis e de atividades ilícitas, como a prostituição e o tráfico de drogas. Somado a isso, a criação da Operação Pan-Americana (OPA), em 1958, fez com que, logo que chegasse ao poder nos EUA, em 1961, J.F.Kennedy implementasse a Aliança para o Progresso (ALPRO), um programa de ajuda às reformas sociais na AméricaLatina, com o objetivo de deter o antiamericanismo e isolar Cuba. Sob seu governo, ganharam força as teses de que o nacionalismo e o populismo latino-americanos era mais resultado do subdesenvolvimento do que de uma “subversão comunista”, reflexo da atuação da OPA e da Revolução Cubana. (VISENTINI, 2012)  [11: A OPA foi lançada em 1958 pelo presidente do Brasil Juscelino Kubitschek, com o objetivo de atrair a atenção dos EUA e angariar maiores créditos e cooperação para o desenvolvimento latino-americano. Tinha por base a ideia de que apenas a erradicação da miséria no continente americano conteria a expansão comunista. ]
O fracasso da invasão da Baía dos Porcos (1961) levou à adoção do socialismo em Cuba, causando perplexidade no EUA pela proximidade de seu território. O bloqueio econômico, a crise dos mísseis e a suspensão de Cuba da OEA levaram à aproximação política e econômica do país à URSS. O choque do sucesso da primeira revolução popular e socialista em seu “quintal” foi o estopim para se aumentar a histeria anticomunista e a efervescência social latino-americana.
A ascensão de Lyndon Johnson ao poder, após a morte de Kennedy (1963), alinhou novamente os grupos reacionários ligados aos setores industriais-militares, alterando a política externa no continente e recrudescendo as ações. De início, o governo Johnson praticamente pôs fim à ALPRO e a doutrina de segurança nacional substituiu novamente a ideia de ajuda ao desenvolvimento latino americano. (VISENTINI, 2012)
No Brasil, a Política Externa Independente (PEI) idealizada por Jânio Quadros e mantida no governo de João Goulart foi um dos principais motivos que levaram ao golpe de 1964. Soma-se a ela a mesma política de tentativas de reformas de base ocorridas nos outros países, tendo a reforma agrária como principal, e o nacionalismo, pois “a encampação de empresas estrangeiras [...] por vários governos estaduais gerava uma grave fonte de atrito com os EUA” (VISENTINI, 2003, p.26), bem como com as classes conservadoras do país. A CIA, assim como na Guatemala, passou a fomentar uma crise interna através de incentivos financeiros a grupos de direita e opositores do governo, contrariando a soberania federal. Os EUA passaram a conceder fundos diretamente a governos estaduais de oposição a Goulart, como Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo*. Assim como na Guatemala, as marchas da Igreja Católica e a transformação deste quadro político em um “perigo comunista”, executado pela grande mídia, também tiver papel decisivo.[12: Visava relações diplomáticas com todos os países, independente da ideologia política, mantendo uma linha de independência frente à bipolaridade e proporcionando a ampliação do comércio brasileiro na esfera internacional. Além disso, seguia os princípios da Defesa do Direito Internacional, da autodeterminação dos povos e da não-intervenção nos assuntos internos de outros países, política de paz, desarmamento e coexistência pacífica nas relações internacionais, apoio à descolonização completa de todos os territórios ainda submetidos e formulação autônoma de planos nacionais de desenvolvimento e de encaminhamento da ajuda externa. (VIZENTINI, 2012) ]
Na República Dominicana, o presidente reformista Juan Bosch havia sido derrubado em 1963 por um golpe militar. Em 1965, um forte movimento popular exigia seu retorno e os EUA, com receio de as forças conservadoras não conseguirem se manter no poder, interviram novamente no país, desta vez com a ação militar legitimada pela OEA. (VISENTINI, 2012). 
Para justificar os regimes de segurança nacional, Visentini (2012, p. 235) argumenta que
“A industrialização por substituição de importações atingira seus limites, e as transnacionais e o capital estrangeiro pressionavam os governos latino-americanos pelo estabelecimento de novos parâmetros econômicos. A crise econômica agravara-se ainda mais com a radicalização social gerada pelo aumento das demandas populares frente aos regimes populistas, cuja ambiguidade chegava a um impasse. Ao lado da intensa mobilização sociopolítica, o nacionalismo – também defendido e utilizado pela esquerda – radicalizava suas posições. Esses fatores representavam um problema para os EUA, para as empresas transnacionais e para os setores das burguesias nacionais vinculados à produção de bens de consumo sofisticados e industriais de base.” 
A estratégia de desestabilização utilizada pela CIA na Guatetemala e no Brasil se estendeu aos próximos golpes nos governos de Salvador Allende (Chile, 1973) e Isabel Perón (Argentina, 1976). Enquanto no Chile a população angariava benefícios através de reformas de base, leis trabalhistas, expropriações de terras, nacionalizações e estatizações de empresas privadas, na Argentina o retorno de Juan Perón em 1973 e, depois de sua morte, com Isabelita Perón como presidente, significava a retomada do populismo peronista dos anos 40 e 50. Nota-se que, apesar de no Chile Salvador Allende se declarar socialista, Perón, durante seus governos na Argentina, se declarava fortemente contra o comunismo, ressaltando que dar ao povo os direitos que a eles pertence ajudaria a afastar políticas mais radicais.  
Salvador Allende, por sua vez, mesmo se declarando socialista,  se despia de um caráter autoritário - característica do comunismo soviético de Stálin - assumindo que as mudanças somente viriam por vias constitucionais, sendo a primeira experiência legal e pacífica para o socialismo. No Chile, setores da direita aliados às elites empresariais, aos militares conservadores e às empresas transnacionais, contaram com a colaboração explícita da CIA na desestabilização política do país, com boicotes às reformas. Depois de tentadas todas as formas “democráticas” de derrubada do regime, os EUA acabou conseguindo maior apoio do povo chileno ao presidente. Sob a mesma justificativa dos golpes anteriores, desta vez, porém, mais justificado perante a opinião pública norte-americana devido à defesa clara do socialismo por Allende, os EUA atacam militarmente o palácio presidencial e causam o suicídio do presidente, dando origens a uma das ditaduras mais sanguinárias da América latina, sob o comando do General Pinochet. (VISENTINI, 2012) 
Ainda segundo Visentini (2012, p.237), na Argentina, em 1976, o golpe foi facilitado pelo “esgotamento do populismo peronista, a crise socioeconômica, a instabilidade político-institucional e os atentados de grupos de extrema-esquerda ou da própria esquerda peronista”. Para ele, os regimes de segurança nacional no continente tinha um caráter fortemente fascista, que visava 
“[...] a eliminação de toda forma de oposição às novas estruturas econômicas. A economia nos períodos ditatoriais pautou-se por um novo modelo de acumulação, verificado tanto na ampla abertura do capital estrangeiro quanto na concentração de renda. [...] Uruguai, Argentina e Chile tiveram seu parque industrial sucateado e retrocederam muito economicamente, voltando a ostentar uma dependência quase tradicional, importando capital e manufaturas e exportando produtos primários e matérias-primas.” (Visentini, 2012, p.237)
Ou seja, a defesa da democracia liberal feita pelos EUA utilizava-se da retórica anticomunista para poder crescer e se expandir livremente pelo território americano. A transformação da ideologia socialista em um perigo às liberdades individuais, feito com maestria pela CIA, Igreja Católica e grande imprensa, foi o principal mote que fez com que os EUA liderasse, de certa forma tranquila, o continente, e expandisse seus negócios e seus empréstimos, mantendo os países no subdesenvolvimento e dependentes de sua economia industrializada. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A análise feita da configuração das Doutrinas Monroe e seu desdobramento no Corolário Roosevelt, assim como a Doutrina Truman, traz que ambas tinham como pano de fundo a crença de que os EUA eram o “farol do mundo”, o líder que deveria assumir para si a responsabilidade de moldar o mundo conforme o que eles acreditavam ser o ideal. Na prática, o sistemacapitalista obteve seu maior êxito, inclusive de todas as suas contradições, nos EUA, muito devido à configuração política e filosófica que o país soube dar a sua política externa, e de usá-la como instrumento de defesa de seus interesses. 
A vitória do “american way of life” só foi possível graças à Guerra Fria e à retórica anticomunista feita pelos EUA. A formatação de um inimigo mundial foi justamente o que permitiu a defesa do sistema liberal e a ascensão de seus defensores pelo mundo, seja através das lideranças políticas ou no mundo acadêmico. A CIA, então, foi fundamental para este papel. 
Com isso, fica claro que os regimes ditatoriais de segurança nacional tinham como objetivo impedir o desenvolvimento dos países da América Latina e mantê-los no modelo agroexportador, liberalizando seus mercados e permitindo a expansão das empresas estadunidenses no território, aumentando o poderio econômico dos EUA. A defesa anticomunista foi utilizada para justificar as intervenções militares diretas e indiretas em diversos países. 
A abertura dos mercados nos anos 90, devido à adesão dos governos ao Consenso de Washington, trouxe uma grave crise econômica e o aumento da desigualdade social, causando a nova ascensão de governos populistas, com forte retórica anti-imperialista e anti-americana, exemplificando bem que a América Latina ainda tenta superar seu ciclo histórico subdesenvolvimentista com governos que simbolizem uma ruptura com o alinhamento aos EUA. Porém, as tentativas de golpe de Estado e deposições, promovidas pelas elites empresariais e/ou pelos latifundiários, algumas vezes com participação direta dos EUA, como contra Hugo Chávez, na Venezuela (2002), demonstram que ainda há uma grande interferência dos EUA no continente. [13: O Consenso de Washington tem esse nome devido ao encontro ocorrido em 1989, em Washington D.C. (EUA), com funcionários do governo norte-americano, Fundo Monetário Internacional, Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento, onde uma série de recomendações foi direcionada aos países latino-americanos e regras básicas foram estabelecidas, visando o aprofundamento do neoliberalismo, tornando-se a política oficial do Fundo Monetário Internacional em 1990.]
Mais recentemente, o Secretário de Estado dos EUA John Kerry, reviveu a Doutrina Monroe e referiu-se à América Latina como “quintal” dos EUA: “América Latina é nosso quintal (...), temos que nos aproximar deles de maneira vigorosa” (KERRY, 2013). A frase saiu logo após às eleições presidenciais da Venezuela, onde o candidato da situação, herdeiro do chavismo, Nicolás Maduro, venceu o opositor Henrique Caprilles por uma pequena margem de votos. Mesmo com o reconhecimento da lisura da eleição pelo Tribunal Eleitoral, e por organismos internacionais, como a OEA, o Mercado Comum do Sul (MERCOSUL) e a União das Nações Sul-Americanas (UNASUL), os EUA não reconhecem sua vitória.
Portanto, ainda hoje os EUA têm interesses estratégicos na América Latina, que envolvem também as questões energéticas, como no caso da Venezuela. Porém, mesmo com toda a pressão, os atuais governos do continente têm conseguido manter uma certa autonomia em seus desenvolvimentos econômicos com relação aos EUA. O passado de desunião dos países, que em muito contribuiu para a ingerência norte-americana, fez com eles se voltassem para a integração regional, como demonstra a criação do MERCOSUL, da UNASUL, e da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e do Caribe (CELAC). 
O final da Guerra Fria trouxe consigo também a ausência de um pólo de poder que representasse um modelo antagônico do defendido pelos EUA, pois foi a presença deste “inimigo” que possibilitou a prevalência dos ideais norte-americanos, e que orientou toda a sua política externa durante quarenta anos. Os próximos anos, de tentativa de superação de uma crise histórica do sistema capitalista nos grandes centros, poderão mostrar se passará a haver uma nova configuração de poder que ditará as Relações Internacionais a partir de então.
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