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DIR101 IED Anotações Avaliação 2 (2017.1) (Helson)



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ANOTAÇÕES 
DIR101 – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO 
(Ricardo Maurício Freire Soares) 
ric.mauricio@ig.com.br 
Instagram :: professor Ricardo Maurício 
www.professorricardomauricio.com 
Elaborado por Helson 
 
DIR101 – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO 
Anotações da 2ª avaliação [ Helson ] 
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ÍNDICE 
1 ● Teoria das fontes de direito 
Conceito 
Etimologia 
Monismo x Pluralismo 
Tipologias 
2 ● Teoria do ordenamento jurídico 
Noções Gerais 
A Concepção de Sistemas 
O Problema da Completude: Lacunas e integração jurídica 
O Problema da Coerência: Antinomias e os critérios de solução dos conflitos normativos. 
3 ● Teoria da relação jurídica 
Conceito 
Resumo Gráfico 
Características 
Elementos Constitutivos 
4 ● Escolas do Pensamento Jurídico 
Jusnaturalismo 
Positivismo Legalista 
Historicismo Jurídico 
Referências Bibliográficas ● Livros, filmes e séries 
 
 
DIR101 – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO 
Anotações da 2ª avaliação [ Helson ] 
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1 ● Teoria das fontes de direito 
Conceito 
 São os diversos modos de manifestação da normatividade jurídica que exprimem a 
influência de fatores presentes na realidade social e natural. 
o Só é possível pela aplicação da abordagem zetética. 
Etimologia 
 O termo provém etimologicamente do vocábulo latino fons, que significa origem, 
nascedouro ou gênese de um dado fenômeno. 
Monismo x Pluralismo 
 Dois grandes paradigmas se opõem no âmbito da teoria das fontes do direito: 
o Os monistas defendem a origem exclusivamente estatal do direito. 
o Os pluralistas defendem a ideia segundo a qual o direito seria criado 
tanto pelo Estado, quanto pelas forças sociais. Com a crise do positivismo, 
o pluralismo se tornou dominante na Ciência Jurídica após a segunda grande 
guerra mundial. 
 Observações 
o No mundo ocidental, o direito não-estatal tem a sua validade subordinada aos 
parâmetros do direito estatal. 
o A relação entre direito estatal e direito não-estatal nem sempre é harmoniosa, 
podendo haver conflitos. 
 Ex. Infanticídio indígena – existência de grupos indígenas que matam 
recém-nascidos que nasceram com deformidades físicas ou psíquicas. 
 Situação que configura conflito entre a lei e os costumes. 
Tipologias 
Fontes Materiais 
 Elementos econômicos, políticos, ideológicos, geográficos e climáticos que interferem 
no processo de criação do direito, oferecendo a matéria-prima para a confecção das 
normas jurídicas. 
o Todas as fontes extrajurídicas que oferecem elementos para a criação de 
novas normas. 
o O direito é apenas forma. O conteúdo é obtido de elementos extrajurídicos. 
o Ex. A crise econômica como fonte material da nova lei das terceirizações. 
 Acredita-se que a lei tenha sido criada como alternativa de contensão 
do desemprego, embora haja evidências de inconstitucionalidades. 
Fontes Formais 
Conceito 
 Normas jurídicas propriamente ditas, que resultam do processo de incorporação e 
positivação das fontes materiais do direito. 
o As normas seriam a fisionomia das normas. 
 
 
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Classificação 
 Estatais 
o Legislação 
o Jurisprudência 
 Não-estatais 
o Costume 
o Negócio Jurídico 
o Doutrina 
o Poder normativo 
 
 Estatais 
o Criadas diretamente pelo Estado (legislativo, executivo e judiciário). 
 Legislação 
 Jurisprudência 
o Legislação 
 Entende-se por lei o conjunto de normas escritas, genéricas e 
abstratas, oriundas do parlamento, que regulam a vida social. 
 Trata-se da principal fonte jurídica dos sistemas de civil law. 
 Civil law – sistema de tradição romano-germânica. Adotados 
mais por países da Europa continental (Itália, Alemanha, 
França), países latino-americanos, países da África, etc... 
 Common law – sistema que reúne os países de tradição 
anglo-americana, que colocam a jurisprudência e os costumes 
no centro do conhecimento jurídico. (Inglaterra, E.U.A, Nova 
Zelândia, Austrália). 
o Jurisprudência 
 Trata-se da reiteração de decisões judiciais no mesmo sentido. 
 A jurisprudência torna possível utilizar precedentes para convencer 
futuros julgadores sobre uma dada forma de interpretação. 
 Atualmente verifica-se nos sistemas de civil law uma tendência de 
commonização, tendo em vista a valorização da jurisprudência. 
 No Brasil isso também tem ocorrido, especialmente após o novo 
Código de Processo Civil. 
 Isso ocorre porque a jurisprudência afigura-se como uma fonte muito 
mais dinâmica e atual, sendo capaz de adaptar o direito à nova 
realidade social. 
 Ex. Decisões no Brasil sobre o Ubber e o Whatsapp. 
 As grandes inovações do direito brasileiro se originaram da 
jurisprudência. 
 Ex. Guarda compartilhada, proteção contra o bulling, união 
homoafetiva, poliamor. 
 Súmulas – são enunciados interpretativos que sintetizam a 
jurisprudência consolidada dos tribunais. 
 Persuasivas – de observação não obrigatória 
o Maioria absoluta no Brasil 
 Vinculantes – de observação obrigatória 
o Instituídas após a EC nº 45 de 2004. Apenas 56 até 
abril de 2017. 
o Considera-se que o STF ganhou poderes similares aos 
dos legisladores, após as súmulas vinculantes. 
 No Brasil todos os tribunais têm a prerrogativa de criar 
súmulas persuasivas. Entretanto, somente o STF pode criar 
súmulas vinculantes, a teor do que dispõe a EC nº 45 de 
2004. 
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o Ex. Súmula Vinculante nº 11 – proíbe o uso de 
algemas no processo criminal. 
Súmulas Vinculantes | Vantagens e Desvantagens 
Vantagens 
 Reforçam o princípio da segurança jurídica (previsibilidade decisória). 
o Reclamação constitucional pode acarretar a responsabilização criminal, civil e 
administrativa do magistrado que não observou a súmula vinculante quando 
comprovado que deveria o fazer. 
 Propiciam a isonomia decisória, que decorre da previsibilidade gerada pela 
aplicação das súmulas vinculantes. 
 Realizam a celeridade do processo. É dizer, os processos são resolvidos com maior 
rapidez porque é finalizado já no primeiro grau de jurisdição, sem a procrastinação e 
tramitação do rito processual usual. 
o A celeridade é considerada um dos mais importantes princípios do devido 
processo legal. 
o O professor se arrisca a dizer que a celeridade é um dos componentes mais 
importantes do processo penal, já que ninguém suporta justiça lenta. 
o Isso não transformaria a prestação jurisdicional em uma linha de montagem de 
decisões (espécie de modelo do fordismo), o que seria prejudicial à sociedade? 
 Realizam o princípio da economicidade, entendida como a diminuição dos custos 
necessários para a movimentação da máquina judiciária. 
o Infelizmente a justiça brasileira é a mais cara do mundo, e as Súmulas 
Vinculantes diminuem os custos. 
 Realizam o principio da razoabilidade, pois não seria razoável que uma ação 
tramitasse durante anos já se sabendo de antemão o posicionamento do STF. 
 Tendem a ser um comando normativo tecnicamente bem estruturado, afinal, os 
ministros do STF constituem a elite intelectual da comunidade jurídica. 
o Há controvérsias, uma vez que alguns Ministros assumiram cadeiras no STF 
sem atender aos requisitos de notório saber jurídico e reputação ilibada. 
Desvantagens 
 Relativizam o princípio da separação dos poderes - o STF como legislador. 
o Apesar de não ser uma lei, as súmulas vinculantes funcionam como se fossem. 
Assim é como se o judiciário tivesse adquirido o poder legislativo. 
 Obstaculizam o desenvolvimento progressista da jurisprudênciado primeiro 
grau, dificultando a atualização do direito. 
o A súmula vinculante imobiliza o direito, na medida em que, enquanto a 
sociedade continua em movimento, os juízes mantêm-se obrigados a aplicar as 
mesmas súmulas. 
 Relativizam o princípio do livre convencimento judicial 
o A súmula vinculante pode se tornar um instrumento de robotização dos 
juízes. 
 O STF costuma ser um tribunal de perfil mais conservador, do ponto de vista 
ideológico, tendo em vista a forte pressão exercida por grupos econômicos e políticos. 
o Em tese isso refletiria em eventual conteúdo conservador das súmulas 
vinculantes. 
o O STF só avança quando envolve processos relativos a particulares. Quando 
há relação entre Estado e Cidadão, as decisões são muito conservadoras. 
 A jurisprudência de primeiro grau costuma ser mais aberta à realidade social e 
potencialmente mais justa. 
o Os magistrados de início de carreira estão mais próximos do caso concreto. 
 As súmulas persuasivas já cumpriam e cumprem o papel de uniformizar a 
jurisprudência sem os inconvenientes e restrições das súmulas vinculantes. 
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o Crítica às súmulas vinculantes - dar celeridade a justiça é necessariamente dar 
justiça? 
 
 Não-estatais 
o Criadas diretamente pelas instituições e agentes sociais. 
o Costume 
 Trata-se de normas não escritas que decorrem da reiteração de 
práticas sociais que estabelecem bilateralmente direitos e deveres 
jurídicos. 
 Ex. O 13º salário originalmente era um costume, mas com o 
tempo estabeleceu direitos e deveres jurídicos. 
 Ao lado da jurisprudência é a principal fonte jurídica dos sistemas de 
Common Law, embora elas sejam também encontradas nos sistemas 
de Civil Law. 
 Alguns ramos se revelam mais permeáveis aos costumes jurídicos, a 
exemplo dos direitos internacional, comercial e trabalhista; 
 No Brasil merece especial atenção o exemplo do cheque pré-datado 
do direito comercial. 
 O cheque por definição legal é uma ordem de pagamento à 
vista. A rigor, quem emite um cheque deveria ter saldo em 
conta para não incorrer em crime de estelionato. 
 Deixou de ser uma ordem de pagamento à vista para ser uma 
garantia de crédito. 
 Discute-se muito se o costume poderia revogar as leis pelo desuso. 
 Ex. O desuso do Código Penal sobre o adultério. 
 Os positivistas negam essa possibilidade. Os críticos ao positivismo 
reconhecem essa possibilidade. 
o Negócios Jurídicos 
 São as manifestações de vontade escritas e não escritas unilaterais ou 
bilaterais que disciplinam relações privadas, estipulando direitos e 
deveres jurídicos para os particulares. 
 São emanações dos temas dos princípios da liberdade e da autonomia 
da vontade no plano das relações inter-privadas. 
 Ex. Os testamentos e os contratos. 
 Testamento é manifestação unilateral escrita de vontade, que 
promove efeitos a partir do óbito do testador. 
 Contrato é um acordo de vontades que estabelece direitos e 
deveres jurídicos, de forma bilateral. Podem ser escritos e não 
escritos. 
o Doutrina 
 Consiste no conjunto de normas jurídicas que decorrem de obras, 
pareceres, pesquisas, artigos científicos que exprimem a produção 
científica do direito. 
 A doutrina oferece o argumento de autoridade intelectual necessário 
para, decisões judiciais e outras fontes jurídico-normativos. 
 Ex. Obras do prof. Ricardo Maurício. 
 A importância da doutrina em se tratando dos novos ramos jurídicos. 
 Ex. Livros sobre direito eletrônico no Brasil. 
 O direito deve ser entendido como um instrumento para o bem comum 
– Miguel Reale. 
o Poder Normativo 
 É a prerrogativa conferida às instituições sociais para que as mesmas 
possam criar os seus micro-ordenamentos jurídicos. A fim de 
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normatizar a sua organização interna e a relação com agentes 
externos. 
 Ex. regulamento de empresas e convenções condominiais. 
 Deve ser exercido em conformidade com os parâmetros das 
convenções estatais. 
2 ● Teoria do ordenamento jurídico 
Noções Gerais 
 Trata-se da parte da teoria geral do direito que estuda a possibilidade de o direito ser 
interpretado e aplicado como um sistema. 
A Concepção de Sistemas 
 Entende-se por sistema todo e qualquer conjunto ordenado de elementos que permite 
a descrição de uma dada parcela da realidade natural ou social. No mundo do direito a 
mais conhecida e útil concepção de sistema é aquela oferecida por Hans Kelsen: A 
visão piramidal da ordem jurídica. 
 
 
o Pressuposto de que vivemos imersos na entropia da física – teoria do caos. 
 Realidade caótica, no plano da natureza ou da sociedade. 
o A sociedade busca a ordenação ou organização do caos, a partir da 
construção de sistemas. 
o Exemplo do sistema solar. 
 
 Os fenômenos astronômicos, bem como diversos outros sistemas 
(elétrons-neutros, centro-periferia, etc.) não poderiam ser explicados 
apenas na construção heliocêntrica. 
 Ajuda a descrever a realidade, extraindo resultados práticos. 
o Dividir o ano em 12 meses, o dia, em 24h; Dias se 
alternarem com as noites. As estações do ano. 
 Mas é uma construção da razão, não existe. Fadado a ser 
substituído por outro. 
o Explicações que já caíram por terra, tendo por base 
física quântica, etc. 
 Assemelham-se a atual situação do direito, a realidade jurídica 
o Retornando à pirâmide de Kelsen. 
Constituição 
Legislação 
Atos administrativos 
Contratos / Testamentos / Decisões 
judiciais 
Sistema 
solar 
Planetas 
Satélites 
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 Mesmo com as imperfeições, a pirâmide normativa de Kelsen é 
considerada uma das mais importantes contribuições. 
 Concepção mais didática, mais operacional, por isso, mais útil. 
 Embora seja a concepção mais admitida, a pirâmide normativa merece 
críticas. As mais importantes são: 
 Ausência dos costumes 
o Mas os costumes são fontes do direito. 
 O papel tímido dedicado à jurisprudência, por estar na base da 
pirâmide. 
o Inadequação ao sistema de Common Law 
o Jurisprudência essa que é a mais importante desse 
sistema. 
o Mesmo no sistema de Civil Law a jurisprudência é 
muito forte, a exemplo das decisões do Supremo 
Tribunal Federal. 
 A realidade jurídica é igualmente complexa 
O Problema da Completude: Lacunas e integração jurídica 
 Para que o sistema seja considerado racional, ele necessita de oferecer respostas para 
todas as situações que pretenda solucionar. No mundo do direito discute-se sobre a 
completude. De um lado, verificam-se os defensores da completude (sistema fechado e 
sem lacunas) e de outro, os defensores da incompletude (sistema aberto e lacunoso). 
o Ex. O sistema americano de segurança era considerado completo, mas, após o 
11 de setembro de 2011, a situação mudou: o sistema tornou-se incompleto na 
visão de todos. 
Argumentos favoráveis à completude 
 O direito seria completo porque se poderia utilizar o raciocínio de que tudo o que não 
está juridicamente proibido está juridicamente permitido. 
o Argumento utilizado, inclusive, por Hanz Kelsen. 
o O direito sempre será completo, porque do ponto de vista lógico sempre será 
possível fechá-lo. 
 Estar aberto significa dizer que existem lacunas (não existe 
regulamentação). Por outro lado, se o que não está proibido está 
juridicamente permitido, implica dizer que não existem as lacunas, pois 
não se regulamentou porque é permitido por lei. (Redação de Helson) 
o Problema que leva a um resultadoprático perigoso, pois quando não há 
regulação penal regulando, por exemplo, jogos perigosos, eles seriam 
juridicamente permitidos. 
 
 O direito se revela completo porque o juiz não pode deixar de julgar. No momento em 
que ele decide, a sua sentença se apresenta como a resposta normativa do sistema 
jurídico. 
o O juiz não pode deixar de julgar alegando obscuridade, pois em tese tudo está 
normatizado e disponível. 
o O juiz ao decidir ele supre a lacuna que por ventura esteja aberta. 
o Ex. Juiz do Trabalho julgando reclamações trabalhistas: O sujeito que dirige 
Ubber reclamando vínculo trabalhista com a empresa. Por hipótese o juiz não 
conhece o Ubber, não há nada na doutrina ou na lei. Então, o juiz engavetaria 
o processo a espera da criação de uma lei? Mas hoje processo que não é 
movimentado em período de 100 dias dispara cobrança pelo CNJ. Em resumo, 
o juiz terá que dar um jeito (direito comparado), terá que decidir. Assim, ela 
fechará o sistema. 
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o Ex. Anos atrás, um promotor invocou o pedido de habeas corpus em prol de 
um chimpanzé, e o juiz era obrigado a decidir. Ao decidir esta situação o juiz 
esta fechando o sistema normativo. 
 O direito seria completo porque a própria ordem jurídica estabeleceria os mecanismos 
de integração (analogia, costumes, princípios gerais do direito e equidade). 
o O direito já dispõe dos instrumentos para que se enfrentem as lacunas. 
 
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Argumentos favoráveis à incompletude 
 O direito se revela sempre incompleto porque a sociedade sempre se transforma em 
um ritmo mais célere, surgindo daí as lacunas. 
o A verdade é que as lacunas sempre existirão porque as transformações sociais 
são muito dinâmicas. Daí, não seria mesmo o papel do direito tentar 
acompanhar tais transformações tão rápidas. 
 O direito seria incompleto porque a existência de mecanismos de integração constitui a 
prova cabal de que as lacunas existem. 
 O direito só seria completamente completo se o legislador fosse capaz de disciplinar de 
forma pormenorizada todas as condutas humanas, inclusive prevendo o futuro. 
Lacunas Jurídicas 
 Trata-se de toda e qualquer imperfeição que venha a comprometer à totalidade 
sistémica do direito. 
 Lacunas Normativas 
o São aquelas lacunas que se manifestam toda vez que inexiste norma a regular 
expressamente uma dada situação social. 
 Ex. Ausência de tipificação legal dos chamados crimes virtuais. O 
hacker que rouba dinheiro pelo Internet Banking não incorre em 
qualquer crime tipificado. O mais próximo seria roubo, mas pressupõe 
a subtração de objeto, o que não se configura no caso do dinheiro que 
é transferido pela internet. 
 Lacuna fática 
o Consiste na ausência de adequação da norma aos valores sociais (falta de 
efetividade) 
 Ex. Lei das contravenções penais – jogo do bicho. A norma existe, está 
vigente, mas perdeu alinhamento com a prática social. 
 Lacuna valorativa 
o Ocorre toda vez que ocorre uma inadequação da norma dos valores sociais 
(perda de legitimidade). 
 Ex. Legislação tributária e a Justiça Fiscal. 
Instrumentos de Integração do Direito 
 Trata-se do conjunto de mecanismos utilizados pelos juristas para o preenchimento das 
lacunas jurídicas. 
o Podem ser usados de modo isolado ou em conjunto, não havendo uma 
hierarquia prévia entre eles. 
 Havia uma corrente que considerava a analogia o instrumento 
preferencial, mas essa ideia é anacrônica. 
 No direito brasileiro, tais instrumentos são conhecidos pela doutrina, pela 
jurisprudência e pela legislação (LINDB, CPC, CLT, CP, etc.) 
o Integrar o direito é torná-lo completo. 
 Analogia 
o Consiste na aplicação de uma dada norma jurídica que trata de uma situação 
social a outra situação social semelhante que carece de uma normatização 
expressa. 
 Aproveitamento de uma norma jurídica preexistente para atender a 
uma situação que carece de norma que a regulamente. 
 Ex. Aplicação da Lei Maria da Penha aos casos das transexuais. 
o  N1, que trata de um conjunto de S1, pode ser aplicada a uma S2 - mesmo 
não tratando diretamente dessa situação, mas por se assemelhar -, tendo em 
vista a falta de uma N2 que regule S2. 
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o A analogia pressupõe interpretação, que requer investigação zetética para 
interpretar as diversas situações sociais, valorando os fatos e examinando a 
realidade substancial. 
 Não há limites prévios ou objetivos. 
 Costumes 
o Normas não escritas que resultam da reiteração de práticas sociais, as quais 
servem como elementos capazes de permitir o preenchimento das lacunas 
jurídicas. 
 Ex. O uso de costumes no preenchimento de lacunas contratuais no 
direito civil e no direito do trabalho. 
 Os costumes não são apenas fontes do direito, mas também podem 
figurar como importantes instrumentos de integração. 
 O CC prevê que os contratos podem ser interpretados em 
conformidade com os costumes do lugar. 
 Contrato de arrendamento rural celebrado verbalmente. Se 
surgirem dúvidas quanto a qualquer aspecto desse contrato 
verbal, o juiz para preencher a lacuna pode se valer dos 
costumes do local: O costume do lugar é que o arrendatário só 
necessita pagar depois da colheita. 
 Princípios Gerais do Direito 
o São normas éticas, expressas ou implícitas, que aproximam o direito da moral, 
potencialização a realização da justiça. 
 Ex. Aplicação do princípio da insignificância penal nos chamados furtos 
famélicos. 
 Equidade 
o Consiste na aplicação do sentimento de justiça do julgador a partir de uma 
apreciação moral do aplicador do direito. 
 Ex. O julgamento de equidade no campo da arbitragem. 
o Originalmente cunhado por Aristóteles no livro “Ética em coma” na forma de 
“Justiça pelo julgador”. 
 Ex. Passagem do Rei Salomão. Duas mulheres disputavam a guarda 
de uma criança. Propôs cortar a criança ao meio. Uma das mulheres 
desistiu da causa. A justiça foi feita. Entregou a criança a esta mulher, 
pois o verdadeiro amor é incondicional. 
 A lei de arbitragem prevê a utilização da arbitragem, mesmo o julgador 
não sendo um juiz. 
 
O Problema da Coerência: Antinomias e os critérios de solução dos 
conflitos normativos. 
 Trata-se da exigência racional de que o sistema jurídico ofereça soluções para as 
contradições normativas, a fim de equacioná-las. 
o Só será racional se oferecer instrumentos capazes de solucionar as 
contradições, restaurando a coerência que tenha sido comprometida. 
 Entende-se por antinomia jurídica a contradição existente entre uma norma que proíbe 
e outra que permite o mesmo comportamento, gerando uma situação de 
indecidibilidade no mundo do direito. 
o Ex. O problema da transfusão de sangue o paciente que é testemunha de 
Jeová, e os direitos à vida e à liberdade religiosa. 
o Ex. O infanticídio indígena. 
Critérios de solução das antinomias jurídicas 
 Hierárquico 
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o Trata-se do mais importante critério de solução das antinomias jurídicas. 
Havendo conflito entre uma norma jurídica que permite e outra norma jurídica 
que proíbe a conduta, será examinada a relação de hierarquia: a norma 
superior prevalece sobre a norma inferior. 
 Ex. A prevalência da Constituição em face de uma lei contrária aos 
comandos constitucionais. 
 Cronológico 
o Havendo conflito entre uma norma jurídica anterior e uma norma jurídica 
posterior, sendoambas de mesma hierarquia, prevalecerá a norma posterior. 
 Ex. A prevalência do Código de Defesa do Consumidor (1990) em face 
do antigo CC brasileiro (1916) em matéria de contratos bancários. 
 Especialidade 
o Havendo conflito entre uma norma especial e outra norma geral, sendo ambas 
de mesma hierarquia, prevalece a norma especial. 
 Ex. O conflito entre o Código Penal e a Lei Maria da Penha nos casos 
de violência praticada contra a mulher no ambiente doméstico. 
 A lei Maria da Penha é muito mais severa, então há um conflito 
com o Código Penal, prevendo até medidas cautelares. 
Casos não solucionáveis 
 Entende-se por antinomia de segundo grau o conflito entre uma norma jurídica anterior 
especial e outra norma jurídica posterior geral que tenham a mesma hierarquia. 
 Nessa hipótese, instaura-se uma contradição entre o critério da especialidade e o 
critério cronológico. Não havendo um meta-critério que possa ser utilizado para 
solucionar essa contradição. 
o Ex. O conflito entre o Código de Defesa do Consumidor (1990), que é lei 
anterior especial, e o Código Civil (2002), que é uma lei posterior geral. 
o A estatística comprova que houve prevalência da norma anterior especial, mas 
não com base na ciência. 
Especificidade dos conflitos entre os princípios jurídicos: Ponderação de bens e 
interesses. 
 Toda vez que há conflito entre princípios constitucionais, surge a necessidade de 
superação dos critérios tradicionais acima examinados. Tais critérios não poderão ser 
utilizados, pois os princípios geralmente situados na Constituição apresentam a mesma 
hierarquia, a mesma cronologia e a mesma generalidade. 
 A alternativa é a utilização da ponderação de bens e interesses: Uma técnica 
hermenêutica voltada para o estabelecimento de uma realidade concreta entre os 
princípios constitucionais diante de uma dada situação social. 
 Através do exame de efetividade e de legitimidade, o jurista poderá aferir a 
preponderância de um princípio em face de outro. 
o Ex. O candidato adventista no concurso público e o direito à igualdade e o 
direito à liberdade religiosa. 
 Os adventistas guardam dia de sábado, 
 Caso considerado um dilema, pois são normas de mesma hierarquia, 
mesma cronologia e a mesma generalidade. A solução é a 
ponderação, à luz do caso concreto, utilizando a valoração e buscando 
responder qual a maior dimensão do peso. 
o Ex. Senador em Brasília utiliza verbas do gabinete para custear comodidades 
para sua amante. Depois de um desentendimento, essa amante resolve 
procurar a imprensa para revelar tudo. O senador diz que não tecerá 
considerações sobre sua vida privada, e a revista publica o episódio. O 
senador entra com uma ação, e defesa alega o direito de liberdade dos meios 
de publicação. 
DIR101 – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO 
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o Ex2. Diferente da situação do casal de artistas em ressorte que são 
surpreendidos com fotos em revista, sem que tenham autorizado. 
 Conclusão 
o Não há verdadeiro ou falso na ponderação dos princípios. 
Últimas observações 
 Não existe hierarquia prévia entre princípios constitucionais. 
o Avaliação sempre será à luz do caso concreto. 
o Nem mesmo o direito à vida pode ser considerado absoluto, pois há quem 
defenda o direito à morte digna (Eutanásia). 
 A boa ponderação é aquela que garante a preponderância do princípio, mas não afasta 
totalmente o princípio de menor dimensão de peso. 
o Você garante o adventista fazer a prova após as 18h do sábado, aplicando 
muito bem a ponderação dos princípios. 
 
3 ● Teoria da relação jurídica 
Conceito 
 Trata-se do vínculo intersubjetivo que se forma a partir da materialização da hipótese 
normativa do mundo dos fatos, polarizando de um lado um sujeito ativo titular de um 
direito subjetivo e um sujeito passivo, obrigado ao cumprimento de um dever jurídico no 
plano da licitude humana, bem como é o nexo intersubjetivo que justifica a aplicação de 
uma sanção jurídica ao infrator que pratica uma ilicitude. 
o Ex. A relação tributária entre o fisco e o contribuinte. 
 
Resumo Gráfico 
 
 
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Características 
 Bilateralidade 
o A relação jurídica é bilateral porque regula as interações comportamentais 
entre sujeitos. 
 Exterioridade 
o A relação jurídica é exterior porque pressupõe a concretização de ações 
sociais no mundo dos fatos. 
Elementos Constitutivos 
 Fato jurídico 
o É todo e qualquer evento natural ou humano que materializa a hipótese 
abstrata da normatividade jurídica, produzindo consequências no mundo do 
direito. 
o Compreende tanto o chamado fato jurídico em sentido estrito – estricto 
senso - (acontecimento natural, a exemplo da passagem do tempo) como 
também o ato jurídico (acontecimento humano, a exemplo de um contrato 
celebrado entre particulares). 
 Exemplo de fato jurídico estricto senso: 
 A morte natural 
o Efeito jurídico imediato da abertura da sucessão 
hereditária (transferência automática do patrimônio 
para os herdeiros). 
 O passar do tempo. 
o Completar 16 anos e adquirir o direito ao voto. 
o Completar 18 anos e adquirir o direito de ser votado 
(vereador). 
 Exemplo de ato jurídico (manifestação humana de vontades): 
 A locação de um imóvel celebrada entre locador e locatário. 
 
 
 Sujeitos de direito 
o São todos aqueles entes personalizados ou despersonalizados que 
integram os polos ativo e passivo de sujeição jurídica. 
 Não existe relação sem sujeitos. 
 No passado, alguns autores defendiam até a relação entre coisas, mas 
não prosperou. 
o Entes personalizados 
 São aqueles entes que a ordem jurídica qualifica como pessoa, por 
conta da possibilidade de conviver socialmente. 
 No mundo do direito existem dois tipos de pessoa: 
 As pessoas físicas ou naturais (existência corpórea) e as 
pessoas jurídicas (existência abstrata ou ficta). Estas últimas 
podem ser de direito privado, a exemplo da Associação Civil e 
a Sociedade Comercial ou de Direito Público, a exemplo de 
Organismos Internacionais e Entes Federativos. 
 Para serem sujeitos de direito, devem interagir socialmente. 
 Pessoa Física 
o Antigamente, uma pessoa que nascesse com 
deficiências físicas ou psíquicas não era considerada 
pessoas – eram logo descartadas. 
o Atualmente, no mundo ocidental, todo aquele que 
nasça com vida é considerado pessoa natural, por 
conseguinte, pessoa física. 
DIR101 – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO 
Anotações da 2ª avaliação [ Helson ] 
15 
 
 Pessoa Jurídica 
o Devida a sofisticação e complexidade da vida social, 
surgiu a necessidade de criação das pessoas jurídicas, 
existência abstrata, ficta. 
o De direito privado 
 Associação é um agrupamento de indivíduos 
que não têm por objetivo a obtenção de lucro. 
 Sociedade é um agrupamento de indivíduos 
que persegue objetivos lucrativos. 
o De direito público 
 Aquelas que representam o interesse da 
coletividade 
 Observações: 
 Não se pode confundir pessoa física com pessoa jurídica, mas 
o direito ocidental admite a aplicação da teoria da 
desconsideração da pessoa jurídica, nos casos de fraudes 
trabalhistas, previdenciárias, comerciais, dentre outras. 
 Entes despersonalizados são aqueles entes que titularizam 
direitos e cumprem deveres, embora não se reconheça a sua 
personalidade. 
o Ex. Nascituros – seres em gestação, mas que já são 
agentes do direito, pois podem ser até proprietários, 
fazerem parte de testamentos, etc. 
 Atualmente há uma forte tendência para o reconhecimentode 
animais e seres dotados de inteligência artificial como entes 
despersonalizados. 
o Em Portugal essa semana houve uma alteração do CC 
para reconhecer o animal como ser dotado de 
sensibilidade. 
 
 
 
 Direito Subjetivo 
o Trata-se de elemento que consiste no conjunto de faculdades ou poderes 
conferidos pela norma jurídica ao sujeito ativo da relação jurídica. 
 Ex. O direito de propriedade e as faculdades de usar, gozar, dispor e 
reaver um bem. 
 No momento em que eu adquiro o bem, a ordem jurídica vai 
conferir uma série de direitos como o de usar, dispor de 
resultados econômicos (alugar), como pode emprestar a seu 
bel-prazer e pode, ainda, reaver (caso seja roubado, por 
exemplo). 
o O objeto de todo e qualquer direito subjetivo é o dever jurídico correlato. 
 Só se materializa quando o sujeito passivo do outro polo da relação 
cumpre com o seu dever jurídico. 
 Ex. O direito à vida e o respeito à vida; 
 Ex. O direito de crédito tributário e o pagamento dos tributos. 
o Tipologias de direito subjetivo 
 Direitos subjetivos patrimoniais x direitos subjetivos extrapatrimonais 
 Direitos subjetivos patrimoniais são direitos que se revelam 
passíveis de apreciação econômica. 
o Ex. Direito de propriedade privada. 
 Direitos subjetivos extrapatrimonais são aqueles que não 
apresentam valor econômico, estando, portanto, fora do 
comércio jurídico. 
DIR101 – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO 
Anotações da 2ª avaliação [ Helson ] 
16 
 
o Ex. O direito à integridade física. 
 Direitos subjetivos absolutos x direitos subjetivos relativos 
 Direitos subjetivos absolutos são aqueles direitos exercidos 
perante toda a comunidade jurídica (sujeito passivo 
indeterminado), que impõem um dever jurídico negativo. 
o Ex. O direito à vida. 
 Direitos subjetivos relativos são aqueles direitos exercidos 
contra um sujeito passivo específico ou determinado, impondo 
um dever jurídico positivo. 
o Ex. O direito de crédito trabalhista. 
 O trabalhador que exerceu sua atividade em 
determinada empresa obtém direito de 
créditos trabalhistas e previdenciários contra 
essa empresa. 
o Não é abstenção. Direito de fazer ou dar. 
 Direitos subjetivos públicos e direitos subjetivo privados 
 Direitos subjetivos públicos são aqueles direitos subjetivos 
exercidos no âmbito de relações em que figura o Estado em 
um dos polos da relação jurídica. 
o Ex. O direito à saúde x o dever do Estado de fornecer 
medicamentos. 
 Direitos subjetivos privados são aqueles direitos exercidos 
no âmbito de relações entre os particulares. 
o Ex. O direito de crédito comercial de uma empresa em 
face do consumidor. 
o Teorias fundamentadoras do direito subjetivo 
 Teoria da vontade: 
 O direito subjetivo se fundamentaria na manifestação da 
vontade humana. 
 Acreditava-se que a vontade humana seria suficiente para criar 
direitos. 
 Teoria do interesse: 
 O direito subjetivo residiria no interesse material manifestado 
por um sujeito em direção a um dado objeto. 
o Explica apenas os direitos patrimoniais, não 
conseguindo explicar os direitos extrapatrimonais, a 
exemplo do direito à vida. 
o Nem todo direito se funda em interesse material. 
 Teoria Eclética 
 Sustenta que o direito subjetivo repousaria no interesse e na 
vontade. 
o As críticas feitas anteriormente valem para a teoria 
eclética. 
 Teoria existencialista 
 Fundamenta-se na liberdade humana. 
 Para a teoria existencialista o fundamento do direito seria a 
liberdade humana. Do ponto de vista ideológico está atrelada à 
corrente existencialista, que valoriza a identidade 
antropológica do ser humano. 
 Crítica: Nem todo direito pressupõe espaço para liberdade, 
como as normas cogentes, a exemplo do direito ao voto. 
 Teoria jusnaturalista 
 Sustenta que os direitos subjetivos seriam direitos naturais, os 
quais seriam inerentes à condição humana e, portanto, 
invariáveis no tempo e no espaço. 
DIR101 – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO 
Anotações da 2ª avaliação [ Helson ] 
17 
 
 Crítica: Não existem direitos universais. 
 Teoria processual da ação 
 Consiste na busca da satisfação de um direito subjetivo, 
por meio da utilização de ação judicial como um instrumento 
processual de proteção perante o poder judiciário. 
o A possibilidade do sujeito ativo de ingressar com uma 
ação para protegê-lo independentemente do direito 
material. 
o O direito de ação é independente do direito material. 
 
 Teoria normativista 
 O fundamento do direito subjetivo é a norma jurídica, 
expressa ou implícita, escrita ou não escrita, estatal ou 
não estatal. 
 Teoria defendida por Hans Kelsen. 
o Para essa teoria, o fundamento do direito subjetivo, 
seria a norma jurídica, o que diluiria a diferença entre 
direito subjetivo e direito objetivo. 
o Pra Kelsen, o fundamento do direito subjetivo é a 
norma: “Se existe uma norma, o direito subjetivo foi 
conferido”. 
 Os críticos de Kelsen dirão que essa teoria não é coerente, 
porque existem direitos que não estão expressos na norma 
jurídica, mas podem se depreender de uma interpretação. 
Descobre-se o direito, através da interpretação dos princípios. 
o Esta teoria é a mais adequada, desde que atualizada à 
luz do pós-positivismo. 
 Em resumo: O fundamento é a norma! 
 Dever jurídico 
o Consiste no conjunto de obrigações assumidas pelo sujeito passivo de uma 
relação jurídica. 
o Existem três tipos de obrigações jurídicas: 
 Obrigação de fazer 
 Consiste na realização de uma conduta positiva 
o Ex. Prestação de serviço de limpeza. A prestadora do 
serviço tem a obrigação de fazer. 
 Obrigação de não fazer 
 Consiste na abstenção de um comportamento. 
o Ex. Preservação do sigilo profissional. O profissional 
tem a obrigação de não fazer (não divulgar nada). 
 Obrigação de dar 
 Consiste na obrigação de entrega de um bem. 
o Ex. Pagamento de um tributo. 
o Tipologias de dever jurídico 
 Dever jurídico instantâneo 
 Esgota-se em um único ato. 
o Ex. Pagamento à vista de uma dívida. 
 Dever jurídico sucessivo 
 Ocorre toda vez que são realizados ao longo do tempo 
diversos atos jurídicos. 
o Ex. Pagamento mensal de pensão alimentícia. 
 Dever jurídico público 
 Ocorre toda vez que o sujeito passivo cumpre uma obrigação 
em uma relação em que o Estado esteja presente. 
DIR101 – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO 
Anotações da 2ª avaliação [ Helson ] 
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o Ex. Pagamento de um tributo pelo contribuinte a um 
representante do poder público. 
 Dever jurídico privado 
 Cumprido no âmbito de relações entre particulares. 
o Ex. Pagamento de uma dívida pelo consumidor a uma 
dada empresa. 
 Dever jurídico patrimonial 
 São aqueles que possuem expressão econômica 
o Ex. Pagamento de um tributo pelo contribuinte. 
 Dever jurídico extrapatrimonais 
 São aqueles que não admitem a apreciação econômica. 
o Ex. O respeito à vida. 
 Ilicitude 
o Conduta positiva ou negativa que contraria a normatividade jurídica. 
 Ex. Homicídio (decorrente de uma conduta positiva) 
 Ex. Omissão de socorro (decorrente de uma conduta negativa) 
o A ilicitude viola o chamado mínimo ético, sendo, portanto, mais grave do que a 
descortesia e a imoralidade. 
o A ilicitude pode ser realizada por meio do abuso de direito – quando o 
sujeito ativo exerce de modo desproporcional um direito subjetivo. 
 Exemplo da cobrança abusiva de uma dívida por uma empresa, 
 Abordagem violenta da polícia em blitz. 
 Marketing ativo fora do horário comercial ou em dias que não sejam 
úteis. 
o A ilicitude também podeser realizada quando um sujeito passivo descumpre 
um dever jurídico, configurando a hipótese de inadimplemento. 
 Exemplo 
 Sonegação fiscal. 
 Sanção jurídica 
o Consequência atribuída ao ilícito. Pode ser tanto um constrangimento 
patrimonial, a exemplo de aplicação de multa de trânsito, ou extrapatrimonial, a 
exemplo da aplicação de uma pena de privação de liberdade, destinado a punir 
o infrator. 
o Na sociedade ocidental contemporânea a sanção jurídica apresenta natureza 
organizada. 
 Predeterminada e sob o monopólio estatal. 
o Observações 
 A maioria são sanções patrimoniais. 
 A restrição de liberdade é exceção. 
 
 
DIR101 – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO 
Anotações da 2ª avaliação [ Helson ] 
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4 ● Escolas do Pensamento Jurídico 
Jusnaturalismo 
Conceitos básicos 
o Trata-se da doutrina dos direitos naturais que resultariam de um Código Ético 
Universal de Justiça 
Fases do Jusnaturalismo 
 1ª Fase :: Jusnaturalismo Cosmológico (Idade Antiga) 
o O fundamento dos direitos naturais e da justiça seria a harmonia com o 
universo. 
 Realizar a justiça seria estar em harmonia com o universo. 
 2ª Fase :: Jusnaturalismo Teológico (Idade Média) 
o O fundamento dos direitos naturais e da justiça seria a vontade de Deus. 
 3ª Fase :: Jusnaturalismo Racionalista (Idade Moderna) 
o O fundamento dos direitos naturais e da justiça seria a razão humana 
universal. 
o Visão dominante durante a Idade Moderna, especialmente por força do 
racionalismo dessa época. 
o Para essa concepção, identificaríamos a justiça não porque o universo me 
obrigado por leis cósmicas, nem porque Deus quer, mas sim porque é racional 
que o faço (base em Kant – Imperativo Categórico – Respeitar, pois entendo 
que devo ser respeitado). 
 4ª Fase – Jusnaturalismo Contemporâneo (após 2ª grande Guerra Mundial) 
o O fundamento dos direito naturais e da justiça seria o consenso internacional 
acerca da existência dos direitos humanos. 
o Retomada sobre a justiça, após as barbáries da Guerra Mundial. 
o Criação da ONU e Declarações dos Direitos Humanos. 
Críticas Positivas do Jusnaturalismo 
 Mérito de demonstrar a relação entre o Direito e a Justiça (legitimidade). 
 Teve o mérito de desenvolver pela primeira vez a noção de um sistema jurídico 
hierárquico: Direito Natural (superior) vs. Direito Positivo (inferior). 
o Não se trata da Pirâmide Normativa de Hans Kelsen. 
o Direito Positivo seria o direito criado pelo Estado. 
o Se considerássemos que o direito à vida era um direito natural, não faria 
sentido ter uma norma que tratasse positivamente disso. 
 O Jusnaturalismo foi a matriz mais importante da afirmação dos direitos humanos, que 
constituem os eixos das democracias atuais. 
 
Críticas Negativas do Jusnaturalismo 
 O Jusnaturalismo confunde os atributos da validade e da legitimidade. 
o Ex. Art. 14 da Constituição Obrigatoriedade do voto. 
 A noção de justiça varia no tempo e no espaço e consequentemente não se apresenta 
como um padrão absoluto e universal. 
o Não existe um padrão absoluto e universal de Justiça, para sustentar a ideia de 
que os direitos naturais seriam imutáveis. 
 A expressão direitos naturais não logra oferecer segurança jurídica, por sua vagueza 
semântica. 
 
DIR101 – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO 
Anotações da 2ª avaliação [ Helson ] 
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Positivismo Legalista 
Conceitos básicos 
 Trata-se de uma corrente surgida após as revoluções liberais burguesas dos séculos 
XVII e XVIII (Revolução Gloriosa, Independência dos E.U.A e Revolução Francesa). A 
principal corrente positivista foi a escola de Exegese na França, formada pelos 
comentadores do Código Napoleônico de 1804. 
o A França como principal palco da Revolução liberal-burguesa 
Testes fundamentais 
 Redução do direito à lei (legalismo) 
 Defesa do monismo jurídico 
o Origem exclusivamente estatal do direito. 
 Crença na perfeição racional do legislador 
 Afirmação do sistema legal como sistema completo e coerente (ausência de lacunas e 
antinomias jurídicas) 
 Separação do direito em face da moral. 
o Teoria dos Círculos Éticos separados. 
 Negação da existência dos direitos naturais. 
o Só existiria o direito positivado na lei. 
 Esvaziamento do debate sobre a justiça 
o Toda lei seria justa, porque positivado. 
 Neutralidade valorativa do poder judiciário. 
o Juiz como a boca da lei. Juiz como autômatos. 
 Ênfase à interpretação gramatical do direito. 
o Dura lex, sed lex 
Críticas positivas 
 Promoveu um grande avanço no âmbito da ciência jurídica, especialmente no que diz 
respeito ao Direito Civil. 
o O Direito Civil viveu dois grandes momentos: a) direito romano e b) Escola 
Exegese 
 A lei, por ser uma fonte escrita do direito, oferece segurança jurídica para os processos 
decisórios. 
 A defesa da legalidade foi indispensável para o capitalismo e para a democracia. 
Críticas negativas 
 A lei não é a única fonte do direito. 
o Existência de fontes estatais e não estatais. 
 A aplicação dogmática da lei pode resultar em profundas injustiças. 
 O monismo jurídico afasta a sociedade do processo de criação do direito. 
o Configura-se um modelo autocrático. 
Historicismo Jurídico 
Conceitos básicos 
 Trata-se de uma corrente contrária ao positivismo legalista, desenvolvida na Alemanha, 
durante o século XIX. 
 O seu mentor foi o jurista germânico Savigny. 
 
 
DIR101 – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO 
Anotações da 2ª avaliação [ Helson ] 
21 
 
Testes fundamentais 
 Defesa do costume como fonte principal do direito. 
 Defesa do pluralismo jurídico 
o Criação social do direito 
 Reconhecimento do espírito do povo (VOLKSGEIST). 
o Parte da ideia de que cada sociedade teria características próprias de cada 
povo, para verificar se os costumes estariam presentes para estabelecer as 
normas. 
 Desconstrução do mito da perfeição racional do legislador e da lei (legislação 
incompleta e incoerente). 
 Reconhecimento da possibilidade do costume contra legem 
 Defesa de uma interpretação histórica do direito (interpretação contextual e 
retrospectiva). 
Críticas positivas 
 Mérito de situar adequadamente o direito na zona dos objetos culturais e, portanto, 
variável no tempo e no espaço (rejeição do idealismo). 
 Promove uma importante restauração do Direito Romano, que havia sido esquecido ao 
longo da idade moderna. 
 Demonstra a unilateralidade do positivismo legalista e sua insuficiência teórica 
(superação do legalismo estatocêntrico). 
Críticas negativas 
 Reduz o direito à mera condição de ramo da história (perda da autonomia científica). 
o Como se o direito não se modernizasse. 
 O apego ao passado por conta do costume jurídico acaba por tornar o direito mais 
impermeável às mudanças. 
o Há precedentes para compartilhamento do cão do casal em caso de 
separação. Mas isso não se encontra nos costumes históricos. 
 A noção de VOLKSGEIST (espírito do povo) é um estereótipo perigoso, pois generaliza 
o grupo social, não atentando para a diversidade. 
 A noção de espírito do povo compromete uma visão democrática de direito, porque 
favorece apropriações ideológicas por regimes ditatoriais (totalitário). 
o O ditador como personificação do espírito do povo. 
o Acaba favorecendo líderes autoritários. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Referências Bibliográficas ● Livros, filmes e séries 
Lições Preliminares de Direito – Miguel Reale 
Didático, construído a partir das aulas na USP. Deixou de ser atualizado desde 2002.Introdução ao Estudo do Direito – Tecio Sampaio Ferraz Jr. 
Leitura mais densa 
Compêndio de Introdução à Ciência do Direito – Antônio Machado Neto 
Muito difícil de achar 
Compêndio de Introdução à Ciência do Direito – Maria Helena Diniz 
Teoria Pura do Direito – Hans Kelsen 
Teoria Geral do Direito – Norberto Bobbio 
Elementos de Teoria Geral de Direito – Ricardo Maurício Freire Soares 
Pela mão de Alice - Boaventura Santos 
trata sobre comunidades favorecidas (favelas). 
o Trabalho Extra 
Teoria Crítica dos Direitos Fundamentais 
Direito em Transição 
As Teorias dos Sistemas Sociais e o Direito – Ricardo Maurício Freire Soares 
Ensaio sobre a cegueira – José Saramago 
Melancolia 
O Evangelho segundo Jesus Cristo. 
A ilha 
A origem 
Interestelar 
Trilogia do Batman 
Site Omelete 
Site A nova Ordem Mundial 
O Grande ditador – Charlie Chaplin