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HISTORIA ECONOMICA GERAL

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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP
INSTITUTO DE CIENCIAS SOCIAIS E COMUNICAÇÃO – ICSC
CURSO DE CIENCIAS ECONÔMICAS
História Econômica Geral
Campinas, SP
2014
1 - O SURGIMENTO DA MODERNA SOCIEDADE ECONÔMICA
1.1 - O Problema Econômico
O homem é um ser social, portanto, ele só pode sobreviver em grupos. Graças aos grupos, ele pode dividir tarefas, especializar-se em determinado setor e, com isto, conseguir uma produtividade maior. Trata-se de uma divisão funcional das tarefas, num só esforço por maior eficiência. Com isso ele vai vencendo a luta pela sua sobrevivência.
Com o passar do tempo, a divisão do trabalho vai resultar num aumento da produtividade individual.
O homem passando a produzir mais do que o estritamente necessário para sobreviver. Por exemplo, Ao plantar trigo, soja, entre outros, ele colhe certa quantidade para consumo, reserva parte para plantar na próxima estação e ainda sobra certa quantidade para comercializar.
Com isso vamos chamar esta sobra de EXCEDENTE ECONÔMICO.
O Excedente econômico é a quantidade de bens que ultrapassa a quantidade necessária para a sobrevivência dos trabalhadores que a produziram. Havendo excedente, pode-se dizer que uma parcela da população pode deixar de trabalhar diretamente na lavoura desses produtos e dedicar-se a outras atividades, tais como, administração, estudar (pintura, música, etc.)
Conclui-se então que para que parte da população deixe o campo produzindo os meios de subsistência é necessário que os que lá ficam produzindo, consigam produzir para ambos, ou seja, terão de gerar um excedente econômico.
É nessa fase que surgem os PROBLEMAS (econômicos), isso porque precisamos justificar esta nova situação, ou seja, definir quem vai dedicar-se a produção dos meios de subsistência e quem vai administrar estudar, entre outras atividades.
Como justificar esta divisão, que não é mais apenas uma divisão funcional, mas uma divisão apoiada em privilégios.
Exemplo: Alguns trabalham mais duramente do que outras e não usufruem totalmente dos frutos de seu trabalho, pois parte é transferida para outros grupos.
1.2 - Problema fundamental:
Quem cria o excedente econômico?
Quem se apropria do excedente econômico? E finalmente,
Com que direitos ele se apropria desse excedente econômico?
Com isso fica evidente que uma sociedade com tais características não poderá sobreviver se não conseguir justificar-se diante de seus membros. Portanto, toda organização social precisa legitimar-se. É a partir daqui que surge o conceito de Ideologia.
A Ideologia é o conjunto de normas, valores, símbolos, idéias e práticas sociais que procuram justificar as relações econômicas e sociais existentes no interior da sociedade. Portanto, é a visão que a sociedade tem de si mesma.
Uma parte importante da IDEOLOGIA é constituída de práticas sociais que, por assim dizer, penetram no sangue sociedade e se tornaram co-extensivas a ela.
O grupo dominante tem muitos mecanismos de preservação de seus interesses, que vão desde o domínio do Estado, até de posse de instrumentos menores, mas extremamente eficazes, tais como: Emissoras de Rádios, TVs, jornais (imprensa) e outros.
A Ideologia é algo elaborado formalmente pelo grupo dominante como se este estivesse tramando um sistema para subjugar a sociedade.
A ideologia é um fenômeno social espontâneo, e não algo produzido para uma visão conspiratória do processo histórico. Ela desempenha funções importantes nas sociedades.
( A ideologia mantém a coesão social;
( A ideologia funciona como uma espécie de sistema de dominação.
Antes de analisarmos estes dois papéis da ideologia, vamos compará-la, agora, com a ciência. É preciso dizer que ambas (ideologia e ciência) se apresentam a nós sob a forma racional, isto é, apoiadas em argumentação lógica. Mas a ciência encaminha-se para a busca da verdade. Seu universo é o universo das "leis" objetivamente estabelecidas. A ideologia move-se no universo dos "valores". Ora, os valores, tais como se apresentam nas diversas sociedades, estão ligados a grupos de interesses. Os valores não são neutros. Cada sociedade tem um quadro de valores dominantes. O perigo da ideologia é que esta se apresenta com a roupagem de ciência, mas defende determinados interesses e não a "verdade". Ao lado dos conjuntos antes apresentados, podemos acrescentar, agora, o conjunto ideologia. Mas atenção! Este conjunto é de natureza diversa. Você já sabe que ele procura explicar o mundo e a sociedade, mas está ligado a valores. É um sistema de idéias que tende a transformar-se num sistema de crenças, segundo a feliz expressão de Jacques Ellul.
	
	
	
	
	
	 
	 
	
	
	 
	 
	
	
	Ideologia
	
	
	 
	 
	
	
	 
	 
	
	
	
	
	
Na prática a coisa complica-se, porque os conjuntos se sobrepõem. Em muitos casos é praticamente impossível separar ciência de ideologia. 
Observe o diagrama abaixo
	
	
	
	
	
	Ciência
	
	
	 
	 
	
	
	 
	 
	
	
	 
	 
	
	
	 
	 
	
	
	Ideologia
	
	
	 
	 
	
	
	
	
	
 
Os limites entre ciência e ideologia (bem como entre ciencia e tradição) não são claros. Como distinguir entre estes dois campos? Tarefa difícil, senão impossível, porque não existe um lugar "não ideológico" a partir do qual se possa falar cientificamente sobre ideologia. Todo discurso ou qualquer elaboração mais ou menos sistemática pode estar contaminada pela ideologia, mas apresenta-se a nós com foros de ciência. 
Vamos resumir o que dissemos até agora. A ideologia, para se expressar com eficácia, tende a aglutinar-se num conjunto de idéias. Estas idéias filtram-se até as últimas camadas da pirâmide social e, sorrateiramente, passam a governar o comportamento dos grupos que compõem a sociedade. Embora a ideologia esteja vinculada ao grupo dominante, ela é internalizada pela maioria dos membros da sociedade (pertençam ou não ao grupo dominante). A partir daí, os membros desta sociedade passam a acreditar na retidão das instituições. Apoiado neste sistema de idéias que, agora, se transformou num sistema de crenças, a aceitação da organização social existente torna-se espontânea. Justifica-se o status quo�. 
Por isso mencionamos que uma das funções da ideologia é a coesão social. O que significa isto? Significa que a ideologia, ao tornar mais ou menos uniforme à visão dos diversos grupos que compõem a sociedade, mantem-na unida. Com isto diminui a probabilidade de choques entre grupos que ocupam posições extremamente díspares e evita-se a ruptura do tecido social. A ideologia é uma espécie de projeto da sociedade. Paul Ricoeur dizia que a ideologia desempenha para a sociedade o mesmo papel que a motivação desempenha para a pessoa individual. A pessoa age quando se vê motivada. A sociedade age quando tem um projeto existencial cujas linhas essenciais são perceptíveis na ideologia. 
A segunda função que atribuímos à ideologia é a função de dominação. Esta função decorre da primeira, porque manter coesa uma sociedade hierarquicamente organizada é possibilitar a dominação de determinados grupos sobre outros. É evidente que não estamos falando aqui de hierarquia funcional. Se a organização hierárquica da sociedade fosse apenas funcional, isto é, se fosse baseada em necessidades objetivas de organização do trabalho, não seria preciso o recurso à ideologia. A justificativa de tal sistema seria científica. Mas não é isso O que ocorre. A organização hierárquica das sociedades conhecidas, em grande parte, baseia-se em privilégios. Alguns grupos se beneficiam com ela, outros não. E tal situação deve aparecer aos olhos de todos (inclusive dos beneficiados) como normal. O sistema ideológico procura conseguir isto. E, nesta tarefa, ele substitui, com vantagens, o uso da força e da violência. Procura dominar pela persuasão�. Tenta falar à razão, embora fale muito mais à emoção do que à razão.É por isso que toda ideologia tende a transformarem-se em slogans, símbolos, afirmações simplistas. O simplismo permite que ela alcance as massas e as pessoas pouco afeitas à análise crítica da realidade. Com isto ela perde em rigor científico, mas ganha em eficácia. A verdade deforma-se, mas este é o preço que se paga pela eficácia do sistema ideológico. 
A ideologia opõe-se à ciência. Em certo sentido ela é a anticiência. Mas a própria ciência pode ter função ideológica. Isto ocorre quando ela se torna instrumento de dominação nas mãos de determinados grupos. Tão é raro que um grupo, para se legitimar no poder, apele para a ciência. Os tecnocratas são um exemplo claro do que estamos afirmando. 
É evidente que a economia não fica imune à ideologia. A própria existência de escolas econômicas atesta isto. Até que ponto a economia permanece ciência? Até que ponto ela está contaminada pelo vírus da ideologia? Até que ponto ela é um simples instrumento de defesa de grupos privilegiados? Levantam-se estes problemas sem ter a pretensão de resolvê-los todos. 
Até agora falamos em abstrato. Na vida diária, como se manifesta a ideologia? Você deve ter percebido que ela desempenha papel importante na sociedade. Portanto, ela é funcional para o sistema que defende. Todas as vezes que sistemas de idéias (ou práticas e símbolos sociais) são instrumentalizados para defender interesses parciais dentro da sociedade, eles podem ser chamados legitimamente de sistemas ideológicos. É sua função dentro da sociedade que caracteriza um sistema de idéias ou um conjunto de práticas sociais como sendo ou não ideológico. Neste sentido:
• o sistema jurídico pode ser ideológico e freqüentemente o é; 
• a religião pode ser ideológica e freqüentemente o é: 
• a escola pode ser ideológica e freqüentemente o é; 
• os símbolos pátrios (bandeiras, fardas etc.) podem ser ideológicos e freqüentemente os são. 
Evitamos a afirmação dogmática de que tais sistemas são· ideologias. Esta interpretação afasta-se da interpretação ortodoxa, mas tem uma razão de ser. A afirmação categórica de que os sistemas antes mencionados são ideologia parece-me um equívoco, porque confunde os níveis epistemológicos�. Uma coisa é o estatuto teórico dos sistemas antes mencionados, outra coisa é o papel que cada um deles desempenha no interior da sociedade. Se eles não estiverem a serviço de uma classe ou de um grupo específico, não podem ser classificados como ideologia, pelo menos no sentido em que a definimos. 
Vamos esclarecer mais um problema. Segundo nossa definição, ideologia é qualquer estrutura de pensamento ligada ao grupo dominante. Contudo, há sistemas de idéias com as mesmas características da ideologia, mas não ligados ao grupo dominante. A esses sistemas ligados aos grupos que contestam a validade das instituições e as relações sociais e econômicas existentes na sociedade chamaremos utopias, usando a mesma terminologia de Karl Mannheim. Ideologia e utopia têm o mesmo estatuto teórico. Só que a ideologia está com o grupo dominante e pretende preservar a sociedade, as utopias estão com os contestadores e pretendem transformá-la. 
Resumindo: se você leu com atenção este capítulo, deve ter uma noção mais clara do que é ideologia, utopia, ciência e do estatuto teórico destes conceitos, bem como da função que cada um deles exerce na sociedade. Deve ter percebido que não tem sentido a pergunta, "qual a ideologia de seu partido?", "qual a ideologia do PMDB?". Um partido político deve ter (nem sempre o tem) um ideário, um programa. Não pode ter ideologia. Usar o termo ideologia para designar o programa de um partido é desconhecer a ideologia e qual sua função na sociedade. É usar o termo de maneira incorreta. 
Para terminar, vai aqui uma citação de Joan Robinson�: 
"A economia política sempre foi, em parte, veículo da ideologia domi· 	nante em cada período. em parte, método de investigação científica. 	Cabe ao economista distinguir O que é ideologia do que é ciência." 
1.2 - DE BIZÂNCIO AO FEUDALISMO
A decadência do império romano trouxe por decorrência dois pólos políticos opostos constituídos pelo Império Romano do Ocidente, com sede em Roma, e o Império Romano do Oriente, ou Império Bizantino. A rápida derrocada do primeiro trouxe como conseqüência o afrouxamento dos laços comerciais existentes entre as diversas nações, pela falta de um poder centralizador. Já não existindo a hegemonia militar romana, as fronteiras do império foram cedendo às rebeliões e às invasões de povos bárbaros oriundos do oriente, cujo intuito preponderante era mais o de destruir do que dominar. Os governos centralizados se enfraqueceram, e as cidades e aldeias que sobreviveram fecharam-se em si mesmas, ou simplesmente desapareceram, pela dispersão de seus habitantes, que se espalharam em centros fortificados (os castelos) para garantir a sua sobrevivência. 
Na primeira fase da Idade Média, as condições sociais presentes no Império Bizantino eram bastante superiores às do Império do Ocidente. Neste, grandes porções da Itália e do sul da França já tinham regredido a um ruralismo primitivo, em uma total decadência da civilização que Roma tinha imposto em seus tempos áureos. Já no Império do Oriente, mantinha-se ainda o caráter urbano e suntuoso, com uma classe rica que vivia no luxo e no conforto. 
Constantinopla, Tarso, Edessa e Tessalônica eram cidades populosas, com um comércio ainda florescente. Só em Constantinopla viviam cerca de um milhão de pessoas, e não havia sinais de decadência cultural ou econômica. Mercadores, banqueiros, industriais e ricos proprietários de terras absorviam-se em uma atividade comercial intensa, consumindo artigos de luxo, ricas vestimentas de lã e de seda, tapeçarias, artefatos de vidro e porcelana. O esplendor das artes do Império Bizantino foi tal que até os dias de hoje ainda surpreendem os especialistas. A sua arte do mosaico, por exemplo, influenciou a arte dos vitrais, usados extensamente nas catedrais góticas. 
Apesar da miséria (comum para a época) das classes inferiores, estes ainda assim estavam em melhores condições econômicas do que a dos cidadãos das partes ocidentais do Império. Havia uma estabilidade política e econômica, que permitia uma prosperidade crescente. Foi somente com a ascensão do império sarraceno que teve início a decadência do Império Bizantino. 
1.2.1 – As Invasões Bárbaras
O Império do Ocidente, a invasão dos bárbaros ocorrida entre os anos de 395 d.C. e 571 d.C., deixou terras devastadas e povos trucidados por onde eles passaram. Em sua esteira ficavam apenas ruínas de povoados, de cidades e de terras de cultivo, numa ânsia inconcebível de destruição. Os bárbaros invadiram a Trácia, a Panônia, as Gálias, a África, a Itália, e finalmente a própria cidade de Roma, jogando abaixo séculos de refinamento cultural e de civilização. Se for possível situar no tempo o início das trevas que se abateram sobre o ocidente, dando início à Idade Média, é exatamente no período destas invasões. O ano de 410 d.C. representa aproximadamente este limite entre idades, dando fim à idade antiga e iniciando um período que só veio a ter término por volta do ano de 1300. 
Até a época das primeiras cruzadas pouca coisa tinha mudado após mais de quinhentos anos, no continente europeu. Com o término dos impérios romanos do Ocidente e depois do Oriente, um marasmo se instalou por todo lado e a evolução histórica e cultural dos povos europeus como que estagnou. O feudalismo, regime estático por excelência, tornou-se dominante. A Idade Média estava começando. 
Foi com o Papa Urbano II e com Pedro, o Ermitão, que conclamaram à libertação de Jerusalém e do Santo Sepulcro do jugo muçulmano, que tiveram início as primeiras cruzadas. Estas foram movimentos militares de inspiração religiosa que lançaram as bases para uma mudança profunda nas estruturas sociais, políticas e mesmo religiosas até então vigentes. Seguindo o caminho aberto pelas cruzadas, o comércio intensificou-se portoda as rotas asiáticas, com o que as cidades portuárias de Pizza, Veneza e Gênova alcançaram grande poder marítimo. O comércio intensificou-se a tal ponto que as instituições feudais mostraram-se incapazes de atender a demanda dos territórios conquistados; esta situação, por fim, conduziu à criação de centros urbanos por todo lado, sementes das futuras cidades européias, bem como contribuiu decisivamente para a derrocada do feudalismo e para a ascensão futura de uma nova classe, a burguesia. 
O contato dos cruzados com a civilização árabe, bem mais refinada e culta nesta época, levou por outro lado a mútuos intercâmbios culturais que mais aproveitaram ao Ocidente. Os árabes tinham traduzido os autores gregos clássicos, os quais chegaram, via as traduções muçulmanas, às mãos de vários estudiosos ocidentais. Os sistemas de filosofia, a medicina, a matemática, a geometria, a literatura, a arquitetura, formaram parte deste legado cultural. 
Com o surgimento das cidades e o remIClO das trocas COmerCIaiS, começaram a surgir também associações de trabalhadores artífices. O comércio se dava através de vias de transporte e também de feiras, entre as quais as mais célebres foram as de Flandres� e de Champagne�. O contato cultural proporcionado pelas cruzadas permitiu o desenvolvimento de novas cidades-Estado, tais como Veneza, Florença, Gênova e Pizza, com a criação de grandes corporações de comércio. A especialização em ofícios e a divisão do trabalho se intensificaram, expandindo o mercado; a manutenção das cidades passou a depender dos produtos agrícolas, aumentando a interação urbano-rural. Novas profissões surgiram, e as trocas comerciais entre os centros urbanos e as localidades rurais produtivas se consolidaram. 
A partir do ano 800, já se podia notar, no Ocidente, um lento despertar da letargia da época medieval. O contato com as civilizações bizantinas e sarracena, o embate com os nórdicos, foram algumas das causas deste ressurgimento. Nos quinhentos ou seiscentos anos seguintes (principalmente a partir do século XII) houve um surto de progresso, e o aumento do comércio trouxe prosperidade e estimulou as artes, a ciência e a cultura. 
Basicamente, o feudalismo foi uma estrutura descentralizada da sociedade (ou seja, com um fraco ou inexistente poder central). O poder era dividido entre a nobreza, através de um sistema de suserania� e de vassalagem�. A partir do século VII, os reis merovíngios costumavam recompensar os condes e duques com benefícios e com terras (que se tornavam condados - no primeiro caso - ou ducados - no segundo caso). Posteriormente, os reis carolíngios recompensavam os nobres locais quando estes forneciam tropas de soldados para lutarem contra os mouros. Quem possuía o feudo tinha o direito de propriedade, e por conseqüência o direito de governar. Entre o suserano e os seus vassalos havia uma relação contratual, que envolvia obrigações recíprocas. Os vassalos pagavam tributos aos seus senhores, que se obrigavam a proporcionar-lhes proteção de assistência econômica. 
Aos poucos, aumentou a dependência do governo central com relação às diversas suseranias. Como a maioria adquiria imunidade (isenção de pagamento de impostos), a autoridade central foi diminuindo cada vez mais. Apenas nominalmente, o suserano se submetia à autoridade do rei. Além disso, as constantes invasões de nórdicos, turcos e muçulmanos levavam a população a se voltar para os senhores feudais em busca de proteção. Aos poucos, este sistema evoluiu para um tipo de sociedade estratificada; no segundo período da Idade Média ("Alta Idade Média"), o feudalismo (que já se tornara hereditário) chegou a constituir um tipo legalmente reconhecido de estrutura social, até mesmo encarado como um sistema ideal. A lei era produto do costume ou da vontade de Deus. 
No regime feudal, a principal unidade econômica era a chamada "herdade senhorial", que era geralmente o domínio de um cavaleiro. Alguns chegavam a possuir várias herdades (às vezes, centenas ou milhares), em que o tamanho médio de cada uma podia chegar a 150 hectares. Em cada uma havia uma ou mais aldeias, e as terras cultivadas pelos camponeses se dividiam em três partes: o terreno de plantio da primavera, o terreno de plantio do outono e o "pousio". Todos eram revezados a cada ano (era o sistema chamado de "três campos"). 
LEITURA COMPLEMENTAR: A Economia e a Filosofia Escolástica�
As idéias econômicas predominantes neste período tinham forte influência da Igreja Católica, através de seus pensadores (teólogos, canonistas e filósofos moralistas), que procuraram se alicerçar nos escritos sagrados e nas obras aristotélicas, principalmente. Aristóteles é o pensador de maior influência entre os medievos, e sua noção de "equilíbrio" foi a base para a concepção de justiça nas trocas (preço justo e justo salário), e para o princípio de moderação e moralidade como essência do fenômeno econômico. 
A Igreja Católica admitia a propriedade individual, mas regrada por um princípio social restritivo, que a legitima. O proprietário não deve abusar do seu direito de propriedade em detrimento da coletividade. O direito de propriedade é reconhecido como propiciador de ordem e paz social, além de aumentar o rendimento da produção (essencialmente agrícola). Reconhece, entretanto, que os benefícios da posse da terra não devem ficar restritos a uma minoria privilegiada, porque isto traz desigualdade de condições e injustiça social. Entretanto, tal reconhecimento não foi capaz de evitar a prevalência das condições que exatamente se procurava evitar: a concentração da posse da terra, com a conseqüente ascensão social daqueles que a detinham. a feudalismo, como veremos, foi exatamente isso: a posse privilegiada da terra pela nobreza, que tinha poder total sobre os camponeses que a ocupavam e a faziam produzir. 
O princípio moral regulador, a proibição da usura (empréstimo a juros) bem como o princípio da troca justa era basicamente a base do sistema econômico deste período. Os artífices, organizados em corporações, tinham fixado o seu salário como uma retribuição máxima regulamentada oficialmente (não se fixava um valor mínimo, como se procede na atualidade). O lucro resultaria do equilíbrio entre o trabalho empregado (com a perícia envolvida) e a utilidade do serviço. Condenava-se o lucro imoderado, por ser contrário á "justiça nas trocas". 
Os chamados Padres da Igreja (Tomás de Aquino; Boaventura, entre outros), acompanhando o raciocínio aristotélico, distinguiam entre bens fungíveis e não fungíveis. O dinheiro seria um bem fungível, que desaparece com o consumo. O bem não fungível, por não desaparecer com o uso, pode ser emprestado ou locado por contrato. a seu detentor, por se privar do uso e gozo da coisa, pode exigir uma compensação. Mas no empréstimo de coisa fungível, o cedente entrega simultaneamente o uso e a propriedade da coisa. A justiça e o justo preço se realizariam pela simples devolução do objeto, sem mais nada (ou seja, sem juros sobre o empréstimo). Desse modo, o dinheiro não pode ser objeto de empréstimo a juros. Tal era a concepção inicial da Igreja. 
Além da preocupação com o "preço justo", S. Tomás considerava também a possibilidade de um vendedor vender um produto defeituoso. Ele afirmava que caso isto ocorresse, não deveria ser um ato intencional, e que, se descoberto o defeito, o vendedor deveria compensar o comprador. 
Esta concepção veio a se modificar gradativamente, quando novas condições foram surgindo. Por exemplo, começou-se a se admitir a possibilidade de recebimento de juros pelos empréstimos, nos seguintes casos: se o emprestador sofria danos resultantes do empréstimo; se havia riscos, ou se havia renúncia a um possível lucro imediato. Razões religiosas levaram a liberar a usura para os judeus e para os lombardos�, que se admitia não estarem submetidos às regras católicas. 
Com relação às idéias monetárias, havia grandes debates a respeito do valor e da circulação da moeda, bem como da conveniência de alterarou não o seu valor. Nicolau Oresme, bispo de Lisieux e conselheiro do Rei Carlos V, e Buridan, reitor da Universidade de Paris, foram teóricos que estudaram o assunto. Oresme criticou as mutações monetárias; para ele, o rei não tem legitimidade para fazer estas mutações de valor. O valor da moeda é garantido pela autoridade do Rei, que ordena sua cunhagem, e que teria assim, autoridade para mudar o seu valor. O cunho indicava a qualidade da peça e o seu peso. Entrando, entretanto, em circulação, o seu valor passa a depender da comunidade onde ela circula que decide pela conveniência de lhe alterar o valor�. 
Oresme observou que em sua época praticavam-se cinco diferentes formas de mutações monetárias: 
1) mudanças na efígie, o que acontecia normalmente devido à mudança de governantes;
2) mudança da proporção, ou mudança do valor entre o metal nobre (ouro ou prata) e o valor da moeda;
3) mudança nominal, ou modificação dos preços em moeda corrente (havia uma moeda real, cujas subdivisões em moeda corrente podiam variar); 
4) mudança oficial do peso da moeda (as fraudes se davam, pela diminuição - ou cerceamento - do peso da moeda, limando suas beiradas circulares); 
5) mudança de sua substância: neste caso, mudava-se a sua liga, substituindo um metal por outro. 
Como já dissemos a moeda má expulsa a moeda boa do mercado, e se acontecia de haver muitas mutações, quando a situação econômica se deteriorava, a tentativa de restaurar a ordem econômica pela introdução de uma nova moeda esbarrava neste obstáculo: a moeda boa, capaz de trazer estabilidade monetária, era fundida, ou simplesmente tomava rumo para fora do país. 
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TRAGTENBERG, Maurício. Planificação – Desafio do Século XX. Editora Senzala. S/l. S/d. 
2 - Feudalismo
A palavra Feudalismo é derivada de feudo� - O feudalismo foi o sistema sócio-econômico dominante na era medieval. Seu período histórico é: 
1 – Século - III a VIII - formação do Feudalismo, onde teve início com as primeiras invasões bárbaras;
2 – Século - VIII a XI – foi seu apogeu máximo, e no;
3 – Século - XI ao XV – foi sua decadência.
O feudalismo teve seu início entre o século V, após a queda do Império Romano, e daí então começa aparecer pequenos reinos, porém esses reinos não foram capazes de solucionar os problemas de segurança de sua população, e esta começa a fazer um êxodo urbano, pois estava indefesa contra os ataques dos Germanos� procurando assim se esconder desses guerreiros “bárbaros’’. 
O Feudalismo tinha uma sociedade formada pela aristocracia proprietária de terras, que era composta pelo alto clero e pela nobreza, bem como pela massa de camponeses, que eram na verdade os servos e vilões não proprietários. 
Nessa época o clero ocupava um papel relevante na sociedade feudal. Os sacerdotes destacavam-se como servidores de Deus e detentores da cultura, além de administradores das grandes propriedades (da Igreja), estes também eram conhecidos por sua marcante ação assistenciais aos desvalidos.
A Igreja procurava justificar o modo de agir da nobreza, dizendo que Deus tinha dado determinadas tarefas a cada homem e que, portanto, uns deviam rezar pela salvação de todos (clero), outros deviam lutar (ou colocar os soldados do rei) para proteger o seu povo (a nobreza) e os outros cidadãos deviam alimentar com seu trabalho, aqueles que oravam e guerreavam (os camponeses). 
O sistema feudal se origina tanto de instituições romanas quanto da germânica. 
A economia ou unidade econômica de produção era o feudo, que se dividia em três partes completamente distintas, que são, a saber: a propriedade privada do senhor, chamada manso senhoril, no interior da qual se erigia um castelo fortificado, o manso servil, que correspondia à porção de terra arrendada aos camponeses em lotes denominados tenências, e ainda o manso comunal, constituído por terras coletivas, pastos e bosques, usados tanto pelo senhor quanto pelos trabalhadores camponeses presos à terra – os servos. Diante da crise econômica e das invasões germânicas, muitos dos grandes senhores romanos abandonaram as cidades e foram morar nas suas propriedades no campo. Esses centros rurais, conhecidos por vilas romanas, deram origem aos feudos medievais. 
Uma grande maioria de romanos, os menos ricos, passaram a buscar proteção e trabalho nas terras desses grandes senhores. Para poderem utilizar as terras, no entanto, eles eram obrigados a entregar ao proprietário parte do que produziam, estava instituído assim, o colonato�. Com isso o sistema escravista de produção no Império Romano foi sendo substituído pelo sistema servil de produção, que iria predominar na Europa feudal. Com isso nascia, então, o regime de servidão, onde o trabalhador rural é o servo do grande proprietário.
No sistema feudal, o rei dava terras a grandes senhores (nobres, parentes), estes, por sua vez, davam essas terras a outros senhores menos poderosos chamados cavaleiros, que, em troca lutavam a seu favor. Quem concedia a terra era um suserano�, e quem a recebia era um vassalo. As relações entre o suserano e o vassalo eram de obrigações mútuas, estabelecidas através de um juramento de fidelidade. Quando um vassalo era investido na posse do feudo pelo suserano, jurava prestar-lhe auxílio militar. O suserano, por sua vez, se obrigava a dar proteção jurídica e militar ao vassalo. O feudo (terra) era o domínio de um senhor feudal. Não se tem conhecimento exato do tamanho médio desses feudos.2.1 - As Principais Características Econômicas e Sociais do Feudalismo
É importante saber que durante a alta idade média (séculos V ao XI), devido, principalmente a instabilidade política, que era fruto das invasões bárbaras, a economia feudal caracterizou-se pela auto-suficiência. Isto quer dizer que o feudo buscava produzir tudo que era necessário para a manutenção da comunidade, significando dizer que não havia excedente de produção, portanto, a quase inexistência de comércio externo entre feudos.
Assim, as principais atividades econômicas eram a produção agrícola e a criação de animais, portanto, estavam ligadas à manutenção das pessoas no feudo.
Entretanto no período chamado de Baixa Idade Média notou-se um rompimento dessa posição de subsistência que apresentava o feudalismo. Foi devido ao fim das invasões bárbaras e o surgimento de novas técnicas agrícolas foi possível a comercialização do excedente de produção.
Com o aumento do comércio houve também o desenvolvimento das cidades medievais, que nessa época ainda tinham um núcleo fortificado com muralhas, chamado burgo�. 
Com o crescimento da população, o burgo foi alargando seus limites para além das muralhas. Os comerciantes e artesãos que viviam em torno dos burgos eram chamados de burgueses.
Aos poucos, o progresso do comércio e das cidades foi tornando a burguesia mais rica e poderosa, passando a disputar interesses com a nobreza feudal. Além disso, a expansão do comércio também influenciou na mentalidade da população camponesa, contribuindo para desorganizar o feudalismo. 
Os servos cansados da exploração feudal, ouvindo entusiasmados as notícias da agitação comercial das cidades. Uma grande parcela deles migrava para as cidades em busca de melhores condições de vida. Com isso as cidades tornaram-se locais seguros para aqueles que desejavam romper com a rigidez da sociedade feudal. 
Os servos que não migraram para as cidades organizaram no campo, diversas revoltas contra a opressão dos senhores. Em muitos casos, conseguiram aliviar o peso de algumas obrigações, como a talha� e a corvéia�. Isso foi forçando a modificação das antigas relações servis (juramento de fidelidade). Por exemplo, começaram a surgir os contratos de arrendamento da terra entre camponeses e proprietários, também surgiram os contratos de pagamentos de salários para o trabalho dos camponeses.
Lentamente foi surgimento rotas de comércio por toda a Europa, merecendo destaque as cidades mais ricas, as rotas do sul que eram organizadas pelas cidades italianas de Gênova e Veneza e as rotas do norte que se desenvolviam na região de Flandres (atualmente Bélgica)
Com o rápido crescimento do comércio e do artesanato nos burgos, a concorrência entre mercadores e artesãos aumentou bastante. Para regulamentar e proteger as diversas atividades surgiu as chamadas Corporações. Cada uma dessas corporações reunia os membros de uma atividade, regulando-lhes a quantidade e a qualidade dos produtos, o regime de trabalho e o preço final. Procurava assim eliminar a concorrência desleal, assegurar trabalho para todas as oficinas de uma mesma cidade e impedindo que produtos similares de outras regiões entrassem no mercado local (Potecionismo). Em cada oficina havia apenas três categorias de artesãos: Mestres, Oficiais ou Companheiros e Aprendizes. Se observarmos bem, veremos que em breve os artesãos foram transformando-se em industriais (pois, o serviço de um foi sendo distribuídos para várias pessoas) 
2.2 - A Sociedade Feudal
A sociedade medieval era dividida em estamentos�. Os três principais grupos eram: nobreza, clero e servos.
Logicamente que havia outros grupos sociais, como já mencionamos anteriormente, mas estes em pequeno número, os comerciantes, na alta idade média, mas foi somente na baixa idade média que surgiu a burguesia, aquela que rompeu com a característica da sociedade apresentada acima.
A sociedade medieval apresentava ausência de ascensão social e quase inexistia mobilidade social. Como o clero e a nobreza comandavam a sociedade, era comum o clero criar justificativas religiosas para que os servos não contestassem a sociedade. Era uma sociedade estamental (modo de estar).
Na sociedade feudal cada grupo social detinha uma função. O clero cumpria a função da salvação da alma de todos, e a nobreza deveria proteger a todos, entretanto os servos deveriam trabalhar para sustentar a todos. Assim se justificava a exploração do servo e a necessidade dele seguir os desígnios da Igreja. 
O camponês é servil, a relação de trabalho é servil. Era comum o servo, para obter as terras dentro do feudo do senhor feudal ou nobre, jurar fidelidade a esse senhor. Essa cerimônia era baseada na relação de suserania e vassalagem realizada entre suserano e vassalo. Ao jurar fidelidade um ao outro, o senhor se comprometia a proteger o servo. Porém, o servo deveria dar em troca um conjunto de obrigações que passaria para a História como obrigações servis. A terra é o maior símbolo de riqueza e poder;
Relações sociais - verticais ou horizontais:
relações sociais de servidão entre o Senhor das terras e o Camponês (servo)- não possuidor de terras- o servo deve obrigações ao senhor feudal. É uma relação vertical;
relações jurídico-políticas de Vassalagem: é a relação entre dois nobres. É uma relação horizontal. Os dois senhores feudais juram fidelidade e trocam benefícios e homenagens recíprocas; 
Pirâmide social "de baixo p/ cima": Laboratores (servos), Belatores (Nobreza), Oratores (Clero)
Suserano: nobre que doa a terra;
Vassalo: nobre que recebe a terra para nela trabalhar;
Investidura: é um ato solene que através do qual o nobre feudal torna-se suserano ou vassalo.
2.3 - As Obrigações do Servo a seu Senhor
Cada feudo compreendia uma ou mais aldeias, as terras cultivadas pelos camponeses, a floresta e as pastagens comuns, a terra pertencente à igreja paroquial e a casa senhorial, que ficava melhor cultivável. A base do sistema feudal eram as relações servis de produção. Os servos viviam em extrema miséria, pois, além de estarem presos à terra por força de lei, estavam presos aos senhores, a quem deviam obrigações como:
a talha
a corvéia
a banalidades
A talha era a obrigação de o servo dar, a seu senhor, uma parte do que produzia. Essa parte, em geral, correspondia à metade.
A corvéia era a obrigação que o servo tinha de trabalhar de graça alguns dias por semana no manso senhorial, ou seja, no cultivo das terras reservadas ao senhor.
As banalidades eram os pagamentos que os servos faziam aos senhores pelo uso da destilaria, do forno, do moinho, do celeiro etc. 
Além, disso, uma parte da sua produção era destinada à Igreja. Tudo isso levava a um baixíssimo índice de produtividade, pois, além de as técnicas serem rudimentares, os servos não tinham a menor motivação para desenvolvê-las porque sabiam que, quanto mais produzissem, mais os senhores lhes sugariam.
Típico feudo
O fator que mais contribuiu para o declínio do sistema feudal foi o ressurgimento das cidades e do comércio. Com o ressurgimento das cidades, os camponeses passaram a vender mais produtos e, em troca, conseguir mais dinheiro. Com o dinheiro alguns puderam comprar a liberdade. Outros simplesmente fugiram para as cidades em busca de melhores condições de vida.
2,4 - As Características Políticas do Feudalismo
Poder Político descentralizado nas mãos do Rei e centralizado nas mãos do senhor Feudal > Característica Política;
Trabalho Servil: os servos trabalhavam em troca de proteção;
Estado monárquico feudal (base - relação de subsistência e vassalagem entre a nobreza e o Rei);
Caráter Ideológico;
Igreja Católica (formadora de idéias).
O que dizer da Igreja Católica e o Feudalismo 
Um dos motivos da igreja Católica, ter sido tão poderosa nesta época, era devido ao grande número de adeptos, além de ser dona de muitos feudos, seus bens vinha a maioria das vezes por doações deixadas por nobres em seus testamentos.A nobreza e a cúpula da igreja pertenciam a mesma classe, a dos senhores feudais.
O domínio da igreja não era só na vida religiosa das pessoas, mas também na cultural, os clérigos faziam parte dos poucos que sabiam ler, por causa disso tudo o que se dizia ou pensava devia ter a permissão da igreja. Caso contrário, a pessoa era considerada um herege, inimigo da fé cristã, quem fosse condenado com tal, tinha punições pesadas entre ela: a fogueira e a masmorra�.
A igreja tinha um papel político de importância, como ela andava de mãos dadas com os senhores feudais, ela podia difundir a idéia de conformidade da sua situação, principalmente em relação aos servos, e deste modo tentar controlar os camponeses revoltosos, logo, muitas revoltas camponesas foram consideradas heresias.
2,5 - O Modo de Produção no Período Feudal
Campos abertos: terras de uso comum. Nelas os servos podiam recolher madeira e soltar os animais. Nesses campos, que compreendiam bosques e pastos, havia uma posse coletiva da terra.
Reserva senhorial: terras que pertenciam exclusivamente ao senhor feudal. Tudo o que fosse produzido na reserva senhorial era de sua propriedade privada.
Manso servil ou tenência: terras utilizadas pelos servos, das quais eles retiravam seu próprio sustento e recursos para cumprir as obrigações feudais.
2.6 - A Relação de Trabalho dos servos no Feudalismo 
Todas elas foram para legitimar as obrigações servis.
1 - Corvéia: trabalhos gratuitos e obrigatórios realizados pelos servos durante alguns dias na semana nas terras do manso senhoril;
2 - Talha: taxa paga pelo servo ao senhor feudal que consistia em metade da produção obtida no manso servil;
3 - Banalidade: taxa paga pelo servo pelo uso de determinadas localidades do feudo;
4 - Capitação: taxa que o servo pagava ao senhor feudal por cada membro de sua família dentro do feudo;
5 - Dízimo: taxa paga à Igreja Católica pelo fato do servo respeitar a Igreja e ainda “comprar um terreno no céu”;
6 - Taxa de casamento: era paga pelo servo ao senhor feudal, quando aquele fosse se casar com uma mulher pertencente a outro feudo;
7 - Taxa de nascimento: taxa paga pelo servo, quando o seu filho nascesse;
8 - Taxa de justiça: é a taxa que o servo pagava ao senhor feudal para que se fizesse justiça dentro do feudo;
9 - Taxa da mão-morta: taxa que o servo pagava ao senhor feudal para ocupar heranças.
Haviam outras taxas que variavam de região para região. Assim, o servo vivia uma grande exploração que permitia o sustento do restante da população.
2.7 - O Poder Ideológico e Coercitivo� da Igreja
A Igreja tinha grande poder ideológico e coercitivo sobre as pessoas da época. Até hoje a Igreja possui grande influência cultural.
2.8 - As Principais causas da decadência do feudalismo 
Com o crescimento da população, verificado entre os séculos XI a XIV, que foi realmente muito grande. Os nobres aumentaram em número e tornaram-se mais exigentes com relação aos seus hábitos de consumo, com isso determinava a necessidade de aumentar suas rendas e para consegui-las, aumentou-se enormemente o grau de exploração da massa camponesa. Esta grande exploração produziu protestos dos servos, consubstanciados em numerosas revoltas e fugas para as cidades. A repressão a esses movimentos foi enorme, mas a nobreza e o alto clero tiveram razões para temer por sua sobrevivência. 
Durante o século XIII, ocorrera paralelamente, importantes alterações do quadro natural, que provocaram sérias conseqüências, uma expansão das áreas agrícolas, devido ao aproveitamento das áreas de pastagens e à derrubada de florestas, esse desmatamento provocou alterações climáticas e chuvas torrenciais e contínuas, enquanto o aproveitamento da área de pastagens levou a uma diminuição do adubo animal, o que se refletirá na baixa produtividade agrícola. Com as péssimas colheitas que se verificaram, ocorreu uma alta de preços dos produtos agrícolas. Os europeus passaram a conviver com a fome.
Dificuldades econômicas de toda ordem assolavam a Europa, que passou a conviver com outro problema: o esgotamento das fontes de minérios preciosos, necessários para a cunhagem de moedas, levando os reis a constantes desvalorizações da moeda. Isso só fazia agravar a crise. 
No plano social, ao lado dos problemas já levantados, importa verificar o crescimento de um novo grupo: a burguesia comercial, residente em cidades que tendiam para uma expansão cada vez maior, pois passaram a atrair os camponeses e os elementos “marginais” da sociedade feudal. 
Politicamente, a crise se traduz pelo fortalecimento da autoridade real, considerado necessário pela nobreza, temerosa do alcance das revoltas camponesas. A unificação política, ou surgimento dos Estados Nacionais, aparece desta forma, como uma solução política para a nobreza manter sua dominação. 
Finalmente, a crise se manifesta também no plano espiritual—religioso. Tantas desgraças afetaram profundamente as mentes dos homens europeus, traduzindo-se em novas necessidades espirituais (uma nova concepção do homem e do mundo) e religiosas (a igreja Católica não conseguia atingir tão facilmente os fiéis, necessitados de uma teologia mais dinâmica). 
Esta crise é o ponto de partida para se compreender o processo de transição do Feudalismo ao Capitalismo. Para melhor compreendê-la, selecionamos alguns documentos que permitirão um entendimento das questões provocadas pela Peste Negra�, no que se refere à demografia e às modificações na mentalidade da sociedade européia 
A palavra feudo significa propriedade. O sistema feudal era um sistema social fechado, fundamentado na propriedade da terra.
Os senhores dos coutos� (propriedades da Igreja) e das honras (propriedades da Nobreza) exerciam autoridade absoluta e só prestavam obediência ao rei.
Revisão geral para leitura (tirando dúvidas)
As Principais Características do Feudalismo
Economia de consumo, trocas naturais, sociedade estática e poder político descentralizado.
Fatores que contribuíram para a formação do Feudalismo
1 - Estruturais: Instituições econômicas, sociais, políticas e culturais dos romanos (Império Romano do Ocidente) e dos povos germânicos que se fixaram dentro do Império a partir do século V. 
2 - Conjunturais: Invasões (germânicos, muçulmanos e normandos). Os magiares (húngaros), de caráter nômade, também se movimentavam pela Europa acentuando a belicosidade�. O mesmo fizeram os eslavos, povos da Europa Oriental.
Como era a Vida feudal​
Economia fechada, sem mercados externos (natural pelo caráter das trocas in natura – sem acréscimos de mão de obra). A produção destinava-se ao consumo, visava a auto-suficiência.
Sociedade estamental. Não existia mudança de posição social. Eram apenas duas as posições: o senhor e o servo. 
O senhor tinha a posse dos servos, posse legal das terras, poder político decorrente que podia ser poder militar, jurídico ou religioso. 
O servo era o oposto do senhor. Era possuído por ele (senhor), pois lhe devia obrigações costumeiras, tinha a posse útil da terra e o direito à proteção pastoral. 
Economia
Ao senhor do feudo (a Igreja ou a Nobreza) era devido uma obrigação sob forma de produtos e serviços ou moedas. Os bens eram possuídos privativamente, mas a terra, um bem econômico fundamental, podia ser possuída pelo senhor e pelo servo ao mesmo tempo, ou por todos os membros da comunidade feudal.
O regime de trabalho era servil, pois o servo devia ao senhor a corvéia (trabalho na reserva senhorial, ou ainda na pesca, na caça ou trabalhos artesanais), a talha (pago individualmente por cada servo, era uma parte da produção obtida em sua faixa de terra (tenência), as banalidades (presentes, dízimos pagos pelo uso do lagar, forno ou moinho), a mão-morta (imposto pago pelo servo que tomava posse da tenência em substituição ao seu pai falecido) e o vintém (pago para sustentar a igreja paroquial, mas que acabava indo para o senhor feudal.
Obs.: Essas obrigações eramfrutos de costume e variavam conforme a região da Europa.
As Instituições políticas no Feudalismo
O suserano (nobre, proprietário que concedia feudos a seus protegidos através da cerimônia de investidura) dava proteção militar e prestava assistência judiciária aos seus vassalos; recebia de volta o feudo, caso o vassalo morresse sem deixar herdeiros; proibia casamentos entre seus vassalos e pessoas que não lhe fossem fiéis. O vassalo (nobre que recebia feudos do suserano, prometendo-lhe fidelidade), por sua vez tinha que prestar serviço militar durante certo tempo, a seu suserano; libertava o suserano, caso ele fosse caísse prisioneiro; comparecia ao tribunal presidido pelo suserano toda vez que era convocado.
Algumas Curiosidades deste Período
Os nobres gastavam seus rendimentos em jóias e banquetes e ocupavam seu tempo em treinamentos no uso de armas (espada, lança e escudo), em torneios, duelos e caçadas, utilizando cães e cavalos amestrados, símbolo de pompa e riqueza. A necessidade de melhores equipamentos, armaduras e cotas de malhas contribuíram para o progresso da metalurgia.
Pontos Importantes da Revisão
O Sistema Feudal
1. Introdução 
A Alta Idade Média é o período inicial da Idade Média. Começa no século V e termina no século XV. Caracteriza-se pela formação do sistema feudal - feudalismo (do século V ao IX) e por sua cristalização (do século IX ao XI), isto é, quando o feudalismo esteve plenamente estruturado. Após o século XI, o sistema feudal entrou em crise e foi substituído pelo sistema capitalista, num processo muito lento que só se completaria no século XV até o século XVIII. 
2. Origens do sistema feudal 
O feudalismo é um sistema caracterizado pela economia de consumo, trocas naturais, sociedade estática e poder político descentralizado. Os fatores que explicam o surgimento desse sistema na Europa podem ser divididos em estruturais e conjunturais.
Os fatores estruturais estão representados pelas instituições econômicas, sociais, políticas e culturais dos romanos (Império Romano do Ocidente) e dos povos germânicos que se fixaram dentro do Império a partir do século V. 
Os principais elementos romanos que contribuíram para a formação do feudalismo foram: a economia agrária e auto-suficiente das vilas romanas; as relações de meação (sendo o colonato a mais importante) existentes no campo durante o Baixo Império; o distanciamento social entre os proprietários e os trabalhadores (clientes, colonos e precários); e o poder político-militar localizado. Todos estes aspectos eram resultado da crise econômica e política do Império Romano. 
Os elementos germânicos que entraram na formação do feudalismo foram: a economia agropastoril; o regime de trocas naturais; a sociedade, em que os guerreiros se submetiam à autoridade de um chefe militar; e o individualismo político. Entre os germanos não existia a noção de Estado. Cada chefe possuía autonomia, de tal forma que só em época de guerra ou perigo os chefes se submetiam à autoridade suprema de um “rei”. 
Assim sendo, surgiu entre os germanos uma instituição chamada Comitatus. Nessa organização (na verdade um bando armado), as relações entre comandante e comandados eram diretas e recíprocas, baseadas em juramentos de lealdade e fidelidade. Tais características iriam ser mantidas nas relações políticas do feudalismo. 
O processo de integração das estruturas românicas e germânicas foi lento, cobrindo todo o período que vai do século V ao IX. Isto porque a forma de integração dependia dos fatores conjunturais, relacionados com as invasões que assolaram a Europa do século V ao IX, semeando a insegurança, dificultando as comunicações, enfraquecendo o poder político e atomizando à sociedade, de forma a ter no feudo sua unidade fundamental. 
As invasões germânicas (séculos V e VI) visaram inicialmente aos centros urbanos do Império, a fim de saqueá-los; mas depois tenderam a se fixar nas regiões favoráveis às atividades agrárias. Com isso, completaram o êxodo urbano já iniciado no Baixo Império Romano e cortaram as comunicações entre as unidades rurais e urbanas, enfraquecendo as segundas e forçando as primeiras à auto-suficiência. O poder político, incapaz de conter as invasões, viu-se na contingência de transferir as funções de defesa para os proprietários rurais. Dessa forma, completava-se a descentralização do poder, o qual iria se tornar localizado. 
Em seguida às invasões germânicas, vieram os muçulmanos (século VIII). Os árabes tinham se unificado politicamente depois da união religiosa conseguida por Maomé, organizador do islamismo. A religião islâmica, sintetizada no Corão� e na Suna�, pregava a guerra santa aos infiéis, justificava o direito de saquear os infiéis (botim) porque não aceitavam o Deus criador dos bens materiais. A elevada pressão demográfica na Arábia (havia poligamia), mais os fatores religiosos e econômicos, explicam a fulminante conquista empreendida pelos muçulmanos. Conquistaram o Oriente Médio, o Norte da África, a Península Ibérica, o Sul da França e as ilhas do Mar Tirreno (Córsega, Sardenha e Sicília). Mas a pirataria muçulmana impedia a navegação de barcos cristãos pelo Mediterrâneo. Dessa forma, a Europa ficou isolada do Oriente e quase desapareceu o comércio, as cidades e a própria economia de mercado, com suas trocas monetárias. Completa-se então, na Europa Meridional, o processo de ruralização econômica. 
Quando os muçulmanos completaram sua tomada de posição no sudoeste da Europa, o Ocidente europeu começava a sofrer os ataques dos normandos (vikings), procedentes da Noruega e da Dinamarca. Os normandos eram ligados às atividades marítimas, pescadores e piratas que, por volta do século IX, aterrorizaram as Ilhas Britânicas e a França com suas incursões. Não se restringindo aos ataques no litoral, subiam o curso dos rios e saqueavam as populações ribeirinhas, pilhando vilas, mosteiros e igrejas, roubando o gado e escravizando os cristãos. Dado esse duplo caráter, marítimo e fluvial, de suas operações, não havia na Europa força militar adequada para contê-los. As áreas mais atingidas foram a Inglaterra e o noroeste da França, aonde uma parte dos normandos veio a se fixar, dando origem à Normandia. 
Na Europa Oriental, ou, mais precisamente, em terras da Rússia e Ucrânia atuais, os normandos da Suécia (conhecidos como varegues) realizaram uma penetração de caráter principalmente comercial, pois as populações locais eram demasiado atrasadas para oferecer boas perspectivas de pilhagem. Seguindo o curso dos rios que desembocam no Mar Negro, os varegues acabaram estabelecendo contatos mercantis com Constantinopla, onde trocavam trigo e produtos da Europa Setentrional por artigos manufaturados. 
Ainda no século IX, os magiares (húngaros), procedentes da Ásia Central, invadiram a Europa, aumentando a insegurança geral. A situação agravou-se com a chegada dos eslavos, vindos das estepes russas. 
No século IX, portanto, definiu-se na Europa um quadro de instabilidade generalizada, o qual criaria as condições necessárias para a consolidação das estruturas feudais. 
3. O modo de produção do sistema feudal 
A economia feudal 
A economia feudal era fechada, sem mercados externos; era também natural, pois as trocas comerciais se realizavam in natura. A produção do feudo destinava-se ao consumo local, visando à auto-suficiência (economia de subsistência). 
O elemento essencial e definidor do feudalismo eram as obrigações consuetudinárias (costumeiras) devidas pelos servos a seus senhores, tanto em produtos como em serviços. Os bens eram possuídos privativamente, mas a terra — um bem econômico fundamental — poderia ser usufruída por todos (posse coletiva), quando se tratasse de pastagens. 
O regime de trabalho era servil, pois os servos constituíam a mão-de-obra típica do sistema. Eles estavam presos à terra que cultivavam, sendo-lhes proibido abandoná-la. Mas, embora privados de liberdade, não poderiam ser considerados escravos, pois tinham alguns direitose recebiam proteção de seus senhores. Em troca, deviam-lhes diversas obrigações, a saber: 
A corvéia era o trabalho agrícola realizado pelo servo na reserva do senhor (também denominada manso senhorial); mas podia igualmente compreender serviços como a limpeza dos fossos e dos caminhos, a conservação das instalações do castelo ou ainda atividades artesanais. A talha correspondia à entrega da metade do que o servo produzia em sua gleba (também chamada de manso servil), a qual era constituída de faixas cultivadas descontínuas, intercaladas com as glebas de outros servos. As banalidades também eram obrigações em produtos, pagas pelo uso de certas instalações pertencentes ao senhor (lagar, forno e moinho). Havia ainda a mão-morta, paga pelo servo quando herdava a gleba devido ao falecimento de seu pai. Finalmente, o vintém, correspondente a um vigésimo da produção do manso servil, destinava-se à manutenção da igreja paroquial. Deve-se notar que todas essas obrigações eram frutos dos costumes locais (obrigações consuetudinárias), e por isso variavam de uma região para outra. 
A técnica adotada na agricultura era rudimentar. Somente as terras mais férteis eram ocupadas. Adotava-se o sistema de três campos (divisão da gleba em três partes, destinadas sucessivamente à forragem, ao plantio de cereais e ao pousio), fazendo-se rotação trienal para evitar o esgotamento do solo. 
A sociedade feudal 
A sociedade feudal pode ser definida como estamental, devido a sua imobilidade e ao fato de a posição do indivíduo ser determinada pelo nascimento. Os estamentos básicos eram dois: senhores e servos. O senhor se caracterizava pela posse legal da terra, pelo poder sobre os servos e pela conseqüente autoridade política local; esta última incluía o poder militar, jurídico e religioso (no caso dos senhores eclesiásticos). O servo correspondia ao pólo social oposto. Era preso à terra e inteiramente subordinado ao senhor (na medida em que lhe devia obrigações costumeiras); mas tinha a posse útil da terra e o direito à proteção senhorial. 
Afora essas situações sociais básicas, poderia mencionar algumas outras. Os escravos eram em número reduzido e viriam a desaparecer, fosse porque se destinavam aos afazeres domésticos (função pouco relevante em uma população rarefeita), fosse por causa da proibição eclesiástica de se escravizarem cristãos. Os vilões eram homens livres que trabalhavam no feudo mediante arrendamento, mas conservavam o direito de ir embora, se o desejassem descendiam de pequenos proprietários que haviam entregado sua terra ao senhor, em troca de proteção. Devem ainda ser citados os ministeriais, agentes do senhor feudal encangados de manter a ordem no feudo e de cobrar as obrigações devidas pelos servos; em certas regiões, eles eram chamados de bailios; em outras, de senescais�. 
Os ministeriais representavam uma situação de permeabilidade social porque podiam ingressar na pequena nobreza, se o senhor lhes concedesse em benefício uma determinada área, como reconhecimento pelos serviços prestados. 
As instituições políticas 
Politicamente, o sistema feudal embasava-se nas relações de suserania e vassalagem. Suserano era o rei ou nobre que, em troca de determinados compromissos, concedia a outro nobre um benefício — geralmente um feudo, correspondente a uma extensão de terra com tamanho variável. 
Foi a insegurança do período que levou reis e nobres a estabelecer relações diretas entre si, visando à proteção recíproca. Como os nobres pertenciam a unia aristocracia guerreira de ascendência germânica, era importante poder contar com seu apoio. 
Os grandes senhores procuravam ligar-se a outros senhores menores, com o objetivo de contar com o maior apoio militar possível. Para isso, existia a subenfeudação, em que um senhor concedia parte de seu feudo em beneficio a outro nobre. Isso fazia com que os senhores feudais pudessem ser simultaneamente, vassalos de um senhor e suseranos de outros. 
Oficialmente, a autoridade política máxima era o rei, por ser o suserano dos grandes senhores e não prestar vassalagem a ninguém. Na realidade, porém, o poder se fragmentava entre os senhores feudais, caracterizando uma estrutura política descentralizada ou, mais corretamente, localizada. 
Os senhores feudais não constituíam um grupo social uniforme. Devido à existência da subenfeudação, formavam ima hierarquia que começava no rei e se ramificava até alcançar o mais modesto dos cavaleiros. É, portanto possível classificá-los em alta nobreza (aqueles que prestavam vassalagem diretamente ao rei) e pequena nobreza (aqueles que eram vassalos de outros senhores). Tais relações se estabeleciam pela cerimônia de investidura, a qual compreendia três partes: a homenagem, em que o vassalo reconhecia a superioridade do suserano; a investidura propriamente dita, quando o suserano concedia ao vassalo a posse do feudo; e o juramento de fidelidade prestado pelo vassalo, o qual recebia, em contrapartida, a promessa de proteção por parte do suserano. 
Eram obrigações do vassalo para com seu suserano: prestar auxílio militar, se convocado; hospedar o suserano e sua comitiva, quando de passagem pelo feudo; participar do tribunal dos Iguais, presidido pelo suserano, para julgar um senhor acusado de algum crime; e ainda contribuir para o dote das filhas e para a cerimônia em que os filhos do suserano feriam armados cavaleiros. Reciprocamente, o suserano tinha obrigações para com seu vassalo: proporcionar-lhe proteção militar; garanti-lo na posse do feudo dado em beneficio; se o vassalo fosse acusado de um crime, assegurar-lhe o direito de ser julgado por um tribunal de senhores; exercer a tutoria dos herdeiros menores e proteger a viúva do vassalo falecido.
4. As instituições religiosas do sistema feudal
Durante grande parte da Idade Média, a Igreja constituiu a única força realmente organizada dentro da Europa. Tendo plena consciência de sua importância, ela exerceu uma extraordinária influência ao longo do período. Era a Igreja, por exemplo, que teorizava sobre as relações sociais do feudalismo, calcadas em uma rígida hierarquia, atribuindo-as à determinação divina. Segundo essa interpretação, Deus dividiu a sociedade feudal em três categorias: os que lutam (a nobreza senhorial), o que rezam (o clero) e os que trabalham (servos e vilões). 
A partir do século IX, o clero foi expressamente proibido de praticar a usura; para os leigos, a proibição veio no século XI. Usura, especificamente, era o comércio do dinheiro, ou seja, a cobrança de juros. Mas a Igreja também condenava o lucro como pecaminoso, defendendo a prática do justo preço (o comerciante deveria cobrar por uma mercadoria apenas o custo da mesma, acrescido do necessário para sua própria manutenção). 
A posição da Igreja ia ao encontro das necessidades sociais do feudalismo, posto que, numa economia de subsistência, com freqüentes problemas de escassez, preços altos seriam considerados imorais. Além disso, a economia feudal era quase desmonetizada. Assim, se alguém necessitasse urgentemente de dinheiro, seria por um motivo multo grave; portanto, cometeria um grande pecado quem quisesse aproveitar-se da aflição de alguém para cobrar juros. 
Esses ideais foram acatados durante o período de cristalização do feudalismo, entre os séculos IX e XI. Entretanto, tão logo começou o Renascimento Comercial e Urbano (séculos Xll-XIV), os lucros e a cobrança de juros voltaram a ser praticados. Não obstante, a postura oficial da Igreja continuou a ser a defesa do ‘justo preço” e a condenação da usura. 
O clero monopolizava a cultura e o ensino do sistema feudal. Os nobres recebiam quase sempre uma educação apenas elementar, ministrada nas escolas paroquiais ou nos mosteiros. A base do conhecimento estava na Bíblia (principalmente no Novo Testamento) e os livros pagãos eram proibidos. Depois do século XI, as universidades começaram a organizar um currículo básico, denominado Escola de Artes, que compreendia dois graus: o Trivium (Gramática, Dialéticae Retórica) e o Quadrivium (Aritmética, Geometria, Astronomia e Música). Vinham depois os estudos superiores, na maioria das vezes dedicadas à Teologia (baseada no pensamento de Santo Agostinho). Mas houve universidades que implantaram também cursos de Leis ou de Medicina.
Sociedade Feudal
A sociedade feudal era composta por dois estamentos (dois grupos sociais com status fixo): os senhores feudais e os servos.
Os servos constituídos pela maior parte da população camponesa – presos a terra e sofrendo intensa exploração. Eram obrigados a prestar serviços ao senhor e a pagar-lhe diversos tributos em troca da permissão de uso da terra e de proteção militar.
Embora a vida dos camponeses fosse miserável, a palavra escravo é imprópria.
Veja agora como o poeta franco Benoît de Saint-Maure, um dos poucos literatos medievais a preocupar-se com o destino das classes servis, descreve a triste situação desse grupo: “São eles que fazem viver os outros, os quais alimentam e sustentam; eles próprios sofrem os maiores tormentos: neves, chuvas e tempestades”.
Miseráveis e famintos cavoucam a terra com suas mãos. Levam uma vida rude, sofrendo e mendigando. E sem essa raça de homens, não imagino verdadeiramente como os outros poderiam viver.
A seguir as principais obrigações servis :
Corvéia : trabalho gratuito nas terras do senhor em alguns dias da semana.
Talha : porcentagem da produção das tenências.
Banalidade : tributo cobrado pelo uso de instrumentos ou bens do senhor, como o moinho, o forno, o celeiro, as pontes.
Capitação: imposto pago por cada membro da família servil (por cabeça)
Tostão de Pedro: imposto pago à igreja, utilizado para a manutenção da capela local.
Economia e propriedade
O modo de produção feudal próprio do Ocidente europeu, tinha por base a economia agrária, amonetária, não-comercial, auto-suficiente. A propriedade feudal, pertencia a uma camada privilegiada, composta pelos senhores feudais, altos dignitários da Igreja (o clero) e longínquos descendentes dos chefes tribais germânicos.
A principal unidade econômica de produção era o feudo, que se dividia em três partes distintas: a propriedade privada do senhor chamada, manso senhorial ou domínio, no interior da qual se eregia um castelo fortificado; o manso servil, que correspondia à porção de terras arrendadas aos camponeses e era dividido em lotes denominados tenências; e ainda o manso comunal, constituído por terras coletivas – pastos e bosques - , usadas tanto pelo senhor quanto pelos servos.
Devido ao caráter expropriador do sistema feudal o servo não se sentia estimulado a aumentar a produção com inovações tecnológicas – porém não para si, mas para o senhor.
Por isso, o desenvolvimento técnico foi irrelevante, limitando a produtividade.
A principal técnica adotada foi a agricultura dos três campos que evitava o esgotamento do solo, mantendo a fertilidade da terra.
A sociedade feudal foi regida pela terra e por uma economia natural, na qual nem o trabalho nem seus produtos eram bens. O produtor imediato, o Camponês, estava unido ao solo por uma específica relação social, cultivavam e ocupavam a terra, mas não eram seus proprietários. 
Quando o Feudalismo consolidou-se como uma forma de sociedade, essa força foi legitimada pela instituição da Servidão, que tem como definição legal: Gleba ou ligados a terra, neste contexto os servos juridicamente tinham mobilidade restrita. As propriedades agrícolas eram controladas privadamente por os senhores feudais, que extraiam um excedente de produção dos camponeses através de uma relação político-legal de coação.
Esta coação não-econômica significa que não há negociações de mercado entre os senhores feudais e os camponeses que são obrigados a pagar renda por causa da força superior exercida pelo senhor da terra. A relação entre estes toma a forma de serviços que são pagos em espécie ou obrigações exercidas tanto na terra do senhor como nas faixas pequenas de arrendamentos cultivadas pelo próprio camponês 
Papel importante no estudo da Sociedade Feudal é o da Igreja que na Antiguidade estava sempre ligada ao Estado Imperial, e a ela subordinada, agora se tornava uma instituição eminentemente autônoma dentro desta sociedade. Seu domínio sobre as crenças e valores era imenso, mas sua organização eclesiástica era diferente do de qualquer nobreza ou monarquia secular. No feudalismo ocidental a Igreja podia defender seus próprios interesses particulares, se necessário, a partir de um reduto territorial e pela força armada. Bispos e Abades eram eles próprios grandes senhores feudais.
Definindo a Sociedade Feudal em termos mais amplos do que simplesmente o econômico, as dimensões políticas e ideológicas não devem ser negligenciadas. O poder em geral era exercido através da jurisdição, que era política, a ponto de se poder dizer que os meios pelos quais os senhores arrancavam o excedente dos camponeses serem mais políticos que econômico.
Segundo essa visão orgânica da sociedade, a partir de uma divisão tríplice da sociedade entre Clero, a nobreza e o camponês, o que refletia a visão ideológica de uma sociedade de ordem criada divinamente e dividida entro os que rezam (o clero), os que lutam (a nobreza) e os que trabalham (os camponeses), doutrina instituída pelo clero e caso se afastasse dela seria um crime não só contra a ordem social, mas também contra Deus. 
Esta doutrina social foi aceita e vigente até o século XVII, quando foi destruída pelas várias doutrinas do individualismo burguês produzidas naquele século. É bem verdade que outras classes sociais tiveram que ser acomodadas além das três ordens originais com o desenvolvimento da urbanização, mas a mensagem de harmonia e de imobilidade sociais continuou a mesma. 
Texto escrito pela Professora Patrícia Barboza da Silva licenciada pela Fundação Universidade Federal do Rio Grande – FURG.
Referencia Bibliográficas:
BOTTOMORE, Tom (ed). Verbete – Sociedade Feudal in: Dicionário do Pensamento Marxista. Rio de Janeiro; Zaar, 1998.
ANDERSON, Perry. Passagens da Antiguidade ao Feudalismo. São Paulo, Brasiliense, 1994 4ª ed.
Autoria: Patrícia Barboza da Silva e Claudia Machado da Silva
Feudalismo - Decadência
A Idade Média, na Europa, foi caracterizada pelo aparecimentos, apogeu e decadência de um sistema econômico, político e social denominado feudalismo. Este sistema começou a se estruturar na Europa ao final do Império Romano do Ocidente (século V), atingiu seu apogeu no século X e praticamente desapareceu ao final do século XV.
O processo de decadência do sistema feudal tem origem nas próprias contradições inerentes a qualquer modo de produção. No século XI, com a necessidade de aumentar a produção de alimentos, os senhores feudais aumentaram a exploração sobre os servos, que iniciaram uma série de revoltas e fugas, agravando a crise já existente.
As cruzadas entre os séculos XI e XIII representaram um outro revés para o feudalismo, já que Jerusalém não foi reconquistada pelos cristãos e o cristianismo não foi reunificado, com as igrejas Católica Romana e Ortodoxa permanecendo separadas. A reabertura da navegação no Mediterrâneo entre Oriente e Ocidente (principal desdobramento das Cruzadas), resultou no crescimento de relações econômicas mais dinâmicas, representadas pelo Renascimento Comercial e Urbano.
O trinômio "guerra, peste e fome", que marcou o século XIV, afetou tanto o feudalismo decadente, como o capitalismo nascente. A Guerra dos Cem Anos (1337-1453) entre França e Inglaterra devastou várias regiões da Europa, enquanto que a "peste negra" eliminou cerca de 1/3 da população européia. A destruição dos campos, devastando plantações e rebanhos, trouxe a fome e a morte.
Nesse contexto de transição do feudalismo para o capitalismo (passagem da Idade Média para Moderna), além do desenvolvimento do comércio monetário, notamos transformações sociais, com a projeção da burguesia, políticas com a formação das monarquias nacionais, culturais como antropocentrismo e racionalismo renascentistas, e até religiosas com a Reforma Protestante e a Contra Reforma. Nota-se ainda, o início do processo de expansão ultramarina, que abrirá os horizontes comerciais para os Estados europeus fortalecendo tanto a burguesia como os monarcas absolutistas. 
Transformações na Sociedade Feudal 
Muitas vezes as mudanças acontecem de forma que nem notamos em especial na sociedade, e na maioria dos casos não notamos as forças destas mudanças. Foi o que aconteceu com a sociedade feudal, que aos poucos foram surgindo pequenas novidades na estrutura de sua economia. Mas as pessoas que viveram estas novidades não imaginavam que estas acabariam contribuindo para as transformações econômicas que levariam séculos para serem notadas.
O feudalismo europeu apresenta, portanto, fases bem diversas entre o século IX, quando os pequenos agricultores são obrigados a se proteger dos inimigos junto aos castelos, e o século XIII, quando o mundo feudal conhece seu apogeu, para declinar a seguir. A passagem do século X ao XI foi um momento de mudanças na Europa Feudal. Com o fim das invasões bárbaras, o mundo medieval conheceu um período de paz, segurança e desenvolvimento.
O primeiro dado importante refletindo esse novo momento foi o aumento da população. O crescimento demográfico foi ocasionado pelo fim das guerras contra os bárbaros e pelo recuo das epidemias, gerando uma queda da mortalidade. Além disso, ocorreu uma suavização do clima, proporcionando mais terras férteis e colheitas abundantes. Veja na tabela abaixo como a população da Europa ocidental foi crescendo significativamente no período:
Crescimento Populacional da europa Ocidental 
	ANO
	POPULAÇÃO
	1050
	46 milhões
	1150 
	50 milhões
	1200
	61 milhões
	1300
	73 milhões
Esse crescimento implicou maior demanda de alimentos estimulando o aperfeiçoamento das técnicas agrícolas para aumentar a produção. Assim, o arado de madeira foi substituído pela charrua (arado de ferro), facilitando o trabalho de aragem; atrelagem dos animais foi aperfeiçoada, permitindo o uso do cavalo na tração; os animais passaram a ser ferrados; os moinhos foram melhorados; e o sistema trienal se estendeu por toda a Europa, proporcionando melhor qualidade e maior quantidade de produtos agrícolas. O aperfeiçoamento do artesanato de roupas e objetos pessoais, armas e armaduras asseguravam maior conforto e capacidade militar.
Havia séculos que os camponeses seguiam a mesma rotina de plantação. No começo dos trabalhos, os servos semeavam uma extensão de terra do feudo. A planta crescia e um belo dia era colhido. E assim fazia ano a pós ano, geração após geração. Era a tradição que era muito respeitada na Idade Média, como já viemos discutindo. O problema era que, aos poucos, a terra ia se esgotando, perdendo sua fertilidade. A semente plantada se tornava uma planta cada vez mais fraca e por conseqüência produzindo sementes para o próximo plantio cada vez menores.
Até o século IX, os camponeses dividiam a terra a ser plantada em duas partes. Enquanto plantavam numa das partes, a outra descansava para recuperar a fertilidade. Com esse sistema, metade das terras cultiváveis ficava sem uso. Com o novo sistema, de três campos, plantava-se em dois campos, um, com trigo; outro, com cevada; e o terceiro, as forragens para os animais. As forragens são espécies vegetais que têm a capacidade de recuperar a fertilidade do solo para o plantio de cereais no ano seguinte. Com isso a área plantada e, conseqüentemente, as produções aumentaram. Haveria a colheita de dois cereais por ano em vez de apenas um.
O principal cereal consumido na Europa era o trigo. Mas, para ser consumido, ele precisa ser transformado em farinha. Isso dava muito trabalho para os camponeses, pois era feito manualmente. O uso de moinhos movidos a água diminuiu o esforço para se obter farinha. Lá pelo século XIII foi introduzido o moinho movido a vento. A máquina e a energia dos ventos e da água começavam a substituir a energia humana no trabalho. Os camponeses tiveram, assim, mais tempo e energia para se dedicar a outras tarefas, que não as essencialmente agrícolas.
Os efeitos da maior produção de alimentos logo se fizeram sentir. Comendo melhor, as pessoas passaram a viver mais. As doenças já não as pegariam com tanta facilidade. Com o aumento da população, muitas áreas não aproveitadas para a agricultura passaram a ser plantadas. Dessa maneira, a produção crescia, não somente por causa das técnicas agrícolas, mas também pelo aumento da área plantada.
Com tudo isso, muitos feudos começaram a produzir mais que o necessário. Com estes excedentes, era possível vender e com o dinheiro, comprar outras coisas que vinham das regiões vizinhas. 
Com isso começam a surgir às feiras medievais, estas eram os locais onde os comerciantes faziam seus negócios. Algumas destas feiras se tornaram tão importantes que deram origem às cidades. Nas cidades viviam a maioria dos artesãos e comerciantes. A cidade e o campo foram aprimorando suas atividades econômicas. Ficando da seguinte forma: o campo aprimorando sua agricultura e criação de animais, já as cidades se concentrando no artesanato e no comércio. E os nobres ficaram com a parte que era a força motriz da época: consumir, principalmente as mercadorias vendidas pelos comerciantes e artesãos. 
No entanto, esse inegável desenvolvimento técnico foi limitado, não atendendo ao crescimento da população e, portanto, do consumo. Inicialmente novas terras foram ocupadas e desbravadas. Além disso, ocorreu um fenômeno histórico novo para a Idade Média, o êxodo rural, ou seja, parcelas consideráveis das populações rurais dirigiram-se para as cidades.
É importante notarmos que muitas das invenções tecnológicas avançadas para a época, eram de autoria de pessoas simples do povo, servos e artesãos, a maioria analfabeta. Do que podemos concluir que a inteligência e a criatividade não são qualidades exclusivas de pessoas que estudaram muito ou que são ricas.
Texto escrito pela Professora Patrícia Barboza da Silva licenciada pela Fundação Universidade Federal do Rio Grande – FURG.
Referência Bibliográfica
FERREIRA, José Roberto Martins, História. São Paulo: FTD; 1997.
MORAES, José Geraldo. Caminho das Civilizações. São Paulo: Atual. 1994.
Transição do Feudalismo ao Capitalismo
Os primeiros indícios do pré-capitalismo começaram a despontar já no século XII. O capitalismo é um sistema baseado nas relações de trabalho assalariadas, no espírito de lucro, na função reprodutiva do capital, na busca de uma organização racional para os negócios, na produção voltada ara o mercado e na economia monetária. 
Os primórdios do pré-capitalismo estão ligados à crise o sistema feudal, provocada pelo crescimento demográfico a Europa e pela conseqüente inadequação da produção ao consumo. A nova situação econômica e social que se criou deu origem ao Renascimento Comercial e Urbano. E é claro que este acelerou a decadência do feudalismo, na medida em que se tornou um importante elemento do capitalismo nascente. 
Concomitantemente, a marginalização social resultante ia crise feudal (pessoas que se viram obrigadas a sair dos feudos, por necessidade ou porque foram expulsas) proporcionou os contingentes necessários à expansão da Europa cristã: Guerra de Reconquista contra os mouros, na Península Ibérica; Cruzadas, no Oriente Próximo; e avanço alemão no litoral sul do Mar Báltico, tendo como ponta-de-lança a ordem religiosa e militar dos Cavaleiros Teutônicos�. 
A convivência de dois sistemas acarretou problemas, principalmente se considerarmos o dinamismo de um e a estagnação do outro. Tal contradição produziu as crises de retração (século XIV) e de desenvolvimento (século XV) do comércio europeu, cujas raízes se encontram no choque entre feudalismo e capitalismo e em fatores conjunturais, como as secas e a Peste Negra. 
A crise do século XIV provocou uma retração econômica, devido ao encolhimento dos mercados

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