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Analise dos art 174, 176 e 176 do CP

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Induzimento à especulação
O crime de induzimento à especulação está disposto no art. 174, do Código Penal, que diz:
Art, 174. Abusar, em proveito próprio ou alheio, da inexperiência ou da simplicidade ou inferioridade mental de outrem, induzindo à prática de jogo ou aposta, ou à especulação com títulos ou mercadorias, sabendo ou devendo saber que a operação é ruinosa: Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
No crime tipificado no artigo mencionado, o bem jurídico protegido é o patrimônio das pessoas simples, inexperientes ou ignorantes, especialmente aquelas que se podem classificar como “mentalmente inferiores”. Configura-se como espécie de estelionato contra pessoas simples, limitando, logicamente, à indução á pratica de jogo, aposta, especulação com títulos ou mercadorias. 
Segundo os ensinamentos de Rogério Greco (2011, p. 539), podemos destacar os seguintes elementos que integram a mencionada figura típica: a conduta de abusar; em proveito próprio ou alheio; da inexperiência ou simplicidade ou inferioridade mental de outrem; indução à prática de jogo ou aposta, ou à especulação com títulos ou mercadorias; conhecimento, real ou potencial, de que a operação é ruinosa. 
O próprio artigo conceitua o núcleo do verbo abusar com o sentido de fazer mau uso, aproveitar-se, tirar proveito, partido, vantagem da inexperiência ou simplicidade ou inferioridade mental de outrem. Para Guilherme Nucci, Há duas formas de elementos subjetivos do tipo específico, que são o “agir em proveito próprio ou alheio” e “sabendo ou devendo saber que a operação é ruinosa”. Para ele, a segunda hipótese, tratar-se de uma nítida sinalização para a ocorrência tanto do dolo direto (“sabe”) como do dolo eventual (“deve saber”). O mesmo autor caracteriza inexperiência pela falta de vivência, própria das pessoas de pouca idade ou ingênuas; a simplicidade fundamenta-se pela franqueza, sinceridade e falta de afetação ou malícia nas atitudes, o que é típico de pessoas crédulas e confiantes no bom caráter alheio; a inferioridade mental deve ser interpretada, nos dias atuais, simplesmente como a situação de pessoas portadoras de doenças mentais ou algum tipo de desenvolvimento mental, incompleto ou retardado. (NUCCI, Guilherme de Souza. Código penaI comentado, p. 572.)
Para fins de responsabilização penal pelo crime, o abuso que o agente causar deve ficar caracterizado o induzimento a pessoa inexperiente, simples ou de mentalidade inferior à prática daquilo que lhes é sugerido, sabendo o resultado que este poderá causar as vítimas. Se o autor do crime não sabe e não tem possibilidade de saber os danos que pode ocasionar, não se pode falar em crime de induzimento à especulação, sendo esta uma conduta atípica. O art. 174 delimita ações como jogar, apostar ou especular com títulos ou mercadorias que configuram em induzimento a especulação em virtude da condição pessoal, pelo autor do crime conhecer que ações praticadas pelas pessoas tipificadas, conduziram as mesmas à ruína. 
Rogério Greco (2011, p.539) faz também uma importante distinção entre jogo e aposta. No jogo, o resultado depende da maior ou menor habilidade do jogador, e exemplifica o jogo de pôquer, o contrário ocorre na aposta, aonde o resultado independe das habilidades do apostador, é o que ocorre nos jogos de corrida de cavalo, roleta, etc. O mesmo autor também considera como crime, a conduta do agente ao induzir à vítima a especular com títulos ou mercadorias, e exemplifica os investimentos realizados na Bolsa de Valores e de mercadorias. 
Os doutrinadores classificam o crime como crime comum (não necessita de qualquer qualidade ou condição especial do sujeito ativo, apenas considerando sua capacidade penal, em regra, é um incapaz ou homem rústico, ignorante, idoso ou ingênuo), próprio (somente as pessoas inexperientes, simples ou inferiores mentalmente podem figurar no polo passivo), doloso (não admite modalidade culposa), formal (pois sua consumação ocorre quando a vítima pratica os atos para que foi induzida), instantâneo (o resultado se produz de imediato, podendo seus efeitos ser permanentes), comissivo (pode ser praticado através da omissão impróprio do agente que gozava do status de garantidor), de forma vinculada (a lei determina o agente abusa ao induzir ao jogo, aposta ou à especulação com títulos ou mercadorias), monossubjetivo, plurissubsistente (onde cabe a tentativa), não transeunte. 
O crime de induzimento à especulação, na modalidade de jogo do dedal, é crime formal que se consuma com a prática do ato potencialmente prejudicial, ainda que o fato não acarrete proveito ao agente ou terceiro, podendo haver tentativa quando o processo é interrompido antes de o sujeito passivo efetuar a aposta (TJSC, H C 00.024199-7,Rel. Jaime Ramos, j. 17/1/2001).
O delito de induzimento à especulação cabe reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. Cabe ação penal de iniciativa pública incondicionada, à exceção das hipóteses arroladas no art. 182 do Código Penal, que preveem a necessidade de representação, observada a ressalva contida no art. 183 do mesmo diploma repressivo. Aplica-se ao crime, a imunidade penal de caráter pessoal, prevista no art. 181 do Código Penal, exceto quanto ao estranho que participa do crime, bem como quando o delito for praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos (incisos II e III do art. 183 do CP). A proposta de suspensão condicional do processo será possível quando a pena mínima cominada ao delito não ultrapassar o limite determinado pelo art. 89 da Lei n2 9.099/1995.
Fraude no comércio
O crime de Fraude no comércio está disposto no art. 175 do Código Penal, que diz:
Art. 175 - Enganar, no exercício de atividade comercial, o adquirente ou consumidor:
I - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria falsificada ou deteriorada;
II - entregando uma mercadoria por outra:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
§ 1º - Alterar em obra que lhe é encomendada a qualidade ou o peso de metal ou substituir, no mesmo caso, pedra verdadeira por falsa ou por outra de menor valor; vender pedra falsa por verdadeira; vender, como precioso, metal de ou outra qualidade:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
§ 2º - É aplicável o disposto no art. 155, § 2º.
O verbo enganar é utilizado no sentido de induzir em erro, iludir, burlar, praticado no exercício de atividade comercial, pelo comerciante e comerciário, em atividade no comércio, para que o adquirente ou consumidor compre mercadoria como verdadeira ou perfeita, mercadoria falsificada ou deteriorada, que tipifica a conduta. Também se configura como engano a ato de entregar mercadoria por outra, ou seja, mercadoria diferente da que foi celebrada no momento da compra. Falsificação é a mercadoria adulterada a que o sujeito ativo dá aparência de legitima ou genuína. Deteriorada é a mercadoria estragada, total ou parcialmente. A fraude consiste exatamente em apresentá-la como perfeita ou verdadeira. É importante mencionar que se não há engano, inexiste o crime, por se tratar de conduta atípica. Também é necessário que o comerciante esteja no exercício das funções do comércio para tipicidade da conduta. Não estão incluídas as condutas de doar, trocar etc. A mercadoria não pode ser alimentícia ou medicinal. Se isso ocorrer, o sujeito responde por crime contra a saúde pública (CP, arts. 272, § 1º, e 273, § 1º).
Para configuração do delito de fraude no comércio exige-se o elemento subjetivo do tipo, consistente na vontade consciente de entregar uma mercadoria por outra. O mero inadimplemento de uma obrigação ou a impontualidade no término de uma obra, em contrato firmado entre as partes, configura ilícito civil e, não ilícito penal (TJMG, AC 1.0694. 01.000512-2/001, Rel. Pedro Vergara, DJ 2/2/2007).
O crime de fraude no comércio é classificado pela doutrina como crime próprio, com relação ao sujeito ativo, pois somente o comerciante e o comerciário podem praticá-lo, e comum quanto ao sujeito passivo, podendo qualquer pessoa figurarnessa condição; doloso; comissivo (podendo ser praticado via omissão imprópria, na hipótese de o agente gozar do status de garantidor); material; de dano; de forma livre; instantâneo; monossubjetivo; plurissubsistente; não transeunte.
No crime de fraude no comércio, o bem jurídico protegido é o patrimônio, especialmente contra a fraude praticada na atividade comercial. Subsidiariamente se protege também a moralidade das relações comerciais. O objeto material é a mercadoria falsificada, deteriorada ou substituída. É preciso salientar que nem toda mercadoria é considerada neste tipo penal, excluindo as que possuírem tipificação especial, como os delitos contra a saúde pública. Tomando por exemplo, temos o art. 272, § 1º-A, que cuida da venda de substância alimentícia adulterada.
Segundo Guilherme Nucci, a forma qualificada deste crime consiste em Alterar (modificar ou transformar) em obra encomendada a qualidade ou o peso de metal ou substituir (trocar um por outro), na mesma situação, pedra verdadeira, por falsa ou por outra de menor valor, bem como vender (alienar por um preço) pedra falsa por verdadeira, ou como precioso, metal de outra qualidade. A pena passa a ser de reclusão, de um a cinco anos, e multa. (2014, p. 633) Aplica-se o disposto no art. 155, § 2.º (agente primário e coisa de pequeno valor), permitindo a substituição da pena de reclusão por detenção, a diminuição de um a dois terços ou aplicação somente de multa.
A pena é de detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa, para a modalidade fundamental de fraude no comércio, sendo cominada uma pena de reclusão, de 3 (um) a 5 (cinco) anos, e multa, para a forma qualificada prevista pelo § 1º do art. 175 do Código Penal. Compete ao Juizado Especial Criminal o julgamento do crime de fraude no comércio. A ação penal é de iniciativa pública, à exceção das hipóteses arroladas pelo art. 182 do Código Penal, que preveem a necessidade de representação, observada a ressalva contida no art. 183 do mesmo diploma repressivo. (GRECO, 2011, p. 543)
Outras fraudes
Dentro do capitulo VI correspondente ao estelionato e outras fraudes, o art. 176, CP foi o que tratou com menor rigor a pena para esse tipo de crime.
Art. 176 - Tomar refeição em restaurante, alojar-se em hotel ou utilizar-se de meio de transporte sem dispor de recursos para efetuar o pagamento:
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.
Parágrafo único - Somente se procede mediante representação, e o juiz pode, conforme as circunstâncias, deixar de aplicar a pena.
Qualquer estabelecimento aduz o comportamento de tomar refeição em restaurante, de que trata a lei penal, estendendo, nesse caso, a palavra restaurante em seu sentido amplo, abrangendo lanchonetes, pensões, bares etc. Assim, qualquer lugar que tenha a finalidade de servir refeições, não importando a sua natureza, poderá ser alvo da ação do autor. 
Há três crimes previstos no art. 176: tomar refeição significa comer ou beber em restaurante, almoçando, jantando ou somente lanchando; alojar-se em hotel quer dizer hospedar-se, sujeito ao pagamento de um preço, normalmente calculado em diárias e utilizar-se de meio de transporte é empregar um meio de transporte pago para deslocar-se de um lugar para outro (ex.: táxi, ônibus, carro de aluguel, entre outros). A descrição típica, ao valer-se da fórmula alternativa (tomar refeição, alojar-se em hotel ou utilizar-se de meio de transporte), parece indicar um tipo misto alternativo, ou seja, seria irrelevante que o agente praticasse uma ou mais condutas, pois o crime seria sempre único. Não pode ser desse modo interpretado o tipo penal do art. 176, sob pena de se favorecer, desmedidamente, a fraude. Se o agente alojar-se em um hotel de determinada cidade, tomar refeição em um restaurante estranho ao hotel e valer-se de um táxi para o seu deslocamento, sem recurso para efetuar o pagamento, estará prejudicando três vítimas diferentes, portanto, três patrimônios diversos terão sido ofendidos. Portanto, se ele simplesmente não quiser pagar, por variadas razões (inclusive por discordar do preço ou da qualidade do serviço), é um problema a ser solucionado na esfera cível. A pena é de detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa. (NUCCI, 2014, p. 634)
O patrimônio é o bem juridicamente protegido pelo tipo penal do art. 176 do diploma repressivo. Objeto material pode ser a pessoa ou a coisa contra a qual é dirigida a conduta praticada pelo sujeito ativo. Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo desse delito. O sujeito passivo, ao contrário, é somente quem presta o serviço que deve ser pago, podendo ser tanto uma pessoa física quanto uma pessoa jurídica. Segundo a classificação da doutrina majoritária, é crime comum; material; de forma livre; comissivo; instantâneo; unissubjetivo; plurissubsistente.
O crime é consumado no momento em que o agente pratica qualquer dos comportamentos tipificados, ou seja, quando, efetivamente, toma refeição, aloja-se em hotel ou utiliza-se de meio de transporte sem ter recursos suficientes para efetuar o pagamento. Nesse tipo de fraude, a tentativa é admissível. Por esta razão, as condutas previstas no tipo do art. 176 do Código Penal, são praticadas com dolo, não havendo possibilidade da modalidade culposa para esse tipo penal e pressupõem um comportamento comissivo. Todavia, é possível que o agente, na qualidade de garantidor, podendo, dolosamente, nada faz para impedir a lesão patrimonial sofrida pela vítima.
O preceito secundário do art. 176 do Código Penal comina uma pena de detenção, de 15 (quinze) dias a 2 (dois) meses, ou multa. A ação penal, de acordo com a determinação contida em seu parágrafo único, é de iniciativa pública condicionada à representação do ofendido. Poderá ser aplicada a imunidade- penal de caráter pessoal prevista no art. 181 do Código Penal, com as ressalvas contidas no art. 183 do mesmo diploma repressivo. O processo e o julgamento do delito tipificado no art. 176 do Código Penal serão, pelo menos inicialmente, de competência do juizado Especial Criminal, haja vista que a pena máxima a ele cominada não ultrapassa o limite previsto pelo art. 61 da Lei nº 9.099/1995. Tendo em vista a pena mínima cominada, será possível a realização de proposta de suspensão condicional do processo, nos termos do art. 89 da Lei na 9.099/1995. Será possível a concessão de perdão judicial, de acordo com o parágrafo único do art. 176 do Código Penal. (GRECO, 2011, p. 546)

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