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Penal - 08-04

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Não, meu irmão! Vamos lá pessoal. Bom, vamos continuar o nosso homicídio qualificado. E aí nós já falamos pelos motivos do inciso 1, inciso 2 também do parágrafo 2º do artigo 721, no inciso 3 nós falamos pelos meios empregados e agora no inciso 4 nós vamos falar pelo modo sobretudo de execução do omissível, que é uma qualificadora também, está no parágrafo 2º, inciso 4º, pelo modo.
E o primeiro deles é a traição. Bom, antes de começar, eu tinha já adiantado pra vocês que me parece, e aqui, Esse inciso I, inciso III, nós falamos sobre isso, que são os meios empregados. Ele vai usar o prego de veneno, fogo, meios cruéis e, segundo eles, insidiosos. E aí, só lembrando, nós vamos falar de novo nisso aqui mais à frente, porque eu tenho aqui uma hipótese de interpretação analógica.
Nós falamos que a analogia, vocês sabem, é vedada, mas na interpretação analógica, o legislador cria uma fórmula e ele vai, a partir dessa fórmula, ele vai admitir outros meios de que sejam análogos àquele que ele criou como fórmula geral. Então, nós vimos aqui empregos, veneno, fogo, exclusivo, asfixio, tortura, ou é outro meio insidioso ou cruel? O que é que eu ressaltei para vocês? O termo em uma dúvida de que esses meios que ele apontou como fórmula geral são meios cruéis, porque insidia pressupõe engano.
pressupõe um godo. A gente se aproveita, e falei isso pra vocês, de dar baixa defesa da vítima para poder praticar o crime. E não é essa a hipótese. Por isso que me parece que esse incidioso aqui não estaria bem colocado no inciso 3.
Mas me parece que a hipótese do inciso é exatamente o inciso 4. Porque o inciso 4 vai trabalhar com aquelas situações em que a vítima Ela afrouxa a sua defesa, ela diminui as suas defesas. E quando é que ela diminui as suas defesas? A primeira hipótese aqui, a traição.
O que é a traição, se não a deslealdade? Nós acreditamos sinceramente, temos lealdade para algumas pessoas e essa pessoa vai aproveitar, no caso o agente, dessa crença que ele nos criou por conta da confiança para poder praticar o delito. Então é a hipótese típica de insídia, porque ele vai se valer da surpresa, ele vai se valer do fato de nós baixarmos a nossa defesa. E baixamos nossa defesa diante de quem?
Das pessoas às quais nós somos leais. Se nós não conhecemos, a tendência é que nós fiquemos em alerta. Uma alerta mínima, uma alerta máxima, enfim, vai depender de quem está conosco. Mas é aquela pessoa que a gente conhece bastante e é leal a gente, é a hora que nós vamos baixar nossas defesas e se é o agente, é a hora que ele vai agir.
Então eu tenho aqui a primeira causa, pelo primeiro modo de execução, a traição. O segundo deles, a emboscada. O que é emboscada? Na emboscada, o agente espera a passagem da vítima.
A vítima está tranquila, a vítima está desligada, e ele espera exatamente essa passagem da vítima na emboscada para praticar o crime. Ou mediante dissimulação. O que é a dissimulação? Ela pode ser uma dissimulação material, o sujeito usar um disfarce, para se fazer parecer com alguém, com uma situação que tranquilize a gente, a vítima, perdão, e a vítima também baixa as suas defesas, ou ela pode não ser material.
Então você vai chamar aqui de um disfarce moral, ou seja, quando ele se faz passar por quem ele não é. Então, é um dissimulado. Então, a dissimulação, os modos aqui, a traição, a emboscada, ou mediante dissimulação, ou seja, hipóteses típicas de incidia. Hipóteses típicas que o agente ou ele se aproveita de uma situação resistente, ou que foi criada ao longo do tempo, ou ele cria uma situação, no caso da dissimulação normalmente ele cria essa situação, exatamente para baixar a defesa da vítima, portanto pegando a vítima de surpresa.
Óbvio, na traição dispensalmente, e se o agente percebe minimamente essa possibilidade de ser traído, da sua lealdade, eu não tenho essa qualificadora. Então é preciso que o agente não tenha noção, a vítima, perdão, assistindo com a gente, não tenha noção de que ele vai ser traído na lealdade que ele tem em relação ao agente, que obviamente ele não espera essa conduta dele. Então, a traição é emboscada mediante simulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido. Então, outro recurso semelhante a esse, portanto, vamos pensar aqui em recurso que leve à surpresa, mas que tornaram impossível a vítima se defender.
a possível defesa do ofendido. Então, a traição, a emboscada, o mediante de simulação ou outro recurso que dificulte ou torne possível a defesa do ofendido. E já falamos aqui da interpretação analógica, não é qualquer outro recurso, mas um recurso análogo a esse. Em outras palavras, um recurso que pressuponha um engano, pressuponha uma baixa de defesa pela surpresa.
Então, ele vai surpreender a vítima e, nesse caso, nós teríamos o homicídio qualificado pelo modo. O inciso 5 vai trabalhar com o homicídio qualificado pelos fins. Então, o que ele vai trazer aqui? quando o homicídio é qualificado para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou a vantagem de outro crime.
Então, o que ele vai fazer aqui? Ele pratica o homicídio para assegurar a execução de outro crime. Ele, na realidade, ele quer o sequestro do empresário. Só que o empresário tem o segurança e ele mata o segurança para poder praticar o crime de extorsão mediante sequestro.
Então o que ele vai fazer? Ele vai praticar o homicídio qualificado para assegurar a execução de outro crime. Então eu tenho aqui o homicídio qualificado pelos fins. A finalidade dele principal, óbvio que ele quer os dois crimes, vai responder pelos dois crimes, mas o fim que ele utiliza para matar, nesse exemplo, o empresário, o segurança, é para conseguir a extorsão mediante sequestro do empresário.
Também aqui para assegurar a ocultação de outro crime. Ou para assegurar, aí tanto vai valer, a ocultação ou a impunidade. O que aconteceu? Ele praticou um determinado crime e nesse crime tem uma testemunha que foi ocular do que aconteceu.
Então ele mata a testemunha para poder assegurar a impunidade do outro crime. Pelo modo. Pelo modo de execução. Então, aqui eu teria pra segurar a execução, a ocultação, a impunidade ou a vantagem de outro crime.
Então, esse seria aí o obsidio qualificado pelos 15. E aí a doutrina vai separar Ela vai chamar isso de conexão. E não é só a questão doutrinária. O que é a conexão?
Eu tenho conexão quando eu tenho um liame qualquer que une dois elementos. Não sei onde vocês estão na teoria geral do processo, mas normalmente estuda-se primeiro a conexão processual do processo civil. Então eu tenho uma conexão de ações. e no processo penal uma conexão probatória, por exemplo.
Então lá eu tenho o sujeito ingressa com uma ação de investigação de paternidade e juntamente ali, cumulada com uma ação de alimentos. Se a investigação de paternidade for reconhecida paternidade, já estão pedidos os alimentos. Então vai haver o que? Uma conexão E essa conexão, obviamente, o professor vai trabalhar com você, já trabalhou, vai trabalhar, ela vai depender de igualdade de consciência de pedidos, causa de pedir.
Então, é uma ideia de conexão, uma ideia de ligação de dois elementos por algumas características. Nós temos algumas modalidades de conexão no processo penal. Uma delas é a conexão probatória. acontece.
E a conexão ela serve normalmente pra quê? Um processo pra unir tudo num riso só. Então eu tenho um determinado fato, já que mencionamos, onde polui o seu rio. E aí eu tenho uma determinada prova para produzir em determinado lugar e outra em outro lugar.
Então eu vou unir esse processo com uma conexão probatória. Embora os lugares sejam diferentes, a prova a ser produzida vai ser a mesma. Então a conexão vai se dar por várias maneiras. Uma conexão que vai se dar em razão dos pedidos, uma conexão que vai se dar em relação à prova.
Então essa palavra conexão vai aparecer muito para vocês. durante o curso de lei. E aqui, eu também tenho uma conexão, porque na realidade, quando falamos do homicídio até então, estávamos referindo ao homicídio pelo modo. O sujeito praticao homicídio através da traição.
Estávamos falando que o sujeito pratica o homicídio ou pelo motivo fútil. Então, eu estava me referindo exclusivamente ao homicídio. Agora, não. Nessa conexão, eu tenho, normalmente, mais de um crime.
Ele pratica o homicídio para segurar a impunidade daquele ali. Ele pratica o homicídio para segurar o resultado desse outro crime. Então, eu tenho, na realidade, uma conexão, nesse caso aqui, entre crimes. O que a doutrina vai chamar é que, na primeira hipótese, que é o homicídio praticado para segurar a execução, a doutrina vai chamar de conexão teleológica.
Então, quando perguntaram a vocês o homicídio qualificado pelos fins, através da conexão teleológica, é essa primeira hipótese aqui, para segurar a execução de outro tempo. Teleologia não é algo muito simples de explicar, a filosofia trabalha muito com isso, mas na teleologia eu vou buscar a essência das coisas. Então é como se eu olhando para a extorsão mediante sequestro, que é o que ele quer, ele quer o empresário, ele quer extorquir a família mediante sequestro, eu vou buscar o fim, a teleologia, o fim, que é esse objeto que ele quer. E aí ele vai praticar o homicídio para chegar a esse fim que ele busca.
Teleológico. Essa é a primeira aqui. E as demais, a doutrina vai chamar de conexão consequencial. Conexão consequencial.
Por consequência, ele vai praticar o crime para assegurar a ocultação ou a impunidade ou a vantagem do outro crime. É uma distinção que a doutrina faz, que eu tenho o sentido do dever de falar para vocês, mas porque ela vai separar essas modalidades, seja pelo motivo, seja pelo modo de execução do crime, e aquilo, inclusive, pelos fins. Bom, com isso, falamos das modalidades, até então, comuns do homicídio qualificado, elas já estão aí desde 1940, mas em 2015 foi incluído o feminicídio. dentro do crime de homicídio, como um tipo autônomo.
Não que antes não se pudesse incluir o feminicídio como um homicídio qualificado, mas é que não existia essa figura. Eu tenho, obviamente que nós vamos ver aqui que ele vai criar uma série de situações de aumento de pena que vão criar, vai possibilitar uma distinção do que se tinha até então. Mas confesso que eu tenho até dúvidas se a situação foi mais agravada do que estava antes. Existiu uma situação antes, que era uma situação cultural, porque isso não era tratado como feminicídio.
Sempre foi o feminicídio. O feminicídio é a morte de uma mulher. O feminicídio tem umas características diferentes. E, obviamente, não vou discutir essa questão sobre o aspecto da criminologia, e muito pode-se falar sobre ela, mas, Não, porque esse até, nós já vimos, que é uma causa de emoção de pena, que ela fala no psiquipacional.
Isso é até uma causa de emoção de pena. O feminicídio me pareceu interessantíssimo ficar aqui, como está hoje, vamos tentar chegar lá. Por quê? Para discutir uma questão cultural.
O Direito Penal não é o lugar próprio para isso, mas Cocoladeira se adaptou com a realidade, que era preciso que acontecesse. Mas não tem mínima dúvida que o feminicídio é o motivo todo, não é objeto. Ele moralmente não é recepcionado e nem tão pouco no plano ético ou no plano direito penal. Então era tranquilo que eu poderia reconhecer a morte de uma mulher, em qualquer circunstância, sobretudo na violência do homem, é como um homicídio qualificado pelo antigo torto.
E digo porquê. Ele vai aqui se referir, e nós vamos chutar uma mulherzinha nele agora, ao que não é matar uma mulher. É matar uma mulher pela condição de ser mulher. Então eu vou incluir o que aí?
O preconceito, o desrespeito, uma série de outras situações que numa sociedade patriarcal e machista é muito comum. Então, mas isso eu poderia já ter reconhecido antes e aplicado o homicídio qualificado pelo motivo todo. Não estou reclamando do que aconteceu, porque eu achei muito interessante a gente discutir esse tema. Não aqui discutir, mas a sociedade discutir.
E eu não sei se eu já falei aqui, aí se eu já tiver falado, vocês me avisem para não ficar muito repetitivo, quem fala em vários lugares acaba esquecendo. Mas, o que aconteceu? Vocês já ouviram falar da Lei Maria da Penha, não é? 11.304 de 2006.
A Lei Maria da Penha, ela é basicamente uma lei processual. Ela hoje traz, recentemente, aí ela trouxe, então vamos enfrentar no momento oportuno, regra de direito penal. Mas trouxe recente, mas em que importa? Na hipótese em que o agressor, ele viola algumas condições que são previstas lá.
E, obviamente, cada um tem a sua experiência pessoal. Cada um tem a sua experiência pessoal, a experiência familiar, a experiência dos vizinhos, a experiência de amigos, tudo que nós sabemos. E, quando saiu a lei, eu vou contar uma situação concreta, uma experiência concreta. A lei de 2006, e, na época, eu estava assessorando a presidência do tribunal.
E a ministra, que eu não me lembro o nome, era uma ministra que estava empenhada na aplicação da lei Barirapé, a 11.340, e essa lei tem uma previsão expressa de criação de juizados da violência doméstica. O problema todo é que quando você cria um juízo, a despesa não é pequena, porque você tem que criar um cargo de juízo, um cargo de promotor, um cargo de defensor, um cargo de escrivão, um cargo de serventuários, você tem que ter um local físico. E a criação de cargos, o tribunal não pode criar cargos. Quem cria cargos é o poder legislativo.
Então, no caso dos estados, são as assembleias legislativas. Então, tinha que ter lei criando cargos. Mas tem que ter lei criando cargos e tem que ter também um orçamento para isso. E não é um orçamento pequeno.
E, normalmente, quando se cria um cargo, imagina-se, que tem um estudo sobre a necessidade daquele cargo. Você tem quantas pessoas aqui na faculdade? Aí vamos fazer o seguinte, a Câmara dos Deputados vai criar mais 300 cargos por pessoa. Talvez não precise.
Então imagina-se que eles façam um estudo da necessidade, de determinadas ordens da criação de cargos, E foi necessário fazer um estudo da violência doméstica e familiar. Óbvio que é possível que o Congresso tivesse esse estudo e desenvolveu, mas os tribunais seguramente não tinham. Por quê? Porque lesão corporal ou obesidade.
E aí você não tinha, e até hoje eu reclamo muito, porque se você quiser fazer uma pesquisa no tribunal, qualquer que seja, e o tribunal detém o monopólio dessa atividade, portanto, se pode fazer uma pesquisa de família, quantas separações, o motivo das separações, primeiro que ele não consegue, é difícil você chegar, e segundo, que está muito mal alimentado a base de dados, para você filtrar dados, isso é difícil, é muito difícil. E aí, existia o, sabia-se, que havia lesão corporal, mas você tinha alguns filtros. Por isso da importância da lei, porque ela começa a colocar essa questão para ser discutida e esses filtros começam a cair. E aí, vocês me desculpem, eu falo isso com todo o respeito que eu tenho ao sistema, sobretudo, o sistema de segurança pública, mas era muito comum a mulher chegar com uma delegacia e dar a notícia de uma lesão e a filha vai lavar uma roupa, vai falar.
Então isso, por mais estranho que possa parecer e cruel, era uma realidade que existia e falo isso com todo o respeito. o sistema de segurança. Também tem a questão cultural, que infelizmente foi mudando com o tempo. Então a gente não tinha, nós não tínhamos uma estatística de quantos casos nós teríamos se criasse um cargo.
Só que a ministra veio, vai ter que criar, e ela visitou os estados todos, e eu me lembro que o presidente da época era do Durão, a Bessa, e aí Eu dei uma sugestão a ele. Tinha um dispositivo no nosso Código de Organização Judiciária. O Código de Organização Judiciária é o código que organiza o poder judiciário nos estados. Então vai dizer quantas varas de família, quantas varas criminais, onde é que elas vão.
E havia um dispositivo em que nós podíamos criar novos órgãos, desde que sem aumento de despesa. O próprio judiciário podia criar. Não precisava da Assembleia. E aí, os Juizados Especiais Criminais tinham pouco movimento.
E aí eufalei, presidente, o que o senhor me transforma? O Juizado Especial Criminal é o Juizado Especial Criminal da violência doméstica. Pronto. Cero despesa.
E aí, vamos ver o que acontece. Se vai ter muito, se vai ter pouco, vamos ver depois. E o primeiro Juizado, eu participei disso, Eu não me recordo exatamente se foi no Campo Grande ou Santa Cruz, o Campão dos Vermelhos. Vamos imaginar, vou chutar aqui, que foi no Campo Grande.
Primeiro mês, 500 processos. Segundo mês, 600 processos. Em três meses já estavam 3 mil processos de violência doméstica. Aí, o que é isso?
Aí cria-se um segundo que eu acho que não foi... Primeiro mês, 500. Então, 600. Cria o terceiro, o quarto...
uma epidemia. Eu posso falar isso de cadeira. Eu ouvi isso. A violência do México contra a mulher é muito grande e está em todas as classes sociais.
Explodiram os exatos. Explodiram. Foi alguma coisa impressionante. E daí me parece que é interessante você ter um tipo específico embora esse tipo, porque tem uma questão cultural aí que é insuperável.
Então, obviamente, que o Congresso Nacional vai, de acordo com a sua configuração, estabelecer tipos ou estabelecer normas dentro dessa cultura. E aí, o que acontece? Nós vamos ver aqui que o feminicídio que o legislador criou contra a mulher em condição de sexo feminino. O projeto de congresso não falava em condição de sexo feminino, falava em gênero.
E eles alteraram para sexo. Isso não quer dizer que o sexo biológico é o que prevaleceu. Então, a formação biológica vai definir quem é mulher e quem não é mulher. Quando o gênero, que foi o projeto, foi enviado, ele daria uma outra conotação.
Mas isso é uma discussão que refletiu o Congresso daquele momento. Talvez reflita até o de hoje. Presidiu o Congresso o deputado Eduardo Cunha, que todo mundo sabia qual era o seu posicionamento pessoal e, obviamente, a partir daí ele começa a primeira limitação que ele estabelece em relação à sede. Uma outra questão aqui, que eu tenho que falar com vocês também, é que o feminicídio, na realidade, ele está lá na modalidade de homicídio qualificado.
Ele recebe, obviamente, um tratamento diferente do parágrafo segundo, desse incídio que acabamos de estudar, porque ele vai estabelecer uma pena diferente. Mas não deixa de ser um homicídio qualificado. O que isso significa? que ele é julgado pelo Tribunal do Júri.
E o que é o Tribunal do Júri? O Tribunal do Júri são pessoas do povo que julgam. Então são os sete jurados que vão julgar os feminicídios. E isso, obviamente, vai trazer pra gente, pra nós que estamos estudando, um probleminha.
Por quê? Porque as decisões do júri são soberanas. O que o tribunal vai fazer? O tribunal pode mexer em pena, em resultado, não.
O que vai acontecer? Se o julgamento for manifestamente contrário à prova dos autos, o tribunal não vai proferir uma nova decisão. Ele vai devolver para o júri, para o júri julgar exatamente pela soberania. Quando um juiz de direito decide, Qualquer causa, e eu recorro, o tribunal profere uma outra decisão.
E o que vai valer vai ser a decisão do tribunal. Então, ele não manda de volta para o juiz decidir. Ele decide. No caso do juiz, ele vai mandar de volta.
E aí, você não vai ter uma discussão. A discussão vai se dar lá no plenário. Mas é uma discussão da defesa com a acusação, e obviamente temperada por toda o teatralização que é natural. Então você não tem uma discussão dogmática, você não cabe ali, pelo menos na decisão dos jurados, porque eles dizem sim ou não, é isso que eles dizem, Diferente dos juízes, o juiz fundamenta e motiva a sua decisão.
Então isso vai ser o primeiro problema que nós vamos enfrentar. Porque essas questões, e nós teríamos muitas questões, sobretudo de ordem cultural, na questão do gênero mesmo, porque vão surgir algumas indagações aí, especialmente a respeito desse conceito de mulher. não vai aparecer normalmente por conta da natureza, do modo que isso é julgado pelo Tribunal do Júri. Eventualmente, os tribunais até, de alguma maneira, vão ser provocados a se manifestar, mas com essa dificuldade da soberania do Tribunal do Júri.
Então, vamos lá. Volta para o Júri. O juiz é o mesmo juiz. Não porque o artigo 5º da Constituição Federal trabalha com a soberania dos veredictos.
O que é a soberania dos veredictos? Qual é a ideia? A ideia é que o poder judiciário, através dos juízes, decidam todas as questões. Inclusive as que vem mais.
Mas... Como é a morte de alguém, de um membro da sociedade, a sociedade tem que decidir. Então quem decide são os jurados. O juiz apenas exerce o poder de polícia, naquele momento, pra controlar os ânimos, decidir algum incidente processual, e vai pro fim, vai aplicar, vai estabelecer a sentença.
Mas quem decide é o jurado. Eu já fui juiz de júri e... decisões que eu jamais daria, eu tive que sentenciar mesmo assim. Às vezes até absolvendo.
Porque a decisão do jurado é de soberano. Por isso que se o tribunal entender que se a matéria é de mérito, se tiver até uma matéria que não seja de mérito, ele vai devolver porque a competência do juro... Nós estamos até com um problema que eu fiquei bastante curioso agora que foi o Supremo que está diante. Qual é o caso recente?
Isso aí me deu um nó depois do caso do homicídio que ele está no Supremo. Qual é o recente agora? Tem alguma coisa bem recente aí que o... Não sei quem é o relator, eu acho que até é o ministro Alexandre, que decretou a preventiva no homicídio.
O caso do deputado do Brasão. O que está se imputando ali? Eu acho que nós falamos sobre isso. Está se imputando ali, no fundo, Não conheço o caso, até porque, além do homicídio da vereadora Marielle, há também outros crimes de obstrução da justiça, de facilitação, mas, ao que eu vi no jornal, ele está sendo responsabilizado pela morte dela.
Então, quem de qualquer forma concorre para o crime, incide nas penas ele como nada. Ou ele vai responder por homicídio. E aí, eu não parei. Se ele vai responder por homicídio, porque que isso foi parar lá no Supremo?
Porque o homicídio é a soberania dos vereditos. E a competência do júri está no artigo 5º. e é cláusula pétrea, é o núcleo duro da Constituição que não pode ser mudado. Mas tem jurisprudência do Supremo Federal, se eu não estou errando, do ministro Joaquim Barbosa, eu acho que o relator, em que ele vai entender que eu tenho dois dispositivos constitucionais trabalhando com competência.
Nesse caso, a competência do júri, é a competência do Supremo, porque a competência do Supremo é constitucional, ela está na Constituição. Então, na ponderação de valores constitucionais, ele vai privilegiar, pelo princípio da especialidade, o julgamento do Supremo. Eu achei muito estranho, porque Quando eu pondero o valor, eu estou ponderando uma garantia constitucional com uma nova, também constitucional, mas que essa, ela não pode ser mudada, porque essa não pode submeter à emenda do artigo 60. O artigo 60, que fala do poder de emenda, pode até emendar e mudar a competência do Supremo.
Do júri, não pode. Mas, como supremo pode tudo, quem fala por último pode errar. Então, ele está com essa competência. E eu só mencionei isso, não foi nem para comentar esse caso, porque nesse caso aí quem tem que comentar bem é o professor do processo penal, tem a matéria dele, mas para trazer a importância do Tribunal do Júri, do sistema de justiça.
Não, não, não. Não o mesmo jurado. Isso vai mudando. Não.
A competência é do júri. E aí o jurado pode até ser um medo. Porque eu já vi aqui, ali do lado do elevador, adicionando alguma coisa de... de júri, qualquer um pode ser jurado.
E nem sempre é fácil recrutar jurado. Especialmente o nosso município, que é grande, eu não me lembro exatamente, mas são 500 por ano. Às vezes você está numa cidade com marca pequena e você não tem lá tanta gente para repitar. Aí acaba eventualmente sendo o mesmo.
Mas não há uma obrigação do princípio da identidade física de ser aquele jurado, não. Volta para o júri. Acho que isso é do júri. É que nem o...
salvo aquele juiz que ficou ali em prova, não sendoele, é um juiz fazendo e muda para outro completamente diferente, se ele não tem o princípio, a identidade física. E até outra coisa que é curioso, e as coisas têm mudado, mas eu sempre pensei nisso, Vamos sair daqui de noite. Será que os medos que se tem dia central do Brasil são os mesmos dos alunos e das alunas? Quando vai e passa por um lugar mais perigoso, eu tenho a impressão que os alunos, como eu, tenho medo de ser assaltado.
Eu não sei, eu acho que talvez os alunos tenham um medo a mais. Isso é comum. nas guerras, a violação das mulheres é algo muito comum, mutilações, culturas que utilizam a mutilação como algo normal, que historicamente você tem. as mulheres como umas vítimas em potencial.
Tanto nessas situações extraordinárias que eu mencionei, de culturas que eventualmente admitem isso, guerra, como nas sociedades, até sociedades organizadas. E aí, o que ele vai fazer aqui? Um feminicídio. Feminicídio vai praticar o crime contra a mulher, razões de condição de sexo feminino.
Só isso. O que são razões da condição de sexo feminino? O parágrafo segundo há a me dizer. Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve, inciso 1, violência doméstica e familiar.
Então, o parágrafo segundo A vai me dizer quando é que eu tenho a razão de ser ex-feminino. E aí é que a primeira... obviamente que a jurisprudência venha largando, porque se você tem um tribunal de júri que eventualmente alargue esse conselho, vou ter uma pacificação da justiça um pouco maior, mas que, muitas das vezes, essa violência contra a mulher e sobre a feminicídio não acontece dentro dessas relações familiares e domésticas. E não me parece que isso deveria ficar de fora.
Mas o legislador acabou restringindo a que essa razão do sexo feminino se dê na violência doméstica e familiar. Inciso 2. Quando há menosprezo ou discriminação à condição de mulher. Ou seja, preconceito.
Tem que pensar aqui em umas palavras negativas. O sujeito mata a mulher porque ela o traiu. Mata a mulher. porque ela ascendeu profissionalmente mais do que ele.
Isso, infelizmente, em uma sociedade patriarcal e machista é comum. É por isso que eu digo, há uma violência doméstica, eu posso dizer que é comum. Às vezes nós falamos que algo é comum e fica parecendo uma afirmação meramente política, mas, como eu disse, isso eu vi lá concretamente. E essas questões de preconceito, segregação, de coisificação da mulher seriam elementos que justificariam esse menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
Eu até separei aqui, deixa eu ver onde é que eu botei, para passar para vocês, quem tiver interesse, a Convenção do Conselho da Europa, para prevenção e combate à violência contra as mulheres e à violência doméstica. E aí é uma convenção, convenção de Istambul, de 11 de maio de 2001. E tem uma convenção interamericana, que a convenção interamericana visava reprimir, erradicar a violência contra a mulher, que foi concluída aqui em Belém do Pará, em 9 de junho de 94. que aí gerou.
Essas aí são as fontes internacionais principais para gerar a Lei Maria da Penha, que é a Lei 11.340 de 2006, que eu já mencionei para vocês. Mas ainda dentro do feminicídio, eu tenho um inciso sétimo. A pena do feminicídio é aumentada de um terço até a metade, se o crime for praticado durante a gestação ou nos três meses posteriores ao parto. Obviamente que é preciso que a gente saiba que a vítima é gestante e que ela estaria logo após o parto.
Oi? Parágrafo 7º, inciso 1. Eu, na realidade, aqui eu tenho um troço que meu código, eu estou desde 2022 com ele, mas tem uma leisinha, se algum puder acessar para mim, a 11.000, 14.344, que é de 2022, 14.344, que ela deu uma modificada aqui. Meu código está desatalizado nesse ponto.
Ou quem tiver acesso aí ao código, Conhece a modificação? Código Penal Planalto. Então, o que é a modificação? Inciso 2.
Contra pessoa menor de 14 anos, maior de 60, com deficiência ou portadora de doenças degenerativas que acarretem condição imitante ou de vulnerabilidade físico-mental. Na realidade, nós até vamos falar de algo parecido, o parágrafo 4º do artigo 121, que vai tratar do menor de 14 anos ao maior de 60. A situação, em princípio, a redação é a mesma, mas a pena é diferente, que ali ela vai se referir ao aumento de um terço, no caso do homicídio comum e no feminicídio. Ela vai ser de 1 terço até a metade.
Alguém está com o código novo aí? Aqui no parágrafo 3, no parágrafo 7, no parágrafo 2, não fala do menor de 14 anos. Fala contra o maior de 60 anos. Então tá.
Então foi essa a mudança. Tirou o menor de 14, né? Isso. Muito maior de 60 só.
Então, não trouxe aí o rumor. Sabia que tinha alguma coisa. Inciso 3, tá conferindo comigo? Na presença física ou virtual de adolescente ou descendente da vítima?
Não fala do adolescente também. Na presença física, virtual, descendente ou ascendente da vítima. É, mas eu também falei do adolescente, não? Falei?
Falei por engano. Não tem mudança nenhuma. Na presença física ou virtual, descendente ou ascendente da vida. Essa aqui discute-se muito a questão da proporcionalidade.
Essa coisa que o legislador tem quando ele cria os tipos penais. Ih, não passei. Quando ele cria os tipos penais, ele tem que observar a proporcionalidade com outros crimes. Então o que aconteceu aqui?
Óbvio que a criança assistir isso é gravíssimo. Mas essa presença física ou virtual, de descendente ou ascendente, ou o pai ou a mãe assistindo eventualmente ou virtualmente, eventualmente virtual ou presencialmente, é esse feminicídio. Isso é grave, muito grave. Só que aquilo não tem um tipo autônomo.
eu tenho uma causa de aumento. Então, imaginando aqui uma pena de 30 anos de homicídio e feminicídio, eu teria 15 anos de pena, poderia ter 15 anos de pena só pelo fato de ter assistido virtualmente. Quer dizer, tendo esse só aí, obviamente que isso é muito grave, mas seria maior até de um homicídio simples, não apenas de um homicídio simples. Então o que se discute aqui com o legislador talvez não tenha sido proporcional.
E também o inciso 4, você tem aí? O desculpemento das medidas protetivas de urgência previsto no inciso 1, 2 e 3 do capítulo 22 da lei Maria da Penha. Então se ele pratica um feminicídio desculpindo as medidas protetivas, da Lei Maré da Penha eu também teria aqui esse aumento de um peso a metade. Bom, com isso aí fica completo o esquema de qualificados.
Como eu disse, falei tanto quanto rapidamente do feminicídio, daria muita discussão, mas a discussão que vocês vão encontrar talvez seja melhor lá na criminologia. E aí vamos para o parábio terceiro, que é o homicídio culposo. Deixa eu ver com ela aqui. O parábio segundo.
O B, letra B, não é isso? Segundo B. Não, não, o segundo B. Que eu não tenho aqui.
Que eu não tenho o segundo B aqui, eu me lembro que eu sei que tem o segundo B. Então ele tirou, foi exatamente isso, ele tirou os 14 anos de lá e criou uma causa de aumento. Tá, não tem problema. Então nós fomos o 6, o 8 e o inciso 9.
Inciso 9, é, deixa eu ver aqui. Eu não trouxe o meu hoje, mas eu tenho o inciso 9 também. É aquele caso do Alberto, o homicídio contra menores de 14 anos. Não, não.
Os 9 vão daqui a pouco. Então vamos lá. Então vamos voltar agora para o nosso parábolo terceiro. Que vai trabalhar como símbolo culposo.
É, o resto tá igualzinho, não tem... Esqueci, meu amor. O resto tá igual, não precisa ficar sem código. Então, homicídio composo.
Também, se tiver falado lá no quintenal 1, a regra é que os crimes são dolosos. Eu não vou encontrar, nós estudamos aqui o homicídio, desde o homicídio simples, não tá lá o homicídio simples doloso. Nós sabemos que a regra é que os crimes são dolosos. O crime composo é exceção.
Sendo exceção, o fechador expressamente tem que me dizer quando ele é culposo. Então, se não tiver nenhuma menção que ele é culposo, eu não posso presumir que ele admite a forma culposa. Então, se não tem, é porque não admite a forma culposa, mas o homicídio vai admitir a forma culposa, se o homicídio é culposo. Quando é que o homicídio é culposo?Se eu for lá para o artigo 18, o artigo 18, na realidade, vai referir às formas de inobservância de regra de cuidado. Ele vai se referir à imperícia, imprudência e negligência. Então, o homicídio culposo, como os crimes culposos em geral, são aqueles em que há inobservância de regra de cuidado. Então, a vida de relação, a nossa vida de relação, ela pressupõe uma sociedade de risco em que eu tenha cuidado.
Então, Na minha atividade cotidiana, eu cheguei aqui, alguém chegou aqui, dia de prova estão, tá cheio. Aí sai correndo lá pro final, derrubando tudo que é celular. Obviamente que não observou a regra de cuidado, né? O caminho tá difícil, os colegas todos aí com o celular, com outro que pode criar risco.
Ah, o risco iminente ali é preciso pro sujeito. Observe a regra de cuidado. Na observância de regras de cuidado. E a sociedade de risco é isso.
Botei o pé pra fora de casa, pode cair uma planta na minha cabeça, porque eu tenho as varandas dos prédios com planta onde eu não deveria colocar. Atravessou a rua. É só atravessar aqui, o presidente Vargas, Eu confio sinceramente que o motorista vai ser prudente. Nem dá tanto, mas eu confio.
Quer dizer, é o princípio da confiança. Entrar no metrô. Entrar no metrô apertado. Eu confio que ninguém vai me julgar pra dentro do carro do metrô.
Eu confio que ninguém vai me botar pra fora do carro. Mas mesmo naquele caos da Horário do Rush, eu tenho que... minimamente ter regra de cuidado, porque a sociedade é de risco, o tempo todo. Aqui, o microfone que botou aqui, a possibilidade de um choque aqui não é pequena.
Aí desceu e por aí vai. Isso é da sociedade de risco. Então o que exigem da gente? O que nós temos que ter para garantir o princípio da confiança?
É observar a regra de cuidado. Viver sociedade tem que estar observando sempre a regra de cuidado. Nós confiamos mutuamente um no outro. Confia que você vai ser cuidador e você confia que eu sou o cuidador.
No momento em que há a inobservância dessa regra de cuidado, aí acontece um crime com o povo. Qual é o exemplo mais comum? São os acidentes de automóvel. Porque, presumindo que ninguém sai de casa, hoje eu vou matar alguém.
O que acontece com ele? Ele não observe uma regra de cuidado. Dirige numa velocidade excessiva, para onde ele não garante que a velocidade seja menor. Não toma algumas cautelas.
Então, ele não teve dólar. mas não observou a regra de cuidado. E para isso que eu vou fazer, vou colocar o homem mediano no lugar dele, para ver se o homem mediano agiria tal qual ele agiu. Quem é o homem mediano?
O homem mediano é aquele que observa a regra de cuidado. Então, eu estou me referindo, estou me dizendo isso porque Quando eu vejo o crime culposo, se eu for lá a partir do 18, o crime culposo vai se referir a imperícia, imprudência e negligência. Imperícia, imprudência e negligência são formas de não observar a regra de cuidado. Porque o sujeito, quando ele é negligente, e a negligência é o não fazer, ou ele é imprudente ao fazer, ou ele é imperito, e a imperícia normalmente é voltada para os técnicos, quando ele tem imperícia, ele está inobservando a regra de cuidado.
Ele é um policial e chegou em casa com filhos pequenos. Ele não pode deixar a arma municiada ao alcance de uma criança. Ele vai fazer o quê? Ele vai desmuniciar aquela arma, vai botar a munição de um lado e a arma do outro para não ter risco nenhum.
Se ele não faz isso, ele foi negligente. Ele não observou uma recticuldade, é um não fazer o que ele deveria fazer. Ou ele pode ser imprudente, que é um fazer, dirigindo um automóvel e não toma as cautelas que ele deveria ter e acaba eventualmente atropelando alguém. E a perícia?
A perícia é do perigo, que pode ser negligente e imprudente. É o médico, é o motorista profissional Quem tem habilitação aqui, não sei, mas eu acredito que poucos aqui devem ter uma habilitação para dirigir caminhão, para dirigir ônibus, porque para dirigir esses veículos, a pessoa tem que ter uma habilitação especial que vai lhe conferir uma perícia. É um tipo de perito, não é para qualquer um. Então você vai precisar de uma habilitação especial, vai precisar de um curso especial, porque você se transforma em perito, já não é mais.
O motorista é comum. E aí, pode agir com o médico, pode esquecer o bisturi dentro do paciente, ou ele pode fazer um corte indevido no paciente. Tanto a negligência quanto a imprudência, a imperícia pode ser praticada pelas duas. É que a imperícia, normalmente, é a falta de perícia.
E quem não tem perícia é técnico. Porque se você não conhece aquela atividade, você não é técnico. Você não tem técnico. Você age com qualquer um.
Então, o homicídio culposo é aquele em que a inobservância da regra de cuidado vai levar à morte. Notícia agora três seguidas de acidentes de trânsito. O rapaz lá com o Porsche, em São Paulo, em Brasília, hoje, essa noite, parece, varreu lá umas seis pessoas. E o Ministério Público já está incomodado com isso, está negociando todo mundo com homicídio doloso.
Inclusive, o que é a notícia que veio é que o rapaz lá de São Paulo está indiciado por homicídio doloso. Doloso com dolo eventual. Quer dizer, teria assumido o risco de causar aquele resultado. E aí nós temos visto que o Ministério Público tem deduciado muito por dólar eventual.
Mas esse é o homicídio culposo. E aí o parágrafo 4 vai trazer uma hipótese de aumento de pena. E esse parágrafo 4 é curiosíssimo. Por quê?
O que nós fazemos? O que o legislador sempre faz? Ele está tratando do homicídio culposo o tratatando-perdão do crime culposo e ele, se ele tem uma regra especial qualquer para aquele crime culposo que foi praticado, ele vai criar um novo parágrafo onde vai se referir a esse crime culposo. Se ele está com um crime doloso e ele tem alguma regra especial, ele vai criar um parágrafo próprio para tratar desse crime doloso.
E aqui o leijador fez uma mistura. O que ele fez para o fato? Um homicídio culposo, a pena é aumentada de um terço se o crime resulta de uma observança de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato ou foge para evitar prisões flagrantes. Vamos estudar isso com calma, mas o que eu tenho aqui?
São consequências que ele vai trazer para o homicídio culposo. Ele diz o seguinte, olha, No homicídio culposo, com essas consequências, a pena aumentada de um terço. No mesmo parágrafo, sendo doloso o homicídio, a pena aumentada de um terço se o crime é praticado contra pessoa maior de 14 anos. menor de 14 anos, perdão, ou maior de 60.
Então, no mesmo parágrafo, ele vai tratar do crime culposo e do crime doloso. O homicídio culposo e o homicídio doloso. O que isso não é comum. Normalmente, ele teria cindido aqui e criaria um parágrafo único do homicídio doloso.
Mas, opção legislativa, ele fez, e tá feito. E aqui, eu mencionei o acidente de trânsito e tal. Porque visualizarmos é mais fácil. Até porque aconteceram três aí, está no noticiário.
Mas deixar muito claro, essas hipóteses todas não estão aqui nesse homicídio culposo. Estão lá no Código de Trânsito. Então a Lei nº 9.503, de 1997, que é o Código de Trânsito, vai... criar títulos para trabalhar com homicídio culposo e com a lesão corporal culposa que nós vamos estudar.
Então, se é no trânsito, sai daqui. Aqui vai ser para toda outra modalidade de homicídio culposo, por exemplo, o erro médico, o eletricista que criou uma situação de risco e, por incudência, em permisso ou negligência, causou a morte. Se for trânsito, sai daqui e vai para o 9.503. Então, o que é que eu tenho aqui?
Se o homicídio culposo é penalmentado de um terço, o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício. E aí, mas espera aí. Inobservância de regra técnica. Inobservância de regra técnica vai lhe acender logo a luz que está em perícia.
Tem alguma coisa estranha aqui. Por quê? Imaginando um homicídio culposo, praticado por um perito, um técnico, um médico. Ele vai responder pelo crime porque ele foi um perito.E aqui está dizendo que aumenta a pena dele se o crime resulta de uma observância de regra técnica, de profissão, arte ou ofício. Ou seja, Se é a mesma coisa, se não está se referindo aqui à perícia propriamente dita, todo homicídio praticado por médico ainda vai ter causa de aumento. Isso não faz nenhum sentido. Então, o que é isso aqui?
Normalmente, essas profissões técnicas que demandam conhecimento específico, elas são cobertas de protocolos. Então, ele domina uma técnica. Ou ele é um cirurgião, ou domina, ele é um especialista em cirurgia de coração. Ele é um especialista.
Pouca gente faz como ele faz. Ele domina de verdade aquela técnica. Mas, tem alguns protocolos que ele vai fazer igual a todos os médicos. Ele vai poder abrir mão.
Ele tem uma coisa especial que ele desenvolveu. Ele é preparadíssimo e ele tem uma técnica de cirurgia, propriamente dito, que faz dele um sujeito diferente, mas no resto ele é igual. Então, não nesse caso só, mas só que eu queria diferenciar para vocês tentar me fazer entender o que são os protocolos comuns e o que é uma cirurgia. Eu tenho o mesmo protocolo para qualquer cirurgia.
A sepsia. Tem instrumentador. Isso é qualquer cirurgia. Algumas vão exigir algo especial.
E a cirurgia de mão, alguns protocolos são rigorosamente uma cirurgia de coração. Agora, a cirurgia, propriamente dita, é diferente. Então, a que ele está se referindo aqui? A esses protocolos.
O que aconteceu? Ele Errou na cirurgia, cometeu um erro técnico lá e não observou uma regra técnica, uma regra comum. não fez a sepsia que devia fazer, não usou o instrumento que devia fazer, por mais que ele domine uma técnica. Então, essa hipótese aqui, ela não se refere à imperícia propriamente dita, ou seja, à perícia propriamente dita, mas se refere a regras técnicas que estão em torno dessa perícia.
Pode ser, ele observou todas as regras técnicas, Tudo direitinho, todo o protocolo ele observou, mas esqueceu o bisturi lá dentro ou fez um corte que não era o corte, ele foi maior ou menor que ele deveria fazer e causou a morte do paciente. Então nesse caso ele não vai ter essa causa de aumento. Se ele inobservou a regra técnica, foi em perito, mas ainda inobservou uma regra técnica comum, ele vai ter a causa de aumento. É isso que ele está sentindo aqui, não a perícia.
Então, se o crime resulta de inobservância regra técnica profissão, arte ou ofício, ou se ele deixa de prestar socorro, imediato a vítima não procura diminuir as consequências do seu ato ou foge para evitar a prisão em flagrante. A lei de trânsito. Vai ser importante essa pergunta, porque a gente vai dar uma lidinha na lei de trânsito rápido. O que ele diz?
Qual é a ideia do legislador? Causou o dano? Tem o dever de minimizar o resultado, preferencialmente de evitar esse resultado. Então, ele é um técnico, Ele domina a técnica.
Errou. Repara. Essa é a ideia do legislador. Mas o que ele faz?
Ele não deixa de prestar socorro imediato, não procura diminuir as consequências ou foge para evitar a prisão flagrante, porque ele vai ser preso flagrante. Então ele larga tudo ali e foge. Perdão, eu não estou ouvindo. A perícia é como se fosse algo muito pessoal.
Você que é perigo em uma atividade, ele domina essa atividade. O exemplo que eu dei do médico é um cirurgião. De uma determinada especialidade que ele domina. Essa é dele.
Agora, você tem alguns, nesse meu exemplo, alguns protocolos que têm que ser seguidos. Esse protocolo é comum pra todo mundo, pra todos os médicos. Não depende de dominar essa ou aquela especialidade. É como eu disse.
Protocolo, cirurgia por mais simples que seja. Protocolo é o mesmo numa cirurgia complexa. Agora, realizar esse objetivo complexo, uns têm perícia e outros não têm. Então, não importa também se ele tem mais ou menos perícia, se ele for inferido, vai responder igual.
Mas, para a gente entender isso aqui, porque o legislador podia ter usado uma palavra diferente e facilitava a nossa vida, mas ele resolveu usar essa técnica. Para a gente poder entender melhor, no exemplo, Ele foi imperito naquilo que lhe cabe, que é a habilidade dele, que ele tem. Ele é um excelente sujeiro de coração, ele foi imperito naquela atividade. Homicídio compulso, porque ele causou a morte.
Mas tem um quê aí que foi descoberto depois, que ele não observou uma regra técnica que é comum à atividade que ele desenvolve. Então, ele vai ter agora também essa pena aumentada, essa pena de homicídio aumentada. é só pra gente tentar fazer a distinção da imperícia propriamente dita com a inobservância de regra técnica. Porque, no fundo, a imperícia é a inobservância de regra técnica.
Tem dúvida? Esse que foi o problema. É isso que eu tô explicando. Porque o legislador usou a mesma expressão, parece que conduz a gente à seguinte situação.
Como a imperícia é uma observância de regra técnica, todo imperito vai ter causa aumentada. Não tem sentido. Era melhor, então, ele criar uma pena já maior, mas não é isso. É porque tem uma diferença.
Nem todo imperito vai submeter a essa causa de aumento. Quem vai submeter a essa causa de aumento? A quem não observa aquela regra técnica comum a atividade dele, mas não é essencial, vamos dizer assim. Se a gente pensar que o essencial, eu tenho um motorista de caminhão dirigindo na estrada, esse é o essencial.
Mas tem algumas coisas que ele tem que observar antes. Se ele botou um caminhão na estrada, ele tem que observar os pneus, se estão em ordem, ele tem que fazer minimamente um teste de freios, ali o que é possível. Ele tem uma perícia, que não é fácil dirigir um caminhão, não é fácil colocar ele em uma estrada, não é fácil fazer ele conviver com veículos menores. Ele tem essa perícia, mas ele tem também todo o protocolo que ele tem que seguir.
Nós vamos exigir isso dele. O acidente aconteceu, porque ele eventualmente foi imperito, mas teve um plus, que foi a observância de umas regras técnicas que são comuns a todos. Bom, aí vamos lá. É, o que que ele faz?
Ele agora vai fugir por conta da prisão flagrante. Ou ele não diminui as consequências do ato. Ou não presta imediato socorro à vítima. Então, daqui tá muito claro pra gente.
Só que aconteceu o seguinte. Por que que ele não prestou imediato socorro à vítima? Porque a vítima morreu. E aí ele não tem como socorrer o morto.
Já tá morto. É, morreu imediatamente. Então, não vou aumentar a pena dele. O que aconteceu?
Alguém veio e socorreu a vítima. Ele não pôde porque alguém se antecipou a ele e socorreu. Eu também não vou poder aumentar a pena dele porque ele não vai brigar lá, sair no tapa, para poder só ele socorrer. Ou foi impossível porque queriam lixá-lo e aí ele teve que sair daquele lugar ali e não pôde, socorreu a vítima.
Eu posso ter hipóteses em que esse socorro não é possível. A ideia do legislador é que causou o dano, preste imediato socorro à vítima. E esses exemplos que eu dei, essas situações excepcionais que eu dei, também vão se aplicar quando ele tentar diminuir as consequências do ato. Aí vamos lá para a Lei nº 9.503.
que é o Código de Trânsito. E eu vou lá para o artigo 302, que é onde eu tenho... 302, dos crimes em espécie. E aí eu tenho homicídio no 302.
Eu queria fazer uma comparação com vocês. O 302 é o homicídio do Código de Trânsito. E o 301 do Código de Trânsito vai estabelecer o seguinte, ao condutor de veículo, nos casos de acidente de trânsito, de que resulte vítima, não se imporá prisão em flagrante, nem se dá fiança, se prestar pronto integral socorro à vítima. Aqui ó.
O que ele está querendo? Causou acidente de trânsito, socorre a vítima, preste socorro imediato. E se prestou socorro imediato, significa dizer que não vai se impor prisão em flagrante, nem vai se exigir fiança. A contrário do censo, se não prestou socorro, as consequências serão exatamente inversas.
E o 304? Deixar o condutor do veículo no caso de acidente, de prestar imediato socorro à vítima. O que que ele tá dizendo aqui? Perdão, primeiro, no 301.
301 tá antes, no 302, que trata o domicílio que o pôs no trânsito. Ou seja, 301 nãotraz uma regra de direito material propriamente dito, mas traz uma regra de direito processual. Ele vai dizer o seguinte, olha, isso ocorreu, não pode ter fusão em flagrante e não se habita sequer fiança, então é processual. Só que o que ele fez?
Quem não presta socorro imediato, ele transformou num crime autônomo, que é o 304. Nós vimos lá no homicídio culposo, lá do Código Penal, que não prestar o socorro, não diminuir as consequências era uma causa de aumento. No Código de Trânsito o legislador transformou isso num crime autônomo. Então o que eu tenho em 304?
Deixar o condutor do veículo, na ocasião do acidente, de prestar imediato socorro à vítima, ou não podendo fazê-lo diretamente por justa causa. Deixar de solicitar auxílio da autoridade pública. Detenção de seis meses a um ano, ou multa, se o fato não constitui elementar de crime mais grave. Então, ele transformou isso no crime autônomo.
Agora, o curioso é o parágrafo único. Incide nas tenas previstas neste artigo o condutor do veículo, ainda que a sua missão seja sufrida por terceiro ou que se trate de vítima com morte instantânea ou com ferimentos leves. Ou seja, é o que eu falei para vocês na causa de aumento do domicílio. Qual é a ideia?
Que seja reparado o dano. Mas se terceiro repara, atendeu o que o viajador quer. Então eu não posso aumentar a pena. Porque alguém foi lá, eu não vou chegar.
Não, opa, cheguei primeiro, fui eu que causei, só eu que posso fazer isso. O que está aqui no Código de Trânsito é isso. Aqui no Código de Trânsito está dizendo, e como falei também, se a vítima morreu, que socorro eu vou prestar? O que é que diz o parágrafo único?
Incide nas penas previstas neste artigo contra todo veículo, ainda que a sua omissão seja tulpida para o terceiro. Ou se trate de vítima com morte instantânea ou com ferimento leve. Como é que eu vou socorrer uma vítima com morte instantânea? Mas essa foi a opção do legislador no parágrafo único do artigo 304.
Então, para você que fez a pergunta, tem que tomar muito cuidado com esse Código de Trânsito aí. Mas, se esse homicídio corposo acontece em acidente de trânsito, vamos lá para a Lei nº 9.503 do Código de Trânsito Brasileiro. Vamos sair do Código Penal. O Código Penal vai comportar todas as hipóteses de homicídio corposo, desde que não seja no trânsito.
Então, se a última vez que eu subir aqui no terceiro, vai... Vai continuar o acontecer no 304, pelo que está aqui na redação 304. Óbvio que isso vai sofrer uma mitigação e os viciais vão estar fazendo uma mitigação, porque isso não faz nenhum sentido. Porque a ideia do legislador aqui é incentivar que o socorro, não sei o quê...
Ele tá preocupado com a vítima, mas eu não tô preocupado com a vítima. Então eu tô preocupado com a vítima porque ele transformou isso no crime autônomo. Não prestou socorro, você vai responder pelo crime. Vai ver se a vítima é salva.
Mas a vítima morreu. Não tem como mais socorrer. Ainda que morra, você tem que prestar o socorro. Ou o terceiro socorreu, se o propósito era esse e foi antes de mim, não deu.
Aí diz não, você tem que socorrer. Óbvio que isso já sofreu há um tempo a mitigação. Há outras interpretações também que tentam amenizar, porque o legislador aqui não foi muito feliz. Então, vamos ficar por aqui hoje, que já é nossa hora.
Sexta-feira, acaba de volta. Caso do...

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