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eSocial: Desafios e Mudanças

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eSocial, um desafio ao que 
conhecemos hoje 
PAULO PEREIRA 
 
Já há algum tempo que os empresários, administradores e profissionais 
da contabilidade vêm acompanhando especulações acerca de um dos 
projeto do SPED, o eSocial, que surge como a promessa de ser o 
divisor de águas nas rotinas de departamento de pessoal e na forma de 
arrecadação de tributos pelo Leão. 
Mas, o que de fato mudará na forma como conhecemos e entendemos 
todos os já traçados roteiros de um departamento tido como “não muito 
importante” por inúmeras empresas nos dias de hoje? E, o mais 
importante, do que realmente falamos? O que é o eSocial? 
O QUE É O ESOCIAL E DATA PARA IMPLANTAÇÃO 
O Sistema de Escrituração Digital das Obrigações Fiscais, 
Previdenciárias e Trabalhistas (eSocial) foi criado pelo Decreto nº 
8373/2014 . Por meio desse sistema, os empregadores passarão a 
comunicar ao Fisco, de forma unificada, as informações relativas aos 
trabalhadores, como vínculos, contribuições previdenciárias, folha de 
pagamento, comunicações de acidente de trabalho, aviso prévio, 
escriturações fiscais e informações sobre o FGTS. 
Recentemente, foi divulgada a Circular Caixa nº 761, de 12 de abril de 
2017, que fixou as datas de obrigatoriedade para utilização do sistema, 
conforme disposto abaixo: 
 Em 1º de Janeiro de 2018 para o empregador com faturamento 
no ano de 2016 acima de R$ 78.000.000,00 (setenta e oito 
milhões reais), exceto para os eventos relativos a saúde e 
segurança do trabalhador (SST) que serão obrigatórios após os 6 
(seis) primeiros meses do início da obrigatoriedade. 
 Em 1º de Julho de 2018 para os demais empregadores, exceto 
para os eventos relativos à saúde e segurança do trabalhador 
(SST) que serão obrigatórios após os 6 (seis) primeiros meses do 
início da obrigatoriedade. 
É importante mencionar, no entanto, que o tratamento diferenciado, 
simplificado e favorecido a ser dispensado às microempresas e 
empresas de pequeno porte, ao Micro Empreendedor Individual (MEI) 
com empregado, ao segurado especial e ao pequeno produtor rural 
pessoa física será definido em atos específico, observados os prazos 
previstos neste item 1.2 
A Circular da Caixa também informou que até 1º de Julho de 2017 será 
disponibilizado aos empregadores ambiente de produção restrito com 
vistas ao aperfeiçoamento do sistema. 
NOVA PERSPECTIVA 
Enquanto as datas de início não chegam, esperamos ansiosos por algo 
que ainda é consideravelmente desconhecido, pois as informações de 
hoje não satisfazem totalmente à necessidade que o mundo 
empresarial tem para colocar em prática novos procedimentos e alterar 
aqueles existentes. As mudanças são drásticas, mão-de-obra 
qualificada, talvez, pouca. Tudo isso contribui para um ambiente de 
incertezas, tal como o que vivem os empresários preocupados em 
adequarem-se ao que estabelece o Fisco. 
Sem sombras de dúvidas, a principal mudança provocada por esta nova 
forma de enxergar a folha de pagamento será a própria percepção das 
empresas em relação ao departamento responsável por gerá-las. Será 
necessário mais investimento, tanto em recursos tecnológicos, como na 
reciclagem profissional ou contratação de mão-de-obra especializada 
visando atender e cumprir, rigorosamente demandas e prazos 
estabelecidos. O que, conforme já divulgado, não serão poucas. 
Alguma empresa, por entenderem a urgência da demanda, já iniciaram 
bem antes o processo de adequação. 
EXTINÇÃO DE OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS 
GFIP, RAIS, CAGED e algumas outras siglas que são extremamente 
presentes na realidade que vivemos hoje, serão extintas logo mais com 
a chegada do eSocial. Acontece que estes documentos deixarão de 
existir, embora as informações que por eles são transmitidas ao Fisco, 
continuarão sendo enviadas. Apenas de outra forma. 
Haverá uma unificação das bases de dados dos Órgãos envolvidos no 
projeto, por este motivo, o contribuinte será obrigado a enviar uma única 
vez determinada informação que será armazenada num banco de 
dados compartilhado pela Receita Federal, Ministério do Trabalho, 
Ministério da Previdência Social, Instituto Nacional da Seguridade 
Social e Caixa Econômica Federal. 
COMO FUNCIONARÁ O ESOCIAL 
As informações tratadas pelo eSocial serão segregadas em quatro 
tipos: Eventos Iniciais, de tabelas, não periódicos e periódicos. O seu 
envio deverá respeitar uma sequência lógica e cronológica. Por lógica 
deverão ser enviados os eventos iniciais, como os dados básicos de 
sua classificação fiscal e de sua estrutura administrativa. 
Posteriormente, deverão ser enviados os eventos de tabelas que 
servirão para futuras validações das informações enviadas através dos 
eventos periódicos e não periódicos, como as rubricas da folha de 
pagamento, informações de processos administrativos e judiciais, 
lotações, relação de cargos. 
Os eventos não periódicos serão enviados conforme ocorrência 
respeitando os prazos estabelecidos pela legislação, como por 
exemplo, a admissão de um empregado, a alteração de salário, a 
exposição do trabalhador a agentes nocivos e o desligamento. 
Por fim, até o dia 7 do mês subsequente, as empresas deverão enviar 
os eventos periódicos, como por exemplo a folha de pagamento. 
ALGUMAS NOVIDADES TRAZIDAS PELO ESOCIAL 
Entre outras novidades trazidas pelo eSocial, podemos citar que: 
 as rubricas utilizadas pelas empresas no processamento das 
suas folhas de pagamento respeitarão uma estrutura 
preestabelecida pelo Fisco, uma vez que deverão ser vinculadas 
às nomenclaturas, disponibilizadas no leiaute do eSocial, que 
correspondem à sua natureza. 
 a sigla “CEI” (Cadastro Específico do INSS) será extinta e terá 
como substitutas as siglas CAEPF (Cadastro de Atividades da 
Pessoa Física) e CNO (Cadastro Nacional de Obras). O conceito 
não mudará, apenas o nome e também a forma da numeração no 
caso das pessoas físicas (CAEPF), que será um número 
complementar vinculado ao CPF. O mesmo ocorrer o número CEI 
que irá compor o número do CNO. 
CONCLUSÃO 
Agora, resta-nos esperar por 2018 para verificar se a aplicação de 
tantas novidades será acolhida com facilidade pelas empresas ou se 
isso resultará num ambiente conturbado por longo tempo. 
O que de fato é possível perceber com as informações disponibilizadas 
é que este novo procedimento dará um maior poder de fiscalização ao 
Governo e consequentemente forçará às empresas a manter um alto 
grau de retidão na execução das obrigações previdenciárias e 
trabalhistas.

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