Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
2016 Introdução a Economia Economia Página 1 DEFINIÇÕES E CONCEITOS DE ECONOMIA A expressão economia política teve aparição apenas no século XVII com a publicação, no ano de 1615, do Traité de l’Économie Politique, do mercantilista francês Antoine de Montchrétien (1575-1621). Essa complexa ciência que hoje se ocupa do desenvolvimento, da inflação de preços, do desemprego, do nível da renda social, das recessões e da plena utilização dos escassos recursos do sistema econômico, nesta época, porém, Economia era considerada como a ciência da administração da comunidade doméstica. O núcleo central das Ciências Econômicas, seu campo de ação e sua definição derivariam, então, da própria etimologia da palavra economia (do grego oikonomia, de oikos = casa, nomos = lei). Tratava-se, pois, de um ramo do conhecimento destinado a abranger apenas o campo comunal da atividade econômica, em suas mais simples funções de produção e distribuição. Como a teria definido Aristóteles, a Economia era "a ciência do abastecimento, que trata da arte da aquisição". Da Antiguidade à Renascença, as questões econômicas assumiram gradualmente maior importância, com o aparecimento de formas de organização mais complexas que as do primitivo regime de comunidades domésticas. Nesse período, foram abundantemente discutidos os sistemas da posse territorial, a servidão, a arrecadação tributária, a organização das corporações, a exploração pré-capitalista das fazendas e ainda as questões relacionadas à concessão de mercados, ao comércio inter-regional e a cunhagem e emprego de moedas. As dimensões da Economia só se alargariam no período pós-renascentista, quando o desenvolvimento dos novos Estados nações da França, Alemanha, Inglaterra, Espanha e Portugal e, particularmente, a descoberta da América impuseram a necessidade de a “Análise Econômica” se desligar das questões puramente éticas, às quais se mantivera ligada como que por um cordão umbilical e pelas quais se deixara eclipsar durante longos séculos. Nesse novo período, os escritores mercantilistas desenvolveriam diversos estudos sobre a administração dos bens e rendas do Estado, ampliando-se então, de forma extraordinária, o campo de ação da Economia. Economia Página 2 Nessa nova fase, devido ao alargamento das dimensões do mundo econômico e à consolidação da figura política do Estado Nação, a Economia passaria então a ser considerada muito mais do que um simples ramo do conhecimento devotado à administração da comunidade doméstica. Suas funções e dimensões também se ampliaram. Na maior parte das obras dos escritores pós-renascentistas, a Economia seria definida como um ramo do conhecimento essencialmente voltado para a melhor administração do Estado, sob o objetivo central de promover o seu fortalecimento. Definições Clássicas Esse grande salto, porém, não seria definitivo, pois só no século XVIII é que a Economia iria desenvolver-se e ingressar em sua fase científica. Naquele século, considerado como a Idade da Razão ou a Época do Iluminismo, os pensadores econômicos procurariam reformular os princípios fundamentais da Economia. Duas importantes obras foram publicadas, em 1758 e 1776: Tableau Économique de François Quesnay, e An lnquiry into the Nature and Causes of the Wedth of Nations, de ADAM Smith. A partir das obras desses dois autores — fundadores de duas importantes escolas econômicas na França e na Inglaterra —, os pensadores econômicos iriam dedicar-se à descoberta e análise dos princípios, das teorias e das leis que pudessem ser estabelecidas em cada um dos três grandes compartimentos da atividade econômica: formação, distribuição e consumo das riquezas. Esses três compartimentos formariam as bases de uma nova trilogia teórica, sobre a qual, a partir de então, se baseariam as definições clássicas da Economia. Basearam- se nela as definições do pastor Malthus, do financista John Law, do político Stuart Mill, do médico-economista François Quesnay, do banqueiro Richard Cantillon, do negociante David Ricardo e do teórico Jean Baptiste Say. Este último, considerado como um dos mais notáveis discípulos do classicismo na França, assim definia a Economia, em seu Traité d’Économie Politique, publicado em 1803: A Economia Política torna conhecida a natureza da riqueza; desse conhecimento de sua natureza deduz os meios de sua formarão, revela a ordem de sua distribuição e examina os fenômenos envolvidos em sua destruição, praticada através do consumo. Economia Página 3 As definições clássicas da Economia fundamentavam-se, assim, nos três compartimentos básicos da atividade econômica. Da formação ao consumo das riquezas, passando pela sua distribuição, toda a atividade econômica haveria de ser cuidadosamente classificada, investigada e submetida a um coerente e completo conjunto de princípios, teorias e leis. Esta nova concepção indicaria que as Ciências Econômicas se haviam definitivamente libertado dos padrões pós-renascentistas, não se subjugando apenas ao atendimento dos objetivos políticos do Estado. A partir das aberturas liberais desenvolvidas no século XVIII, cuidaria a Economia de penetrar em cada um dos aspectos da atividade econômica livre, investigando os fatores envolvidos no processo de formação das riquezas, examinando os aspectos relacionados à sua distribuição e chegando, afinal, a considerar a etapa última do consumo. Sob tais perspectivas é que as Ciências Econômicas iriam experimentar um extraordinário desenvolvimento, como um ramo do conhecimento, voltado para a percepção e a análise, em seu todo, das questões relacionadas à riqueza. A Abordagem Socialista No século XIX, à concepção clássica da economia somou-se a abordagem socialista, de inspiração marxista. O binômio produção-distribuição (entendendo-se distribuição no sentido de processo repartitivo ou, mais simplesmente, como repartição) foi a base a partir da qual a perspectiva socialista construiu sua concepção sobre a matéria de que se ocupa a economia. Os pontos básicos dessa perspectiva foram assim destacados por LANGE: O homem, vivendo em uma sociedade que se encontra em certo nível de desenvolvimento histórico, sente necessidades de naturezas diversas. Uma parte destas é de caráter biológico, sendo sua satisfação indispensável à vida; outra parte é consequência da vida em comum na sociedade e produto de um conjunto de condições determinadas pelo estágio cultural alcançado. Mesmo as necessidades biológicas se revestem de um caráter e de uma forma que são Economia Página 4 função da cultura da sociedade. As necessidades dos homens, embora primitivamente originadas das biológicas, são por conseguinte um produto da vida social e em comum. Dependem, assim, do grau de desenvolvimento da sociedade humana. Para satisfazer as necessidades humanas, é indispensável a produção ou usufruto de bens que o homem extrai da natureza, transformando-os, modificando seus caracteres, deslocando-os no espaço e estocando-os. A atividade humana que consiste em adaptar os recursos e as forças da natureza com a finalidade de satisfazeràs necessidades humanas é designada pelo termo produção. Trata-se de uma atividade consciente e intencional, fundamentada no trabalho. Das conexões entre a produção e o trabalho se extraem os elementos vitais do processo econômico. A produção é um ato social, que envolve divisão do trabalho. O trabalho de um homem é apenas uma parte do trabalho combinado e associado de todos os membros da sociedade. É uma parte do trabalho social, cujo produto é representado pelos bens que servem, direta ou indiretamente, para satisfazer as necessidades humanas, manifestadas de formas diferentes em diferentes sociedades. A realização completa desse processo social inclui, por fim, a distribuição ou repartição do produto social do trabalho. A repartição reveste-se também de um caráter social. É por sua natureza, um ato social, que assume diferentes formas, de acordo com os graus de desenvolvimento da sociedade. Há vínculos, que se cristalizam historicamente, entre os modos de produção e a maneira como se opera a distribuição do esforço social de produção. Em sua Introdução à critica da economia política, Marx acentuou que "as relações e os modos de distribuição aparecem simplesmente como o anverso da produção. A estrutura da distribuição é determinada pela estrutura da produção". Conclusivamente: enquanto as relações de produção dependem do nível histórico das forças produtivas, isto é, da atuação social do homem no trato com a natureza, as relações de distribuição dependem das relações de produção. A maneira como se opera a distribuição dos produtos na sociedade determinada pela maneira como os homens participam do processo de produção. Economia Página 5 O estudo das leis sociais que regulam a produção e a distribuição dos meios materiais destinados a satisfazer as necessidades humanas resume o campo de que se ocupa a economia. A Síntese Neoclássica As definições clássicas e a perspectiva socialista centraram-se em: produção – distribuição – consumo. As diferenças essenciais entre ambas resultaram da ênfase dada a cada um desses termos e, principalmente, ao entendimento dos processos sociais que conduzem à sua articulação. Já na transição dos séculos XIX-XX, uma nova linha conceitual seria proposta por Alfred Marshall, ilustre professor de Economia em Cambridge, responsável pela chamada síntese neoclássica. Em seu livro Principies of Economics, editado em 1890, Marshall centrou sua atenção na constatação de que o processo econômico visa atender às aspirações humanas e à satisfação de suas necessidades materiais. Deslocou, assim, para conceitos mais abrangentes, como os de riqueza e bem-estar social, as questões cruciais da economia. Os pontos fundamentais dessa abordagem são: As necessidades e os desejos humanos são inúmeros e de várias espécies. Apenas em estágios primitivos de civilização são suscetíveis de serem satisfeitos. Na verdade, o homem não civilizado não tem mais necessidades do que o animal, mas à medida que vai progredindo, elas aumentam e diversificam- se, ao mesmo tempo em que surgem métodos capazes de satisfazê-las. As mudanças nos estágios culturais das sociedades organizadas implicam maior quantidade e diversidade de utilidades. A economia examina a ação individual e social, em seus aspectos mais estritamente ligados à obtenção e ao uso dos elementos materiais do bem-estar. Assim, de um lado, é um estudo da riqueza; e, de outro, e mais importante, uma parte do estudo do homem. A economia é o estudo dos homens tal como vivem, agem e pensam nos assuntos ordinários da vida. Mas diz respeito, principalmente, aos motivos que afetam, de modo intenso e constante, a condução do homem no trato com as Economia Página 6 questões que interferem em sua riqueza e nas condições materiais do seu bem- estar. Cabe observar que a síntese de Marshall não se limitou à descrição e análise dos processos econômicos relacionados à riqueza e ao bem-estar. Foi além, ao discutir aspectos éticos ligados à conduta humana e às formas de organização da sociedade que poderiam ampliar ou diminuir, em função do processo distributivo, o número dos que têm de fato acesso às condições materiais possíveis de serem alcançadas em dado estágio cultural. Traços da organização social, como a liberdade de empreendimento e a concorrência, foram analisados sob a óptica de sua influência na geração e difusão do bem-estar social. Daí foram derivadas algumas de suas mais contundentes observações sobre o caráter social da economia. Entre as mais citadas, destacam--se: "Em um mundo no qual todos os homens fossem perfeitamente virtuosos, todos pensariam só nos seus deveres e nenhum desejaria ter uma cota de conforto maior do que a de seus vizinhos. Os mais fortes facilmente suportariam o fardo mais pesado e admitiriam que seus vizinhos mais fracos, embora produzindo menos, elevassem o seu consumo. Felizes nessa maneira de pensar, eles trabalhariam para o bem geral com toda a energia, espírito inventivo e iniciativa que tivessem. Mas a história em geral, e especialmente a das aventuras socialistas, mostra que os homens comuns raramente são capazes de um ideal altruísta por tempo considerável. Mas, em contrapartida, tem uma capacidade de serviço desinteressado muito maior do que a que demonstram. E a concorrência, por seu lado, não registra apenas efeitos perniciosos; a sua proscrição poderia ser mais antissocial do que ela própria. Constitui, assim, o fim último da Economia descobrir como se pode combinar o latente ativo social das virtudes humanas com as forças da concorrência para a promoção do bem-- estar social." A Perspectiva de Robbins Aparentemente menos influenciada por sistemas ideológicos, uma tentativa mais recente (e também mais atraente) de caracterizar os fatos econômicos e de então identificar em que consiste o aspecto propriamente econômico da conduta humana, foi empreendida na primeira metade dos anos 30, por Leonel Robbins, no ensaio An Essay of Nature and Significance of Econoinic Science. Economia Página 7 A sistematização de Robbins não partiu, como todas as que a antecederam, do polimônio: produção – distribuição – dispêndio - acumulação. Os pontos fundamentais em que se fixou foram os seguintes: Independentemente de sua classificação como econômicos ou não-econômicos, são múltiplos os fins que a atividade humana procura alcançar. Além de múltiplos, os fins possíveis, almejados pelo homem, têm importância diversa e podem ser classificados por ordem de prioridade, embora esta varie no tempo e no espaço e, respeitada a individualidade de cada um, possa também variar de indivíduo para indivíduo. Os meios para alcançar a multiplicidade dos fins possíveis são limitados. Os meios têm usos alternativos e, por isso mesmo, podem ser mobilizados para os mais diversos fins. Para Robbins, nenhuma dessas quatro condições, isoladamente considerada, é suficiente para caracterizar o fato econômico. Este é caracterizado por um importante elemento, que estabelece os elos de ligação entre as quatro condições vistas como um todo. Este elo é a capacidade humana de fazer escolhas, em face da multiplicidade de fins pretendidos e ainda da diversidade de meios para alcançá-los. Ademais,os atos de escolha também decorrem do fato de os recursos poderem ser mobilizados para diferentes fins, embora sejam escassos ou limitados. A primeira lição que se extrai dessa sistematização diz respeito à economicidade da ação humana. Esta decorre da inevitabilidade da escolha. Entre uma multiplicidade de opções sobre as ações que presumivelmente conduzirão à geração e acumulação das mais variadas categorias de riqueza e aos mais diversos estágios de prosperidade e bem-estar, o homem está agindo economicamente quando procede a uma escolha determinada. Seja qual for esta escolha, ela conduzirá: 1. Ao alcance do fim proposto, total ou parcialmente, sob diferentes graus de eficiência. A isto, damos a denominação genérica de benefício. 2. À utilização de meios disponíveis, também sob diferentes graus de eficiência. A isto, damos a denominação genérica de custo. Economia Página 8 3. À determinação de como se utilizarão os meios disponíveis na consecução do fim proposto. Aos mecanismos e critérios que envolvem a destinação dos meios utilizados dá-se a denominação genérica de alocação. 4. À não-consecução de outros fins. A escolha de determinado fim e a consequente utilização de meios escassos implica necessariamente a redução da capacidade efetiva da sociedade para obter outros benefícios. A esta quarta decorrência do processo de escolha dá-se a denominação de custo de oportunidade. Quaisquer escolhas feitas por indivíduos, empresas, governos ou outros agentes econômicos quanto à alocação de recursos implicam, portanto, uma relação entre custos (os meios empregados) e benefícios (os fins alcançados), bem como a ocorrência de custos de oportunidade (outros fins que, com os mesmos recursos, poderiam ter sido alcançados). A sistematização de Robbins se encontra esquematizada na Figura abaixo: Economia Página 9 Desta sistematização pode-se então, com algum rigor conceitual, esclarecer de que se ocupa a economia. Economia Página 10 Desde que o fato econômico se manifeste através de atos de escolha entre fins e meios, a economia pode ser vista como um ramo das ciências sociais que se ocupa da administração eficiente dos escassos recursos existentes, empregados na consecução dos fins que tenham sido estabelecidos pela sociedade — quer seja através de descentralizado processo decisório, quer seja através de um poder central. Ou, como Robbins a definiu, "a economia é, pois, a ciência que estuda as formas do comportamento humano resultantes da relação existente entre as ilimitadas necessidades a satisfazer e os recursos que, embora escassos, se prestam a usos alternativos". O posicionamento de Robbins foi historicamente reforçado pelo Grande Despertar dos povos subdesenvolvidos — vale dizer, pela conscientização dos contrastes entre a opulência e a miséria. Com isso, passaria a Economia a ser considerada, na mais simples das suas definições, como a ciência da escassez. Os teóricos contemporâneos sentiram, certamente mais do que em outras épocas, que o atendimento de quaisquer objetivos de bem-estar ou de universalização do desenvolvimento econômico dependeria, essencialmente, da melhor administração dos escassos recursos disponíveis. É essa a razão por que propuseram: A Economia é o estudo da organização social através da qual os homens satisfazem suas necessidades de bens e serviços escassos (Myron H. Umbreit, Egin F. Hunt e Charles V. Kinter). Assim, embora nem sempre seja fácil a demarcação das fronteiras que separam a Economia de outras disciplinas ou campos do conhecimento social, há atualmente concordância geral em relação ao seu conteúdo principal. Ao se ocupar das condições gerais do bem-estar, o estudo da Economia inclui a organização social que implica distribuição de recursos escassos entre necessidades humanas alternativas e uso desses recursos com a finalidade de satisfazê-las a um excelente nível. Economia Página 11 Conceitos de Economia de Autores Contemporâneos Paul A. Samuelson: A Economia é a ciência que se preocupa com o estudo das leis econômicas indicadoras do caminho que deve ser seguido para que seja mantida em nível elevado a produtividade, melhorado o padrão de vida das populações e empregados corretamente os recursos escassos. Raymond Barre: A Economia é a ciência voltada para a administração dos escassos recursos das sociedades humanas: ela estuda as formas assumidas pelo comportamento humano na disposição onerosa do mundo exterior em decorrência da tensão existente entre os desejos ilimitados e os meios limitados aos agentes da atividade econômica. Stonier e Hague: Não houvesse escassez nem necessidade de repartir os bens entre os homens, não existiriam tampouco sistemas econômicos nem Economia. A Economia é, fundamentalmente, o estudo da escassez e dos problemas dela decorrentes. Economia Página 12 Quadro abaixo sintetiza as três principais abordagens consideradas: a neoclássica, a socialista e a de ROBBINS. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA ECONOMIA NO BRASIL A economia brasileira viveu vários ciclos ao longo da História do Brasil. Em cada ciclo, um setor foi privilegiado em detrimento de outros, e provocou sucessivas mudanças sociais, populacionais, políticas e culturais dentro da sociedade brasileira. O primeiro ciclo econômico do Brasil foi a extração do pau-brasil, madeira avermelhada utilizada na tinturaria de tecidos na Europa, e abundante em grande parte do litoral brasileiro na época do descobrimento (do Rio de Janeiro ao Rio Grande do Norte). Os portugueses instalaram feitorias e sesmarias e contratavam o trabalho de índios para o corte e carregamento da madeira por meio de um sistema de trocas conhecido como escambo. Além do pau-brasil, outras atividades de modelo extrativista predominaram nessa época, como a coleta de drogas do sertão na Amazônia. Economia Página 13 O segundo ciclo econômico brasileiro foi o plantio de cana-de-açúcar, utilizada na Europa para a manufatura de açúcar em substituição à beterraba. O processo era centrado em torno do engenho, composto por uma moenda de tração animal. O plantio de cana adotou o latifúndio como estrutura fundiária e a monocultura como método agrícola. A agricultura da cana introduziu a modo de produção escravista, baseado na importação e escravização de africanos. Esta atividade gerou todo um setor paralelo chamado de tráfico negreiro. A pecuária extensiva ajudou a expandir a ocupação do Brasil pelos portugueses, levando o povoamento do litoral para o interior. Durante todo o século XVII, expedições chamadas entradas e bandeiras vasculharam o interior do território em busca de metais valiosos (ouro, prata, cobre) e pedras preciosas (diamantes, esmeraldas). Afinal, já no início do século XVIII (entre 1709e 1720) estas foram achadas no interior da Capitania de São Paulo (Planalto Central e Montanhas Alterosas), nas áreas que depois foram desmembradas como Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, dando início ao ciclo do ouro. Outra importante atividade impulsionada pela mineração foi o comércio interno entre as diferentes vilas e cidades da colônia, através dos tropeiros. O café foi o produto que impulsionou a economia brasileira desde o início do século XIX até a década de 1930. Concentrado a princípio no Vale do Paraíba (entre Rio de Janeiro e São Paulo) e depois nas zonas de terra roxa do interior de São Paulo e do Paraná, o grão foi o principal produto de exportação do país durante quase 100 anos. Foi introduzida por Francisco de Melo Palheta ainda no século XVIII, a partir de sementes contrabandeadas da Guiana Francesa. Em meados do século XIX, foi descoberta que a seiva da seringueira, uma árvore nativa da Amazônia, servia para a fabricação de borracha, material que começava então a ser utilizado industrialmente na Europa e na América do Norte. Com isso, teve início o ciclo da borracha no Amazonas (então Província do Rio Negro) e na região que viria a ser o Acre brasileiro (então parte da Bolívia e do Peru). O chamado desenvolvimentismo (ou nacional-desenvolvimentismo) foi a corrente econômica que prevaleceu nos anos 1950, do segundo governo de Getúlio Vargas até o Regime Militar, com especial ênfase na gestão de Juscelino Kubitschek. Economia Página 14 Valendo-se de políticas econômicas desenvolvimentista desde a Era Vargas, na década de 1930, o Brasil desenvolveu grande parte de sua infraestrutura em pouco tempo e alcançou elevadas taxas de crescimento econômico. Todavia, o governo muitas vezes manteve suas contas em desequilíbrio, multiplicando a dívida externa e desencadeando uma grande onda inflacionária. O modelo de transporte adotado foi o rodoviário, em detrimento de todos os demais (ferroviário, hidroviário, naval, aéreo). Desde a década de 1970, o novo produto que impulsionou a economia de exportação foi a soja, introduzida a partir de sementes trazidas da Ásia e dos Estados Unidos. O modelo adotado para o plantio de soja foi a monocultura extensiva e mecanizada, provocando desemprego no campo e alta lucratividade para um novo setor chamado de "agronegócio". O crescimento da cultura da soja se deu às custas da "expansão da fronteira agrícola" na direção da Amazônia, o que por sua vez vem provocando desmatamentos em larga escala. A crise da agricultura familiar e o desalojamento em massa de lavradores e o surgimento dos movimentos de sem-terra (MST, Via Campesina). Entre 1969 e 1973, o Brasil viveu o chamado Milagre Econômico, quando um crescimento acelerado da indústria gerou empregos não-qualificados e ampliou a concentração de renda. Em paralelo, na política, o regime militar endureceu e a repressão à oposição (tanto institucional quanto revolucionária/subversiva) viveu o seu auge. A industrialização, no entanto, continuou concentrada no eixo Rio de Janeiro-São Paulo e atraiu para esta região uma imigração em massa das regiões mais pobres do país, principalmente o Nordeste. Da Crise do Petróleo até o início dos anos 1990, o Brasil viveu um período prolongado de instabilidade monetária e de recessão, com altíssimos índices de inflação (hiperinflação) combinados com arrocho salarial, crescimento da dívida externa e crescimento pífio. Já na década de 80, o governo brasileiro desenvolveu vários planos econômicos que visavam o controle da inflação, sem nenhum sucesso. O resultado foi o não pagamento de dívidas com credores internacionais (moratória), o que resultou em graves problemas econômicos que perdurariam por anos. Não foi por acaso que os anos 80, na economia brasileira, ganharam o apelido de "década perdida". Economia Página 15 No governo Itamar Franco o cenário começa a mudar. Com um plano que ganhou o nome de Plano Real a economia começa a se recuperar. Pelas mãos do então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, que eleger-se-ia presidente nas eleições seguintes por causa disso, alija o crescimento econômico do país em nome do fortalecimento das instituições nacionais com o propósito de controlar a inflação e atrair investidores internacionais. Reconhecendo os ganhos dessa estratégia, o governo do presidente Lula, que tanto o havia criticado quando na oposição, manteve suas linhas gerais, adaptando apenas alguns conceitos ao raciocínio esquerdistas. A Economia Brasileira A economia brasileira, desde o abandono do II PND --II Plano Nacional de Desenvolvimento-- em 1976, está 'em ponto de bala'. Faz parte de um reduzido grupo de economias, de países como a China e a Índia, que, recém-saídos do estágio de desenvolvimento extensivo, mesmo num contexto de recessão e crise da economia mundial, tem um potencial de crescimento médio em torno de 5% ao ano, durante um período prolongado, da ordem de 10 a 20 anos. As implicações concretas de tal crescimento são difíceis de se imaginar. Mas pode-se fazer uma ideia lembrando-se que nesse período o PIB per capita quase duplicaria na primeira década, para US$ 9000 e triplicaria até ao final da segunda década alcançando da ordem de US$ 15 000. Os efeitos para as camadas de população de baixa renda seriam ainda mais contundentes, dado que tal desenvolvimento implicaria necessariamente em uma concentração de renda menor, vale dizer, em alguma medida de redistribuição de renda, a permitir a necessária elevação do nível de reprodução da força de trabalho, assim como o escoamento dos bens de consumo. Assim, se o Brasil não toma esse caminho do crescimento/ desenvolvimento, é porque algo o impede. Tal impedimento, ou bem é imposta por forças externas ao país, ou pelo contrário, origina-se na própria formação social brasileira. Aqui se propõe que as razões da perpetuação do não-desenvolvimento são internas e inerentes à sociedade brasileira. Que nessa se dá um processo de reprodução Economia Página 16 autônoma da formação social de origem colonial, a sociedade de elite. A base de sustentação dessa sociedade é a manutenção, como nos tempos coloniais, da expatriação de uma porção do excedente produzido por ela, e que de fato essa expatriação é o próprio princípio e força motriz da organização da produção e da sociedade, em um processo que podemos chamar de acumulação entravada (Deák, 1991) ou simplesmente, desenvolvimento entravado. Entre os principais meios de manutenção dos entraves ao desenvolvimento estão: 1. Sistema financeiro: ausência de crédito e juros altos 2. Fragmentação deliberada e precariedade crônica das infraestruturas espaciais ou da produção. 3. A produção nacional necessária pela restrição da balança de pagamentos será restrita aos bens de consumo. O progresso técnico, que se dá nos ramos de máquinas, fica assim eliminado mesmo com o aumento do volume de produção. 4. Se alguns 'setores-chave' são ainda assim necessários para o apoio da produção de bens de consumo, estes, serão delegados ao Estado ou ao capital estrangeiro, impedindo, em ambos os casos, o desenvolvimento de forças sociais internas com interesses vinculados ao desenvolvimento e notadamente, a transformação da elite em burguesia.5. Os meios de reprodução dos entraves serão apresentados como sendo resultado de atraso ou de dominação --qualquer força externa contra a qual seria impensável a sociedade brasileira se rebelar, formando a ideologia do subdesenvolvimento, dependência ou globalização. Considerando-se o crescimento do produto, a melhoria das condições médias de vida e a alteração da estrutura produtiva no sentido de se fornecer bens mais completos e com maior produtividade dos fatores de produção, podemos perceber que o Brasil se constituiu num dos exemplos mais bem-sucedidos de desenvolvimento econômico no período do pós-guerra, pelo menos até a década de 80. Economia Página 17 O país apresentou taxas médias de crescimento em torno de 7% a.a., com ampla transformação na base produtiva e nas condições de vida da população, a partir da passagem de uma economia agrário-exportadora para uma economia industrial, com o consequente aumento da urbanização. Estas transformações necessitaram de alterações no quadro institucional e nas formas de organização social. O período foi marcado por algumas descontinuidades e rupturas, podendo ser dividido em alguns sub períodos: O Processo de Substituição de Importações (PSI) - 1930/61 A crise do PSI e as reformas institucionais no PAEG - 1962/67 O crescimento com endividamento externo Milagre Econômico, 1968-1973 II Plano Nacional de Desenvolvimento (PND), 1974-79 A crise da década de oitenta: o processo de ajuste externo As políticas de combate a inflação da Nova República TEORIA MICROECONÔMICA A teoria econômica pode ser subdividida em dois ramos: micro e macroeconomia. A primeira se preocupa em estudar o comportamento econômico das unidades econômicas individuais, tais como consumidores, empresas e proprietários de recursos. Ela trata basicamente dos fluxos de bens e serviços das organizações para os consumidores, dos recursos produtivos (ou de serviços) de seus proprietários para as organizações, da composição desses fluxos e da formação dos preços dos seus componentes. MICROECONOMIA A Teoria Microeconômica não deve ser confundida com Economia de Empresas, pois tem enfoque distinto. A Microeconomia estuda o funcionamento da oferta e da demanda na formação do preço no mercado, isto é, o preço sendo obtido pela Economia Página 18 interação do conjunto de consumidores com o conjunto de empresas que fabricam um dado bem ou serviço. O estudo da demanda está situado na área de domínio da microeconomia. Portanto, antes de aprofundar seus conhecimentos sobre demanda, vamos ver o que é a microeconomia e quais seus objetivos. Nesse sentido, um dos objetivos básicos da teoria microeconômica é responder questões do tipo: . O que determina o preço dos tipos de bens e serviços? . O que determina a remuneração de um trabalhador? . O que determina o quanto de cada produto será produzido? . O que determina a maneira que um indivíduo gasta sua renda entre os mais diversos tipos de bens e serviços? A Microeconomia é considerada a base da moderna teoria econômica, estudando suas relações fundamentais. É definida como um problema de alocação de recursos escassos em relação a uma série possível de fins. Os desdobramentos lógicos desse problema levam ao estudo do comportamento econômico individual de consumidores e organizações, bem como a distribuição da produção e rendimento entre eles. “A MICROECONOMIA, ou TEORIA DOS PREÇOS, é a divisão da Ciência Econômica que analisa a formação de preços no mercado, ou seja, como a empresa e o consumidor interagem e decidem qual o preço e a quantidade de um determinado bem ou serviço EM MERCADOS ESPECÍFICOS” CONCEITO E TIPOS DE MERCADO Designa-se por mercado o processo pelo qual as pessoas (físicas ou jurídicas) procedem à troca de bens por uma unidade monetária ou por outros bens. Os mercados tendem a equilibrar-se pela lei da oferta e da procura. Os mercados funcionam ao agrupar muitos vendedores interessados em determinado bem ou serviço e ao facilitar que os compradores potenciais os encontrem. Uma Economia Página 19 economia que depende primariamente das interações entre compradores e vendedores para alocar recursos é conhecida como economia de mercado. Tipos de Mercado: 1-Concorrência Perfeita - Vários ofertantes e vários demandantes. É quando cada empresa supõe que o preço de mercado será independentemente do seu nível de produto, Portanto num mercado competitivo cada empresa tem que se preocupar apenas com a quantidade de produto que ela deseja produzir. Qualquer quantidade por ela produzida só pode ser vendida a um preço: o preço vigente no mercado. É a melhor estruturação de mercado, pois retira das mãos de ofertantes e demandantes a determinação dos preços. 2- Monopólio - Um único ofertante e vários demandantes, é a pior forma de estruturação mercadológica do ponto de vista da economia, pois os preços são manipulados de acordo com o ofertante. 3- Oligopólio - Poucos ofertantes e vários demandantes (ou Duopólio quando há apenas dois ofertantes, expressão quase não é utilizada), frequentemente a um bom número de competidores no mercado, mas não tantos para considerar cada um deles como tendo um efeito desprezível sobre os preços. Portanto também não é uma estruturação de mercado bem vista para os economistas. 4- Monopolisticamente competitivo – quando há muito vendedores oferecendo produtos ligeiramente diferentes. Um exemplo deste tipo de mercado é um software – programas diferem entre si e tem o seu próprio preço. Economia Página 20 LEI DA OFERTA E DA PROCURA A Lei da Oferta e da Procura (Demanda) busca estabilizar a procura e a oferta de um determinado bem ou serviço. Oferta é a quantidade do produto disponível em mercado, enquanto procura é o interesse existente em relação ao mesmo. A oferta depende do preço, da quantidade, da tecnologia utilizada na fabricação entre outras coisas relacionadas aos produtos e serviços. A procura é influenciada pela preferência do consumidor final, a compatibilidade entre preço e qualidade e a facilidade de compra do produto. O fator determinante para a procura de um determinado bem ou serviço deixou de ser o preço, pois o mesmo sofre alterações por causa de qualquer desequilíbrio entre a oferta e a procura. Dessa forma, pode-se dizer que o preço de algo é determinado pelo próprio consumidor, pois quando esses passam a buscar mais um produto qualquer, o produtor eleva o seu preço, fazendo com que o consumidor pague mais se deseja adquirir o mesmo. Em contrapartida, quando um produto não é mais procurado o produtor é estimulado a deixar de produzi-lo para que não tenha despesas em relação à oferta sem demanda. O preço de um bem ou serviço é fixado levando em consideração a relação entre a procura e a necessidade do consumidor final e, ainda, os custos gerados na fabricação e o tempo gasto em sua produção. Os fatores que influenciam o consumidor final a procurar um determinado produto são as necessidades em relação ao mesmo, o poder de compra, a concorrência, a qualidade, a satisfaçãodo cliente entre outros. CONCEITO DE DEMANDA INDIVIDUAL Pode-se dizer que a demanda (ou procura) de um indivíduo por um determinado bem (ou serviço) refere-se à quantidade do que ele deseja e está capacitado a comprar por uma unidade de tempo. A partir dessa definição, três elementos podem ser destacados: Economia Página 21 • A demanda é uma aspiração, um desejo e não a realização deste. Ela é um anseio de comprar (um bem, um serviço) e a realização dele se dá pela compra do bem desejado. Logo, não se pode confundir demanda (ou procura) com compra. • Para que haja demanda por um bem (ou serviço) é preciso que o indivíduo esteja capacitado a pagar por ele. Em outras palavras, é preciso que tenha renda que lhe permita participar do mercado desse bem. Na realidade, nem todo desejo do consumidor se manifesta no mercado sob a forma de demanda. O anseio de um consumidor comprar um bem somente influirá no preço de mercado desse bem se tal desejo puder ser traduzido em uma demanda monetária para o bem em questão. Assim, podemos afirmar que em economia, demanda significa desejo apoiado por dinheiro suficiente para comprar o bem desejado. Como exemplo, podemos citar as inúmeras pessoas que desejam comprar um carro importado, porém, com certeza, poucas têm posses para efetivamente adquirir este tipo de bem. • A demanda é um fluxo por unidade de tempo, ou seja, devemos expressar a procura por uma determinada quantidade em um certo período de tempo. Assim, se dissermos que João deseja adquirir 20 litros de leite e que essa é sua procura, estaremos incorrendo em erro, uma vez que não teremos especificado a unidade de tempo em que João deseja comprar os litros de leite (se por dia, semana, mês, ano, ou qualquer outra unidade de tempo). Para que a informação esteja válida é preciso que se diga que João deseja adquirir 20 litros de leite por mês (ou qualquer outra unidade de tempo) sendo esta, então, a sua procura de leite. ELEMENTOS QUE INFLUENCIAM A DEMANDA DO CONSUMIDOR Feitas estas observações, devemos identificar quais os elementos que influenciam a demanda do consumidor por um determinado bem ou serviço. Dentre os diversos fatores, os economistas costumam destacar os seguintes: o preço do bem, a renda do consumidor, o gosto e preferência do consumidor, e o preço dos bens relacionados. Não podemos negar que a quantidade demandada (procurada) de um bem é influenciada por seu preço. Normalmente é de se esperar que quanto maior for o valor de um bem, menor deverá ser a quantidade que o consumidor desejará adquirir desse Economia Página 22 bem; alternativamente, quanto menor for o preço, maior deverá ser a quantidade que o consumidor poderá obter desse bem. Quantas vezes você ficou só no anseio de comprar um bem, mas não pode ser classificado na demanda dele por não possuir recursos financeiros para adquiri-lo? Da mesma forma, pode-se esperar que para a maioria dos bens, uma elevação da renda do consumidor esteja associada a uma elevação das quantidades compradas. Essa é a regra geral, e os bens que têm essa particularidade são chamados bens normais. Os exemplos incluem a maioria dos alimentos, roupas, aparelhos de som ou domésticos, etc. É comum vermos uma pessoa ao receber aumento salarial pensar “agora vai sobrar um pouquinho para eu poder comprar mais roupas” ou algo similar. A demanda de um determinado bem ou serviço também depende dos hábitos e preferências do consumidor. Estes, por sua vez, dependem de uma série de circunstâncias tais como idade, sexo, tradições culturais, religião e até educação. Mudanças nesses hábitos e preferências podem provocar alterações na demanda desse bem. A moda esta ai para comprovar essa afirmação. Além disso, a demanda de um produto pode ser afetada pela variação no preço de outros bens. Isso ocorre em relação aos denominados bens complementares e bens substitutos. Bens complementares são aqueles que tendem a aumentar a satisfação do consumidor quando utilizados em conjunto. Neste caso, a elevação no preço de um deles produz uma redução na demanda de outro, e uma diminuição no preço gera um aumento na demanda do outro. É no caso, por exemplo, do pão e da manteiga. Assim, um aumento no preço do pão tende a reduzir a demanda de manteiga. Devemos observar que a complementaridade pode ser técnica, caso da caneta tinteiro e tinta, automóvel e gasolina, ou psicológica, tal como restaurante com música. Os bens substitutos (também denominados de concorrentes), por sua vez, são aqueles cujo consumo de um pode substituir de outro. Nesse caso haverá uma relação direta entre o preço de um e a demanda do outro bem. Em outras palavras, uma elevação do preço de um bem produzirá aumento na demanda do outro bem (e uma redução no preço de um provocará redução na demanda do outro). A manteiga e a Economia Página 23 margarina, ao que parece, enquadram-se nessa classificação. Assim, um aumento no preço da manteiga deverá elevar a demanda de margarina (e uma diminuição no preço da manteiga deverá diminuir a demanda de margarina). Outros exemplos de bens substitutos seriam leite em pó e leite fresco, carne de frango e carne bovina, etc. A DEMANDA E AS EXPECTATIVAS SOBRE PREÇOS, RENDAS OU DISPONIBILIDADE. As expectativas que as pessoas têm em relação ao futuro de seus rendimentos e em relação ao comportamento dos preços também exercem papel fundamental na demanda por bens e serviços. Assim, se um consumidor acredita que, no futuro, terá um aumento substancial em seus rendimentos, poderá estar disposto a gastar mais hoje do que uma pessoa que acredita que virá a ter um rendimento bem menor no futuro. Da mesma forma, se o consumidor acredita que os preços irão aumentar no futuro próximo, pode crescer a demanda corrente de bens estocáveis, prevenindo-se assim de eventual dilatação de preços. Crescimentos na demandas correntes por determinados bens e serviços também poderão ocorrer caso as pessoas acreditem que esses bens e serviços irão escassear no futuro (ou seja, que haverá menor disponibilidade desses bens no futuro). ESCALA DE DEMANDA INDIVIDUAL Imagine ser possível indagar a um consumidor qualquer, cujo salário mensal constitua sua renda, quantas garrafas de refrigerante ele está disposto a adquirir mensalmente ao preço de $ 7,00 por garrafa. Dados sua renda, gosto, etc., ele pode responder que a esse preço não está disposto a comprar nenhuma garrafa de refrigerante por mês, pois considera o valor do produto muito elevado. Se diminuirmos para $ 6,00 por garrafa e refizermos a pergunta, talvez, a um preço mais baixo, ele esteja disposto a adquirir alguma quantidade de refrigerante, quem sabe, no máximo, 5 garrafas por mês. Se abaixarmos ainda mais, para $ 5,00, e perguntarmos novamente ao consumidor quantas garrafas de refrigerante ele está disposto a comprar, talvez a esse preço ele esteja disposto a adquirir 10 garrafas de refrigerante por mês. Economia Página 24 A pergunta poderá ser repetida para outros preços, sendo que as respostas podem ser as seguintes: Esta tabela mostra a quantidade máxima de garrafas de refrigeranteque o consumidor está disposto a comprar a cada preço, ou seja, a escala de demanda. Uma escala de demanda nos mostra a relação existente entre as variáveis preço e quantidade e deve ser lida da seguinte maneira: ao preço de $ 6,00 por garrafa de refrigerante, a quantidade máxima que o consumidor está disposto a adquirir é de 5 garrafas por mês e assim por diante. Verificamos, então, que quando o preço diminui, a quantidade demandada de refrigerantes aumenta. Verificamos também que, quando o preço aumenta, a quantidade demandada de refrigerantes diminui. A CURVA DE DEMANDA INDIVIDUAL A relação preço – quantidade observada na escala de demanda poderá também ser mostrada graficamente. Economia Página 25 ELASTICIDADE DA DEMANDA INDIVIDUAL Resume-se a reação do consumidor perante variações nos fatores determinantes de suas compras (preço, renda e concorrência): Elasticidade é a alteração percentual em uma variável, dada uma variação percentual em outra. É sinônimo de sensibilidade, resposta, reação de uma variável, em face de mudanças em outras variáveis. A elasticidade-preço da demanda é a variação percentual na quantidade demandada, dada uma variação percentual do bem. Mede a sensibilidade, a resposta dos consumidores quando ocorre uma variação no preço de um bem ou serviço. De acordo com a elasticidade-preço demanda, pode ser classificada como elástica, inelástica ou de elasticidade-preço unitária. Economia Página 26 O valor numérico da elasticidade preço da demanda é formado pela disponibilidade dos bens substitutos, essencialidade do bem, importância relativa do bem no orçamento e o horizonte de tempo. Quanto mais substitutos são os bens, mais elástica é a demanda, pois, dado um aumento de preços, o consumidor tem mais opções para não consumir esse produto. Quanto mais essencial o bem, mais inelástica sua procura, não trazendo muitas opções para o consumidor fugir do aumento de preços. A importância relativa, ou peso do bem no orçamento é dada pela proporção de quanto o consumidor gasta no bem, em relação a sua despesa total. Quanto maior o peso no orçamento, maior a elasticidade-preço da procura. O consumidor é muito afetado por alterações no preço, quanto mais gasta com o produto. Dependendo do horizonte de tempo de análise, um intervalo de tempo maior permite que os consumidores de determinada mercadoria descubram mais formas de substituí-la, quando seu preço aumenta. Elasticidade-preço cruzada da demanda é a variação percentual da quantidade demandada do bem, dada uma variação percentual no preço de outro bem. A elasticidade-renda da demanda é a variação percentual da quantidade demandada, dada uma variação percentual da renda do consumidor. Ao lado da elasticidade-renda da demanda é o conceito mais difundido, sendo que a elasticidade-renda da demanda de produtos manufaturados é superior à elasticidade renda de produtos básicos, pois quanto mais elevada a renda, a tendência é aumentar mais o consumo de produtos manufaturados relativamente aos alimentos. A elasticidade-preço da oferta mede a variação percentual da quantidade ofertada, dada uma variação percentual no preço do bem. EQUILÍBRIO DE MERCADO O equilíbrio de mercado é uma situação de mercado em que o preço e a quantidade do bem desejada pela procura e pela oferta se igualam. O preço que se verifica numa situação de equilíbrio de mercado é tal que a quantidade procurada do bem é Economia Página 27 exatamente igual à quantidade oferecida desse mesmo bem. Diz-se, por isso que estamos perante uma quantidade e um preço de equilíbrio. O termo "equilíbrio" é utilizado porque numa situação como a descrita não existem quaisquer incentivos para aumentar o descer o preço desde que todas as restantes determinantes da oferta e todas as restantes determinantes da procura se mantenham constantes. Economia Página 28 CAPITALISMO OU ECONOMIA DE MERCADO Numa economia capitalista, os meios de produção pertencem a indivíduos ou a sociedades formadas por indivíduos, tais como as empresas. Os proprietários desses meios de produção utilizam-nos para produzir algo ou os emprestam, mediante alguma forma de compensação, àqueles que desejam utilizá-los para produzir algo. Os indivíduos ou associações de indivíduos que produzem utilizando recursos próprios ou capital que tomam por empréstimo são denominados empresários. Um exame superficial poderia nos levar a imaginar que são os empresários que decidem o que deve ser produzido e como deve ser produzido. Entretanto, como eles produzem não para satisfazer suas próprias necessidades, mas para atender a necessidades de terceiros, é preciso que seus produtos sejam vendidos, no mercado, aos consumidores, ou seja, para aqueles que desejam consumi- los. Assim sendo, o empresário só poderá ser bem-sucedido e realizar um lucro se for capaz de produzir melhor e mais barato, vale dizer, com um menor dispêndio de material e mão-de-obra, os antigos mais urgentemente desejados pelos consumidores. Portanto, são os consumidores e não os empresários que consumidor é o soberano. É ele que manda, e o empresário tem que se empenhar, no seu próprio interesse, em atender seus desejos da melhor maneira possível. A economia de mercado tem sido denominada democracia dos consumidores, por determinar através de uma votação diária quais são suas preferências. Tanto a contagem de votos numa eleição como os gastos efetuados no mercado são maneiras de abrir a preferência do público. São os consumidores que decidem, ao comprar ou se abster de comprar, se um empresário será bem-sucedido ou não. Enriquecem empresários pobres e empobrecem empresários ricos. Tomam os meios de produção daqueles empresários que não sabem como utilizá-los para melhor servir os consumidores e os transferem para aqueles que forem capazes de melhor utilizá-los. Na realidade, somente os empresários que produzem bens de consumo têm contato direto com os consumidores; são eles que recebem diretamente as ordens dos consumidores. Mas essas ordens seção logo transmitidas aos empresários que estão procurando vender no mercado os seus bens de produção. Economia Página 29 Os produtores de bens de consumo têm que adquirir, onde forem possíveis, pelo menor preço, os bens de produção que necessitam para atender aos desejos dos consumidores. Se não forem capazes de comprá-los pelos menores preços e utilizá-los de maneira eficiente, não serão capazes de oferecer aos consumidores o que eles desejam e pelo menor preço; outros empresários mais eficientes, que sabem comprar e produzir melhor, logo ocuparia seu espaço no mercado. O consumidor como comprador pode decidir com base no seu gosto e na sua fantasia. O empresário tem que decidir pensando sempre na melhor forma de atender ao desejo do consumidor. O empresário que assim não agir verá que o retorno do seu investimento está sendo afetado, causando-lhe prejuízos e, portanto, colocandoem risco a sua posição como empresário. Por ter que contar centavo, o empresário muitas vezes é acusado de insensibilidade. Mas são os consumidores que o obrigam a agir dessa forma, porque não estão dispostos a pagar por gastos desnecessários. O que o empresário faz no seu dia-a-dia para administrar sua empresa lhe está sendo determinado pelos consumidores que, pelo seu comportamento no mercado, indiretamente determinam os preços e os salários e, portanto, a distribuição de renda entre os membros da sociedade. São as escolhas dos consumidores que determinam quem poderá ser empresário e proprietário de meios de produção. A qualidade, a quantidade, o tipo de mercadoria a ser produzido e sua forma como o consumidor gasta seu dinheiro. Numa economia de mercado, os empresários não formam uma sociedade fechada. Qualquer indivíduo pode se tornar um empresário se for capaz de melhor antever a evolução do mercado, se conseguir inspirar confiança nos detentores de capital e se suas tentativas de agir por conta própria forem bem- sucedidas. Economia Página 30 Uma pessoa se torna um empresário, literalmente, abrindo seu próprio caminho e se expondo ao teste a que o mercado submete todo aquele que deseja ser ou permanecer empresário. Qualquer pessoa tem o privilégio de poder escolher se quer ou não se submeter a esse exame rigoroso. Não precisa ser convidado; precisa tomar a iniciativa e cuidar de saber onde e como poderá obter os meios necessários para exercer sua atividade empresarial. Há décadas vem sendo dito que na atual situação de "capitalismo tardio" já não é mais possível a uma pessoa egressa da classe pobre ascender a uma posição de empresário. Nunca conseguiram provar que isso fosse verdade. Desde que essa tese começou a ser enunciada, a composição da classe empresarial já mudou muito; um grande número de empresários, e seus herdeiros, já deixaram de sê-lo, e os mais destacados empresários dos nossos dias são, uma vez mais, pessoas que se fizeram por si mesmas (self-made-men). Essa permanente recomposição da elite empresarial é tão velha quanto à própria economia capitalista, e parte integrante da mesma. O que foi dito antes em relação aos empresários se aplica igualmente aos capitalistas. Um detentor de capital que não o empregue de maneira adequada (do ponto de vista do consumidor), isto é, de modo que os meios de produção sejam utilizados da maneira mais eficiente a serviço do consumidor, não conseguirá aumentar ou manter o seu capital. Se não quiser perder dinheiro, o capitalista tem que colocar seus recursos à disposição de empresas bem-sucedidas. Numa economia de mercado os capitalistas, assim como os empresários e os trabalhadores, servem os consumidores. Não parece ser necessário acrescentar que os consumidores não são apenas consumidores, e que a totalidade de consumidores é igual à totalidade de trabalhadores, empresários e capitalistas. Num mundo em que as condições econômicas permanecem absolutamente inalteradas, o que os empresários gastassem na aquisição de meios de produção, como salários, juros, aluguéis, lhes seria mais tarde devolvido por estar incluído no preço de seus produtos. Os custos de produção seriam, portanto, iguais aos preços dos produtos, e os empresários não teriam lucro nem prejuízo. Mas, na realidade, as condições econômicas mudam a todo instante e, por isso, a atividade produtora é essencialmente incerta e de caráter especulativo. Os bens são Economia Página 31 produzidos para atender a uma demanda futura, sobre a qual não podemos ter no presente uma certeza absoluta. É essa incerteza que dá origem aos lucros e perdas; Lucros e perdas empresariais dependem de sua capacidade de antecipar corretamente a demanda futura. O empresário bem-sucedido é aquele que consegue antever os futuros desejos dos consumidores, melhor do que os seus competidores. Para o empresário, na qualidade de vassalo do consumidor, é irrelevante se os desejos e necessidades dos consumidores decorrem de uma escolha racional ou emocional, moral ou imoral. O empresário(a) procura produzir o que o consumidor quer. Nesse sentido pode-se dizer que ele é amoral. Pode tanto fabricar bebidas e armas como alimentos e roupas. Não lhe cabe dizer ao seu soberano como se comportar. Se um empresário, por razões éticas, se recusar a fabricar uísque, outros o farão enquanto as pessoas estiverem dispostas a pagar um preço compensador por uma garrafa de uísque. Não é porque existem destilarias que as pessoas bebem uísque; é porque as pessoas bebem uísque que existem destilarias. Podemos deplorar essa realidade. Mas, precisamos compreender que o aprimoramento moral da humanidade não é uma função empresarial. E os empresários não devem ser considerados culpados se aqueles cujo dever específico consiste em aprimorar moralmente a sociedade não conseguiram cumprir a sua missão. Assim sendo, numa economia capitalista produção e consumo são determinados exclusivamente pelo funcionamento do mercado, que é o centro nervoso do sistema. É através do mercado que as ordens dos consumidores são transmitidas aos produtores, permitindo assim o funcionamento suave da economia. Os preços estabelecidos pelo mercado fazem com que a oferta e a demanda se equilibrem automaticamente. Quando, mantidas iguais as demais variáveis, aumenta a oferta de bens, os preços caem; quando, mantidas iguais as demais variáveis, a demanda aumenta, os preços sobem. Uma coisa mais deve ser acrescentada. O fato de que numa sociedade baseada na propriedade privada dos meios de produção alguns desses meios pertençam e sejam operados pelo estado não significa a existência de uma economia mista, que compatibilize o socialismo com a propriedade privada. Na medida em que apenas algumas empresas sejam estatais, permanecendo Economia Página 32 as demais privadas, as características da economia de mercado que determinam a atividade econômica não ficam gravemente prejudicadas. As empresas estatais, como compradoras de matéria-prima, bens semiacabados e mão-de-obra e como vendedoras de bens e serviços também têm que se adequar ao funcionamento da economia de mercado; também estão sujeitas às leis do mercado. Para não perder posição, precisam ter lucro ou, pelo menos, evitar perdas. Quando o governo tenta atenuar ou eliminar essa dependência cobrindo seus prejuízos com concessão de subsídios, está apenas transferindo o problema. Os recursos necessários para a concessão de subsídios precisam ser obtidos de alguma forma. Podem ser obtidos com a cobrança de impostos; essa carga tributária produzirá os seus efeitos no mercado; é o mercado, e não o departamento da receita que decide quem irá pagar os impostos e de que maneira a carga tributária irá afetar a produção e o consumo. Não há como escapar das inexoráveis leis do mercado. SISTEMA FINANCEIRO E MOEDA A moeda é à partida, um bem divisível ao qual determinada sociedade atribua a qualidade de instrumento geral de troca, isto é: de bem que possa ser trocado por quaisquer outros e de bens no qual quaisquer outros possam ser permutados. O sistema financeiro é o conjunto ordenado das entidades especializadas no tratamento do dinheiro. Teoria Monetária é o nome dado ao estudodo funcionamento do sistema monetário no ambiente econômico. O professor de economia Gregory Mankiw define moeda como “…o conjunto de ativos da economia que as pessoas usam regularmente para comprar bens e serviços de outras pessoas. Entende-se como sendo dois os tipos de moedas circulando na economia mundial como um todo. A saber: Moeda-mercadoria: é assim denominada aquela moeda que toma a forma de uma mercadoria com valor em si mesma. Não se apresenta como moeda, mas Economia Página 33 tem a faculdade de ser aceita pela sociedade como se tal fosse. O melhor exemplo de moeda-mercadoria é o ouro, mas, em determinados momentos, em situações particulares, temos outros tipos de moeda-mercadoria, como o cigarro nos campos de concentração ou nas prisões. Moeda de curso forçado: ao contrário da primeira modalidade, ela não possui valor em si próprio, sendo necessário um decreto governamental garantindo seu valor e assim sua consequente circulação. É importante frisar que em uma sociedade onde o governo careça de credibilidade ou uma sociedade com sérios problemas estruturais, terá dificuldade em aceitar tal modalidade de meio de troca. A noção de sistema financeiro, avançada, é material. O Estado intervém largamente para regular o sistema financeiro, dando azo a um corpo de normas: o direito bancário institucional fazendo-o, o Estado delimita o âmbito de aplicação das próprias normas, isto é, define, para efeitos jurídicos, o que entende por sistema financeiro. Tem-se, por essa via, o sistema financeiro formal, isto é, o conjunto ordenado das entidades que o Estado entende incluir nessa noção. Os dois sistemas tendem a coincidir: doutro modo, o Estado iria abdicar de regular entidades que, materialmente, se ocupam do dinheiro – hipótese dum sistema formal mais restrito do que material – ou iria tratar como financeiras entidades estranhas ao fenômeno subjacente, confundindo o mercado e prejudicando os operadores. Haverá, porém, sempre disfunções. O conceito de moeda pode ser entendido a partir das funções que ela desempenha: • Meio ou Instrumento de Troca – essa é a função mais importante que a moeda exerce. Desde os primórdios, as mais variadas formas de moeda vêm desempenhando esta função, mesmo quando as moedas eram as próprias mercadorias utilizadas no escambo. Nos dias de hoje, ao trabalharmos para uma empresa, estamos trocando nossa mão de obra por moeda, para podermos trocá-la por bens e serviços de nossa livre escolha. Economia Página 34 • Função de Medida de Valor – que é medir o valor dos diversos bens e serviços existentes em uma economia. Todos os bens e serviços de uma economia assumem a forma de preço, que é expresso em uma unidade monetária comum. • Função de Reserva de Valor – a moeda torna-se um elemento de entesouramento, de estoque de riqueza, quando é retirada de circulação. Como a moeda pode ser transformada em bens e serviços, a qualquer momento, ela pode ser definida como a representante universal da riqueza. • Função Padrão de Pagamento Diferido – Quando as operações de compra e venda de bens e serviços se fazem a crédito, a moeda intervém como meio de pagamento, ou seja, o produto é entregue ao comprador sem pagamento imediato, deixando expresso o valor do pagamento futuro. HISTÓRICO DA MOEDA NO BRASIL Real (plural: réis) - de 1500 a 8.out.1834 Mil-réis - de 8.out.1834 a 1.nov.1942 Conto de Réis (equivalente a um milhão de réis, ou 1.000 mil-réis) Cruzeiro - de 1.nov.1942 a 13.fev.1967 Cruzeiro novo - de 13.fev.1967 a 15.mai.1970 Cruzeiro - de 15.mai.1970 a 28.fev.1986 Cruzado - de 28.fev.1986 a 15.jan.1989 Cruzado novo - de 15.jan.1989 a 15.mar.1990 Cruzeiro - de 15.mar.1990 a 1.ago.1993 Cruzeiro real - de 1.ago.1993 a 1.jul.1994 Real (plural: reais) - de 1.jul.1994 até atualmente DETERMINAÇÃO DA TAXA DE CÂMBIO O QUE É TAXA DE CÂMBIO? Taxa de Câmbio é o preço de uma moeda estrangeira medido em unidades ou frações (centavos) da moeda nacional. No Brasil a moeda estrangeira mais negociada é o dólar americano, fazendo com que a cotação comumente utilizada seja a dessa moeda. Economia Página 35 Dessa forma, quando dizemos, por exemplo, que a taxa de câmbio é 2,00, significa que um dólar nos Estados Unidos custa R$ 2,00. A taxa de câmbio reflete, assim, o custo de uma moeda em relação à outra. As cotações apresentam taxas para compra e para a venda da moeda, as quais são referenciadas do ponto de vista do agente autorizado a operar no mercado de câmbio pelo Banco Central. Segundo o Banco Central do Brasil, chama-se mercado de câmbio o ambiente abstrato onde se realizam as operações de câmbio entre os agentes autorizados (bancos, corretoras, distribuidoras, agências de turismo e meios de hospedagem) e entre estes e seus clientes. No Brasil, o mercado de câmbio é dividido em dois segmentos, livre e flutuante, ambos regulamentados e fiscalizados pelo Banco Central. O mercado livre é também conhecido como "comercial" e o mercado flutuante, como "turismo". A taxa de câmbio divulgada pelo Banco Central é a média das taxas verificadas nesses dois mercados. INFLAÇÃO CONCEITO: Aumento contínuo e generalizado no nível geral dos preços, ou seja, os movimentos inflacionários são dinâmicos e não podem ser confundidos com altas esporádicas de preços. DISTORÇÕES PROVOCADAS POR ALTAS TAXAS DE INFLAÇÃO Efeito sobre a Distribuição de Renda Umas das distorções mais sérias provocadas pela inflação, diz a respeito à redução do poder aquisitivo das classes que dependem de rendimentos fixos, que possuem prazos legais de reajuste (i.e. dissídio). Neste caso, são os assalariados que, com o passar do tempo, vão ficando com seus orçamentos cada vez mais reduzidos, até a chegada de um novo reajuste. Os que mais perdem são os trabalhadores de baixa renda, que não têm condições de manter alguma aplicação financeira, pois tudo o que ganham gastam com sua subsistência. Percebe-se que a inflação é um imposto sobre os mais pobres. Economia Página 36 Efeito sobre o Balanço de Pagamento Elevadas taxas de inflação, em níveis superiores ao aumento de preços internacionais, encarecem o produto nacional relativamente ao produzido externamente. Assim, provocam estímulo às importações e desestímulo às exportações, diminuindo o saldo da balança comercial. Esse fato costuma provocar um círculo vicioso, se o país estiver enfrentando um déficit cambial. Nessas condições, as autoridades monetárias, na tentativa de minimizar o déficit, são obrigadas a permitir desvalorização cambial, as quais depreciam a moeda nacional e estimulam as exportações e desestimulam as importações. Contudo, produtos essenciais, tais como petróleo e seus derivados, tornam-se imediatamente mais caros, pressionando os custos de produção. Ocorre, então, uma nova elevação de preços, devido ao repasse do aumento dos custos aos preços dos produtos finais, recomeçando o processo. Efeito sobre as Expectativas Outradistorção provocada por elevadas taxas de inflação prende-se à formação das expectativas sobre o futuro. Particularmente, o setor empresarial é bastante sensível a esse tipo de situação, dada a instabilidade e imprevisibilidade de seus lucros. O empresário fica num compasso de espera enquanto a situação perdurar e dificilmente tomará iniciativas no sentido de aumentar seus investimentos na expansão da capacidade produtiva. Assim, a própria capacidade de produção futura e, consequentemente, o nível de emprego são afetados pelo processo inflacionário. Efeito sobre o Mercado de Capitais Tendo em vista o fato de que, num processo inflacionário, o valor da moeda deteriora- se rapidamente, ocorre desestímulo à aplicação de recursos no mercado de capitais financeiros. As aplicações em cadernetas de poupança, títulos, devem sofrer retração. Por outro lado, a inflação estimula a aplicação de recursos em bens de “raiz”, como terras e imóveis, que costumam valorizar durante o processo inflacionário. Embora alguns possam ganhar com a inflação a curto prazo, pode-se dizer que, a longo prazo, quase ninguém ganha com ela, porque seu processo desarticula todo o sistema econômico. Assim, a inflação onera principalmente os trabalhadores, ao Economia Página 37 corroer seus salários, é evidente que, com o empobrecimento dos trabalhadores, as empresas vão vender menos e o governo arrecadará menos CAUSAS DA INFLAÇÃO Inflação de Demanda Considerada o tipo mais “clássico” de inflação, diz respeito ao excesso de demanda agregada em relação a produção disponível de bens e serviços. Intuitivamente, ela pode ser entendida como “dinheiro demais à procura de poucos bens”. Inflação de Custos A inflação de custos pode ser associada a uma inflação tipicamente de oferta. O nível de demanda permanece o mesmo, mas os custos de certos insumos importantes aumentam e eles são repassados aos preços dos produtos. Inflação Inercial De acordo com a visão inercialista, os mecanismos de indexação provocam a perpetuação das taxas de inflações anteriores, que são sempre repassadas aos preços correntes. Ademais, mesmo sem terem apresentado aumentos significativos de seus custos, muito setores simplesmente elevam o preço pela inflação geral do país, divulgada pelas instituições de pesquisa. Por essa razão, nos planos anti-inflacionários adotados após de 1986, as autoridades monetárias adotam o congelamento de preços e salários, para tentar eliminar a chamada memória inflacionária. IMPOSTO INFLACIONÁRIO Uma das principais consequências de elevadas taxas de inflação recai sobre a classe de menor renda, que não tem condições de se defender-se dos aumentos de preços. Sobre eles recai o imposto inflacionário. O imposto inflacionário representa uma receita para o governo, devido ao monopólio que possui sobre as emissões. O governo praticamente não é afetado pela perda do Economia Página 38 valor do estoque de moeda, pois, para pagar seus compromissos, basta emitir mais moeda. O imposto inflacionário é justamente a receita que o BC obtém ao emitir moedas a custo zero. A INFLAÇÃO NO BRASIL A INFLAÇÃO NO BRASIL E AS CORRENTES ECONÔMICAS Corrente Causas Principais Políticas anti-inflacionárias Liberais ou Neoliberais Desequilíbrio do setor público Ajuste fiscal, Controle monetário, Liberalização do comércio exterior Inercialistas Indexação generalizada Desindexação (para apagar a memória inflacionária) Estruturalistas Conflitos distributivos Controle de preços dos oligopólios, Reformas estruturais IGP -DI / FGV (variação % mensal ) IGP-DI (Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna) é calculado mensalmente pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Os conceitos Disponibilidade Interna e Oferta Global dependem de como se considera o componente Índice de Preço por Atacado. O IGP, no conceito Disponibilidade Interna, procura medir os preços que afetam diretamente as unidades econômicas situadas dentro do território brasileiro. Das ponderações é excluída a parte do produto interno que é exportada (no conceito Oferta Global a parte do produto que é exportada é considerada). O IGP-DI se refere ao mês "cheio", ou seja, o período de coleta vai do primeiro ao último dia do mês de referência e a divulgação ocorre próxima ao dia 20 do mês posterior. O IGP-DI foi criado em 1947 com o objetivo de balizar o comportamento de preços em geral na economia. Este índice é uma média aritmética ponderada composta pelos seguintes fatores: Índice de Preços no Atacado (IPA) - onde entram preços praticados do mercado atacadista e representa 60 % do IGP-DI. Economia Página 39 Índice de Preços ao Consumidor (IPC) - a coleta de dados ocorre nas cidades de S.Paulo e Rio de Janeiro dentre as famílias que tem uma renda de 1 a 33 salários mínimos). Representa 30 % do IGP-DI. Índice Nacional de Construção Civil (INCC) - onde são avaliados os preços no setor de construção civil, não só de materiais como de mão-de-obra. Representa 10 % do IGP-DI. IGP-M / FGV (variação % mensal) IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado) A coleta do IGP-M é efetuada entre o dia 21 do mês anterior ao dia 20 do mês de referência. A cada decênio do período de coleta ocorrem divulgações de prévias. O IGP-M foi criado com o objetivo de se possuir um indicador confiável para as operações financeiras, especialmente as de longo prazo, sendo utilizado para correções de Notas do Tesouro Nacional (NTN) dos tipos B e C e para os CDB pós fixados com prazos acima de um ano. É composto pelos mesmos fatores do IGP-M. INPC / IBGE (Variação % mensal) INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) Índice calculado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) com o objetivo de balizar os reajustes de salário. O universo de pesquisa é composto de pessoas que ganham de 1 a 8 salários mínimos nas regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além do Distrito Federal e do Município de Goiânia. A composição dos grupos de despesas para o cálculo do índice é o seguinte: Alimentação (33,10%), Artigos de Residência (8,85%), Habitação (12,53%), Transportes e Comunicação (11,44%), Vestuário (13,16%), Saúde e Cuidados Pessoais (7,56%) e Despesas Pessoais (13,36%). O período de coleta vai do primeiro dia do mês ao último dia do mês de referência e a divulgação ocorre próxima ao dia 15 do mês posterior. O INPC foi utilizado como indexador oficial no período de 11/86 a 06/87. Economia Página 40 MACROECONOMIA A macroeconomia estuda a economia em geral analisando a determinação e o comportamento dos grandes agregados como renda e produtos, níveis de preços, emprego e desemprego, estoque de moeda, taxa de juros, balança de pagamentos e taxa de câmbio. O enfoque macroeconômico pode omitir fatores importantes, mas estabelece relações entre grandes agregados e permite compreender algumas interações relevantes. A macroeconomia se preocupa com aspectos em curto prazo como desemprego,
Compartilhar