Buscar

SERVIÇO PÚBLICO

Prévia do material em texto

SERVIÇO PÚBLICO 
 
12.1 Conceito 
No Direito Brasileiro, adotamos na identificação do serviço público a corrente formalista, ou seja, a 
identificação de um serviço como público depende da previsão legal ou constitucional. Serviço público é 
atividade prestada pelo Estado, de forma direta ou indireta, submetida a um regime jurídico de direito público e 
que visa a satisfação das necessidades da coletividade. 
 
12.2 Espécies 
a) Individuais ou uti singuli ou singulares: são prestados a um número determinado ou determinável de 
pessoas; são divisíveis, já que podem ser utilizados de forma separada por cada usuário e podem ser 
remunerados por taxa ou preço público. 
b) Gerais ou universais ou uti universi: são prestados a um número indeterminado de pessoas; são 
indivisíveis, já que não é possível identificar de forma separada o usuário; são remunerados por impostos. 
c) Próprio ou típico: somente prestado por órgãos ou entidades públicas, em delegação a particulares. 
d) Impróprio ou atípico: são os que o Estado não executa, mas apenas autoriza, regulamenta e fiscaliza. A 
Administração presta-os diretamente ou por entidades descentralizadas (Autarquias, Empresas Públicas, 
Sociedades de Economia Mista, Fundações Governamentais), ou os delega a terceiros por concessão, 
permissão ou autorização. Normalmente são rentáveis e são prestados sem privi-légios, mas sempre sob a 
regulamentação e controle do Poder Público. Exs.: serviço de transporte coletivo, conservação de estradas, de 
fornecimento de gás, etc. 
e) Propriamente estatal: são os serviços pró-comunidades, considerados essenciais para a sobrevivência da 
sociedade. Exs.: segurança, política, higiene e saúde públicas, etc. Estes serviços são prestados pelas 
entidades públicas (União, Estado, Municípios) através de seus órgãos da Administração direta. Neste caso, 
diz-se que os serviços são centralizados, porque são prestados pelas próprias repartições públicas da 
Administração direta. Aqui, o Estado é o titular e o prestador do serviço, que é gratuito ou com baixa 
remuneração. Exs.: serviço de polícia, de saúde pública. Estes serviços não são delegados. 
f) De utilidade pública: são os serviços pró-cidadão, considerados úteis para a sociedade. Exs.: fornecimento 
de gás, de energia elétrica, telefone, de transporte coletivo, etc. Estes serviços visam a facilitar a vida do 
indivíduo na coletividade. 
Administrativo: serve para atender necessidades internas ou preparar serviços que são prestados ao público. 
Ex.: datilografia, etc. 
h) Comercial ou industrial: serve para atender necessidades coletivas de ordem econômica. São os que 
produzem renda, uma vez que são prestados mediante remuneração (tarifa). Pode ser prestado diretamente pelo 
Poder Público ou por suas entidades da Administração indireta ou transferidos a terceiros, me-diante 
con-cessão ou permissão. Exs.: transporte, telefonia, correios e telégrafos. 
i) Social: atende as necessidades da coletividade. 
j) Originário ou congênito: é o próprio e privativo do Estado. 
k) Derivado ou adquirido: é o que pode ser executado por particular. 
l) Compulsório: é o de utilização compulsória, remunerado por taxa e na falta de pagamento não pode ser 
interrompido. 
m) Facultativo: é o de utilização facultativa, remunerado por tarifa e na falta de pagamento pode ser 
interrompido. 
n) Essencial: é o que por lei ou por sua natureza é de necessidade pública e de execução privativa da 
Administração Pública. 
o) Não essencial: é o que por lei ou por sua natureza é de utilidade pública e de execução facultada aos 
particulares. 
 
12.3 Características 
a) Modicidade: os serviços públicos devem ser prestados com taxas ou tarifas justas. 
b) Cortesia: os serviços públicos devem dar aos usuários um bom tratamento. 
c) Generalidade: o serviço público deve ser prestado sem discriminação. 
d) Atualidade: a prestação dos serviços públicos deve acompanhar as modernas técnicas de oferecimento aos 
usuários, com a utilização de equipamentos modernos. 
e) Segurança: o serviço público deve ser prestado sem colocar em risco os usuários ou bens, inclusive com 
manutenção dos equipamentos. 
f) Eficiência: o serviço público deve ser prestado sem desperdício, sem onerar por falta de método ou 
racionalização no seu desempenho. 
Hely Lopes Meirelles disciplina que a eficiência é um dever imposto a todo e qualquer agente público no 
sentido de que ele realize suas atribuições com presteza, perfeição e rendimento funcional. O indivíduo recebe 
serviço público eficiente quando a necessidade para a qual ele foi criado é suprida concretamente. 
g) Regularidade: o serviço público deve ser prestado de acordo com os padrões de quantidade e qualidade. 
h) Continuidade: não pode ser interrompido, salvo em situação de emergência, motivo técnico ou de 
segurança das instalações ou falta de pagamento dos usuários. 
 
12.4 Princípios 
a) Igualdade dos usuários: não é permitida distinção de caráter pessoal. 
b) Mutabilidade do regime jurídico ou da flexibilidade dos meios aos fins: são possíveis mudanças no 
regime de execução do serviço para adaptação ao interesse público, que é variável no tempo. 
c) Funcionamento eficiente: o serviço público deve ser o melhor possível. 
 
12.5 Regime jurídico 
O serviço público pode ser prestado de duas formas: a) direta: é a prestada pela Administração 
Pública Direta por meio de seus órgãos e agentes; há coincidência entre o titular do serviço e a pessoa jurídica 
prestadora do serviço; b) indireta: é prestado por terceiro, por transferência do Estado. 
A prestação indireta ou descentralizada do serviço público pode ser feita por: 
a) outorga: por meio de lei para entidades da Administração Indireta: recebe a execução e a 
titulariedade do serviço. Transferindo o serviço à titularidade de uma pessoa jurídica de direito público criada 
para este fim, que passará a desempenhá-lo em nome próprio, como responsável e senhor dele, embora sob 
controle do Estado. Neste caso, o serviço é transferido para uma Autarquia, Empresa Pública ou Sociedade de 
Economia Mista. É a outorgada. Os serviços são outorgados. Exs.: Telebrás, Eletrobrás.; 
b) delegação: por meio de ato administrativo para particular: recebe a execução do serviço. O 
particular pode ser concessionário, permissionário ou autorizatário de serviço público. Transferindo o 
exercício, o mero desempenho do serviço (e não a titularidade do serviço em si) a uma pessoa jurídica de 
direito privado que o exercerá em nome do Estado (não em nome próprio), mas por sua conta e risco. Esta 
técnica de prestação descentra-lizada de serviço público se faz através da concessão de serviço público e da 
permissão de serviço público. É a delegação. Os serviços são delegados, sem transferir a titularidade. A 
concessão e a permissão podem ser feitas a um particular ou a empresa de cujo capital participe o Estado, 
Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista. 
 
CONCESSÃO DE SERVIÇOS 
13.1 Conceito 
É a delegação de sua prestação, feita pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade de 
concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para seu desempenho, por 
sua conta e risco e por prazo determinado. A concessão pode ser precedida da execução de obra pública, ou 
seja, de uma construção, total ou parcial, conservação, reforma, ampliação ou melhoramento de quaisquer 
obras de interesse público. 
 
13.2 Regulamentação 
As concessões de serviços públicos e de obras públicas e as permissões de serviços públicos são 
regidas pelo art. 175 da Constituição Federal, pela Lei n. 8.987/95, pelas normas legais pertinentes e pelas 
cláusulas dos indispensáveis contratos. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios promoverão a 
revisão e as adaptações necessáriasde sua legislação às prescrições desta lei, buscando atender as 
peculiaridades das diversas modalidades dos seus serviços. 
 
13.3 Fiscalização 
As concessões e permissões estarão sujeitas à fiscalização pelo poder concedente responsável pela 
delegação, com a cooperação dos usuários. 
 Poder concedente 
A União, o Estado, o Distrito Federal ou o Município, em cuja competência se encontre o serviço 
público, precedido ou não da execução de obra pública, objeto de concessão ou permissão. 
 
13.4 Forma 
Contrato, que deverá observar os termos desta Lei n. 8.987/95, das normas pertinentes e do edital de 
licitação  O contrato de concessão tem que obedecer à lei, ao regulamento e ao edital. Por este contrato não 
se transfere a prerrogativa pública (titularidade), mas apenas a execução dos serviços. As condições do 
contrato podem ser alteradas unilateralmente pelo Poder concedente, que também pode retomar o serviço, 
mediante indenização (lucros cessantes). Nas relações com o público, o concessionário fica sujeito ao 
regulamento e ao contrato. Findo o contrato, os direitos e bens vinculados ao serviço retornam ao poder 
concedente. O Poder Público regulamenta e controla o concessionário. Toda concessão fica submetida a 
normas de ordem regulamentar, que são a lei do serviço. Estas normas regram sua prestação e podem ser 
alteradas unilateralmente pelo Poder Público. Fica também submetida a normas de ordem contratual, que 
fixam as cláusulas econômicas da concessão e só podem ser alteradas pelo acordo das partes. A alteração das 
tarifas que remuneram os serviços concedidos se faz por decreto. 
 
13.5 Ato anterior ao edital 
O poder concedente publicará, previamente ao edital de licitação, ato justificando a conveniência da 
outorga de concessão ou permissão, caracterizando seu objeto, área e prazo. 
13.6 Direitos e obrigações dos usuários 
I – receber serviço adequado; II – receber do poder concedente e da concessionária informações para 
a defesa de interesses individuais ou coletivos; III – obter e utilizar o serviço, com liberdade de escolha entre 
vários prestadores de serviços, quando for o caso, observadas as normas do poder concedente; IV – levar ao 
conhecimento do Poder Público e da concessionária as irregularidades de que tenham conhecimento, referentes 
ao serviço prestado; V – comunicar às autoridades competentes os atos ilícitos praticados pela concessionária 
na prestação do serviço; VI – contribuir para a permanência das boas condições dos bens públicos através dos 
quais lhes são prestados os serviços. 
 
13.7 Obrigação das concessionárias em relação ao consumidor 
São obrigadas a oferecer ao consumidor e ao usuário, dentro do mês de vencimento, o mínimo de seis 
datas opcionais para escolherem os dias de vencimento de seus débitos. 
 
13.8 Tarifa do serviço público 
Fixada pelo preço da proposta vencedora da licitação e preservada pelas regras de revisão previstas na 
Lei n. 8.987/95, no edital e no contrato. 
 
13.9 Revisão de tarifas 
Os contratos poderão prever mecanismos de revisão das tarifas, a fim de manter--se o equilíbrio 
econômico--financeiro. A criação, alteração ou extinção de quaisquer tributos ou encargos legais, ressalvados 
os impostos sobre a renda, após a apresentação da proposta, quando comprovado seu impacto, implicará a 
revisão da tarifa, para mais ou para menos, conforme o caso. Em havendo alteração unilateral do contrato que 
afete o seu inicial equilíbrio econômico-financeiro, o poder concedente deverá restabelecê-lo, 
concomitantemente à alteração. As tarifas poderão ser diferenciadas em função das características técnicas e 
dos custos específicos provenientes do atendimento aos distintos segmentos de usuários. 
 
13.10 Licitação 
Toda concessão de serviço público, precedida ou não da execução de obra pública, será objeto de 
prévia licitação, nos termos da legislação própria e com observância dos princípios da legalidade, moralidade, 
publicidade, igualdade, do julgamento por critérios objetivos e da vinculação ao instrumento convocatório. No 
procedimento da licitação, o poder concedente recusará propostas manifestamente inexequíveis ou 
financeiramente incompatíveis com os objetivos da licitação. Em igualdade de condições, será dada preferência 
à proposta apresentada por empresa brasileira. 
Encerrada a fase de classificação das propostas ou o oferecimento de lances, será aberto o invólucro 
com os documentos de habilitação do licitante mais bem classificado, para verificação do atendimento das 
condições fixadas no edital. Após verificado o atendimento das exigências do edital, o licitante será declarado 
vencedor. Se o licitante melhor classificado for inabilitado, serão analisados os documentos do licitante com a 
proposta classificada em segundo lugar, e assim sucessivamente, até que um licitante classificado atenda às 
condições fixadas no edital. Após proclamação do resultado final, o objeto será adjudicado ao vencedor nas 
condições técnicas e econômicas por ele ofertadas. 
 
13.11 Cláusulas essenciais 
I – ao objeto, à área e ao prazo da concessão; II – ao modo, forma e condições de prestação do 
serviço; III – aos critérios, indicadores, fórmulas e parâmetros definidores da qualidade do serviço; IV – ao 
preço do serviço e aos critérios e procedimentos para o reajuste e a revisão das tarifas; V – aos direitos, 
garantias e obrigações do poder concedente e da concessionária, inclusive os relacionados às previsíveis 
necessidades de futura alteração e expansão do serviço e consequente modernização, aperfeiçoamento e 
ampliação dos equipamentos e das instalações; VI – aos direitos e deveres dos usuários para obtenção e 
utilização do serviço; VII – à forma de fiscalização das instalações, dos equipamentos, dos métodos e práticas 
de execução do serviço, bem como a indicação dos órgãos competentes para exercê--la; VIII – às penalidades 
contratuais e administrativas a que se sujeita a concessionária e sua forma de aplicação; IX – aos casos de 
extinção da concessão; X – aos bens reversíveis; XI – aos critérios para o cálculo e a forma de pagamento das 
indenizações devidas à concessionária, quando for o caso; XII – às condições para prorrogação do contrato; 
XIII – à obrigatoriedade, forma e periodicidade da prestação de contas da concessionária ao poder concedente; 
XIV – à exigência da publicação de demonstrações financeiras periódicas da concessionária; e XV – ao foro e 
ao modo amigável de solução das divergências contratuais. 
Os contratos relativos à concessão de serviço público precedido da execução de obra pública deverão, 
adicionalmente: I – estipular os cronogramas físico--financeiros de execução das obras vinculadas à concessão; 
e II – exigir garantia do fiel cumprimento, pela concessionária, das obrigações relativas às obras vinculadas à 
concessão. 
 
13.13 Dever da concessionária 
É responder por todos os prejuízos causados ao poder concedente, aos usuários ou a terceiros, sem 
que a fiscalização exercida pelo órgão competente exclua ou atenue essa responsabilidade. 
 
13.14 Subconcessão 
É admitida nos termos previstos no contrato de concessão, desde que expressamente autorizada pelo 
poder concedente. A outorga de subconcessão será sempre precedida de concorrência. O subconcessionário 
sub--rogará todos os direitos e obrigações da subconcedente dentro dos limites da subconcessão. 
 
13.15 Encargos do poder concedente 
I – regulamentar o serviço concedido e fiscalizar permanentemente a sua prestação; II – aplicar as 
penalidades regulamentares e contratuais; III – intervir na prestação do serviço, nos casos e condições previstos 
em lei; IV – extinguir a concessão, nos casos previstos nesta lei e na forma prevista no contrato; V – homologar 
reajustes e proceder à revisão das tarifas na forma desta lei, das normaspertinentes e do contrato; VI – cumprir 
e fazer cumprir as disposições regulamentares do serviço e as cláusulas contratuais da concessão; VII – zelar 
pela boa qualidade do serviço, receber, apurar e solucionar queixas e reclamações dos usuários, que serão 
cientificados, em até trinta dias das providências tomadas; VIII – declarar de utilidade pública os bens 
necessários à execução do serviço ou obra pública, promovendo as desapropriações, diretamente ou mediante 
outorga de poderes à concessionária, caso em que será desta a responsabilidade pelas indenizações cabíveis; IX 
– declarar de necessidade ou utilidade pública, para fins de instituição de servidão administrativa, os bens 
necessários à execução de serviço ou obra pública, promovendo--a diretamente ou mediante outorga de poderes 
à concessionária, caso em que será desta a responsabilidade pelas indenizações cabíveis; X – estimular o 
aumento da qualidade, produtividade, preservação do meio ambiente e conservação; XI – incentivar a 
competitividade; e XII – estimular a formação de associações de usuários para defesa de interesses relativos ao 
serviço. 
 
13.16 Encargos da concessionária 
I – prestar serviço adequado, na forma prevista na Lei n. 8.987/95, nas normas técnicas aplicáveis e no 
contrato; II – manter em dia o inventário e o registro dos bens vinculados à concessão; III – prestar contas da 
gestão do serviço ao poder concedente e aos usuários, nos termos definidos no contrato; IV – cumprir e fazer 
cumprir as normas do serviço e as cláusulas contratuais da concessão; V – permitir aos encarregados da 
fiscalização livre acesso, em qualquer época, às obras, aos equipamentos e às instalações integrantes do 
serviço, bem como a seus registros contábeis; VI – promover as desapropriações e constituir servidões 
autorizadas pelo poder concedente, conforme previsto no edital e no contrato; VII – zelar pela integridade dos 
bens vinculados à prestação do serviço, bem como segurá--los adequadamente; e VIII – captar, aplicar e gerir 
os recursos financeiros necessários à prestação do serviço. As contratações, inclusive de mão de obra, feitas 
pela concessionária serão regidas pelas disposições de direito privado e pela legislação trabalhista, não se 
estabelecendo qualquer relação entre os terceiros contratados pela concessionária e o poder concedente. 
 
13.17 Intervenção 
O poder concedente poderá intervir na concessão, com o fim de assegurar a adequação na prestação 
do serviço, bem como o fiel cumprimento das normas contratuais, regulamentares e legais pertinentes. A 
intervenção é feita por decreto do poder concedente, que conterá a designação do interventor, o prazo da 
intervenção e os objetivos e limites da medida. O procedimento administrativo da intervenção deve ser 
concluído no prazo de até 180 dias, sob pena de invalidade da intervenção. 
Declarada a intervenção, o poder concedente deverá, no prazo de trinta dias, instaurar procedimento 
administrativo para comprovar as causas determinantes da medida e apurar responsabilidades, assegurado o 
direito de ampla defesa. 
Se ficar comprovado que a intervenção não observou os pressupostos legais e regulamentares será 
declarada sua nulidade, devendo o serviço ser imediatamente devolvido à concessionária, sem prejuízo de seu 
direito à indenização. 
Cessada a intervenção, se não for extinta a concessão, a administração do serviço será devolvida à 
concessionária, precedida de prestação de contas pelo interventor, que responderá pelos atos praticados durante 
a sua gestão. 
 
13.18 Extinção da concessão  Ver art. 35 da Lei nº 8.987/95 
No caso de extinção do contrato de concessão de serviço público, é possível afirmar a existência dos 
seguintes efeitos: 
a) retornam ao poder concedente todos os bens reversíveis, direitos e privilégios transferidos ao concessionário 
conforme previsto no edital e estabelecido no contrato; 
b) haverá a imediata assunção do serviço pelo poder concedente, procedendo--se aos levantamentos, avaliações 
e liquidações necessários. A assunção do serviço autoriza a ocupação das instalações e a utilização, pelo poder 
concedente, de todos os bens reversíveis; 
c) no caso de reversão no advento do termo contratual há a indenização das parcelas dos investimentos 
vinculados a bens reversíveis, ainda não amortizados ou depreciados, que tenham sido realizados com o 
objetivo de garantir a continuidade e atualidade do serviço concedido. 
 São formas de extinção do contrato de concessão de serviço público: 
I – advento do termo contratual; 
II – encampação: retomada do serviço pelo poder concedente durante o prazo da concessão, por motivo de 
interesse público, mediante lei autorizativa específica e após prévio pagamento da indenização; 
III – caducidade: é a motivada pela inexecução total ou parcial do contrato ou quando houver transferência de 
concessão ou do controle societário da concessionária sem prévia anuência do poder concedente; a declaração 
da caducidade da concessão deverá ser precedida da verificação da inadimplência da concessionária em 
processo administrativo, assegurado o direito de ampla defesa. Não será instaurado processo administrativo de 
inadimplência antes de comunicados à concessionária, detalhadamente, os descumprimentos contratuais, 
dando--lhe um prazo para corrigir as falhas e transgressões apontadas e para o enquadramento, nos termos 
contratuais. Instaurado o processo administrativo e comprovada a inadimplência, a caducidade será declarada 
por decreto do poder concedente, independentemente de indenização prévia, calculada no decurso do processo; 
IV – rescisão: por iniciativa da concessionária, no caso de descumprimento das normas contratuais pelo poder 
concedente, mediante ação judicial especialmente intentada para esse fim. Os serviços prestados pela 
concessionária não poderão ser interrompidos ou paralisados, até a decisão judicial transitada em julgado; 
V – anulação: por motivo de ilegalidade; e 
VI – falência ou extinção da empresa concessionária e falecimento ou incapacidade do titular, no caso de 
empresa individual. 
 
PERMISSÃO DE SERVIÇO PÚBLICO 
14.1 Conceito 
É a delegação, a título precário, mediante licitação, da prestação de serviços públicos, feita pelo poder 
concedente à pessoa física ou jurídica que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco. 
14.2 Forma 
Será formalizada mediante contrato de adesão, que observará os termos da Lei n. 8.987/95, das 
demais normas pertinentes e do edital de licitação, inclusive quanto à precariedade e à revogabilidade unilateral 
do contrato pelo poder concedente. 
 
LEMBRETES: 
O Código de Defesa do Consumidor regrou no art. 22 especificamente os serviços públicos essenciais e sua 
existência para impedir que os prestadores de serviços públicos pudessem construir "teorias" para tentar dizer 
que não estariam submetidos às normas do CDC. 
 
Serviço público prestado direta ou indiretamente: toda e qualquer empresa pública ou privada que por via 
de contratação com a Administração Pública forneça serviços públicos, assim como, também, as autarquias, 
fundações e sociedades de economia mista. O que caracteriza a pessoa jurídica responsável na relação jurídica 
de consumo estabelecida é o serviço público que ela está oferecendo e/ou prestando. No mesmo artigo a lei 
estabelece a obrigatoriedade de que os serviços prestados sejam "adequados, eficientes, seguros e, quanto aos 
essenciais, contínuos". 
 
Serviço essencial: Em medida amplíssima todo serviço público, exatamente pelo fato de sê-lo (público), 
somente pode ser essencial. Não poderia a sociedade funcionar sem um mínimo de segurança pública, sem a 
existência dos serviços do Poder Judiciário, sem algum serviço de saúde etc. Nesse sentido então é que se diz 
que todo serviço público é essencial. Assim,também o são os serviços de fornecimento de energia elétrica, de 
água e esgoto, de coleta de lixo, de telefonia, etc. Se todo serviço público é essencial, por que é que a norma 
estipulou que somente nos essenciais eles são contínuos? Para solucionar o problema, devem-se apontar dois 
aspectos: a) o caráter não essencial de alguns serviços; b) o aspecto de urgência. Existem determinados 
serviços, entre os quais aponto aqueles de ordem burocrática, que, de per si, não se revestem de essencialidade. 
São serviços auxiliares que: a) servem para que a máquina estatal funcione; b) fornecem documentos 
solicitados pelo administrado (p. ex., certidões). Se se fosse levantar algum caráter de essencialidade nesses 
serviços, só muito longínqua e indiretamente poder-se-ia fazê-lo. Claro que existirão até mesmo emissões de 
documentos cujo serviço de expedição se reveste de essencialidade, e não estou olvidando isso. Por exemplo, o 
pedido de certidão para obter a soltura de alguém preso ilegalmente. É o caso concreto, então, nessas hipóteses 
especiais, que designará a essencialidade do serviço requerido. Há no serviço considerado essencial uma 
perspectiva real e concreta de urgência, isto é, necessidade concreta e efetiva de sua prestação. O serviço de 
fornecimento de água para uma residência não habitada não se reveste dessa urgência. Contudo, o fornecimento 
de água para uma família é essencial e absolutamente urgente, uma vez que as pessoas precisam de água para 
sobreviver. Essa é a preocupação da norma. O serviço público essencial revestido, também, do caráter de 
urgente não pode ser descontinuado. E no sistema jurídico brasileiro há lei ordinária que define exatamente 
esse serviço público essencial e urgente. Trata-se da Lei de Greve — lei 7.783, de 28 de junho de 1989. Como 
essa norma obriga os sindicatos, trabalhadores e empregadores a garantir, durante a greve, a prestação dos 
serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade, acabou definindo o que 
entende por essencial. A regra está no art. 10. 
Dessa forma, nenhum dos serviços do art 10 da lei 7783 podem ser interrompidos. O CDC é claro, taxativo e 
não abre exceções: os serviços essenciais são contínuos. E diga-se em reforço que essa garantia decorre do 
texto constitucional. A legislação consumerista deve obediência aos vários princípios constitucionais que 
dirigem suas determinações. Entre esses princípios encontram-se os da intangibilidade da dignidade da pessoa 
humana (art. 1º, III), da garantia à segurança e à vida (caput do art. 5º), que tem de ser sadia e de qualidade, em 
função da garantia do meio ambiente ecologicamente equilibrado (caput do art. 225) e da qual decorre o direito 
necessário à saúde (caput do art. 6º) etc. Não é possível garantir segurança, vida sadia, num meio ambiente 
equilibrado, tudo a respeitar a dignidade humana, se os serviços públicos essenciais urgentes não forem 
contínuos. 
 
Interrupção: A lei 8.987, prevê a possibilidade de interrupção do serviço público em situação de emergência 
por motivo de "ordem técnica ou de segurança das instalações" (art. 6º, § 3º, I). Em primeiro lugar, essa regra 
excepcional apenas constata que certas situações de fato podem ocorrer (mas não deviam: razões de ordem 
técnica e segurança das instalações que gerem a necessidade de interrupção), e tais situações, ainda que, 
eventualmente, venham a surgir, significam interrupção irregular do serviço público, aliás em clara contradição 
com o sentido de eficiência e adequação. Afinal, problema técnico e de insegurança demonstra ineficiência e 
inadequação. (Lembro que qualquer dano — material ou moral — causado pela interrupção dá direito a 
indenização, uma vez que a responsabilidade do prestador do serviço é objetiva, e a mera constatação da 
possibilidade de descontinuidade feita pelo art. 6º, § 3º, I, da lei 8.987 não tem o condão de elidir a 
responsabilidade instituída no CDC). 
 
Inadimplência do consumidor: Alguns operadores do Direito, a meu ver de forma equivocada, têm-se 
manifestado no sentido contrário à norma (e mesmo contra sua clara letra expressa), admitindo que o prestador 
do serviço público corte o fornecimento do serviço essencial em caso de inadimplemento. O § 3º do art. 6º da 
lei 8987, dispõe não se caracterizar como descontínuo o serviço quando ocorrer "inadimplemento do usuário, 
considerando o interesse da coletividade". O interesse da coletividade que seja capaz de permitir a interrupção 
do serviço público essencial — garantido constitucionalmente — só pode algum tipo de fraude praticada pelo 
usuário e que, por isso, possa causar algum prejuízo à coletividade. Admiti-se o corte do fornecimento do 
serviço apenas após autorização judicial, se demonstrado no feito que o consumidor inadimplente, podendo 
pagar a conta — isto é, tendo condições econômico-financeiras para isso —, não o faz. Fora essa hipótese e 
dentro dessa condição — autorização judicial —, o serviço não pode ser interrompido. É de lembrar-se que a 
determinação de garantia da dignidade, vida sadia, meio ambiente equilibrado, etc. é constitucional, como 
visto. É direito inexpugnável a favor do cidadão-consumidor. Um bem maior como a vida, a saúde e a 
dignidade não pode ser sacrificado em função do direito de crédito (um bem menor); É plenamente aceitável 
que seja fornecido ao cidadão um serviço público gratuito. Aliás, em última instância é essa a função do 
Estado, que deve distribuir serviços de qualidade e gratuitos a partir dos tributos arrecadados. Não há nenhum 
impedimento lógico para que certos grupos sociais de menor poder aquisitivo recebam, portanto, alguns 
serviços públicos sem ter de pagar por eles. Repito: já é assim com tributos como, por exemplo, o IPTU; Aliás, 
se quem mais pode mais paga tributo, não há qualquer inconveniente em que aquele que não pode pagar pelo 
serviço público o receba gratuitamente, como já ocorre no atendimento hospitalar, na segurança pública, na 
educação, etc. 
 
Preço: A remuneração do serviço público, adotando o regime tarifário, tem a mesma concepção de preço, mas 
não se confunde com o preço privado, cuja amplitude nasce num contexto de fixação pelo fornecedor, dentro 
dos parâmetros e com os limites constitucionais. Ora, o serviço público é bem indisponível, sendo prestado 
pelo Estado e seus agentes por força de lei. Tais agentes não podem dispor do serviço público: são obrigados a 
prestá-lo para atingir o interesse público irrenunciável. Ainda que remunerado por meio de preço (tarifa), não 
há que se falar em negociação ou decisão entre as partes contratantes, nem em disponibilidade do objeto do 
negócio. Não se pode, por isso, confundir o preço que o consumidor paga ao adquirir roupas numa loja com o 
preço que o usuário de um serviço público, essencial e indisponível paga a uma concessionária. Nos serviços 
públicos a necessidade é de sua própria natureza. De um lado o comando constitucional determina sua 
prestação; de outro, o usuário não tem possibilidade de escolher a negociação: é obrigado a usufruir do serviço 
público, tanto mais em se tratando do serviço essencial. Logo, não são o preço e seu pagamento que 
determinam a prestação do serviço público, mas a lei. Quer o cidadão pague quer não as taxas cobradas, o lixo 
é (tem de ser) recolhido. Pelo simples motivo de que isso é essencial, contínuo e fundamental para a 
manutenção de um meio ambiente saudável. 
 
O direito de crédito do prestador do serviço público: Não se pretende simplesmente tirar-lhe o direito de 
receber o quantum relativo ao fornecimento do serviço. Ele pode, é claro, receber seu crédito. Mas este, para 
ser cobrado, está também submetido às regras instituídas no CDC. A cobrança não pode ser abusiva (art. 42, 
c/c o art. 71). E, uma ameaça ilegal de cobrança é a do corte do serviço essencial.E pior: o corte efetivo com o 
intuito de forçar o consumidor inadimplente ao pagamento é uma concreta violação. A meu ver só há um 
caminho para o prestador do serviço essencial suspender o fornecimento desse serviço: é ele propor ação 
judicial para cobrar seu crédito e nessa ação comprovar que o consumidor está agindo de má-fé ao não pagar as 
contas. Pode haver, inclusive, pedido de antecipação de tutela ou pedido de liminar em cautelar, se o 
fornecedor-credor puder demonstrar a má-fé do consumidor.

Continue navegando