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01-Imunidade Parlamentar e Processo Legislativo

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�LFG – CONSTITUCIONAL – Aula 01 – Prof. Marcelo Novelino – Intensivo II – 15/10/2009
Imunidades Parlamentares
	
IMUNIDADE PARLAMENTAR
	As garantias do Poder Legislativo não são privilégios concedidos a determinadas pessoas. São garantias institucionais, do Poder Legislativo. Não do parlamentar enquanto indivíduo. Por serem assim, essas garantias que vamos estudar são irrenunciáveis. Nem que o parlamentar deseje, ele pode abrir mão dessas garantias. Por serem garantias do órgão legislativo e não do indivíduo, elas são irrenunciáveis porque são garantias para assegurar a liberdade, a independência, a autonomia do Poder Legislativo. Essa é a finalidade das garantias que não servem para conceder privilégios a determinadas pessoas. A função delas é assegurar a liberdade, independência, autonomia, imparcialidade do Poder Legislativo. Para isso que elas existem. 
	É necessário fazermos uma distinção entre três aspectos ligados à garantia:
Prerrogativa de foro
Imunidade material
Imunidade formal
		
1.	PRERROGATIVA DE FORO
	Ela não se confunde com as imunidades. O que significa prerrogativa de foro? Os parlamentares (deputados e senadores), enquanto estiverem no curso do mandato têm a prerrogativa de serem processados e julgados perante qual tribunal? Perante o Supremo Tribunal Federal. A partir de que momento começa essa prerrogativa de foro? É com a posse do parlamentar? Ou é com a diplomação?
	A prerrogativa de foro (e isso serve para as imunidades que vamos estudar) não começa com a posse ela começa a partir da diplomação. Ela não começa apenas com a posse, mas em momento anterior, que é a diplomação. Se vocês quiserem fazer um paralelo aí, a diplomação é como se fosse a nomeação do servidor público que, antes de tomar posse no cargo é nomeado. A diplomação é como se fosse uma “nomeação” do parlamentar. Antes de tomar posse, ele é diplomado. A partir desta diplomação que começa sua prerrogativa de foro. Essa prerrogativa de foro (de ser processado e julgado perante o STF) vai desde a diplomação até o fim do mandato ou com a renúncia do parlamentar (se houver). Do período entre a diplomação até o fim do mandato ou renúncia do parlamentar, ele tem prerrogativa de foro de ser processado e julgado pelo STF.
	Se o deputado pratica um crime como cidadão comum antes da diplomação. Começou a ser processado e julgado perante o juiz de primeiro grau, se candidatou ao cargo de deputado e foi eleito. Neste caso, para o julgamento deste crime, ele terá prerrogativa de foro, para julgamento de um crime praticado antes da diplomação? A prerrogativa de foro é válida para qualquer crime praticado em qualquer época, mesmo que ele tenha praticado o crime antes da diplomação, se estiver sendo julgado pelo juiz de primeiro grau, a partir do momento que houver a diplomação, a competência passa a ser do Supremo. Os autos são remetidos para o Supremo. Os atos praticados antes do envio para o Supremo são válidos. Não há uma anulação do processo. Só que a partir do momento em que há a diplomação, a competência passa a ser do STF. Durante todo o mandato, até o fim do mandato, a competência é do STF. Chegou ao fim do mandato, se o Supremo não tiver julgado, volta a competência novamente para o juiz de primeiro grau. Então, durante esse período em que ele exerce a função parlamentar o crime será julgado pelo STF. Terminou o mandato, volta imediatamente para o juiz de primeiro grau.
	Então, a prerrogativa de foro vai da diplomação até o final ou renúncia do mandato, independentemente de o crime ter sido praticado durante o mandato ou antes do início do mandato.
	Inquérito policial. O inquérito policial deve tramitar perante o juiz de primeiro grau ou perante o STF, enquanto houver prerrogativa de foro? O IPL, durante o período do mandato, deve tramitar perante o STF. Não tramita perante o juiz de primeiro grau.
	Vamos imaginar que haja um IPL instaurado contra um parlamentar e que está tramitando perante um juiz de primeiro grau. Qual é o instrumento que este parlamentar poderia utilizar para que o STF restabeleça sua competência? Ali houve uma usurpação da competência do Supremo. Não é competência do juiz de primeiro grau e sim do STF. Havendo essa usurpação, que instrumento poderia utilizar esse parlamentar para o Supremo restabelecer a sua autoridade, a sua competência. Neste caso, se não estiver tramitando IPL durante o STF, o parlamentar pode fazer uso da Reclamação. Ele ajuíza uma reclamação no STF pedindo que ele avoque os autos do inquérito policial.
	Vamos imaginar que o parlamentar, durante o período de seu mandato, foi convocado pelo Presidente da República para ser Ministro de Estado. Durante o período em que esteve exercendo o cargo de ministro de Estado, a prerrogativa de foro dele permanece ou ele perde a prerrogativa de foro? O parlamentar, quando exercer outro cargo temporariamente, tem permanência da prerrogativa de foro. “A prerrogativa de foro permanece mesmo que ele exerça temporariamente um outro cargo.”
	Agora, será que a imunidade também vai permanecer nesse período? A prerrogativa de foro permanece, mas e a imunidade parlamentar? Ele tem imunidade parlamentar? O Supremo tinha uma súmula antiga, de n.º 04, que tratava dessa questão. Vejam o que diz:
	STF Súmula nº 4 - 13/12/1963 -Não perde a imunidade parlamentar o congressista nomeado Ministro de Estado. (Cancelada pelo Inq 104 RTJ-99/477 - 26/08/1981)
	 
	Vejam que a súmula não se refere à prerrogativa de foro. Se refere à imunidade. De acordo com ela, se um parlamentar fosse nomeado para um cargo, ele não perderia a imunidade. Só que essa súmula está superada porque a jurisprudência atual do Supremo não mantém esse entendimento. Foi uma súmula que foi feita bem antes da CF/88. Como acontece hoje? 	O parlamentar que exerce outro cargo mantém a prerrogativa de foro, mas não mantém a imunidade. Ele perde a imunidade durante aquele período. 
	Para memorizar, vocês têm que lembrar o seguinte: a imunidade é uma garantia concedida pela Constituição pra assegurar a imparcialidade e independência do Poder Legislativo. Não teria sentido um parlamentar que não exerce função parlamentar ter uma imunidade se não está exercendo aquela função, já que a imunidade é garantia do Poder. Então, se ele não exerce o cargo, ele temporariamente perde essa imunidade. Agora, a prerrogativa de foro, não. Esta permanece mesmo que ele esteja temporariamente afastado de seu cargo.
	O senador, você sabe, vem com mais dois suplentes. Os dois suplentes de senador têm prerrogativa de foro e imunidade? Não. O suplente não tem nem prerrogativa de foro e nem imunidade. Agora, é claro que se ele assumir o cargo efetivamente, a coisa muda de figura. Mas aí não é por ele ser suplente, mas por estar no exercício do cargo. Como suplente, não tem. (Falha na transmissão)
	A imunidade material está prevista no caput do art. 53 da Constituição e abrange palavras, votos e opiniões e ela exclui, tanto a responsabilidade civil, quanto a responsabilidade penal. A responsabilidade civil não era prevista originariamente no texto da Constituição de 1988. Foi expressamente prevista pela EC 35/01, que trouxe algumas interações importantes para o sistema. Foi a EC 35/01 que consagrou expressamente a irresponsabilidade civil. No entanto, mesmo antes da EC 35/01, mesmo sem previsão expressa na Constituição, havia na jurisprudência do STF que entendia que o parlamentar não respondia civilmente. Então, parlamentares (deputados e senadores) são irresponsáveis tanto penal quanto civilmente por suas palavras, votos.
	(Falha na transmissão – Neste primeiro tempo só houve 18 minutos de aula)
	(Intervalo)�
	O PROCESSO LEGISLATIVO
	
	Os princípios básicos são normas de observância obrigatória. Isso em todos os ângulos. Observância obrigatória pelos Estados, por parte das Constituições estaduais; pelo DF, por parte da sua lei orgânica e pelos municípios por parte das leis orgânicas municipais.Essas normas devem observar os princípios básicos do processo legislativo federal. E esse ponto é essencial na hora de fazer prova de concurso porque é comum o examinador perguntar sobre processo legislativo no âmbito estadual e municipal, justamente para saber se você sabe que são normas de observância obrigatória, que decorrem do princípio da simetria. Tem que haver uma simetria entre a Constituição Estadual e a Constituição Federal.
	Um outro aspecto importante em relação ao processo legislativo é o de que os parlamentares que participam desse processo têm direito público subjetivo à observância do processo Legislativo constitucional. Então, se um parlamentar, que participa desse processo legislativo entender que alguma norma do processo legislativo não foi observada, o que ele pode fazer? É um controle preventivo. É a única hipótese de controle preventivo feito pelo Judiciário. Cabe ao parlamentar fazer o quê? Impetrar mandado de segurança. Como ele tem direito líquido e certo à observância desse processo legislativo, se o processo legislativo não for observado, o parlamentar pode impetrar mandado de segurança. É aquela única hipótese de controle preventivo feito pelo Judiciário por inobservância do processo legislativo. 
	Tem um ponto que eu acho que 	é importante nós frisarmos que diz respeito à violação de normas. O parlamentar só pode impetrar mandado de segurança se a violação for do processo legislativo previsto na Constituição. Se for norma de regimento interno não cabe mandado de segurança. Isso é muito importante vocês terem em mente. A violação tem que ser de norma constitucional. Por que não cabe no caso de violação de regimento interno? Porque se não for norma constitucional, se for questão de regimento interno, será uma questão interna corporis, descabendo a intervenção por parte do Judiciário que só poderá apreciar se a violação for de norma da Constituição.
	Esses são alguns pontos que vocês já sabiam, apenas para a gente recordar, já que são essenciais no estudo do processo legislativo. 
1.	O OBJETO DO PROCESSO LEGISLATIVO
	Qual é o objeto do processo legislativo? Quais são os atos formados através de um processo legislativo segundo a Constituição? Quando a Constituição fala do objeto do processo legislativo, esse objeto está consagrado no art. 59 (atos que são objeto do processo legislativo):
	
	Art. 59 - O processo legislativo compreende a elaboração de:
	I - emendas à Constituição;
	II - leis complementares;
	III - leis ordinárias;
	IV - leis delegadas;
	V - medidas provisórias;
	VI - decretos legislativos;
VII - resoluções.	
	O art. 59 inaugura o processo legislativo no texto da Constituição.
Nós hoje não vamos estudar o processo de elaboração das emendas porque isso vocês já estudaram no poder derivado reformador (limitações formais, circunstanciais, materiais). Eu vou apenas recordar alguns pontos específicos.
Leis complementares e ordinárias – vamos ver as diferenças, analisar os processos.
A medida provisória é interessante, se você analisar a rigor ela não faz parte do processo legislativo. Porque não existe um processo de formação da medida provisória porque ela é um ato editado pelo Presidente. Na verdade, ela foi colocada aqui de forma equivocada. JAS tem até um trecho do livro dele em que mostra claramente que ficou desgostoso com essa inclusão. Segundo ele, a medida provisória foi acrescentada depois que o texto definitivo da Constituição já estava pronto, depois do dia 22/09 e antes da Constituição ser promulgada, segundo ele, alguém foi lá e acrescentou medida provisória no processo legislativo. Ele até xinga a pessoa de tanta raiva que ele ficou do rapaz que acrescentou aqui a medida provisória. E, de fato, a rigor, medida provisória não faz parte do processo legislativo por ser apenas um ato editado pelo Poder Executivo.
Essas resoluções não são as resoluções do Conselho Nacional do Ministério Público ou do CNJ. Essas são resoluções do Congresso Nacional, da Câmara e do Senado. 
O que vamos analisar dentro do processo legislativo? Principalmente o processo legislativo ordinário, que é o processo de elaboração das leis ordinárias porque é ele que serve de base para todos os demais. A Constituição, por exemplo, não fala especificamente do processo legislativo para aprovação de uma lei delegada, por exemplo, de um decreto legislativo ou de uma resolução. É o regimento interno que vai especificar as regras do processo legislativo em relação a esses atos. A Constituição é extremamente comedida em relação à lei delegada, ao decreto legislativo e à resolução.
Vamos começar falando das três espécies de processos legislativos.
2.	ESPÉCIES DE PROCESSO LEGISLATIVO
	
	O processo legislativo costuma ser dividido em:
Processo legislativo ORDINÁRIO (que é o que vamos estudar) – nada mais é do que o processo de elaboração das leis ordinários. É a base de todos os demais processos legislativos.
Processo legislativo SUMÁRIO 
Processos legislativos ESPECIAIS – Da lei delegada, da emenda à Constituição, das medidas provisórias. São todos os outros processos legislativos.
3.	PROCESSO LEGISLATIVO SUMÁRIO
	A única diferença que existe entre o processo legislativo ordinário, que é o da lei ordinária, e o processo legislativo sumário, é que no sumário o Presidente da República (e apenas ele pode fazer isso), quando se tratar de uma lei ou projeto de lei de iniciativa do Presidente, pode pedir ao Congresso urgência na apreciação do projeto de lei. E ele fez recentemente, num projeto de lei que gerou até uma polêmica. Pediram para ele retirar o pedido (algo com relação ao pré-sal). Então, ele pode pedir a urgência, tem que ser projeto de lei de iniciativa dele. E se ele pedir a urgência, a Constituição estabelece um prazo a ser observado.
	Onde começa a tramitação de um processo de iniciativa do Presidente da República? Quando ele faz a proposta, sempre vai começar na Câmara dos Deputados. A Câmara dos Deputados vai ser a casa iniciadora e terá 45 dias para apreciar aquele projeto de lei. Se ela não apreciar em 45 dias, tranca a pauta da Câmara. Ela não pode votar mais nada, a não ser que seja um ato que tenha previsão expressa na Constituição, como uma medida provisória. Se trancar a pauta um projeto de lei que está num processo de urgência e também uma medida provisória, prevalece a medida provisória. A gente vai ver depois o dispositivo. Então, 45 dias, do contrário, tranca a pauta. A Câmara votou, vai para o Senado Federal que tem o mesmo prazo para analisar: 45 dias e se não fizer isso, tranca a pauta. Aí só se tiver algum outro ato com prazo previsto na Constituição é que prevalece. Do contrário, tem que votar primeiro esse projeto de lei. Se o Senado faz alguma alteração no projeto de lei da câmara? Havendo emenda a esse projeto, a emenda tem que voltar para a Câmara. Não pode haver a aprovação de uma emenda apenas por uma das casas e aí nessa hipótese, havendo emenda, a câmara terá 10 dias para se manifestar a respeito dessa emenda.
	Então, no processo legislativo sumário, a diferença é que existe um prazo a ser observado. 45 dias na Câmara, 45 dias no Senado e se houver emenda no Senado, mais 10 dias na Câmara para apreciar a emenda. Neste prazo, o projeto de lei deve ser aprovado.
	Dois aspectos importantes em relação ao processo legislativo sumário: 
Esses prazos não são contados durante o período de recesso. Por exemplo, o recesso de fim de ano começa dia 22 de dezembro e vai até 2 de fevereiro. Se o Presidente da República manda um projeto de lei por motivo de urgência no dia 20 de dezembro, chega no dia 22 suspende o prazo. Só vai começar a contar a partir de 2 de fevereiro no ano seguinte. Então, não corre durante o período de recesso.
Ele não pode solicitar urgência quando for projeto de código em razão da complexidade do código. O Presidente não pode pedir ao Congresso para analisar um projeto de Código em 90 dias. 	Então, não se aplicaaos projetos de Código o processo legislativo sumário.
			 
	Tudo isso está previsto no art. 64, §§ 1º a 4º. Vejam o que diz a Constituição a respeito desse processo legislativo sumário:
	Art. 64 - A discussão e votação dos projetos de lei de iniciativa do Presidente da República, do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores terão início na Câmara dos Deputados.
	§ 1º - O Presidente da República poderá solicitar urgência para apreciação de projetos de sua iniciativa.
	Observe que ele não pode solicitar urgência em processo de iniciativa de outro legitimado. É só para projeto de iniciativa dele.
	§ 2º - Se, no caso do § 1º (SOLICITAÇÃO DE URGÊNCIA), a Câmara dos Deputados e o Senado Federal não se manifestarem sobre a proposição, cada qual sucessivamente, em até quarenta e cinco dias, sobrestar-se-ão todas as demais deliberações legislativas da respectiva Casa (ENTÃO TRANCA A PAUTA), com exceção das que tenham prazo constitucional determinado, até que se ultime a votação. (Alterado pela EC-000.032-2001)
	Vejam que o processo legislativo sumário fica sempre em último plano em relação aos outros prazos constitucionais como, por exemplo, o da medida provisória. Se uma medida provisória tranca a pauta e esse projeto também tranca, primeiro vota a medida provisória. Depois é que vota esse projeto de lei que fica sempre em último plano, quando tem outra norma com prazo constitucional.
	§ 3º - A apreciação das emendas do Senado Federal pela Câmara dos Deputados far-se-á no prazo de dez dias, observado quanto ao mais o disposto no parágrafo anterior.
	Aqui, vamos aproveitar para falar da EMENDA. Se o Senado faz uma emenda, volta para a Câmara novamente, todo o projeto para ela apreciar ou volta só a emenda? A Câmara aprecia a emenda ou todo o projeto novamente? Em relação ao resto do projeto, já houve aquiescência da Câmara, não tem que voltar. O que volta, é só a emenda. Só aquilo que foi modificado. Não tem que voltar todo o projeto. Isso vale para todo o processo legislativo, todo projeto de lei.
	§ 4º - Os prazos do § 2º não correm nos períodos de recesso do Congresso Nacional, nem se aplicam aos projetos de código.
São aquelas duas exceções que eu mencionei para vocês. 
Então, tudo o que vamos ver aqui sobre o processo legislativo ordinário, aplica-se ao processo legislativo sumário, com essa distinção dos prazos que eu mencionei. O restante é exatamente igual.
4.	PROCESSO LEGISLATIVO ORDINÁRIO
	É o processo legislativo de elaboração das leis ordinárias. É a base do processo legislativo. O processo legislativo pode ser dividido em três fases:
Fase introdutória
Fase constitutiva
Fase complementar
	4.1.	FASE INTRODUTÓRIA
	A fase introdutória é aquela fase na qual há iniciativa do projeto de lei. Alguém faz a proposta do projeto de lei.
	A iniciativa, geralmente, é dividida em duas espécies:
Iniciativa Geral (Concorrente ou Comum)
	Apesar de esses termos não significarem a mesma coisa, eles são mencionados como se fossem a mesma espécie de iniciativa, que é aquela iniciativa atribuída a mais de um legitimado. Mais de uma pessoa pode propor projeto de lei sobre aquele determinado assunto. Por isso é chamada de concorrente, comum ou geral. O oposto da iniciativa geral, comum ou concorrente é a chamada:
	Iniciativa Reservada (Exclusiva ou Privativa)
	Esses termos também não significam a mesma coisa mas os autores, geralmente, utilizam como sinônimos. 
	Então, de um lado você tem a Geral, atribuída a mais de um legitimado e do outro você tem a Reservada, que é exclusiva ou privativa de um legitimado. Somente uma pessoa pode propor o projeto de lei a respeito daquele assunto. Qual dos dois é a regra geral? Que tipo de iniciativa a Constituição consagra? A regra geral é a iniciativa Geral ou Comum. A iniciativa reservada é uma exceção à regra geral. Qual é a importância de vocês saberem isso? Se a iniciativa reservada é exceção à regra geral, como eu devo interpretar esse tipo de iniciativa? De forma extensiva ou de forma restritiva? Normas excepcionais devem ser interpretadas de que maneira? Restritivamente. Então, se esta é uma exceção à regra geral, a interpretação de iniciativa reservada deve ser uma interpretação restritiva. Ou seja, é uma iniciativa que não se presume. Você não pode presumir que alguém tem iniciativa reservada. Quando se fala em iniciativa reservada, aquele rol estabelecido pela CF é taxativo, é um rol de numerus clausus. Ou seja, só são aqueles legitimados previstos na CF. Não se pode colocar outros legitimados e nem presumir que alguém tenha iniciativa reservada. O rol é exaustivo, taxativo, de numerus clausus. 
	Feitas essas observações, vamos falar sobre algumas espécies de iniciativa.
	Quem pode propor leis? Primeira questão: lei complementar e lei ordinária são os mesmos legitimados ou existe diferença entre quem pode propor lei ordinária e quem pode propor lei complementar? Isso já foi pergunta de concurso (Cespe). Há alguma diferença nesse aspecto, como há com relação à emenda? A legitimidade para as leis complementares é igual à legitimidade para as leis ordinárias. Os legitimados são exatamente os mesmos. Não tem qualquer diferença:
Qualquer deputado federal
Qualquer senador
Qualquer comissão da Câmara, do Senado
Pelo Poder Executivo:	Presidente da República
Pelo Poder Judiciário:	Supremo Tribunal Federal e Tribunais Superiores 
Ministério Público:	PGR
Iniciativa popular.	
	Todos esses podem tomar a iniciativa. Mas, vejam bem. No caso do STF e dos tribunais superiores, eles só podem tomar a iniciativa se for um projeto de lei relacionado ao Poder Judiciário. Não se pode tomar iniciativa sobre qualquer projeto de lei. São só leis relacionadas ao Poder Judiciário. Não é qualquer tipo de lei. Quanto ao PGR, mesma coisa. Só pode tomar iniciativa se for lei relacionada ao MP. 
	Os cidadãos, a partir da iniciativa popular: mais de 1% de todo eleitorado nacional dividido em pelo menos 5 Estados da Federação com não menos de 3/10% dos eleitores de cada um deles. Isso está expresso no art. 61, § 2º:
	§ 2º - A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles.
	
	Eu havia comentado com vocês sobre aquele projeto de lei de iniciativa popular para aqueles candidatos de ficha suja. Eles agora conseguiram as assinaturas. Foi enviado para o Congresso Nacional e agora a gente tem que pressionar para conseguir aprovar isso lá. Mas essas assinaturas foram alcançadas. Aqui, temos a iniciativa geral. Vejam o que diz o art. 61, da CF:
	Art. 61 - A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição.
	Vejam que não tem diferença: lei complementar e ordinária.
	Aqui diz que a iniciativa popular tem que ser encaminhada à Câmara dos Deputados. Na verdade, em todos os outros casos (dos outros legitimados), o projeto começa na Câmara. O único caso em que ele vai começar no Senado é se o projeto for apresentado por um senador ou por uma comissão do Senado. Com exceção dessa hipótese, sempre começa na Câmara, que é a Casa iniciadora. Agora, se for um Senador ou Comissão do Senado, ele já apresenta na sua própria casa. Aí inverte. Em todos os outros casos, começa na Câmara e depois vai para o senado.
	Com relação à iniciativa, dois temas suscitam alguma dúvida e já foram analisados pelo Supremo.
	Matéria Tributária – É iniciativa comum ou privativa do presidente? Vejam porque houve uma divergência e essa questão foi levada ao Supremo: Art.61, § 1º, II, b: 
	
	§ 1º - São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que: II - disponham sobre: b) organização administrativa e judiciária, matéria tributária e orçamentária, serviços públicos e pessoal da administração dos Territórios;
	O art. 61, § 1º, fala das matérias que são de iniciativa privativa do Presidente da República. E dentre essas matérias, a alínea b fala da organização administrativa e judiciária, matéria tributária e orçamentária, serviços públicos e pessoal da administração dos Territórios. Muitos governadores começaram a achar que matéria tributária era de iniciativa exclusiva do Chefe do Executivo, alegando que havia sido atribuída com exclusividade ao Presidente da República. Só que o Supremo Tribunal Federal, quando analisou essa legitimidade disse o seguinte: matéria tributária só é de iniciativa exclusiva do Presidente nos Territórios. Somente nos Territórios é que a matéria tributária é de iniciativa exclusiva do Presidente. Esse dispositivo vocês não podem interpretar isoladamente, como se fossem várias competências. Na verdade, são competências, todas elas, no âmbito dos Territórios. Então é: organização administrativa e judiciária no âmbito dos Territórios, matéria tributária e orçamentária no âmbito dos Territórios e serviços públicos e pessoal da administração dos Territórios. É dessa forma que você deve interpretar. A matéria tributária é de iniciativa comum, do Presidente e do Poder Legislativo.
	Matéria Orçamentária – De quem é a iniciativa no caso de leis orçamentárias? Plano Plurianual, Lei de Diretrizes Orçamentárias, Orçamento anual? De quem é essa iniciativa? Iniciativa em matéria orçamentária é privativa do Presidente da República. Só o Executivo pode estabelecer leis nesse sentido. No art. 61, vocês não vão achar isso, mas no art. 165 existe essa previsão:
Art. 165 - Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:
I - o plano plurianual;
II - as diretrizes orçamentárias;
III - os orçamentos anuais.
	Com relação à fase introdutória, temos essas duas espécies de iniciativa, lembrando que a exclusiva deve ser interpretada restritivamente, lembrando que é exceção à regra geral. Após a fase introdutória, vem a fase seguinte, que é a fase constitutiva.
	
	4.2.	FASE CONSTITUTIVA
	É na fase constitutiva que acontece o processo legislativo propriamente dito. Ela tem várias etapas. Após a iniciativa, temos:
Discussão do projeto de lei	
Votação do projeto de lei
Aprovação do projeto de lei
Sanção do Presidente da República ou o Veto.
	Todas essas etapas fazem parte da fase constitutiva do processo legislativo.
	a)	Fase de Discussão
	
	Depois que é feita a iniciativa, o projeto de lei vai para o parlamento para ser discutido. Onde ocorre a discussão a respeito de um projeto de lei? Ela ocorre basicamente na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), que é a comissão que vai analisar a constitucionalidade daquele projeto de lei ou da proposta de emenda. Vai analisar se o projeto ou se a proposta são compatíveis com a Constituição. Se a CCJ considerar constitucional aquele projeto de lei, ele pode ser discutido, dependendo do tema, nas Comissões Temáticas. As comissões temáticas, assim como as CCJ’s são permanentes, duram por mais de uma legislatura. São comissões especializadas em determinados assuntos. A Constituição de 1988 privilegiou muito as comissões dentro do Congresso porque o Congresso hoje trata de uma infinidade de temas, temas que exigem um conhecimento especializado como, por exemplo, energia nuclear, exploração de petróleo, meio ambiente, agricultura, etc. Como são temas que exigem conhecimento especializado, a Câmara possui várias comissões temáticas que são comissões que têm conhecimento específico sobre um determinado tema e onde o conteúdo do projeto de lei vai ser apreciado. Geralmente, as comissões temáticas correspondem aos ministérios. Essa não é uma verdade absoluta, mas, em geral, você tem essa equivalência entre as comissões temáticas no Congresso e os ministérios. Os temas dos ministérios são mais ou menos os temas das comissões temáticas. E aí as condições temáticas vão apreciar o conteúdo específico quando a lei tratar de conteúdo específico.
	Além das CCJ’s e das comissões temáticas, a discussão também ocorrerá no Plenário da Câmara e do Senado, que vai discutir aquele projeto de lei. Não é em todos os casos, mas em muitos casos poderá discutir aquele projeto de lei. Então, essa é a primeira etapa da fase constitutiva. Teve a iniciativa, o projeto vai para discussão nas comissões e no Plenário. Após a discussão, aquele projeto de lei vai ser votado dentro do Congresso Nacional.
	b)	Fase de Votação
	Essa votação, em regra, ocorre onde? Na comissão ou no plenário? Quem vai fazer a votação de um projeto de lei? Em regra, a votação é feita no Plenário. É o Plenário que vota o projeto de lei. No entanto, tem uma hipótese que é muito cobrada nos concursos e que pouca gente sabe. Existe a possibilidade de um projeto de lei ser votado, não no Plenário, mas apenas dentro de uma comissão, sem passar por todos os deputados e senadores. Existem alguns casos em que um projeto de lei é votado somente dentro da comissão. Quais são esses casos? É o regimento interno que vai estabelecer. O regimento interno pode estabelecer que determinados assuntos não passarão pelo Plenário. Serão discutidos e votados apenas dentro da comissão. E aí você pode estar pensando: “então é possível que haja um projeto de lei aprovado, sem que os deputados saibam, se que os deputados discutam?” pode. Agora, se os deputados e senadores não concordarem com aqela votação da comissão, podem exigir, pela relevância do tema, que o projeto seja votado no Plenário. Eles podem recorrer e pedir que a votação seja feita no Plenário. Para isso é necessário o recurso de, pelo menos, 1/10 dos parlamentares. Então, se eles acharem que o tema é importante demais para a comissão poder analisar, eles podem fazer um recurso e esse tema vai ser discutido no Plenário. Essa hipótese está prevista no art. 58, §2º, I:
	§ 2º - Às comissões, em razão da matéria de sua competência, cabe: I - discutir e votar projeto de lei que dispensar, na forma do regimento, a competência do Plenário, salvo se houver recurso de um décimo dos membros da Casa;
	Muito cuidado com essa hipótese porque ela é muito cobrada em prova, principalmente do Cespe e da Esaf. E tem muita gente que não conhece.
	Agora, algumas questões importantes com relação à votação. Nós estamos falando aqui do processo legislativo ordinário, que é o processo de aprovação das leis ordinárias. 
	c)	Fase de Aprovação
	Quorum – Qual é o quorum necessário para a votação de uma lei ordinária? O quorum de votação é aquele quorum necessário para que seja instalado o Plenário, para que ocorra a votação. Não é para aprovar o projeto de lei. Para que ocorra uma votação no Congresso, quantos parlamentares têm que estar presentes ali? A maioria absoluta. O quorum de votação é de maioria absoluta, ou seja, mais de 50% dos membros. Esse quorum de votação é a regra geral. Não há deliberação no Congresso nacional sem que estejam presentes pelo menos 50% dos membros, seja dos membros da comissão, seja dos membros do Plenário. Guardem isso porque é a regra geral. Vale para qualquer ato dentro do Congresso. Qualquer deliberação. Não há deliberação do Congresso sem a presença de, pelo menos, 50% dos membros.
	Esse número é sempre um número fixo. Numa questão de prova perguntaram assim: “o quorum de votação da lei complementar é idêntico ao de uma lei ordinária.” Certo ou errado? Certo. O quorum de votação é idêntico para todos os atos. E aí muita gente já errou porque achava que para um era maioria absoluta e para a outra, maioria simples. Mas isso é quorum de aprovação. O quorum de votação é igual. Aí depois dizia assim: “o quorum de votação da lei ordinária é um número fixo.” Certo ou errado? Esse número é fixo? A maioria dos membros é sempreo mesmo número. Nós temos 513 deputados. A maioria absoluta vai ser sempre 257. É um número fixo. Não vai variar. Nós temos 81 senadores. Maioria absoluta vai ser sempre um número fixo, 41, não vai variar. Se a comissão tem 20 membros, a maioria absoluta vai ser sempre 10. Não vai variar. Então, o quorum de votação é sempre fixo. E a maioria absoluta é maioria absoluta porque não depende de nenhuma condição.
	Agora, vamos imaginar o seguinte: houve a discussão, houve a votação e o projeto de lei vai para a aprovação. No caso da aprovação, o quorum já não vai ser idêntico. O quorum de aprovação vai ser diferente para cada espécie normativa. Apesar de estamos estudando o processo legislativo ordinário, eu vou colocar todos aqui para você se lembrar:
Quorum de aprovação da proposta de LEI ORDINÁRIA – Maioria relativa ou maioria simples, como alguns preferem: mais de 50% dos presentes. Então, têm que estar presentes mais de 50% dos membros. Estando presentes mais de 50% dos membros, para a provação de uma lei ordinária, basta que mais de 50% daqueles que estão presentes, votem a favor. Art. 47:
	Art. 47 - Salvo disposição constitucional em contrário, as deliberações de cada Casa e de suas Comissões serão tomadas por maioria dos votos, presente a maioria absoluta de seus membros.
Quorum de aprovação da proposta de LEI COMPLEMENTAR – No caso da lei complementar, o quorum de votação vai ser diferente. É a única diferença formal entre uma lei complementar e uma lei ordinária. Todo o resto é idêntico (iniciativa, discussão, votação). A única diferença formal entre lei ordinária e lei complementar é o quorum de votação. Lei ordinária, maioria relativa e lei complementar, maioria absoluta. Ou seja, a lei complementar tem o mesmo quorum de votação e de aprovação. Se estiverem presentes 257 deputados, os 257 terão que votar a favor da lei complementar. Se estiverem presentes os 41 senadores, para aprovar a lei complementar, os 41 têm que votar a favor. É um número fixo. E o mesmo quorum de votação. Art. 69:
	Art. 69 - As leis complementares serão aprovadas por maioria absoluta.
Quorum de aprovação da EMENDA CONSTITUCIONAL – Quorum de 3/5. Onde está este quorum? No caso da lei ordinária, o quorum de aprovação está previsto no art. 47, no caso da lei complementar, no art. 69 e no caso da emenda constitucional, no art. 60, § 2º:
	§ 2º - A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros.
	O art. 47 é a regra geral. Ele só não será aplicado se houver dispositivo constitucional em sentido contrário. Por que no caso da lei complementar é diferente? Porque tem o art. 69 que dispõe em contrário. E porque no caso da emenda é diferente? Porque existe o art. 60, § 2º, que diz em sentido contrário. Então, se for uma medida provisória, se for uma lei delegado, se for um decreto legislativo ou se for uma resolução, vocês não vão encontrar nenhum dispositivo que diga de forma diferente. E se não diz nada de forma diferente, vale a regra geral. 
	“A regra geral vai valer para MP, LD (lei delegada), DL (decreto legislativo) e Resoluções.” Para todos esses atos, o quorum de votação e aprovação vai ser igual ao da lei ordinária porque não vai ter nenhuma regra específica estabelecendo outro quorum. Vejam por que o art. 47 vale para todos os atos:
	Art. 47 - Salvo disposição constitucional em contrário, as deliberações de cada Casa e de suas Comissões serão tomadas por maioria dos votos, presente a maioria absoluta de seus membros.
	
	Não adianta a exceção prevista no regimento interno, tem que estar na Constituição. E vejam que o art. 47, quando fala em “deliberações” está falando em qualquer tipo de ato. Não é só para aprovação de ato normativo, de processo legislativo, mas é qualquer deliberação. A maioria dos votos é o quorum de aprovação (maioria relativa). Então, para que seja tomada a deliberação pela maioria dos votos, têm que estar presentes na votação a maioria dos membros. E estando presente a maioria dos membros, aqueles que votarem em número maior serão os vencedores. Essa é a regra geral. Exceção, só se houver previsão constitucional expressa.
	Aproveitando que já estamos falando da lei ordinária e complementar, eu disse a vocês que a única diferença formal é esse quorum de aprovação. Além dessa diferença forma, qual é a outra diferença entre uma lei ordinária e uma lei complementar? O que difere uma lei ordinária de uma lei complementar além desse quorum de aprovação? A matéria. Além dessa diferença formal, existe uma diferença material. Uma diferença em relação à matéria. A matéria de lei ordinária é uma matéria residual. Então, tudo o que a Constituição não disser: “cabe à lei complementar”, ou “cabe ao decreto legislativo”, ou “cabe à resolução”, tudo o que a Constituição não especificar, tudo o que for residual, a lei ordinária pode tratar.
	Já a matéria de lei complementar, não. A matéria de lei complementar é reservada pela Constituição. A Constituição vai reservar determinados assuntos à lei complementar. E essa reserva tem que vir expressa no texto constitucional. Ela não se presume. Segundo o Supremo, essa reserva tem que estar expressa no texto da Constituição (“nos termos da lei complementar”, “lei complementar estabelecerá”). É o caso, por exemplo, de inelegibilidade. “Lei complementar estabelecerá outras hipóteses de inelegibilidade.” É o caso do ficha-suja.” Lá no art. 14, § 9º, a Constituição fala: “analisada a vida pregressa do candidato.” Então, esse projeto de lei, eu já vi algumas pessoas falarem que é inconstitucional porque viola a presunção de inocência. Não tem nada de inconstitucional você impedir que o candidato que tenha uma condenação, ainda que não transitada em julgado de não poder participar de uma eleição. Primeiro que a presunção de não culpabilidade, a meu ver, não se aplica no âmbito político. Se aplica no âmbito penal. Sim, porque se se aplicasse a todos os ramos do direito, ninguém poderia, por exemplo, ser condenado a pagar uma multa, ou ser condenado administrativamente antes do trânsito em julgado. Então, vale só lá no direito penal. E, segundo, que a própria Constituição, em seu texto originário, já prevê isso: “observada a vida pregressa do candidato.” Então, deve ser analisada, sim, a vida pregressa, igual ocorre nos concursos públicos. Eu concordo com o que o Min. Carlos Ayres Britto disse no voto dele: em matéria de direitos políticos, vale a presunção em favor da sociedade. Não é in dubio pro reo, mas in dubio pro societatis porque se a pessoa exerce um cargo político é a sociedade que tem que ser protegida. Então, a presunção não é em favor do indivíduo.
	Então, essas são as duas diferenças entre lei ordinária e lei complementar, uma no âmbito formal, que é o quorum de aprovação, e outra no âmbito material: lei ordinária, matéria residual e lei complementar, matéria reservada sempre de forma expressa pela Constituição.
	Antes de falarmos da sanção e do veto, tem uma questão da iniciativa que eu me lembrei e que é interessante a gente comentar. Vamos imaginar que uma iniciativa seja reservada pela CF ao Presidente da República (tem iniciativa exclusiva para tratar daquele assunto). Só que um deputado propõe um projeto de lei no lugar do Presidente. O Presidente diz: “apesar da iniciativa ser minha, o deputado propôs, mas eu concordo com esse projeto e sanciono.” A sanção do Presidente supre vício de iniciativa?isso está previsto numa súmula do Supremo, que é a Súmula 05:
	STF Súmula nº 5 - 13/12/1963 - A sanção do projeto supre a falta de iniciativa do Poder Executivo.
	Essa súmula, já antiga, estabelece que se o Presidente sanciona o projeto de lei, o vício de iniciativa é sanado, já que a iniciativa cabia a ele. Só que esta súmula, assim como as 3 e a 4 encontra-se superada. Após a Constituição de 1988, o Supremo não tem mais adotado esse entendimento. Esta súmula encontra-sesuperada. Qual é o entendimento que o STF tem hoje? O vício de iniciativa é insanável. Não adianta sanção de Presidente porque se tem um vício de origem, ele é insanável. A sanção não o supre.
	Vamos imaginar aqui o seguinte: a Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei ordinária, mandou para o Senado esse projeto de lei. Chegou no Senado e o Senado fez uma emenda nesse projeto que veio da Câmara. Vamos analisar algumas questões com relação à emenda.
	Quem pode apresentar emenda a um projeto de lei? São só parlamentares ou será que o Presidente ou o Supremo ou o PGR, que têm legitimidade para propor lei, também podem propor emenda ao projeto? 
	“A emenda pode ser apresentada por qualquer legitimado para propor a lei, desde que seja em matéria de sua iniciativa.”
	Então, o Presidente da República, por exemplo, pode apresentar emenda a um projeto de lei, desde que aquele projeto de lei tenha sido apresentado por ele. Ele não pode apresentar emenda num projeto de um deputado ou de um tribunal superior ou do PGR.
	O segundo detalhe importante: os demais legitimados (com exceção dos parlamentares) só podem apresentar emenda, se for emenda aditiva.
	“Com exceção dos parlamentares, os legitimados só podem apresentar emendas aditivas (= novo projeto)”
	Qualquer legitimado pode propor emenda quando o projeto é de iniciativa dele. No entanto, se o legitimado não for um parlamentar, o único tipo de emenda que ele pode apresentar ao projeto são emendas aditivas, ou seja, que acrescentem algo novo aquele projeto. Eles não podem apresentar as chamadas emendas supressivas, ou seja, que retirem algo daquele projeto. Emenda supressiva só pode ser apresentada por parlamentar. Somente ele pode apresentar emenda supressiva. Já a aditiva pode ser apresentada por qualquer legitimado. Por que isso? Por que só o parlamentar pode apresentar emenda supressiva, que retira algo? Acompanhem o raciocínio: quando o projeto de lei é apresentada ao parlamento, ele sai da esfera daquele que apresentou e entra na esfera do Legislativo. A partir do momento que ele está na esfera do Legislativo, a pessoa que apresentou não tem mais o poder de dispor do projeto de lei. Não pode dizer que se arrependeu de ter apresentado aquele projeto e querer ele de volta. Não pode. Chegou no parlamento, está sob o domínio do parlamento. Assim como ele não pode retirar do parlamento aquele projeto, ele não pode retirar da apreciação do parlamento uma parte daquele projeto. Agora, por que ele pode apresentar uma emenda aditiva? Porque aí é como se ele estivesse apresentando um novo projeto. Por isso, se admite. 
	Vamos imaginar o seguinte: um senador propõe uma emenda a um projeto de lei que veio da Câmara. Voltou para a Câmara. Se ela concordar, aprova a emenda e a emenda vai ser sancionada junto com o projeto de lei. Se a Câmara não concordar, rejeita aquela emenda. Ela pode fazer a chamada subemenda? A emenda da emenda? Não se admite subemenda. Não se admite que haja emenda da emenda porque senão o processo legislativo não terminaria nunca. A Câmara emendaria a emenda, o Senado emendaria a emenda feita pela Câmara. Então, o Senado fez a emenda. Ou a Câmara aprova a emenda ou rejeita. Ela não pode emendar a emenda. 
	E se for uma emenda supressiva feita pelo Senado? Tem que voltar para a Câmara dos Deputados esse projeto de lei? Adianta voltar para a Câmara? Não porque não adiantaria nada voltar. Se o Senado só suprimiu algo do projeto, esse projeto vai, da forma como ficou no Senado direto para sanção presidencial. Não vai voltar para a Câmara porque não adianta a Câmara se manifestar. No caso de emenda supressiva, não há que se falar em revisão. Se ele retirou algo do projeto de lei, é porque não concorda com essa parte. Tem que haver a conjugação das duas vontades.
	Vejam como a questão é complexa. No caso da PEC dos vereadores (que aumentou o número de vereadores), houve uma supressão no Senado e, teoricamente, não precisaria voltar para a Câmara novamente. Só que o que aconteceu na PEC supressiva do Senado? Você tinha uma parte da PEC que fixava o número de vereadores e uma outra parte da PEC que dizia que não poderia ter aumento de despesa com esse aumento do número de vereadores. O que o Senado fez? Não concordou com essa parte segunda. Foi a emenda supressiva. Retirou uma parte da PEC e a outra parte foi para a promulgação da Mesa. Teoricamente não precisava voltar para a Câmara. Esta parte da PEC, sem dúvida alguma ficou afetada também a parte de cima porque a Câmara só aprovou a parte de cima com essa condição, ou seja, de que a despesa não fosse aumentada. Nesse caso (...). Foi uma emenda supressiva que afetava o conteúdo do restante.
	Projeto de iniciativa exclusiva do Presidente. O Congresso Nacional pode fazer uma emenda alterando esse projeto de iniciativa exclusiva do Presidente já que a iniciativa é só do Presidente ou será que o Congresso tem que aprovar integralmente o projeto do jeito que foi apresentado ao Congresso? O raciocínio é aquele que eu já disse: a partir do momento que o projeto de lei é apresentado ao Congresso, ele passa a ser do domínio do Poder Legislativo. Ele deixa de ser do domínio de quem apresentou. Nesse caso, o Poder Legislativo não fica vinculado. Você não pode obrigar o Legislativo a aprovar o projeto da forma integral, como ele foi apresentado. O Legislativo pode fazer emendas.
	“Cabe emenda em projeto de iniciativa exclusiva desde que ela guarde pertinência com o restante.”
	O Michel Temer utilizou uma expressão, “caldas de lei” ou “contrabando legislativo" (...) Eles colocam dentro daquele projeto de lei um assunto totalmente diferente, de forma a tentar fazer passar aquele assunto sem que chame muita atenção. Eles acrescentam ali no projeto de lei que trata do assunto “X”, um assunto “Y”. (...) Cabe emenda em projeto de iniciativa exclusiva, desde que haja pertinência com o projeto apresentado.	 	
	
	A única vedação que a Constituição faz com relação à emenda, é no caso de emenda que provoque aumento de despesa. No art. 63, a CF faz uma ressalva com relação a isso. É a única ressalva que a Constituição faz. A ressalva não é contra a emenda em si, mas contra o aumento de despesa:
	Art. 63 - Não será admitido aumento da despesa prevista: I - nos projetos de iniciativa exclusiva do Presidente da República, ressalvado o disposto no Art. 166, §§ 3º e 4º;
	Vejam que a vedação não é com relação à emenda em si, mas com relação ao aumento de despesa.
	d)	Fase de Sanção
	A sanção pode ser tácita ou tem que ser expressa? O Presidente pode sancionar um projeto de lei sem se manifestar sobre ele? A sanção pode ser:
Expressa
Tácita (art. 66, § 3º: § 3º - Decorrido o prazo de quinze dias, o silêncio do Presidente da República 	importará sanção.) – Esses 15 dias são 15 dias úteis. Depois vocês verão por que.
	Existe veto tácito? Se o silêncio do Presidente importa em sanção do projeto de lei, não existe veto tácito. Para ele vetar, ele tem que dizer expressamente. O veto tem que ser expresso. Sempre. 
	Por que no caso da sanção tácita são 15 dias úteis? Vamos ver o que diz o art. 66, § 1º: 
	§ 1º - Se o Presidente da República considerar o projeto, no todo ou em parte, inconstitucional ou contrário ao interesse público, vetá-lo-á total ou parcialmente, no prazo de quinze dias úteis, contados da data do recebimento, e comunicará, dentro de quarenta e oito horas, ao Presidente do Senado Federal os motivos do veto.
	Quando ele considera inconstitucional, que veto é esse? Como chama esse veto por inconstitucionalidade? Veto jurídico. Quando é contrário ao interesse público, é veto político. 
	Observe o seguinte: se para vetar, ele tem 15 dias úteis, para que haja sanção tácita, você não pode contar quinze dias corridos. Tem que esperar os 15 dias úteis porque a possibilidade de ele vetar ainda dentro deste prazo. Então, você tem que interpretar os dois dispositivos em conjunto.	 
	Então, a sanção pode ser expressaou tácita, pode ser total ou parcial. O veto também pode ser total ou parcial. O veto pode ser jurídico (se for por inconstitucionalidade) ou pode ser político (quando contrário ao interesse público). 
	Questão de prova da magistratura/MG: o veto é relativo ou é absoluto? O veto é relativo. E por que não é absoluto? É relativo porque pode ser derrubado pelo Congresso Nacional por maioria absoluta em sessão conjunta no prazo de 30 dias em escrutínio secreto. Questão de prova também: pode uma Constituição estadual estabelecer a derrubada do veto do governador através de escrutínio em aberto? Para você responder isso você tinha que saber se o escrutínio era aberto ou secreto nesse caso. Como era segunda etapa, você poderia consultar. A Constituição Federal fala que o escrutínio é fechado. A Constituição estadual poderia dispor de forma diferente? Essa regra vale para os estados e municípios. Ela é de observância obrigatória. A derrubada do veto do Governador tem que ser por escrutínio secreto. A derrubada do veto do governador tem que ser por escrutínio secreto. Não pode ser escrutínio em aberto, já que é norma de observância obrigatória. Essa derrubada do veto está prevista no art. 66, § 4º:
	§ 4º - O veto será apreciado em sessão conjunta, dentro de trinta dias a contar de seu recebimento, só podendo ser rejeitado pelo voto da maioria absoluta dos Deputados e Senadores, em escrutínio secreto.
	
	4.3.	FASE COMPLEMENTAR
	
	Essa fase complementar, a rigor, nem é mais processo legislativo porque, com a sanção, o projeto de lei já se transforma em lei. Mas podemos colocar como fase complementar já que a maioria dos autores faz assim. 
	Na fase complementar, temos duas etapas:
Promulgação da lei – O projeto de lei com a sanção se transforma em lei. O Presidente da República sanciona o projeto de lei e promulga a lei. Muita gente tem dificuldade de identificar a sanção porque, geralmente, ela já vem junto com a sanção. 
	“A promulgação é o ato que atesta a existência da lei e lhe confere executoriedade.”
	Através da promulgação, a lei passa a existir e passa a ter executoriedade. Mas, na verdade, ela só surte efeito mais adiante.
Publicação da lei – Com a publicação, além de executoriedade, a lei passa a ter obrigatoriedade. Então, a promulgação confere executoriedade à lei. A publicação confere obrigatoriedade.
	Lembrando que no caso de proposta de emenda, depois da aprovação, a proposta vai para promulgação e publicação. Proposta de emenda à constituição não tem sanção nem veto. Isso só vale para lei ordinária e lei complementar. No caso de decreto legislativo não tem sanção nem veto, resolução não tem sanção nem veto, proposta de emenda não tem sanção nem veto. Isso é só para lei ordinária e lei complementar. Medida Provisória aprovada pelo Congresso, precisa haver sanção da lei de conversão da medida provisória? Depende. Se não houver nenhuma alteração na MP, não precisa da sanção. Mas se o Congresso alterar a medida provisória e fizer um projeto de lei diferente, aí precisa da sanção do Presidente. Quando a MP é convertida em lei, só precisa de sanção se houver alteração. Se a MP for convertida integralmente em lei, sem alteração, não precisa o Presidente sancionar. Aí é dispensada.
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