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DERIVATIVOS FINANCEIROS Mario Pina 2009 IESDE Brasil S.A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br Todos os direitos reservados. © 2009 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais. Capa: IESDE Brasil S.A. Imagem da capa: IESDE Brasil S.A. P645d Pina, Mario. / Derivativos financeiros. / Mario Pina. — Curitiba : IESDE Brasil S.A. , 2009. 332 p. ISBN: 978-85-387-0248-1 1.Derivativos (Finanças) 2.Finanças 3.Contabilidade I.Título CDD 332.645 Mario Pina Doutorando em Economia pela Escola de Pós- -Graduação em Economia – Fundação Getulio Vargas - EPGE/FGV, Graduado em Engenharia Química pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, Mestre em Economia pela Escola de Pós-Graduação em Economia da Fundação Getulio Vargas (EPGE/ FGV ), Graduado em Eco- nomia pela Faculdade de Ciências Econômicas do Rio de Janeiro. Professor da Pontifícia Universidade Católica PUC-RJ , nos cursos do IAG Master. Ex-professor do Instituto Brasileiro de Merca- dos de Capitais (IBMEC) - Derivativos e Merca- dos Financeiros. Professor da Fundação Getulio Vargas - Cursos de Pós-Graduação em Finanças e Mercado de Capitais e de Gestão e Finanças Corporativas. Professor Assistente - Faculdade de Economia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Professor da Andima (Associção Nacional das Instituições do Mercado Financeiro - RJ). Professor da BM&F (Bolsa de Mercadoria e Futu- ros) – RJ e SP. Atuou como engenheiro químico no Departa- mento Industrial, e como economista do Serviço de Planejamento e Financeiro, da Petrobras. Consultor em Economia de diversas empresas. su m ár io su m ár io su m ár io su m ár io Introdução aos mercados/contratos de derivativos 13 13| O que são os derivativos 13| Importância e crescimento do uso dos contratos de derivativos 14| Participantes dos contratos e mercados de derivativos 16| Estruturas fundamentais dos instrumentos derivativos 20| Complexidade dos instrumentos derivativos 23| Origem dos mercados futuros, de opções e de swaps 24| As principais bolsas de futuros no mundo Mercados futuros 31 31| Utilização dos contratos futuros 36| Hedger 41| Base e risco de base 46| Contratos futuros e entrega de produtos Mercados futuros de câmbio e de taxas de juros DI 55 55| Contratos futuros de taxa de câmbio na BM&FBovespa 62| Contratos futuros de taxa de juros DI Mercados futuros de índices de ações e de commodities 85 85| Contratos futuros de índices de ações Ibovespa na Bolsa de Mercadorias e Futuros BM&FBovespa 94| Contratos futuros de commodities 97| Contratos futuros de petróleo Contratos a termo e preços dos contratos a termo e futuros 111 111| Definição 112| Preços futuros a termo e preços à vista 115| Preços a termo de títulos com rendimento determinado Contratos e mercados de opções 131 131| Opções fundamentais 136| Classificação de acordo com a possibilidade de exercício 138| Exemplo de uso de opção de compra Estratégias com opções 157 157| Introdução 157| 1.ª estratégia – spread de alta ou trava de alta 159| 2.ª estratégia – straddle 162| 3.ª estratégia – strangle 165| 4.ª estratégia – financiamento (covered call) 168| 5.ª estratégia – put de proteção (protective put) 170| 6.ª estratégia – spread borboleta (butterfly) 173| 7.ª estratégia – box de 4 pontas 176| 8.ª estratégia – collar 179| 9.ª estratégia – call sintética 179| 10.ª estratégia – put sintética Preço das opções 185 185| Paridade put-call 187| Introdução ao Modelo de Black & Scholes 201| Sensibilidade do preço das opções às suas variáveis determinantes, ou gregas su m ár io su m ár io su m ár io su m ár io Modelo binomial 209 209| Introdução 209| O uso do modelo binomial Opções exóticas 231 231| Definição 231| Opções exóticas independentes da trajetória do ativo-objeto 236| Opções exóticas dependentes da trajetória do ativo-objeto 243| Outras opções exóticas Contratos e mercados de swaps 249 249| O que são as operações de swaps? 253| Swaps e contratos futuros 254| Exemplos de swaps 256| Origens das operações de swaps 257| Swaps e vantagens comparativas 260| O mecanismo das trocas de pagamentos 262| Valor de um swap 267| Financiamento com swap de juros Operações com derivativos 273 273| Introdução 273| Análise de proteção cambial Gabarito 293 Referências 329 Anotações 331 Introdução D erivativos Financeiros O livro apresenta os tipos básicos de ins- trumentos derivativos, os agentes que par- ticipam desses mercados, as estratégias que podem ser utilizadas e uma breve história de formação dos mercados derivativos. O mesmo se divide em quatro partes, inicialmente estão os contratos futuros e a termo, em seguida os contratos de opções, os contratos de swaps são abordados no final, juntamente com apli- cações comparativas. Na primeira parte são analisados os mer- cados futuros e a termo, os contratos rela- cionados a esses mercados, e as operações com esses contratos. Os principais contratos futuros utilizados no Brasil, e alguns poucos no exterior, são analisados, na forma de suas especificações e usos adequados a diversas situações encontradas na prática. Na parte que cobre os contratos e merca- dos de opções são apresentadas as definições, os tipos de contratos e, também, as estraté- gias com esse instrumento derivativo imensa- mente rico em formas de uso, e, por isso, ade- quado a numerosas situações vivenciadas na prática por empresas ou investidores. Ainda sobre o tópico opções, após vários exercícios ilustrativos, diversas estratégias são detalhadas e comparadas de modo a permitir que o leitor possa compreender a finalidade de cada uma delas. A seguir, é discutida a forma de apreçamento destes instrumentos, com o uso do Modelo de Black & Scholes, e seus desdobramentos. É enfatizada a origem dos modelos para cálculo de preços, e seus D erivativos Financeiros desdobramentos com o Modelo binomial. A flexi- bilidade deste modelo é enfatizada e comparada ao modelo original de apreçamento de opções, o já citado Modelo de Black & Scholes. Também são introduzidas as diversas opções exóticas, com suas características e objetivos, de modo a compará-las às opções tradicionais. Nos contratos de swaps, que compõem a ter- ceira parte do livro, eles são comparados aos con- tratos futuros e a termo, e é ressaltada a origem comum a ambos. Situações práticas e estruturas utilizadas são discutidas em operações no Brasil e no exterior. Em seguida, a formação de preços destes instrumentos é analisada na forma teórica e com aplicações práticas. Por fim, é mostrado um exemplo de uso alter- nativo de contratos futuros e de opções, fazendo as comparações entre eles em uma situação espe- cífica que envolve riscos cambiais. Introdução aos mercados/ contratos de derivativos O que são os derivativos Os derivativos são ativos cujos valores dependem do preço de outros ativos, que são aqueles que originam o contrato de derivativos e que são chamados ativos-objetos ou ativos subjacentes. Por exemplo, os preços futu- ros de mercadoria, como soja, petróleo, milho, minerais etc., ou de um ativo financeiro como uma moeda, ou um título de dívida, ou uma ação, depen- dem, respectivamente, do valor destas mercadorias e destes ativos finan- ceiros no mercado à vista; ou o preço de um contrato de opção de compra (direito de compra) de uma mercadoria ou de uma moeda também depende do valor damercadoria ou da moeda que define o contrato de opção. Aqui, os contratos futuros e de opções são conhecidos como derivativos, pois dependem do ativo que lhes dá origem. Também é possível ter contratos de derivativos que dependem de outro derivativo como, por exemplo, o contrato de opção de compra ou de venda de contratos futuros de dólar; mas, mesmo neste caso, os contratos futuros irão depender do preço do ativo à vista que o originou e da taxa de câmbio real/dólar. Importância e crescimento do uso dos contratos de derivativos Os contratos de derivativos cresceram muito em importância nas últimas décadas, tornando-se instrumentos de uso comum no mundo das finanças. Nesta evolução, os instrumentos derivativos passaram a fazer parte do esto- que de conhecimento necessário para os profissionais da área de finanças. Os contratos de derivativos possuem uma função econômica de valor para os mercados financeiros, de bens e de serviços e até mesmo para o setor público, permitindo que situações de risco sejam transferidas de um 14 Derivativos Financeiros agente econômico menos apto a sustentá-la para outro agente mais habi- litado a suportá-la. Por exemplo, um exportador pode transferir seu risco cambial para instituições financeiras mais capazes de lidar com este tipo de risco, já que elas, por executarem diversas operações com diversos agentes econômicos (clientes e outras instituições financeiras), conseguem absor- ver e eliminar parte ou todo o risco cambial envolvido na operação com o exportador. É também possível que dois agentes econômicos compensem seus riscos entre si de modo concomitante, quando um deseja se proteger de uma situação de risco que é, por sua natureza, a situação que elimina o risco do outro agente econômico. Consideremos novamente o caso do ex- portador que quer se proteger contra a valorização de sua moeda; ele, então, poderia acertar um contrato com um importador, que esteja querendo se proteger contra a desvalorização desta mesma moeda, no qual o exporta- dor pagaria um valor ao importador, no caso da desvalorização futura da moeda, e o importador pagaria ao exportador um determinado valor, no caso de valorização futura da moeda. Poderia haver, ou não, uma instituição financeira mediando esta negociação; mas, o fato importante é que as duas partes envolvidas estariam controlando seus respectivos riscos através de uma operação financeira. Participantes dos contratos e mercados de derivativos Os agentes que participam dos mercados/contratos de derivativos são os hedgers, os especuladores, os arbitradores, e os market makers. Estes agentes interagem entre si e com bolsas de futuros e instituições normativas. Vejamos os papéis destes agentes básicos. Hedger e especulador Como veremos mais adiante, os instrumentos derivativos, por exigirem pequenos valores monetários em relação à posição financeira assumida com estes instrumentos, constituem operações alavancadas e, por isso, permitem criar situações de risco elevado. Assim sendo, se o objetivo é assumir riscos elevados, estar-se-ia na posição oposta a do exportador acima. O exportador, Introdução aos mercados/contratos de derivativos 15 ao procurar uma instituição financeira para cobrir seu risco cambial, estaria eliminando riscos, ou seja, buscando proteção contra oscilações da taxa de câmbio; estaria fazendo o que se chama de hedge. Por outro lado, o agente econômico que busca os derivativos para assu- mir posições de risco estaria fazendo o que chamamos especulação. O espe- culador poderia ser, por exemplo, um agente que aposte em determinada ocorrência de mercado, através do uso de instrumentos derivativos, na va- lorização ou desvalorização de uma moeda, por exemplo, ou na subida ou descida das taxas de juros, ou ainda da Bolsa de Valores. Se sua aposta estiver errada, ele perderá; e, caso contrário, ganhará. Em contraste o exportador anterior estará controlando os resultados possíveis de sua receita cambial futura, exatamente com o uso dos instrumentos derivativos. O especulador no mercado de derivativos pode ser caracterizado como aquele (indivíduo ou instituição) que assume posições em derivativos cujos objetos de contratos não estão relacionados com a atividade principal do indivíduo ou instituição; mas também incluiria aqueles cujas atividades prin- cipais estão relacionadas com o ativo-objeto do contrato derivativo, mas que assumem posições com derivativos que estariam aumentando seu risco total e não o eliminando, como faria um hedger. Arbitrador Outra atividade importante nos mercados financeiros em geral, e, em particular, no de derivativos, é a do arbitrador. Como será analisado em ca- pítulo posterior o valor de um contrato futuro guarda determinada relação com o preço do ativo-objeto deste contrato. Assim sendo, alguns agentes atuam concomitantemente nos dois mercados, no à vista e no futuro, bus- cando auferir ganhos com possíveis distorções nesta relação. Estes agentes são os arbitradores. E a atuação deles tende a estabelecer uma determinada relação entre preços à vista e futuros, como, por exemplo, entre a cotação do dólar no mercado à vista e no mercado futuro, ou entre o preço do petróleo à vista e futuro etc. Normalmente, os arbitradores são grandes bancos que desfrutam de fontes de financiamento barato, ou grandes empresas que usam o ativo-ob- jeto dos contratos de derivativos em suas atividades principais, e, portanto, tem facilidade de negociá-lo no mercado à vista. 16 Derivativos Financeiros Market maker Os market makers são agentes que cotam preços de compra e venda de derivativos negociados em Bolsas, procurando garantir, dessa maneira, li- quidez aos contratos negociados, e, por isso, influenciam na formação de preços. Estruturas fundamentais dos instrumentos derivativos Os derivativos podem ser divididos em contratos futuros, contratos a termo, contratos de opções e contratos de swaps. Diversas variações podem ser feitas com base nestes contratos, como, por exemplo, através de swaptions, que caracterizam opções sobre swaps; ou de opções sobre contratos futuros, ou, ainda, de opções sobre opções. Uma visão inicial destas estruturas fundamentais dos instrumentos deri- vativos pode ser apresentada nas situações criadas a seguir: Um produtor de café deseja garantir o preço de sua produção que será vendida seis meses à frente. Ele teme que os preços do café possam cair no mercado internacional; o suficiente para reduzir substancialmente ou mesmo eliminar sua margem de lucro. Este objetivo do produtor poderia ser alcançado de diversas maneiras. Apresentaremos quatro alternativas. A alternativa de indexar o preço do produto ao custo da produção não será considerada, pois estaremos su- pondo que os preços no mercado internacional são dados para o produ- tor, ou seja, ele não consegue estabelecer os preços devido à concorrência internacional. 1.ª alternativa – o produtor de café pode tentar estabelecer a fixação dos preços do café, que será vendido, diretamente com os compradores do produto. Esta estratégia, para ser bem-sucedida, exigiria aceitação por parte dos compradores de café a ser vendido seis meses à frente, e quanto maior o número de compradores, mais difícil deve ser esta tarefa. No en- tanto, se os compradores de café receiam que possa haver elevação do preço deste produto nos próximos meses, eles poderão antecipar o preço de compra do café. Introdução aos mercados/contratos de derivativos 17 Esta alternativa, se realizada, caracterizaria o que chamamos contratos a termo. Haveria a venda futura do café, mas com preços estabelecidos hoje, e não na data de entrega do produto. Estamos diante de uma fixação de preços. 2.ª alternativa – o produtor de café poderia escolher uma outra manei- ra de antecipar o preçode venda de sua produção, por exemplo, utilizando contatos futuros que são negociados em bolsas de futuros. Essa alternativa produz o mesmo resultado que a anterior, pois estabe- lece uma fixação de preços (a menos de algumas imperfeições) antecipada para o produto que será vendido em data futura. Entretanto, os contratos futuros são oferecidos por bolsa de futuros como a BM&FBovespa no Brasil, a Chicago Mercantile Exchange nos EUA etc., tendo, por isso, os contratos padronizados, requerendo depósitos de mar- gens como garantia, e apresentando regras próprias de entrega de produtos. Assim, as bolsas de futuro se diferenciam dos contratos a termo, que são contratos estabelecidos diretamente entre as partes interessadas. 3.ª alternativa – o produtor de café pode adquirir o direito de vender café a um determinado preço mínimo, acertado hoje, para a entrega do pro- duto em seis meses. Este direito de venda é chamado de opção de venda. Nesta operação, o produtor tem o direito de vender seu produto a um preço mínimo, ou preço de exercício, ficando a obrigação, portanto, com a contraparte deste contrato, o qual é obrigado a comprar café ao preço mínimo estabelecido se o produtor assim o desejar. Por este direito o produ- tor de café pagará um prêmio, semelhante ao que ocorre em um contrato de seguro comum. Esta alternativa permite que o produtor de café obtenha um preço mínimo por sua produção, não se tratando, portanto, de fixação de preços do produ- to; o que ocorre é apenas uma limitação de preços. É uma alternativa supe- rior às duas anteriores em termos de flexibilidade, mas exige, certamente, um preço por essa flexibilidade, que é o prêmio pago. 4.ª alternativa – outra possibilidade para o produtor de café seria realizar um contrato de swap (troca), no qual ele receberia um preço pelo café, que seria estabelecido no início desta operação, portanto, prefixado, e pagaria o preço do café que vigorasse no mercado internacional no dia da entrega do produto. Como o produtor estaria recebendo o preço do café em vigor no 18 Derivativos Financeiros mercado internacional no dia da entrega física do produto ao comprador do café, e, ao mesmo tempo, estaria pagando este mesmo preço na operação de swap, estes dois fluxos se anulariam, restando, então, para o produtor, em termos líquidos, o pagamento prefixado constante no contrato de swap. Então, o produtor estaria fixando seu preço de venda do café. Ver figura 1. Figura 1 – Swap de preço de café. Contrapartida Preço do café no mercado Preço fixo de café Vende café ao preço de mercado Empresa de café Novamente, temos uma fixação de preços, como nas duas primeiras alternativas. Entretanto, no contrato de swap haveria, no dia de seu vencimento, que coincidiria com o dia da entrega física do café, simplesmente a troca da di- ferença financeira entre o preço prefixado do café e o preço do café no mer- cado internacional, evitando, desse modo, pagamentos mais elevados, que ocorreriam se os valores fossem trocados integralmente. As quatro alternativas são resumidas na tabela 1. Tabela 1 Operação Fixação de preço Limitação de preço Em bolsas de futuro Pagamento de prêmio Contratos a termo SIM NÃO NÃO NÃO Contratos futuros SIM NÃO SIM NÃO Contratos de opções NÃO SIM SIM e NÃO SIM Contratos de swaps SIM NÃO NÃO NÃO A estratégia a ser escolhida dependerá da visão do produtor quanto ao preço a vigorar no mercado e dos custos envolvidos na operação. Introdução aos mercados/contratos de derivativos 19 Substituamos, agora, o produtor de café por um investidor que deseja investir correndo o risco de oscilações do preço do café. Este investidor não produz nem compra café em termos físicos, ele apenas acredita em certa tendência dos preços no mercado internacional. Este investidor poderia, por exemplo, vender contratos futuros de café se acreditasse em tendência de queda de preços no mercado. Como ele não dispõe do café para venda em data futura, por não ser um produtor, não estaria fixando um preço de venda para este produto. Estaria, sim, apenas obtendo ganhos financeiros se os preços na data futura fossem menores do que o preço determinado na venda dos contratos futuros. Se ocorresse a situação oposta, isto é, se o preço futuro do café no mercado internacio- nal subisse acima do preço ao qual ele vendeu inicialmente os contratos futuros, o investidor sofreria uma perda financeira por ter vendido café, an- tecipadamente, a preço que resultou menor do que o que passa a vigorar no mercado internacional. Este investidor também poderia vender os contratos de opções de venda de café para o produtor do início do exemplo. Neste caso, o investidor rece- beria o prêmio pago pelo produtor e se sujeitaria a perdas se o preço do café caísse abaixo do preço mínimo estabelecido no contrato de opções, quando, então, o produtor de café estaria exercendo seu direito de venda de café ao preço mínimo, ou preço de exercício. E se o preço do café, no vencimento do contrato de opção estivesse acima ou fosse igual ao preço mínimo, o contrato não seria exercido e o investidor lucraria com o prêmio recebido no início do contrato. Se o contrato é exercido pelo produtor de café, o valor da perda financei- ra do investidor deverá ser transferido para o produtor, e se esta perda for maior do que o prêmio recebido pelo investidor no início da operação, este último terá que desembolsar recursos próprios neste investimento. As situações do produtor de café e do investidor ressaltam o contraste das possíveis posições que poderiam ter assumido no exemplo em discussão. O produtor estaria buscando proteção contra queda de preços de seu produto, ao passo que o investidor estaria tentando obter ganhos financeiros explo- rando possíveis tendências de preços no mercado internacional de café. O produtor estaria se protegendo, ou seja, fazendo um hedge, enquanto que o investidor estaria fazendo especulação. 20 Derivativos Financeiros Não há necessidade de que as operações com derivativos compreendam um hedger e um especulador, elas podem ser feitas entre dois hedgers ou entre dois especuladores, ou ainda com arbitradores. Complexidade dos instrumentos derivativos Os derivativos podem apresentar graus de complexidade elevados em suas estruturas e nos seus apreçamentos. Uma situação em que isto normal- mente ocorre é aquela que envolve contratos de opções chamados exóticos, tema do capítulo 10 deste livro. Estas opções, como o nome diz, são diferen- tes, por isso não são classificadas como opções padrão, denominadas, em sua estrutura mais fundamental, de vanilla, nome decorrente da expressão “plain vanilla”, que significa o mais simples; em uma associação que pode- ríamos fazer com o sorvete de baunilha puro, sem mais ingredientes como caldas de cobertura, castanha, ou creme chantili. Embora a maioria dos contratos de derivativos celebrados comporte es- truturas financeiras de complexidades moderadas, estas operações também podem apresentar sofisticações significativas, como foi o caso, por exemplo, da operação executada pela empresa Procter & Gamble na década de 1990; ela contratou uma operação de swap (tema do capítulo 11), cujos fluxos fi- nanceiros dependiam do spread de juros na curva de rendimentos dos títu- los do Tesouro norte-americano, operação na qual o banco Bankers Trust era a contraparte, e que acabou sendo processado judicialmente pela empresa por discordâncias quanto aos riscos da operação. Outros casos envolvendo contratos derivativos também terminaram na Justiça. Estes foram os casos da Gibson Greetings, novamente contra o Bankers Trust, e do Orange County, condado da Califórnia, nos EUA, que sofreu perdas pesadas com aplicações em títulos de dívida sofisticados, em parte, vendidos para o condadopelo banco de investimento Merryl Lynch. Esses títulos tinham como características a possibilidade de ganhos acentua- dos com a queda das taxas de juros libor1 em dólares, constituindo, portanto, veículos para posições alavancadas e, por isso, sujeitos a ganhos ou perdas elevadas. Os títulos em si não se enquadrariam, a princípio, na classificação de instrumentos derivativos, mas como são gerados a partir de operações com derivativos seriam enquadrados nestes instrumentos. 1 Libor significa: London Interbank Offer Rate e re- presenta a taxa de oferta interbancária cotada em dólares (mas também negociada em outras moedas) negociada no mercado Eurodólar (dóla- res “fora” dos EUA). Introdução aos mercados/contratos de derivativos 21 O episódio ocorrido recentemente no Brasil, que, aparentemente, depõe contra o uso de derivativos, consiste nas operações com opções sobre a taxa de câmbio real/dólar, realizadas pelas empresas brasileiras: Aracruz, Votorantim e Sadia; todas elas, em suas operações financeiras, su- postamente, venderam opções de compra de dólar para os bancos com os quais estabeleceram estes contratos de opções. Essa estratégia possui risco elevado, e, por isso, essas empresas acabaram sofrendo perdas financeiras significativas. As empresas estariam na posição do investidor, no exemplo mencionado com a opção de venda de café. Duas diferenças, no entanto, podem ser apontadas: 1.ª diferença – o investidor supostamente poderia vender opções de venda de café para o produtor de café. Assim, como vimos, ele perderia quando o preço do café no mercado internacional caísse abaixo do preço mínimo, ou preço de exercício. No caso das empresas, elas perderam quando a taxa de câmbio ultrapassou a cotação em R$/US$ determinada pelo preço de exercício da opção de compra. A crise externa levou à desvalorização do real frente ao dólar norte-americano, e, por isso, a cotação de mercado ultrapassou o preço de exercício das opções de compra vendidas pelas em- presas. Supondo que o preço de exercício de algumas opções de compra tenha sido 1,70R$/US$, se a cotação no mercado alcançou 2,40R$/US$, as empresas teriam perdido a diferença entre 2,40R$/US$ e 1,70R$/US$, já que os bancos, que eram a contraparte das operações, teriam exercido o direito deles de comprar dólares a 1,70R$/US$, quando a cotação no mercado de câmbio era 2,40R$/US$. 2.ª diferença – as empresas Aracruz, Votorantim e Sadia recebem recur- sos em dólares decorrentes de suas exportações, e isto poderia compensar as perdas acima mencionadas quando a taxa de câmbio R$/US$ ultrapassou o suposto preço de exercício, 1,70R$/US$. A desvalorização do real eleva- ria a receita das exportações e compensaria as perdas financeiras com os contratos de opções de compra. Esta peculiaridade não existia no exemplo mencionado, do investidor que vende opções de venda de café. Mas, então, como as empresas perderam tantos recursos financeiros com a venda das opções? Isso leva a seguinte conclusão: as empresas venderam contratos de opções em volume superior ao que receberiam com o efeito positivo do câmbio sobre suas exportações. 22 Derivativos Financeiros As possíveis perdas financeiras ocorridas podem ser visualizadas no Quadro 1 abaixo. Quadro 1 – Perdas financeiras com a venda de contratos de opções de compra Cotação da taxa de câmbio Preço de exercício da opção de compra Resultado financeiro para as empresas (R$/US$) (R$/US$) (R$/US$) 1,50 1,70 ganham o prêmio 1,60 1,70 ganham o prêmio 1,70 1,70 ganham o prêmio 1,80 1,70 ganham o prêmio e per- dem 0,10R$/US$ 1,90 1,70 ganham o prêmio e per- dem 0,20R$/US$ 2,00 1,70 ganham o prêmio e per- dem 0,30R$/US$ 2,10 1,70 ganham o prêmio e per- dem 0,40R$/US$ 2,20 1,70 ganham o prêmio e per- dem 0,50R$/US$ 2,30 1,70 ganham o prêmio e per- dem 0,60R$/US$ 2,40 1,70 ganham o prêmio e per- dem 0,70R$/US$ Observa-se que as perdas são ilimitadas, e aumentam com o aumento da cotação da taxa de câmbio R$/US$. Os derivativos são hoje execrados por alguns policy makers que ainda des- conhecem a gama de aplicações, boas e ruins, que eles permitem implemen- tar, respondendo somente nos casos de perdas acentuadas vindas a público. No entanto, regulações mais adequadas do que as atuais permitiriam mais controle sobre operações bancárias (bancos comerciais e de investimento) e de outras instituições financeiras com estes instrumentos financeiros, em vez de tentar eliminar ou proibir o uso dos contratos de derivativos que apre- sentam funções econômicas importantes nas economias contemporâneas. Os contratos futuros e de opções são muito antigos, não na forma atual em que são negociados em bolsas de futuros ou em mercados de balcão, mas sim em sua forma mais essencial. Um produtor que desejasse eliminar Introdução aos mercados/contratos de derivativos 23 ou reduzir seu risco com os preços de seus produtos, que ainda se encontra- vam em fase de produção, podia negociar antecipadamente os preços de venda desses produtos. Do mesmo modo, um comerciante poderia negociar os preços futuros de mercadorias que irá adquirir em datas futuras, eliminan- do, desse modo, os riscos de ascensões de preços que poderiam ser prejudi- ciais à sua atividade profissional. Contratos de opções também, em sua essência, são instrumentos de enorme utilidade para as atividades econômicas e financeiras de qualquer economia, completando mercados e transferindo riscos. Eles funcionam como apólices de seguro para diversas situações em que são utilizados; situações para as quais muitas vezes um contrato de seguro comum não existiria. De fato, é necessária uma boa dose de expertise para dominar o uso destes instrumentos sem ser levado a situações de risco que poderiam atingir e pre- judicar os objetivos principais dos agentes usuários destes instrumentos fi- nanceiros. Portanto, cuidados devem ser tomados pelos que utilizam estes contratos de derivativos. E o ambiente, no qual este uso ocorreria, deveria ser regulado, não em excesso para não inibir processos criativos, nem com escassez de controles que o tornaria um ambiente permissivo, como o am- biente internacional recente que favoreceu a gestação de uma crise de crédi- to profunda e extensa cujo início esteve nos contratos de hipotecas subprime nos EUA. Porém, a detração destes instrumentos estaria eliminando ou escassean- do possibilidades de operações produtivas ou financeiras com funções eco- nômicas estimuladoras para o crescimento econômico e aumento do bem- -estar em nações ao redor do mundo. Tornar mercados mais incompletos não parece vantajoso para qualquer economia que busque desenvolvimento socioeconômico. Origem dos mercados futuros, de opções e de swaps A história de transações com contratos a termo tem início, provavelmen- te, há alguns milhares de anos com acertos envolvendo gados, ovinos, suínos etc. Nesses acertos, esses animais davam origem a “contratos” de entrega em datas futuras específicas a preços preestabelecidos. 24 Derivativos Financeiros No entanto, o mercado futuro organizado na forma que hoje conhece- mos teve início somente em 1848, com a criação da Chicago Board of Trade, ou (CBOT) hoje integrada à Chicago Mercantile Exchange (CME). Os primei- ros contratos negociados foram os de milho. Observa-se que na origem, e durante a maior parte do tempo, os con- tratos futuros negociaram mercadorias. O interesse pelos contratos futuros surgiu com a necessidade de proteção contra flutuações dos preços das mercadorias. Porém, a partir da década de 1970, especificamente em 1973, quando o International Monetary Market, criado como parte integrante da Chicago Mercantile Exchange, iniciou negociações com contratos futuros e também com contratos de opções de ativos financeiros, estes contratospassaram a ganhar importância no mundo dos derivativos. Um fato importante marcou essa transição. Este fato foi o fim do Siste- ma Monetário criado em Bretton Woods, estabelecido em 1944, e através do qual as taxas de câmbio eram mantidas sob o regime de taxas fixas. Com a passagem para o sistema de flutuação no início dos anos 1970, oscilações expressivas das principais moedas dos países desenvolvidos exigiam ins- trumentos de controle de riscos cambiais. A publicação do artigo semanal de Black & Scholes em 1973, que apresentava um modelo para cálculo do prêmio de opções, permitiu a negociação de contratos de opções financeiras na Bolsa de Chicago. No início da década de 1980, com o choque das taxas de juros em dólares que alcançaram mais de 20% ao ano, cujo objetivo de combater a inflação elevada que assolava a economia dos EUA, a demanda por proteção contra oscilações das taxas de juros surgiu com intensidade; e a partir de então, contratos de swaps de juros passaram a crescer e a ter destaque nas opera- ções com derivativos. As principais bolsas de futuros no mundo A principal bolsa de futuros do mundo moderno é a Chicago Mercantile Exchange, ou CME. A CME é uma bolsa de mercadorias que foi fundada em 1898 com a Chicago Butter and Eggs Board nos EUA, e que em 1973 criou o International Monetary Market, ou IMM, que então começou a oferecer deri- vativos sobre ativos financeiros. Introdução aos mercados/contratos de derivativos 25 A Chicago Mercantile Exchange fundiu-se com a Chicago Board of Trade, ou CBOT, em julho de 2007. A CBOT, antes da fusão, era a 2.ª ou 3.ª bolsa de futuros do mundo. Com a fusão a CME cresceu em importância e, em 2008, absorveu a New York Mercantile Exchange, Bolsa que negocia diversos contratos de derivati- vos, entre os quais derivativos de petróleo. No Brasil, a negociação de contratos futuros teve início com a Bolsa de Mercadorias de São Paulo, ou BMSP, em 1917, com negociação inicial de con- tratos agropecuários, de café, Boi Gordo e algodão. A Bolsa Mercantil e de Futuros, ou BM&F, fundada em 1985, e iniciando operações em janeiro de 1986, passou a concentrar as operações com deri- vativos, oferecendo contratos de futuros e de opções para ativos financeiros e mercadorias, incluindo ações, ouro, taxas de juros DI, taxa de câmbio R$/ US$. Em 1991, a BM&F se funde à BMSP, criando a Bolsa de Mercadorias e de Futuros, com objetivo de desenvolver mercados de derivativos financeiros, agropecuários e outros. Em 2007, a BM&F iniciou seu processo de desmutualização, e se tornou, a partir de 1 de outubro de 2007, uma sociedade por ações com fins lucrati- vos. No processo de desmutualização, os direitos patrimoniais dos antigos associados foram convertidos em participações acionárias. Então, na aber- tura de seu capital, a BM&F colocou R$5,9 bilhões em títulos atraindo 260 mil acionistas. A Bovespa também seguiu o mesmo caminho com colocação de ações no valor de R$6,6 bilhões em outubro de 2007. Em maio de 2008, a BM&F e a Bovespa se fundem, formando a BM& FBovespa S/A. Volumes de negócios nas bolsas de futuros do mundo O quadro 2 apresenta a posição das principais bolsas de futuros no mundo nos anos 2004 e 2005, e a taxa de crescimento anual. A listagem é da FIA <www.futuresindustry.org>. 26 Derivativos Financeiros Quadro 2 A BM&F e as bolsas do mundo Posição 2004 Posição 2005 Exchange 2004 US$ 2005 US$ Taxa de cresci- mento anual 1 2 Chicago Mercantile Exchange 883,118,526 664,884,607 32,8% 2 1 Eurex 784,896,954 684,630,502 14,6% 3 3 Chicago Board of trade 561,145,938 489,230,144 14,7% 4 4 Euronext.liffe 343,829,658 311,053,230 10,5% 5 6 Bolsa de Mercadorias & Futuros 187,850,634 173,533,508 8,3% 6 7 New York Mercantile Exchange 166,608,642 133,284,248 25,0% 7 10 National Stock Exchange of India 116,286,968 67,406,562 72,5% 8 5 Mexican Derivatives Exchange 107,989,126 210,355,031 – 48,7% 9 8 Dilian Commodity Exchange 99,174,714 88,034,153 12,7% 10 11 London Metal Exchange 70,444,665 67,171,973 4,9% D is p on ív el e m : < w w w . f ut ur es in du st ry .o rg > . O site abaixo apresenta dados detalhados das operações das bolsas de futuros no mundo em 2006 e 2007. Ampliando seus conhecimentos EUA têm novas regras para os derivativos1 Sarah N. Lynch – Dow Jones, de Washington, 2009 As autoridades reguladoras dos EUA anunciaram na quarta-feira um plano que esboça o novo modelo regulador que irá forçar alguns derivativos 1 Esse texto foi extraído do jornal Valor do dia 15 de maio de 2009. Introdução aos mercados/contratos de derivativos 27 negociados no mercado de balcão a serem negociados em bolsas de valores, e sujeitar alguns contratos a limites de posições especulativas. O plano, que foi anunciado em conjunto pelo secretário do Tesouro Timothy Geithner, pela presidente da Securities and Exchange Commission (SEC), Mary Shapiro e pelo presidente em exercício da Futures Trading Commission, Michael Dunn, visa dar mais transparência aos negócios feitos fora das bolsas de valores (e de futuros), que hoje estão sujeitos à pouquíssima regulamentação federal. “Na elaboração desse modelo amplo, nossos staffs trabalharam juntos, com muito cuidado, para ter certeza de que vamos apresentar ao Congres- so um conjunto comum de recomendações”, disse Geithner, observando que brechas na fiscalização federal sobre os negócios com derivativos contribuí- ram, em parte, para a crise financeira. Pelo plano, as autoridades federais que regulam o mercado de commodi- ties receberão autoridade para limitar as posições especulativas sobre contra- tos negociados em bolsa de valores (e de futuros) e no mercado de balcão, se esses contratos tiverem um impacto significativo sobre os preços do mercado. O objetivo, por trás do plano, é impedir a manipulação ou a especulação ex- cessiva que, segundo acreditam alguns especialistas, pode acelerar os movi- mentos de preços. O plano também forçará todos os contratos padronizados do mercado de balcão a serem negociados em bolsas regulamentadas e serem compensa- dos de maneira regulamentada – um processo que envolve a mediação entre compradores e vendedores para garantir que o dinheiro vai mudar de mãos. Enquanto isso, os contratos altamente personalizados, que ainda são nego- ciados no mercado de balcão, estarão sujeitos às exigências de registro de informações e prestação de contas. Além disso, os negociadores de derivativos, com grandes exposições de contrapartida, estarão sujeitos a uma supervisão prudente e à vigilância regu- latória para garantir que eles não representem riscos sistêmicos ao mercado. Isso vai requerer exigências de adequação de capital mais conservadoras, pa- drões de conduta nos negócios, exigência de margens iniciais e prestação de contas sobre os contratos padronizados e os de mercado de balcão. Comentários: o texto mostra a preocupação das autoridades dos EUA com re- lação às operações com derivativos. O Secretário do Tesouro ressalta que bre- 28 Derivativos Financeiros chas na legislação federal, sobre os negócios com derivativos, contribuíram em parte para a crise financeira de 2008/2009 ocorrida nos EUA e no mundo. O objetivo das autoridades é forçar operações com derivativos mais transparentes, fazendo com que passem por bolsas regulamentadas. Haverá também mais exigências de capital para as instituições que apresentarem po- sições de risco mais acentuadas, para que estas instituições não levem riscos sistêmicos ao mercado. Além dos EUA, outros países também estão analisando efetuar controles mais rigorosos nas operações especulativas com derivativos. Atividades de aplicação 1. O que são ativos-objetosde um contrato de derivativos? 2. Quem corre mais risco em um contrato de derivativos, um hedger ou um especulador? 3. Quais as principais diferenças entre os contratos de opção e de swap? 4. Qual o efeito positivo dos contratos de opções que supostamente fo- ram vendidos pelas empresas brasileiras: Sadia, Aracruz e Votorantim? 5. No exemplo do café, no início do capítulo, substitua o produtor por um importador de café e analise as posições que este formaria com contratos de opções, futuro e de swaps. 6. Monte um quadro com os resultados obtidos nos contratos de opções de compra, considerando a questão 5 e a posição do importador de café. Use preços de café entre 20,00 e 40,00 por saca, e preço de exer- cício igual a 30,00 por saca. Mercados futuros Um contrato futuro representa um compromisso de comprar ou vender determinado ativo em uma data específica e por um preço estabelecido. Utilização dos contratos futuros Um contrato futuro pode ser comprado ou vendido. Para que contratos futuros sejam comprados, o agente econômico que deseja adquiri-lo deve “encontrar” outro agente econômico que esteja disposto a vender o mesmo contrato. Este encontro entre comprador e vendedor se estabelece com a interposição de um corretor, membro da bolsa de futuros onde os contra- tos são negociados. É um processo igual ao da compra ou venda de ações em uma bolsa de valores. O processo, portanto, necessita de um comprador, de um vendedor, de um corretor e da bolsa de futuros (além de atender às exigências dos órgãos reguladores). Se o corretor não encontra um vende- dor, para atender o agente comprador, ele não consegue fechar a operação, pois a Bolsa em si não assume as posições compradas ou vendidas, salvo em situações excepcionais de inadimplência de uma das partes, comprado ou vendido, em que a Bolsa pode assumir perdas de uma das posições. Participantes de um contrato futuro: Comprador; � Vendedor; � Corretor da Bolsa; � Bolsa e Futuros. � Todos os participantes de um contrato futuro, comprados e vendidos, devem sempre fazer um depósito em dinheiro, ou em títulos aceitos pela respectiva bolsa de futuros, no início da operação e que servirão como margem de garantia para as possíveis perdas diárias à medida que os preços futuros evoluem. Esta margem é depositada junto ao corretor responsável pela posição do cliente. Se um investidor compra um determinado contrato 32 Derivativos Financeiros futuro e o preço deste contrato sobe na Bolsa, em função das negociações ou de expectativas futuras, ele receberá diariamente um ganho a ser credita- do em sua conta corrente junto ao seu corretor. Ganho que decorre do preço estar mais elevado do que o preço no qual ele assumiu sua posição inicial. Se o preço futuro continua a subir, novos créditos serão feitos em sua conta corrente, sempre contabilizando os ganhos de um dia para o seguinte. O crédito recebido em conta reflete o ganho que a empresa poderia auferir se liquidasse sua posição naquele dia. Se, por outro lado, os preços dos contratos futuros caem, este investidor, com a posição comprada, irá sofrer perdas, e o valor da perda será debitado diariamente em sua conta corrente. No caso de queda de preços, quem irá obter ganhos diários será o agente que estiver na posição vendida, ou seja, aquele que vendeu os contratos futuros que o investidor comprou. Este pro- cesso prossegue até que o contrato futuro vença ou até que uma das partes liquide sua posição com futuros. Depósito de margens de garantia – comprados e vendidos fazem depósi- tos de margens de garantia. Perdas e ganhos diários – são contabilizados tanto para os comprados quanto para os vendidos. As posições com contratos futuros podem ser liquidadas a qualquer mo- mento em que a respectiva Bolsa esteja em funcionamento, e desde que haja liquidez para o respectivo contrato. Assim, se um investidor que com- prou contratos futuros decide no mesmo dia, ou após um, dois ou sete dias, vender esses contratos, ele poderá realizar a venda através de seu corretor e ao preço que estiver sendo negociado naquele instante na Bolsa. O mesmo vale para o vendedor de um contrato futuro. Este também poderá comprar a qualquer momento os contratos futuros que vendeu inicialmente. Vemos então que, para liquidação antecipada de uma posição com contratos fu- turos, basta tomar a posição contrária na Bolsa no momento desejado do encerramento da posição. Assim sendo, para liquidar, antes do vencimen- to, contratos futuros comprados, basta vender estes contratos a qualquer momento, e para liquidar antecipadamente contratos futuros vendidos, basta comprar estes contratos futuros vendidos a qualquer momento dese- jado. Para uma bolsa de futuros, se o cliente tem X contratos comprados e o mesmo número X de contratos vendidos, a posição dele é nula, ou seja, está Mercados futuros 33 liquidada, já que o que o cliente ganharia com uma posição, perderia com a outra. O mesmo vale para o cliente com posição inicial vendida em X contra- tos futuros, que compra posteriormente X contratos futuros. Liquidação da posição com contratos futuros ocorre com a tomada de po- sição inversa. O vendido compra contratos futuros; e o comprado vende con- tratos futuros. Os contratos futuros abertos podem ser liquidados antecipadamente. Vejamos um exemplo: Consideremos que uma empresa deseje adquirir X contratos futuros de dólar que vencem em dois meses. Ela, então, procura seu corretor e explica o que gostaria de fazer. O corretor atende seu cliente, a empresa, buscan- do um ou vários agentes que queiram vender, no total, X contratos futuros de dólar vencendo daqui a dois meses. Em seguida, supondo que as partes aceitem um determinado preço para os contratos futuros, as posições são estabelecidas para as partes. Na realidade, os X contratos futuros podem ser comprados através de um ou mais lotes, que podem ser negociados em mo- mentos diferentes, até que se atinja o total desejado pela empresa: X contra- tos futuros de dólar. Suponhamos que X represente 10 contratos futuros de dólar do mês t + 2, sendo hoje o mês t. Consideremos, ainda, que estes 10 contratos futuros de dólar sejam negociados ao preço médio de 2,40R$/US$. Assim, teríamos a empresa comprada em 10 contratos futuros de dólar do mês t + 2 ao preço médio de 2,40R$/US$. Ao mesmo tempo, teríamos um vendedor (poderiam ser vários) destes 10 contratos. Se os preços futuros do dólar sobem acima de 2,40R$/US$ no mesmo dia em que as posições foram iniciadas, a empresa receberia um crédito em sua conta, visto que estaria comprada a 2,40R$/US$ e o mercado futuro já teria alcançado valor maior do que 2,40R$/US$. Se a empresa quisesse vender sua posição comprada em 10 contratos, poderia vendê-la a valor maior do que 2,40R$/US$, realizando, portanto, um ganho no mesmo dia em que iniciou sua operação. Conforme observado anteriormente, o crédito recebido em conta refletiria o ganho que a empresa poderia auferir se liquidasse sua po- sição naquele dia. Se a empresa liquidasse sua posição no mesmo dia que a iniciou, esta operação seria chamada de day trade1. 1 Day trade é a operação de compra e venda no mesmo dia. 34 Derivativos Financeiros A empresa, certamente, também poderia manter sua posição por mais um dia, uma semana etc., desde que não ultrapassasse o vencimento dos contratos futuros. Já o agente que vendeu inicialmente os 10 contratos futuros estaria per- dendo a diferença entre o preço maior do que 2,40R$/US$ e a cotação de 2,40R$/US$ estabecida no contrato futuro. Desse modo, os corretores da Bolsa transfeririam a perda do agente vendido para a empresa comprada em futuros de dólar. Este processo de ajustes diários permanece para todos os clientes enquanto o contrato futuro estiver em vigor. Os ajustes diáriossão feitos com base no preço chamado preço de ajuste (settlement price), que é calculado logo após a Bolsa encerrar sua operação diária e então divulgado. O cálculo segue fórmula própria da Bolsa, mas é normalmente feito com as cotações das últimas negociações realizadas du- rante os trinta minutos finais, ou algo semelhante. Se a empresa continuasse com sua posição, isto é, decidisse não vendê- la, ela iria receber créditos ou sofrer débitos em sua conta corrente à medida que os preços futuros, respectivamente, subissem ou descessem dia- riamente. Supondo que ambos continuassem com suas posições até o final do dia seguinte, e que no dia seguinte o preço de ajuste caia abaixo do preço de ajuste do dia anterior (o primeiro dia), ocorreria o movimento oposto, ou seja, o corretor transferiria, da conta da empresa para a conta do agente com a posição vendida, o valor da diferença entre os preços de ajuste do dia cor- rente, que seria o segundo dia, e o do primeiro dia (e não o preço inicial da abertura da posição, pois este já foi comparado ao preço de ajuste do pri- meiro dia). Este processo continuará até que o contrato futuro vença ou até que uma das partes liquide sua posição com futuros. Se a posição é liquidada anteci- padamente, o ajuste diário é feito com base na diferença entre o preço de liquidação obtido no momento em que a posição é encerrada na Bolsa e o preço de ajuste do dia anterior. Podemos ilustrar o ajuste de margens que contempla contratos futuros de dólar, no seguinte exemplo: Considere uma empresa que, no dia 10 de março, toma posição compra- da em 100 contratos futuros de dólar do mês abril, equivalente a 5 milhões Mercados futuros 35 de dólares. Sob esta posição, os resultados totais para a empresa seriam os apresentados na tabela 1 a seguir. Tabela 1 – Ajustes diários de margens: posição comprada Preço ajuste no dia t Preço ajuste no dia t + 1 Diferença entre t e t + 1 Ganho / Perda (R$/US$) (R$/US$) (R$/US$) (R$) 2,420(*) 2,425(**) 0,005 25.000 2,425 2,415 – 0,010 – 50.000 2,415 2,400 – 0,015 – 75.000 2,400 2,430(***) 0,030 + 150.000 Total + 50.000 (*) Cotação da abertura de posição no dia 10 de março. (**) Preço de ajuste no dia 10 de março. (***) Preço de venda dos 100 contratos futuros de dólar do mês de abril, no momento em que a empresa encerra sua posição. Esta cotação, R$2,43/US$, não é o preço de ajuste do dia, mas sim o de um determinado instante durante o pregão, isto é, naquele instante em que a empresa vende 100 contratos futuros para encerrar sua posição anterior- mente comprada. Na verdade, a liquidação da posição da empresa junto à bolsa de futuros poderia ter sido feita em vários momentos ao longo do pregão, por exemplo, em lotes de 30 e 40 contratos, ou em quaisquer outras combinações. E se esse fosse o caso, o preço R$2,43/US$ representaria o preço médio de venda. A tabela 1 mostra que a empresa comprada em 100 contratos futuros teria auferido ganho de R$50.000,00 após a liquidação de sua posição. Já, a situação do detentor da posição vendida nestes 100 contratos futu- ros seria dada pela tabela 2. Tabela 2 – Ajustes diários de margens: posição vendida Preço ajuste no dia t Preço ajuste no dia t + 1 Diferença entre t e t + 1 Ganho / Perda (R$/US$) (R$/US$) (R$/US$) (R$) 2,420(*) 2,425 (**) 0,005 – 25.000 2,425 2,415 – 0,010 + 50.000 2,415 2,400 – 0,015 + 75.000 36 Derivativos Financeiros Preço ajuste no dia t Preço ajuste no dia t + 1 Diferença entre t e t + 1 Ganho / Perda 2,400 2,430 (***) 0,030 – 150.000 Total – 50.000 (*) Cotação da abertura de posição no dia 10 de março. (**) Preço de ajuste no dia 10 de março. (***) Preço de venda dos 100 contratos futuros de dólar do mês de abril, no momento em que a empresa encerra sua posição. A tabela 2 mostra que o detentor da posição vendida em 100 contra- tos futuros teria sofrido uma perda de R$50.000,00, no momento em que a empresa, comprada nesses contratos, liquidasse sua posição. O resultado é exatamente o oposto daquele obtido pelo comprado nestes contratos fu- turos. Observe que o detentor da posição vendida, a princípio não estaria liquidando sua posição vendida no mesmo instante que a empresa liquida a sua posição comprada. Se ele continua com sua posição vendida na Bolsa, o resultado final de sua operação, ainda dependerá dos outros ajustes de mar- gens que estariam por vir. Como, então, a empresa comprada nos 100 con- tratos futuros estaria liquidando sua posição comprada? Ela simplesmente venderia os 100 contratos futuros, inicialmente comprados, para outro inves- tidor ou empresa interessada em posição de compra em contratos futuros de dólar do mês abril. Hedger Os mercados futuros foram criados originalmente para atender às neces- sidades dos hedgers, pois os produtores queriam manter um preço para sua produção e os comerciantes queriam garantir um preço para obter tal pro- duto. Os contratos futuros, então, permitiriam que ambas as partes atingis- sem seus objetivos. Um hedger deve tomar uma posição com contratos futuros que gere ganhos financeiros para ele, no caso em que o preço de seu produto, ou seu ativo financeiro, caminhe no sentido de reduzir sua receita, ou no caso de suas compras, ou gastos financeiros, aumentarem suas despesas. Portanto, se um exportador de soja quiser usar contratos futuros para se proteger de possíveis quedas nos preços de seus produtos, ele deve vender con- tratos futuros de soja para gerar ganhos financeiros que irão servir como compensação por sua perda na venda da soja, e seus derivados, a preços Mercados futuros 37 mais baixos. Se o preço da soja aumentar, o exportador irá se beneficiar da receita mais alta, mas sofrerá perdas com os contratos futuros, pois, como vimos, um agente posicionado com contratos futuros vendidos perderá margem depositada sempre que os preços futuros aumentarem. Verifica- -se, portanto, que como hedger, o exportador estará, na realidade, tentan- do fixar sua receita, independentemente da oscilação do preço da soja. No entanto, é importante ressaltar que esta perda com margens exige reposi- ção de margens, muitas vezes, bem antes do que os ganhos com a venda do produto a preços mais elevados se materialize. Assim sendo, é neces- sário considerar possíveis e, em algumas situações, significativas saídas de caixa ao longo da manutenção da posição com contratos futuros. O estudo de caso no Apêndice ilustra o que aconteceu com a empresa Selecta durante suas posições com contratos futuros de soja. Exemplo de hedging com futuros Vejamos um exemplo de uso: Uma empresa de exportação, que vai fechar câmbio no valor de US$1.000.000,00 em 31 de março, efetuou um hedge em 26 de fevereiro do mesmo ano, quando a cotação do contrato futuro era 2,40R$/US$. Calcule o resultado final para a empresa, supondo que o dólar comercial estará no mer- cado à vista e no mercado futuro cotado a 2,35R$/US$ no dia 31 de março. Observação: como o exportador quer se proteger contra valorização do real (desvalorização do dólar), ele deve vender contratos futuros na Bolsa de Mer- cadoria e Futuros Bovespa (BM&FBovespa) pois, assim, se a cotação cair, ele ganhará com os contratos futuros, já que irá comprar o mesmo número de contratos futuros em 31 de março de modo a encerrar sua posição na bolsa de futuros. E possíveis ganhos com os contratos futuros estarão compensan- do as perdas que a empresa terá com a valorização do real frente ao dólar no mercado à vista quando a cotação cair. Se a cotação subir, a empresa obterá perdas com os contratos futuros, que irão compensar os ganhos com venda mais favorável dos dólares no mercado à vista. O exportador deve vender 20 contratos, com cada contrato representando US$50.000,00. Vejamos, a seguir, osresultados da exportação com o hedging. (a) Resultados com os contratos futuros: [2,40R$/US$ (venda) – 2,35R$/US$ (compra)] . 20 . 50.000,00 = R$50.000,00 38 Derivativos Financeiros Houve ganhos com os contratos futuros, pois a venda inicial se deu com taxa de câmbio de 2,40R$/US$, e a compra posterior, destes mesmos 20 con- tratos, ocorreu quando a taxa de câmbio estava cotada em 2,35R$/US$. (b) Resultado da exportação: US$1.000.000,00 . 2,35R$/US$= R$2.350.000,00 (c) Resultado total: R$2.350.000,00 + R$50.000,00 = R$2.400.000,00, ou 2,40R$/US$. A empresa obteve como preço final 2,40R$/US$, que era a cotação inicial negociada na bolsa de futuros. Se a cotação final em 31 de março fosse 2,45R$/US$ em vez de 2,35R$/ US$, tanto no mercado à vista quanto no mercado futuro, qual seria o resul- tado final para a empresa? Agora, teríamos: (a) Resultados com os contratos futuros: [2,40R$/US$ (venda) – 2,45R$/US$ (compra)] . 20 . 50.000,00 = – R$50.000,00 Agora haveria perdas com os contratos futuros, pois a venda inicial se deu com taxa de câmbio de R$2,40/US$, e a compra posterior, destes mesmos 20 contratos, ocorreu quando a taxa de câmbio estava cotada em R$2,45/US$. (b) Resultado da exportação: US$1.000.000,00 . 2,45R$/US$= R$2.450.000,00 (c) Resultado total: R$2.450.000,00 – R$50.000,00 = R$2.400.000,00, ou 2,40R$/US$. E o resultado foi o mesmo. A empresa, então, conseguiu fixar a taxa de câmbio real/dólar em 2,40R$/US$, independentemente da cotação que viesse a ocorrer em 31 de março. A empresa exportadora, portanto, conseguiu eliminar o risco cambial ao fixar a taxa futura de câmbio de sua exportação. Considere agora um segundo exemplo: Mercados futuros 39 Você é diretor financeiro de uma empresa brasileira que importa equipa- mentos dos EUA, e está considerando delinear uma estratégia de hedging de taxa de câmbio com contratos futuros para 30 dias. Use as informações abaixo para responder às perguntas levantadas: O volume médio de importação mensal é de US$1.000.000,00. � Que o tamanho do contrato futuro de dólar seja de US$50.000,00 � Que o preço futuro atual para 30 dias seja de 2,400RS/US$ � Que a cotação do contrato futuro, 30 dias à frente, seja R$/US$2,350, � e que a cotação à vista, também 30 dias à frente, seja R$/US$2,345. (a) Qual estratégia que a empresa deve escolher para hedging? (b) Qual o resultado da importação nos próximos 30 dias, consideran- do o hedging? (c) O resultado foi igual ao preço futuro negociado no momento ini- cial? Se não, explique o por quê. Inicialmente, a empresa deveria comprar 20 contratos futuros de dólar, pois quando o real sofre desvalorização perante o dólar, o importador paga mais caro em reais pelo produto importado; então, ao fazer a compra de con- tratos futuros, e diante da possível desvalorização do real, a empresa obterá ganhos com os futuros, pois terá comprado estes contratos a preços mais baixos do que irá vendê-los após a desvalorização do real. (A desvalorização do real no mercado de câmbio à vista também levará à desvalorização do real frente ao dólar no mercado futuro, e isto ocorrerá devido à relação exis- tente entre estas duas cotações, à vista e futuros, decorrência da ausência de arbitragem contínua). Vejamos, agora, os resultados da importação, considerando o hedging. (a) Resultados com os contratos futuros: [2,35R$/US$ (venda) – 2,40R$/US$ (compra)] . 20 . 50.000,00 = – R$50.000,00. (b) Resultado da importação: US$1.000.000,00 . 2,345R$/US$= R$2.345.000,00 (c) Resultado total: 40 Derivativos Financeiros R$2.345.000,00 + R$50.000,00 = R$2.395.000,00, ou 2,395R$/US$. Supondo, agora, um segundo cenário, com preços futuros finais iguais a 2,350R$/US$, e cotação à vista igual a 2,355R$/US$, os resultados passa- riam para: (a) Resultados com os contratos futuros: [2,35R$/US$ (venda) – 2,40R$/US$ (compra)] . 20 . 50.000,00 = – R$50.000,00 (b) Resultado da importação: US$1.000.000,00 . 2,355R$/US$= R$2.355.000,00 (c) Resultado total: R$2.355.000,00 – R$50.000,00 = R$2.395.000,00, ou 2,395R$/US$. No primeiro exemplo, o do exportador, o valor final da taxa de câmbio foi igual à cotação inicial do contrato futuro de dólar, 2,40R$/US$, não importando quais fossem os valores finais das taxas de câmbio à vista e futura, desde que elas sejam iguais. Já, no segundo exemplo, o valor final não mais se igualou à taxa de câmbio futura no início da operação, 2,40R$/US$. O que ocorreu? O que aconteceu foi que, no segundo exemplo, as taxas de câmbio futura e à vista, no final da operação, não convergiram; no primeiro exemplo, elas convergiram. É esta convergência dos preços finais, à vista e futuro, que per- mite que seja possível fixar o preço futuro inicial como valor final da opera- ção. No segundo exemplo, tivemos 2,35R$/US$ e 2,345R$/US$ como cota- ções finais futuras e à vista, respectivamente, gerando uma divergência de 0,005R$/US$, e resultado final de 2,395R$/US$, e não 2,40R$/US$, conside- rando o cenário inicial. No cenário seguinte, os resultados também seguem o mesmo padrão. Em alguns mercados futuros, a divergência entre preço à vista e futuro pode ser positiva, em outros pode ser negativa, e ainda outros, positiva ou negativa; irá depender do produto e de seu mercado. Quando o preço no mercado futuro é superior ao do mercado à vista, diz-se que o mercado está na situação de contango; e quando ocorre o oposto, ou seja, preço no mercado futuro abaixo do preço no mercado à vista, chamamos esta situ- ação de backwardation. Mercados futuros 41 Base e risco de base A base é definida como a diferença entre o preço à vista e o preço futuro de um determinado ativo. Considerando o preço à vista como St e o preço futuro como Ft, a base, Bt, é dada por: Bt = St – Ft As figuras abaixo ilustram trajetórias possíveis da base em contratos futu- ros. To representa o momento inicial, e T a data de vencimento do contrato futuro. Figura 1 – Variação da base com o tempo. F, S Preço à vista Preço futuro t1 t2 T (tempo) O a ut or . Figura 2 – Variação da base com o tempo. Preço à vista Preço futuro t1 t2 T (tempo) O a ut or . 42 Derivativos Financeiros Quando um contrato futuro vence, as cotações à vista e futura devem convergir em decorrência das forças de mercado, pois o preço futuro se torna um preço à vista, e, portanto, deve se igualar ao preço no mercado à vista, já que em caso contrário haveria arbitragem, e os preços seriam forçados à igualdade. Esta situação de convergência é ilustrada na figura 1. Então, o que poderia justificar a divergência apresentada na figura 2? O motivo principal para a divergência, em se tratando de hedging, reside na diferença de datas entre a operação física que determina a tomada de posição com futuros, e o vencimento destes contratos futuros. Uma expor- tação, importação, pagamento de juros, compra ou venda de um produto ocorrem em diversos momentos do tempo, não se resumindo, portanto, aos dias em que os contratos futuros vencem. O preço do contrato futuro estabelece o preço de um ativo na data de vencimento deste contrato, e não em qualquer outra data ao longo da existência dele. Daí, a diferença entre os preços à vista e futuro. Além disso, existe uma relação entre preços futuros e à vista que deve ser respeitada na maior parte do tempo de existência de um contrato futuro. Ainda que as forças de mercado levem à convergência de preços na data de vencimento dos contratos futuros, deve-se observar que há outros moti- vos para as divergências entre os preços à vista e futuro, mesmo no momen- to do vencimento dos contatos futuros. Estes contratos vencem em uma de- terminada hora do dia, enquanto que para um agente econômico, que adota uma estratégia de hedging, opreço de seu ativo pode estar sendo formado em um instante diferente do preço de encerramento do contrato futuro. Esta divergência, que pode ser mínima ou não, caracteriza uma situação em que a base não vai a zero. Outra possibilidade de divergência está na qualidade do ativo: os con- tratos futuros especificam uma determinada qualidade para os ativos ne- gociados na bolsa de futuros. Por exemplo, café do tipo arábica, petróleo do tipo Brent ou WTI etc. A diferença de qualidade entre o produto à vista e o produto negociado nas bolsas de futuros resulta em diferenças de preços. Estas diferenças tornam as estratégias de hedge com contratos futuros não perfeitas, mesmo que a operação com o ativo à vista vença na data de vencimento do respectivo contrato futuro. E este não é o caso mais comum, já que as transações de compra e venda de produtos e de ativos financeiros usualmente não coincidem com os vencimentos dos contratos futuros. Mercados futuros 43 Motivos de risco de base – Preços à vista e futuros antes do vencimento do contrato futuro; – Horário de encerramento do contrato futuro; – Qualidade do ativo e especificação dos contratos futuros. Lembro-me de uma ocasião em que um diretor financeiro de uma com- panhia ficou preocupado com esta divergência quando se fazia uma apre- sentação para ele sobre o funcionamento dos contratos futuros. A sensação de desconforto dele residia na percepção de que ao se adotar uma estratégia de hedging dos preços de produtos da companhia, não se conseguia fixar an- tecipadamente um determinado valor para os produtos, mas somente uma faixa de valores possíveis. Realmente, esta divergência persiste na imensa maioria das operações de hedging com contratos futuros. Mas, o que é verdadeiramente importante é o risco além da imperfeição nas operações de hedging (desconsideram-se aqui riscos operacionais, de inadimplência etc., existentes nos contratos futuros). Nelas, o risco consiste na divergência entre os preços futuros e à vista, mas como os preços futuros estão ligados aos preços à vista, este risco é bem menor do que o risco da oscilação do preço do produto a ser protegido com os contratos futuros. Ou seja, se decidimos não executar o hedging do preço do produto em decorrência do risco de base, isto é, da diferença entres os preços à vista e futuro, qual a justificativa para aceitar um risco sensivelmen- te maior, caracterizado pela variação do preço do produto? Diz-se na linguagem dos mercados futuros, que ao se fazer um hedging, troca-se, na verdade, o risco de preço do ativo pelo risco da base. A figura 3 ressalta a diferença entre os dois riscos. O a ut or . Figura 3 – Distribuição de probabilidades do ativo-objeto e do risco de base. 44 Derivativos Financeiros Na figura 3, a curva com mais amplitude representa a distribuição de pro- babilidades e o risco de preço do ativo, e a curva mais estreita mostra a dis- tribuição de probabilidades e o risco de base, ou seja, da diferença entre os preços do ativo e do contrato futuro. Vê-se que o risco dos preços do ativo são bem mais acentuados. Outros riscos nos contratos futuros Além do risco de base, discutido na seção anterior, outros riscos estão presentes nos contratos futuros, tais como riscos de mercado, de crédito, operacional e de liquidez. O risco de mercado decorre da incerteza quanto ao comportamento futuro dos preços dos contratos futuros. O risco de inadimplência decorre da possibilidade de não pagamento de uma das partes de um contrato futuro. Como exemplos temos os casos do Banco Marka e Banco Fonte-Cindam no Brasil durante a desvalorização cambial do real em relação ao dólar, em meados de janeiro de 1999. No exterior, houve inadimplência nas operações do Banco Barings, nas bolsas asiáticas, realizadas pelo funcionário do banco, Nick Leeson, nos anos 1990, e também o caso da Metalgesellschaft na New York Mercantil Exchange. O risco de liquidez ocorre em contratos pouco negociados, o que pode impedir que comprados e vendidos consigam modificar suas posições no momento desejado, ou até mesmo que posições possam ser abertas. O risco operacional é caracterizado pela possibilidade de falhas humanas, de sistemas, ou tecnológicos. Vantagens e desvantagens do hedge As vantagens do hedge são tão evidentes que quase não precisam ser mencionadas. A maioria das empresas e dos investidores não tem como prever com perfeição preços de seus produtos, ou de seus insumos, de taxas de câmbio, taxas de juros etc. Portanto, é importante que procurem, mesmo que de modo descontínuo, fazer hedge dos riscos associados a essas vari- áveis, à medida que considerem que possam ocorrer resultados danosos para suas atividades produtivas ou suas aplicações financeiras, decorrentes de mudanças de preços de seus produtos, insumos e taxas. Assim sendo, Mercados futuros 45 as empresas e os investidores poderão se concentrar em suas atividades principais – cujos riscos supostamente dominam. Com o uso do hedge, evitam surpresas desagradáveis, como uma alta acentuada no preço de uma commodity, valorização ou desvalorização de uma moeda ou das taxas de juros que, individualmente, ou em conjunto, podem gerar situações extre- mamente perigosas para suas empresas e negócios financeiros. O hedge natural Antes de se proceder à escolha de se fazer determinado tipo de hedging uma empresa, governo, ou investidor, etc, deveria verificar que parte de seus riscos já está sendo naturalmente protegida. Por exemplo, uma empresa que exporta intensamente seus produtos ao redor do mundo, mas também importa de modo significativo, pode já estar se protegendo naturalmente através de sua própria atividade produtiva, não necessitando de hedge para ela. No Brasil, este é o caso, entre outras empresas, da Embraer, quando se trata das suas importações e exportações. É claro que as exportações e im- portações podem ocorrer em moedas diferentes, e que seria importante, em termos de controle de risco, tentar casar as moedas utilizadas nas expor- tações e nas importações e, então, proceder ao hedging daquelas moedas que não estão sendo compensadas nestas duas atividades de exportação e importação. O hedge e os concorrentes Uma empresa deve considerar, antes de implementar estratégias de hedging, se seus concorrentes no mercado também estão adotando estraté- gias de hedging. Se o hedge não for algo normal para determinado segmen- to da indústria, pode não ser conveniente para uma determinada empresa atuar de forma diferente das demais. Isso porque a competição dentro desse segmento pode ser tal que os preços dos produtos e serviços aumentam e diminuem para refletir os custos de matérias-primas, taxas de juros, taxas de câmbio e outros. Uma empresa que não realize o hedge pode esperar mar- gens de lucro constantes; por outro lado, uma empresa que o realize pode esperar margens de lucro instáveis. Vimos que quando uma estratégia de hedging é adotada, o agente econômico que a escolheu pode obter ganhos ou perdas com a posição nos mercados futuros. Se ele sofre perdas, e seus concorrentes no mercado não fazem hedge, ele terá resultados piores do que 46 Derivativos Financeiros os concorrentes. Porém, também devemos considerar o caso em que uma variação forte de preços que prejudique os produtores de um determinado setor produtivo poderia ser compensada com contratos futuros para aque- les que tivessem adotado uma estratégia de hedging, mas não pelos outros que resolveram não adotá-la. Considere o exemplo da queda dos preços do petróleo no mercado mundial, decorrente da crise internacional de crédito de 2008. As empresas produtoras de petróleo que utilizavam, com certa fre- quência, hedging de seus preços devem estar hoje em melhor situação do que as que não o utilizavam. Contratos futurose entrega de produtos Diversos contratos futuros permitem a entrega do produto que origina o contrato. Por exemplo, contratos futuros de commodities em geral, como pe- tróleo, e outros produtos, e também de alguns títulos financeiros, permitem a entrega física no vencimento dos contratos futuros; outros contratos futu- ros não contemplam nenhuma entrega física, como, por exemplo, contratos futuros de dólar e de futuro de DI (certificados de depósitos interfinanceiros) não permitem entrega, nem da moeda, o dólar, nem do DI na BM&FBovespa (que na verdade, não existe como título cartorial). As liquidações desses con- tratos no último dia são feitas sempre em dinheiro e sem o ativo que gera o contrato futuro. Se um contrato futuro que permite entrega física está chegando ao seu vencimento alguns poucos dias antes deste vencimento, normalmente dois dias, quem está em uma posição vendida pode escolher se deseja fazer a entrega física do produto ou título através de seus contratos futuros. Se esco- lher fazer a entrega física, seu corretor aciona a câmara de compensação da Bolsa. Também todas as posições não liquidadas no último dia de negociação são automaticamente direcionadas para entrega física. Muitas câmaras de compensação selecionam o comprador da mercadoria entregue pelo vendi- do segundo o critério de comprador com a posição mais antiga; então, este comprador com a posição mais antiga irá receber a mercadoria do vende- dor. Outras Bolsas determinam a entrega de acordo com um processo alea- tório. O processo de entrega é definido de acordo com manual da Bolsa. Na BM&F, a entrega deve ser aceita por ambas as partes. Na prática, ao redor do mundo, menos do que aproximadamente 2% dos contratos futuros envolvem entrega física. Normalmente, as posições são Mercados futuros 47 encerradas antes dos últimos dias de negociação do contrato futuro em ques- tão, justamente para evitar a entrega física. O processo de entrega requer a adequação do produto à especificação dos contratos futuros, por exemplo, o petróleo WTI é o que caracteriza o contrato futuro de petróleo na Bolsa de Mercadorias de Nova York (New York Mercantile Exchange). Isto significa que, na realidade, a imensa maioria dos contratos futuros é utilizada para fazer compensações financeiras, no caso de hedgers, e para obter ganhos financei- ros, no caso dos especuladores e, podemos dizer também, dos arbitradores. Como já observamos, diversos contratos futuros são negociados nas di- versas Bolsas ao redor do mundo. No Brasil, temos a BM&FBovespa que ne- gocia mercadorias agropecuárias, taxas de juros, taxas de câmbio, índice de ações, títulos de dívida externa e ouro. Alguns contratos apresentam boa liquidez, e outros pouca ou nenhuma liquidez. Ampliando seus conhecimentos Endividada, Selecta pede recuperação judicial em Goiás (VALOR, 30 abr. 2008) Um tombo de US$ 160 milhões na bolsa de Chicago levou a Sementes Se- lecta a pedir a recuperação judicial na Justiça de Goiás na semana passada. A empresa está com endividamento líquido de US$330 milhões e, se o pedido de recuperação for aceito, os credores ficam impedidos de fazer qualquer tipo de cobrança por um prazo de seis meses. A empresa vivia uma fase de expan- são e a situação de inadimplência pegou os credores de surpresa. O infortúnio da Selecta foi ironicamente resultado dos contratos de pro- teção (hedge) que a empresa fez no mercado futuro para se proteger da va- riação dos preços da soja. Em março passado, quando atingiram seu recorde histórico de quase US$16 por bushell (equivale a aproximadamente 35 litros), os preços da commodity registraram grande volatilidade em Chicago. O enca- recimento das garantias para as operações de hedge levou a Selecta ao aperto que culminou no pedido de recuperação judicial. A empresa tinha uma série de contratos de opção de compra e venda de soja, usados para fazer o hedge e que estavam em boa parte lastreados pelo 48 Derivativos Financeiros produto final. Para manter esses contratos ativos, as bolsas de mercadorias e futuros exigem margens que cobrem a variação do preço a cada dia. Com a grande volatilidade, os depósitos exigidos nas margens para a Selecta ficaram muito elevados. A empresa usou os recursos que seriam destinados para pagar os produto- res, que lhe davam o lastro da soja física. Sem dinheiro para pagar pelo produ- to físico, a empresa perdeu a garantia do preço menor que tinha fechado com os produtores e, assim, não pôde auferir o lucro. Virou uma bola de neve. Não havia mais dinheiro para garantir as margens em Chicago e, com isso, os contratos foram desativados. O hedge se desfez. Segundo informações de assessores próximos à empresa, do rombo de US$160 milhões, US$100 milhões foram pagos às corretoras de Chicago. A situação agravou-se no Brasil, culminando com o pedido de recuperação judicial protocolado na 8.ª Vara Cível de Goiânia na última quinta-feira, sob a assessoria do escritório Lilla, Huck, Otranto, Camargo e Messina Advogados. Sem dinheiro para pagar pelo grão, os produtores foram convocados a re- tirar a soja já entregue. A situação foi verificada em várias cidades de Goiás, sede da companhia. “Para nós, foi uma perda grande. O produtor teve que pagar frete e armazenagens extras. E vai ser ainda pior se ela sair do mercado. Na região, ela é responsável pelo financiamento de até 30% dos produtores”, diz Bartolomeu Braz Pereira, presidente do sindicato rural de Goiatuba. Se- gundo Pereira, o deslocamento da soja para outros armazéns tem ainda cau- sado aperto na estocagem da safra de milho, que está em colheita. Os principais credores, um grupo de bancos, concedeu dois empréstimos sindicalizados à empresa, no total de US$160 milhões. Parte dos recursos era para construção de uma unidade de esmagamento de soja em Araguari (MG), um projeto de R$100 milhões. Os líderes dos empréstimos eram ING e Crédit Suisse – no último empréstimo, o principal financiador foi o ABN Amro. Ainda fazem parte da lista de credores, entre outros, os bancos West LB e Banque Cantonale Vaudoise. Os esforços da empresa, criada em 1984, a partir da familiar Betinha Alimen- tos, de Jundiaí (SP), concentram-se agora na busca de um potencial compra- Mercados futuros 49 dor, afirmam as fontes. A Selecta é auxiliada pelo banco inglês Rothschild. Até a tarde de ontem, a companhia mantinha o projeto da unidade de Araguari, segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico do município, Vicente Arthur Teixeira de Sales Dias. Até o fechamento desta edição, os dirigentes da Selecta não responderam os pedidos de entrevista feitos pelo Valor. Comentários: na realidade, segundo o texto, as posições foram feitas com contratos de opções e não com contratos futuros. No entanto, o raciocínio é semelhante, pois ambos exigem depósitos de margens. A diferença entre estes contratos futuros e de opções, no que diz respeito a depósito de margens, é que opções compradas não exigem esses depósitos de margens, somente as opções vendidas é que exigem. Nesta notícia não há detalhes suficientes para se saber quais as verdadeiras posições da Selecta em contratos de opções. Porém, quaisquer que sejam estas vendas de opções, existiria a figura dos de- pósitos de margens e, portanto, não atrapalha a nossa lógica. Este é realmente um caso incomum, mas não impossível de ocorrer, su- pondo que as posições em contratos futuros ou de opções tenham sido bem dimensionadas para a proteção do preço da soja. A flutuação de preços deve ser muito significativa para que esta situação ocorra. Consideremos que a posição inicial com contratos futuros de uma empre- sa seja de US$1 milhão, e que a margem depositada seja de 10% deste valor, isto é, US$100 mil. Se os preços flutuarem 10% na direção que gera perdas com os contratos futuros, toda a margem estará
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