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Previsão Economia 2012 Nilton Teixeira Banco Suiço

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Na contramão, Credit Suisse mantém alta de 4% para o PIB de 2013 
	Autor(es): Por Cristiano Romero | De Brasília
	Valor Econômico - 03/12/2012
	 
	
O economista-chefe do banco Credit Suisse, Nilson Teixeira, foi um dos primeiros a prever que, em 2011, a economia brasileira cresceria abaixo de 3%. Ele estava certo: avançou apenas 2,7%. Em seguida, Teixeira previu que, em 2012, a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) seria inferior a 2% e, depois, refez para 1,5% e 1,3%, provocando reações do ministro da Fazenda, Guido Mantega.
Quando fez essas previsões, Teixeira estava na contramão de seus colegas do mercado. Depois da divulgação do resultado do terceiro trimestre, sua previsão de alta de 1,3% foi reduzida para 1%. Mas, uma vez mais, Teixeira está remando contra a corrente de uma boa parte dos analistas, que não estão vislumbrando recuperação. O economista do Credit reduziu sua projeção para 2012 pelo que já aconteceu, mas ele está otimista com a recuperação da economia brasileira e, por isso, manteve a previsão de que o PIB crescerá 4% no próximo ano e 4,5% em 2014.
Nesta entrevista ao Valor, Teixeira disse acreditar que, com a diminuição da probabilidade de um evento extremo no exterior, e a recuperação da indústria em curso, os empresários voltarão a investir, sustentando o crescimento do PIB. A previsão dele é a de que a taxa de investimento, medida pela Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), recue 3% neste ano (até setembro, contraiu 3,9%, segundo o IBGE), mas aumente 6,5%, em 2013.
Otimista, Teixeira discorda da opinião dos que acham que a onda intervencionista do governo Dilma Rousseff na economia esteja constrangendo os empresários, a ponto de frear os investimentos. "Essa maior discricionariedade na condução da política econômica no curto prazo tem custos bem reduzidos em termos de impacto na economia", diz ele.
Para o economista, é exagero afirmar que o tripé de política econômica (superávit primário, câmbio flutuante e metas para a inflação) acabou. Ele acha que, ao aceitar uma inflação mais alta, o governo fez uma opção para não prejudicar excessivamente a atividade econômica no curto prazo. Ele acredita que existem riscos de médio e longo prazo nessa estratégia, como a possibilidade de o regime de metas enfraquecer e perder a característica de âncora da economia, mas pondera que o governo tem adotado uma série de medidas para diminuir a carga tributária, ajudando também a reduzir a inflação.
A seguir, trechos da entrevista:
Valor: O PIB no terceiro trimestre mostrou recuperação, mas o ritmo ficou abaixo das expectativas do governo e mesmo do mercado. O sr. acredita em retomada da economia?
Nilson Teixeira: Entendemos que, no quarto trimestre, o crescimento tende a ser um pouco maior: algo em torno de 1%, face a 0,6% do terceiro trimestre. Mas o que importa é que a nossa expectativa é, sim, de retomada do crescimento. No primeiro semestre do ano que vem, os números ficarão muito próximos de 4% [anualizados]. No segundo semestre, deveremos ter crescimento ligeiramente inferior. Em linhas gerais, achamos que o PIB avançará 4% em 2013 e 4,5% em 2014.
Valor: Muitos analistas acreditaram em recuperação neste semestre, mas, agora, graças a dados de investimento fracos, começam a rever para baixo as projeções o próximo ano.
Teixeira: Há um discurso cada vez mais crescente de que há um esgotamento do consumo, de que não há condições para os investimentos. O que nos parece é que não é bem essa a história, pelo menos para 2013 e 2014.
Valor: O que o faz acreditar na retomada dos investimentos?
Teixeira: Os investimentos respondem bastante a dois fatores. O primeiro é o cenário global. Maior incerteza lá fora traz naturalmente maior cuidado dos empresários. Os riscos internacionais ainda são altos, mas diminuirão em 2013, até porque entendemos que a probabilidade de eventos extremos recuará. Para os Estados Unidos, estamos vendo crescimento de 2% em 2013, mas, mesmo assim, esperamos que a expansão global seja de 3,5% no próximo ano e 4% em 2014, com a China crescendo mais - 8% e 8,2%, respectivamente -, ligeiramente acima da expectativa deste ano (7,7%).
Valor: O sr. mencionou dois fatores para a retomada do investimento. Qual é o outro?
Teixeira: A indústria. O fato de a indústria não crescer ou não ter um crescimento importante leva a uma menor compra de máquinas e equipamentos [bens de capital]. Neste ano, o setor de bens de capital terá um declínio muito próximo de 8%. Em 2013, a nossa expectativa é a de que haja uma expansão significativa.
Valor: Por quê?
Teixeira: Não só porque sai de um efeito-base menor, mas, mais importante do que isso, porque haverá uma recuperação da indústria, seja porque o consumo continua forte, seja porque a indústria de transformação terá uma recuperação importante. Quando olhamos 2012, vemos logística contraindo, assim como bens de consumo e máquinas. No curto prazo, as medidas do governo adotadas contribuem para que a penetração de importados diminua.
"Estimativas mostram que as grandes obras ampliarão os investimentos em um ponto percentual do PIB, em 2013"
Valor: Em que medida?
Teixeira: Em 2012, essa penetração alcançou 28% do consumo, face a 15% em 2003. Achamos que não aumentará em 2013. Isso contribuirá para que a indústria de transformação, em vez de cair os 2,5% deste ano, cresça acima de 3% no próximo ano. Vemos recuperação tanto na indústria extrativa quanto na de transformação e de construção. É natural que juros mais baixos e as inovações de captação de recursos que temos visto, como os fundos imobiliários, contribuam para que o setor de construção tenha uma recuperação maior. Fora isso, há todo o programa de investimentos do governo.
Valor: Que projeção o sr. faz para a taxa de investimento?
Teixeira: Neste ano, há contração de 3%, mas no próximo ano nossa leitura é que haverá uma maior expansão de 6,5%.
Valor: O sr. não acha que há, no empresariado, uma preocupação com as intervenções que o governo vem fazendo na economia e que isso estaria retardando as decisões de investimento?
Teixeira: Temos estimativas que mostram que as grandes obras ampliarão os investimentos, em 2013, em um ponto percentual do PIB.
Valor: O que o sr. chama de grandes obras?
Teixeira: Rodovias, ferrovias, Olimpíada do Rio, grandes projetos de geração de energia, os investimentos da Petrobras, as obras para a Copa do Mundo. Se olharmos o que acontece em termos de investimento no Brasil, máquinas e equipamentos e construção civil têm um papel importante. Então, dificilmente, as medidas do governo, da forma com que as pessoas vêm criticando, terão impacto significativo no curto prazo. Ao mesmo tempo, o governo tem adotado medidas para tentar estimular o investimento privado. São concessões e privatizações de vários setores. É verdade que há decisões que trazem incertezas, mas não nos parece que essas incertezas sejam capazes de desacelerar, de forma significativa, a retomada do crescimento. Assim como há aqueles que acham que as medidas são desfavoráveis, existem os que têm outra opinião.
Valor: Por exemplo?
Teixeira: Veja a Fiesp [Federação das Indústrias do Estado de São Paulo], que afirmou que essa redução do custo de energia elétrica é favorável à indústria nacional. De fato, a redução de preço será importante.
Valor: O fato de o governo não cumprir mais a meta de superávit primário, de ter abandonado o regime de câmbio flutuante e de não perseguir a meta de inflação há três anos consecutivos não diminui a confiança dos empresários?
Teixeira: Essa maior discricionariedade na condução da política econômica no curto prazo tem custos bem reduzidos em termos de impacto na economia. Os impactos de médio prazo podem ser bem mais relevantes.
Valor: O sr. pode dar um exemplo?
Teixeira: Na questão do superávit primário, cuja meta cheia não será alcançada neste ano, e possivelmente também não no próximo, trata-se de um mix de política que traz desonerações de impostos e elas são favoráveis à economia. Elas não só cortam custos de produçãoe, consequentemente, a inflação, mas também, ao diminuir a carga tributária, reduzem o espaço para aumento do gasto público. Se o governo caminhar nessa direção, os custos da mudança são poucos, eu diria até que são favoráveis. A questão é: se os juros sobem globalmente de maneira expressiva, o superávit primário no Brasil provavelmente terá que ser um pouco maior para compensar o pagamento de juros e evitar que o déficit nominal aumente muito. Agora, se o superávit diminuir por causa da elevação de gastos, isso é negativo em vários aspectos.
Valor: Por quê?
Teixeira: Porque os gastos, em geral, são mais rígidos, então, se perpetuam. Além disso, levam a uma maior inflação. O mesmo diz respeito à meta de inflação. Você acomodar uma inflação maior é uma opção de política econômica. O BC tem argumentado que isso é para evitar que a atividade econômica seja prejudicada demais. Há uma crença de que existe um trade-off muito grande no curto prazo entre inflação e atividade e, consequentemente, não querendo pagar esse custo, faz-se uma opção. Aceita-se uma inflação mais elevada. No médio prazo, a permanência de uma inflação mais alta por um período maior de tempo faz com que a previsibilidade da economia seja menor, com que se aumentem os riscos de perda de âncora que o regime de metas tem.
"Mesmo com a inflação acima do centro da meta, prevemos estabilidade dos juros em 2013 e também em 2014"
Valor: Isso destrói o regime de metas?
Teixeira: Não, mas o enfraquece. Então, tem um custo. A inflação brasileira é maior que a dos países desenvolvidos e também que a da quase totalidade dos emergentes. É natural que isso faça com que a taxa de juros do país, que está no seu menor patamar, ainda seja muito mais alta que a da maioria dos países.
Valor: O sr. não acha que o tripé de política econômica (superávit primário, câmbio flutuante e metas de inflação) acabou?
Teixeira: Não. Acho isso um exagero.
Valor: Como se explica o fato de que nos últimos dois anos, quando o governo mudou a política econômica, o Brasil teve inflação mais alta e crescimento menor que a média do período em que vigora o tripé?
Teixeira: Isso é interessante. A associação da inflação com a atividade econômica, como os manuais sugerem, existe naturalmente, mas ela não é tão determinante. Há um papel de inércia importante em toda essa história. Por exemplo: a inflação de serviços no Brasil carrega uma inércia significativa. O reajuste do salário mínimo impacta uma parte importante da inflação. Neste ano, a inflação dos itens de serviços relacionados com o salário mínimo já ultrapassa 12%, enquanto os demais itens, embora ainda altos, mostram declínio. Os itens ex-salário mínimo cresceram 7%, acima do topo da meta de inflação [6,5%], mas têm declinado. A inflação de serviços continuará declinando, mas, como ela tem uma baixa volatilidade, é um processo mais lento e representa uma parte importante da inflação dos próximos anos.
Valor: A política de reajuste do salário mínimo foi fixada pelo governo, logo, ele sabe que isso tem impacto na inflação.
Teixeira: Não tenha dúvida, mas essa é uma opção de política. Tem seus benefícios e custos. O custo é o aumento da inflação.
Valor: Quais são os benefícios?
Teixeira: O benefício está no fato de que o aumento do salário mínimo, em conjunto com os programas de transferência de renda do governo, foi capaz de elevar, de maneira relevante, o número de pessoas na classe C, que saiu de 70 milhões no início da década passada para 100 milhões hoje. As classes D e E diminuíram. E esse é um processo que continuará nos próximos anos. Várias indústrias se beneficiaram. O mercado de capitais, com novas empresas vindo ao mercado, também ganhou. Esse é o lado positivo. Tem um custo, mas essa dinâmica tem sido favorável ao país. Agora, além dos preços dos serviços, há outro fator que contribuiu para a alta da inflação em 2011 e 2012.
Valor: Qual?
Teixeira: Os choques de preços de alimentos. Se olharmos alimentação em domicílio, a inflação em 2011 foi de 5,4% e, neste ano, será de quase 9%. Em 2010, foi de 10,7%. Neste ano, se não fosse essa inflação de alimentos, o IPCA estaria muito provavelmente em torno de 5% ou até menos. Por outro lado, as desonerações adotadas pelo governo contribuem para que a inflação seja menor. O ano de 2013 é um exemplo. Considerando que o preço da energia vai cair, se não houvesse esse corte, a inflação do próximo ano, tudo o mais constante, seria de 5,7%, portanto, acima dos 5% que estamos projetando. Temos que reconhecer que há também as opções do governo que contribuem para que a inflação seja menor. A redução do IPI de automóveis reduziu a inflação neste ano. Se essa desoneração desaparecer em 2013, a inflação aumenta. Há, então, a possibilidade de o governo não manter os impostos sobre carros como está hoje.
Valor: O sr. acha que as mudanças ocorridas no tripé de política econômica decorrem de um mundo mais complexo, em crise, ou de decisão política do governo Dilma, que dá mais ênfase ao crescimento do PIB do que ao controle da inflação?
Teixeira: Quando olhamos a economia global, há de fato uma maior interferência dos governos e dos bancos centrais na economia. Os instrumentos tradicionais de política monetária estão sendo acompanhados por outros instrumentos, que na década passada certamente não seriam considerados. Um levantamento sobre medidas protecionistas adotadas desde a crise de 2008 mostrou que o Brasil não está entre os que mais impuseram medidas dessa natureza. Os benefícios dessas medidas só serão conhecidos daqui a alguns anos. Em tese, intervenção governamental na economia não é bom. No caso da escolha de setores na política industrial, a experiência brasileira sugere que, num número significativo de vezes, não foi bem-sucedida.
Valor: Quais são suas projeções para o desemprego?
Teixeira: Esperamos que o desemprego diminua para 4,8% em 2013 e 4,2% em 2014. Acho que esses modelos são muito frágeis, mas a história que realmente importa é que há uma indicação clara de que, com crescimento do PIB de 4%, retomada dos investimentos e recuperação da indústria, haverá declínio do desemprego. Esperamos que o menor reajuste do salário mínimo contribua para que os salários reais aumentem menos em 2013 e, consequentemente, enfraqueça aquele discurso de que haverá uma pressão inflacionária vinda do mercado de trabalho. Essa não é a nossa leitura.
Valor: Por que não?
Teixeira: Entendemos que, se você olha o crescimento dos salários reais no Brasil desde 2006, eles têm transitado entre uma expansão real de 3% a 4% ao ano. Neste ano, será mais próxima de 4% e, no ano que vem, de 3%. Os microdados da PME [Pesquisa Mensal do Emprego, do IBGE] não sustentam a argumentação de que existe uma escassez de mão de obra e muito menos de que isso seria um processo generalizado.
Valor: O BC afirmou que manterá a taxa de juros estável por período prolongado. É possível?
Teixeira: Mesmo com a inflação acima do centro da meta, prevemos estabilidade dos juros não apenas em 2013, mas também em 2014. É interessante ver que os ciclos de estabilidade dos juros no Brasil desde o fim da década de 90 têm sido sempre curtos. Duram, em média, quatro meses. O mais longo durou oito meses. O que estamos projetando é uma estabilidade prolongada. É óbvio que estamos assumindo que não haverá choques de commodities. Do contrário, temos uma leitura de que a inflação até pode subir um pouco em 2014, mas, dado o processo que temos visto de resposta do BC e do governo a uma inflação mais alta, entendemos que o juro permanecerá estável. É possível que venham novas desonerações da cesta básica, que podem retirar da inflação algo como 0,4 ponto percentual.

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