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Direito Administrativo p/ AFT 2016 - Aula 14 - Estratégia

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Aula 14
Direito Administrativo p/ AFT - 2016
Professores: Érica Porfírio, Erick Alves
 
Direito Administrativo para AFT 2016 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Erick Alves ʹ Aula 14 
 
 
 
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OBSERVAÇÃO IMPORTANTE 
 
Este curso é protegido por direitos autorais (copyright), 
nos termos da Lei 9.610/98, que altera, atualiza e consolida a 
legislação sobre direitos autorais e dá outras providências. 
Grupos de rateio e pirataria são clandestinos, violam 
a lei e prejudicam os professores que elaboram os 
cursos. 
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honestamente através do site Estratégia Concursos ;-) 
 
 
Direito Administrativo para AFT 2016 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Erick Alves ʹ Aula 14 
 
 
 
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AULA 14 
 Olá pessoal! 
 O objetivo desta aula é apresentar alguns entendimentos recentes da 
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Superior 
Tribunal de Justiça (STJ) acerca do conteúdo de Direito Administrativo 
que estudamos ao longo do curso. 
 Como vimos, as bancas têm explorado bastante a jurisprudência 
recente nos concursos de alto nível, de modo que, se ficarmos apenas na 
resolução de questões anteriores, poderemos perder algum assunto novo 
que ainda não tenha sido cobrado em prova. 
 No nosso curso já vimos diversos posicionamentos importantes dos 
Tribunais Superiores, os quais não podem ser ignorados. Mas a 
jurisprudência é dinâmica, de modo que a atualização constante é 
essencial. A ideia aqui, portanto, é atualiza-los. Apresentarei as decisões 
mais recentes do STF e do STJ que, a meu ver, são relevantes para as 
provas de Direito Administrativo. 
 A fonte que utilizei é a mesma que as bancas costumam utilizar 
quando cobram jurisprudência em prova: os Informativos de 
Jurisprudência divulgados pelos referidos Tribunais. 
 Outro ponto de apoio importante para a elaboração da aula foram os 
³,QIRUPDWLYRV�(VTXHPDWL]DGRV´�GLYXOJDGRV�QR�VLWH�dizerodireito.com.br, 
no qual os referidos informativos são apresentados de uma forma 
bastante amigável e didática. 
 Enfim, deixa de papo e vamos ao que interessa. A aula está 
estruturada de acordo com o sumário a seguir. Para facilitar a consulta, os 
julgados estão separados por tema; dentro de cada tema foram inseridas 
decisões tanto do STF como do STJ. 
 
 
Direito Administrativo para AFT 2016 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Erick Alves ʹ Aula 14 
 
 
 
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Sumário 
Agentes Públicos .............................................................................................................................................. 4 
Organização da Administração ....................................................................................................................... 26 
Entidades paraestatais e terceiro setor ........................................................................................................... 28 
Princípios da Administração Pública ............................................................................................................... 30 
Poderes da Administração Pública .................................................................................................................. 33 
Atos administrativos ....................................................................................................................................... 34 
Serviços públicos ............................................................................................................................................ 34 
Responsabilidade civil do Estado .................................................................................................................... 36 
Improbidade administrativa ........................................................................................................................... 38 
Controle da Administração Pública ................................................................................................................. 43 
 
 Aos estudos! 
 
 
Direito Administrativo para AFT 2016 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Erick Alves ʹ Aula 14 
 
 
 
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Agentes Públicos 
Gratificação de desempenho genérica deve ser estendida aos aposentados e 
pensionistas 
As vantagens remuneratórias legítimas e de caráter geral 
conferidas a determinada categoria, carreira ou, indistintamente, a 
servidores públicos, por serem vantagens genéricas, são extensíveis 
aos servidores inativos e pensionistas. 
Nesses casos, a extensão alcança os servidores que tenham 
ingressado no serviço público antes da publicação da EC 20/1998 e da EC 
41/2003 e se aposentado ou adquirido o direito à aposentadoria antes da 
EC 41/2003. 
Com relação aos servidores que se aposentaram após a EC 41/2003, 
devem ser observados os requisitos estabelecidos na regra de transição 
contida em seu art. 7º, em virtude da extinção da paridade integral entre 
ativos e inativos contida no art. 40, § 8º, da CF, redação original, para os 
servidores que ingressaram no serviço público após a publicação da EC 
41/2003. 
Com relação aos servidores que ingressaram no serviço público antes 
da EC 41/2003 e se aposentaram ou adquiriram o direito à aposentadoria 
após a sua edição, é necessário observar a incidência das regras de 
transição fixadas pela EC 47/2005, a qual estabeleceu efeitos retroativos 
à data de vigência da EC 41/2003. 
STF. Plenário. RE 596962/MT, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 21/8/2014 (Info 755). 
STJ. STJ. 1ª Turma. AgRg no REsp 1.372.058-CE, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado 
em 4/2/2014 (Info 534). 
Licença para acompanhamento de cônjuge 
A Lei 8.112/90 prevê que poderá ser concedida licença ao servidor 
público federal para acompanhar seu cônjuge ou companheira que foi 
deslocado para outro ponto do território nacional, podendo ali exercer 
provisoriamente atividade compatível com seu cargo em órgão ou 
entidade da Administração Federal direta, autárquica ou fundacional. Tal 
licença remunerada está prevista no § 2º do art. 84. 
Contudo, o servidor não terá direito a essa licença remunerada 
se o cônjuge se mudou para outro Município para assumir um cargo 
público decorrente de concurso público para o qual foi aprovado. 
 
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Em suma, a licença para o acompanhamento de cônjuge ou 
companheiro de que trata o § 2º do art. 84 da Lei 8.112/1990 não se 
aplica aos casos de provimento originário de cargo público. 
STF. 1ª Turma. MS 28620/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 23/9/2014 (Info 760). 
Servidor público em inatividade não goza do adicional de férias 
É inconstitucional lei estadual que prevê que o servidor público, 
mesmo quando for para a inatividade, continuará tendo direito, todos 
os anos, ao adicional de férias (terço de férias). 
Essa lei viola o princípio da razoabilidade já que o servidor público em 
inatividade não pode gozar de férias, porquanto deixou de exercer cargo 
ou função pública, razão pela qual a ele não se estende adicional de férias 
concedido a servidores em atividade. 
STF. Plenário. ADI 1158/AM, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 20/8/2014 (Info 755). 
Aposentadoria por invalidez com proventos integrais 
A CF/88 prevê, em seu art. 40, § 1º, I, a possibilidade de os 
servidores públicos serem aposentados caso se tornem total e 
permanentemente incapazes para o trabalho.Trata-se da chamada 
aposentadoria por invalidez. 
Em regra, a aposentadoria por invalidez será paga com proventos 
proporcionais ao tempo de contribuição. Excepcionalmente, ela será 
devida com proventos integrais se essa invalidez for decorrente de 
acidente em serviço, moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou 
incurável, especificada em lei. 
Assim, a concessão de aposentadoria por invalidez com proventos 
integrais exige que a doença incapacitante esteja prevista em rol taxativo 
da legislação de regência. 
O art. 41, § 1º, I, da CF/88 é bastante claro ao exigir que a lei defina 
as doenças e moléstias que ensejam aposentadoria por invalidez com 
proventos integrais. Logo, esse rol legal deve ser tido como exaustivo 
(taxativo). 
No âmbito federal, as doenças que são consideradas graves, 
contagiosas ou incuráveis para efeitos de aposentadoria por invalidez 
estão previstas no art. 186, §1º da Lei 8.112/1990. Frise-se que o rol 
previsto na lei é taxativo. 
 
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STF. Plenário. RE 656860/MT, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 21/8/2014 (Info 
755). 
O STJ entende da mesma forma que o STF? 
NÃO. O STJ, ao contrário do STF, possui inúmeros precedentes 
afirmando que o rol das doenças, para fins de aposentadoria integral, não 
é taxativo, mas sim exemplificativo, tendo em vista a impossibilidade 
de a norma alcançar todas as doenças consideradas pela medicina como 
graves, contagiosas e incuráveis. 
Nesse sentido: STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1353152/AM, Rel. Min. 
Mauro Campbell Marques, julgado em 04/02/2014. 
Vale ressaltar, no entanto, que, como a decisão do STF foi proferida 
sob a sistemática da repercussão geral, a tendência é que o STJ acabe se 
curvando ao entendimento da Corte Suprema. Isso porque, apesar de os 
julgados proferidos em repercussão geral não terem efeitos vinculantes, 
na prática, eles acabam tendo uma enorme força e os Tribunais em geral 
têm seguido o que é decidido. 
Sociedade de economia mista que contrata escritório de advocacia em vez de 
convocar advogados aprovados 
Se existem candidatos aprovados para advogado da sociedade de 
economia mista e esta, no entanto, em vez de convocá-los, contrata 
escritório de advocacia, tal contratação é ilegal, surgindo o direito 
subjetivo de que os aprovados sejam nomeados. 
Segundo entende o STF, a ocupação precária por terceirização para 
desempenho de atribuições idênticas às de cargo efetivo vago, para o qual 
há candidatos aprovados em concurso público vigente, configura ato 
equivalente à preterição da ordem de classificação no certame, ensejando 
o direito à nomeação. 
A competência para julgar essa ação é da Justiça do Trabalho. Isso 
porque essa Justiça laboral especializada é competente para julgar não 
apenas as demandas relacionadas com o contrato de trabalho já assinado, 
mas também para as questões que envolvam o período pré-contratual. 
STF. 2ª Turma. ARE 774137 AgR/BA, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 14/10/2014 
(Info 763). 
 
 
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Aumento da remuneração de servidores públicos por meio de decisão 
judicial 
Súmula vinculante 37-STF: não cabe ao Poder Judiciário, que não tem 
função legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob o 
fundamento de isonomia. 
STF. Plenário. Aprovada em 16/10/2014. 
A conclusão exposta nesta SV 37 já era prevista expressamente em 
XPD� V~PXOD� ³FRPXP´� GR� 67)�� D� V~PXOD� ���� GR� 67)� �SXEOLFDGD� HP�
13/12/1963) e que tem exatamente a mesma redação. 
Desse modo, o objetivo do STF foi de reafirmar que o entendimento 
do enunciado 339 continua válido atualmente e, além disso, conferir efeito 
vinculante a ele, fazendo com que se torne obrigatório para todos os 
demais órgãos do Poder Judiciário e para a administração pública. 
Vamos entender a SV 37 do STF com um exemplo concreto: 
A Lei 2.377/1995, do Município do Rio de Janeiro, concedeu 
gratificação a servidores lotados e em exercício na Secretaria Municipal de 
Administração. João, servidor que estava lotado em outra Secretaria, 
ajuizou ação pedindo que fosse reconhecido seu direito de também 
receber a referida gratificação, com base no princípio da isonomia. 
Afirmou que desempenhava exatamente as mesmas atribuições que os 
demais servidores e que, por isso, deveria também ser contemplado com 
a verba. 
Esse pedido de João, caso fosse deferido, violaria o princípio da 
reserva legal, previsto no art. 37, X, da CF/88 segundo o qual a 
remuneração dos servidores públicos somente pode ser fixada por lei 
específica. Desse modo, a CF/88 determina que o aumento dos 
vencimentos deve ser feito por meio de lei. O Poder Judiciário, mesmo se 
deparando com uma situação de desigualdade (violação da isonomia), 
FRPR� QR� H[HPSOR� SURSRVWR�� QmR� SRGH� ³FRUULJLU´� HVVD� GLVSDULGDGH�
FRQIHULQGR� R� DXPHQWR� SRUTXH� HOH� QmR� WHP� ³IXQomR� OHJLVODWLYD´�� QmR�
podendo, portanto, suprir a ausência da lei que é indispensável no caso. 
Foi o que decidiu o STF no caso do exemplo acima mencionado. 
STF. Plenário. RE 592317/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 28/8/2014 
(repercussão geral) (Info 756). 
 
 
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Legitimidade da redução das remunerações acima do teto constitucional 
(art. 37, XI, da CF/88) 
O teto de retribuição fixado pela EC 41/2003 é de eficácia imediata 
e todas as verbas de natureza remuneratória recebidas pelos servidores 
públicos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios 
devem se submeter a ele, ainda que adquiridas de acordo com regime 
legal anterior. 
A aplicação imediata da EC 41/2003 e a redução das remunerações 
acima do teto não afrontou o princípio da irredutibilidade nem violou a 
garantia do direito adquirido. 
Em outras palavras, com a EC 41/2003, quem recebia acima do teto 
fixado teve a sua remuneração reduzida para respeitar o teto. Essa 
redução foi legítima. 
STF. Plenário. RE 609381/GO, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 2/10/2014 (Info 
761). 
A ampliação de jornada de trabalho sem alteração da remuneração do 
servidor viola a regra constitucional da irredutibilidade de vencimentos 
O STF possui entendimento consolidado no sentido de que o servidor 
público não tem direito adquirido de manter o regime jurídico 
existente no momento em que ingressou no serviço público. No 
entanto, as mudanças no regime jurídico do servidor não podem reduzir 
a sua remuneração, considerando que o art. 37, XV, da CF/88, assegura 
o princípio da irredutibilidade dos vencimentos. 
No caso concreto, os servidores de determinado órgão público tinham 
jornada de trabalho de 20 horas semanais. Foi editada, então, uma lei 
aumentando a jornada de trabalho para 40 horas semanais, sem, 
contudo, majorar a remuneração paga. 
O STF entendeu que a lei que alterou a jornada de trabalho não 
poderia ser aplicada aos servidores que, antes de sua edição, já 
estivessem legitimamente subordinados à carga horária inferior. Isso 
porque se fossem obrigados a trabalhar mais sem aumento da 
remuneração, haveria uma redução proporcional dos vencimentos 
recebidos. 
Perceba que, em princípio, não há ilegalidade no ato normativo que 
aumente a jornada de trabalho dos servidores (afinal, não há direito 
 
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adquirido a regime jurídico). No entanto, as mudanças no regime jurídico 
do servidor não podem reduzir a sua remuneração. 
Assim, nas hipóteses em que houver aumento de carga horária 
dos servidores, essa só será válida se houver formal elevação 
proporcional da remuneração; caso contrário, a regra será 
inconstitucional, por violação da norma constitucional da irredutibilidade 
vencimental. 
STF. Plenário. ARE 660010/PR, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 30/10/2014 
(repercussão geral) (Info 765). 
A iniciativa de leis que tratam sobre regime jurídico de servidores é do chefe 
do Poder Executivo 
O STF julgou inconstitucional lei estadual, de iniciativa parlamentar, 
que dispunha sobre a carga horária diária e semanal de cirurgiões-
dentistas nos centros odontológicos do referido Estado-membro. Houve 
inconstitucionalidade formal já que o projeto de lei, que trata sobre 
servidores públicos, foi iniciado por um Deputado Estadual (e não pelo 
Governador do Estado). 
2�DUW������†��ž�� ,,�� ³F´��GD�&)����SUHYr�TXH� compete ao Chefe do 
Poder Executivo a iniciativa de lei que trate sobre os direitos e 
deveres dos servidores públicos. Essa regra também é aplicada no 
âmbito estadual por força do princípio da simetria. 
O fato de o Governador do Estado ter sancionado o projeto de lei não 
faz com que o vício de iniciativa seja sanado (corrigido). 
STF. Plenário. ADI 3627/AP, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 6/11/2014. (Info 766). 
A iniciativa de leis que disponham sobre criação de cargos públicos e 
estruturação de órgãos da Administração direta e autárquica 
É formalmente inconstitucional lei estadual, de iniciativa parlamentar, 
que trata sobre a criação de cargos e a estruturação de órgãos da 
Administração direta e autárquica. A iniciativa para essas matérias é 
reservada ao chefe do Poder Executivo �DUW������†��ž��,,��³D´��³F´�H�³H´��
da CF/88). 
STF. Plenário. ADI 2940/ES, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 11/12/2014 (Info 771). 
 
 
 
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Inconstitucionalidade de lei que preveja provimento derivado 
É materialmente inconstitucional lei estadual que possibilite o 
provimento derivado de servidores investidos em cargos de outras 
carreiras no cargo de auditor de saúde. Isso constitui provimento 
derivado, o que viola o art. 37, II, da CF/88, que exige a prévia aprovação 
em concurso para a investidura em cargo público (Súmula 685-STF). 
STF. Plenário. ADI 2940/ES, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 11/12/2014 (Info 771). 
Prazo da ação de revisão de aposentadoria no serviço público 
O prazo para que o servidor público proponha ação contra a 
Administração Pública pedindo a revisão do ato de sua 
aposentadoria é de 5 anos, com base no art. 1º do Decreto 
20.910/1932. Após esse período ocorre a prescrição do próprio fundo de 
direito. 
STJ. 1ª Seção. Pet 9.156-RJ, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado em 28/5/2014 (Info 
542). 
Termo inicial do prazo prescricional no caso de infração disciplinar 
No âmbito de ação disciplinar de servidor público federal, o prazo de 
prescrição da pretensão punitiva estatal começa a fluir na data em que 
a irregularidade praticada pelo servidor tornou-se conhecida por 
alguma autoridade do serviço público, e não, necessariamente, pela 
autoridade competente para a instauração do processo administrativo 
disciplinar. 
Lembrando que, nos termos do art. 142 da Lei 8.112/1990, a ação 
disciplinar prescreverá: 
ƒ em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com demissão, cassação 
de aposentadoria ou disponibilidade e destituição de cargo em comissão; 
ƒ em 2 (dois) anos, quanto à suspensão; 
ƒ em 180 (cento e oitenta) dias, quanto à advertência. 
STJ. 1ª Seção. MS 20.162-DF, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado em 12/2/2014 
(Info 543). 
Termo inicial do mandado de segurança envolvendo concurso público 
O termo inicial do prazo decadencial para a impetração de 
mandado de segurança no qual se discuta regra editalícia que tenha 
 
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fundamentado eliminação em concurso público é a data em que o 
candidato toma ciência do ato administrativo que determina sua 
exclusão do certame, e não a da publicação do edital do certame. 
Por exemplo, imagine um candidato eliminado do concurso público 
por ter sido reprovado no exame psicotécnico e que, diante da 
reprovação, entra com mandado de segurança para contestar os critérios 
do exame previstos no edital do concurso. Nesse caso, o prazo 
decadencial de 120 dias para impetrar o MS começa a contar da data da 
publicação do resultado do exame psicotécnico, ou seja, da data em que o 
candidato toma ciência do ato administrativo que determina sua exclusão 
do certame, e não da data em que foi publicado o edital do concurso. 
STJ. Corte Especial. REsp 1.124.254-PI, Rel. Min. Sidnei Beneti, julgado em 1º/7/2014 
(Info 545). 
Pensão por morte da Lei 8.112/90 e surgimento de outro beneficiário 
A viúva do servidor público federal tem direito à pensão vitalícia 
por morte, nos termos do art. �����,��³D´��Ga Lei 8.112/90. 
O filho menor de 21 anos do servidor falecido também tem direito à 
pensão temporária por PRUWH��DUW�������,,��³D´�� 
Se o servidor deixou viúva e filho menor, o valor da pensão por morte 
será dividido entre eles. 
No caso concreto, o servidor faleceu deixando viúva e, até então, 
nenhum filho conhecido. A esposa supérstite passou a receber a pensão 
quando foi surpreendida por uma citação a respeito de ação de 
investigação de paternidade na qual se alegava que seu marido tinha um 
filho não reconhecido. Após algum tempo, a ação é julgada procedente, 
reconhecendo-se que realmente o menor é filho do falecido. A partir daí, a 
viúva terá que dividir o valor da pensão por morte com o outro herdeiro. 
No entanto, a viúva, que vinha recebendo a totalidade do benefício, não 
terá que pagar ao filho posteriormente reconhecido a quota das parcelas 
recebidas antes da sentença de reconhecimento da paternidade. Os 
valores que ela já recebeu e que pertenciam ao filho reconhecido não 
poderão ser exigidas porque são verbas alimentares, recebidas de boa-
fé, sendo, portanto, irrepetíveis. 
STJ. 3ª Turma. REsp 990.549-RS, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Rel. para acórdão 
Min. João Otávio de Noronha, julgado em 5/6/2014 (Info 545). 
 
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Impossibilidade de acumulação de cargos se a jornada semanal ultrapassar 
60h 
É vedada a acumulação de dois cargos públicos quando a soma da 
carga horária referente aos dois cargos ultrapassar o limite máximo de 
60 horas semanais. 
No caso concreto, a servidora acumulava dois cargos públicos 
privativos de profissionais de saúde e a soma da carga horária semanal de 
ambos era superior a 60 horas. A servidora foi notificada para optar por 
um dos dois cargos, tendo se mantido inerte. Diante disso, foi demitida de 
um deles por acumulação ilícita de cargos públicos. A servidora impetrou 
mandado de segurança, mas o STJ reconheceu que a demissão foi legal. 
Como se nota, o STJ entende que é vedada a acumulação de cargos 
públicos, ainda que lícita, quando a soma da carga horária referente 
aos dois cargos ultrapassar o limite máximo de 60 horas semanais. 
Isso porque o servidor precisa estar em boas condições físicas e 
mentais para bemexercer as suas atribuições, o que certamente depende 
de adequado descanso no intervalo entre o final de uma jornada de 
trabalho e o início da outra, sendo isso impossível em condições de 
sobrecarga de trabalho. Sendo assim, se a jornada semanal ficar acima de 
60 horas, a acumulação não seria permitida, considerando que o servidor 
estaria muito cansado e isso atrapalharia seu desempenho funcional, em 
prejuízo ao princípio constitucional da eficiência. 
STJ. 1ª Seção. MS 19.336-DF, Rel. originária Min. Eliana Calmon, Rel. para acórdão Min. 
Mauro Campbell Marques, julgado em 26/2/2014 (Info 549). 
Restituição de valores recebidos 
I ± Se o servidor público recebe valores por força de decisão 
administrativa posteriormente revogada: NÃO é devida a restituição ao 
erário dessa quantia. Há boa-fé do servidor (princípio da proteção à 
confiança). 
II ± Se o servidor público recebe valores por força de decisão 
judicial posteriormente reformada: É devida a restituição ao erário 
dessa quantia. Não há boa-fé, considerando que o servidor sabia que 
poderia haver alteração da decisão que tinha caráter precário (provisório). 
III ± Se o servidor público recebe valores por sentença judicial 
transitada em julgado. Posteriormente, esta sentença é desconstituída 
em ação rescisória: NÃO é devida a restituição da quantia. Há boa-fé, 
 
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porque aqui o pagamento decorreu de sentença judicial definitiva, que só 
depois foi desconstituída em ação rescisória. 
STJ. 1ª Seção. EAREsp 58.820-AL, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 8/10/2014 
(Info 548) 
Inaplicabilidade do direito à recondução do art. 29, I, da Lei 8.112/90 a 
servidor público estadual 
Se a legislação estadual não prevê a recondução, é possível aplicar 
a Lei 8.112/90 por analogia? 
NÃO. Não é possível a aplicação, por analogia, do instituto da 
recondução previsto no art. 29, I, da Lei 8.112/1990 a servidor público 
estadual na hipótese em que o ordenamento jurídico do Estado for omisso 
acerca desse direito. 
Seria o caso, por exemplo, de um servidor do Tribunal de Justiça do 
Estado, já estável, que foi aprovado no concurso de Delegado da Polícia 
Federal e, após dois meses no cargo, percebeu que não tinha perfil para a 
função e requereu sua exoneração e a recondução para o antigo cargo no 
Tribunal de Justiça. Nessa situação hipotética, se a legislação estadual não 
prevê o instituto da recondução, o servidor não poderá retornar ao antigo 
cargo, nem mesmo aplicando a Lei 8.112/90 por analogia. 
Segundo a jurisprudência do STJ, somente é possível aplicar, por 
analogia, a Lei 8.112/90, aos servidores públicos estaduais e municipais 
se houver omissão, na legislação estadual ou municipal, sobre direito de 
cunho constitucional e que seja autoaplicável e desde que tal situação não 
gere o aumento de gastos. Ex: aplicação, por analogia, das regras da Lei 
8.112/90 sobre licença para acompanhamento de cônjuge a determinado 
servidor estadual cuja legislação não prevê esse afastamento 
(RMS ������»$&�� 5HO�� 0LQLVWUR� +XPEHUWR� 0DUWLQV� Segunda Turma, 
julgado em 18/10/2011). Nesse exemplo, o STJ reconheceu que a 
analogia se justificava para proteção da unidade família, valor protegido 
constitucionalmente (art. 226 da CF/88). 
No caso da recondução, contudo, não é possível a analogia 
porque esse direito não tem cunho constitucional. 
STJ. 2ª Turma. RMS 46.438-MG, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 16/12/2014 
(Info 553). 
 
 
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Posse em cargo público por determinação judicial e dever de indenizar 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
João foi aprovado em todas as provas teóricas do concurso, no 
entanto, foi eliminado no exame psicotécnico, fato ocorrido no ano de 
2010. O candidato ingressou com ação ordinária questionando os critérios 
utilizados no teste psicotécnico aplicado. A ação foi julgada procedente em 
todas as instâncias, mas a Fazenda Pública sempre recorria e João ainda 
não havia tomado posse, diferentemente de todos os demais candidatos 
aprovados. Somente em 2015, quando houve o trânsito em jugado, ele foi 
nomeado e empossado. Significa que, enquanto os demais candidatos 
foram nomeados e estavam trabalhando desde 2010, João, mesmo tendo 
direito, só conseguiu ingressar no serviço público 5 anos mais tarde. 
Inconformado com a situação, João propôs ação de indenização contra 
o Poder Público alegando que teria direito de receber, a título de 
reparação, o valor da remuneração do cargo referente ao período de 2010 
até 2015. 
O candidato que teve postergada a assunção em cargo por conta de 
ato ilegal da Administração tem direito a receber a remuneração 
retroativa? 
Regra: NÃO. Não cabe indenização a servidor empossado por 
decisão judicial sob o argumento de que houve demora na nomeação. Dito 
de outro modo, a nomeação tardia a cargo público em decorrência de 
decisão judicial não gera direito à indenização. Isso porque o direito à 
remuneração é consequência do exercício de fato do cargo. Dessa forma, 
inexistindo o efetivo exercício, a pessoa não faz jus à percepção de 
qualquer importância, a título de ressarcimento material, sob pena de 
pena de enriquecimento sem causa. 
Exceção: será devida indenização se ficar demonstrado, no caso 
concreto, que o servidor não foi nomeado logo por conta de uma situação 
de arbitrariedade flagrante. 
1DV�H[DWDV�SDODYUDV�GR�67)��³1D�KLSyWHVH�GH�SRVVH�HP�FDUJR�S~EOLFR�
determinada por decisão judicial, o servidor não faz jus à indenização, 
sob fundamento de que deveria ter sido investido em momento anterior, 
salvo situação de arbitrariedade flagrante�´ 
STF. Plenário. RE 724347/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. 
Roberto Barroso, julgado em 26/2/2015 (repercussão geral) (Info 775). 
 
 
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Os titulares de serventias extrajudiciais não podem ser incluídos no regime 
próprio de Previdência Social 
Duas Leis estaduais incluíram no regime próprio de Previdência Social 
os titulares de serventias extrajudiciais (notários e registradores). 
Tais leis foram declaradas inconstitucionais. 
Os titulares de serventias notariais e registrais exercem atividade 
estatal, entretanto não são titulares de cargo público efetivo, tampouco 
ocupam cargo público. Não são servidores públicos. Logo, a eles não 
se aplica o regime próprio de Previdência Social previsto para os 
servidores públicos (art. 40 da CF/88). 
Desse modo, a lei estadual não poderia tê-los incluído no regime 
próprio de previdência social. As leis estaduais acima desviaram-se do 
modelo previsto na CF/88 e usurparam a competência da União para 
legislar sobre o tema. 
STF. Plenário. ADI 4639/GO e ADI 4641/SC, Rel. Min. Teori Zavascki, julgados em 
11/3/2015 (Info 777). 
Concurso Público 
Súmula vinculante 43-STF: É inconstitucional toda modalidade de 
provimento que propicie ao servidor investir-se, sem prévia aprovação em 
concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que não integra 
a carreira na qual anteriormente investido. 
STF. Plenário. Aprovada em 08/04/2015 (Info 780). 
A conclusão exposta nesta SV 43 já era prevista em uma súmula 
³FRPXP´� GR� 67)�� D� V~PXOD� ���� GR� 67)� �GH 24/09/2003) e que tem a 
mesma redação. O que a SV 43 do STF proíbe é a chamada ascensão 
funcional (também conhecida como acesso ou transposição),ou seja, a 
progressão funcional do servidor público entre cargos de carreiras 
distintas (principalmente de nível médio para nível superior). 
Súmula vinculante 44-STF: Só por lei se pode sujeitar a exame 
psicotécnico a habilitação de candidato a cargo público. 
STF. Plenário. Aprovada em 08/04/2015 (Info 780) 
$�69����WDPEpP�p�RULXQGD�GD�FRQYHUVmR�GH�XPD�V~PXOD�³FRPXP´��
Em suma, o STF afirma que é admitida a realização de exame psicotécnico 
em concursos públicos, desde que a lei da carreira preveja expressamente 
esse teste como um dos requisitos para acesso ao cargo. 
 
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Remunerações acima do teto constitucional e base de cálculo para 
incidência do IR e da contribuição previdenciária 
Existem determinados servidores, especialmente aposentados, que, 
por terem vantagens pessoais incorporadas em seus vencimentos (ex: 
TXLQWRV���³QR�SDSHO´��GHYHULDP�UHFHEHU�PDLV�GR�TXH�R�WHWR� 
Ex: João, Desembargador aposentado, incorporou diversas 
gratificações pessoais ao longo de sua carreira. Assim, a remuneração 
bruta de João é de R$ 50 mil, mas ele só receberá, de fato, até o valor do 
teto, devendo ser ressaltado que a quantia que superar o limite 
constitucional não lhe será paga. O valor que, no momento do 
pagamento, é descontado da remuneração total do servidor por estar 
superando o teto constitucional é chamado de ³DEDWH-WHWR´. 
O servidor público, antes de receber sua remuneração líquida, é 
obrigado a pagar imposto de renda e contribuição previdenciária. Esse 
valor já é descontado na folha pela entidade pagadora. 
Assim, o Tribunal de Justiça, antes de pagar a remuneração de um 
Desembargador, já desconta os valores que ele deverá pagar de IR e 
contribuição previdenciária. As alíquotas do IR e da contribuição 
previdenciária incidem sobre o valor da remuneração do servidor público. 
Em termos tributários, podemos dizer que a base de cálculo do IR e da 
contribuição previdenciária é a remuneração do servidor. 
6H�R� VHUYLGRU� WHP�XPD� UHPXQHUDomR� ³QR�SDSHO´� VXSHULRU�DR� WHWR��R�
imposto de renda e a contribuição previdenciária incidirão sobre essa 
remuneração total ou sobre a remuneração total menos o abate-teto? Em 
outras palavras, a remuneração de João é 50 mil; ocorre que o teto do 
funcionalismo é 33 mil; João pagará IR e CP sobre 50 mil ou sobre 33 mil? 
Sobre os 33 mil. A base de cálculo para se cobrar o IR e a 
contribuição previdenciária é o valor da remuneração do servidor depois 
de ser excluída a quantia que exceder o teto. 
Como o recurso extraordinário foi julgado sob a sistemática de 
repercussão geral, o STF definiu, em uma frase, a tese que será 
aplicada em todos os demais casos idênticos. A tese firmada foi a 
seguinte��³6XEWUDtGR�R�PRQWDQWH�TXH�H[FHGHU�R�WHWR�H�VXEWHWR�SUHYLVWR�QR�
artigo 37, inciso XI, da Constituição Federal, tem-se o valor que vale como 
base para o Imposto de Renda e para a contribuição SUHYLGHQFLiULD´. 
STF. Plenário. RE 675978/SP, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 15/4/2015 
(repercussão geral) (Info 781). 
 
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PEC da Bengala e necessidade de nova sabatina 
No dia 08/05/2015, foi publicada a EC 88/2015, que ficou conhecida 
FRPR� ³3(&� GD� %HQJDOD´� HP� YLUWXGH� GH� DXPHQWDU� R� OLPLWH� GH� LGDGH� GD�
aposentadoria compulsória dos Ministros de Tribunais Superiores. Esse 
aumento foi garantido pela inserção do art. 100 no ADCT, nos seguintes 
termos: 
Art. 100. Até que entre em vigor a lei complementar de que trata o inciso II 
do § 1º do art. 40 da Constituição Federal, os Ministros do Supremo 
Tribunal Federal, dos Tribunais Superiores e do Tribunal de Contas da União 
aposentar-se-ão, compulsoriamente, aos 75 (setenta e cinco) anos de 
idade, nas condições do art. 52 da Constituição Federal. (Incluído pela 
Emenda Constitucional nº 88, de 2015) 
O que quer dizer essa parte final? O objetivo dessa parte final do 
dispositivo foi o de exigir que o Ministro que complete 70 anos somente 
possa continuar no cargo se for submetido a nova arguição pública 
�³VDEDWLQD´��H�YRWDomR�QR�6HQDGR�)HGHUDO��(P�RXWUDV�SDODYUDV��R�0LQLVWUR��
quando completasse 70 anos, poderia continuar no cargo até os 75 anos, 
mas, para isso, seu nome precisaria ser novamente aprovado pelo 
Senado. 
Essa exigência é compatível com a CF/88? 
NÃO. Essa exigência é INCONSTITUCIONAL. O STF suspendeu a 
aplicação GD� H[SUHVVmR� ³QDV� FRQGLo}HV� GR� DUWLJR� ��� GD� &RQVWLWXLomR�
)HGHUDO´�� FRQWLGD� QR� ILQDO� GR� DUW�� ���� GR� $'&7�� (VVD� H[LJrQFLD� GH� QRYD�
VDEDWLQD� DFDED� ³SRU� YXOQHUDU� DV� FRQGLo}HV� PDWHULDLV� QHFHVViULDV� DR�
exercício imparcial e independente da função jurisdicional, ultrajando a 
separação de Poderes, cláusula pétrea inscrita no artigo 60, parágrafo 4º, 
inciso ,,,��GD�&RQVWLWXLomR�)HGHUDO´� 
Em simples palavras, o STF entendeu que há violação ao princípio da 
separação dos Poderes. Desse modo, os Ministros do STF, dos Tribunais 
Superiores (STJ, TST, TSE, STM) e do TCU possuem o direito de se 
aposentar compulsoriamente somente aos 75 anos e, para isso, não 
precisam passar por uma nova sabatina e aprovação do Senado Federal. 
É possível estender essa regra da aposentadoria compulsória aos 75 
anos para juízes e Desembargadores? 
O STF afirmou que o art. 100 do ADCT da CF/88 não pode ser 
estendido a outros agentes públicos até que seja editada a Lei 
 
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Complementar Nacional a que se refere o art. 40, § 1º, inciso II, da 
CF/88. 
Essa LC nacional ampliando a aposentadoria compulsória dos juízes e 
Desembargadores para 75 anos pode ser apresentada ao Congresso 
Nacional pelo Presidente da República ou por algum parlamentar? 
NÃO. Todas as leis que trazem regras gerais sobre a magistratura 
nacional devem ser iniciadas pelo STF, nos termos do art. 93 da CF/88. 
O que acontece com os mandados de segurança que haviam sido 
impetrados pelos Desembargadores que queriam prorrogar a 
aposentadoria compulsória para 75 anos? 
O STF declarou que fica sem produzir efeitos todo e qualquer 
pronunciamento judicial e administrativo que tenha interpretado que a EC 
88/2015 permitiria, mesmo sem LC, ampliar para 75 anos a idade da 
aposentadoria compulsória para outros agentes públicos que não 
sejam Ministros do STF, dos Tribunais Superiores e do TCU. Em 
outras palavras, o STF afirmou que nenhuma decisão judicial ou 
administrativa pode estender o limite de 75 anos da aposentadoria 
compulsória para outros agentes públicos. 
STF. Plenário. ADI 5316 MC/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 21/5/2015 (Info 786). 
Norma que impede nepotismo no serviço público não alcança servidores de 
provimento efetivo 
A Constituição do Estado do Espírito Santo prevê, em seu art. 32, VI, 
TXH� p� ³YHGDGR� DR� VHUYLGRU� S~EOLFR� VHUYLU� VRE� D� GLUHomR� imediata de 
cônjuge ou parente até segundo JUDX�FLYLO´� 
Foi proposta uma ADI contra esta norma. 
O STF julgou a norma constitucional, mas decidiu dar interpretação 
conforme à Constituição, no sentido de o dispositivo ser válido somente 
quando incidir sobre os cargos de provimento em comissão, função 
gratificada, cargos de direção e assessoramento. Em outras 
palavras, o STF afirmou que essa vedação não pode alcançar os 
servidores admitidos mediante prévia aprovação em concurso público, 
ocupantes de cargo de provimento efetivo, haja vista que isso poderia 
inibir o próprio provimentodesses cargos, violando, dessa forma, o art. 
37, I e II, da CF/88, que garante o livre acesso aos cargos, funções e 
empregos públicos aos aprovados em concurso público. 
 
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Em outras palavras, se a pessoa foi aprovada em concurso público e 
irá assumir um cargo efetivo, ela poderá assumi-lo mesmo que na 
direção imediata esteja seu cônjuge ou parente. Isso porque, neste caso, 
este cônjuge ou parente não teve influência na contratação, que se deu 
em virtude de aprovação em concurso público. 
STF. Plenário. ADI 524/ES, rel. orig. Min. Sepúlveda Pertence, red. p/ o acórdão Min. 
Ricardo Lewandowski, julgado em 20/5/2015 (Info 786). 
Momento para comprovação do limite de idade em concurso público 
O limite de idade, quando regularmente fixado em lei e no edital de 
determinado concurso público, há de ser comprovado no momento da 
inscrição no certame. 
 STF. 1ª Turma. ARE 840.592/CE, Min. Roberto Barroso, julgado em 23/6/2015 (Info 
791) 
Acumulação de aposentadoria de emprego público com remuneração de 
Dz…ƒ”‰‘dz�–‡’‘”ž”‹‘ 
Imagine a seguinte situação: Maria é empregada pública federal 
aposentada. Como se aposentou cedo e ainda está cheia de vitalidade, ela 
decide que deseja continuar trabalhando e, por isso, se inscreve no 
processo seletivo aberto pelo Ministério do Meio Ambiente para contratar 
servidores temporários. 
A empregada pública aposentada poderá ser contratada e receber, ao 
mesmo tempo, os proventos da aposentadoria e também a remuneração 
proveniente do serviço temporário? 
SIM. É possível a cumulação de proventos de aposentadoria de 
emprego público com remuneração proveniente de exercício de 
³FDUJR´�WHPSRUiULR� 
O § 3º do art. 118 da Lei 8.112/90 proíbe apenas a acumulação de 
proventos de aposentadoria com remuneração de cargo ou emprego 
público efetivo. Os servidores temporários contratados sob o regime do 
art. 37, IX, não estão vinculados a um cargo ou emprego público, 
exercendo apenas uma função administrativa temporária (função 
autônoma, justamente por não estar vinculada a cargo ou emprego). 
$OpP�GLVVR��DLQGD�TXH�VH�FRQVLGHUH�TXH�LVVR�p�XP�³FDUJR´�S~EOLFR��QmR�VH�
trata de cargo público efetivo já que as pessoas são selecionas mediante 
processo seletivo simplificado e irão exercer essa função por um prazo 
determinado, não possuindo direito à estabilidade. 
 
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Em suma, não é cargo; mas mesmo que fosse, não seria cargo 
efetivo. 
Ademais, a aposentadoria da interessada se deu pelo Regime Geral 
de Previdência Social ± RGPS (ela era empregada pública), não se lhe 
aplicando, portanto, o disposto no § 10 do art. 37 da CF/88, segundo o 
TXDO� ³e� YHGDGD� D� SHUFHSomR� VLPXOWkQHD� GH� SURYHQWRV� de aposentadoria 
decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com a remuneração de 
cargo, emprego ou função pública, ressalvados os cargos acumuláveis na 
forma desta Constituição, os cargos eletivos e os cargos em comissão 
declarados em lei de livre nomeaçmR� H� H[RQHUDomR´�� ,VVR� SRUTXH� D�
aposentadoria dos empregados públicos, concedida no regime do RGPS, é 
disciplinada não pelo art. 40 da CF/88, mas sim pelo art. 201. Logo, não 
se pode atribuir interpretação extensiva em prejuízo do empregado 
público aposentado pelo RGPS. 
STJ. 2ª Turma. REsp 1.298.503-DF, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 7/4/2015 
(Info 559). 
O art. 170 da Lei 8.112/1990 é inconstitucional 
O art. 170 da Lei 8.112/90 prevê que, mesmo estando prescrita a 
infração disciplinar, é possível que a prática dessa conduta fique 
registrada nos assentos funcionais do servidor. 
O STF e STJ entendem que esse art. 170 é inconstitucional por 
violar os princípios da presunção de inocência e da razoabilidade. 
STF. Plenário. MS 23262/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 23/4/2014 (Info 743). 
STJ. 1ª Seção. MS 21.598-DF, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 10/6/2015 (Info 564). 
Férias gozadas em período coincidente com o da licença à gestante 
Imagine a seguinte situação hipotética: Maria, servidora pública, 
estava grávida. A criança nasceu em março/2015. A partir daí, ela 
começou a usufruir a licença-maternidade (que é de 180 dias). Em 
setembro/2015, a servidora retornou ao trabalho. Quando voltou a 
trabalhar, Maria foi até o departamento de recursos humanos do órgão e 
explicou o seguinte para a diretora do setor: "minhas férias estavam 
marcadas para julho/2015. Ocorre que neste período eu estava de 
licença-maternidade. Logo, minhas férias foram interrompidas e eu quero 
agora remarcar esse período de férias referente a julho/2015 para 
dezembro/2015." 
 
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O pedido de Maria poderá ser aceito? NÃO. A Lei nº 8.112/90 não 
assegura à servidora pública o direito de usufruir, em momento posterior, 
os dias de férias já gozados em período coincidente com o da licença à 
gestante. Ao contrário do que afirma Maria, houve sim o gozo das férias, 
ainda que ao mesmo tempo em que ela fazia jus à licença-maternidade, 
visto que a referida licença não é causa interruptiva das férias. 
A Lei nº 8.112/90 elenca as hipóteses de interrupção das férias em 
seu art. 80 (calamidade pública, comoção interna, convocação para júri, 
serviço militar ou eleitoral ou necessidade do serviço), não havendo a 
previsão de interrupção pelo fato de a servidora estar no gozo da licença-
maternidade. 
Nesse sentido, aliás, o STJ já decidiu pela impossibilidade de 
aplicação extensiva do art. 80, caput, da Lei 8.112/1990: "Discute-se nos 
autos a possibilidade de alteração das férias, em decorrência de licença 
médica, após iniciado o período de gozo [...] Nos termos da legislação de 
regência, as hipóteses de interrupção de férias são taxativamente 
previstas no artigo 80 da Lei n. 8.112/90, dentre as quais não se insere o 
acometimento de doença e a respectiva licença para tratamento médico" 
(AgRg no REsp 1.438.415-SE, Segunda Turma, DJe 13/5/2014). 
STJ. 2ª Turma. AgRg no RMS 39.563-PE, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 
6/8/2015 (Info 566). 
Aprovado fora do número de vagas e desistência dos que estavam na sua 
frente 
Situação 1: o candidato aprovado fora do número de vagas 
previstas no edital de concurso público tem direito subjetivo à nomeação 
quando o candidato imediatamente anterior na ordem de classificação, 
aprovado dentro do número de vagas, for convocado e manifestar 
desistência. 
Ex: eram 10 vagas e João passou em 11º lugar; ocorre que o 10º 
colocado foi convocado e desistiu de assumir; João tem direito subjetivo 
de ser nomeado. Em suma, tem direito subjetivo à nomeação o 
candidato aprovado fora do número de vagas previstas no edital, mas que 
passe a figurar entre as vagas em decorrência da desistência de 
candidatos classificados em colocação superior. 
Situação 2: o candidato aprovado fora do número de vagas 
previstas no edital de concurso público tem direito subjetivo à nomeação 
quando o candidato imediatamente anterior na ordem de classificação, 
 
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embora aprovado fora do número de vagas, for convocado para vaga 
surgida posteriormente e manifestar desistência. 
Ex: João fez um concurso público para o cargo de Procurador do 
Estado, cujo edital previa10 vagas, tendo sido aprovado e, na 
classificação final, ficou em 12º lugar. Os 10 candidatos aprovados nas 
primeiras posições foram nomeados e empossados. Um ano depois, é 
aprovada uma lei criando uma nova vaga para o cargo de Procurador do 
Estado. Pedro, o candidato aprovado em 11º lugar no concurso, foi 
convocado para tomar posse no cargo, mas, por ter outros interesses, 
acabou desistindo de assumir. Nessa hipótese, João tem direito subjetivo 
de ser nomeado. 
Em regra, se o candidato foi aprovado fora do número de vagas (o 
concurso não previa cadastro de reserva), mas durante o prazo de 
validade do concurso foram criados novos cargos, ele não terá direito 
subjetivo à nomeação. O fato de terem sido criados novos cargos 
enquanto ainda vigente o concurso não obriga, por si só, a Administração 
a nomear o candidato aprovado fora do número de vagas. 
O aprovado fora das vagas somente terá direito subjetivo à 
nomeação se o candidato imediatamente anterior na ordem de 
classificação, embora aprovado fora do número de vagas, for convocado 
para vaga surgida posteriormente e manifestar desistência. Nessa 
hipótese, a Administração, por meio de ato formal, manifesta 
necessidade e interesse no preenchimento da vaga, de tal sorte que 
a convocação de candidato que, posteriormente, manifesta desinteresse, 
não gera somente expectativa de direito ao candidato posterior, mas 
direito subjetivo. 
STJ. 1ª Turma. AgRg no ROMS 48.266-TO, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 
18/8/2015 (Info 567). 
STJ. 1ª Turma. AgRg noRMS 41.031-PR, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 
18/8/2015 (Info 567). 
Teoria do fato consumado: inaplicabilidade em concurso público 
Imagine a seguinte situação hipotética: Maria prestou concurso e 
não foi aprovada na 1ª fase por conta de um ponto. A candidata ajuizou 
ação pedindo a anulação de uma questão e conseguiu liminar para 
participar da 2ª fase, tendo sido aprovada na prova discursiva, razão pela 
qual foi nomeada, tomou posse e passou a exercer o cargo. Ocorre que, 
depois de 15 anos no cargo, a ação foi julgada improcedente, com trânsito 
 
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em julgado, tendo a Administração Pública tornado sem efeito a sua 
nomeação. Diante disso, Maria impetrou mandado de segurança pedindo 
para que seja mantida no cargo com base na teoria do fato consumado, 
uma vez que já exercia a função há muitos anos. 
Ocorre que o pedido de Maria não foi aceito pelo STF. Para a 
Suprema Corte, o candidato que toma posse em concurso público por 
força de decisão judicial precária assume o risco de posterior reforma 
GHVVH�MXOJDGR�TXH��HP�UD]mR�GR�HIHLWR�³H[�WXQF´��LQYLDELOL]D�D�DSOLFDomR�GD�
teoria do fato consumado em tais hipóteses. 
A posse ou o exercício em cargo público por força de decisão 
judicial de caráter provisório não implica a manutenção, em definitivo, 
do candidato que não atende a exigência de prévia aprovação em 
concurso público (art. 37, II, da CF/88), valor constitucional que 
prepondera sobre o interesse individual do candidato, que não pode 
invocar, na hipótese, o princípio da proteção da confiança legítima, pois 
conhece a precariedade da medida judicial. 
Com efeito, em situações envolvendo concurso público não faz 
sentido invocar-se o princípio da proteção da confiança legítima, haja vista 
que o candidato beneficiado com a decisão não desconhece que o 
provimento jurisdicional tem natureza provisória e que pode ser revogado 
a qualquer momento, acarretando automático efeito retroativo. Ademais, 
nesses casos, a nomeação e a posse no cargo ocorrem por provocação do 
próprio particular interessado e contra a vontade da Administração Pública 
que, inclusive, contesta o pedido feito na Justiça. Logo, não há que se 
falar em legítima confiança do administrado, já que não foi a 
Administração Pública quem praticou o ato nem reconheceu o direito. 
Em suma, não se aplica a teoria do fato consumado para candidatos 
que assumiram o cargo público por força de decisão judicial provisória 
posteriormente revista. 
STF. 1ª Turma. RMS 31538/DF, rel. orig. Min. Luiz Fux, red. p/ o acórdão Min. Marco 
Aurélio, julgado em 17/11/2015 (Info 808). 
STF. Plenário. RE 608482/RN, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 7/8/2014 
(repercussão geral) (Info 753). 
As vantagens pessoais do servidor também devem respeitar o teto, mesmo 
que sejam anteriores à EC 41/2003 
Alguns servidores continuavam tentando excluir do teto as vantagens 
pessoais que haviam adquirido antes da EC 41/2003 (que implementou, 
 
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na prática, o teto no funcionalismo). Argumentavam que a garantia da 
irredutibilidade de vencimentos, modalidade qualificada de direito 
adquirido, impediria que as vantagens percebidas antes da vigência da EC 
41/2003 fossem por ela alcançadas. 
O STF acolheu esse argumento? As vantagens pessoais anteriores à 
EC 41/2003 estão fora do teto? 
NÃO. Computam-se para efeito de observância do teto remuneratório 
do artigo 37, XI, da Constituição da República, também os valores 
percebidos anteriormente à vigência da EC 41/2003 a título de 
vantagens pessoais pelo servidor público, dispensada a restituição de 
valores eventualmente recebidos em excesso e de boa-fé até o dia 
18/11/2015. 
STF. Plenário. RE 606358/SP, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 18/11/2015 
(repercussão geral) (Info 808). 
Concurso público: direito subjetivo à nomeação e surgimento de vagas 
O STF fixou a tese de que o surgimento de novas vagas ou a 
abertura de novo concurso para o mesmo cargo, durante o prazo de 
validade do certame anterior, não gera automaticamente o direito à 
nomeação dos candidatos aprovados fora das vagas previstas no edital, 
ressalvadas as hipóteses de preterição arbitrária e imotivada por 
parte da Administração, caracterizada por comportamento tácito ou 
expresso do Poder Público capaz de revelar a inequívoca necessidade de 
nomeação do aprovado durante o período de validade do certame, a ser 
demonstrada de forma cabal pelo candidato. Assim, o direito subjetivo à 
nomeação do candidato aprovado em concurso público, exsurge nas 
seguintes hipóteses: 
1 ± Quando a aprovação ocorrer dentro do número de vagas 
previsto no edital; 
2 ± Quando houver preterição na nomeação por não observância da 
ordem de classificação; 
3 ± Quando surgirem novas vagas, ou for aberto novo concurso 
durante a validade do certame anterior, e ocorrer a preterição de 
candidatos de forma arbitrária e imotivada por parte da administração 
nos termos acima. 
Note que não há direito automático à nomeação para o candidato 
aprovado fora das vagas do edital com o simples surgimento de novas 
vagas ou abertura de novo concurso. É necessário, de acordo com a tese 
 
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de repercussão geral, que ocorra simultaneamente a preterição de 
candidatos de forma arbitrária e imotivada por parte da 
Administração. Tal situação ficaria caracterizada, por exemplo, se a 
Administração convocasse, durante o prazo de validade do primeiro, os 
candidatos aprovados no certame seguinte. 
STF. RE 837311/PI, rel. Min. Luiz Fux, 9.12.2015 (repercussão geral) (Info 811). 
Vagas reservadas a pessoas com deficiência 
Súmula 552-STJ: O portador de surdez unilateral não se qualifica 
como pessoa com deficiência para o fim de disputar as vagas 
reservadas em concursos públicos. 
STJ. Corte Especial.Aprovada em 04/11/2015. 
O portador de surdez unilateral não pode ser considerado PNE porque 
o Decreto 3.298/99, que dispõe sobre a Política Nacional para Integração 
da Pessoa Portadora de Deficiência, define que deficiência auditiva é a 
perda bilateral da audição. 
Ressalte-se que este mesmo Decreto, ao definir deficiência visual, 
não exige que a cegueira seja nos dois olhos. Sendo assim, o portador de 
visão monocular tem direito de concorrer, em concurso público, às 
vagas reservadas aos deficientes, diferentemente do portador de surdez 
unilateral. Há, inclusive, uma Súmula do STJ sobre o assunto: 
Súmula 377-STJ: O portador de visão monocular tem direito de 
concorrer, em concurso público, às vagas reservadas aos 
deficientes. 
 
 
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Organização da Administração 
Lei estadual que condiciona a nomeação de dirigentes de entidades à prévia 
aprovação da ALE 
É constitucional lei estadual que condiciona a nomeação dos 
dirigentes de autarquias e fundações à prévia aprovação da Assembleia 
Legislativa. 
Por outro lado, é inconstitucional exigir essa prévia aprovação da 
Assembleia Legislativa se os dirigentes forem de empresas públicas e 
sociedades de economia mista. 
É inconstitucional a exigência de que os dirigentes de entidades da 
administração indireta forneçam à ALE a declaração atualizada de seus 
bens e de suas ocupações para serem fiscalizados pelo Parlamento. Tal 
situação viola a separação de poderes. 
STF. Plenário. ADI 2225/SC, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 21/8/2014 (Info 755). 
Não incide o ICMS sobre o serviço de transporte de bens e mercadorias 
realizado pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT 
A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) goza de 
imunidade tributária recíproca porque é uma empresa pública que 
presta serviço público exclusivo e obrigatório do Estado, ou seja, não é 
uma empresa que explora atividade econômica em concorrência com o 
setor privado. Isso significa que os entes federados não podem cobrar 
impostos sobre o patrimônio, a renda ou os serviços da ECT. 
Ocorre que os Correios, além das atividades que desenvolvem de 
forma exclusiva, como é o caso da entrega de cartas pessoais e de cartões 
postais, também realizam alguns serviços em concorrência com a 
iniciativa privada (ex: entrega de encomendas, como livros, celulares e 
computadores, e a entrega de impressos diversos como jornais e 
revistas). 
Quando os Correios realizam o serviço de transporte de bens e 
mercadorias, concorrendo, portanto, com a iniciativa privada, mesmo 
assim eles gozam de imunidade? Ficam livres de pagar ICMS? 
SIM. O STF decidiu que a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos 
± ECT goza de imunidade tributária recíproca mesmo quando realiza o 
transporte de bens e mercadorias. A Suprema Corte entendeu que as 
atividades exercidas sob regime concorrencial existiriam para custear 
 
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aquela exercida sob o regime constitucional de monopólio. Ademais, o 
transporte de bens e mercadorias, apesar de ser também desempenhado 
por empresas privadas, é previsto na Lei 6.538/78 como sendo uma 
espécie de serviço postal, o qual a ECT é obrigada a prestar. Assim, não 
incide o ICMS sobre o serviço de transporte de bens e mercadorias 
realizado pelos Correios. 
STF. Plenário. RE 627051/PE, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 12/11/2014 (Info 767). 
Veículos automotores dos Correios são imunes à incidência do IPVA 
Os Correios, mesmo sendo uma empresa pública, gozam de 
imunidade tributária recíproca porque desempenham serviços públicos. 
No presente julgado, o STF reafirmou o entendimento de que os 
veículos automotores pertencentes aos Correios são imunes à incidência 
do IPVA por força da imunidade tributária UHFtSURFD��DUW�������9,��³D´��GD�
CF/88). 
STF. Plenário. ACO 879/PB, Rel. Min. Marco Aurélio, Red. p/ o acórdão Min. Roberto 
Barroso, 26/11/2014 (Info 769). 
Iniciativa privativa do chefe do Executivo para projetos de lei que versem 
sobre órgãos públicos 
É inconstitucional lei estadual, de iniciativa parlamentar, que 
determinava que todos os órgãos que prestassem serviços de 
atendimento de emergência no Estado deveriam estar unificados em uma 
única central de atendimento telefônico, que teria o número 190. Essa lei 
WUDWD� VREUH� ³HVWUXWXUDomR� H� DWULEXLo}HV´� GH órgãos da administração 
pública, matéria que é de iniciativa privativa do chefe do Poder Executivo 
�DUW������†��ž��,,��³H´��GD�&)����� 
$�FRUUHWD�LQWHUSUHWDomR�TXH�GHYH�VHU�GDGD�DR�DUW������†��ž��,,��³H´�F�F�
o art. 84, VI, da CF/88 é a de que a iniciativa para leis que disponham 
VREUH� ³estruturação e atribuições´� GRV� órgãos públicos continua 
sendo do Poder Executivo, não tendo a EC 32/2001 tido a intenção de 
retirar essa iniciativa privativa. Ao contrário, tais matérias tanto são de 
interesse precípuo do Executivo que podem ser tratadas por meio de 
Decreto. 
STF. Plenário. ADI 2443/RS, Rel. Marco Aurélio, julgado em 25/9/2014 (Info 760). 
 
 
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Entidades paraestatais e terceiro setor 
Serviços sociais autônomos não precisam realizar concurso público 
Os serviços sociais autônomos, por possuírem natureza jurídica de 
direito privado e não integrarem a Administração Pública, mesmo que 
desempenhem atividade de interesse público em cooperação com o ente 
estatal, NÃO estão sujeitos à observância da regra de concurso público 
(art. 37, II, da CF/88) para contratação de seu pessoal. 
STF. Plenário. RE 789874/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 17/9/2014 
(repercussão geral) (Info 759). 
Lei estadual que trata sobre a nomeação e destituição de dirigentes de 
agências reguladoras 
É constitucional lei estadual que prevê que os dirigentes de 
determinada agência reguladora somente poderão ser nomeados após 
previamente aprovados pela Assembleia Legislativa. 
Por outro lado, é inconstitucional a lei estadual que estabelece que 
os dirigentes de agência reguladora somente poderão ser destituídos de 
seus cargos por decisão exclusiva da Assembleia Legislativa, sem qualquer 
participação do Governador do Estado. Essa previsão viola o princípio da 
separação dos poderes (at. 2º da CF/88). 
STF. Plenário. ADI 1949/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 17/9/2014 (Info 759). 
Organizações Sociais Ȃ constitucionalidade da Lei 9.637/98 
Organizações sociais são pessoas jurídicas de direito privado, sem 
fins lucrativos, prestadoras de atividades de interesse público e que, por 
terem preenchido determinados requisitos previstos na Lei 9.637/98, 
UHFHEHP�D�TXDOLILFDomR�GH�³RUJDQL]DomR�VRFLDO´� 
$�SHVVRD�MXUtGLFD��GHSRLV�GH�REWHU�HVVH�WtWXOR�GH�³RUJDQL]DomR�VRFLDO´��
poderá celebrar com o Poder Público um instrumento chamado de 
³FRQWUDWR�GH�JHVWmR´�SRU�PHLR�GR�TXDO� UHFHEHUi incentivos públicos para 
continuar realizando suas atividades. 
Foi ajuizada uma ADI contra diversos dispositivos da Lei 9.637/98 e 
também contra o art. 24, XXIV, da Lei 8.666/93, que prevê a dispensa de 
licitação nas contratações de organizações sociais. 
 
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O Plenário do STF não declarou os dispositivos inconstitucionais, mas 
deu interpretaçãoconforme a Constituição para deixar explícitas as 
seguintes conclusões: 
a) o procedimento de qualificação das organizações sociais deve 
ser conduzido de forma pública, objetiva e impessoal, com observância 
GRV�SULQFtSLRV�GR�³FDSXW´�GR�DUW�����GD�&)��H�GH acordo com parâmetros 
fixados em abstrato segundo o disposto no art. 20 da Lei 9.637/98; 
b) a celebração do contrato de gestão deve ser conduzida de 
forma pública, objetiva e impessoal, com observância dos princípios do 
³FDSXW´�GR�DUW�����GD�&)� 
c) as hipóteses de dispensa de licitação para contratações (Lei 
8.666/1993, art. 24, XXIV) e outorga de permissão de uso de bem público 
(Lei 9.637/1998, art. 12, § 3º) são válidas, mas devem ser conduzidas 
de forma pública, objetiva e impessoal, com observância dos princípios do 
³FDSXW´�GR�DUW�����GD�&)� 
d) a seleção de pessoal pelas organizações sociais deve ser 
conduzida de forma pública, objetiva e impessoal, com observância dos 
SULQFtSLRV� GR� ³FDSXW´� GR� DUW�� ��� GD� &)�� H� QRV� WHUPRV do regulamento 
próprio a ser editado por cada entidade; e 
e) qualquer interpretação que restrinja o controle, pelo 
Ministério Público e pelo Tribunal de Contas da União, da aplicação 
de verbas públicas deve ser afastada. 
STF. Plenário. ADI 1923/DF, rel. orig. Min. Ayres Britto, red. p/ o acórdão Min. Luiz Fux, 
julgado em 15 e 16/4/2015 (Info 781). 
 
 
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Princípios da Administração Pública 
Lei que proíba o nepotismo no Poder Executivo pode ser proposta por 
parlamentar 
As leis que proíbam o nepotismo na Administração Pública não são 
de iniciativa exclusiva do Chefe do Poder Executivo, podendo, portanto, 
ser propostas pelos parlamentares. 
STF. Plenário. RE 570392/RS, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 11/12/2014 (Info 
771). 
Acesso a informações detalhadas de gastos do governo 
Determinado jornal solicitou que o governo federal fornecesse a 
relação dos gastos efetuados com o cartão corporativo pela chefe da 
representação da Presidência da República em SP durante o período de 
2003 a 2011. 
O Governo concedeu ao jornal a relação dos gastos efetuados no 
período, ou seja, os valores despendidos. No entanto, negou-se a fornecer 
informações detalhadas como os tipos de gastos, as datas, valores 
individuais de cada transação, CNPJ/razão social das empresas 
contratadas etc. 
O STJ entendeu que essa recusa ao fornecimento do extrato completo 
(incluindo tipo, data, valor das transações efetuadas e CNPJ dos 
fornecedores) constitui ilegal violação ao direito de acesso à 
informação de interesse coletivo (Lei 12.527/2011), já que não havia 
qualquer evidência de que a publicidade desses elementos atentaria 
contra a segurança do Presidente e Vice-Presidente da República ou de 
suas famílias. 
Ressalte-se que tais dados poderiam ser recusados se houvesse 
evidência de que a publicidade colocaria em risco a segurança do 
Presidente e Vice-Presidente da República ou de suas famílias. É o que 
prevê o art. 24, § 1º da Lei 12.527/2011: 
Art. 24 (...) § 2º As informações que puderem colocar em risco a segurança 
do Presidente e Vice-Presidente da República e respectivos cônjuges e 
filhos(as) serão classificadas como reservadas e ficarão sob sigilo até o 
término do mandato em exercício ou do último mandato, em caso de 
reeleição. 
STJ. 1ª Seção. MS 20.895-DF, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 
12/11/2014 (Info 552). 
 
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Recentemente, o STF adotou o mesmo entendimento relativamente 
ao direito de jornal de ter acesso a informações sobre o uso da verba 
indenizatória por Senadores. A verba indenizatória destina-se a custear 
despesas direta e exclusivamente relacionadas ao exercício da função 
parlamentar. Segundo o STF, tais valores possuem natureza pública, tanto 
pelo fato de estarem sendo pagas por um órgão público (Senado Federal) 
quanto pela finalidade a que se destinam, estando vinculadas ao exercício 
da representação popular (mandato). Sendo a verba pública, a regra geral 
é a de que as informações sobre o seu uso são públicas. 
A Corte entendeu que o fornecimento de tais informações não 
acarreta qualquer risco à segurança nem viola a privacidade ou intimidade 
dos Parlamentares. 
STF. Plenário. MS 28178/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 4/3/2015 (Info 776) 
Observância do devido processo legal, contraditório e ampla defesa antes da 
inclusão de entes federativos nos cadastros federais de inadimplência 
A União, antes de incluir Estados-membros ou Municípios nos 
cadastros federais de inadimplência (exs: CAUC, SIAF) deverá observar o 
devido processo legal, o contraditório e a ampla defesa. A União pode 
incluir Estados ou Municípios em cadastros de inadimplência quando, por 
exemplo, tais entes deixem de prestar contas de convênios. Porém, para o 
Supremo, a União deve observar o devido processo legal, assegurando o 
contraditório e a ampla defesa antes que haja a inscrição de entes 
públicos nos cadastros federais de inadimplência. 
STF. Plenário. ACO 1995/BA, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 26/3/2015 (Info 779). 
Princípio da intranscendência subjetiva na inscrição de unidade federativa 
em cadastro de inadimplentes 
O Estado de Pernambuco celebrou convênio com a União por meio do 
qual recebeu determinadas verbas para realizar projetos de interesse 
público no Estado, assumindo o compromisso de prestar contas da 
utilização de tais valores perante a União e o TCU. 
Ocorre que o Estado não prestou contas corretamente, o que fez com 
que a União o inserisse no CAUC (Cadastro Único de Exigências para 
Transferências Voluntárias), que é um cadastro de inadimplência. 
Ao julgar uma ação proposta pelo Estado-membro contra a União, o 
STF exarou duas importantes conclusões: 
 
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1) Viola o princípio do devido processo legal a inscrição de unidade 
federativa em cadastros de inadimplentes antes de iniciada e julgada 
tomada de contas especial pelo Tribunal de Contas da União. 
Em casos como esse, mostra-se necessária a tomada de contas 
especial e sua respectiva conclusão, a fim de reconhecer que houve 
realmente irregularidades. Só a partir disso é possível a inscrição do ente 
nos cadastros de restrição ao crédito organizados e mantidos pela União. 
2) O princípio da intranscendência subjetiva impede que 
sanções e restrições superem a dimensão estritamente pessoal do 
infrator e atinjam pessoas que não tenham sido as causadoras do ato 
ilícito. Assim, o princípio da intranscendência subjetiva das sanções 
proíbe a aplicação de sanções às administrações atuais por atos de 
gestão praticados por administrações anteriores. 
A inscrição do Estado de Pernambuco no CAUC ocorreu em razão do 
descumprimento de convênio celebrado por gestão anterior, ou seja, na 
época de outro Governador. Ademais, ficou demonstrado que os novos 
gestores estavam tomando as providências necessárias para sanar as 
irregularidades verificadas. Logo, deve-se aplicar, no caso concreto, o 
princípio da intranscendência subjetiva das sanções, impedindo que a 
Administração atual seja punida com a restrição na celebração de novos 
convênios ou recebimento de repasses federais. 
STF. 1ª Turma. AC 2614/PE, AC 781/PI e AC 2946/PI, Rel. Min. Luiz Fux, julgados em 
23/6/2015 (Info 791). 
 
 
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Poderes da Administração Pública 
 
Poder de polícia de trânsito e guardas municipais 
 
As guardas municipais podem realizar a fiscalização de trânsito? 
SIM. As guardas municipais, desde que autorizadas por lei 
municipal, têm competência para fiscalizar o trânsito, lavrar auto de 
infração de trânsito e impor multas. O STF definiu a tese de que é 
constitucional a atribuição às guardas municipais do exercício do poder 
de polícia de trânsito, inclusive para a imposição de sanções 
administrativas legalmente previstas (ex: multas de trânsito). 
A dúvida ocorreu porque, segundo a tese contrária, a competência 
para fiscalizar o trânsito e impor multas seria da Polícia Militar, já que 
cabe a este órgão (PM) realizar o policiamento ostensivo e a preservação 
da ordem pública, nos termos do § 5º do art. 144 da CF/88. 
Como visto, o STF entendeu que essa tese não está correta, porque a 
questão em tela não envolve segurança, pública, mas sim poder de 
polícia de trânsito, o qual não é prerrogativa exclusiva das entidades 
policiais. A fiscalização do trânsito, com aplicação das sanções 
administrativas (multas), embora possa se dar ostensivamente, constitui 
mero exercício de poder de polícia, não havendo, portanto, proibição de 
que seja exercida por entidades não-policiais (como é o caso das guardas 
municipais). 
STF. Plenário. RE 658570/MG, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. 
Roberto Barroso, julgado em 6/8/2015 (Info 793). 
 
 
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Atos administrativos 
Poder Judiciário deverá ter extrema cautela ao anular atos administrativos 
que exijam conhecimentos técnicos específicos 
STF suspendeu decisão de TRF que havia anulado portaria do 
Ministério das Comunicações tratando sobre aspectos técnicos da 
transmissão dos programas de TV (recursos de áudio descrição para 
deficientes visuais e intelectuais). 
Segundo a Corte, a complexidade da causa requer cautela por 
parte dos magistrados e maior consideração às soluções 
encontradas pelos órgãos técnicos especialistas na área. 
STF. Plenário. ADPF 309 Referendo-MC/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 
25/9/2014 (Info 760). 
Serviços públicos 
Inconstitucionalidade de norma estadual que estipula prazos para o 
pagamento de indenização em caso de encampação 
É inconstitucional norma da Constituição Estadual que preveja que 
o Estado (poder concedente) terá até 25 anos para pagar a indenização 
decorrente da encampação do serviço público que era prestado pela 
empresa concessionária, pois isso significaria grave ônus financeiro à 
contratada e violaria as garantias decorrentes do ato jurídico perfeito e do 
art. 37, XXI, da CF/88, o qual impõe à Administração o respeito às 
condições efetivas da proposta formalizada. 
O poder de modificar unilateralmente o contrato constitui 
prerrogativa à disposição da Administração para atender ao interesse 
público, e não instrumento de arbitrariedade ou fonte de enriquecimento 
ilícito do Estado. 
STF. Plenário. ADI 1746/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 18/9/2014 (Info 759). 
O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa. 
Súmula vinculante 41-STF: O serviço de iluminação pública não pode 
ser remunerado mediante taxa. 
STF. Plenário. Aprovada em 11/3/2015. 
 
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A conclusão exposta nesta SV 40 já era prevista em um enunciado 
³FRPXP´� GR� 67)�� D� V~PXOD� ���� �GH� ������������ H� TXH� WHP� D� PHVPD�
redação. 
Os serviços de iluminação pública (luzes que iluminam as cidades à 
noite) são de responsabilidade dos Municípios em virtude de ser 
considerado um serviço de interesse local (art. 30 da CF/88). 
Como os custos para manter esse serviço são muito altos, diversos 
Municípios instituíram, por meio de leis municipais, a cobrança de um 
valor a ser pago pelas pessoas que tivessem conta de energia elétrica. 
Essa cobrança já vinha diretamente na fatura da energia elétrica. As leis 
municipais diziam que estavam criando XPD�³WD[D�GH� VHUYLoR´� �³WD[D�GH�
iluminação p~EOLFD´�� Diversos contribuintes questionaram essa cobrança 
alegando que o serviço de iluminação pública não é específico e divisível. 
Logo, não poderia ser remunerado mediante taxa. A questão chegou até o 
STF. É possível instituir taxa para custear os serviços prestados pelo 
Município com a iluminação pública? 
NÃO. O serviço de iluminação pública não pode ser 
remunerado mediante taxa. 
Isso porque o poder público somente poderá cobrar taxa (espécie de 
tributo) para custear serviços públicos específicos e divisíveis. 
O serviço público de iluminação pública não é específico e divisível. 
Afina, não é possível mensurar (medir, quantificar) o quanto cada pessoa 
se beneficiou pelo fato de haver aquela iluminação no poste. 
O serviço de iluminação pública, em vez de ser específico e divisível, 
é, na verdade, geral (beneficia todos) e indivisível (não é possível 
mensurar cada um dos seus usuários). 
Diante da inconstitucionalidade da cobrança de taxas para custear os 
serviços de iluminação pública, a EC 39/2002 criou uma contribuição 
tributária destinada ao custeio do serviço de iluminação pública. Sendo 
uma contribuição, não há a exigência de que o serviço público a ser 
remunerado seja específico e divisível. Logo, o problema anterior foi 
contornado. Essa contribuição, chamada pela doutrina de COSIP, foi 
introduzida no art. 149-A da CF/88 
Art. 149-A Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir 
contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de 
iluminação pública, observado o disposto no art. 150, I e III. 
 
Direito Administrativo para AFT 2016 
Teoria e exercícios comentados 
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Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se refere o 
caput, na fatura de consumo de energia elétrica. 
Dessa forma, o serviço de iluminação pública não pode ser 
remunerado mediante taxa (SV 41). No entanto, os Municípios poderão 
instituir contribuição para custeio desse serviço (art. 149-A da CF/88). 
STF. Plenário. 24/3/2015 (Info 777). 
Possibilidade de cobrança de valores pela concessionária de rodovia no caso 
de instalação de postes e cabos aéreos 
Concessionária de rodovia pode cobrar de concessionária de 
energia elétrica pelo uso de faixa de domínio de rodovia para a 
instalação de postes e passagem de cabos aéreos efetivada com o intuito 
de ampliar a rede de energia, na hipótese em que o contrato de concessão 
da rodovia preveja a possibilidade de obtenção de receita alternativa 
decorrente de atividades vinculadas à exploração de faixas marginais. 
Sendo assim, desde que haja previsão no contrato de concessão 
da rodovia, permite-se a cobrança, a título de receita alternativa, pelo 
uso de faixa de domínio, ainda que a cobrança recaia sobre concessionária 
de serviços de distribuição de energia elétrica. 
STJ. 1ª Seção. EREsp 985.695-RJ, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 26/11/2014 
(Info 554). 
Responsabilidade civil do Estado 
Existência de cadáver em decomposição em reservatório de água 
Foi encontrado um cadáver humano em decomposição em um dos 
reservatórios de água que abastece uma cidade. 
Determinado consumidor ajuizou ação de indenização contra a 
empresa pública concessionária do serviço

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