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Direito Administrativo STJ

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RESUMO DOS INFORMATIVOS - SITE DIZER O DIREITO
DIREITO ADMINISTRATIVO
Atualizado em 01/03/2020: novas questões de concurso e julgados.
Pontos atualizados: nº 02 (Info 648); nº 18 (Info 651); nº 26 (Info 651); nº 19 (Info 652); nº 19 (Info 655)
1. PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS 
1.1. PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE NO SERVIÇO PÚBLICO: É possível o corte da energia elétrica por fraude no medidor, desde que cumpridos alguns requisitos – (Info 634) – IMPORTANTE!!! RECURSO REPETITIVO!!!
	Na hipótese de débito estrito de recuperação de consumo efetivo por fraude no aparelho medidor atribuída ao consumidor, desde que apurado em observância aos princípios do contraditório e da ampla defesa, é possível o corte administrativo do fornecimento do serviço de energia elétrica, mediante prévio aviso ao consumidor, pelo inadimplemento do consumo recuperado correspondente ao período de 90 (noventa) dias anterior à constatação da fraude, contanto que executado o corte em até 90 (noventa) dias após o vencimento do débito, sem prejuízo do direito de a concessionária utilizar os meios judiciais ordinários de cobrança da dívida, inclusive antecedente aos mencionados 90 (noventa) dias de retroação. 
STJ. 1ª Seção. REsp 1.412.433-RS, Rel. Min. Herman Benjamin, j. 25/4/18 (recurso repetitivo) (Info 634).
	OBS: Não se trata propriamente de uma alteração do posicionamento antigo, mas sim de uma decisão mais completa em relação ao julgado veiculado no Info 508 do STJ.
1.2. PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE: Imprensa tem direito de acesso a informações detalhadas do cartão corporativo do governo – (Info 552) – IMPORTANTE!!!
	Determinado jornal solicitou que o governo federal fornecesse a relação dos gastos efetuados com o cartão corporativo pela chefe da representação da Presidência da República em SP. 
O Governo concedeu ao jornal a relação dos gastos efetuados no período, ou seja, os valores despendidos. No entanto, negou-se a fornecer informações detalhadas como os tipos de gastos, as datas, valores individuais de cada transação, CNPJ/razão social das empresas contratadas etc. 
O STJ entendeu que essa recusa ao fornecimento do extrato completo (incluindo tipo, data, valor das transações efetuadas e CNPJ dos fornecedores) constitui ilegal violação ao direito de acesso à informação de interesse coletivo (Lei 12.527/2011), já que não havia qualquer evidência de que a publicidade desses elementos atentaria contra a segurança do Presidente e Vice-Presidente da República ou de suas famílias. 
STJ. 1ª Seção. MS 20.895-DF, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, j. 12/11/14 (Info 552).
1.3. PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE DOS SERVIÇOS PÚBLICOS: Corte de serviços públicos essenciais e débitos pretéritos – (Info 508)
	Não é legítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais quando a inadimplência do consumidor decorrer de débitos pretéritos, o débito originar-se de suposta fraude no medidor de consumo de energia apurada unilateralmente pela concessionária e inexistir aviso prévio ao consumidor inadimplente. 
STJ. 2ª Turma. AgRg no AREsp 211.514-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, j. 18/10/12 (Info 508).
2. PODERES ADMINISTRATIVOS
2.1. PODER DE POLÍCIA: O termo “bombeiro civil” pode ser utilizado pelos profissionais de empresas privadas atuantes no ramo – (Info 648)
	Profissionais de empresas privadas que exerçam atividade de prevenção e combate ao incêndio podem adotar a nomenclatura “bombeiro civil”.
O art. 2º da Lei 11.901/09 dispõe que são “bombeiros civis” (também chamado de “brigadista particular”) os empregados contratados tanto por empresas públicas quanto privadas que exerçam atividade de prevenção e combate ao incêndio.
A Lei 12.664/12 não revogou a Lei 11.901/09, mas apenas proibiu o uso de uniformes que possuam insígnias, distintivos e emblemas representativos das instituições públicas.
STJ. 1ª T. REsp 1.549.433-DF, Rel. Min. Benedito Gonçalves, j. 9/4/19 (Info 648).
2.2. PODER DE POLÍCIA: Agência de turismo que faça câmbio é equiparada à instituição financeira e está sujeita à fiscalização do BACEN – (Info 647) – Atenção! Concursos Federais!
	A agência de turismo devidamente credenciada para efetuar operações de câmbio é equiparada a instituição financeira e subordina-se à regular intervenção fiscalizatória do Banco Central.
Consideram-se instituições financeiras as pessoas jurídicas públicas ou privadas, que tenham como atividade principal ou acessória a coleta, intermediação ou aplicação de recursos financeiros próprios ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a custódia de valor de propriedade de terceiros (art. 17 da Lei nº 4.595/64).
STJ. 1ª T. REsp 1.434.625-CE, Rel. Min. Sérgio Kukina, j. 9/4/19 (Info 647).
ATENÇÃO: esse mesmo entendimento pode ser aplicado para a seara dos crimes contra o Sistema Financeiro Nacional (art. 1º, I, da Lei 7.492/86): STJ. 5ª T. RHC 9.281/PR, Rel. Min. Gilson Dipp, DJe 30/10/2000.
2.3. PODER DE POLÍCIA: Competência do DNIT para fiscalizar trânsito nas rodovias e estradas federais – (Info 623) – Apenas Concursos Federais!!!
	O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - DNIT detém competência para a fiscalização do trânsito nas rodovias e estradas federais, podendo aplicar, em caráter não exclusivo, penalidade por infração ao Código de Trânsito Brasileiro, consoante se extrai da conjugada exegese dos arts. 82, § 3º, da Lei 10.233/01 e 21 da Lei 9.503/97 (Código de Trânsito Brasileiro).
STJ. 1ª Seção. REsp 1588969-RS, Rel. Min. Assusete Magalhães, j. 28/2/18 (recurso repetitivo) (Info 623).
2.4. PODER DE POLÍCIA: Fiscalização prévia do camarão in natura – (Info 620)
	É obrigatória a prévia fiscalização do camarão in natura, ainda que na condição de matéria-prima, antes do beneficiamento em outros Estados da Federação, podendo tal atividade ser realizada no próprio estabelecimento rural onde se desenvolve a carcinicultura. 
STJ. 1ª Turma. REsp 1536399-PI, Rel. Min. Sérgio Kukina, j. 8/2/18 (Info 620).
2.5. PODER DE POLÍCIA: Empresas brasileiras poderão desenvolver atividades de segurança privada, ainda que tenham sócios estrangeiros – (Info 596)
	A Lei 7.102/83 estabelece normas para constituição e funcionamento das empresas particulares que exploram serviços de vigilância e de transporte de valores. 
O art. 11 dessa Lei prevê que “a propriedade e a administração das empresas especializadas que vierem a se constituir são vedadas a estrangeiros.” 
Esse art. 11 deve ser interpretado segundo a Constituição Federal que, desde a EC 6/95, proíbe, em regra, que a lei faça discriminação entre “empresa brasileira de capital nacional” e “empresa brasileira de capital estrangeiro”. Em outras palavras, para o texto constitucional atual, em regra, desde que uma empresa seja brasileira (constituída no Brasil e sujeita às leis brasileiras), a origem do seu capital é irrelevante. 
Diante disso, a interpretação atual do art. 11 deve ser a seguinte: 
· Empresas constituídas no exterior são proibidas de atuar no setor de segurança privada. 
· Todavia, empresas que sejam constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País são consideradas “empresas brasileiras” (art. 1.126 do Código Civil), sendo irrelevante que tenham na sua composição societária, direta ou indiretamente, participação ou controle pelo capital estrangeiro. 
· Logo, “empresas brasileiras” poderão praticar atividades de segurança privada no país ainda que tenham sócios estrangeiros. 
A restrição veiculada pelo art. 11 da Lei 7.102/83, de acordo com a CF/88, não impede a participação de capital estrangeiro nas sociedades nacionais (empresas brasileiras) que prestam serviço de segurança privada. 
STJ. 1ª Seção. MS 19.088-DF, Rel. Min. Herman Benjamin, j. 14/12/16 (Info 596). 
2.6. PODER DE POLÍCIA: Não cabe ao Banco Central fiscalizar o Serasa – (Info 595)
	O Banco Central tem o dever de exercer o controle do crédito e fiscalizar a atividade das instituições financeiras.
O Serasa não é uma instituição financeira, considerando que não exerce coleta, intermediaçãonem aplicação de recursos financeiros, nem a custódia de valor de propriedade de terceiros, seja como atividade principal ou acessória.
Logo, não é da atribuição do Banco Central a fiscalização das atividades do Serasa.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.178.768-SP, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, j. 1/12/16 (Info 595).
2.7. PODER DE POLÍCIA: Atribuição para classificar como medicamento produto importado – (Info 577) – IMPORTANTE!!!
	Se a ANVISA classificou determinado produto importado como "cosmético", a autoridade aduaneira não poderá alterar essa classificação para defini-lo como "medicamento". 
Incumbe à ANVISA regulamentar, controlar e fiscalizar os produtos e serviços que envolvam risco à saúde pública (art. 8º da Lei 9.782/99). Assim, é da Agência a atribuição de definir o que é medicamento e o que é cosmético. 
STJ. 1ª Turma. REsp 1.555.004-SC, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, j. 16/2/16 (Info 577).
	OBS:
· Quando se confere a certo e determinado órgão administrativo alguma atribuição operacional, está-se, por via de consequência, excluindo esta atribuição dos demais órgãos administrativos. Isso é um dos pilares do funcionamento estatal e abalá-lo seria o mesmo que abrir a porta da Administração para a confusão, a celeuma e o caos.
· Cabe à ANVISA não somente a competência para realizar a classificação do produto, mas também o dever da vigilância sanitária, atribuição que não pertence à autoridade aduaneira, inclusive porque os seus agentes não dispõem do conhecimento técnico-científico exigido para isso.
· Se a autoridade aduaneira pudesse classificar livremente os produtos importados, é evidente que as alíquotas aplicadas seriam sempre as mais elevadas.
· No caso concreto, a ANVISA expediu um parecer definindo a natureza cosmetológica do sabão antiacne, de modo que se pode considerar na via administrativa essa questão como uma questão encerrada, até porque o Fisco não é instância revisora das decisões da ANVISA.
2.8. PODER DE POLÍCIA: Compete aos Conselhos Regionais de Farmácia fiscalizar se as drogarias e farmácias funcionam com a presença constante de um farmacêutico – (Info 554)
	As farmácias e drogarias deverão, obrigatoriamente, ter em seu estabelecimento, durante todo o período de funcionamento, um farmacêutico inscrito no Conselho Regional de Farmácia. 
A competência para fiscalizar essa exigência é dos Conselhos Regionais de Farmácia. 
A Vigilância Sanitária não fiscaliza a presença do farmacêutico no estabelecimento. Sua atuação fica restrita ao licenciamento do estabelecimento e à fiscalização do cumprimento de padrões sanitários.
Em suma, o STJ definiu a seguinte tese: 
“Os Conselhos Regionais de Farmácia possuem competência para fiscalização e autuação das farmácias e drogarias, quanto ao cumprimento da exigência de manterem profissional legalmente habilitado (farmacêutico) durante todo o período de funcionamento dos respectivos estabelecimentos, sob pena de esses incorrerem em infração passível de multa, nos termos do art. 24 da Lei 3.820/1960, c/c o art. 15 da Lei 5.991/1973.” 
STJ. 1ª Seção. REsp 1.382.751-MG, Rel. Min. Og Fernandes, j. 12/11/14 (recurso repetitivo) (Info 554)
2.9. PODER DE POLÍCIA: Ausência de autorização do Poder Público para exploração de serviço de radiodifusão x Poder de Policia – (Sem Info) (Anal. Legisl./Câm. Deputados-2014)
	A exploração dos serviços de radiodifusão, inclusive comunitária de baixa potência, depende de autorização ou concessão do Poder Concedente, sendo indevido o funcionamento de rádio comunitária sem o prévio licenciamento.
Inexistindo a regular autorização do Poder Público para a exploração do serviço de radiodifusão ressai perfeitamente legal, a despeito da abertura ou não de processo administrativo, a interrupção e lacre das transmissões, estando tal proceder dentro do poder de polícia da Administração Pública.
STJ, 1ª Turma. AgRg no REsp 1074432/MG, Rel. Min Francisco Falcão, j. 06/11/2008.
	(Anal. Legisl./Câm. Deputados-2014-CESPE): Suponha que Paulo possua rádio de transmissão clandestina, sem a devida autorização do órgão competente, em pleno funcionamento. Nessa situação, segundo o STJ, ao descobrir esse fato, a administração pública deve interromper a transmissão e lacrar o local imediatamente, sem prévia manifestação de Paulo, porque essa forma de ação decorre diretamente do exercício do poder de polícia, não se tratando, propriamente, de uma sanção administrativa.
OBS: Observe que a intervenção é decorrente de uma medida autoexecutória do poder de polícia. Nesse caso, podemos dizer que a ação não se trata, "propriamente, de uma sanção administrativa". Se fosse administrativa, Paulo teria sido chamado, previamente, para dar esclarecimentos. Ou seja, a autoexecutoriedade dispensou o processo administrativo que investigaria a irregularidade. Não havendo processo administrativo, não há que se falar em sanção administrativa.
3. ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA
3.1. SERVIÇOS SOCIAIS AUTÔNOMOS: Serviços sociais autônomos não devem figurar no polo passivo de ação proposta pelo contribuinte discutindo a exigibilidade das contribuições sociais – (Info 646)
	As entidades dos serviços sociais autônomos não possuem legitimidade passiva nas ações judiciais em que se discute a relação jurídico-tributária entre o contribuinte e a União e a repetição de indébito das contribuições sociais recolhidas. 
Os serviços sociais são meros destinatários de subvenção econômica e, como pessoas jurídicas de direito privado, não participam diretamente da relação jurídico-tributária entre contribuinte e ente federado.
O direito que tais entidades possuem à receita decorrente da subvenção não gera interesse jurídico a ponto de justificar a ocorrência de litisconsórcio com a União. O interesse dos serviços sociais autônomos nesta lide é reflexo e meramente econômico.
STJ. 1ª Seção. EREsp 1.619.954-SC, Rel. Min. Gurgel de Faria, j. 10/04/2019 (Info 646).
3.2. Legitimidade do Município para defesa dos consumidores – (Info 626) – IMPORTANTE!!!
	Município tem legitimidade ad causam para ajuizar ação civil pública em defesa de direitos consumeristas questionando a cobrança de tarifas bancárias.
Em relação ao Ministério Público e aos entes políticos, que têm como finalidades institucionais a proteção de valores fundamentais, como a defesa coletiva dos consumidores, não se exige pertinência temática e representatividade adequada.
STJ. 3ª Turma. REsp 1509586-SC, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 15/5/18 (Info 626).
	OBS:
Imagine a seguinte situação adaptada: O Município de Brusque (SC) ajuizou ação civil pública contra o HSBC Bank Brasil S.A. alegando que seria ilegal uma tarifa bancária denominada “renovação de cadastro” que estava sendo cobrada das contas bancárias. O banco contestou a demanda alegando, entre outros argumentos, que o Município não tem legitimidade ad causam para ajuizar ação civil pública em defesa de direitos consumeristas questionando a cobrança de uma tarifa bancária.
 
O que decidiu o STJ? O Município tem legitimidade? SIM. É o que foi decidido no Info 626 do STJ.
A legitimidade extraordinária dos entes políticos: Os entes federativos ou políticos, enquanto gestores da coisa pública e do bem comum, são, em tese, os maiores interessados na defesa dos interesses metaindividuais, considerando que o Estado “tem por fim o bem comum de um povo situado em um determinado território” (DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos da teoria geral do estado. São Paulo: Saraiva, 1999, p. 100). Assim, na defesa do bem comum do povo, cabe aos órgãos públicos promover a tutela dos interesses da população. Trata-se, em verdade, de dever-poder, o que impõe aos entes políticos o dever de agir na defesa de interesses metaindividuais. Ademais, a legitimação dos entes políticos para a defesa de interesses metaindividuais é justificada pela qualidade de sua estrutura, capaz de conferir maior probabilidade de êxito na implementação da tutela coletiva.
 
Pertinência temática e representatividade adequada dos entes políticos: No caso de ação civil pública propostapor ente político, a pertinência temática ou representatividade adequada são presumidas. Isso porque não há dúvidas de que os entes políticos possuem, dentre suas finalidades institucionais, a defesa coletiva dos consumidores. Trata-se, inclusive, de um comando constitucional:
Art. 5º (...)
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;
 
Aliás, no que se refere especificamente à defesa de interesses individuais homogêneos dos consumidores, o Município é o ente político que terá maior contato com as eventuais lesões cometidas contra esses interesses, pois, “por certo, será no Município que esses fatos ensejadores da ação civil pública se farão sentir com maior intensidade [...] em face da proximidade, da imediatidade entre ele e seus munícipes” (LEONEL, Ricardo de Barros. Manual do Processo Coletivo. 3ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013, p. 165).
 
Como foi cobrado em concursos: 
· “A ação civil pública não poderá ser proposta pelos Estados e Municípios”. (Analista Judiciário – TRF3 – FCC- 2007 – Falso)
· “O Município não tem legitimidade para propor ação civil pública”. (Procurador Municipal de Poá-SP – VUNESP – 2014 – Falso).
· “Têm legitimidade para propor a ação civil pública, dentre outros, os Municípios”. (Analista Judiciário – TRT 11a – FCC – 2017 – Verdadeiro).
3.3. Associação de Municípios não pode ajuizar ação para tutelar direitos dos Municípios – (Info 610) – Atenção! Advocacia Pública!
	Associação de Municípios e Prefeitos não possui legitimidade ativa para tutelar em juízo direitos e interesses das pessoas jurídicas de direito público. 
STJ. 1ª Seção. REsp 1.503.007-CE, Rel. Min. Herman Benjamin, j. 14/6/17 (Info 610).
	OBS:
Quem representa os Municípios em juízo: A representação judicial dos Municípios, ativa e passivamente, deve ser exercida por seu Prefeito ou Procurador, conforme previsto no art. 75, III, do CPC/2015:
Art. 75. Serão representados em juízo, ativa e passivamente: (...)
III - o Município, por seu prefeito ou procurador;
Portanto, não é possível que essa regra expressa seja alterada para que a representação se faça por associação de municípios.
A representação do ente municipal não pode ser exercida por associação de direito privado, haja vista que se submete às normas de direito público. Assim sendo, não se pode admitir que haja uma delegação para que uma pessoa jurídica de direito privado (associação) possa tutelar interesses de pessoa jurídica de direito público (Município).
Em qualquer tipo de ação, permitir que os Municípios sejam representados por associações equivaleria a autorizar que eles dispusessem de uma série de privilégios materiais e processuais estabelecidos pela lei em seu favor. E, como esses privilégios visam a tutelar o interesse público, não há como os Munícipios disporem deles ajuizando suas ações por meio de associações, pois o interesse público é indisponível.
Existem outros precedentes do STJ no mesmo sentido:
A representação do ente municipal não pode ser exercida por associação de direito privado, haja vista que se submete às normas de direito público. Assim sendo, insuscetível de renúncia ou de delegação a pessoa jurídica de direito privado, tutelar interesse de pessoa jurídica de direito público sob forma de substituição processual. STJ. 2ª Turma. REsp 1446813/CE, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 20/11/2014.
4. ATOS ADMINISTRATIVOS 
4.1. CONTROLE DE ATOS ADMINISTRATIVOS: Judiciário pode determinar que Estado implemente plantão em Delegacia de Atendimento ao adolescente infrator – (Info 609)
	A decisão judicial que impõe à Administração Pública o restabelecimento do plantão de 24 horas em Delegacia Especializada de Atendimento à Infância e à Juventude não constitui abuso de poder, tampouco extrapola o controle do mérito administrativo pelo Poder Judiciário. 
STJ. 1ª Turma. REsp 1.612.931-MS, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, j. 20/6/17 (Info 609).
	OBS: Assim, o STJ considerou que, ao não se oferecer plantão 24 horas na Delegacia especializada de apuração dos atos infracionais, houve violação à CF/88, ao art. 172 do ECA e também ao item 12.1 das Regras de Beijing considerando que, fora do horário de funcionamento da Delegacia, os jovens infratores serão submetidos às unidades policiais comuns, onde estarão expostos ao contato com presos maiores de idade.
A decisão governamental de encerrar o plantão na Delegacia não é uma escolha aceitável do Estado sob os aspectos moral e ético, representando induvidosa preterição de uma prioridade imposta pela Constituição Federal, além de conduta contrária à lei e ao tratado internacional, constituindo, portanto, hipótese na qual se admite que o Poder Judiciário intervenha legitimamente no caso mesmo em se tratando de um ato discricionário.
A jurisprudência do STF entende que o Poder Judiciário, em situações excepcionais, pode determinar que a Administração Pública adote medidas assecuratórias de direitos constitucionalmente reconhecidos como essenciais, sem que isso configure violação do princípio da separação de Poderes (STF. 1ª T. ARE 886710 AgR, Rel. Min. Rosa Weber, j. 3/11/15).
Comando: Ante o exposto, o STJ deu provimento ao recurso especial interposto pelo MP e determinou que o Estado do Mato Grosso do Sul implementasse, no prazo máximo de 120 dias, o regime de plantão de 24 horas na Delegacia Especializada de Atendimento à Infância e Juventude de Campo Grande/MS, sob pena de multa diária de R$ 10 mil.
4.2. Portaria interministerial produzida, em conjunto, por dois Ministérios não pode ser revogada por portaria posterior editada por apenas uma das Pastas – (Info 597)
	A portaria interministerial editada pelos Ministérios da Educação e do Planejamento demanda a manifestação das duas Pastas para a sua revogação. 
Ex: o art. 7º do Decreto 6.253/07 determinou que os Ministérios da Educação e da Fazenda deveriam editar um ato conjunto definindo os valores, por aluno, para fins de aplicação dos recursos do FUNDEB. Atendendo a este comando, em março de 2009, os Ministros da Educação e da Fazenda editaram a Portaria interministerial 221/09 estipulando tais valores. Ocorre que alguns meses depois, o Ministro da Educação editou, sozinho, ou seja, sem o Ministro da Fazenda, a Portaria 788/09 revogando a Portaria interministerial 221/09 e definindo novos valores por aluno para recebimento dos recursos do FUNDEB. O STJ concluiu que esta segunda portaria não teve o condão de revogar a primeira. A regulamentação do valor por aluno do FUNDEB exige um ato administrativo complexo que, para a sua formação, impõe a manifestação de dois ou mais órgãos para dar existência ao ato (no caso, portaria interministerial). Por simetria, somente seria possível a revogação do ato administrativo anterior por autoridade/órgão competente para produzi-lo. Em suma, o primeiro ato somente poderia ser revogado por outra portaria interministerial das duas Pastas. 
STJ. 1ª Seção. MS 14.731/DF, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, j. 14/12/16 (Info 597).
4.3. Incompetência do Poder Judiciário para autorizar o funcionamento de rádio educativa – (Info 562)
	O Poder Judiciário não tem competência para autorizar, ainda que a título precário, a prestação de serviço de radiodifusão com finalidade exclusivamente educativa. 
O art. 223 da CF/88 atribui competência ao Poder Executivo para outorgar e renovar concessão, permissão e autorização, bem como fiscalizar o serviço de radiodifusão sonora e de sons e imagens. 
O funcionamento das rádios educativas, mesmo que a título precário, está definido na legislação infraconstitucional, em portaria do Ministério das Comunicações e em portaria interministerial do Ministério das Comunicações e do Ministério da Educação, exigindo prévia outorga do poder concedente, a qual não pode ser suprida por autorização judicial. 
STJ. 2ª Turma. REsp 1.353.341-PE, Rel. Min. Humberto Martins, j. 12/5/15 (Info 562).
5. LICITAÇÕES 
5.1. Empresa em recuperação judicial pode participar de licitação, desde que demonstre a sua viabilidade econômica –(Info 631) – IMPORTANTE!!!
	Sociedade empresária em recuperação judicial pode participar de licitação, desde que demonstre, na fase de habilitação, a sua viabilidade econômica. 
STJ. 1ª Turma. AREsp 309867-ES, Rel. Min. Gurgel de Faria, j. 26/6/18 (Info 631).
	OBS: Vejamos o teor do art. 31, II da Lei 8.666/93:
Art. 31. A documentação relativa à qualificação econômico-financeira limitar-se-á a: (...)
II - certidão negativa de falência ou concordata expedida pelo distribuidor da sede da pessoa jurídica, ou de execução patrimonial, expedida no domicílio da pessoa física;
Se você observar novamente a redação do art. 31, II, da Lei 8.666/93, verá que ela ainda fala em “concordata”. Assim, o art. 31 da Lei 8.666/93 não teve o texto alterado para se amoldar à nova sistemática, tampouco foi derrogado (expressamente). 
Diante dessa situação, surgiu a seguinte polêmica na doutrina:
	As restrições impostas à antiga concordata aplicam-se agora para a recuperação judicial? 
Quando o art. 31, II, da Lei 8.666/93 fala em “concordata”, deve-se ler agora “recuperação judicial”? 
A empresa que participar de licitação deverá apresentar certidão negativa de recuperação judicial?
	1ª corrente: SIM
	2ª corrente: NÃO
	Os efeitos da concordata sobre a contratação administrativa devem ser aplicados à recuperação judicial. Isso porque há a presunção de insolvência da empresa em crise. Desse modo, empresas que estão em recuperação judicial não poderiam participar de licitações.
	Como o art. 31, II, da Lei de Licitações não foi alterado para substituir certidão negativa de concordata por certidão negativa de recuperação judicial, a Administração não pode exigir tal documento como condição de habilitação, haja vista a ausência de autorização legislativa. Assim, as empresas submetidas à recuperação judicial estão dispensadas da apresentação da referida certidão.
	É a posição, por exemplo, de Marçal Justen Filho (Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos. 16ª ed., São Paulo: RT, 2014, p. 638).
	É a posição defendida por Joel de Menezes Niebuhr (Licitação Pública e Contrato Administrativo. 4ª ed., Belo Horizonte: Fórum, 2015, p. 447).
Foi a corrente adotada pelo STJ.
 
O art. 31, II da Lei 8.666/93 é uma norma restritiva e, por isso, não admite interpretação que amplie o seu sentido. Por força do princípio da legalidade, é vedado à Administração conferir interpretação extensiva ou restritiva de direitos, quando a lei assim não o dispuser de forma expressa. Logo, é incabível a automática inabilitação de empresas em recuperação judicial unicamente pela não apresentação de certidão negativa.
Vale ressaltar que o art. 52, I, da Lei 11.101/05, que é posterior à Lei de Licitações, prevê a possibilidade de as empresas em recuperação judicial contratarem com o Poder Público (devendo apresentar ao Poder Público as certidões positivas de débitos). Ora, se tais empresas podem contratar com o poder público, devemos interpretar que o legislador permitiu que elas participassem de licitações, considerando que, em regra, só se pode contratar com a Administração Pública após prévio procedimento licitatório. Veja:
Art. 52. Estando em termos a documentação exigida no art. 51 desta Lei, o juiz deferirá o processamento da recuperação judicial e, no mesmo ato: (...)
II – determinará a dispensa da apresentação de certidões negativas para que o devedor exerça suas atividades, exceto para contratação com o Poder Público ou para recebimento de benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, observando o disposto no art. 69 desta Lei;
 
O objetivo primordial da Lei 11.101/05 é viabilizar a superação da situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, a sua função social e o estímulo à atividade econômica. Diferentemente da concordata, cujo objetivo precípuo era o de assegurar a proteção dos credores e a recuperação de seus créditos, a nova Lei busca a proteção da empresa que se encontre em dificuldades econômicas.
A interpretação sistemática dos dispositivos da Lei 8.666/93 e da Lei 11.101/05 nos leva à conclusão de que é possível uma ponderação equilibrada entre os princípios nelas imbuídos, pois a preservação da empresa, a sua função social e o estímulo à atividade econômica atendem também, em última análise, ao interesse da coletividade, uma vez que se busca a manutenção da fonte produtora, dos postos de trabalho e dos interesses dos credores.
Negar à pessoa jurídica em crise econômico-financeira o direito de participar de licitações públicas, única e exclusivamente pela ausência de entrega da certidão negativa de recuperação judicial, vai de encontro ao sentido atribuído pelo legislador ao instituto recuperacional.
 
Cautelas podem ser exigidas para se demonstrar a capacidade econômica da empresa: É necessário que se adotem providências a fim de avaliar se a empresa recuperanda participante do certame, caso seja vencedora, tem condições de suportar os custos da execução do contrato. Significa dizer, é preciso aferir se a empresa sujeita ao regime da Lei 11.101/05 possui aptidão econômica e financeira, conforme exige o art. 27, III, da Lei 8.666/93:
Art. 27. Para a habilitação nas licitações exigir-se-á dos interessados, exclusivamente, documentação relativa a: (...)
III - qualificação econômico-financeira;
 
Daí se infere que a dispensa de apresentação de certidão negativa não exime a empresa em recuperação judicial de comprovar a sua capacidade econômica para poder participar da licitação. 
Se a empresa estiver em recuperação judicial, caberá à Administração Pública (pregoeiro ou comissão de licitação) diligenciar a fim de avaliar a real situação de capacidade econômico-financeira da empresa licitante.
Dessa forma, a exigência de apresentação de certidão negativa de recuperação judicial deve ser relativizada a fim de possibilitar à empresa em recuperação judicial participar do certame, desde que demonstre, na fase de habilitação, a sua capacidade econômica.
5.2. Flexibilização da Lei 8.666/93 no “Minha Casa, Minha Vida” – (Info 624) – IMPORTANTE!!!
	As regras gerais previstas na Lei nº 8.666/93 podem ser flexibilizadas no Programa Minha Casa Minha Vida, por força do art. 4º, parágrafo único, da Lei nº 10.188/2001, desde que se observem os princípios gerais da administração pública.
STJ. 2ª Turma. REsp 1687381-DF, Rel. Min. Francisco Falcão, j. 17/4/18 (Info 624).
	OBS:
Lei 10.188/2001: A Lei 10.188/01 criou o Programa de Arrendamento Residencial. O objetivo desse Programa foi o de garantir moradia à população de baixa renda, sob a forma de arrendamento residencial com opção de compra. A gestão do Programa cabe ao Ministério das Cidades e sua operacionalização à Caixa Econômica Federal (CEF). Tendo em vista o caráter social do programa, o legislador decidiu que as regras de licitação poderiam ser flexibilizadas. Confira:
Art. 4º (...)
Parágrafo único. As operações de aquisição, construção, recuperação, arrendamento e venda de imóveis obedecerão aos critérios estabelecidos pela CEF, respeitados os princípios da legalidade, finalidade, razoabilidade, moralidade administrativa, interesse público e eficiência, ficando dispensada da observância das disposições específicas da lei geral de licitação.
 
Pergunta: Esse art. 4º, § único, da Lei 10.188/01, que flexibiliza as regras de licitação, pode ser aplicado também para o programa “Minha Casa, Minha Vida”? SIM.
As regras gerais previstas na Lei nº 8.666/93 podem ser flexibilizadas no Programa Minha Casa Minha Vida, por força do art. 4º, parágrafo único, da Lei 10.188/01, desde que se observem os princípios gerais da administração pública. STJ. 2ª T. REsp 1.687.381-DF, Rel. Min. Francisco Falcão, j. 17/4/18 (Info 624).
 
Programa Minha Casa, Minha Vida: “Minha Casa, Minha Vida” é um programa habitacional que tem por objetivo criar mecanismos de incentivo à produção e aquisição de novas unidades habitacionaisou requalificação de imóveis urbanos e produção ou reforma de habitações rurais, para famílias com renda mensal de até R$ 4.650,00 (art. 1º da Lei nº 11.977/2009).
Trata-se hoje da principal política habitacional do país que objetiva o desenvolvimento urbano e o acesso à moradia para famílias de baixa renda, a fim de reduzir o enorme déficit habitacional brasileiro e também os impactos ambientais e sociais decorrentes das ocupações irregulares e das habitações precárias.
O interesse social desse Programa é inegável, principalmente na perspectiva da efetivação do direito fundamental à moradia digna, da inserção desse direito entre as necessidades básicas dos brasileiros e da competência da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios para promover programas de construção de moradias e melhorias das condições habitacionais, nos termos dos arts. 1º, III, 7º, IV, e 23, IX, da Constituição Federal.
Em face da peculiaridade de sua natureza e do flagrante interesse social envolvido no “Programa Minha Casa, Minha Vida”, por força do art. 4º, § único, da Lei 10.188/01, eventualmente, as regras gerais previstas na Lei nº 8.666/93 podem ser flexibilizadas, desde que se observem os princípios gerais da administração pública, isto é, aqueles previstos no art. 37 da Constituição Federal e que se consubstanciam em legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
5.3. Proibição do art. 9º, III, da Lei 8.666/93 permanece mesmo que o servidor esteja licenciado – (Info 602) – (MPMG-2018)
	Se um servidor público for sócio ou funcionário de uma empresa, ela não poderá participar de licitações realizadas pelo órgão ou entidade ao qual estiver vinculado este servidor público (art. 9º, III, da Lei nº 8.666/93). 
O fato de o servidor estar licenciado do cargo não afasta a referida proibição, considerando que, mesmo de licença, ele não deixa possuir vínculo com a Administração Pública. 
Assim, o fato de o servidor estar licenciado não afasta o entendimento segundo o qual não pode participar de procedimento licitatório a empresa que possuir em seu quadro de pessoal servidor ou dirigente do órgão contratante ou responsável pela licitação. 
STJ. 2ª Turma. REsp 1.607.715-AL, Rel. Min. Herman Benjamin, j. 7/3/17 (Info 602).
5.4. Termo inicial da punição prevista no art. 7º da Lei n. 10.520/02 (Lei do Pregão) – (Info 561)
	O pregão é uma modalidade de licitação disciplinada pela Lei 10.520/2002.
O art. 7º da Lei prevê que o licitante que for convocado dentro do prazo de validade de sua proposta e não celebrar o contrato, deixar de entregar a documentação, apresentar documentação falsa, retardar a execução do que contratado, não mantiver a proposta, falhar ou fraudar na execução do contrato, comportar-se de modo inidôneo ou cometer fraude fiscal, ficará impedido de licitar e contratar com a União, Estados, Distrito Federal ou Municípios pelo prazo de até 5 anos.
Esse prazo de 5 anos (ou menos) de punição começa a ser contado quando? Inicia-se com a publicação da decisão no Diário Oficial ou somente no dia em que é feito o registro negativo sobre a empresa no SICAF? Isso é importante porque a inserção dessa informação no SICAF pode demorar um tempo para acontecer. Qual é, portanto, o termo inicial da sanção?
A data da publicação no Diário Oficial.
O termo inicial para efeito de contagem e detração (abatimento) da penalidade prevista no art. 7º da Lei 10.520/02, aplicada por órgão federal, coincide com a data em que foi publicada a decisão administrativa no Diário Oficial da União – e não com a do registro no SICAF.
STJ. 1ª Seção. MS 20.784-DF, Rel. Min. Sérgio Kukina, Rel. para acórdão Min. Arnaldo Esteves Lima, j. 9/4/15 (Info 561).
6. CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 
6.1. Contratos de franquia dos Correios celebrados sem licitação – (Info 616) – Apenas Concursos Federais!
	Os contratos das Agências de Correios Franqueadas em vigor em 27 de novembro de 2007 que não sejam precedidos de licitação possuem eficácia até que as novas avenças sejam firmadas, ainda que descumprido o prazo estabelecido pelo art. 7º, parágrafo único, da Lei 11.668/08. 
STJ. 1ª Turma. AREsp 613.239-RS, Rel. Min. Benedito Gonçalves, j. 07/11/17 (Info 616).
	OBS:
Art. 7º Até que entrem em vigor os contratos de franquia postal celebrados de acordo com o estabelecido nesta Lei, continuarão com eficácia aqueles firmados com as Agências de Correios Franqueadas que estiverem em vigor em 27 de novembro de 2007.
Parágrafo único. A ECT deverá concluir as contratações a que se refere este artigo até 30 de setembro de 2012. (Redação dada pela Lei nº 12.400, de 2011).
Como se vê o prazo do parágrafo único do art. 7º já se esgotou. Apesar disso, continuam existindo contratos que não foram regularizados. Qual é a situação desses contratos? Eles continuam produzindo efeitos. O STJ decidiu que, mesmo ultrapassado esse prazo do art. 7º, parágrafo único, da Lei 11.668/08, enquanto não houver a regularização, tais contratos continuam produzindo efeitos. Em homenagem ao princípio da continuidade dos serviços públicos, enquanto não houver a assinatura de novos contratos de franquia, os antigos deverão continuar produzindo efeitos mesmo que tenham sido firmados sem licitação. Não se trata de perpetuar os contratos sem licitação, mas sim de respeitar a continuidade dos serviços públicos até que novos ajustes sejam firmados.
O Decreto nº 6.639/2008 determinou a extinção automática de todos os contratos de franquia firmados sem prévia licitação após o prazo do art. 7º, § único, da Lei 11.668/08, mesmo que ainda não tenham sido celebrados novos pactos. Essa previsão é válida? NÃO. O STJ entendeu que essa previsão do Decreto é ilegal porque a Lei 11.668/08 conferiu um prazo para a realização de novos contratos, mas não determinou a extinção automática dos anteriores, exigindo que eles permaneçam eficazes até que novos ajustes sejam firmados. Logo, o Decreto disse mais do que a Lei e violou o princípio da continuidade dos serviços públicos.
6.2. Princípio da intranscendência e entidade integrante de consórcio público com pendência no CAUC – (Info 577) – IMPORTANTE!!!
	Se um consórcio público celebrou convênio com a União por meio do qual estão previstos repasses federais, o fato de um dos entes integrantes do consórcio possuir pendência inscrita no CAUC não pode impedir que o consórcio receba os valores prometidos. Isso porque o consórcio público é uma pessoa jurídica distinta dos entes federativos que o integram e, segundo o princípio da intranscendência das sanções, as punições impostas não podem superar a dimensão estritamente pessoal do infrator, ou seja, não podem prejudicar outras pessoas jurídicas que não sejam aquelas que praticaram o ato. 
Assim, o fato de ente integrante de consórcio público possuir pendência no Serviço Auxiliar de Informações para Transferências Voluntárias (CAUC) não impede que o consórcio faça jus, após a celebração de convênio, à transferência voluntária a que se refere o art. 25 da LC 101/2000. 
STJ. 2ª Turma. REsp 1.463.921-PR, Rel. Min. Humberto Martins, j. 10/11/15 (Info 577).
	OBS:
Lei 13.821/19: Inseriu o parágrafo único ao art. 14 da Lei 11.107/05, encampando esse entendimento do STJ e afirmando, expressamente, que os requisitos de regularidade para a celebração do convênio entre a União e o Consórcio devem ser analisados com base na pessoa jurídica do Consórcio, não havendo motivos para se negar a assinatura do instrumento por conta de restrições existentes em nome de um dos integrantes do Consórcio, tendo em vista que são pessoas jurídicas distintas:
Art. 14. A União poderá celebrar convênios com os consórcios públicos, com o objetivo de viabilizar a descentralização e a prestação de políticas públicas em escalas adequadas.
Parágrafo único. Para a celebração dos convênios de que trata o caput deste artigo, as exigências legais de regularidade aplicar-se-ão ao próprio consórcio público envolvido, e não aos entes federativos nele consorciados. (Parágrafo único inserido pela Lei nº 13.821/2019)
6.3.Ação de consignação em pagamento proposta pela União para afastar eventual responsabilização trabalhista subsidiária - (Info 571) - Atenção! Advocacia Pública!
	Imagine a seguinte situação: a União possui um contrato com a empresa privada "XXX Vigilância Ltda". Por meio deste contrato, a empresa, com seus funcionários, obrigou-se a fazer a vigilância armada do prédio onde funciona o órgão público federal, recebendo, em contraprestação, R$ 200 mil mensais. A União, percebendo que a empresa estava atrasando os salários e com receio de ser condenada por responsabilidade subsidiária (Súmula 331 do TST), decidiu suspender o pagamento da contraprestação mensal devida e ajuizar ação de consignação em pagamento a fim de depositar em juízo os R$ 200 mil previstos no contrato. Surgiu, no entanto, uma dúvida: onde deverá ser proposta essa ação, na Justiça Federal comum ou na Justiça do Trabalho? 
Justiça do Trabalho. A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar ação de consignação em pagamento movida pela União contra sociedade empresária por ela contratada para a prestação de serviços terceirizados, caso a demanda tenha sido proposta com o intuito de evitar futura responsabilização trabalhista subsidiária da Administração nos termos da Súmula 331 do TST. 
STJ. 2ª Seção. CC 136.739-RS, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 23/9/2015 (Info 571).
7. CONCURSOS PÚBLICOS
7.1. A candidata que está amamentando (lactante) na época do curso de formação para o cargo de agente penitenciário tem direito de fazer o curso em um período posterior – (Info 645) – IMPORTANTE!!!
	É constitucional a remarcação de curso de formação para o cargo de agente penitenciário feminino de candidata que esteja lactante à época de sua realização, independentemente da previsão expressa em edital do concurso público.
STJ. 1ª Turma. RMS 52622-MG, Rel. Min. Gurgel de Faria, j. 26/3/19 (Info 645).
	OBS: O STF afirmou que a candidata que esteja gestante no dia do teste físico possui o direito de fazer a prova em uma nova data no futuro. Além disso, asseverou que, mesmo que o edital proíba expressamente a gestante terá direito à remarcação do teste:
É constitucional a remarcação do teste de aptidão física de candidata que esteja grávida à época de sua realização, independentemente da previsão expressa em edital do concurso público. STF. Plenário. RE 1058333/PR, Rel. Min. Luiz Fux, j. 21/11/18 (repercussão geral).
Apesar de a hipótese não ser exatamente igual ao que decidiu o STF no RE 1058333/PR, o STJ entendeu que as premissas estabelecidas naquele julgamento são plenamente aplicáveis ao caso concreto. Com efeito, a candidata, ao ser convocada para o Curso de Formação, encontrava-se em licença maternidade, com apenas um mês de nascimento da sua filha, período em que sabidamente todas as mulheres estão impossibilitadas de praticar atividades físicas, estando totalmente voltadas para amamentação e cuidados com o recém-nascido. Também nessa hipótese devem ser observados os direitos destacados pelo STF no RE 1058333/PR e que são constitucionalmente protegidos (saúde, maternidade, família e planejamento familiar), merecendo a candidata lactante o mesmo amparo estabelecido pelo Supremo para as gestantes.
7.2. Surgimento de novas vagas + necessidade do provimento + inexistência de restrição orçamentária = direito subjetivo à nomeação – (Info 630)
	O candidato aprovado em concurso público fora do número de vagas tem direito subjetivo à nomeação caso surjam novas vagas durante o prazo de validade do certame, haja manifestação inequívoca da administração sobre a necessidade de seu provimento e não tenha restrição orçamentária. 
STJ. 1ª Seção. MS 22.813-DF, Rel. Min. Og Fernandes, j. 13/06/2018 (Info 630).
	OBS:
O candidato aprovado dentro do número de vagas tem direito subjetivo à nomeação? SIM. O candidato aprovado dentro do número de vagas previstas no edital do concurso público possui direito subjetivo de ser nomeado e empossado dentro do período de validade do certame.
O candidato aprovado fora do número de vagas tem direito subjetivo à nomeação? Em regra, não.
O candidato aprovado fora do número de vagas tem direito subjetivo à nomeação? Em regra, não.
Se o candidato foi aprovado fora do número de vagas, mas durante o prazo de validade do concurso foram criados novos cargos, ele terá direito subjetivo à nomeação? Em regra, não.
Imagine que a Administração fez um concurso para 10 vagas, tendo nomeado e dado posse aos 10 primeiros. Alguns meses depois são criadas 5 novas vagas. O prazo de validade do concurso ainda não expirou. Apesar disso, o Poder Público decide fazer um segundo concurso. Os candidatos aprovados no primeiro certame fora do número de vagas inicialmente previsto poderão exigir sua nomeação? Em regra, não.
A situação pode ser assim definida:
REGRA: o surgimento de novas vagas ou a abertura de novo concurso para o mesmo cargo durante o prazo de validade do certame anterior não gera automaticamente o direito à nomeação dos candidatos aprovados fora das vagas previstas no edital.
EXCEÇÃO: Haverá direito à nomeação se o candidato conseguir demonstrar, de forma cabal:
• que existe inequívoca necessidade de nomeação de aprovado durante o período de validade do certame; e
• que está havendo preterição arbitrária e imotivada por parte da administração ao não nomear os aprovados.
Hipóteses nas quais existirá direito subjetivo à nomeação: O STF listou as três hipóteses nas quais existe direito subjetivo à nomeação do candidato aprovado em concurso público:
1) Quando a aprovação do candidato ocorrer dentro do número de vagas dentro do edital;
2) Quando houver preterição na nomeação por não observância da ordem de classificação;
3) Quando surgirem novas vagas, ou for aberto novo concurso durante a validade do certame anterior, e ocorrer a preterição de candidatos de forma arbitrária e imotivada por parte da administração.
Tese fixada pelo STF em repercussão geral: 
O surgimento de novas vagas ou a abertura de novo concurso para o mesmo cargo, durante o prazo de validade do certame anterior, não gera automaticamente o direito à nomeação dos candidatos aprovados fora das vagas previstas no edital, ressalvadas as hipóteses de preterição arbitrária e imotivada por parte da administração, caracterizada por comportamento tácito ou expresso do Poder Público capaz de revelar a inequívoca necessidade de nomeação do aprovado durante o período de validade do certame, a ser demonstrada de forma cabal pelo candidato.
Assim, o direito subjetivo à nomeação do candidato aprovado em concurso público exsurge nas seguintes hipóteses:
a) quando a aprovação ocorrer dentro do número de vagas dentro do edital;
b) quando houver preterição na nomeação por não observância da ordem de classificação; e
c) quando surgirem novas vagas, ou for aberto novo concurso durante a validade do certame anterior, e ocorrer a preterição de candidatos de forma arbitrária e imotivada por parte da administração nos termos acima.
STF. Plenário. RE 837311/PI, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 09/12/2015 (repercussão geral) (Info 811).
Imagine agora a seguinte situação hipotética: João foi aprovado no cargo de Procurador na 20ª posição. O edital do concurso oferecia apenas 15 cargos. João foi aprovado fora do número de vagas. Os 15 primeiros colocados tomaram posse e começaram a exercer a função. Durante o prazo de validade do concurso, 5 Procuradores se aposentaram, ou seja, surgiram 5 novas vagas. Apesar disso, a Administração Pública não fez mais nenhuma nomeação. Quase no fim do prazo de validade do certame, o Procurador-Geral encaminhou um expediente ao Chefe do Poder Executivo relatando a existência das 5 vagas e afirmando que precisava de autorização para a realização de novo concurso porque a quantidade de Procuradores estava muito abaixo do necessário para o órgão. No expediente, o Procurador-Geral afirmou que havia dotação orçamentária para a nomeação desses novos Procuradores.
João e os outros 4 aprovados conseguiram cópia deste expediente e impetrarammandado de segurança alegando que tinham direito de ser nomeados.
 
O STJ concordou com o pedido dos candidatos? SIM. É o que foi decidido pelo STJ, no Info 630. O STJ entendeu que essa hipótese (surgimento de novas vagas + necessidade do provimento + inexistência de restrição orçamentária) foi prevista pelo STF como uma hipótese na qual surge o direito subjetivo à nomeação. Trata-se de situação descrita no final da ementa do julgado do STF no RE 837311. Confira:
(...) reconhece-se, excepcionalmente, o direito subjetivo à nomeação aos candidatos devidamente aprovados no concurso público, pois houve, dentro da validade do processo seletivo e, também, logo após expirado o referido prazo, manifestações inequívocas da Administração piauiense acerca da existência de vagas e, sobretudo, da necessidade de chamamento de novos Defensores Públicos para o Estado. (...) STF. Plenário. RE 837311, Rel. Min. Luiz Fux, j. 9/12/15.
7.3. A nomeação tardia de candidato aprovado em concurso não gera direito à indenização, ainda que a demora tenha origem em erro reconhecido pela própria Administração Pública – (Info 617) – IMPORTANTE!!!
	O STF, em sede de repercussão geral, fixou a seguinte tese:
Na hipótese de posse em cargo público determinada por decisão judicial, o servidor não faz jus à indenização, sob fundamento de que deveria ter sido investido em momento anterior, salvo situação de arbitrariedade flagrante.
STF. Plenário. RE 724347/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso, j. 26/2/2015 (repercussão geral) (Info 775).
Esse entendimento do STF aplica-se mesmo que o erro tenha sido reconhecido administrativamente pelo Poder Público (e não por decisão judicial).
Assim, a nomeação tardia de candidatos aprovados em concurso público não gera direito à indenização, ainda que a demora tenha origem em erro reconhecido pela própria Administração Pública.
STJ. 1ª Turma. REsp 1238344-MG, Rel. Min. Sérgio Kukina, j. 30/11/17 (Info 617).
	OBS:
O fato de a Administração Pública ter reconhecido o erro administrativamente não muda a situação. Assim, deve-se aplicar o entendimento do STF firmado no RE 724347/DF. Isso porque a ratio decidendi constante do precedente do STF consagra a compreensão de que o pagamento de remuneração e a percepção de demais vantagens por servidor público pressupõe o efetivo exercício no cargo, sob pena de enriquecimento sem causa.
Ora, se mesmo quando a ilegalidade da nomeação tardia é declarada por provimento jurisdicional o direito à indenização é afastado pela jurisprudência (salvo situação de arbitrariedade flagrante), não há razão para, reconhecido o erro pela própria Administração, determinar-se o pagamento de valores retroativos.
Se fosse admitida essa “exceção” (pagar indenização em caso de erro reconhecido administrativamente), isso acabaria desestimulando que a Administração Pública exercesse o seu poder-dever de autotutela, ou seja, desencorajaria que a Administração corrigisse seus próprios equívocos. Haveria, então, um estímulo à judicialização, o que não atende ao interesse público.
7.4. O candidato aprovado fora do número de vagas, mas que fique dentro do número de vagas em virtude da desistência de alguém melhor colocado, passa a ter direito subjetivo de ser nomeado – (Info 612) – IMPORTANTE!!!
	A desistência de candidatos melhor classificados em concurso público convola a mera expectativa em direito líquido e certo, garantindo a nomeação dos candidatos que passarem a constar dentro do número de vagas previstas no edital.
STJ. 1ª Turma. RMS 53.506-DF, Rel. Min. Regina Helena Costa, j. 26/9/17 (Info 612).
STJ. 2ª Turma. RMS 52.251/PR, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 5/9/17.
STF. 1ª Turma. ARE 1058317 AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, j. 1/12/17.
	OBS:
O candidato aprovado dentro do número de vagas tem direito subjetivo à nomeação? SIM. O candidato aprovado dentro do número de vagas previstas no edital do concurso público possui direito subjetivo de ser nomeado e empossado dentro do período de validade do certame.
O candidato aprovado fora do número de vagas tem direito subjetivo à nomeação? Em regra, não.
Se o candidato foi aprovado fora do número de vagas, mas durante o prazo de validade do concurso foram criados novos cargos, ele terá direito subjetivo à nomeação? Em regra, não.
Imagine que a Administração fez um concurso para 10 vagas, tendo nomeado e dado posse aos 10 primeiros. Alguns meses depois são criadas 5 novas vagas. O prazo de validade do concurso ainda não expirou. Apesar disso, o Poder Público decide fazer um segundo concurso. Os candidatos aprovados no primeiro certame fora do número de vagas inicialmente previsto poderão exigir sua nomeação? Em regra, não.
A situação pode ser assim definida:
REGRA: o surgimento de novas vagas ou a abertura de novo concurso para o mesmo cargo durante o prazo de validade do certame anterior não gera automaticamente o direito à nomeação dos candidatos aprovados fora das vagas previstas no edital.
EXCEÇÃO: Haverá direito à nomeação se o candidato conseguir demonstrar, de forma cabal:
• que existe inequívoca necessidade de nomeação de aprovado durante o período de validade do certame; e
• que está havendo preterição arbitrária e imotivada por parte da administração ao não nomear os aprovados.
Hipóteses nas quais existirá direito subjetivo à nomeação: O STF listou as três hipóteses nas quais existe direito subjetivo à nomeação do candidato aprovado em concurso público:
4) Quando a aprovação do candidato ocorrer dentro do número de vagas dentro do edital;
5) Quando houver preterição na nomeação por não observância da ordem de classificação;
6) Quando surgirem novas vagas, ou for aberto novo concurso durante a validade do certame anterior, e ocorrer a preterição de candidatos de forma arbitrária e imotivada por parte da administração.
Tese fixada pelo STF em repercussão geral: 
O surgimento de novas vagas ou a abertura de novo concurso para o mesmo cargo, durante o prazo de validade do certame anterior, não gera automaticamente o direito à nomeação dos candidatos aprovados fora das vagas previstas no edital, ressalvadas as hipóteses de preterição arbitrária e imotivada por parte da administração, caracterizada por comportamento tácito ou expresso do Poder Público capaz de revelar a inequívoca necessidade de nomeação do aprovado durante o período de validade do certame, a ser demonstrada de forma cabal pelo candidato.
Assim, o direito subjetivo à nomeação do candidato aprovado em concurso público exsurge nas seguintes hipóteses:
a) quando a aprovação ocorrer dentro do número de vagas dentro do edital;
b) quando houver preterição na nomeação por não observância da ordem de classificação; e
c) quando surgirem novas vagas, ou for aberto novo concurso durante a validade do certame anterior, e ocorrer a preterição de candidatos de forma arbitrária e imotivada por parte da administração nos termos acima.
STF. Plenário. RE 837311/PI, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 09/12/2015 (repercussão geral) (Info 811).
O candidato aprovado fora do número de vagas, mas que fique dentro do número de vagas em virtude da desistência de alguém melhor colocado, passa a ter direito subjetivo de ser nomeado? SIM.
A desistência de candidatos melhor classificados em concurso público convola a mera expectativa em direito líquido e certo, garantindo a nomeação dos candidatos que passarem a constar dentro do número de vagas previstas no edital. 
STJ. 1ª Turma. RMS 53.506-DF, Rel. Min. Regina Helena Costa, j. 26/9/17 (Info 612). 
STJ. 2ª Turma. RMS 52.251/PR, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 5/9/17.
Ex: João foi aprovado em 13º lugar no concurso público para técnico administrativo. Vale ressaltar que o edital do certame previa a existência de 8 vagas. Ocorre que 5 candidatos melhor classificados que João desistiram. Logo, ele, que antes tinha mera expectativa de direito, passou a ter direito líquido e certo com as desistências.
Há também precedentes do STF neste mesmo sentido:
O direito à nomeação também se estendeao candidato aprovado fora do número de vagas previstas no edital, mas que passe a figurar entre as vagas em decorrência da desistência de candidatos classificados em colocação superior.
STF. 1ª Turma. ARE 1058317 AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, j. 1/12/17.
O Plenário desta Corte, no julgamento do RE 598.099/MS, Rel. Min. Gilmar Mendes, firmou entendimento no sentido de que possui direito subjetivo à nomeação o candidato aprovado dentro do número de vagas previstas no edital de concurso público.
O direito à nomeação também se estende ao candidato aprovado fora do número de vagas previstas no edital, mas que passe a figurar entre as vagas em decorrência da desistência de candidatos classificados em colocação superior.
STF. 2ª Turma. RE 643674 AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, j. 13/8/13.
7.5. É válida a alteração na ordem de aplicação das provas do teste físico desde que anunciada com antecedência – (Info 608) 
	A simples alteração na ordem de aplicação das provas de teste físico em concurso público, desde que anunciada com antecedência e aplicada igualmente a todos, não viola direito líquido e certo dos candidatos inscritos. 
Ex: o edital inicial dizia que, no dia da prova de esforço físico, o teste de equilíbrio seria o primeiro e a corrida o último; depois foi publicado um novo edital alterando a ordem.
STJ. 1ª Turma. RMS 36.064-MT, Rel. Min. Sérgio Kukina, j. 13/6/17 (Info 608).
7.6. O espelho de prova, com a motivação da avaliação do candidato, deve ser apresentado antes ou durante a divulgação do resultado, sob pena de nulidade – (Info 603) – IMPORTANTE!!!
	A banca examinadora do certame, por ocasião da divulgação dos resultados das provas, deve demonstrar, de forma clara e transparente, que os critérios de avaliação previstos no edital foram devidamente considerados, sob pena de nulidade da avaliação.
As informações constantes dos espelhos de provas subjetivas representam a motivação do ato administrativo, consistente na atribuição de nota ao candidato.
Essa motivação deve ser apresentada anteriormente ou concomitante à prática do ato administrativo, pois caso se permita a motivação posterior, isso pode dar ensejo para que se fabriquem, forjem ou criem motivações.
Não é legítima a conduta da banca examinadora de divulgar o espelho de provas com a motivação das notas após ser contestada na via judicial ou administrativa.
Destaque-se também que não há fundamentação válida se a banca apenas divulga critérios muito subjetivos e a nota global dos candidatos, desacompanhados do padrão de resposta e das notas atribuídas para cada um dos critérios adotados.
STJ. 2ª Turma. RMS 49.896-RS, Rel. Min. Og Fernandes, j. 20/4/17 (Info 603).
	OBS:
No caso das provas discursiva e oral, etapas em que há uma maior discricionariedade por parte dos examinadores, mesmo assim é necessário que sejam divulgados os critérios de avaliação dos candidatos? SIM. Realmente nas provas dissertativa e oral existe uma margem maior para que o avaliador se valha de suas impressões. Justamente por essa razão, tais etapas devem adotar critérios de avaliação e correção os mais objetivos possíveis, a fim de evitar violação ao princípio da impessoalidade.
Dessa forma, o ideal é que as bancas examinadoras forneçam espelhos de correção que permitam ao candidato condições de identificar:
a)	o padrão de resposta esperado pela banca examinadora para cada questão;
b)	a pontuação válida para cada um dos critérios;
c)	a nota que lhe foi atribuída em cada um deles; e, por fim,
d)	a nota global obtida pelo candidato.
Essas exigências são necessárias para possibilitar o exercício do devido processo administrativo recursal, consagrado no art. 5º, LV, da CF/88: “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.”.
Motivação do ato administrativo: Vale ressaltar que tais informações que deverão constar nos espelhos das provas subjetivas como forma de atribuição de nota ao candidato representam a “motivação do ato administrativo”. Essa motivação do ato administrativo é uma exigência expressa dos arts. 2º e 50, III e § 1º, da Lei 9.784/99, que trata do processo administrativo no âmbito federal.
Motivação deve ser anterior ou concomitante à divulgação do resultado: A motivação deve ser apresentada anteriormente ou concomitante à prática do ato administrativo. Isso porque entende-se que se fosse permitida a motivação posterior, isso poderia dar ensejo para que se fabricassem, forjassem ou criassem motivações para burlar eventual impugnação ao ato. Em outras palavras, se fosse permitida a motivação posterior, o Administrador mal intencionado poderia decidir do jeito que quisesse e, depois, quando questionado, apresentaria motivação apenas para refutar aquela impugnação. Não se deve, portanto, admitir como legítima a prática imotivada de um ato que, ao ser contestado na via judicial ou administrativa, venha o gestor "construir" algum motivo que dê ensejo à validade do ato administrativo.
Por essa razão, repita-se: a motivação deve ocorrer, em regra, antes ou durante a prática do ato administrativo. Exceção: a jurisprudência entende que, no caso de remoção ex officio, a motivação pode ser apresentada mesmo após o ato ter sido praticado. Nesse sentido: STJ REsp 1.331.224/MG.
Mesmo que o edital não preveja que a banca deve motivar a correção da prova, o candidato poderá exigir essa providência: Alguns editais de concursos públicos não preveem os critérios de correção ou, às vezes, embora os prevejam, não estabelecem as notas ou a possibilidade de divulgação dos padrões de respostas que serão atribuídos a cada um desses critérios. Em tese, com suporte na máxima de que "o edital faz lei entre as partes", o candidato nada poderia fazer caso o resultado de sua avaliação fosse divulgado sem a indicação dos critérios ou das notas a eles correspondentes, ou, ainda, dos padrões de respostas esperados pela banca examinadora. Tal pensamento, no entanto, não merece prosperar, pois os editais de concursos públicos não estão acima da Constituição Federal ou das leis que preconizam os princípios da impessoalidade, do devido processo administrativo, da motivação, da razoabilidade e proporcionalidade. Assim, mesmo que o edital não preveja que a banca deve motivar a correção da prova, o candidato tem direito de exigir essa providência.
7.7. O grave erro no enunciado – reconhecido pela própria banca examinadora – constitui flagrante ilegalidade apta a ensejar a nulidade da questão – (Info 603) – IMPORTANTE!!!
	O STF, em recurso extraordinário com repercussão geral reconhecida, firmou a seguinte tese: "Não compete ao Poder Judiciário, no controle de legalidade, substituir banca examinadora para avaliar respostas dadas pelos candidatos e notas a elas atribuídas" (RE 632.853).
Do voto condutor do mencionado acórdão, percebe-se que a tese nele constante buscou esclarecer que o Poder Judiciário não pode avaliar as respostas dadas pelo candidato e as notas a eles atribuídas se for necessário apreciar o conteúdo das questões ou os critérios utilizados na correção, exceto se flagrante a ilegalidade.
Ao analisar uma prova para o cargo de assessor do MPRS, o STJ decidiu anular uma das questões discursivas pelo fato de que ela possuía um grave erro no enunciado, o que prejudicou o candidato na elaboração de sua resposta.
No enunciado da questão constou a expressão “permissão de saída”, mas na verdade o examinador queria saber sobre a “saída temporária”, tanto que a resposta padrão do gabarito envolvia este segundo instituto. Houve, portanto, uma troca dos conceitos.
A própria comissão examinadora reconheceu que houve o erro no enunciado, mas afirmou que isso não atrapalhou os candidatos e, por isso, manteve as notas.
O STJ, contudo, não concordou com isso e anulou a questão. Se a própria banca examinadora reconhece o erro na formulação da questão, não se pode fechar os olhos para tal constatação ao simplório argumento de que referido erro nãoinfluiria na análise do enunciado pelo candidato.
Vale ressaltar que o STJ afirmou que esta anulação não contraria o que decidiu o STF no julgamento do RE 632.853 por duas razões:
1)	o candidato não está buscando que o Poder Judiciário reexamine o conteúdo da questão ou o critério de correção para decidir se a resposta dada por ele está ou não correta. Em outras palavras, não se quer que recorrija a prova. O que o impetrante pretende é que seja reconhecido que o enunciado da questão apresenta um erro grave insuperável.
2)	o STF decidiu que, em regra, não é possível a anulação de questões de concurso, salvo se houver ilegalidade a permitir a atuação do Poder Judiciário. Em outras palavras, existe uma “exceção” à tese fixada no RE 632.853. E, no presente caso, estamos diante de uma flagrante ilegalidade da banca examinadora.
STJ. 2ª Turma. RMS 49.896-RS, Rel. Min. Og Fernandes, j. 20/4/17 (Info 603).
	OBS:
O que o impetrante pretende é que seja reconhecido que o enunciado da questão apresenta um erro grave insuperável, qual seja, a troca das palavras "saída temporária" por "permissão de saída", fato reconhecido pela própria banca.
Dessa forma, tem-se, no presente caso, um distinguishing (distinção) em relação ao precedente do STF. Assim, é possível reconhecer circunstâncias particulares do caso concreto e que permitem fazer uma diferenciação com o objetivo de não subordiná-lo ao precedente do STF.
Além disso, o STJ tem afirmado que essa tese do STF no RE 632853 é a regra geral, mas que existe uma exceção: se houver flagrante ilegalidade, o Poder Judiciário poderia rever questões de concurso. Veja um precedente no qual o STJ afirmou a existência dessa “exceção”:
(...) II. É firme a compreensão do STJ no sentido de que "o reexame dos critérios usados por banca examinadora na formulação de questões, correção e atribuição de notas em provas de concursos públicos é vedado, como regra, ao Poder Judiciário, que deve se limitar à análise da legalidade e da observância às regras contidas no respectivo edital" (STJ, AgRg no AREsp 266.582/DF, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, DJe de 07/03/2013). Na mesma linha, recentemente - em 23/04/2015 -, o Plenário do STF, apreciando o Tema 485 da Repercussão Geral, nos termos do voto do Relator, Ministro GILMAR MENDES, conheceu e deu provimento ao RE 632.853/CE, para fixar a tese de que "não compete ao Poder Judiciário, no controle de legalidade, substituir banca examinadora para avaliar respostas dadas pelos candidatos e notas a elas atribuídas. Precedentes.
Excepcionalmente, é permitido ao Judiciário juízo de compatibilidade do conteúdo das questões do concurso com o previsto no edital do certame" (DJe de 29/06/2015). (...)
STJ. 2ª Turma. AgRg no RMS 46.998/SC, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em 01/09/2015.
Dever da banca de formular questões com enunciados corretos: Como já dito, a própria banca examinadora reconheceu o erro na formulação da questão. Não se pode fechar os olhos para tal constatação ao simplório argumento de que o referido erro não influiria na análise do enunciado pelo candidato. É dever das bancas examinadoras zelarem pela correta formulação das questões, sob pena de agir em desconformidade com a lei e o edital, comprometendo, sem sombra de dúvidas, o empenho realizado pelos candidatos durante quase toda uma vida.
Nas exatas e sábias palavras do Min. Og Fernandes:
“Quantas pessoas não levam dois, três, quatro, dez anos ou mais se preparando para concursos públicos, para depois se depararem com questões mal formuladas e, pior, com desculpas muitas das vezes infundadas, de que tal erro na formulação não influiria na solução da questão, como vejo acontecer na presente hipótese.
Assim, tenho que o caso é de flagrante ilegalidade a admitir a declaração de nulidade da questão.” 
Diante disso, o STJ declarou nula a referida questão.
7.8. Ação questionando critérios do psicotécnico previstos no edital deve ser proposta contra a entidade que promoveu o concurso (e não contra a instituição contratada) – (Info 600) – IMPORTANTE!!!
	Em ação ordinária na qual se discute a eliminação de candidato em concurso público – em razão da subjetividade dos critérios de avaliação de exame psicotécnico previstos no edital – a legitimidade passiva será da entidade responsável pela elaboração do certame. 
Ex: o Estado do ES abriu concurso para agente penitenciário. O CESPE foi contratado para realizar as provas. João inscreveu-se no certame e foi aprovado nas provas teóricas, tendo sido, contudo, reprovado no exame psicotécnico. Diante disso, João quer ajuizar ação ordinária questionando os critérios de avaliação do exame psicotécnico previstos no edital sob o argumento de que eles eram subjetivos. Essa ação terá que ser proposta contra o Estado do ES (e não contra o CESPE). 
STJ. 1ª Turma. REsp 1.425.594-ES, Rel. Min. Regina Helena Costa, j. 7/3/17 (Info 600).
7.9. Posse em cargo público por menor de idade – (Info 576)
	Ainda que o requisito da idade mínima de 18 anos conste em lei e no edital de concurso público, é possível que o candidato menor de idade aprovado no concurso tome posse no cargo de auxiliar de biblioteca no caso em que ele, possuindo 17 anos e 10 meses na data da sua posse, já havia sido emancipado voluntariamente por seus pais há 4 meses. 
STJ. 2ª Turma. REsp 1.462.659-RS, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 1º/12/2015 (Info 576).
	OBS: No caso em análise, o requisito da idade mínima de 18 anos deve ser flexibilizado pela natureza das atribuições do cargo de auxiliar de biblioteca, tendo em vista que a atividade desse cargo é plenamente compatível com a idade de 17 anos e 10 meses do candidato que já havia sido emancipado voluntariamente por seus pais há 4 meses. Além disso, o art. 5º, § único, do CC, ao dispor sobre as hipóteses de cessação da incapacidade para os menores de 18 anos - entre elas, a emancipação voluntária concedida pelos pais (caso em análise) e o exercício de emprego público efetivo -, permite o acesso do menor de 18 anos ao emprego público efetivo.
7.10. Aprovado fora do número de vagas e desistência dos que estavam na sua frente – (Info 567) – IMPORTANTE!!!
	Situação 1: o candidato aprovado fora do número de vagas previstas no edital de concurso público tem direito subjetivo à nomeação quando o candidato imediatamente anterior na ordem de classificação, aprovado dentro do número de vagas, for convocado e manifestar desistência. 
Ex: eram 10 vagas e João passou em 11º lugar; ocorre que o 10º colocado foi convocado e desistiu de assumir; João tem direito subjetivo de ser nomeado. 
Em suma, tem direito subjetivo à nomeação o candidato aprovado fora do número de vagas previstas no edital, mas que passe a figurar entre as vagas em decorrência da desistência de candidatos classificados em colocação superior. 
Situação 2: o candidato aprovado fora do número de vagas previstas no edital de concurso público tem direito subjetivo à nomeação quando o candidato imediatamente anterior na ordem de classificação, embora aprovado fora do número de vagas, for convocado para vaga surgida posteriormente e manifestar desistência. 
Ex: João fez um concurso público para o cargo de Procurador do Estado, cujo edital previa 10 vagas, tendo sido aprovado e, na classificação final, ficou em 12º lugar. Os 10 candidatos aprovados nas primeiras posições foram nomeados e empossados. Um ano depois, é aprovada uma lei criando uma nova vaga para o cargo de Procurador do Estado. Pedro, o candidato aprovado em 11º lugar no concurso, foi convocado para tomar posse no cargo, mas, por ter outros interesses, acabou desistindo de assumir. 
STJ. 1ª Turma. AgRg no ROMS 48.266-TO, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 18/8/2015 (Info 567). 
STJ. 1ª Turma. AgRg noRMS 41.031-PR, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 18/8/2015 (Info 567).
7.11. TERMO INICIAL DO MANDADO DE SEGURANÇA ENVOLVENDO CONCURSO PÚBLICO – (Info 545) – (PGEMT-2016)
	O termo inicial do prazo decadencial para a impetração de mandado de segurança no qual se discutaregra editalícia que tenha fundamentado eliminação em concurso público é a DATA EM QUE O CANDIDATO TOMA CIÊNCIA DO ATO ADMINISTRATIVO QUE DETERMINA SUA EXCLUSÃO DO CERTAME, e não a da publicação do edital do certame. 
STJ. Corte Especial. REsp 1.124.254-PI, Rel. Min. Sidnei Beneti, j. 1º/7/14 (Info 545).
7.12. Exame médico admissional possui caráter eliminatório em concursos públicos federais – (Info 538)
	O candidato a cargo público federal pode ser eliminado em exame médico admissional, ainda que a lei que discipline a carreira não confira caráter eliminatório ao referido exame. Isso porque a inspeção de saúde é exigência geral direcionada a todos os cargos públicos federais, conforme previsto na Lei 8.112/90 (arts. 5º, inciso V e 14).
STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1.414.990-DF, Rel. Min. Humberto Martins, j. 3/4/14 (Info 538).
7.13. INVESTIGAÇÃO SOCIAL – (Info 535)
	A jurisprudência entende que o fato de haver instauração de inquérito policial ou propositura de ação penal contra candidato, por si só, não pode implicar a sua eliminação. 
A eliminação nessas circunstâncias, sem o necessário trânsito em julgado da condenação, violaria o princípio constitucional da presunção de inocência. 
Assim, em regra, para que seja configurado antecedente criminal, é necessário o trânsito em julgado. 
STJ. 2ª Turma. AgRg no RMS 39.580-PE, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 11/2/2014 (Info 535).
7.14. SURDEZ UNILATERAL – (Info 535)
	O candidato com surdez unilateral NÃO tem direito a participar do concurso público nas vagas reservadas aos deficientes. A surdez unilateral não é considerada como deficiência auditiva segundo o Decreto 3.298/99. 
STJ. Corte Especial. MS 18.966-DF, Rel. Min. Castro Meira, Rel. para acórdão Min. Humberto Martins, julgado em 2/10/2013 (Info 535).
7.15. VALIDADE DO TESTE PSICOTÉCNICO – (Info 535)
	É admitida a realização de exame psicotécnico em concursos públicos se forem atendidos os seguintes requisitos: previsão em lei, previsão no edital com a devida publicidade dos critérios objetivos fixados e possibilidade de recurso. 
STJ. 2ª Turma. REsp 1.429.656-PR, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, julgado em 11/2/2014 (Info 535).
7.16. Governador é parte ilegítima em MS contra ato de concurso estadual no qual o candidato quer pontuação – (Info 519) – IMPORTANTE!!! – (Cartórios/TJSE-2014)
	O Governador do Estado é parte ilegítima para figurar como autoridade coatora em mandado de segurança no qual o impetrante busque a atribuição da pontuação referente a questão de concurso público realizado para o provimento de cargos do quadro de pessoal da respectiva unidade federativa.
STJ. 2ª T. AgRg no RMS 37924-GO, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 9/4/13 (Info 519).
7.17. REQUISITOS DO CARGO DEVEM ESTAR PREVISTOS NA LEI – (Info 518)
	No caso em que lei estadual que regule a carreira de professor estabeleça, como requisito para a admissão no cargo, apenas a apresentação de diploma em ensino superior, não é possível que o edital do respectivo concurso exija do candidato diploma de pós-graduação. 
STJ. 2ª Turma. RMS 33.478-RO, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 21/3/2013 (Info 518).
7.18. CONVOCAÇÃO DO CANDIDATO APROVADO APENAS PELO DIÁRIO OFICIAL – (Info 515)
	Viola os princípios da razoabilidade e da publicidade a convocação para determinada fase de concurso público ou para nomeação de candidato aprovado apenas mediante publicação do chamamento em Diário Oficial quando passado muito tempo entre a realização ou a divulgação do resultado da etapa imediatamente anterior e a referida convocação, uma vez que é inviável exigir que o candidato acompanhe, diariamente, com leitura atenta, as publicações oficiais. 
STJ. 2ª Turma. AgRg no RMS 37.227-RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 6/12/2012 (Info 515).
7.19. INEXISTÊNCIA DO DEVER DE INDENIZAR EM CASO DE NOMEAÇÃO TARDIA – (Info 515)
	A nomeação tardia a cargo público em decorrência de decisão judicial NÃO gera direito à indenização. 
STJ. 6ª Turma. AgRg nos EDcl nos EDcl no RMS 30.054-SP, Min. Og Fernandes, julgado em 19/2/2013 (Info 515).
7.20. NEGATIVA DE NOMEAÇÃO EM VIRTUDE DE DEMISSÃO ANTERIOR
	Ocorre abuso de poder se a Administração Pública se nega a nomear candidato aprovado em concurso para o exercício de cargo no serviço público estadual em virtude de anterior demissão no âmbito do Poder Público Federal se inexistente qualquer previsão em lei ou no edital de regência do certame. 
STJ. 6ª Turma. RMS 30.518-RR, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, j. 19/6/2012.
8. SERVIÇOS PÚBLICOS 
8.1. É válida a interrupção do serviço público por razões de ordem técnica se houve prévio aviso por meio de rádio – (Info 598)
	Em regra, o serviço público deverá ser prestado de forma contínua, ou seja, sem interrupções (princípio da continuidade do serviço público). 
Excepcionalmente, será possível a interrupção do serviço público nas seguintes hipóteses previstas no art. 6º, § 3º da Lei n.º 8.987/95: 
a) Em caso de emergência (mesmo sem aviso prévio); 
b) Por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações, desde que o usuário seja previamente avisado; 
c) Por causa de inadimplemento do usuário, desde que ele seja previamente avisado. 
Se a concessionária de energia elétrica divulga, por meio de aviso nas emissoras de rádio do Município, que haverá, daqui a alguns dias, a interrupção do fornecimento de energia elétrica por algumas horas em virtude de razões de ordem técnica, este aviso atende a exigência da Lei nº 8.987/95? 
SIM. A divulgação da suspensão no fornecimento de serviço de energia elétrica por meio de emissoras de rádio, dias antes da interrupção, satisfaz a exigência de aviso prévio, prevista no art. 6º, § 3º, da Lei nº 8.987/95. 
STJ. 1ª Turma. REsp 1.270.339-SC, Rel. Min. Gurgel de Faria, j. 15/12/16 (Info 598).
8.2. Permissão de serviços públicos concedida sem licitação – (Info 546)
	I – Declarada a nulidade de permissão outorgada sem licitação pública ainda antes da CF/88, é possível ao magistrado estabelecer, independentemente de eventual direito a indenização do permissionário, prazo máximo para o termo final do contrato de adesão firmado precariamente. 
II – A retomada do serviço pela Administração não depende do prévio pagamento de eventual indenização, que deverá ser pleiteada pela empresa nas vias ordinárias. 
III – Em ação civil pública movida para anular permissões para a prestação de serviços de transporte coletivo concedidas sem licitação e para condenar o Estado a providenciar as licitações cabíveis, não cabe discutir eventual indenização devida pelo Estado ao permissionário. 
STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1.435.347-RJ, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 19/8/2014 (Info 546).
	OBS:
Imagine a seguinte situação adaptada: A empresa “X” era permissionária de um serviço público estadual. Ocorre que essa permissão foi feita sem que tivesse havido prévia licitação. A permissão foi concedida antes da CF/88, mas já na vigência da atual Carta, foram praticados atos administrativos prorrogando a permissão. Diante disso, o MP ajuizou ação civil pública pedindo a declaração de nulidade do ato de permissão, a retomada do serviço pela Administração Pública e que esta realizasse licitação para nova delegação. A empresa, ao se defender, alegou que, antes de o serviço ser retomado pela Administração Pública, ela deveria ser indenizada pelos investimentos realizados.
A concessão deverá ser extinta? SIM. Segundo o art. 37, XXI, da CF/88 e o art. 2º, II, da Lei 8.987/95, a concessão de serviço público deverá ser precedida de licitação. Logo, se a concessão for feita sem a observância de tal exigência haverá a nulidade do ato.
É possível que o juiz conceda um prazo durante o qual a permissão continuará válida a fim de permitir que o Poder Público se organize e faça um novo certame? SIM. Declarada a nulidade de permissão outorgada sem licitação pública ainda antes da CF/88, é possível ao magistrado estabelecer, independentemente de eventual direito a indenização

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