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Apostila Civil II

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Direito Civil II – Aula 1 
Obrigações 
1. Conceituação ampla – termo polissêmico 
1.1. “Dever” moral 
 
1.2. “Dever” social (comunitário) 
 
1.3. “Dever” jurídico 
- Dever jurídico <-> Direito 
2. Direito Potestativo 
“Potestas” / Potestade 
3. Direito Subjetivo 
3.1. Real 3.2. Pessoal 
Sujeito Passivo “universal” 
(determinável na violação) 
Sujeito Ativo e Passivo “específico” 
Dever geral de abstenção Dever específico de prestação 
Sequela / Aderência Efeitos entre partes da relação 
jurídica 
Tipicidade / Rol legal taxativo Atipicidade / Rol legal aberto 
Tendência à perpetuidade Transitoriedade 
4. Obrigação em sentido técnico / estrito 
- Dever jurídico. 
- Direito subjetivo pessoal 
- Relação jurídica. 
- Conteúdo ético e patrimonial 
- Cooperação econômica. 
5. Figuras Híbridas 
5.1. Obrigação propter rem 
5.2. Obrigação com eficácia real 
5.3. Ônus reais? 
 
FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ 
Universidade de Fortaleza 
Ensinando e Aprendendo 
 
 
Universidade de Fortaleza 
Ensinando e Aprendendo 
6. Fontes das obrigações 
a) Teoria Clássica 
- Lei 
- Vontade Humana 
b) Evolução 
- Lei 
- Vontade Humana 
- Ato ilícito 
c) Fernando Noronha 
- Lei (Remota) 
- Fato Jurídico 
QUESTÕES 
1. Leia atentamente as proposições abaixo e julgue-as Corretas ou Incorretas: 
# O dever moral pode ser entendido como um dever de consciência, no qual a sanção pelo seu 
descumprimento, geralmente, é aplicada pela própria sociedade. 
# As obrigações sempre tem a lei como fonte, imediata ou remota. 
# Os direitos pessoais têm como uma de suas características a taxatividade. 
# Em consequência do direito de sequela, o titular de direito pessoal poderá perseguir a coisa 
afetada, para buscá-la onde se encontre, e em mãos de quem quer que seja. 
# Na obrigação em sentido técnico, a relação jurídica entre as partes deve ser vista como uma 
relação de competição, haja vista os diferentes objetivos destas. 
2. Diferencie dever jurídico, dever moral e obrigação stricto sensu. 
JURISPRUDÊNCIA 
AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO JUDICIAL. 
DÍVIDAS CONDOMINIAIS PRETÉRITAS. OMISSÃO NO EDITAL DE PRAÇA. 
RESPONSABILIDADE DO ARREMATANTE. IMPOSSIBILIDADE. 
1. Não obstante a natureza propter rem das dívidas condominiais, se não constar do 
edital de praça a existência de tal ônus incidente sobre o imóvel, não é possível 
responsabilizar o arrematante. 
2. Agravo interno não provido. 
(STJ. AgInt no REsp 1582933/SP, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA 
TURMA, julgado em 14/06/2016, DJe 20/06/2016) 
PROCESSUAL CIVIL. AUSÊNCIA DE OMISSÃO. ART. 535, II, DO CPC. COBRANÇA. ENERGIA 
ELÉTRICA. OBRIGAÇÃO DE NATUREZA PESSOAL. (...) 3. O Superior Tribunal de Justiça 
entende que o débito de energia elétrica é de natureza pessoal, não se caracterizando como 
obrigação de natureza propter rem. (...) 
6. Recurso Especial não provido. 
(STJ. REsp 1579177/GO, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 
17/03/2016, DJe 31/05/2016) 
AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. COBRANÇA DE COTAS 
CONDOMINIAIS. OBRIGAÇÃO PROPTER REM. AUSÊNCIA DE IMISSÃO NA POSSE. (...) 
1. Entende este Tribunal que as taxas condominiais, por serem objeto de obrigação propter rem, 
podem ser exigidas tanto do promissário comprador quanto do promitente vendedor. A 
legitimidade passiva, todavia, não pode ser escolhida livremente pelo autor da ação de 
cobrança, devendo ser examinadas as circunstâncias do caso concreto, entre outras, por 
exemplo, a efetiva imissão do comprador na posse do bem. 
2. Não se conhece do recurso especial quando a orientação do Tribunal se firmou no mesmo 
sentido do acórdão recorrido (Súmula 83 do STJ). (...) 
4. Agravo regimental a que se nega provimento. 
(STJ. AgRg no AREsp 804.332/RJ, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA, 
julgado em 17/12/2015, DJe 01/02/2016) 
 
Nota de Aula 2 - Constitucionalização do Direito Civil 
1. Marco Histórico 
Mundo: constituições democráticas do 
2º pós-guerra 
Brasil: modernidade tardia, 
redemocratização (CF/88; CDC/90; 
CC/2002) 
2. Marco Filosófico 
Direito Natural 
(tese) 
Positivismo 
(antítese) 
Neoconstitucionalismo 
(síntese) 
 
3. Marco Teórico 
- Força normativa da Constituição (Konrad Hesse) 
- Jurisdição constitucional 
- Hermenêutica filosófica: princípios; cláusulas abertas; diálogo de fontes. 
4. Constitucionalização do Direito Civil 
4.1. Centralidade da Constituição 
- Filtragem 
- Interpretação conforme a constituição 
- Controle de validade 
4.2. “Ontem, os Códigos; hoje, as Constituições” (Paulo Bonavides) 
4.3. Microssistemas 
- CDC; ECA; Estatuto do Idoso; Código Florestal; Leis Especiais. 
4.4. Características 
 
- Repersonalização / Despatrimonialização 
- Eticidade, socialidade e operabilidade (Miguel Reale) 
- Da estrutura à função (Norberto Bobbio / Pietro Perlingieri) 
- Novos direitos 
- Dirigismo 
- Pluralismo. 
 
 
QUESTÕES 
1. Sobre a constitucionalização do direito e seus efeitos sobre o estudo das 
obrigações civis, assinale as seguintes proposições como CERTO (C) ou ERRADO 
(E) 
- O sistema civil-constitucional concebeu a existência de deveres anexos, laterais ou 
instrumentais, acrescidos à obrigação pela via do princípio da boa-fé objetiva. 
- A “repersonalização” indica que as relações patrimoniais, dentre as quais se encontram 
as relações obrigacionais, servem e são protegidas somente para assegurar, em última 
análise, a tutela do patrimônio de uma pessoa. 
- Existe uma parcela do patrimônio do devedor imune à tutela executiva do credor, pois a 
autonomia privada dos contratantes é intrinsecamente limitada pelo direito fundamental à 
subsistência. 
- O princípio da função social revela que todo direito subjetivo deve ser exercitado de 
maneira que a satisfação dos interesses individuais não traga prejuízos à coletividade. 
- Nos últimos anos, a relação obrigacional passou a ser vista como ordem de cooperação. 
Dentro dessa ordem, credor e devedor não ocupam mais posições opostas e polêmicas; 
bem ao contrário, estão alinhados na busca pela realização de interesses legítimos e 
recíprocos. 
2. (Juiz Substituto – TJ/GO 2006) De acordo com os dizeres de Cristiano Chaves de 
Farias e Nelson Rosenvald, “o Código Civil de 2002 persegue três grandes paradigmas: 
socialidade, eticidade e operabilidade”. Discorra sobre o significado de cada um deles e 
sobre a sua aplicabilidade no campo das obrigações. 
 
Nota de Aula 3 
 Reais 
 Oponíveis ‘erga omnes’ Direitos da Personalidade 
Direito 
Subjetivo Negócios unilaterais 
 Direitos de família 
 Relativos ---- ≠ conteúdo econômico Contratos 
 Obrigações ------------- 
 Responsabilidade civil 
 
 Enriquecimento ilícito 
 
 
 
Estrutura da Obrigação 
 Partes/polos (Complexo de dir. e deveres) 
 Elemento SubjetivoSujeito (Qualquer P.N. ou P.J.) 
 
 Dar 
 
 Prestação Fazer 
Obrigação 
 Elemento Objetivo + Não fazer 
 
 Interesse/Bem da vida 
 
 Débito (Schuld/Debitum) 
 Elemento Ideal 
 Responsabilidade (Haftung/Obligation) 
 
QUESTÕES 
1. Leia atentamente o texto a seguir: 
Os sujeitos, o objeto e o vínculo jurídico são elementos essenciais da obrigação. Acerca 
do elemento subjetivo, é desnecessário que o credor, por exemplo, seja determinado 
desde o início. Exige-se, apenas, que seja determinável. O objeto, por sua vez, consiste 
na prestação do devedor e se traduz em dar, fazer ou não fazer alguma coisa. Já o 
vínculo jurídico estabelece um liame entre os sujeitos, garantindo ao credor, se 
necessário, a utilização do Poder Judiciário para a satisfação do seu crédito. 
O entendimento exposto está correto? Comente. 
 
Nota de Aula 4 
Estrutura da Obrigação e Obrigação Natural 
1. Elemento Subjetivo (pessoas) 
1.1 Partes ou Polos 
- Ativo: credor ou credores 
- Passivo: devedor ou devedores 
2. Elemento Objetivo (prestação e seu objeto) 
 
2.1 Prestação 
- De dar (entregar ou restituir): prestação de coisa e positiva; 
- De fazer: prestação de fato e positiva; 
- De não fazer: prestação de fato e negativa. 
2.2. Interesse ou Bem da vida 
3. Elemento Ideal 
- Relação jurídica. 
- “Ob+ Ligare” (expressão em latim): “Ligar em função de”; “Ligar através de”. 
3.1 Débito (Schuld/Debitum) 
 
3.2 Responsabilidade (Haftung/Obligatio) 
 
4. Obrigação Natural 
- Relação jurídica “enfraquecida” 
- Débito sem responsabilidade 
- Irrepetibilidade (art. 882, CC). 
 
4.1 Responsabilidade sem débito 
(Haftung/Obligatio) (Schuld/Debitum) 
QUESTÕES 
1. PGE MT - 2011 – Prova Oral (2012). Os sujeitos de uma relação jurídica obrigacional 
podem ser indeterminados? 
2. Juiz/SP – Prova Oral – dia 06/05/08. O que vem a ser uma obrigação natural? O 
direito atribui alguma consequência ao devedor de uma obrigação natural? 
 
Nota de Aula 5 - Classificação Básica das Obrigações (elemento objetivo) 
Dar coisa certa (arts. 233/237 do CC) 
# Prestação positiva. 
# Prestação de individualizada, determinada. 
# Entrega de coisa = Tradição 
*Transmissão de propriedade / titularidade (arts. 1.226 e 1.227, CC) 
*Transmissão de posse em razão de direito transitório (arts. 1.196 e 1.228, CC) 
# Princípio da Gravitação Jurídica (art.233 C.C) 
* Cuidado: Pertenças (arts. 92 a 94, CC) 
* Título = Causa jurídica (art. 95, CC). 
* Circunstâncias 
 - Real 
Tradição = entrega - Simbólica 
 - Ficta/Jurídica 
1. Dinâmica da obrigação de dar coisa certa 
1º Momento 2º Momento 3º Momento 
Surgimento Cumprimento Extinção 
Causa / Fonte Tradição Quitação 
Observação 1: Em regra, o devedor é o dono da coisa, tendo deveres de guarda e conservação 
até a tradição. 
Observação 2: Se tudo corre normalmente, a obrigação surge, é cumprida e se extingue. 
Observação 3: No entanto, 3 tipos de sucessos (eventos) podem ocorrer entre o 1º e 2º momento, 
causando conflitos entre as partes. 
2. Sucessos na obrigação de dar coisa certa 
2.1. Perecimento = perda substancial/essencial (art. 234, CC) 
Sem culpa do devedor 
(art.234, 1ª parte) 
Por culpa do devedor 
(art.234, 2ª parte) 
Obrigação se resolve para ambas as 
partes 
Devedor responde pelo equivalente mais 
perdas e danos 
2.2. Deterioração = perda parcial/avaria (arts. 235 e 236, CC) 
Sem culpa do devedor 
(art.235) 
Por culpa do devedor 
(art.236) 
Credor Escolhe: Credor Escolhe: 
Resolver a 
obrigação 
Aceitar a coisa, com 
abatimento. 
Equivalente 
Aceitar a coisa 
deteriorada. 
 Mais perdas e danos (arts. 402/405) 
Observação 4: A noção de culpa é diferente para o direito civil (ampla). 
 - Dolo 
Culpa (ampla) 
 - Culpa (Estrita): Negligência, imprudência ou Imperícia 
2.3. Melhoramentos = fatos que trazem aumento de valor à coisa (art. 237). 
2. 3. A) Benfeitorias (arts. 96 a 97, CC): 
- Necessárias 
- Úteis 
- Voluptuárias 
2. 3. B) Acessões: 
- Naturais 
- Artificiais 
2. 3. C) Frutos (arts. 1.215, CC): 
- Naturais 
- Industriais 
- Civis 
2. 3. D) Produtos (art. 1.232, CC): 
2. 4. Critérios para compreensão: 
I) Regra RES PERIT DOMINO (a coisa perece para o dono) 
II) Culpa ampla: destruir ou deteriorar coisa que deve ser entregue ao credor é ato ilícito 
(arts. 186 e 927, CC) ou quebra contratual (art.389, CC), por isso, o devedor culpado 
responde pelo prejuízo. 
Observação 5: Prejuízo (Dano) 
- “Equivalente”: valor econômico da coisa. 
- Perdas e danos (arts. 402 a 405 CC), se provados. 
QUESTÕES 
1) No que tange à obrigação de dar coisa certa, é correto: 
a) a obrigação abrange os acessórios da coisa, mesmo não mencionados, salvo se o contrário 
resultar do título ou das circunstâncias do caso. 
b) deteriorada a coisa, com culpa do devedor, caberá ao credor, apenas, exigir o equivalente, não 
se falando em perdas e danos. 
c) até a tradição pertence ao devedor a coisa, mas os frutos já percebidos deverão ser entregues 
ao credor. 
d) se a obrigação for de restituir coisa certa, e esta, com culpa do devedor, se perder antes da 
tradição, sofrerá o credor a perda. 
2) João prometeu transferir a propriedade de uma coisa certa, mas antes disso, sem culpa 
sua, o bem foi deteriorado. Segundo o Código Civil, ao caso de João aplica-se o seguinte 
regime jurídico: 
a) A obrigação fica resolvida, com a devolução de valores eventualmente pagos. 
b) A obrigação subsiste, com a entrega da coisa no estado em que se encontra. 
c) A obrigação subsiste, com a entrega da coisa no estado em que se encontra e abatimento no 
preço proporcional à deterioração. 
d) A obrigação poderá ser resolvida, com a devolução de valores eventualmente pagos, ou 
subsistir, com a entrega da coisa no estado em que se encontra e abatimento no preço 
proporcional à deterioração, cabendo ao credor a escolha de uma dentre as duas soluções. 
 
Nota de Aula 6 
Obrigações de dar 
Dar coisa incerta (243/246) 
1. Características: 
 - Positiva 
Prestação - De coisa fungível (genérica, não individualizada) 
 - Dar (coisas que se medem, se pesam ou se contam) 
1.1. Escolha ou concentração da coisa (gênero + quantidade, art. 243, CC) 
- Critérios da “escolha” (244): 
* regra: devedor 
* exceções: credor ou terceiro 
* critério do “meio termo” 
2. Dinâmica da obrigação de dar coisa incerta 
1º Momento 2º Momento 3º Momento 4º Momento 
Surgimento Escolha Cumprimento Extinção 
Causa / Fonte Separação Tradição Quitação 
Observação 1: Em regra, o devedor é o dono da coisa, tendo deveres de guarda e 
conservação até a tradição. 
Observação 2: Se tudo corre normalmente, a obrigação surge, o devedor (regra) escolhe, 
entrega (cumpre/paga) e a obrigação se extingue. 
Observação3: No entanto, 3 tipos de sucessos (eventos) podem ocorrer (a) entre o 1º e 
2º momento e (b) entre o 2º e 3º momento, causando conflitos entre as partes. 
 
 Antes da escolha (246): “genus nunquam perit” 
- Deterioração ou Perda 
 Após a escolha (245): obrigação de dar coisa certa 
QUESTÕES 
1) Adauto comprometeu-se a entregar a Bruno 20 sacas de café sem especificar o tipo. Antes de 
cientificado da escolha do tipo, Bruno recebe a notícia de que a fazenda de Adauto foi destruída 
por uma inundação e que, portanto, o negócio jurídico celebrado entre eles estaria resolvido. 
Indaga-se: a conclusão dessa notícia recebida por Bruno está de acordo com a solução prevista 
no Código Civil para este tipo de obrigação? 
2) Juliana, proprietária de um canil, vendeu a Luíza, à vista, com a exigência de pagamento 
antecipado, uma cadela de raça labrador, com dois anos de idade e com pedigree, a qual 
deveria ser entregue no prazo de seis meses. Durante o período que antecedeu à entrega, o 
animal vendido, sem que Juliana percebesse, ficou prenhe de outro labrador, também com 
pedigree, e deu à luz os filhotes. Considerando a situação hipotética acima e as 
disposições do Código Civil vigente, assinale a opção correta: 
A) Por previsão legal, Luíza terá de entregar metade dos filhotes a Juliana, sob pena de 
enriquecimento sem causa. 
B) Por já ter sido pago o preço, Luíza já era proprietária do labrador e, por isso, terá direito aos 
filhotes. 
C) Como ainda não houve a entrega do animal, Juliana será dona dos filhotes que vierem a 
nascer. 
D) Os filhotes serão considerados acréscimos à coisa, pelos quais Juliana poderá exigir aumento 
de preço. 
JURISPRUDÊNCIA 
CIVIL. ACORDO DE SEPARAÇÃO CONSENSUAL. CONDIÇÃO POTESTIVA NÃO 
CARACTERIZADA. OBRIGAÇÃO PECUNIÁRIA ILÍQUIDA. 
1. É pressuposto da condição a subordinação do negócio jurídico a evento futuro e incerto. 
2. A obrigação assumida pelo ex-marido, no acordo de separação consensual, de custear a 
diferença de preço entre o imóvel em que residia a família e outro imóvel a ser adquirido pela sua 
ex-mulher em cidade especificada no acordo não está subordinada a condição puramente 
potestativa. 
3. A incerteza quanto ao objeto da obrigação não traduz arbítrio de uma das partes. 
Obrigação pecuniária ilíquida, cuja execução depende de prévia determinação do imóvel a 
ser adquirido, o qual, embora da escolha da credora, deve observar critério médio (nem o 
melhor e nem o pior imóvel da cidade de destino), compatível com a moradia em que 
residia anteriormente a família. Aplicação analógica dos critérios legais aplicáveis às 
obrigações de entrega de coisa incerta. 
4. Recurso especial parcialmente provido. 
(REsp 970.143/SC, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado em 
15/02/2011, DJe 22/02/2011) 
 
Restituir coisa certa (238/242) 
 
1. Características: 
 - Positiva 
Prestação - De coisa não fungível (individualizada) 
 - Marca o fim de posse transitória sobre coisa alheia. 
2. Dinâmica da obrigação de restituir 
1º Momento 2º Momento 3º Momento 
Surgimento Cumprimento Extinção 
Causa / Fonte Restituição/Tradição Quitação 
Observação 1: Em regra, o credor é o dono da coisa, mas o devedor tem deve guardar 
e conservar até a tradição, por ser possuidor (art.1.196, CC). 
Observação 2: Se tudo corre normalmente, a obrigação surge, o devedor restitui 
(cumpre/paga) e a obrigação se extingue. 
Observação 3: No entanto, 3 tipos de sucessos (eventos) podem ocorrer entre o 1º e 2º 
momento, causando conflitos entre as partes. 
2.1. Perecimento = perda substancial/essencial (art. 238/239, CC) 
Sem culpa do devedor 
(art.238) 
Por culpa do devedor 
(art.239) 
Obrigação se resolve para ambas as 
partes. Devedor responde pelo equivalente mais 
perdas e danos. Dono sofre a perda, ressalvados os 
direitos adquiridos. 
 
2.2. Deterioração = perda parcial/avaria (arts. 240 e 236*, CC) 
Sem culpa do devedor 
(art.240, 1ª parte) 
Por culpa do devedor 
(art.240, 2ª parte; e art.236) 
Credor recebe a coisa deteriorada, sem 
direito a cobrar indenização do Devedor. 
Credor Escolhe: 
Equivalente 
Aceitar a coisa 
deteriorada. 
 Mais perdas e danos (arts. 402/405) 
Observação 4: Enunciado 15 (Artigo 240) da I Jornada de Direito Civil: 
As disposições do art. 236 do novo Código Civil também são aplicáveis à hipótese 
do art. 240, in fine. 
 
2.3. Melhoramentos e acréscimos (art. 241/242, CC) 
Sem trabalho ou investimento 
do devedor (art. 241, CC) 
Com trabalho ou investimento 
do devedor (art. 242, CC) 
Devedor entrega a coisa, sem direito a 
cobrar indenização do Dono (Credor, em 
regra). 
Melhoramentos: aplicação das regras 
dos arts. 1.219 a 1.222, CC. 
Dono (Credor, em regra) lucra com os 
melhoramentos. 
Frutos: aplicação das regras dos arts. 
1.214 a 1.216, CC. 
Observação 5: Para entender a disciplina dos artigos 1.214 a 1.216; e 1.219 a 1.222, 
tenha em mente que o devedor será possuidor, na condição de titular de direito transitório 
que lhe permita usar e/ou fruir de coisa alheia. 
Observação 6: O dono (credor, em regra) será reivindicante, isto é, aquele que reivindica 
a coisa própria de quem injustamente a possua (art. 1.228, CC). 
Observação 7: Em princípio, presume-se que o devedor tem posse justa e de boa-fé (arts. 
1.200 a 1.202, CC) 
2.3.A. Melhoramentos e acréscimos resultantes de trabalho ou investimento do 
devedor (art.242, CC) 
Frutos (artigos 1.214 a 1.216, do CC) 
Frutos 
Devedor 
(Posse de boa-fé) 
Devedor 
(Posse de Má-fé) 
Percebidos (Colhidos) 
Antes da restituição 
Tem direito aos frutos 
Responde por todos os 
frutos, inclusive pelos que 
deixou de colher. 
Tem direito às despesas de 
produção e custeio. 
Pendentes 
Na restituição 
Restitui 
Tem direito às despesas de 
produção e custeio. 
Colhidos 
Antecipadamente 
Restitui 
Tem direito às despesas de 
produção e custeio. 
Benfeitorias (artigos 1.219 a 1.222, do CC) 
Benfeitorias 
Devedor 
(Posse de boa-fé) 
Devedor 
(Posse de Má-fé) 
Necessárias Indenização e 
Direito de Retenção 
Indenização 
Úteis Indenização e 
Direito de Retenção 
- 
Voluptuárias Indenização ou Retirada* - 
 
 
Nota de Aula 7 
Obrigações de Fazer e Obrigações de Não Fazer 
Obrigação de fazer (247/249) 
 - De fato 
1. Prestação - Positiva 
 - Genérica/Específica 
 
 - Pessoal (Personalíssima ou “Intuitu Personae”) 
2. Classificação 
 - Impessoal 
3. Dinâmica da obrigação de fazer 
1º Momento 2º Momento 3º Momento 
Surgimento Cumprimento Extinção 
Causa / Fonte Fato Positivo Quitação 
3.1. Impossibilidade ≠ perecimento (art. 247/249, CC) 
Sem culpa do devedor 
(art. 248, 1ª parte) 
Por culpa do devedor 
(art. 247 e 248, 2ª parte) 
Obrigação se resolve para ambas 
as partes. 
Devedor responde por perdas e 
danos. 
3.2. A tutela específica e as providências para assegurar resultado prático 
equivalente (arts. 139, IV; 495; 497; 536/537; 814/821; todos do CPC/2015) 
Impossibilidade por culpa do devedor 
(arts. 139, IV; 495; 497; 536/537; 814/821; todos do CPC/2015) 
Credor escolhe 
Autotutela 
Resultado prático 
equivalente 
Tutela específica 
Mais perdas e danos (arts. 402/405, CC/2002) 
 
 
Obrigação de Não Fazer (250/251) 
 - De fato negativo (abstenção; omissão; inércia) 
1. Prestação 
 - Genérica ou Específica- Pessoal (Personalíssima ou “Intuitu Personae”) 
2. Classificação 
 - Impessoal 
3. Dinâmica da obrigação de não fazer 
1º Momento 2º Momento 3º Momento 
Surgimento Cumprimento Extinção 
Causa / Fonte Fato Negativo Quitação 
3.1. Impossibilidade ≠ perecimento (art. 250/251, CC) 
Sem culpa do devedor 
(art. 250) 
Por culpa do devedor 
(art. 251) 
Obrigação se resolve para ambas 
as partes. 
Devedor desfaz, se possível, e 
responde por perdas e danos. 
3.2. A tutela específica e as providências para assegurar resultado prático 
equivalente (arts. 139, IV; 495; 497; 536/537; 814; e 822/823; do CPC/2015) 
Impossibilidade por culpa do devedor 
(arts. 139, IV; 495; 497; 536/537; 814/821; todos do CPC/2015) 
Credor escolhe 
Autotutela 
Resultado prático 
equivalente 
Tutela específica 
Mais perdas e danos (arts. 402/405, CC/2002) 
QUESTÕES 
1. (FGV - 2008 - Senado Federal - Advogado) Assinale a afirmativa INCORRETA. 
a) Nas obrigações de dar, o Estado poderá fazer que se cumpra por meio de sub-rogação, 
tomando a coisa do patrimônio do devedor e a entregando ao credor. 
b) Nas obrigações de fazer de natureza fungível, há possibilidade de substituição da prestação do 
devedor, pela de terceiro, às expensas daquele. 
c) Nas obrigações de fazer de caráter infungível, é obrigatório o pedido cominatório, cujo meio é a 
imposição de pena pecuniária com caráter punitivo. 
d) A astreinte deve ser compatível e suficiente para que o devedor se sinta constrangido a cumprir 
a obrigação que firmou. 
e) A medida coercitiva nas obrigações de fazer não substitui o cumprimento da obrigação, sendo 
considerada medida de apoio. 
2. (FCC - 2008 - MPE-CE - Promotor de Justiça) Nas obrigações de não fazer 
a) a mora ocorrerá pelo simples descumprimento da obrigação, ainda que não haja fato ou 
omissão imputável ao devedor. 
b) não poderá o credor exigir que o devedor desfaça o ato, ainda que isto seja materialmente 
possível. 
c) se descumprida, somente é possível a condenação do réu a abster-se do ato, sob pena de 
multa diária. 
d) o devedor ficará isento de qualquer consequência de ordem pecuniária, se o credor não provar 
o prejuízo. 
e) se descumprida, em caso de urgência poderá o credor desfazer ou mandar desfazer, 
independentemente de autorização judicial, sem prejuízo do ressarcimento devido. 
JURISPRUDÊNCIA 
A prévia intimação pessoal do devedor constitui condição necessária para a cobrança de 
multa pelo descumprimento de obrigação de fazer ou não fazer. (Súmula 410 / STJ, 2ª 
SEÇÃO, REPDJe 03/02/2010, DJe 16/12/2009) 
Na hipótese de sucessão empresarial, a responsabilidade da sucessora abrange não 
apenas os tributos devidos pela sucedida, mas também as multas moratórias ou punitivas 
referentes a fatos geradores ocorridos até a data da sucessão. (Súmula 554 / STJ, 1ª 
SEÇÃO, julgado em 09/12/2015, DJe 15/12/2015) 
NATUREZA DA OBRIGAÇÃO. MORTE DO CONSTRUTOR/EMPREITEIRO. TRANSMISSÃO DA 
OBRIGAÇÃO AOS HERDEIROS E SUCESSORES. DEPENDÊNCIA DO OBJETO DO 
CONTRATO. 
- Quando o que mais importa para a obra é que seja feita exclusivamente por determinado 
empreiteiro ou construtor, a obrigação desse é personalíssima e não se transmite aos seus 
herdeiros e sucessores, conforme dispunha o art. 878 do CC/1916 e agora dispõe a segunda 
parte do art. 626 do CC/2002. 
 - Quando na contratação de uma obra o fator pessoal das habilidades técnicas do empreiteiro ou 
construtor não é decisivo para a contratação, a obrigação desse não é personalíssima e, por isso, 
transmite-se aos seus herdeiros e sucessores, nos termos do art. 928 do CC/1916 e da primeira 
parte do art. 626 do CC/2002. 
- Em regra, a obrigação do empreiteiro ou construtor não é personalíssima, porquanto a obra pode 
ser executada por várias pessoas, como ocorre em geral, a exemplo das obras feitas mediante 
concorrência pública com a participação de várias construtoras e das pequenas construções feitas 
mediante a escolha do empreiteiro que oferecer o menor preço. 
- Na presente hipótese, com a morte do construtor, a sua obrigação transmitiu-se aos seus 
herdeiros, pois a obra não demandava habilidades técnicas exclusivas do falecido. 
Recurso especial provido. 
(REsp 703.244/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 15/04/2008, 
DJe 29/04/2008) 
PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. ART. 543-
C DO CPC. EXEQUIBILIDADE DE SENTENÇAS (...) 
1. Para fins do art. 543-C do CPC, firma-se a seguinte tese: "A sentença, qualquer que seja 
sua natureza, de procedência ou improcedência do pedido, constitui título executivo 
judicial, desde que estabeleça obrigação de pagar quantia, de fazer, não fazer ou entregar 
coisa, admitida sua prévia liquidação e execução nos próprios autos". 
2. No caso, não obstante tenha sido reconhecida a relação obrigacional entre as partes, 
decorrente do contrato de arrendamento mercantil, ainda é controvertida a existência ou não de 
saldo devedor - ante o depósito de várias somas no decorrer do processo pelo executado - e, em 
caso positivo, qual o seu montante atualizado. Sendo perfeitamente possível a liquidação da 
dívida previamente à fase executiva do julgado, tal qual se dá com as decisões condenatórias 
carecedoras de liquidez, deve prosseguir a execução, sendo certa a possibilidade de sua extinção 
se verificada a plena quitação do débito exequendo. 
3. Recurso especial provido. 
(REsp 1324152/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, CORTE ESPECIAL, julgado em 
04/05/2016, DJe 15/06/2016) 
DIREITO CIVIL E DO CONSUMIDOR. (...) PLANO DE SAÚDE. PACIENTE COM 86 (OITENTA E 
SEIS) ANOS E PORTADOR DO MAL DE PARKISON. TRATAMENTO HOME CARE. 
SUCEDÂNEO DA INTERNAÇÃO HOSPITALAR. PRESCRIÇÃO MÉDICA, APÓS PERIODO DE 
INTERNAMENTO. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO DO SERVIÇO PELA OPERADORA DE SAÚDE 
SOB O FUNDAMENTO DE AUSÊNCIA DE PREVISÃO CONTRATUAL. IMPOSSIBILIDADE. 
DESCABE AO PLANO DE SAÚDE LIMITAR A TERAPÊUTICA INDICADA POR PROFISSIONAL 
HABILITADO NA BUSCA DA CURA OU NA MELHORIA DA QUALIDADE DE VIDA. 
PRECEDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA: "O SERVIÇO DE "HOME CARE" 
CONSTITUI DESDOBRAMENTO DO TRATAMENTO HOSPITALAR CONTRATUALMENTE 
PREVISTO QUE NÃO PODE SER LIMITADO PELA OPERADORA DO PLANO DE SAÚDE." 
CONTRATOS DE SAÚDE. APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. 
INTERPRETAÇÃO DE CLÁUSULAS FAVORÁVEIS AO CONSUMIDOR. DANO MORAL 
CONFIGURADO FIXADO EM R$ 5.000,00 (CINCO MIL REAIS) PELO JUÍZO DE PLANÍCIE. 
RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. DECISÃO MANTIDA. 
1. Tratam os autos de Agravo Regimental em face da Decisão Monocrática que negou seguimento 
ao Recurso de Apelação manejado com o objetivo de desconstituir a sentença prolatada pelo 
Juízo da 37ª Vara Cível da Comarca de Fortaleza/CE nos autos da Ação Ordinária de Obrigação 
de Fazer com Pedido de Antecipação de Tutela e Indenização por Danos Morais que teve trâmite 
naquela serventia. 
2. Extrai-se do exame dos fólios que o agravado conta com mais de 86 (oitenta e seis) anos de 
idade, é portador do mal de parkinson, contraiu infecção respiratória e urinária, que o levou a 
passar 18 (dezoito) dias internado no Hospital São Mateus (fl.12) e ao receber alta médica lhe foi 
prescrito tratamento intensivo domiciliar de fonoaudiologia e fisioterapia, ou seja, tratamento home 
care (fls. 15-18). 
3. Se encontra pacificado no Superior Tribunal de Justiça – STJ, que o serviço "home care", é 
sucedâneo da internação hospitalar, observados alguns requisitos como a indicação médica (fls. 
15-18), a concordância do paciente e que o custo do atendimento domiciliar por dia seja inferior ao 
custo diário em um hospital. (...) 
6. Por oportuno, consigne-se que a teor da Súmula 469 do Superior Tribunal de Justiça, aos 
contratos de saúde se aplica o Código de Defesa do Consumidor, porquanto, as suas cláusulas 
devem ser interpretadasde forma mais favorável ao consumidor. (...) 
8. Assim, em não havendo a agravante trazido aos autos nenhum elemento novo capaz de 
modificar o entendimento consolidado na decisão agravada, deve a mesma ser mantida na forma 
em que fora lançada e pelos próprios fundamentos. 
9. Recurso conhecido e improvido. Decisão mantida. 
(TJCE. Agravo Interno nº 0836593-62.2014.8.06.0001/50000; Relatora: MARIA DE FÁTIMA DE 
MELO LOUREIRO; Comarca: Fortaleza; Órgão julgador: 5ª Câmara Cível; Data do julgamento: 
27/01/2016; Data de registro: 27/01/2016) 
 
Nota de Aula 8 
Obrigações Simples e Complexas 
Obrigações Simples Obrigações Complexas 
Conceito Conceito 
Cumprimento Cumprimento 
Responsabilidade Responsabilidade 
1) Complexidade Objetiva: 
1.1. Obrigações (com prestações) Cumulativas (conjuntivas) 
# Previsão de duas ou mais prestações 
# Prestação A “e”/“+” Prestação B 
# Devedor paga cumprindo todas as prestações 
1.2. Obrigações (com prestações) Alternativas (disjuntivas) 
# Previsão de duas ou mais prestações 
# Prestação A “ou” Prestação B 
# Escolha/Concentração 
# Devedor paga cumprindo a prestação escolhida (art. 252, CC) 
1.3. Obrigação Facultativa 
# Previsão de uma prestação (=não é complexa) 
# Prestação A 
# Faculdade de Pagamento em favor do devedor (favor debitoris) 
# Devedor paga cumprindo a Prestação A, salvo se exercer o direito protestativo de 
exercer a faculdade de pagamento. 
2. Complexidade Subjetiva: (Panorama Geral) 
# Presença de dois ou mais devedores; e/ou 
# Presença de dois ou mais credores 
# Regras de pagamento e responsabilidade peculiares 
Comuns Solidárias Sucessivas 
Conceito Conceito Conceito 
Disciplina (257/264, CC) Disciplina (264/285) Disciplina: Doutrina 
Observação: objeto de estudo em aulas futuras 
3. Complexidade Mista: 
# Pluralidade de prestações e de partes (no polo ativo e/ou no polo passivo). 
 
 
4. Obrigações alternativas (Disciplina legal: artigos 252 a 256, CC) 
1º Momento 2º Momento 3º Momento 4º Momento 
Surgimento Escolha Cumprimento Extinção 
Causa / Fonte Concentração Prestação 
Escolhida 
Quitação 
4. 1. Regras da Escolha ou Concentração (art. 252) 
# Regra: devedor (art. 252, caput), salvo disposição em contrário. 
# Escolha de uma das prestações previstas, não podendo forçar o credor a aceitar parte 
de uma e parte de outra (art. 252, §1º; e art. 313). 
# Se o cumprimento é periódico, a escolha se dá em cada período, salvo disposição em 
contrário (art. 252, §2º). 
# Na pluralidade de optantes, a escolha deve resultar de deliberação unânime; em caso 
de divergência, a solução será recorrer ao Judiciário (art.252, §3º), salvo disposição em 
contrário (por exemplo, arbitragem). 
# Por acordo ou previsão no título, a escolha pode ser deixada a cargo de terceiro. Se o 
terceiro não quiser ou não efetuar a escolha, a solução será recorrer ao Judiciário 
(art.252, §4º), salvo disposição em contrário ou acordo entre as partes. 
4. 2. Sucessos: Impossibilidade ou inexequibilidade de prestações 
4. 2. I. Se a ESCOLHA É DO DEVEDOR e há CULPA DO DEVEDOR: 
Impossibilidade de uma prestação 
por CULPA DO DEVEDOR (art. 253, CC) 
Prestação A Prestação B 
O débito concentra-se na Prestação B (subsistente) 
Solução: o devedor paga cumprindo a Prestação B 
 
AKITA – Prestação A BEAGLE – Prestação B 
Exemplo: Maria, criadora de animais, deve a João um cão da raça Akita (Prestação A) ou 
um cão da Raça Beagle (Prestação B). 
Maria compra medicação veterinária vencida e causa a morte do Akita. Assim, a dívida de 
Maria se concentra na entrega do Beagle (Prestação B). 
 
Impossibilidade de todas as prestações 
por CULPA DO DEVEDOR (art. 254, CC) 
Prestação A Prestação B 
Devedor paga o valor da prestação que por último se impossibilitou 
mais perdas e danos (arts. 402/405, CC) 
 
AKITA – Prestação A BEAGLE – Prestação B 
Exemplo: Maria, criadora de animais, deve a João um cão da raça Akita (Prestação A) ou 
um cão da Raça Beagle (Prestação B). 
Maria compra medicação veterinária vencida e causa a morte do Akita. Assim, a dívida de 
Maria se concentra na entrega do Beagle (Prestação B). Como o Beagle teve contato com 
o Akita, acaba morrendo, dias depois, contaminado pela mesma doença. 
Assim, Maria deve pagar a João o valor do Beagle (Prestação B), prestação que por 
último se impossibilitou, mais as perdas e danos cabíveis e provados. 
4. 2. II. Se a ESCOLHA É DO CREDOR e há CULPA DO DEVEDOR: 
Impossibilidade de uma prestação 
por CULPA DO DEVEDOR (art. 255, 1ª parte, CC) 
Prestação C Prestação D 
SOLUÇÃO: CREDOR ESCOLHE 
A prestação subsistente mais 
perdas e danos (402/405, CC) 
O valor equivalente à prestação 
impossibilitada; mais perdas e 
danos (402/405, CC) 
 
CAPITÃO AMÉRICA – Prestação C DONNIE DARKO – Prestação D 
Exemplo: Carlos, colecionador, se obriga a entregar a Eduardo um DVD do filme Capitão 
América: Guerra Civil (Prestação C), autografado por Robert Downey Jr e Scarlett 
Johansson; ou um Livro do roteiro original do Filme Donnie Darko (Prestação D), 
autografado por Jake Gyllenhaal e Jena Malone, cabendo a escolha a Eduardo. 
Carlos, por descuido, derrama molho de tomate no livro, inutilizando-o. Assim, Eduardo 
escolherá exigir (1) o valor de mercado do livro mais perdas e danos; ou (2) o DVD mais 
perdas e danos. 
Impossibilidade de todas as prestações 
por CULPA DO DEVEDOR (art. 255, 2ª parte, CC) 
Prestação C Prestação D 
SOLUÇÃO: CREDOR ESCOLHE 
 Valor equivalente à qualquer das prestações impossibilitadas mais 
perdas e danos (402/405, CC) 
 
CAPITÃO AMÉRICA – Prestação C DONNIE DARKO – Prestação D 
Exemplo da situação acima: Carlos, colecionador, se obriga a entregar a Eduardo um 
DVD do filme Capitão América: Guerra Civil (Prestação C), autografado por Robert 
Downey Jr e Scarlett Johansson; ou um Livro do roteiro original do Filme Donnie Darko 
(Prestação D), autografado por Jake Gyllenhaal e Jena Malone, cabendo a escolha a 
Eduardo. 
Carlos, por descuido, esquece em uma estação de trem, na Irlanda, uma mochila com o 
DVD e o livro, que nunca são encontrados ou devolvidos. Assim, Eduardo escolherá exigir 
(1) o valor de mercado do livro mais perdas e danos; ou (2) o valor de mercado do DVD 
mais perdas e danos. 
4. 2. III. Sem CULPA DO DEVEDOR, pouco importa quem faz a ESCOLHA: 
Impossibilidade de uma prestação 
sem CULPA DO DEVEDOR (art. 253, CC) 
Prestação B Prestação C 
O débito concentra-se na Prestação B (subsistente) 
Solução: o devedor paga cumprindo a Prestação B 
 
BARBA – Prestação B CABELO – Prestação C 
Exemplo: Neymar celebra contrato com famosa marca de cosméticos, se obrigando a 
descolorir a barba (Prestação B) para uma campanha publicitária de creme de barbear e 
barbeador da empresa; ou a descolorir o cabelo (Prestação C) para uma campanha de 
xampu e condicionador. 
Neymar, em contato com muitas pessoas durante a olimpíada, acaba desenvolvendo 
fungos no couro cabeludo e ficando impossibilitado, por recomendação médica, de aplicar 
produtos para descolorir os cabelos. Assim, a dívida de Neymar se concentra na 
descoloração da Barba (Prestação B). 
Impossibilidade de todas as prestações 
sem CULPA DO DEVEDOR (art. 256, CC) 
Prestação B Prestação C 
A obrigação se extingue. 
 
BARBA – Prestação B CABELO – Prestação C 
No mesmo exemplo, se os fungos atingem couro cabeludo e barba de Neymar, ficando 
ele impossibilitado, por recomendação médica, de aplicar produtos para descoloração da 
barba e dos cabelos, a obrigação se extingue. 
 
QUESTÕES 
1. (FCC - 2010 - TRT 8ª Região - Analista Judiciário) Em determinado contrato, convencionaram 
as partes duas obrigações alternativas, bem como que, na data do cumprimento, a escolha 
caberiaao credor. Ocorre que, uma das obrigações convencionadas tornou-se fisicamente 
inexequível. Nesse caso, 
A) o credor poderá escolher outra obrigação similar para substituir a que se tornou inexequível. 
B) não haverá escolha e a obrigação subsistirá quanto à prestação remanescente. 
C) o negócio jurídico será rescindido, voltando as partes ao estado anterior à sua celebração. 
D) o devedor poderá escolher outra prestação para substituir a que se tornou inexequível. 
E) as partes deverão pedir ao juiz que indique outra prestação para substituir a que se tornou 
inexequível. 
2. Sobre as obrigações, assinale os seguintes itens CERTO (C) ou ERRADO (E). 
# Nas obrigações alternativas, as partes convencionam duas ou mais prestações cumulativamente 
exigíveis, cujo adimplemento requer o cumprimento de apenas uma delas, ou seja, concentra-se 
em uma única para pagamento por meio de escolha, seja do credor seja do devedor. 
# A obrigação alternativa ou facultativa tem natureza complexa porque possui prestações e 
objetos múltiplos, exigíveis cumulativamente, em que o devedor se libera prestando integralmente 
todas as prestações pactuadas, salvo em razão do perecimento de uma ou algumas das 
prestações em razão de fortuito ou força maior. 
# Em caso de obrigação facultativa, o perecimento da coisa devida não implica a liberação do 
devedor do vínculo obrigacional, podendo-se dele exigir a realização de prestação de coisa 
indeterminada. 
JURISPRUDÊNCIA 
PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. OBRIGAÇÃO ALTERNATIVA. ESCOLHA DO 
CREDOR. INEXIQUIBILIDADE DA PRESTAÇÃO ESCOLHIDA. INCIDÊNCIA DAS 
DISPOSIÇÕES DO ARTIGO 255 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. 
1. Nas obrigações alternativas a escolha é a concentração da obrigação na prestação indicada, 
momento no qual torna-se simples, pelo que, apenas a escolhida poderá ser reclamada. 
2. Segundo dispõe o artigo 255 do Código Civil, se a escolha couber ao credor e uma das 
prestações houver perecido, pode escolher a outra ou optar pelo valor da perdida mais perdas e 
danos. 
3. Devedor de obrigação alternativa que grava com ônus reais imóvel que era objeto de possível 
escolha pelo credor, sem adverti-lo de tal hipótese, torna viciosa escolha, mormente quando não 
honrar a obrigação com credor hipotecário que, posteriormente, vem a executar a garantia. 
Assim, concentrada a obrigação em prestação inexigível por culpa do devedor, terá o credor o 
direito de exigir a prestação subsistente ou o valor da outra. 
4. Recurso especial conhecido e provido. 
(REsp 1074323/SP, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, QUARTA TURMA, julgado em 
22/06/2010, DJe 28/10/2010) 
 
 
Nota de Aula 9 
OBRIGAÇÕES DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS 
1. Considerações iniciais 
2. Obrigações simples 
2.1. Regra: indivisibilidade (art. 314) 
 
2.2. Exceção: divisibilidade -> cumprimento fracionado 
 
3. Obrigações subjetivamente complexas (pluralidade de sujeitos): 
3.1. Regra: divisibilidade (art. 257) - “Concursu Parts Fiunt” 
Divisão em tantas obrigações quantos forem os sujeitos. 
 
Devedor 
R$10.000 
Credor 
Devedor 
R$12.000 - 12x 
Credor 
Codevedores R$10.000 Credor 
 
 
 
 
3.2. Exceção: obrigações com prestações indivisíveis. 
4. A Indivisibilidade da prestação (Art. 258, CC) 
 
 
 
Devedor 
R$5.000 
Credor 
Devedor 
R$5.000 
Credor 
INDIVISIBILIDADE 
Material 
Natureza 
Função 
Econômica 
Jurídica 
Previsão 
Legal 
Vontade 
das Partes 
4.1. Indivisibilidade Material da Prestação – Exemplos: 
 
4.2. Indivisibilidade Jurídica da Prestação – Exemplos: 
 
4.3. Disciplina legal / Dinâmica 
4.3.1 Pluralidade de devedores (art. 259) 
 
Art. 259. Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não for divisível, cada um 
será obrigado pela dívida toda. 
(...) 
# Entenda: A prestação não pode ser cumprida em parte ou por partes, pois ela é 
indivisível. O devedor cumpre toda ou não cumpre nada. 
# Faz parte da lógica da obrigação que o devedor tem débito, isto é, dever de cumprir a 
prestação. E se não dá para cumprir em parte? Cada devedor tem que cumprir por inteiro! 
Touro Premiado 
Mulher com Gavetas 
Salvador Dali 
Diamante Hope - US$250m 
Guitarra de Hendrix 
Fender Stratocaster 1968 
Carta de Machado de Assis a 
Euclides da Cunha - ABL 
Iphone -Neymar 
Vestido de Gala 
Hipoteca 
Art. 1.421 e 1.429, CC 
Módulo Rural 
Art. 4º, III e IV, L. 4504/64 
Tombamento Arts. 23, 24 e 
206, CF/88 - Cine São Luiz 
Tombamento - Casa de João 
Guimarães Rosa 
Barcelona - Amistoso na China 
- "Trio MSN" 
 
# Quico pode quebrar a escultura e entregar apenas um pedaço? Chaves pode? Seu 
Madruga? A resposta é não para os três! 
# Então, ninguém cumpre nada e Senhor Barriga sofre o prejuízo? A resposta é não. 
Aquele que estiver com a escultura (Seu Madruga, por exemplo) tem obrigação de 
entregar a escultura por inteiro! 
 
# Em 2010, época em que foi roubada na Bélgica, a escultura valia, aproximadamente, 
100 mil euros ou, aproximadamente, R$300 mil reais (por hipótese). Nesse caso, Seu 
Madruga seria injustiçado? Não. Ao pagar, ele se sub-rogaria nos direitos, garantia e 
privilégios que os outros codevedores (Quico e Chaves, no exemplo) teriam sobre a obra, 
conforme o artigo 259, parágrafo único, do CC. 
 
Codevedores Mulher com 
gavetas 
Credor 
Codevedor Mulher com 
gavetas 
Credor 
Codevedores R$200.000 Credor 
Art. 259. (...) Parágrafo único. O devedor, que paga a dívida, sub-roga-se no direito 
do credor em relação aos outros coobrigados. 
# O crédito do Senhor Barriga em relação a cada codevedor era equivalente a 1/3 da 
escultura de Salvador Dali, entregue somente por Seu Madruga. Como pagou por inteiro, 
Seu Madruga assume os direitos de Senhor Barriga contra Quico e Chaves. 
# Nas relações subjetivamente complexas, existem dois tipos de relação jurídica: a 
externa entre credor e devedor; e a interna, entre codevedor e codevedor; ou entre 
cocredor e cocredor. 
# No exemplo, a relação entre Seu Madruga e Senhor Barriga era externa, portanto, deve 
ser resolvida em primeiro lugar (cumprimento da obrigação/satisfação do credor). Já a 
relação entre Seu Madruga e os outros codevedores (Quico e Chaves) era interna, 
ficando para um segundo momento de acerto de contas, realizado por ações regressivas. 
4.3.2 Pluralidade de credores (art. 260) 
Art. 260. Se a pluralidade for dos credores, poderá cada um destes exigir a dívida 
inteira; mas o devedor ou devedores se desobrigarão, pagando: 
I - a todos conjuntamente; 
II - a um, dando este caução de ratificação dos outros credores. (...) 
 
# Bob Dylan pode exigir apenas as cordas da guitarra? Eric Clapton ficaria satisfeito 
apenas com a parte restante? A resposta é não! 
# Então, David Guetta não entrega a guitarra e os credores ficam no prejuízo? A resposta 
é não! Qualquer um dos credores – Bob Dylan ou Eric Clapton – tem direito de exigir a 
guitarra por inteiro! 
 
Devedor Guitarra Fender 
Stratocaster 1968 
Cocredores 
Devedor Guitarra Fender 
Stratocaster 1968 
Cocredor 
# Importante observar que David Guetta deve ter cuidados ao entregar a guitarra a Bob 
Dylan, pois ele poderia entregá-la: a) aos dois credores juntos (art. 260, I, CC); ou b) a 
apenas um, exigindo garantia de que aquele que recebeu não prejudicará os outros 
cocredores, na expressão legal, exigindo caução de ratificação (art. 260, II, CC). 
# Em 1990, época em que foi comprada por Paul Allen, um dos fundadores da Microsoft, 
esta guitarra valia US$1.300.000,00 (um milhão e trezentos mil dólares) ou, 
aproximadamente, R$2.600.000,00 (dois milhões e seiscentos mil reais, por hipótese). 
Nesse caso, Clapton seria injustiçado? Não. Ao receber, Dylan fica obrigado a respeitar 
os direitos de Claptonou, caso contrário, Clapton poderá exigir a parte, em dinheiro, que 
lhe cabia na guitarra (fração ideal), conforme o artigo 261, do CC. 
 
Art. 261. Se um só dos credores receber a prestação por inteiro, a cada um dos outros 
assistirá o direito de exigir dele em dinheiro a parte que lhe caiba no total. 
# No exemplo, a relação entre David Guetta e Bob Dylan era externa, portanto, deve ser 
resolvida em primeiro lugar (cumprimento da obrigação/satisfação do credor). Já a relação 
entre Bob Dylan e o outro cocredor (Eric Clapton) era interna, ficando para um segundo 
momento de acerto de contas, realizado por ações regressivas. 
 
4.3.3. Remissão ou perdão da dívida com prestação indivisível (art. 262) 
 
 
# Se Brad Pitt e Angelina Jolie perdoarem a dívida do Instituto Smithsoniano, atual 
proprietário do Diamante Hope, não haverá problemas, pois a jóia continuaria com o 
Instituto Smithsoniano, sem prejuízo para nenhum cocredor (ambos perdoaram). 
Devedor R$1.300.000,00 Credor 
Devedor Diamante Hope Cocredores 
 
# Porém, imagine que Brad Pitt resolva perdoar a dívida de Marion Cotillard, mas 
Angelina decida exigi-la. Nesse caso, Marion pode entregar a Angelina apenas parte do 
touro premiado? Marion Pode não entregar nada? A resposta é não! 
Art. 262. Se um dos credores remitir a dívida, a obrigação não ficará extinta para 
com os outros; mas estes só a poderão exigir, descontada a quota do credor 
remitente. (...) 
 
# Angelina Jolie pode exigir o touro premiado, por inteiro, se pagar, em dinheiro, metade 
do valor do touro premiado a Marion (cota perdoada por Brad Pitt, o credor remitente), 
o que o texto legal indica como “descontar a quota do credor remitente”. 
 
Devedor Touro Premiado Cocredores 
Devedor 
Touro Premiado 
Cocredora 
Devedor 
Valor da cota 
perdoada 
Credora 
 
4.3.4 O perecimento/impossibilidade da prestação indivisível (art. 263, CC) e suas 
consequências: 
Art. 263. Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e 
danos. (...) 
 
# A primeira consequência é a perda da qualidade de obrigação com prestação indivisível, 
pois o dinheiro pode ser fracionado (material e juridicamente), aplicando-se a regra inicial 
do artigo 257, do CC. 
# Se a escultura for roubada ou destruída, por falta de cuidado de todos os 
codevedores, todos responderão pelo valor equivalente ao preço de mercado da 
escultura mais perdas e danos, conforme o artigo 263, § 1º, CC. 
 
# E se a escultura for roubada ou destruída, por falta de cuidado de apenas um ou de 
alguns codevedores? Todos responderão pelo valor equivalente ao preço de mercado 
da escultura, porém as perdas e danos serão cobradas, exclusivamente, do culpado, 
conforme o artigo 263, § 2º, CC, com a interpretação conferida pelo enunciado nº 540, da 
VI Jornada de Direito Civil. 
Art. 263. (...) 
§ 1º Se, para efeito do disposto neste artigo, houver culpa de todos os devedores, 
responderão todos por partes iguais. 
§ 2º Se for de um só a culpa, ficarão exonerados os outros, respondendo só esse 
pelas perdas e danos. 
Codevedores Mulher com 
gavetas 
Credor 
Codevedores 
Equivalente 
(R$300.000) + 
perdas e danos 
(R$600.000) 
Credor 
Enunciado 540, VI JDC (Artigo 263): Havendo perecimento do objeto da prestação 
indivisível por culpa de apenas um dos devedores, todos respondem, de maneira 
divisível, pelo equivalente e só o culpado, pelas perdas e danos. 
 
 
QUESTÕES 
1. (FUMARC - 2010 - CEMIG-TELECOM - Advogado Júnior) Assinale a alternativa 
INCORRETA, no que concerne às obrigações divisíveis e indivisíveis: 
a) A obrigação somente é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato não 
suscetíveis de divisão, por sua natureza ou por motivo de ordem econômica. 
b) Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não for divisível, cada um será obrigado pela 
dívida toda. 
c) Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação divisível, esta se presume 
dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou devedores. 
d) O devedor, que paga a dívida, sub-roga-se no direito do credor em relação aos outros 
coobrigados. 
3. (TRT - 6R (PE) - 2010 - TRT - 6ª Região (PE) - Juiz - Prova 2) Clodoaldo e Jerônimo são 
coproprietários de uma fazenda de criação de cavalos de raça no interior do estado. E, como 
pessoas físicas, negociam conjuntamente a venda de animais, inclusive por meio de feiras e 
leilões. Obrigaram-se, então, a entregar a Manoel e a Francisco um cavalo de raça, campeão de 
vários prêmios. No entanto, o cavalo fugiu da fazenda por descuido de Teotônio, empregado de 
Clodoaldo e Jerônimo e funcionário da fazenda, que deixou a porteira aberta. O animal morreu 
atropelado. Pode-se dizer que a obrigação: 
 
Codevedores 
Equivalente 
R$300.000 
(100.000 cada) 
Credor 
Codevedor 
Culpado 
Perdas e Danos 
R$600.000 
Credor 
a) É complexa e indivisível, com responsabilidade única e exclusiva do empregado Teotônio. 
b) É indivisível, que se tornou divisível pela perda do objeto da prestação, com responsabilidade 
de Clodoaldo e Jerônimo, pela culpa de Teotônio, seu funcionário. 
c) É alternativa, com responsabilidade dos devedores Clodoaldo e Jerônimo, por culpa de seu 
funcionário, Teotônio, ante a perda do objeto da obrigação. 
d) É indivisível, tornando-se divisível com o perecimento do objeto, sem culpa dos devedores 
Clodoaldo e Jerônimo e sem responsabilidade destes. 
e) É simplesmente divisível, com o perecimento do objeto da prestação, respondendo 
objetivamente Clodoaldo e Jerônimo por 50% do valor do animal. 
ENUNCIADOS DOUTRINÁRIOS 
Enunciado 540, VI JDC (Artigo 263): Havendo perecimento do objeto da prestação indivisível por 
culpa de apenas um dos devedores, todos respondem, de maneira divisível, pelo equivalente e só 
o culpado, pelas perdas e danos. 
 
Nota de Aula 10 - OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS 
1. Conceito/Características (art. 264, CC): 
- Complexidade Subjetiva; 
- Regime diferenciado de cumprimento (débito e responsabilidade); 
- Não se presume (art. 265, CC); 
- Independe da natureza da prestação; 
- Resulta da comunhão de interesses; 
- A comunhão de interesses pode ser acordada, contratada ou convencionada; ou 
imposta por lei em favor da tutela de algum interesse ou objetivo salvaguardado pela 
ordem jurídica. 
2. Classificação: 
2.1. Quanto ao fato jurídico desencadeador da comunhão de interesses: 
A) Solidariedade legal: 
- artigos 154 (coação exercida por terceiro, com consentimento da parte beneficiada); 585 
(pluralidade de comodatários); 680 (pluralidade de mandantes em negócio comum); 756 
(transporte cumulativo de cargas); 829 (fiança conjuntamente prestada a um só débito); 
942, parágrafo único (coautor de lesão); 990 (sócios de sociedade em comum); 1.052 
(integralizar capital na sociedade limitada) 1.146 (adquirente de estabelecimento); 1.173, 
parágrafo único (pluralidade de gerentes em sociedade empresária); 1.177, parágrafo 
único (contador e auxiliares na escrituração); 1.644 (cônjuges e economia doméstica); e 
1.986 (testamenteiros pelo dever de prestar contas), todos do CC. 
- artigo 2º, da Lei nº 8.245/91 (Locadores e/ou Locatários de imóveis urbanos); 
B) Solidariedade convencional ou negocial: ‘’por inteiro’’, ‘’pelo todo’’, ‘’cada um ou 
todos’’, ‘’solidariamente’’, ‘’um por todos e todos por um’’. 
2.2. Quanto ao regime de cumprimento 
 
 
3. Solidariedade passiva 
A) Legal: 
- arts. 585, 756, 942, parágrafo único, todos do CC; 
- arts. 7º, parágrafo único, 18, 19, 25, §§ 1º e 2º, e 34, todos do CDC. 
CDC, Art. 25. (...) 
§ 1° Havendo mais de um responsável pela causação do dano, todos responderão solidariamente 
pela reparação prevista nesta e nas seções anteriores. 
§ 2° Sendo o dano causado por componenteou peça incorporada ao produto ou serviço, são 
responsáveis solidários seu fabricante, construtor ou importador e o que realizou a incorporação. 
B) Convencional ou negocial 
 
3.1. Características 
 
3.2. Cumprimento (art. 275, CC) 
Art. 275. O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, parcial ou 
totalmente, a dívida comum; se o pagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores 
continuam obrigados solidariamente pelo resto. 
# Professor Eduardo, se o credor aceita o pagamento parcial de um dos devedores solidários, 
significa que renunciou à solidariedade, isto é, ao direito de cobrar-lhe o todo? 
# Professor Eduardo, se o Didi pagar R$500.000,00 (quinhentos mil reais) ao Silvio Santos, quais 
as consequências? 
3.3. Pagamento parcial e remissão (art. 277, CC) 
Art. 277. O pagamento parcial feito por um dos devedores e a remissão por ele obtida não 
aproveitam aos outros devedores, senão até à concorrência da quantia paga ou relevada. 
# Atenção: remissão, no direito civil, é uma forma de extinguir obrigações (arts. 385/388, CC). 
Acontece quando o credor perdoa a dívida de um ou alguns devedores. A remissão pode ser total 
(toda a dívida) ou parcial (parte da dívida). 
# Professor, se o Silvio Santos remitir (perdoar) a dívida do Mussum, a obrigação se extingue? 
3.4. Falecimento de codevedor (art. 276, CC) 
Art. 276. Se um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros, nenhum destes será 
obrigado a pagar senão a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a 
obrigação for indivisível; mas todos reunidos serão considerados como um devedor solidário em 
relação aos demais devedores. 
# Professor, Zacarias faleceu. No caso, Silvio Santos pode cobrar toda a dívida de um dos 
herdeiros dele? Não, no direito brasileiro, prevalece a regra de que a herança será deferida a 
benefício do herdeiro: 
Art. 1.792, CC. O herdeiro não responde por encargos superiores às forças da herança; incumbe-
lhe, porém, a prova do excesso, salvo se houver inventário que a escuse, demostrando o valor 
dos bens herdados. 
(...) 
Art. 1.997. A herança responde pelo pagamento das dívidas do falecido; mas, feita a partilha, só 
respondem os herdeiros, cada qual em proporção da parte que na herança lhe coube. 
Devedores R$2.000.000 Credor 
 Situação 1 : Se Zacarias deixou apenas um herdeiro, este assume a posição deixada pelo "de 
cujus" (Zacarias), inclusive no tocante à solidariedade com relação aos demais devedores. 
Entretanto, só será responsabilizado pelo adimplemento da cota de Zacarias até a medida de sua 
herança, conforme o artigo 1.792 do CC. 
Assim, se Zacarias deixou herança equivalente a R$400.000,00, o herdeiro, cobrado 
judicialmente, estará obrigado a pagar apenas o equivalente aos R$400.000,00 deixados, 
permanecendo para Silvio Santos (credor) o direito de cobrar os R$100.000,00 que faltavam para 
completar a quota do finado Zacarias dos demais devedores (Didi, Dedé e Mussum). 
 Situação 2 : Se Zacarias deixou mais de um herdeiro, antes da partilha, os herdeiros reunidos 
serão considerados como um devedor solidário em relação ao credor e aos demais devedores, 
conforme a solução indicada no artigo 1997, primeira parte, do Código Civil. Segundo Orozimbo 
Nonato, "o monte responderá por toda a dívida, em razão de os herdeiros formarem um 
grupo que, em conjunto, pode ser demandado por todo o débito”. 
A condição de solidariedade não existe entre os coerdeiros, mas permanece para os outros 
codevedores (Didi, Dedé e Mussum). Então, após a partilha, cada coerdeiro somente poderá ser 
cobrado, no máximo, pelo valor de seu quinhão hereditário. 
Vale lembrar que essa solução não se aplica a obrigações cuja prestação é indivisível, conforme 
ressalva o próprio texto do artigo 276 do CC. 
3.5. Agravamento de situação (art. 278, CC) 
Art. 278. Qualquer cláusula, condição ou obrigação adicional, estipulada entre um dos devedores 
solidários e o credor, não poderá agravar a posição dos outros sem consentimento destes. 
# Professor, se o Didi, sozinho, negocia com Silvio Santos para prorrogar o dia de vencimento da 
dívida, mediante incidência de juros e correção monetária sobre o valor principal, os outros 
trapalhões serão prejudicados, sem saber ou concordar com o acordo entre Didi e Silvio Santos? 
3.6. Inadimplemento e suas consequências (art. 279, CC) 
# Se a prestação se tornar impossível ou se houver inadimplemento, por culpa de todos 
os codevedores solidários, todos responderão ao credor, solidariamente, pelo valor 
equivalente ao prejuízo mais perdas e danos, inclusive juros de mora, conforme os artigos 
279 e 280, do CC. 
 
Codevedores 
Equivalente 
(R$2.000.000) + 
perdas e danos 
(R$1.000.000) 
Credor 
# Se a prestação se tornar impossível ou se houver inadimplemento, por culpa exclusiva 
de Dedé, todos os codevedores responderão ao credor, solidariamente, pelo valor 
equivalente ao prejuízo mais juros de mora, conforme os artigos 279 e 280, do CC. 
# Dedé, sozinho, responderá ao credor pelo valor das perdas e danos, conforme o artigo 
279, parte final, do CC. 
# Didi, Mussum e Zacarias, em ação regressiva, cobrarão de Dedé o valor dos 
acréscimos referentes aos juros de mora e correção monetária, conforme disposto no 
artigo 280, parte final, do CC. 
 
 
 
Codevedores 
Valor Equivalente 
+ Juros de Mora + 
Atualização 
Credor 
Codevedor 
Culpado Perdas e Danos 
Credor 
Codevedor 
Culpado 
Valor Acréscimos: 
Juros de Mora + 
Atualização 
Credor 
3.7. Renúncia à solidariedade passiva (art. 282, CC) 
Art. 282. O credor pode renunciar à solidariedade em favor de um, de alguns ou de todos os 
devedores. 
Parágrafo único. Se o credor exonerar da solidariedade um ou mais devedores, subsistirá a dos 
demais. 
# Atenção: renunciar à solidariedade passiva em favor de um ou alguns devedores 
solidários não é o mesmo que perdoar a dívida! 
# Renunciar à solidariedade significa exonerar um ou alguns devedores do regime de 
cumprimento solidário, tornando este devedor (exonerado da solidariedade) devedor, 
exclusivamente, da sua cota. 
3.8. A dinâmica da ação de cobrança na solidariedade passiva: 
1º momento - Resolver a relação externa (satisfazer o credor e extinguir a obrigação) 
 
2º momento - Resolver as relações internas, acertando contas entre codevedores em ações 
regressivas. 
 
Devedores 
Relação 
Externa 
Credor 
# Se Didi for cobrado e pagar a dívida inteira, cobrará dos codevedores, em ação regressiva, as 
respectivas cotas para o devido acerto de contas (art. 283, do CC). 
# Se algum dos codevedores se tornar insolvente, a sua cota será dividida, igualmente, entre os 
outros codevedores, inclusive entre os exonerados da solidariedade (art. 284, CC) 
Art. 283. O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir de cada um dos 
codevedores a sua quota, dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se o houver, 
presumindo-se iguais, no débito, as partes de todos os codevedores. 
Art. 284. No caso de rateio entre os codevedores, contribuirão também os exonerados da 
solidariedade pelo credor, pela parte que na obrigação incumbia ao insolvente. 
# Atenção: se a dívida for feita no interesse de apenas um devedor solidário, isso afetará a 
dinâmica das ações regressivas, conforme a previsão do artigo 285, do CC. 
Art. 285. Se a dívida solidária interessar exclusivamente a um dos devedores, responderá este por 
toda ela para com aquele que pagar. 
3.9. Defesas na ação de cobrança (art. 281, CC) 
Art. 281. O devedor demandado pode opor ao credor as exceções que lhe forem pessoais e as 
comuns a todos; não lhe aproveitando as exceções pessoais a outro codevedor. 
# OBSERVAÇÃO: Exceção é palavra técnica que temo significado de defesa, contrastando com a 
ação, que é o ato de provocar a instauração de um litígio. Dentre as defesas pessoais: vícios de 
consentimento (erro, dolo, coação, lesão, estado de perigo), incapacidade jurídica, 
inadimplemento de condição exclusiva, moratória etc. Há, também, defesas comuns ou objetivas, 
concernentes ao próprio objeto negocial, como inexistência de causa, objeto ilícito, 
impossibilidade da prestação, extinção da obrigação etc. 
 
O devedor, acionado judicialmente, pode opor ao credor as exceções ou defesas que lhe forem 
pessoais e as comuns a todos; não lhe beneficiam, porém, as pessoais a outro codevedor. 
3.10. A interrupção da prescrição (art. 204, §§ 1º e 2º, do CC) 
Art. 204. A interrupção da prescrição por um credor não aproveita aos outros; semelhantemente, a 
interrupção operada contra o codevedor, ou seu herdeiro, não prejudica aos demais coobrigados. 
§ 1º A interrupção por um dos credores solidários aproveita aos outros; assim como a interrupção 
efetuada contra o devedor solidário envolve os demais e seus herdeiros. 
§ 2º A interrupção operada contra um dos herdeiros do devedor solidário não prejudica os outros 
herdeiros ou devedores, senão quando se trate de obrigações e direitos indivisíveis. 
# OBSERVAÇÃO: Exceção é palavra técnica que tem o significado de defesa, 
contrastando com a ação, que é o ato de provocar a instauração de um litígio. 
Dentre as defesas pessoais: vícios de consentimento (erro, dolo, coação, lesão, estado de 
perigo), incapacidade jurídica, inadimplemento de condição exclusiva, moratória etc. 
Há, também, defesas comuns ou objetivas, concernentes ao próprio objeto negocial, 
como inexistência de causa, objeto ilícito, impossibilidade da prestação, extinção da 
obrigação etc. 
O devedor, acionado judicialmente, pode opor ao credor as exceções ou defesas que lhe 
forem pessoais e as comuns a todos; não lhe beneficiam, porém, as pessoais a outro 
codevedor. 
QUESTÕES 
1. Sobre as obrigações, assinale os seguintes itens como CERTO (C) ou ERRADO (E). 
Considere que Luís e Paulo sejam devedores solidários de Márcio e que Luís venha a 
falecer. Nesse caso, Márcio não poderá cobrar dos herdeiros a quota devida pelo falecido, pois a 
eles não pode ser imposta a solidariedade dessa dívida. 
Em regra, a solidariedade não se presume, necessitando, assim, de estipulação expressa 
entre as partes. Contudo, se o objeto devido for materialmente indivisível, haverá para todos os 
fins solidariedade entre os devedores, independentemente de estipulação. 
Nas obrigações solidárias passivas, se a prestação se perder, convertendo-se em perdas e 
danos, o credor perderá o direito de exigir de um só devedor o pagamento da totalidade das 
perdas e danos. 
Havendo pluralidade de devedores solidariamente responsáveis pelo pagamento da dívida, o 
credor pode exigir de qualquer um dos codevedores o cumprimento integral da obrigação, mas, ao 
optar por cobrar a integralidade da dívida, extingue-se a solidariedade, perdendo o credor o direito 
de exigi-la dos demais devedores. 
2. (FCC - 2009 - DPE-MA - Defensor Público) No Direito das Obrigações, 
a) a solidariedade, de acordo com a lei, nunca será presumida, pois dependerá exclusivamente da 
vontade das partes. 
b) se um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros, nenhum destes será obrigado a 
pagar senão a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for 
divisível; mas todos reunidos serão considerados como um devedor solidário em relação aos 
demais devedores. 
c) enquanto o julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais, o 
favorável, como regra geral, aproveita-lhes. 
d) o credor não pode renunciar à solidariedade em favor de um ou de alguns dos devedores, em 
razão do princípio da indivisibilidade da obrigação solidária. 
e) impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores solidários, subsiste para todos 
o encargo de pagar o equivalente, mais perdas e danos. 
JURISPRUDÊNCIA 
DIREITO CIVIL. RECURSO ESPECIAL. SEGURO DPVAT. AÇÃO DE COMPLEMENTAÇÃO DE 
INDENIZAÇÃO SECURITÁRIA. LEGITIMIDADE DE SEGURADORA DIVERSA DA QUE 
REALIZOU O PAGAMENTO A MENOR. SOLIDARIEDADE PASSIVA. INCIDÊNCIA DO ART. 275, 
CAPUT E PARÁGRAFO ÚNICO, DO CÓDIGO CIVIL DE 2002. 
1. A jurisprudência é sólida em afirmar que as seguradoras integrantes do consórcio do Seguro 
DPVAT são solidariamente responsáveis pelo pagamento das indenizações securitárias, podendo 
o beneficiário cobrar o que é devido de qualquer uma delas. 
2. Com efeito, incide a regra do art. 275, caput e parágrafo único, do Código Civil de 2002, 
segundo a qual o pagamento parcial não exime os demais obrigados solidários quanto ao restante 
da obrigação, tampouco o recebimento de parte da dívida induz a renúncia da solidariedade pelo 
credor. 
3. Resulta claro, portanto, que o beneficiário do Seguro DPVAT pode acionar qualquer seguradora 
integrante do grupo para o recebimento da complementação da indenização securitária, não 
obstante o pagamento administrativo realizado a menor tenha sido efetuado por seguradora 
diversa. 
4. Recurso especial provido. 
(REsp 1108715/PR, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 
15/05/2012, DJe 28/05/2012) 
AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. ACIDENTE DE TRÂNSITO. DENUNCIAÇÃO DA LIDE DA 
SEGURADORA E DA RESSEGURADORA. PENHORA DE BENS DE TITULARIDADE DA 
RESSEGURADORA PARA A SATISFAÇÃO DO CRÉDITO. INADMISSIBILIDADE. 
1. A seguradora é, perante o segurado, a única responsável pelo pagamento da indenização. Não 
há qualquer dispositivo legal ou contratual que determine a solidariedade passiva da 
resseguradora com relação aos débitos da seguradora. 
 
 
 
 
2. A responsabilidade da resseguradora limita-se ao repasse, para a seguradora, da importância 
prevista no contrato de resseguro. É dever da própria seguradora o pagamento total da 
condenação imposta por decisão judicial proferida em desfavor do segurado, nos limites da 
apólice. 
3. Recurso especial conhecido e provido. 
(REsp 1178680/RS, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 
14/12/2010, DJe 02/02/2011) 
ENUNCIADOS DOUTRINÁRIOS 
Enunciado 224, III Jornada de Direito Civil (Artigo 1.055, CC): A solidariedade entre os sócios da 
sociedade limitada pela exata estimação dos bens conferidos ao capital social abrange os casos 
de constituição e aumento do capital e cessa após cinco anos da data do respectivo registro. 
Enunciado 348, IV Jornada de Direito Civil (Artigo 275 e 282, CC): O pagamento parcial não 
implica, por si só, renúncia à solidariedade, a qual deve derivar dos termos expressos da quitação 
ou, inequivocamente, das circunstâncias do recebimento da prestação pelo credor. 
Enunciado 349, IV Jornada de Direito Civil (Artigo 282, CC): Com a renúncia à solidariedade 
quanto a apenas um dos devedores solidários, o credor só poderá cobrar do beneficiado a sua 
quota na dívida, permanecendo a solidariedade quanto aos demais devedores, abatida do débito 
a parte correspondente aos beneficiados pela renúncia. 
Enunciado 350, IV Jornada de Direito Civil (Artigo 284,CC): A renúncia à solidariedade diferencia-
se da remissão, em que o devedor fica inteiramente liberado do vínculo obrigacional, inclusive no 
que tange ao rateio da quota do eventual codevedor insolvente, nos termos do art. 284. 
Enunciado 351, IV Jornada de Direito Civil (Artigo 282, CC): A renúncia à solidariedade em favor 
de determinado devedor afasta a hipótese de seu chamamento ao processo. 
Enunciado 450, V Jornada de Direito Civil (Artigo 932, I, CC): Considerando que a 
responsabilidade dos pais pelos atos danosos praticados pelos filhos menores é objetiva, e não 
por culpa presumida, ambos os genitores, no exercício do poder familiar, são, em regra, 
solidariamente responsáveis por tais atos, ainda que estejam separados, ressalvadoo direito de 
regresso em caso de culpa exclusiva de um dos genitores. 
Enunciado 453, V Jornada de Direito Civil (Artigo 942, CC): Na via regressiva, a indenização 
atribuída a cada agente será fixada proporcionalmente à sua contribuição para o evento danoso. 
Enunciado 558, VI Jornada de Direito Civil (Artigo 942, CC; Artigos 3º, 4º, 5º e 6º da Lei nº 
8.429/92 – Lei de Improbidade Administrativa): São solidariamente responsáveis pela reparação 
civil, juntamente com os agentes públicos que praticaram atos de improbidade administrativa, as 
pessoas, inclusive as jurídicas, que para eles concorreram ou deles se beneficiaram direta ou 
indiretamente. 
Enunciado 22, I Jornada de Direito Comercial (Artigos 264 e 265, CC): Não se presume 
solidariedade passiva (art. 265 do Código Civil) pelo simples fato de duas ou mais pessoas 
jurídicas integrarem o mesmo grupo econômico. 
Enunciado 59, II Jornada de Direito Comercial: A mera instalação de um novo estabelecimento, 
em lugar antes ocupado por outro, ainda que no mesmo ramo de atividade, não implica 
responsabilidade por sucessão prevista no art. 1.146 do CCB. 
 
 
 
4. Solidariedade ativa (art. 267) 
A) Legal: 
- art. 2º, da Lei nº 8.245/91 (Regula a locação de imóveis urbanos); 
Art. 2º Havendo mais de um locador ou mais de um locatário, entende-se que são solidários se 
o contrário não se estipulou. (...) 
- art. 12, da Lei nº 209/48 (Dispõe sobre a forma de pagamento dos débitos civis e comerciais de 
criadores e recriadores de gado bovino). 
Art. 12. O débito ajustado constituir-se-á à base de garantias reais ou fidejussórias existentes e se 
pagará anualmente pena de vencimento, em prestações iguais aos credores em solidariedade 
ativa rateadas em proporção ao crédito de cada um. 
B) Convencional ou negocial 
- Um exemplo muito citado é o contrato de abertura de conta corrente conjunta: 
 
No momento de preencher a proposta de adesão ao contrato (Quadro Resumo), se 
os consumidores ou clientes optarem pela conta corrente conjunta, com 
movimentação solidária, esta se dará da seguinte forma: 
 
4.1. Características: 
 
4.2. Extinção da obrigação: cumprimento (art. 269, CC) ou remissão (art. 272, CC) 
Art. 269. O pagamento feito a um dos credores solidários extingue a dívida até o montante 
do que foi pago. (...) 
Art. 272. O credor que tiver remitido a dívida ou recebido o pagamento responderá aos 
outros pela parte que lhes caiba. 
4.3. Falecimento do cocredor (art. 270, CC) 
Art. 270. Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada um destes só 
terá direito a exigir e receber a quota do crédito que corresponder ao seu quinhão 
hereditário, salvo se a obrigação for indivisível. 
# Basta relembrar os artigos 1.792 e 1.997, do CC. Não esqueça da regra do antes ou depois da 
partilha. 
Art. 1.792, CC. O herdeiro não responde por encargos superiores às forças da herança; incumbe-
lhe, porém, a prova do excesso, salvo se houver inventário que a escuse, demostrando o valor 
dos bens herdados. 
(...) 
Art. 1.997. A herança responde pelo pagamento das dívidas do falecido; mas, feita a partilha, só 
respondem os herdeiros, cada qual em proporção da parte que na herança lhe coube. 
4.4. Inadimplemento e suas consequências (arts. 271 e 389, do CC) 
Art. 271. Convertendo-se a prestação em perdas e danos, subsiste, para todos os efeitos, a 
solidariedade. 
# Diferentemente do que ocorre com a obrigação que tenha prestação indivisível (art. 263, CC), 
aqui o devedor culpado responderá pelo valor de mercado da prestação impossibilitada/perecida, 
mais as perdas e danos legalmente cabíveis, mantida a solidariedade. 
4.5. A dinâmica da cobrança judicial na solidariedade ativa: 
 Art. 268. Enquanto alguns dos credores solidários não demandarem o devedor comum, a 
qualquer daqueles poderá este pagar. 
# Em regra, todos os credores tem igual direito de cobrar o devedor comum, mas aquele que for 
mais diligente na cobrança passa a ter preferência (Boa-fé objetiva). 
# Prevenção. 
Art. 273. A um dos credores solidários não pode o devedor opor as exceções pessoais 
oponíveis aos outros. 
# OBSERVAÇÃO: Exceção é palavra técnica que tem o significado de defesa. 
# O devedor, acionado judicialmente, pode opor as exceções ou defesas que forem pessoais ao 
credor (autor da ação) e as comuns a todos os credores solidários. 
Art. 274. O julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais, mas o 
julgamento favorável aproveita-lhes, sem prejuízo de exceção pessoal que o devedor tenha direito 
de invocar em relação a qualquer deles. (Redação dada pela Lei nº 13.105, de 2015) 
# OBSERVAÇÃO: Em ótima hora, o NCPC ajustou a redação do artigo 274, do CC. 
# Os efeitos subjetivos do julgamento da ação de cobrança, na solidariedade passiva, são 
variáveis (secundum eventum litis). 
# O julgamento desfavorável prejudica apenas aquele credor que propôs a ação de cobrança 
contra o devedor comum. 
# O julgamento favorável, em regra, beneficia os demais credores solidários que não ajuizaram a 
ação de cobrança, ressalvada eventual exceção pessoal que o devedor tenha direito de invocar. 
4.6. A interrupção da prescrição (Art. 204, §1º, do CC): 
Art. 204. A interrupção da prescrição por um credor não aproveita aos outros; semelhantemente, a 
interrupção operada contra o codevedor, ou seu herdeiro, não prejudica aos demais coobrigados. 
§ 1º A interrupção por um dos credores solidários aproveita aos outros; assim como a 
interrupção efetuada contra o devedor solidário envolve os demais e seus herdeiros. 
QUESTÕES 
1. (TRT 14R - 2008 - Juiz - Prova 1) Sobre a solidariedade ativa, à luz do Direito Civil, analise as 
proposições abaixo e responda: 
I. Nas obrigações divisíveis, cada um dos credores solidários terá direito a exigir do devedor o 
cumprimento da prestação, no que se refere à parte que lhe couber. 
II. Os herdeiros do credor solidário somente terão direito a exigir e receber a quota do crédito que 
corresponder aos seus quinhões hereditários. 
III. Tratando-se de solidariedade ativa, pode o devedor opor a um dos credores solidários as 
exceções pessoais oponíveis aos outros. 
IV. O julgamento contrário a um dos credores solidários atinge os demais. 
a) Há apenas uma proposição verdadeira. 
b) Há apenas duas proposições verdadeiras. 
c) Há apenas três proposições verdadeiras. 
d) Todas as proposições são verdadeiras. 
e) Todas as proposições são falsas. 
2. (CESGRANRIO - 2010 - BNDES - Advogado) Caio e Trício formalizaram contrato de conta-
corrente com um Banco, tendo recebido talões de cheque para movimentação da conta. Trício 
emitiu um cheque no valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) sem a devida provisão de 
fundos. Aduzindo existir solidariedade passiva entre os correntistas, o Banco comunicou o evento 
aos órgãos de proteção ao crédito, com inscrição de Caio e Trício como devedores. Inconformado, 
Caio postulou ao Banco a retirada do seu nome dos citados órgãos de proteção ao crédito, o que 
foi indeferido administrativamente. Observando o instituto da solidariedade civil, analise as 
afirmações a seguir. 
I - Está caracterizada a solidariedade passiva presumida entre os devedores, pelo fato de 
figurarem, conjuntamente, no contrato de conta corrente. 
II - Não havendo solidariedade, cada devedor responde por parte da dívida, em proporção. 
III - O caso descrito caracteriza solidariedade ativa. 
IV - Havendo a remissão da dívida de um devedor, ela se comunica ao outro. 
Está correto APENAS o que se afirma em: 
a) I. 
b) I e II. 
c) II e III. 
d) II e IV. 
e) I, III e IV. 
ENUNCIADOS DOUTRINÁRIOS 
Enunciado 347 da IV Jornada de Direito Civil (Artigo 266): A solidariedade admite outras 
disposições de conteúdo particular além do rol previsto no art. 266 do Código Civil.

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