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S E N A I – P E T R O B R A S O p e r a ç ã o e p r o c e s s o s 11 .................... IntroduçãoIntrodução sta publicação integra a série QUALIFICAÇÃO BÁSICA DE OPERADORES, que faz parte do Programa de QUALIFICAÇÃO BÁSICA DOS OPERADORES DA ÁREA DE ABASTECIMENTO DA PETROBRAS e consiste em material de referên- cia para o curso de OPERAÇÃO E PROCESSOS. Sua elaboração foi baseada em requisitos de conhecimentos indicados pela empresa em nível corporativo, considerados comuns a todos os operadores, independentemente da espe- cialidade em que eles atuam. Os requisitos estão associados ao perfil do operador desenvolvido no Projeto de Certificação Nacional, coordenado pelo DEPARTAMENTO NACIONAL DO SENAI e que contou com a participação de especialistas da empresa: operadores, pedagogos e tecnólogos. O contexto de trabalho em que atuam os operadores da área de abas- tecimento apresenta as seguintes características: Dessa forma, esta publicação visa contribuir para o desenvolvimento e a sustentação do enfoque do Planejamento no nível operacional, alinhado com o PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DA PETROBRAS. EE Trata-se de um processo de produção contínua, com alta exigência de qualidade e produtividade, num mercado dinâmico e competitivo É um ambiente institucional orientado para a busca da conjugação dos princípios de gestão estratégica com os aspectos de segurança, meio ambiente, saúde e qualidade de vida S E N A I – P E T R O B R A S12 .................... Com 14 unidades operacionais, sendo 11 refinarias, duas plantas de fer- tilizantes e uma de xisto, a ÁREA DE ABASTECIMENTO DA PETROBRAS é uma estratégica produtora e fornecedora de derivados de petróleo no país, pro- cessando, em média, 1 milhão e 650 mil barris de petróleo por dia.1 Esse processamento equivale a vários bilhões de dólares por ano. Melhorias no planejamento e controle das atividades operacionais podem resultar em benefícios da ordem de dezenas de milhares de dólares. O Plano Estratégico para o período 2001-2005 prevê investimentos nas unidades para: Para o atingimento desses objetivos, uma série de ações deve ser de- sencadeada, tanto no nível estratégico quanto tático e operacional, sendo a primeira delas o planejamento. 1. Os dados aqui apresentados foram retirados do Relatório Anual da Administração da Petrobras, publicado nos principais jornais do país em 8/3/2002. Melhoria da qualidade da gasolina e do diesel e atendimento aos requisitos ambientais Valorização e maior absorção do petróleo nacional, mais pesado, pelas refinarias Aumento da rentabilidade da empresa, por meio da integração das áreas de Abastecimento e Exploração & Produção Adequação do perfil de oferta à demanda de derivados Maior competitividade no mercado S E N A I – P E T R O B R A S O p e r a ç ã o e p r o c e s s o s 13 .................... Planejamento: o que é e para que serve Planejamento: o que é e para que serve ma questão instigante nos leva hoje a pensar como podemos plane- jar se tudo muda a toda hora. Lemos uma notícia no jornal hoje e, uma semana depois, está completamente modificada. Mesmo no nosso traba- lho, informações diárias chegam em grande quantidade; algumas mere- cem ser guardadas, outras serão utilizadas imediatamente e logo depois descartadas, e outras ainda não servirão para nada. Nós nos perguntamos: como podemos tratar as informações, principalmente quando pensamos em planejamento? Como separar as informações realmente importantes entre tantas que nos chegam? No dia-a-dia operacional temos metas a cumprir, metas estas oriundas de um planejamento. Planejar significa, portanto, estabelecer objetivos a serem alcançados no futuro e as ações necessárias para tal. No entanto, informações e mais informações nos bombardeiam, forçando um ajuste das atividades e, algumas vezes, até uma alteração das metas. Então, por que planejar? Por que planejar? O planejamento é uma atividade gerencial que integra o processo de ad- ministração das organizações. Ele é executado em várias áreas de conhe- cimento e atividade humana, como, por exemplo, o planejamento da pro- dução, do lançamento de novos produtos, das vendas, dos investimentos, da contratação de pessoal, de reuniões e até mesmo o planejamento indi- vidual e familiar. Quando planejamos, estamos antecipando todas as etapas de um em- preendimento, ou de uma simples atividade, procurando identificar os UU S E N A I – P E T R O B R A S14 .................... pontos críticos, tanto positivos (oportunidades de melhorias ou ganhos, por exemplo), como negativos (dificuldades, fraquezas, ameaças, por exem- plo). Estamos também deixando claro onde queremos chegar no futuro, que objetivos pretendemos atingir. Cada vez mais os clientes (distribuidores, empresas de transformação, consumidores finais de derivados de petróleo e fertilizantes etc.) estão exigindo novas características dos produtos, novos serviços associados aos produtos e novos prazos de entrega, caracterizando uma situação de exi- gência de mudanças, como citamos anteriormente. É preciso conhecer essa demanda e pensar formas e maneiras de atendê-la: esse exercício faz parte da fase de planejamento. O que acontece quando não planejamos? Inevitavelmente acabamos sendo planejados por outros! Em outras palavras, quando não planejamos, ficamos à mercê dos acontecimentos externos e internos e vamos reagindo àqueles que mais nos pressionam. E essas pressões podem (e devem!) es- tar associadas a objetivos e estratégias de outros (o planejamento deles). Avaliar as perspectivas a curto, médio e longo prazos Agir sobre o mercado Desenvolver diferenciais competitivos Antecipar-se a situações desfavoráveis Criar participação no mercado Desenvolver serviços e produtos adequados ao mercado QUEM PLANEJA SABE... Sendo surpreendido por alterações no mercado Precisando sempre se reprogramar Dependendo do dia-a-dia Desinformado sobre o seu setor Atrelado a iniciativas da concorrência À mercê da conjuntura QUEM É PLANEJADO ACABA... ✔ ✔ ✔ ✔ ✔ ✔ ✔ ✔ ✔ ✔ ✔ ✔ S E N A I – P E T R O B R A S O p e r a ç ã o e p r o c e s s o s 15 .................... Assim, o planejamento vem auxiliar a execução das atividades opera- cionais no sentido de manter a coerência com as estratégias definidas pela organização, sustentar o rumo escolhido e se destacar no mercado, fazendo com que os clientes percebam a sua forma diferente de atendê-los. O pla- nejamento operacional facilita a transformação das estratégias da empresa em ações que contribuam para a construção do futuro desejado. Mas por onde ele inicia? Os primeiros passos do planejamento O início do planejamento se dá através da indagação e resposta a três questões básicas: Onde estamos? Esta pergunta visa determinar o posicionamento atual da organização no mercado, incluindo uma análise de seus negócios. É um diagnóstico da situação da organização frente aos seus concorrentes, parceiros, fornece- dores, clientes, formadores de opinião etc. Para onde iremos? A segunda pergunta objetiva estabelecer as expectativas em relação ao futuro da organização, incluindo a sua participação futura de mercado e necessidades adicionais de negócio. Considera também como serão as re- lações futuras da organização com seus concorrentes, parceiros, fornece- dores, clientes, formadores de opinião etc. Como iremos? O propósito desta pergunta é definir os meios e os recursos necessários para que a organização atinja os seus objetivos de curto, médio e longo prazos. Asua resposta é o caminho de transformações que a organização terá que trilhar para sair da situação atual e atingir o futuro desejado. Onde estamos? Para onde iremos? Como iremos? TRÊS PERGUNTAS ?? S E N A I – P E T R O B R A S16 .................... As respostas são uma maneira de minimizar a incerteza do processo decisório e assim aumentar a probabilidade de atingir os objetivos dese- jados. São respostas elaboradas na fase do planejamento estratégico da organização. Você conhece o PLANO ESTRATÉGICO DA PETROBRAS? Como ele responde a essas três perguntas? O planejamento da operação Se você é novo na empresa, fale com um colega que tenha mais tempo de casa e verifique como era a operação de sua unidade há, digamos, 10 anos. E 20? E 30? Mudou muita coisa? Vamos discutir um pouco o que no passa- do recente aconteceu, de forma geral, nos meios organizacionais. Nos últimos anos, temos presenciado transformações econômicas, po- líticas e sociais decorrentes da utilização de recursos de informática em nível mundial. A partir da década de 1970, temos observado o deslocamen- to da hegemonia do paradigma industrial para o paradigma tecnológico, baseado na utilização de supertecnologias. A fase de expansão da indús- tria de produção em massa de produtos padronizados atingiu, nessa épo- ca, um esgotamento de mercados consumidores, devido a fatores como o da consolidação do processo de reconstrução dos países destruídos na Se- gunda Guerra Mundial. O grande impulso que as tecnologias de informá- tica e de automação tomaram nas últimas décadas tem abalado significa- tivamente o regime industrial ora vigente. Se durante a etapa industrial vínhamos tendo um processo de substi- tuição dos músculos do homem pelas máquinas – e estas com notável ca- pacidade de produção garantiram o aumento populacional e a melhoria na qualidade de vida –, o que verificamos atualmente é que as funções outrora executadas pelo homem, no que concerne à utilização de seu in- telecto, vêm sendo gradativamente substituídas pelo computador. Asso- ciado aos robôs nas linhas de montagem, através dos sistemas de contro- . . .. . .. . .. . .. . . PAUSA PARA REFLEXÃO Observe o Plano Estratégico da Petrobras e identifique que objetivos e estratégias lá definidos referem-se à sua área de atuação. Como está sendo vista a evolução da área de Abastecimento? Você consegue perceber que tipo de impacto ocorrerá no dia-a-dia de sua atividade? É provável que ainda não... Para tal, você também terá que passar por uma fase de planejamento de suas atividades. PAUSA PARA REFLEXÃO S E N A I – P E T R O B R A S O p e r a ç ã o e p r o c e s s o s 17 .................... le numérico e CAD/CAM (Computer Aided Design/Computer Aided Ma- nufacturing), o computador está possibilitando uma produção de bens des- massificados para acompanhar de perto as flutuações de mercado. E essa transformação vem ocorrendo em todos os segmentos sociais e em todos os ciclos produtivos. Isso aconteceu na sua unidade? O novo paradigma tecnológico propõe uma sociedade informatizada e automatizada, baseada nos avanços tecnológicos da microeletrônica e da computação, assim como nas indústrias de alta tecnologia (robótica, se- micondutores, lasers, biotecnologia, fibras óticas etc.). Os reflexos causa- dos por esse movimento são sentidos pelas empresas, ocasionando, em certos casos, colapsos econômicos, perturbações políticas e desemprego. Não são bons motivos para planejarmos nossa atividade? A tecnologia de informação tem nos ajudado nessa tarefa e nos forne- ceu mais recentemente uma série de ferramentas, tais como: bancos de dados relacionais, editores de textos, planilhas eletrônicas, multimídia, sistemas operacionais, redes de teleprocessamento, entre outras, as quais são por excelência necessárias ao novo desenho de operação. Sua utiliza- ção gera impactos na empresa, tanto na estrutura organizacional como nos processos de negócio, sendo as ferramentas automatizadas fundamentais nesse processo. No entanto, essas ferramentas não são eficazes por si próprias. São necessárias pessoas, com perfil quase “ecológico”, para “reciclar” o “lixo sistêmico” das informações disponíveis e transformá-lo num novo produ- to, útil às organizações, dentro do enfoque de seu posicionamento com- petitivo no mercado. Concorda? Assim, o planejamento das atividades operacionais deve levar em conta não só as mudanças recentes na forma de operar, como também as expec- tativas de novas mudanças daqui para a frente. . . .. . .. . .. . .. . . PAUSA PARA REFLEXÃO Que mudanças afinal ocorreram na forma de operar a sua unidade nos últimos anos? Aconteceu o mesmo em todas as demais unidades da área de Abastecimento? Você sabe quais são as novidades previstas para o próximo ano? Bom, se existem novidades previstas, isso precisa ser planejado. Considere isso no seu próximo planejamento de atividades. PAUSA PARA REFLEXÃO S E N A I – P E T R O B R A S18 .................... Um outro aspecto que deve ser lembrado quando do planejamento ope- racional é a distinção entre dados e informações. Há diferença entre os dois? Veja o exemplo ao lado (estória 1), narrado para uma pessoa nascida e criada em nosso país. Responda às seguintes perguntas: Ele é alto? Ele viajará confortavelmente? A quantidade de combustível é sufi- ciente para ele chegar a seu desti- no? A cidade fica longe? O dinhei- ro que ele carrega é suficiente para um fim de semana? Provavelmente você não conse- guiu transformar todos esses dados em informações. Porém, se narrássemos da for- ma apresentada na estória 2, você com certeza compreenderia me- lhor e teria condições de responder às perguntas formuladas anterior- mente. Logo, podemos concluir que a informação existe quando o cérebro humano recebe um conjunto de da- dos e os utiliza como entrada para algum tipo de processamento. Se não houver esse processamento, o dado não se converte em informação; con- tinua sendo apenas dado. Em outras palavras, a informação pode ser de- finida como a compreensão do dado com um determinado objetivo e diri- gida a um público-alvo específico. ” ““Um amigo que mede 5 pése 10 polegadas de altura dirigindoum Fusca colocou 16 galões de combustível no seu carro, pois iria viajar para uma cidade a 100 milhas de distância, com 100 francos no bolso.” ” “Um amigo que mede 1,78mde altura dirigindo um Fuscacolocou 61 litros de combustível no seu carro, pois iria viajar para uma cidade a 161km de distância, com R$ 20 no bolso.” VEJA MAIS ALGUNS EXEMPLOSVEJA MAIS ALGUNS EXEMPLOSVEJA MAIS ALGUNS EXEMPLOSVEJA MAIS ALGUNS EXEMPLOSVEJA MAIS ALGUNS EXEMPLOS DADO INFORMAÇÃO 43 anos (não aposentável) “ • Data de nascimento: 11/01/1960 • Objetivo: aposentadoria em 2003 Quente• Medição x métrica de temperatura = 42°C • Objetivo: lazer Muito distante• Medição x métrica de distância = 450km • Objetivo: caminhada Baixo• Altura: 1,50m • Objetivo: jogar basquete ESTÓRIA 1 ESTÓRIA 2 S E N A I – P E T R O B R A S O p e r a ç ã o e p r o c e s s o s 19 .................... Chamamos a sua atenção para o fato de que, diante do quadro atual de evolução tecnológica, mudanças econômicas e sociais e competitivida- de, a informação é que permite a gerência e operação do seu negócio com maior efetividade, gerando dessa forma vantagem competitiva no mercado em que você atua. Analisando a informação, você adquire conhecimento. Quanto maior o conhecimento de sua atividade e do ambiente que a cer- ca e a impacta, melhores condições você terá de planejá-la. Portanto, você deve estarmuniciado de um bom sistema de informações integrado às de- mais atividades da sua empresa, sistema esse que alimente seu processo decisório, na fase tanto de planejamento quanto de execução, avaliação e controle. Se isso não ocorrer, há o risco de “afogamento” em inúmeros da- dos que não necessariamente são os melhores para as suas decisões. CONHECIMENTO INFORMAÇÃO DADO Fase de coleta e organização Fase de análise Informação pode ser entendida como a compreensão do dado com um determinado objetivo e dirigida a um público-alvo específico S E N A I – P E T R O B R A S20 .................... Observe a ilustração. Ela mostra vários usuários acessando um banco de dados onde as informações estão imprecisas, não devidamente classi- ficadas para uso geral e de difícil recuperação. Como decidir em tempo hábil, uma vez que o objetivo dos computadores é fornecer dados e infor- mações de forma rápida e precisa? COMO DECIDIR? . . .. . .. . .. . .. . . PAUSA PARA REFLEXÃO Você tem um sistema de informações na sua Unidade Operacional? Do que ele é composto? Em que equipamentos estão armazenados os dados? E as informações? E os relatórios com as análises e os resultados? Esse sistema está interligado à sede? Como ele ajuda o planejamento de suas atividades? PAUSA PARA REFLEXÃO SISTEMA DE INFORMAÇÕES SEM PLANEJAMENTO S E N A I – P E T R O B R A S O p e r a ç ã o e p r o c e s s o s 21 .................... O planejamento da operação, portanto, depende da atenção às mudan- ças recentes e futuras e de um bom sistema de informações. Para finalizar este primeiro item sobre a importância do planejamento no nível operacional da empresa, resumimos três pontos principais: A importância de alinhar o planejamento operacional ao planejamento estratégico da empresa A atenção às mudanças que impactam as suas atividades, tanto as ocorridas no passado como as do presente e do futuro; tanto as provocadas pelo ambiente externo quanto aquelas originadas internamente A importância de um bom sistema de informações alimentando o seu processo de decisões diárias 1 2 3 Tome NotaTome Nota O p e r a ç ã o e p r o c e s s o s S E N A I – P E T R O B R A S23 .................... Planejando a operação Planejando a operação A operação nas indústrias de processo contínuo a indústria do petróleo a maioria das operações de processamento quí- mico ocorre de forma contínua, isto é, com um mínimo de perturbações e paradas. Dessa forma, obtém-se maior produtividade dos equipamentos, menor custo unitário e garante-se desempenho e resultado determinados para condições operacionais predefinidas. Se as variáveis operacionais (temperatura, pressão, fluxos etc.) não se alterarem, teremos sempre os mesmos produtos saindo da unidade. Situação ideal para o planejamento? Sim. É só fixar os valores das va- riáveis operacionais, controlá-los em torno do valor desejado e está feito, teremos sempre o produto conforme desejado. Muito simples o planeja- mento da operação nessas condições... Pena que isso não ocorra na reali- dade. Por quê? Porque equipamentos possuem uma vida útil determina- da, porque instrumentos de leitura perdem calibração, porque as unida- des responsáveis pelo envio de matéria-prima podem ter algum proble- ma, porque as unidades que recebem os produtos podem apresentar al- guma falha, porque os clientes não querem sempre os mesmos produtos... Existem fatores internos e externos à sua unidade que são críticos para o desempenho e o resultado de sua operação. Você tem acompanhado as informações sobre a evolução desses fatores? É evidente que eles terão de ser considerados no planejamento da operação. Vejamos então que fato- res críticos podem ser esses. NN S E N A I – P E T R O B R A S24 .................... Requisitos para uma operação eficaz e eficiente No item “Planejamento: o que é e para que serve”, falamos um pouco so- bre mudanças de paradigmas, enfocando principalmente a tecnologia da informação e os avanços em automação. Vamos fazer uma abordagem se- melhante agora, dirigida para a área de produção. Os requisitos para uma boa produção mudaram muito ao longo dos anos. Desde o início do século passado e até 1950, a grande preocupação das empresas produtivas era com seu controle orçamentário-financeiro. Apesar das guerras, o ambiente externo às organizações era relativamen- te previsível, fazendo com que as organizações enfocassem mais o seu ambiente interno. Era só produzir, pois o mercado estava aguardando os produtos e serviços. O principal foco empresarial voltava-se para a pro- dução a baixos custos. Durante a década de 1950, período de pós-guerra, o mercado começou a aquecer e a demanda aumentou. Era preciso planejar para conseguir atender essa demanda previsível que vinha pela frente. Assim, as empre- sas passaram a concentrar esforços no planejamento da produção, com destaque para novos investimentos. Atender a demanda significava ter um bom planejamento do crescimento da produção. Já na década de 1960, com as grandes mudanças sociais (quem se lem- bra quais foram? Revolução estudantil, revolução sexual, revolução nos hábitos e costumes em geral...) ocorreram também grandes impactos tec- nológicos na área produtiva: a guerra pela prioridade de ocupação do es- paço sideral e que culminou com a chegada do homem à Lua trouxe jun- to diversos avanços tecnológicos nas áreas de Comunicações, Medicina, Alimentos, Transportes, Combustíveis etc. O ambiente externo já não era tão estável quanto antes, e as empre- sas de produção se voltaram mais para fora, desenvolvendo estratégias de marketing para conquistar o cliente, que não estava mais tão garan- tido como antes. A comercialização e a diversificação se tornaram o foco empresarial. Não bastava só operar bem e produzir bem, agora as novas exigências do mercado forçavam o uso de novas tecnologias e de técnicas de marketing e de vendas. Essa era a situação mundial. No Brasil, e especificamente no caso da PETROBRAS, vivíamos uma época de aprendizado operacional. Veja o relato, na página ao lado, de um engenheiro em uma refinaria1 naquela época. 1. Retirado do livro Tempos de Petrobras. S E N A I – P E T R O B R A S O p e r a ç ã o e p r o c e s s o s 25 .................... ” ““...Deram-me o encargo de organizar osbalanços de material nas diversas unidades eapresentá-los em relatórios regulares, juntamente com as condições de operação. Esse era um indício da mudança de mentalidade quanto à operação de uma refinaria, que estava ocorrendo com a chegada de grande número de egressos do Curso de Refinação. A refinaria já tinha quase 10 anos de operação e, ao que pude concluir, nunca tinha realizado balanços regulares e sistemáticos dos seus fluxos. ...Contudo, tivemos alguns problemas relacionados com a montagem da unidade e com equipamentos mais especificados. O pior deles foi com os rotores das bombas dos produtos da torre. Nas primeiras partidas, tínhamos constantemente que parar a unidade por dificuldades no bombeamento desses produtos. As bombas, constantemente, perdiam sucção. ...Sugeriu várias soluções paliativas, inclusive a montagem de um sofisticado sistema de selagem das bombas, mas nada funcionou direito. Depois de muito trabalho e aborrecimento, um engenheiro da manutenção da refinaria... descobriu que os rotores dessas bombas eram inadequados para trabalhar com vácuo na sucção...” UM DEPOIMENTO Crises energéticas e questões ecológicas afloraram na década de 1970, causando sérias turbulências no mundo dos negócios. As empresas forambuscando oportunidades em outros países, iniciando um período de ex- pansão internacional. Internamente às organizações, vivia-se o crescimen- to dos movimentos voltados para a Qualidade Total, e a ênfase na produ- ção residia em questões de produtividade e custos. Desde o final do século passado até os dias atuais, o futuro parece cada vez mais incerto. A turbulência, os fatos novos, os avanços tecnológicos são tamanhos que não bastam mais os planejamentos de longo prazo e os planejamentos estratégicos. Especificamente na sua área de atuação, no S E N A I – P E T R O B R A S26 .................... setor petrolífero brasileiro, quantas mudanças! A Administração Estraté- gica, fórmula adotada pela maioria das empresas para lidar com as incer- tezas, enfatiza dois aspectos-chave: os chamados fatores humanos, ou seja, o potencial das pessoas na organização, e os processos de mudança. Além dos fatores herdados de décadas passadas, tais como custos, produtivida- de e qualidade, outros fatores adquiriram importância: a gestão, tanto da informação (conhecimento) quanto das pessoas, e a competência em vi- sualizar de forma sistêmica os processos produtivos. Hoje, as considera- ções feitas pelo pessoal da operação vão muito além do limite de bateria. São requisitos hoje indispensáveis aos processos produtivos, além do tradicional atingimento das metas quantitativas de produção (X metros cú- bicos produzidos, Y toneladas produzidas) e de custos e da garantia de abastecimento: a qualidade do produto, a satisfação do cliente, o diferen- cial em relação ao concorrente (produto importado?), o impacto ambien- tal, o impacto na saúde do trabalhador e da comunidade ao redor da uni- dade, a segurança do trabalhador e dos moradores próximos à unidade, enfim, requisitos que extrapolam as questões puramente operacionais como as citadas no exemplo ocorrido na década de 1960. . . .. . .. . .. . .. . . PAUSA PARA REFLEXÃO Que requisitos você acrescentaria aos acima citados? Como eles são acompanhados, avaliados e controlados na sua unidade? PAUSA PARA REFLEXÃO Descrição do processo Vamos montar o fluxograma do processo de sua unidade. Iniciamos pelas entradas. Quais são os fluxos que entram, lá no limite de bateria? Sólidos, líquidos e gasosos. Anotou todos? E os informacionais? Sim, porque o que acontece na sua unidade, como já vimos várias vezes, depende, e muito, de informações. Que fluxos de informações provenientes de fora da unidade são importantes na sua operação? São contínuos, como os fluxos de sólidos, líqui- dos e gases? Ou descontínuos, em forma diária, semanal ou mensal? Passo seguinte: como esses diversos fluxos circulam pela unidade? Sofrem mistura? São transformados? Onde e como? Não se esqueça das S E N A I – P E T R O B R A S O p e r a ç ã o e p r o c e s s o s 27 .................... informações: como elas circulam entre os colegas de trabalho? São mistura- das? São transformadas? Circulam continuamente ou de turno para turno? Agora as saídas. Voltamos ao limite de bateria. Que fluxos saem? Só- lidos, líquidos, gasosos, informacionais? Esses últimos são em forma de re- latórios ou registros eletrônicos em um sistema de informações? Ambos? Fluxograma pronto? Ainda não: precisamos ir além do limite de ba- teria, lembra? O quão longe iremos? Depende dos seus requisitos de qua- lidade, saúde, segurança e de responsabilidade social. De onde vieram os fluxos que chegaram à sua unidade? Algum problema de fornecimen- to? Para onde vão os que saíram? Que retorno você tem da aceitação dos produtos por parte dos clientes? Como estão sendo tratados os resíduos de processo? O plano de operação De posse dos elementos destacados nos itens anteriores, você já está em con- dições de planejar a sua operação. A forma como isso será feito dependerá do sistema de planejamento de sua Unidade de Negócio. Pode ser que já exista um formulário padrão, tanto em papel quanto em meio eletrônico. Confira na lista de verificação, na página a seguir, os itens que já constam do seu plano operacional, os que ainda não constam e quais os dispensáveis. Se a sua unidade já é certificada pelo sistema ISO ou participa do PNQ (Prêmio Nacional da Qualidade), é provável que o seu plano já contenha todos esses itens, confere? Partida e parada Os planos de partida e parada possuem uma característica bem diferente dos planos normais de operação, embora possam seguir uma estrutura formal bem semelhante. Além da melhor época para sua execução, em função da metas de pro- dução e das necessidades de manutenção dos equipamentos, os planos completos de partida e parada geral de uma unidade devem considerar também a minimização ou eliminação dos perigos mais comumente en- contrados nessas situações. Todo planejamento de parada de unidade deve sempre antever e pre- ver as implicações ambientais decorrentes dessa paralisação e planejar previamente alternativas para a continuidade das condições normais de operação do sistema de gerenciamento de emissões atmosféricas. S E N A I – P E T R O B R A S28 .................... Horizonte do planejamento: é um plano de ação diário, semanal, mensal, anual? Objetivo do Plano Estratégico ou Projeto Estratégico da Petrobras para o qual suas atividades estão direcionadas Programa da área de Abastecimento no qual suas atividades estão inseridas Objetivos e metas a serem cumpridos por sua unidade operacional no horizonte de planejamento Requisitos do cliente que devem ser atendidos (características físicas e/ou químicas dos produtos, prazo de entrega etc.) Equipe responsável pela operação Participantes de outros setores/unidades cuja interface é fundamental para o atingimento dos objetivos e metas (fornecedores de matéria-prima e insumos, distribuidores, transportadores, responsáveis pelo tratamento e descarte de resíduos etc.) Cronograma com etapas da execução e prazos estimados para cada etapa, com destaque para aquelas de maior risco à saúde ou ao meio ambiente Parâmetros e variáveis do processo que devem ser acompanhados durante a operação – itens de controle, variáveis operacionais – e seus respectivos indicadores Parâmetros e variáveis externos que influenciam nos objetivos e metas e suas fontes Principais pontos a serem destacados a cada troca de turno Manuais e procedimentos de emergência e sua localização Manuais e procedimentos de partida e parada e sua localização A B C D E F G H I J K L M GESTÃO AMBIENTAL S E N A I – P E T R O B R A S O p e r a ç ã o e p r o c e s s o s 29 .................... Destacamos a seguir alguns dos perigos mais freqüentes em partidas e paradas de unidades de refinação de petróleo para que você os consi- dere no seu plano: Que outros perigos você adicionaria a esta lista? Lembre-se de consi- derá-los nos seus planos de partida e parada. Um procedimento detalhado das operações de parada e partida de sua unidade deve estar detalhado nos manuais existentes na sua unidade. Apresentamos aqui somente uma regra geral com as etapas que um pla- no de parada deve seguir:2 Mistura acidental de ar e hidrocarbonetos Contato de água com óleo quente Congelamento de água residual em tubulações e equipamentos Presença de líquidos e gases corrosivos ou tóxicos Presença de sulfeto de ferro Alta pressão ou vácuo Choques térmicos ou mecânicos Resfriamento e despressurização Remoção do produto Remoção de hidrocarbonetos residuais Remoção de produtos corrosivos ou tóxicos Raqueteamento de linhas e abertura de vasos Remoção do sulfeto de ferro Inspeção para entrada PLANO DEPARADA 1 2 3 4 5 6 72. Conforme Ducommun, J. C. PERIGOS EM PARTIDAS E PARADAS S E N A I – P E T R O B R A S30 .................... Por questões de segurança, as fases devem obedecer à ordem da lista, e as principais ações que as compõem são: Considerar a redução da carga, em simultaneidade com a redução de tem- peratura. Deve também ser reduzida a água de refrigeração dos conden- sadores. Aqui deve-se atentar para a possibilidade de ocorrência de mar- telo hidráulico. Quando a carga estiver a 30% do normal, fornos devem ser desligados e resfriados com a remoção de seus combustíveis com vapor. As linhas de combustíveis devem ser raqueteadas, e os bloqueios de gás para a cha- miné deverão ser abertos. A carga deverá continuar circulando até que atinja a temperatura recomendável para injeção de vapor, o qual circula- rá junto com a carga, até ser convertido em água nos condensadores. A água deve ser drenada dos condensadores, e a bomba de carga, desliga- da. Quaisquer conexões com a linha principal de combustível, dentro dos limites de bateria, devem ser raqueteadas. Linhas de combustível devem ficar isentas do mesmo, passando-se por elas vapor ou gás inerte. O va- por condensado deverá ser removido. Os excessos de pressão dentro da unidade devem ser descarregados para o sistema de coleta de gases. Na possibilidade de produção de vá- cuo, injetar vapor ou gás inerte, buscando manter a pressão ligeiramente acima da atmosférica. Todo o processo de despressurização e resfriamento deve ser feito len- tamente, de forma a evitar congelamento de água que venha a obstruir pontos de drenagem. Na presença de catalisadores, cuidados especiais devem ser tomados no processo de resfriamento, de forma a evitar danos físicos aos mesmos. Cada produto, dependendo de sua composição, deverá ser enviado para um local previamente escolhido. Todos os produtos devem ser resfriados em trocadores de calor para atingir uma temperatura de estocagem segura. Gás inerte ou vapor deve ser admitido na unidade durante a operação de esgotamento, por duas razões principais: para prevenir a entrada de ar na unidade e para evitar o colapso de qualquer equipamento que não tenha sido projetado para resistir ao vácuo. 1 RESFRIAMENTO E DESPRESSURIZAÇÃO 2 REMOÇÃO DO PRODUTO S E N A I – P E T R O B R A S O p e r a ç ã o e p r o c e s s o s 31 .................... Também chamada de purga, pode ser feita por deslocamento com gás inerte, enchimento total com água ou a combinação dos dois procedimen- tos. Em unidades de processo catalítico, não é recomendável o uso de vapor, o qual poderá danificar o catalisador. Nesses casos, deve-se usar o nitrogênio, o dióxido de carbono ou gás do gerador de gás inerte. A esco- lha dependerá do catalisador envolvido e do custo do gás a ser usado. O gás empregado na purga deverá circular em todo o equipamento, até a comprovação, pelos testes, de que a percentagem de hidrocarbonetos contida no gás que flui dos drenos e suspiros seja inferior a 1%. O uso de água para remoção de hidrocarbonetos deverá ser adotado somente se o equipamento e sua fundação forem projetados para supor- tar o peso e a pressão da água. Após o deslocamento, a água deverá ser drenada para o esgoto. Devem ser removidos todos os produtos corrosivos ou tóxicos, tais como: ácidos, sais cáusticos e borras. Cuidados especiais devem ser tomados com o sulfeto de ferro (H 2 S), arsina e fluoreto de hidrogênio. A pur- ga pode ser feita com vapor, nitrogênio, água, ácido ou solução cáusti- ca, dependendo do resíduo a remover. Deverão ser instaladas raquetes em várias linhas de utilidades e produ- tos que entram e saem da unidade, para prevenir a entrada de qualquer produto estranho ao processo durante a parada. Todos os flanges e raque- tes instalados deverão constar de uma lista, assim como a data, a hora e o responsável pela operação de raqueteamento. A unidade somente poderá ser aberta para limpeza e reparo após o seu completo raqueteamento. O sulfeto de ferro acumulado nos equipamentos e linhas pode ter resisti- do ao sistema de purga. Por ser um produto de fácil combustão, mesmo a baixas temperaturas, é conveniente molhar as superfícies internas de en- trada antes de expor o equipamento ao ar. É um produto que deve ser re- tirado mecanicamente. 4 REMOÇÃO DE PRODUTOS CORROSIVOS OU TÓXICOS 5 RAQUETEAMENTO DE LINHAS E ABERTURA DE VASOS 6 REMOÇÃO DO SULFETO DE FERRO 3 REMOÇÃO DE HIDROCARBONETOS RESIDUAIS S E N A I – P E T R O B R A S32 .................... A liberação para inspeção somente deverá ocorrer após o teste de gás. O uso de EPI (Equipamento de Proteção Individual) é obrigatório. Três pon- tos principais devem ser verificados: se o equipamento está livre de todos os materiais perigosos e os vents foram abertos, se existe suficiente supri- mento de ar para respiração e se todas as linhas conectadas ao equipa- mento foram raqueteadas. Os planos de partida deverão seguir a seqüência inversa, sendo des- tacadas as seguintes fases: 7 INSPEÇÃO PARA ENTRADA Preparação preliminar Preparação de equipamentos e serviços auxiliares Eliminação de ar Teste de estanqueidade Pressurização Eliminação de água Partida da unidade PLANO DE PARTIDA 1 2 3 4 5 6 7 Constitui-se na inspeção final para determinar se todos os serviços rela- cionados com a parada foram executados. Deve também ser verificado se todo o material indesejável foi removido de dentro dos equipamentos e linhas. Ao final da inspeção, todas as bocas de visita e flanges devem ser fe- chados e trancados. Deve também ser removido da área de operação todo e qualquer material que não será mais necessário durante a operação da unidade. Circuitos elétricos devem ser energizados, instrumentos ativados e con- troles testados. A alimentação de vapor deve ser feita de forma cautelosa para que não provoque choque térmico ou mecânico. Ligar os sistemas de água, ar, gás e óleo combustível. 1 PREPARAÇÃO PRELIMINAR 2 PREPARAÇÃO DE EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS AUXILIARES S E N A I – P E T R O B R A S O p e r a ç ã o e p r o c e s s o s 33 .................... 3 ELIMINAÇÃO DE AR A eliminação do ar de cada equipamento antes de serem introduzidos hidrocarbonetos é de vital importância para a segurança da partida. Uti- liza-se gás ou líquido inerte ou vapor. Pode ser feito com pressão ou vácuo, até que qualquer vazamento identi- ficado seja sanado. O material de purga deverá ser deslocado com gás combustível de refi- naria, gás natural ou outro hidrocarboneto. A pressão dos equipamentos deverá estar abaixo da pressão da linha de gás. Como precaução para uma partida segura, toda a água deverá ser drena- da dos equipamentos. Quando a unidade estiver livre de água, poderá ser colocada em regime. Esse procedimento envolverá ajustamento de temperatura, de pressões, de taxas de fluxo, de níveis e de refluxo, até que a unidade atinja as con- dições normais de operação. Alguns problemas típicos de partida envolvem: a vaporização brusca de água, que poderá entrar no processo junto com a matéria-prima; cho- ques térmicos e mecânicos por variações bruscas de temperatura; pressão ou fluxo; e excesso de pressão por bloqueio inadvertido de linhas. Concluindo, os planos de parada e partida devem ser preparados cuida- dosamente, considerando, principalmente, questões de segurança. O foco essencial do planejamento deve ser evitar misturas de ar e hidrocarbonetos a qualquer momento durante os procedimentos de parada e partida. Procedimentos de emergência Pelas suas característicasde periculosidade, é preciso também pensar e planejar eventuais situações de emergência. A esse plano costuma-se nomear Plano de Contingência, e nele são apresentadas informações bá- sicas, necessárias para o controle de emergências (ver página 34). 4 TESTE DE ESTANQUEIDADE 5 PRESSURIZAÇÃO 6 ELIMINAÇÃO DE ÁGUA 7 PARTIDA DA UNIDADE S E N A I – P E T R O B R A S34 .................... Organização de uma estrutura paralela à estrutura formal para controle de emergências. Ela se organiza a cada turno e tem por finalidade manter recursos materiais e humanos habilitados ao combate de hipóteses acidentais nas unidades Previsão de hipóteses acidentais, em função de situações de emergência Relação dos produtos envolvidos na hipótese acidental e suas respectivas fichas de segurança Descrição completa da região no entorno da unidade Possibilidade de abandono da unidade Matriz de responsabilidade com atribuições de cada pessoa atuante na emergência Descrição completa dos fluxos de comunicações em situação de emergência Recursos internos e externos, tanto pessoais como materiais, disponíveis para os casos de emergência Treinamento, simulações e auditorias, que devem ser realizados rotineiramente, de forma a prevenir situações de emergência A B C D E F G H I PONTOS BÁSICOS DO PLANO DE CONTINGÊNCIA . . .. . .. . .. . .. . . PAUSA PARA REFLEXÃO O seu sistema de informações lhe dá acesso a todas as informações necessárias para a elaboração do Plano de Contingência? Que informações não se encontram lá? Onde obter então essas informações? Precisamos ter o conhecimento não só das questões internas à unidade que afetam a operação, mas também das questões externas PAUSA PARA REFLEXÃO LEMBRE-SE S E N A I – P E T R O B R A S O p e r a ç ã o e p r o c e s s o s 35 .................... Plano de evacuação da área Com o objetivo de detalhar a atuação das pessoas designadas para coor- denar uma eventual evacuação parcial ou total da área de sua unidade, deve ser elaborado um plano de evacuação a ser utilizado em situação de maior gravidade. Ele deve prever, de maneira ordenada e segura, o des- locamento da comunidade interna para locais definidos e chamados de pontos de reunião. Para a elaboração do plano, devem ser identificados os riscos potenciais existentes na área operacional, os quais poderão determinar uma evacu- ação parcial ou total, em decorrência de incêndio de grandes proporções, explosões ou grande vazamento de gases tóxicos ou vapores de hidrocar- bonetos inflamáveis (H 2 S, cloro, amônia, CO, GLP etc.). No caso específico do plano de evacuação, o item mais importante é a determinação da matriz de responsabilidades, com definições claras do pa- pel de cada um e sua autoridade em momentos de gravidade. Os demais componentes são: listagem dos riscos potenciais, locais de destino, proce- dimentos de aviso, movimentação e controle operacional para evitar agra- vamento das situações, além de sugestões de procedimentos operacionais que previnam esse tipo de ocorrência. Tome NotaTome Nota O p e r a ç ã o e p r o c e s s o s S E N A I – P E T R O B R A S37 .................... Execução e controle da operação Execução e controle da operação uando da implementação do plano de operação, as atenções estão voltadas não só para o cumprimento dos objetivos e metas do plano mas também para as questões ambientais. Tanto pela legislação quanto pelas novas exigências do mercado e demandas da sociedade, a preocupação com a qualidade dos produtos é crescente. A presença de enxofre nos combustíveis é um bom exemplo, já que esse elemento é um dos responsáveis pela poluição atmosférica nas grandes cidades. Por isso, é premente a meta de diminuir cada vez mais sua pre- sença nos derivados. De acordo com as novas exigências do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), a composição de enxofre no diesel não poderá ultrapassar 0,05% a partir de 2004. Meio ambiente e produção mais limpa1 A questão ambiental está presente no cotidiano dos noticiários de todo o mundo e posta como o centro das discussões sobre os novos padrões de produção e consumo. Organizações Não-Governamentais – (ONGs), par- tidos “verdes”, legislação ambiental, associações de moradores, cidadãos cada vez mais conscientes etc.; são inúmeras as pressões para a adoção de atitudes responsáveis em relação ao meio ambiente. Nesse contexto, a variável ambiental é um fator crítico para o planeja- mento dos processos de produção. Vamos entender um pouco mais sobre como a questão ambiental impacta a vida de sua empresa não só no dia- a-dia da operação, mas também na sua perspectiva de futuro. 1. O texto a seguir encontra-se também na publicação Gestão da Qualidade desta série. QQ S E N A I – P E T R O B R A S38 .................... Poucas décadas atrás, não se imaginava como seria importante conci- liar o desenvolvimento industrial com o equilíbrio ecológico. Hoje, sabe- se que o meio ambiente é um aliado da competitividade industrial. A ado- ção de programas ecoeficientes traz consigo a redução do consumo de matérias-primas, de água e de energia, além da possibilidade de reapro- veitamento e reutilização de rejeitos. Historicamente, podemos caracterizar três grandes momentos dessa evolução: no início do processo de industrialização, considerava-se a na- tureza como uma fonte ilimitada de recursos. Diante da quebra desse pa- radigma, passou-se a uma fase de controle da poluição, com forte ênfase para as estações de tratamento de efluentes e, finalmente, com a evolu- ção da consciência ambiental e o conseqüente aumento das pressões le- gais e da sociedade como um todo, vivemos o momento da prevenção da poluição e da responsabilidade social. Esses aspectos são de tal forma importantes que a UNIDO (Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial) definiu referen- ciais que assumem a constatação de que é possível conciliar as necessi- dades de desenvolvimento industrial associadas às demandas das popu- lações em crescimento com a conservação ambiental. Um dos conceitos que orientam o trabalho da UNIDO é o de desenvol- vimento industrial ecologicamente sustentável, mais conhecido por “de- senvolvimento sustentável”. Ele se traduz em políticas industriais que aumentam os benefícios econômicos e sociais das gerações atuais, sem comprometer as possibilidades de desenvolvimento e bem-estar das gera- ções futuras. Na prática, isso significa, entre outras iniciativas, adotar a gestão eficiente de recursos materiais e energéticos, capacitar profissionais conscientes e buscar o equilíbrio na distribuição de processos industriais e das cargas ambientais, minimizando os seus impactos ambientais. Uma das formas mais eficazes para transformar esses critérios em rea- lidade é a adoção de tecnologias de produção mais limpas. O uso dessas tecnologias não trata apenas de implantar processos de produção mais econômicos e eficazes; a opção por uma postura ambien- tal responsável torna a empresa mais atrativa para investidores e agentes financeiros, agrega valor a seus produtos e atrai o apoio da sociedade e do governo. Por outro lado, protege seus produtos contra restrições de acesso aos mercados nacionais e internacionais, aliando sua imagem à responsabilidade social. S E N A I – P E T R O B R A S O p e r a ç ã o e p r o c e s s o s 39 .................... Percebeu como esses aspectos são importantes para a sua empresa? O que você conhece sobre iniciativas nessa área? A adoção de um SGA (Sistema de GestãoAmbiental) é, sem dúvida, a forma mais eficaz para incorporar essas exigências e compromissos com as práticas ambientais da empresa aos sistemas de gestão e planejamen- to de suas atividades, especialmente se referenciada a uma norma de cer- tificação com reconhecimento internacional. Internacionalmente aceita, a NBR ISO 14001 – Sistemas de Gestão Ambiental – Especificação e Diretrizes para Uso especifica os requisitos relativos a um sistema de gestão ambiental, permitindo a uma organiza- ção formular uma política e objetivos que levem em conta os requisitos legais e as informações referentes aos impactos ambientais significativos. Ela se aplica aos aspectos ambientais que possam ser controlados pela organização e sobre os quais tenha influência; em si, ela não prescreve critérios específicos de desempenho ambiental. Essa Norma compartilha princípios comuns de sistemas de gestão com as normas da Série ISO 9000. Algumas particularidades devem ser obser- vadas, principalmente porque os sistemas de gestão da qualidade tratam das necessidades dos clientes, enquanto os sistemas de gestão ambiental atendem às necessidades de um amplo conjunto de partes interessa- das e às crescentes demandas da so- ciedade sobre proteção ambiental. A NBR ISO 14001, tal como a ISO 9000, adota o fundamento da melho- ria contínua dentro de uma abordagem de processo para estimular a melho- ria do desempenho ambiental de qualquer organização, independente de seu tipo, porte ou localização geo- gráfica. O item 4 da Norma especifi- ca os requisitos para a implantação do sistema de gestão ambiental, que es- tão na prancha ao lado. Além dos itens citados, a Norma possui dois anexos importantes: o Anexo A, que trata das diretrizes pa- 4.1 Requisitos gerais 4.2 Política ambiental 4.3 Planejamento 4.3.1 Aspectos ambientais 4.3.2 Requisitos legais e outros requisitos 4.3.3 Objetivos e metas 4.3.4 Programa(s) de gestão ambiental 4.4 Implementação e operação 4.4.1 Estrutura e responsabilidade 4.4.2 Treinamento, conscientização e competência 4.4.3 Comunicação 4.4.4 Documentação do sistema de gestão ambiental 4.4.5 Controle de documentos 4.4.6 Controle operacional 4.4.7 Preparação e atendimento a emergências 4.5 Verificação e ação corretiva 4.5.1 Monitoramento e medição 4.5.2 Não-conformidade e ações corretiva e preventiva 4.5.3 Registros 4.5.4 Auditoria do sistema de gestão ambiental 4.6 Análise crítica pela administração S E N A I – P E T R O B R A S40 .................... ra uso da especificação e fornece informações adicionais sobre os re- quisitos, tendo por objetivo evitar uma interpretação errônea da espe- cificação; e o Anexo B, que detalha as correspondências entre a NBR ISO 14001 e a NBR ISO 9001:1994, com o propósito de demonstrar a com- patibilidade de ambos os sistemas para aquelas organizações que já es- tão aplicando uma das normas e desejam aplicar ambas. Evidentemen- te, o Anexo B está desatualizado, considerando a vigência atual da NBR ISO 9001:2000, que apresenta algumas diferenças em relação à versão de 1994.2 De qualquer forma, entendendo as diferenças existentes, é possível utilizar o Anexo B como um guia genérico de correspondên- cia entre as duas normas. Segundo a NBR ISO 14001, a alta administração da organização deve definir a política ambiental e assegurar que ela: Seja apropriada à natureza, escala e impactos ambientais de suas atividades, produtos ou serviços Inclua o comprometimento com a melhoria contínua e com a pre- venção da poluição Inclua o comprometimento com o atendimento à legislação e nor- mas ambientais aplicáveis, além dos demais requisitos subscritos pela organização Forneça a estrutura para o estabelecimento e a revisão dos objeti- vos e metas ambientais Seja documentada, implementada, mantida e comunicada a todos os empregados Esteja disponível para o público O requisito 4.6 da Norma trata da análise crítica do SGA pela adminis- tração, que deve assegurar o seu aperfeiçoamento constante, com o obje- tivo da melhoria contínua do desempenho ambiental da organização, monitorando permanentemente, dentre outras, as seguintes variáveis: Mudanças na legislação Mudanças nos requisitos e expectativas das partes interessadas Alterações nas características de produtos e processos da organização Mudanças tecnológicas Experiências adquiridas em incidentes ambientais 2. Ver a publicação Gestão da Qualidade desta série. S E N A I – P E T R O B R A S O p e r a ç ã o e p r o c e s s o s 41 .................... Você deve perceber que um SGA é importante para as empresas, mes- mo quando essas não visam à obtenção de um certificado de conformida- de com a ISO 14001, já que o mesmo confere à empresa maior consistên- cia em suas decisões para alocação de recursos, designação de responsa- bilidades e avaliação contínua de suas práticas, procedimentos e proces- sos para a redução de seus impactos ambientais. Seria interessante que você verificasse na sua unidade como ter aces- so ao original da NBR ISO 14001 (lembre-se de que reproduzir normas é ilegal...); consulte a biblioteca mais acessível e solicite por empréstimo um exemplar da mesma. Avalie os seus requisitos e verifique as suas relações com o trabalho que você desenvolve em sua unidade. Um ponto importante que gostaríamos de ressaltar nessa sua avalia- ção da NBR ISO 14001 para os sistemas de produção é relativo ao seu item 4.4.7 – Preparação e atendimento a emergências. O propósito desse requi- sito é assegurar que a organização defina e mantenha procedimentos para reagir a acidentes e situações de emergência, assim como prevenir e re- duzir impactos ambientais. É recomendável que a organização avalie sua capacidade de reação, simule os procedimentos do sistema de emergên- cia e prepare-se para acidentes. Para isso, deve efetuar uma análise críti- ca dos planos de emergência e dos procedimentos. Ela deve considerar que mais importante do que se preparar para situações de emergência é evi- tar sua ocorrência, agindo proativamente. Entraremos em detalhes sobre essa questão mais à frente. Nesse ponto acreditamos que você já tenha desenvolvido uma visão sistêmica da gestão ambiental e que, provavelmente, deva estar sentindo falta de um aspecto importante: a incorporação dos requisitos relaciona- dos com a saúde e a segurança no trabalho. Na realidade, a própria NBR ISO 14001 considera os aspectos de gestão de saúde ocupacional e segu- rança no trabalho como passíveis de integração ao sistema de gestão ambiental, apesar de o processo de certificação ser restrito para a ques- tão ambiental (fica difícil considerar uma empresa ambientalmente cor- reta em que a saúde e a segurança de seus colaboradores não merecem o devido cuidado, certo?). Não há dúvidas, portanto, de que qualidade, meio ambiente e saúde e segurança no trabalho, articulados em um sistema de gestão integrada, constituem um conjunto praticamente indissociável de requisitos para uma empresa moderna, competitiva e com responsabilidade social. S E N A I – P E T R O B R A S42 .................... Os sistemas de gestão da saúde e segurança no trabalho têm como objetivo eliminar ou minimizar riscos para os colaboradores e outras par- tes interessadas, que possam estar expostos às suas atividades. Evidente- mente esse propósito contribui para a melhoria do desempenho global da organização e de sua competitividade, mas o fato mais significativo sub- jacente a esses sistemas é a preocupação com o ser humano e a responsa- bilidade social das organizações. É importante, portanto, que, da mesma forma que para as questões ambientais, as organizaçõestenham cada vez mais interesse em demons- trar às partes interessadas sua política e suas ações para a prevenção de riscos e de doenças ocupacionais provenientes de suas atividades. Com a finalidade de prover às organizações um referencial internacio- nal para a implantação de sistemas de gestão da saúde e segurança no trabalho, alguns organismos de certificação de vários países desenvol- veram a OHSAS 18001:1999 (Specification for occupational health and safety management systems – Especificação para sistemas de gestão da saúde e segurança no trabalho), publicada pela BSI (British Standards Institution) em 1999. O seu desenvolvimento foi feito de tal forma que os requisitos podem ser integrados com a ISO 9001 e a ISO 14001. Essa possibilidade de integração tem estimulado as organizações a buscarem o desenvolvi- mento de soluções que considerem a implantação simultânea dos três sis- temas, gerando mais eficiência e eficácia nos sistemas de gestão. A estrutura lógica dessa Norma é muito semelhante à da ISO 14001, onde os conceitos de perigos e riscos para a área de saúde e segurança equivalem aos de aspectos ambientais e de impactos ambientais para a área de meio ambiente. Descarte de produtos químicos: preservação do meio ambiente Para evitar a poluição atmosférica, as unidades da PETROBRAS dispõem de avançados equipamentos para reduzir a emissão de material particulado, assim como de caldeiras para impedir a liberação de monóxido de carbo- no, sendo o catalisador gasto normalmente comercializado para fabrica- ção de cimento. Tochas mantêm-se permanentemente acesas a fim de que, em situações de emergência, estejam prontas para receber, queimar e dis- persar gases das unidades. Como os reflexos de seus processos produtivos dependem de condições climáticas, as unidades dispõem ainda de uma estação meteorológica em S E N A I – P E T R O B R A S O p e r a ç ã o e p r o c e s s o s 43 .................... funcionamento ininterrupto, informando condições de clima, temperatu- ra e umidade relativa do ar. Seus resíduos industriais são armazenados em aterro sanitário próprio. Os órgãos da estrutura organizacional responsáveis por atividades geradoras de resíduos enviam ao órgão de segurança, meio ambiente e saúde (SMS) as informações e as características sobre os mesmos, confor- me especificado em um modelo de ficha de resíduos, a fim de que mante- nha o banco de dados de resíduos e as normas atualizados. Os setores de engenharia e outros, quando da aquisição de novos insumos ou produtos, devem analisar os possíveis resíduos que serão gerados e determinar, em conjunto com a SMS, as medidas preventivas e mitigadoras necessárias para a preservação de acidentes, doenças, impactos ambientais e situa- ções de emergência. Cabe à SMS gerenciar e atualizar o banco de dados de resíduos, bem como manter em dia os procedimentos de contingência, coordenando a reali- zação de auditorias e avaliando o cumprimento dos mesmos. Deve ainda providenciar, junto ao órgão ambiental competente, as devidas licenças de transporte e destinação final de resíduos, quando enviados para outro órgão da PETROBRAS ou entidade externa à mesma. Em todas as áreas e locais utilizados para disposição, tratamento, sepa- ração, segregação, armazenamento temporário e definitivo de resíduos, deve haver uma pessoa encarregada do controle de entrada e saída de resíduos. Os principais resíduos das Unidades Operacionais são efluentes hídri- cos industriais, tais como as águas residuais geradas nos processos/ativi- dades ou serviços da unidade que, em função de suas características físi- cas, químicas ou biológicas, necessitam ou não de tratamento, visando ao seu reaproveitamento no processo ou ao atendimento dos requisitos legais aplicáveis para sua disposição final. O desenvolvimento tecnológico nos dias de hoje caminha para a dire- ção de tecnologias de produção limpa, onde pouco ou nenhum resíduo é gerado, de forma que se previnam poluições. Também visa recuperar, re- aproveitar, reciclar e minimizar a geração de resíduos nas fontes, objeti- vando a economia de recursos naturais e energéticos, em atendimento às políticas de meio ambiente. Como está o planejamento de sua unidade em relação a essas questões ambientais? Existem alguns problemas crônicos em sua unidade? Como eles estão sendo tratados? Essas questões estão sendo consideradas no seu planejamento? S E N A I – P E T R O B R A S44 .................... Antecipação de situações fora do normal Como vimos lá no começo de nossa discussão sobre planejamento, os pla- nos nos ajudam a conviver com a incerteza. Portanto, quanto mais e me- lhor pudermos antecipar situações futuras, melhores condições teremos de atingir nossos objetivos. Em se tratando de operações com risco de incên- dios e explosões, danos à saúde e ao meio ambiente, como é o caso de Unidades Operacionais do setor petrolífero, torna-se imprescindível a an- tecipação de toda e qualquer situação fora do normal que possa vir a ocor- rer durante as operações. É durante a fase de planejamento de contingências, emergências e possíveis danos ao meio ambiente que se destaca a importância de um bom sistema de informações, com registros de situações passadas, estudos de outras empresas e instituições de pesquisa e análise de tendências tecno- lógicas e gerenciais. A operação pode contribuir com informações preci- osas para esse planejamento e deve ter como preocupação permanente a anotação e divulgação de acontecimentos operacionais de risco. Ou seja, a boa prática do planejamento e controle da operação aconselha o com- partilhamento de informações do dia-a-dia, identificadas, às vezes até por acaso, como críticas para a prevenção de situações fora do normal. Vejamos, por exemplo, o relato abaixo de uma situação fora do comum, que não resultou em acidente grave, mas da qual pode-se tirar informa- ções preciosas para um melhor planejamento: ““...a situação foi agravada pelo fato de que aágua foi injetada dentro do óleo que se acumulavano fundo da torre. Descobrimos depois que a torre estava enchendo, já tendo algum nível de óleo acima do normal. Daí a dificuldade de fazer vácuo na torre e a indicação dos vacuômetros que estavam corretos. Descobrimos, também, que a bóia do fundo da torre estava quebrada e, por isso, não indicava enchimento da torre. Esse enchimento, também descobrimos depois, foi causado por “plugueamento” da linha que levava o resíduo da destilação para ser usado como combustível na casa de força.”” S E N A I – P E T R O B R A S O p e r a ç ã o e p r o c e s s o s 45 .................... A partir desse exemplo, levante as informações que você destaca- ria, anotaria e divulgaria, de forma a compor o seu planejamento. Onde serão preferencialmente utilizadas essas informações: no plano de contin- gências? Nos planos de partida e parada? Nos planos de manutenção? No plano operacional? . . .. . .. . .. . .. . . PAUSA PARA REFLEXÃO Das atividades com as quais você se envolve no seu dia-a-dia, quais delas possuem maior característica de imprevisibilidade? Concentre-se nelas. Essas são as que merecem um melhor planejamento PAUSA PARA REFLEXÃO Tome NotaTome Nota O p e r a ç ã o e p r o c e s s o s S E N A I – P E T R O B R A S47 .................... A relação custo/benefício A relação custo/benefício omo último destaque da importância do planejamento, vamos tecer algumas considerações sobre o aspecto econômico da operação. Por prin- cípio, estamos sempre buscando os maiores benefícios (B) aos menores custos (C), o queimplica uma relação C/B o mais baixa possível. Quais são, portanto, os principais itens de custo e de benefício que devemos estar privilegiando no planejamento da operação? Quando a operação é mais eficiente? Faremos essa reflexão utilizando um exemplo hipotético.1 Considere uma fábrica que produz 20.000 t/ano do produto P. P é produzido a partir de A, que reage com B, com o uso do catalisador C. Então, A, B e C são matérias-primas que precisam ser compradas. O processo de produção utiliza ar, energia elétrica, vapor, água e com- bustível. Dos cinco serviços, apenas o ar é gratuito. Os demais têm custo. Embora não sejam os itens de maior custo numa indústria química, as pessoas envolvidas na operação também devem ser consideradas como item de custo. Custos de manutenção podem ser expressivos: incluem reparo diário de equipamentos e instrumentos, substituições eventuais dos mesmos e a mão-de-obra envolvida. Por último, chamamos de despesas gerais de administração o custo de serviços centrais fornecidos pela empresa: serviços administrativos e téc- nicos, transporte, refeitórios etc. Veja a prancha de custos totais da pro- dução na página seguinte. 1. Baseado em exemplo similar descrito no livro Introdução à tecnologia química. CC S E N A I – P E T R O B R A S48 .................... Se precisarmos baixar es- ses custos, por questões de competitividade, por exem- plo, onde concentraremos nossa atenção? (Lembra da regra de Pareto, muito utili- zada na Qualidade?) Nos itens de maior custo, certo? No caso específico, matéria- prima A e vapor. Há alterna- tivas para a matéria-prima A? Podemos trocar de forne- cedor? Há substituto? É pos- sível aumentar a eficiência do sistema de produção de vapor? Enfim, questões como essas merecem nossa atenção no caso de necessidade de redução do cus- to de produção do produto P. Vamos seguir em frente, porque o custo não é apenas o de produção. Exercitando nossa visão sistêmica, lembramos que o produto P deverá ser distribuído e vendido, quando então estará pronto para o uso do cliente. Algum tipo de estudo de mercado ou de segurança no transporte também pode ter sido necessário. Assim, o custo total do produto P fica composto conforme a prancha ao lado. A partir de agora, se pre- cisamos ainda reduzir custos, o item Distribuição é que deve ser visto com mais atenção. Olhando do ponto de vis- ta estritamente econômico, o benefício será a receita com a venda do produto P. No caso, é possível vendê-lo a R$ 1.244,00 por tonelada. A relação C/B é então de 852/1244 = 0,68 (ainda bem que é menor do que a unidade!!!). Temos duas formas de minimizar essa relação: diminuindo os custos, como mostramos antes, ou aumentando os benefícios. Nesse segundo caso dependemos, princi- CUSTOS DE PRODUÇÃO ITEM R$/T DO PRODUTO P 360,000,93t da matéria-prima A 6,400,02t da matéria-prima B 23,60Catalisador 11,80Energia elétrica 14,80Água 128,00Vapor 20,60Combustível 11,80Mão-de-obra 53,00Manutenção 52,00Despesas gerais 682,00Total CUSTO DO PRODUTO P ITEM R$/T DO PRODUTO P 682,00Produção 105,00Distribuição 35,00Serviços técnicos (pesquisas etc.) 30,00Venda 852,00Total S E N A I – P E T R O B R A S O p e r a ç ã o e p r o c e s s o s 49 .................... palmente, de fatores externos. Até quanto o mercado suporta um aumen- to de preços? Você conhece os custos relativos à produção em sua unidade? E os benefícios gerados? Como otimizar essa relação, no seu caso? . . .. . .. . .. . .. . . PAUSA PARA REFLEXÃO O sistema de informações disponível em sua unidade considera o acompanhamento e controle de custos? Você conhece o SAP R/3 que está sendo implantado na Petrobras? Como ele trata essa questão da relação custo/benefício? PAUSA PARA REFLEXÃO Tome NotaTome Nota O p e r a ç ã o e p r o c e s s o s S E N A I – P E T R O B R A S51 .................... Comentários finaisComentários finais embra da pergunta que fizemos ao iniciar esta publicação? Planejamen- to: o que é e para que serve? Esperamos ter conseguido desenvolver o co- nhecimento necessário para que você desempenhe um papel ativo no pro- cesso participativo de discussão e definição de metas e de avaliação do desempenho de sua Unidade Operacional. A partir da constatação da im- portância do planejamento em todos os níveis da sua empresa, esperamos que você tenha sempre presente em suas decisões as informações neces- sárias para que seu ambiente de trabalho gere resultados com qualidade em todos os níveis: um processo eficiente e eficaz; um produto que aten- da a todos os requisitos dos clientes; uma produção cada vez mais limpa e segura, tudo isso dentro de um ambiente que valorize cada vez mais a qualidade de vida dos colaboradores. Se essas premissas já fazem parte de sua rotina de trabalho, parabéns! Se ainda não, faça do planejamento uma efetiva ferramenta para transformar a realidade e viabilizar um fu- turo melhor para todos. Até a próxima..... LL Tome NotaTome Nota O p e r a ç ã o e p r o c e s s o s S E N A I – P E T R O B R A S53 .................... GlossárioGlossário aos referenciais pertinentes e a outros processos e produtos (FPNQ – Funda- ção para o Prêmio Nacional da Qua- lidade. Critérios de Excelência – O estado da arte da gestão para a exce- lência e o desempenho – 2002). Equipamento de Proteção Individual. Situação excepcional da gestão e dos resultados obtidos pela organi- zação, alcançada por meio da prá- tica continuada dos fundamentos do modelo sistêmico (FPNQ – Fun- dação para o Prêmio Nacional da Qualidade. Critérios de Excelência – O estado da arte da gestão para a excelência e o desempenho – 2002). Situações capazes de causar danos à comunidade, ao patrimônio da Anexo Elemento das atividades, produtos ou serviços de uma organização que podem interagir com o meio ambiente (NBR ISO 14001). Conjunto de métodos utilizados para verificar se os padrões de tra- balho das práticas de gestão estão sendo cumpridos, estabelecendo prioridades e implementando, quan- do necessário, ações de correção e/ ou de prevenção (FPNQ – Fundação para o Prêmio Nacional da Qualida- de. Critérios de Excelência – O es- tado da arte da gestão para a exce- lência e o desempenho – 2002). Resultados obtidos dos principais in- dicadores de processo e de produtos que permitem avaliá-los e compará- los em relação às metas, aos padrões, ASPECTOS AMBIENTAIS CONTROLE DESEMPENHO (performance) EPI EXCELÊNCIA HIPÓTESES ACIDENTAIS S E N A I – P E T R O B R A S54 .................... empresa, a seus empregados ou a terceiros. Qualquer modificação do meio am- biente, adversa ou benéfica, que re- sulte, no todo ou em parte, das ativi- dades, produtos ou serviços de uma organização (NBR ISO 14001). Relações numéricas que resultam de medidas quantitativas e caracteri- zam a situação (ou o estado) de um processo ou um resultado deste (produto ou serviço). É um alvo quantificado, com prazo de execução definido, que se pre- tende atingir. Estado futuro (situação ou resulta- do) que se pretende atingir e se tem real possibilidade de fazê-lo. Pessoa ou grupo que tem interesse no desempenho ou no sucesso de uma organização (NBR ISO 9000:2000); indivíduo ou grupo interessado ou afetado pelo desempenho ambiental de uma organização (NBR ISO 14001); um indivíduo ou grupo de indivídu- os com interesse no desempenho da organizaçãoe no ambiente que ela IMPACTO AMBIENTAL INDICADORES opera. A maioria das organizações possui as seguintes partes interessa- das: os clientes; a força de traba- lho; os acionistas e os proprietári- os; os fornecedores; a sociedade. A quantidade e a denominação das partes interessadas podem variar em função do perfil da organização (FPNQ – Fundação para o Prêmio Nacional da Qualidade. Critérios de Excelência – O estado da arte da ges- tão para a excelência e o desempe- nho – 2002). Fonte ou situação com potencial para provocar danos em termos de lesão, doença, dano à propriedade, dano ao meio ambiente do local de trabalho ou uma combinação destes. Uso de processos, práticas, materiais ou produtos que evitem, reduzam ou controlem a poluição, os quais po- dem incluir reciclagem, tratamento, mudanças no processo, mecanismos de controle, uso eficiente de recur- sos e substituição de materiais (NBR ISO 14001). Estratégia econômica, ambiental e tecnológica que aumenta a eficiên- cia no uso de matérias-primas, água e energia e, simultaneamente, eli- mina, reduz ou reutiliza, recicla e META OBJETIVO PARTES INTERESSADAS PERIGO PREVENÇÃO DA POLUIÇÃO PRODUÇÃO MAIS LIMPA S E N A I – P E T R O B R A S O p e r a ç ã o e p r o c e s s o s 55 .................... reaproveita os rejeitos gerados ao longo do processo produtivo. A responsabilidade social pressu- põe o reconhecimento da comuni- dade e da sociedade como partes interessadas da organização, com necessidades que precisam ser aten- didas. Significa, ainda, a responsa- bilidade pública, ou seja, o cum- primento e a superação das obriga- ções legais decorrentes das própri- as atividades e produtos da organi- zação. Por outro lado, é também o exercício da sua consciência moral RESPONSABILIDADE SOCIAL e cívica, advinda da ampla compre- ensão do papel da organização no desenvolvimento da sociedade. Tra- ta-se, portanto, do conceito de ci- dadania aplicado às organizações (FPNQ – Fundação para o Prêmio Nacional da Qualidade. Critérios de Excelência – O estado da arte da gestão para a excelência e o desem- penho – 2002). Combinação da probabilidade de ocorrência com a(s) conseqüência(s) de um determinado evento perigoso. RISCO Tome NotaTome Nota O p e r a ç ã o e p r o c e s s o s S E N A I – P E T R O B R A S57 .................... Referências bibliográficas ALBU, A.; LIMA, C. A. A.; MICAELO, G. Notas sobre Gestão Estratégica da Informação. Rio de Janeiro: (trabalho não editado), 1997. DE CICCO, Francesco. Manual sobre sistemas de gestão da segurança e saúde no traba- lho – OHSAS 18001: a primeira “norma” de âmbito mundial para certificação de sis- temas de gestão da SST. Risk Tecnologia. São Paulo: 1999. 30 p. DUCOMMUN, J. C. Segurança em Paradas e Partidas de Unidade de Refinarias de Petró- leo. Petrobras. JONES, D. G. Introdução à tecnologia química: aplicações de princípios básicos em pes- quisa e desenvolvimento de processo. Trad. Julio Buschinelli. São Paulo: Edgard Blücher, 1971. 184 p. LEITÃO, D. M. Administração estratégica: abordagem conceitual e atitudinal. Rio de Ja- neiro: SENAI/DN, PETROBRAS, 1996. 324 p. . Tempos de PETROBRAS: volume 1 – Ciclo Tecnológico. Rio de Janeiro [S.n.], 1999. 180 p. LOBATO, David M. Administração Estratégica: uma visão orientada para a busca de van- tagens competitivas. Rio de Janeiro: Papéis e Cópias, 1997. 144 p. MAINIERI, O. M. Notas referentes à apostila de SMS. Rio de Janeiro: SENAI-RJ, 2002. OPERAÇÃO E PROCESSOS Ficha Técnica PETROBRAS MAURÍCIO LIMA Coordenador de Formação, Capacitação e Certificação no Abastecimento LUIS CLAUDIO MICHEL Coordenador de Certificação para o Segmento Operação SENAI-RJ Produzido pela Diretoria de Educação REGINA MARIA DE FÁTIMA TORRES Diretora de Educação LUIS ROBERTO ARRUDA Gerente de Educação Profissional Gerência de Educação Profissional ROSILENE FERREIRA MENEZES ANA PAULA DE BARROS LEITE Analistas de Projetos Educacionais GERALDO FALCÃO Fotografias GERÊNCIA DE PRODUTO PETRÓLEO E GÁS Apoio Técnico RITA GODOY Revisão gramatical e editorial ALEXANDRE RODRIGUES ALVES Revisão IN-FÓLIO – PRODUÇÃO EDITORIAL, GRÁFICA E PROGRAMAÇÃO VISUAL Edição, projeto gráfico e produção editorial JOSÉ CARLOS MARTINS Produção editorial ANA PAULA MOURA Arte-final digital ANDRÉ BRITO Ilustração SILVIO DIAS Capa
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