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TRATADOS DE DIREITOS HUMANOS

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TRATADOS DE DIREITOS HUMANOS
Subsidiariedade, controle de convencionalidade, INCORPORAÇÃO, HIERARQUIA NORMATIVA NO BRASIL e aplicação das sentenças de cortes internacionais
SUBSIDIARIEDADE E CONTROLE DE 
CONVENCIONALIDADE
A inserção de qualquer Estado no âmbito do processo internacional dos direitos humanos não significa perda da soberania estatal tampouco importa em prejuízo à autodeterminação dos povos, por esse motivo tal processo tem um caráter subsidiário.
SUBSIDIARIEDADE
CONTROLE DE CONVENCIONALIDADE
EM CASO DE INTERVENÇÃO INTERNACIONAL POR UMA CORTE DE DIREITOS HUMANOS, PODERIA ESSE ÓRGÃO APRECIAR NORMAS DE DIREITO INTERNO QUE FORAM APROVADAS DE ACORDO COM O PROCESSO LEGISLATIVO DO PAÍS?
“No plano internacional aprecia-se a compatibilidade entre a norma nacional e as normas internacionais de direitos humanos. Não se trata, pois, de controle de constitucionalidade, mas, sim, do que se convencionou denominar ‘controle de convencionalidade’.”
Prof. Silvio Beltramelli Neto
CONTROLE DE CONVENCIONALIDADE
Caso a corte internacional conclua que a norma interna é incompatível com o direito internacional dos direitos humanos o Estado será sentenciado por violação, sendo-lhe exigido que promova as reparações necessárias, o que não invalida a norma interna examinada perante o ordenamento jurídico doméstico.
INCORPORAÇÃO DOS TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS
ETAPAS
ASSINATURA
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
(..)
VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional;
APROVAÇÃO
Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:
I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional;
RATIFICAÇÃO
“ (...) na hipótese de aprovação, caberá ao Senado editar Decreto Legislativo autorizando a ratificação. O Presidente da República celebra então, definitivamente, o tratado...”
Prof. Silvio Beltrameli
PROMULGAÇÃO
“(...) a norma, válida internacionalmente, não será válida internamente ate que seja editado o Decreto de Promulgação (também chamado Decreto Executivo ou Decreto Presidencial) pelo Presidente da República e referendado pelo Ministro das Relações Exteriores, que incorpora ou recepciona internamente o tratado”
André de Carvalho Ramos
HIERARQUIA NORMATIVA DOS TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS
TESE DA LEGALIDADE
“ Com efeito, é pacífico na jurisprudência desta Corte que os tratados internacionais ingressam em nosso ordenamento jurídico tão somente com força de lei ordinária (...), não se lhes aplicando, quando tendo eles integrado nossa ordem jurídica o disposto no art. 5º., § 2º., pela singela razão de que não se admite emenda constitucional realizada por meio de ratificação de tratado” 
(HC 72131, Min. Rel. Moreira Alves, j. 23/11/95)
O STF, DE 1988 a 2008, adotou a tese de que os tratados de direitos humanos, assim como os demais tratados seriam hierarquicamente equivalentes à lei ordinária federal.
LEADING CASE
Art. 5º. LVII
não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel;
ART. 7º., 7 - CADH
Ninguém deve ser detido por dívidas.  Este princípio não limita os mandados de autoridade judiciária competente expedidos em virtude de inadimplemento de obrigação alimentar.
TESE DA SUPRALEGALIDADE
“ (...) deveríamos aceitar a outorga de força supralegal às convenções de direitos humanos, de modo a dar aplicação direta às suas normas – até, se necessário, contra a lei ordinária – sempre que, sem ferir a Constituição, a complementem, especificando ou ampliando as garantias dela constantes.”
( RHC 79.785. Rel. Min. Sepulveda Pertence. J. 29/03/00)
TESE DA CONSTITUCIONALIDADE
Art. 5º. § 2º 
Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.
Esse dispositivo seria uma cláusula aberta, colocando os tratados internacionais de direitos humanos em situação de paridade com os direitos fundamentais declarados pela CF 88.
TESE DA SUPRACONSTITUCIONALIDADE
TESE MENOS ACEITA, SEGUNDO A QUAL OS 
TRATADOS DE DIREITOS HUMANOS TERIAM NATUREZA 
SUPRACONSTITUCIONAL EM FACE DE SUA ORIGEM 
INTERNACIONAL.
EMENDA CONSTITUCIONAL 45/2004
Art. 5º §3º. cf 88
Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.
Essa Emenda Constitucional não atendeu de maneira plena ao pleito dos movimentos de direitos humanos, no sentido de vencer a resistência do STF em reconhecer a hierarquia constitucional dos tratados de direitos humanos...
...motivos:
1. Condicionou a hierarquia constitucional ao rito idêntico ao das emendas constitucionais, dificultando-a ao aumentar o quórum da aprovação congressual e estabelecer dois turnos;
2. O uso da expressão “que forem”, aponta para existência de dois tipos de tratados de direitos humanos, os aprovados pelo rito equivalente ao da emenda constitucional e os aprovados pelo rito comum (maioria simples), e
3. Nada mencionou quanto aos tratados anteriores à Emenda. 
TEORIA DO DUPLO ESTATUTO DOS TRATADOS DE DHs:
NATUREZA CONSTITUCIONAL (PÓS ART. 5º. §3º.) E NATUREZA SUPRALEGAL (TODOS OS DEMAIS)
(ADOTADA PELO STF)
“ Desde a adesão do Brasil, sem qualquer reserva, ao Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos (art. 11) e à Convenção Americana sobre Direitos Humanos – Pacto de San José da Costa Rica (art. 7º.,7), ambos do ano de 1992, não há mais base legal para a prisão civil do depositário infiel, pois o caráter especial desses diplomas internacionais sobre direitos humanos lhes reserva lugar específico no ordenamento jurídico, estando abaixo da Constituição, porém acima da legislação interna. O status supralegal dos tratados internacionais de direitos humanos subscritos pelo Brasil, dessa forma, torna inaplicável a legislação infraconstitucional com ele conflitante, seja ela anterior ou posterior ao ato da adesão. Assim ocorreu com o art. 1287 do CC de 1916 e com o Decreto-Lei 911/1969, assim como com relação ao art. 652 do novo CC”
(RE 466.343, Rel. Min. Cezar Peluso, voto do Min. Gilmar Mendes, j. 03/12/08)
FEDERALIZAÇÃO DOS CASOS DE GRAVE VIOLAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS
ART. 109 - CF
Aos juízes federais compete processar e julgar:
(...)
V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo
(...)
§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal.
INCIDENTE DE DESLOCAMENTO DE COMPETÊNCIA (IDC)
(SÓ PODE SER AJUIZADO PELO PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA PERANTE O STJ)
IDC 01 – negado
(caso Dorothy stang)
Idc 02 - deferido
(caso ativista Miguel mattos)
REQUISITOS PARA PROCEDÊNCIA DO IDC
Existência de grave violação a direitos humanos
Risco concreto de responsabilização internacional decorrente do descumprimento de obrigações jurídicas assumidas em tratados internacionais
Incapacidade das instâncias e autoridades locais de oferecer respostas efetivas
APLICAÇÃO DAS SENTENÇAS DE CORTES INTERNACIONAIS NO BRASIL
ART. 68 PSJCR
1. Os Estados-partes na Convenção comprometem-se a cumprir a decisão da Corte em todo caso em que forem partes.
2. A parte da sentença que determinar indenização compensatória poderá ser executada no país respectivo pelo processo interno vigente para a execução de sentenças
contra o Estado.
 
“ (...) Assim, para o Estado brasileiro, bem como para todos os outros que aceitam a
competência jurisdicional da Corte, as sentenças da Corte Interamericana são obrigatórias e
têm como objetivo assegurar às vítimas o gozo de seu direito ou liberdade violados, a
reparação de consequências ou o pagamento de indenização, além de promover a adoção de
ações corretivas, por parte dos Estados, para as deficiências dos sistemas judiciários
nacionais.”
Diogo Pignataro de Oliveira
ÂMBITO DA CONVENÇÃO AMERICANA DE DHS
INADIMPLEMENTO DE
 OBRIGAÇÃO DE FAZER OU NÃO FAZER
“No que se refere a condenações cujo conteúdo envolva obrigação de fazer ou não fazer, inexistiriam maiores problemas para o beneficiário da sentença, uma vez que este teria o mandado de segurança ou, mesmo, o procedimento descrito no art. 461* do Código de Processo Civil – referente ao cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer –, para dar efetividade à sentença da Corte.”
Diogo Pignataro de Oliveira
* ART. 497 N0V0 CPC 
Lei Federal 1.533, de 1951 - Art. 1º 
 Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas-corpus, sempre que, ilegalmente ou com abuso do poder, alguém sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça
INADIMPLEMENTO DE
 REPARAÇÃO DE CUNHO PECUNIÁRIO
“A controvérsia estaria, assim, em relação ao cumprimento da parte em que se determinar “pagamento de indenização justa à parte lesada”. Tem a doutrina entendido que a execução de sentenças da CIDH contra o Estado brasileiro, nessas situações, seguirá o rito das execuções contra a Fazenda Pública, sujeitando-se, por conseguinte, ao sistema de precatórios. Seguindo essa linha de pensamento, a despeito de não constar expressamente dentre os títulos executivos judiciais enumerados no art. 475-N* do Código de Processo Civil (CPC), a sentença proferida pela CIDH deve ser assim considerada.”
Diogo Pignataro de Oliveira
ART 515 NOVO CPC
Art. 515. São títulos executivos judiciais, cujo cumprimento dar-se-á de acordo com os artigos previstos neste Título:
I - as decisões proferidas no processo civil que reconheçam a exigibilidade de obrigação de pagar quantia, de fazer, de não fazer ou de entregar coisa;
II - a decisão homologatória de autocomposição judicial;
III - a decisão homologatória de autocomposição extrajudicial de qualquer natureza;
IV - o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal;
V - o crédito de auxiliar da justiça, quando as custas, emolumentos ou honorários tiverem sido aprovados por decisão judicial;
VI - a sentença penal condenatória transitada em julgado;
VII - a sentença arbitral;
VIII - a sentença estrangeira homologada pelo Superior Tribunal de Justiça;
IX - a decisão interlocutória estrangeira, após a concessão do exequatur à carta rogatória pelo Superior Tribunal de Justiça;
X - (VETADO). (...)
“ (...) É de se esperar que todos os Estados Partes busquem equipar-se para assegurar a fiel execução das sentenças da Corte Interamericana. Por enquanto, o alentador índice de cumprimento - caso por caso - de todas as sentenças da Corte Interamericana até o presente se deve sobretudo à boa fé e lealdade processual com que neste particular os Estados demandados têm acatado as referidas sentenças, também contribuindo desse modo à consolidação do sistema regional de proteção.
Mas não se pode daí inferir que a execução de tais sentenças esteja legalmente assegurada, no âmbito de seu ordenamento jurídico interno. Exceto as raras iniciativas acima mencionadas (Colômbia e Peru), a grande maioria dos Estados Partes na Convenção Americana ainda não tomou qualquer providência, legislativa ou de outra natureza, nesse sentido. Por conseguinte, as vítimas de violações de direitos humanos, em cujo favor tenha a Corte Interamericana declarado um direito - quanto ao mérito do caso, ou reparações lato sensu, - ainda não têm inteira e legalmente assegurada a execução das sentenças respectivas no âmbito do direito interno dos Estados demandados. Cumpre remediar prontamente esta situação.”
Antonio Augusto Cançado Trindade
Faz-se necessário que adaptações legislativas e constitucionais sejam levadas a efeito no ordenamento jurídico pátrio promovendo a inclusão entre os títulos executivos judiciais da sentença proferidas pela Corte Interamericana de Direitos Humanos, bem como o disciplinamento do procedimento para seu cumprimento, independentemente da expedição de precatórios para o seu pagamento.

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