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1 • A epiglote é uma parte da laringe e pode ser encontrada na base da língua, funcionando como mecanismo valvar para impedir que o alimento passe pela laringe e chegue à traqueia. Quando o indivíduo alimenta-se, a epiglote fecha a laringe (que se desloca superiormente) permitindo que o alimento se desloque em direção a laringofaringe. É importante lembrar que a laringofaringe é contínua como o esôfago e a laringe é contínua com a traqueia. Esse percurso é importante, pois caso o alimento chegasse as vias aéreas, o paciente estaria predisposto ao quadro de pneumonia aspirativa. • Em casos de vômitos ou em nível de consciência muito baixo, os médicos dizem que é importante deitar o paciente de lado, pois é provável que a epiglote não feche a laringe de maneira adequada, fazendo com que o alimento passe por lá e entre nas vias aéreas superiores, ocasionando uma pneumonia. • Quando há aumento da quantidade de suco gástrico no estômago (exemplo: alta ingestão de churrasco), é possível que ele suba do o esôfago para a laringofaringe, caindo na laringe e ocasionando num quadro de lesão das cordas vocais. Então, a pessoa amanhece com um gosto ruim na boca e a voz rouca. • Entre a base da língua e epiglote, existe uma pequena distância, chamada de valécula epiglótica (vala pequena), sendo ela referência para a intubação orotraquial. • Intubação orotraquial: tipo de veiculação invasiva de via aérea avançada, em que o médico introduz, pela cavidade oral (pela boca), um tubo que vai passar para a laringe, chegando até a traqueia. Para que seja feito o procedimento, são necessário alguns fármacos e um instrumental em mão, sendo o último um tubo, além de um equipamento chamado laringoscópio. A intubação orotraquial é indicada em caso de redução de nível de consciência, fazendo com que o indivíduo não tenha condições de respirar. É importante segurar o laringoscópio sempre com a mão esquerda e com a mão direita introduzir o tubo. • A laringe é uma cavidade oca, com estrutura osteocartilaginosa, composta de mucosa e músculos associados. Ela possui o arcabouço, formando pelo osso hióide, a cartilagem epiglótica e logo abaixo a cartilagem tireoide, que contém a proeminência laríngea (“pomo de adão”, mais comum em homens). Também se encontra a cartilagem cricoida, importante para a anatomia clínica, por se tratar de um lugar de referência pra alguns procedimentos; em cima dela, estão as cartilagens corniculares (lembram “corno”, chifre) e embaixo dela, a 2 cartilagem aritenoide. Existe uma estrutura que liga aritenoide até a cartilagem tireoide, chamado de ligamento vocal. • O osso hioide guarda relação com a epiglote. Ele possui três partes fundamentais: o corno maior, corno menor e corpo do osso hioide, sendo um osso susceptível a fraturas. • A cartilagem cricoide é importante para alguns procedimentos por ser tida como referência. É importante lembrar que abaixo dela inicia- se a traqueia e o esôfago. Entre o osso hioide e a cartilagem tireoida, existe uma membra: membrana tireoida. Entre a cartilagem tireoida e a cartilagem cricoida existe outra membrana: membrana cricotireoída. A cartilagem cricoida lembra um anel, sendo que superiormente a ela tem-se uma cartilagem aritenoide. A cartilagem cricoida tem importância fundamental, porque em sua margem superior inicia-se a traqueia. Além disso, cartilagem cricoide é inferior à cartilagem aritenoide. • Abaixo da cavidade nasal, está a cavidade oral, sendo as duas separadas pelo palato. Na parte posterior da cavidade nasal, está a nasofaringe (outra cavidade), sendo que abaixo dela há outra cavidade, a orofaringe. Abaixo da orofaringe está a terceira parte da faringe, a laringofaringe. Anteriormente a laringofaringe, está posicionada a laringe. • O osso hioide é importante local para a fixação de músculos, que vão fazer a elevação ou a depressão da laringe. A coluna cervical possui sete vértebras cervicais, sendo posicionada na lordose cervical. • Em caso de tumor no esôfago, pode ocorrer o deslocamento da traqueia por efeito de massa. 3 • Os pulmões estão posicionados nas cavidades pulmonares e são revestidos por uma membrana denominada pleura. Ele é dividido em ápice pulmonar e base pulmonar, sendo que o primeiro alcança a primeira costela durante uma inspiração forçada, o que gera repercussão clínica importante, uma vez que o ápice pulmonar guarda relação com os vasos subclávios, pois elas passam superiormente a primeira costela (pois existe um sulco para a veia e artéria subclávia na T1). Quando o médico vai fazer um acesso venoso central subclávio, ele pode atingir o pulmão e consequente perfurar a pleura. O limite inferior dos pulmões é em torno da décima costela, enquanto a pleura pode se expandir um pouco mais. Durante a inspiração forçada, o pulmão enche a cavidade inteira. • Durante a ausculta pulmonar, é necessário tomar cuidado com as escápulas, uma vez que elas podem prejudicar a ausculta respiratória. • Existem duas pleuras: parietal e visceral, sendo que a primeira reveste a cavidade torácica e a segunda reveste o pulmão, o espaço entre elas é denominado cavidade pleural (cavidade virtual) e é revestido de líquido, que permite o deslizamento do pulmão durante a respiração. A cavidade pleural pode-se tornar real em casos patológicos, como a ocorrência da entrada de ar ou de líquido nela. • A pleural parietal é presa à parede torácica por um tecido conjuntivo frouxo, chamado de fáscia endotorácica. 4 • O pulmão direito, como já foi informado anteriormente, é dividido em três lobos: superior, médio e inferior, sendo separados pelas fissuras (horizontal e oblíqua) que nem sempre separam completamente um lobo pulmonar do outro, sendo assim incompleta. Já no pulmão esquerdo, só existe uma fissura (oblíqua) que separa lobo superior e inferior. O lugar em que é penetrado os brônquios, os vasos pulmonares (artéria e veia pulmonar) é denominado Hilo Pulmonar, sendo que inferiormente a ele, tem-se o ligamento pulmonar (local em que a pleural parietal é contínua com a pleural visceral). • O parequêmica pulmonar é irrigado pelas artérias bronquiais e não pelas artérias pulmonares. Essas artérias são ramos da aorta ou podem ser ramos das artérias intercostais posteriores, que por sua vez são ramos da aorta torácica. • No interior do pulmão, existe uma estrutura denominada “árvore traqueobrônquica”, que é formada pela traqueia e suas bifurcações em brônquio principal direito e brônquio principal esquerdo (brônquio primário), que por sua vez se dividem em brônquios lobares (brônquios secundários). Enquanto que, no pulmão direito, existem três brônquios lobares (um para cada lóbulo do pulmão, pois o PD possui três lóbulos), o esquerdo só possui dois brônquios lobares, de acordo seus lóbulos, que por sua vez vão se dividir em brônquios segmentares (terciários) e depois em bronquíolos, que são divididos em compostos, respiratórios e terminais (sem importância clínica). Depois, têm- 5 se os ductos alveolares e sacos alveolares que constituem os alvéolos. O ser humano jovem possui cerca de 300.000.000 de alvéolos. • Os brônquios segmentares vão para cada segmento do pulmão. O pulmão direito, além de ser dividido em três lóbulos e o esquerdo em dois, são divididos em dez segmentos, que recebem um ramo da artéria pulmonar, possuem uma tributária da veia pulmonar e tem um brônquio próximo. Além disso, eles são separados entre si por um tipo de conjuntivo, por isso, pode ser extraído um segmento em caso de tumor. • Os bronquíolos não possuem cartilagem, mas possuem músculo liso em torno deles, o que tem importância clínica. Existe uma condição patológica na qual o músculoliso dos bronquíolos é estimulado a se contrair devido um processo inflamatório, o que vai gerar uma redução do calibre dessa estrutura, dificultando a passagem de ar, o que gera dispneia (falta de ar) no indivíduo, doença que é conhecida como Asma. Diagnosticada com o “sibilo” na ausculta pulmonar (som semelhante ao de um assobio). O tratamento da Asma é feito com anti-inflamatório corticoide (visando reduzir a inflamação) e bronquiodilatadores (com o intuito de voltar induzir a vasodilatação dos bronquíolos estenosados). • O sangue chega pelos ramos da artéria pulmonar, a nível alveolar a hematose (entre os capilares próximos aos alvéolos) e o sangue oxigenado é recolhido por tributárias das veias pulmonares, que irão retornar para o átrio esquerdo. 6 • Casos clínicos relacionados com o Sistema Respiratório: 1. Pneumotórax: Entrada de ar na cavidade pleural, fazendo com que o pulmão não consiga se deslizar em seus movimentos respiratórios (colapso pulmonar). Durante a ausculta pulmonar, não se escuta nenhum som e a percussão está hipotipânica. Isso ocorre durante uma perfuração pulmonar, através da cavidade torácica. 2. Hemotórax: Sangue na cavidade pleural. • A Toracocentese é a retirada de líquido da cavidade pleural. A agulha deve ser introduzida através do espaço intercostal junto a margem superior da costela inferior, pois a margem inferior da costela pode atingir o feixe vásculo nervoso intercostal, ou seja, o médico precisa evitar o sulco costal e a lesão dos nervos intercostais. • O tórax possui uma abertura superior e uma abertura inferior, sendo separado do abdome pelo músculo diafragma. Anteriormente e lateralmente, a parede torácica é formada pelas costelas e pelos músculos intercostais, posteriormente têm-se a coluna vertebral e toda sua musculatura. Ao todo, são 12 vértebras torácicas e doze pares de costelas. • O diafragma é o principal músculo da respiração. Durante são contração, ocorre a inspiração e durante seu relaxamento, o indivíduo expira. Em conjunto com a parede torácica, o diafragma cria uma pressão negativa para que o ar passe de um local de maior pressão para um de menor pressão. Além de proteger os órgãos, sua principal função é a de sustentar o espaço interno costal durante a criação dessa pressão negativa, ou seja, o diafragma mantém o espaço intercostal separado para que a cavidade pulmonar não fique menor. • Além disso, os músculos intercostais auxiliam na respiração, visando que os músculos intercostais internos estão envolvidos na expiração, enquanto os músculos intercostais externos e os íntimos estão envolvidos na inspiração (acessórios da respiração). Também existem músculos acessórios da respiração do pescoço: musculo nome difícil e músculo escaleno. • O diafragma possui uma parte muscular e uma parte tendínea (centro tendíneo), existindo abertura para passagem de estruturas anatômicas como: veia cava inferior, aorta descendente e esôfago. Entre o diafragma e a parede torácica, existe um recesso 7 denominado seio costofrênico. O diafragma é inervado pelo nervo frênico (direito e esquerdo). • Origem do nervo frênico: Entre a artéria carótida comum e a veia jugular interna, encontra- se o nervo vago (direito e esquerdo), que dá origem ao nervo laríngeo (direito e esquerdo) recorrente, que por sua vez é responsável pela inervação dos músculos da laringe (com exceção do músculo criqueotireoide) e guarda relação com a glândula tireoide, tendo implicação clínica, pois durante a tireoidectômia pode ocorrer a lesão desse nervo, causando disfonia. Lateralmente a veia jugular interna, tem-se o nervo frênico, que guarda relação com o músculo escaleno anterior (o nervo frênico está localizado anteriormente ao M.E anterior), que está fixado na primeira costela, entre a veia subclávia e artéria subclávia. • O sistema digestório está associado a mastigação, digestão química e enzimática, absorção dos nutrientes e eliminação dos resíduos. • O trajeto do alimento tem início na cavidade oral, delimitada em sua abertura pelos lábios superiores e inferiores, sendo que a distância entre os dois é chamada de rima. Dentro da cavidade oral, existe uma distância entre os lábios e os dentes denominada vestíbulo da boca e assim que se ultrapassa os dentes, entra-se numa cavidade chamada cavidade própria da boca, que é ocupada pela língua. Posteriormente a língua, é possível visualizar algumas estruturas que estão na orofaringe, tais como: as tonsilas palatinas, que estão dentro dos arcos palatoglosso e palatofaríngeo, o palato mole e a úvula palatina. O indivíduo adulto possui, geralmente, 32 dentes permanentes enquanto as crianças possuem 20 dentes chamados de decíduos. • O teto da cavidade própria da boca é formado pelo palato, que é formado por dois ossos: osso palatino e osso maxilar. Posteriormente, o palato possui uma parte mole denominada palato mole, formado por um conjunto de músculos. 8 • Entre os dentes inferiores, encontra-se a língua, que possui um ápice (ponta da língua) e uma base (raiz da língua, guarda relação com a epiglote) e também o corpo da língua. Essa estrutura possui uma importância fundamental em relação a degustação, graças as papilas gustativas, responsáveis pela capacidade de sentir o gosto dos alimentos. Existe uma parte da língua, localizado no final do corpo em direção a raiz e em formato de V, denominado Sulco Terminal, e em sua extremidade, é encontrado o forame cego. Lateralmente à raiz da língua, têm-se as tonsilas palatinas, localizadas entre os dois arcos (palatoglosso e palatofaríngeo) que são músculos do palato mole. Posteriormente a raiz da língua, está localizada a epiglote e entre ambas, têm- se a valécula de glote. Dentro do palato mole, existem inúmeras glândulas palatinas, responsáveis pela produção de muco. Toda a mucosa oral é extremamente irrigada, sendo um importante local para avaliação clínica de hidratação, icterícia, entre outros parâmetros. Na cavidade oral, inicia-se o processo de digestão, tanto a mecânica (processo de trituração dos dentes) quanto a química (enzimas, tais como a ptialiana e amilase salivar iniciam a digestão de carboidratos). • O palato duro possui a sutura palatina, localizada no plano medial, que é resquício do desenvolvimento embriológico. Entretanto, nem sempre essa estrutura é formada, fazendo com que a criança possa ter uma fissura no palato, denominada Fenda Palatina, que pode ser acompanhada de uma fissura no lábio, além de poder estender-se até a cavidade nasal. Pode também ser unilateral ou bilateral (lábio leporino). Depois do nascimento da criança, o médico precisa fazer o exame clínico detalhado, podendo colocar a mão no palato da criança a fim de observar se o indivíduo possui alguma alteração na formação do palato. 9 • A mandíbula é um osso divido em corpo e ramo, fazendo também um ângulo (denominado ângulo da mandíbula). Existem dois processos no ramo da mandíbula chamados de processo condilar e o processo coronóide. O processo condilar articula-se com uma fossa do osso temporal, denominada fossa da mandíbula. Na junção do osso temporal com o processo do condilar da mandíbula, está localizada a articulação temporo- mandibular, tradicionalmente conhecida como ATM, que está envolvida em algumas disfunções. • O processo de digestão mecânica necessita de músculos para atuarem sobre a articulação temporo-mandibular, sendo eles: músculo temporal (originado da fossa temporal) que está inserido no processo coronóide da mandíbula e o masseter, que é o principal músculo da mastigação, sendo tão forte que pode até “cortar” a falange, em caso de convulsões.Existem também os músculos pterigoides (medial e lateral) que auxiliam nesse processo. A mastigação é controlada pelo nervo trigêmeo, quinto par craniano (origem direta do encéfalo). Todos os movimentos realizados pelas mandíbulas estão relacionados com esses quatro músculos. • Disfunções da articulação temporo-mandibular: 1. É a inflamação da articulação temporo-mandibular que pode estar relacionada com o Bruxismo, também relacionado com o estresse, transtorno de humor e ansiedade. O indivíduo realiza intensa 10 contração do masseter, causando desgaste na superfície dos dentes e mais tarde desenvolvendo a disfunção. • Existem vários músculos que se fixam na língua, sendo denominados músculos extrínsecos da língua e responsáveis pela sua movimentação, são inervados pelo nervo hipoglosso, décimo segundo nervo craniano. Tais músculos possuem relação com o osso hioide. • A língua mistura o alimento com a saliva, fomentando o bolo alimentar. Sabe-se que existem três glândulas salivares: glândula parótida, submandibular e sublingual, sendo que a primeira guarda relação com o músculo masseter e com a mandíbula. Essa glândula guarda importante relação com a Caxumba, doença famosa no início do século e de origem viral, que causa a inflamação da parótida. Atualmente, a patologia é pouco comum graças a vacinação. A saliva produzida pela glândula é lançada pela cavidade oral através do ducto parotídeo, responsável por conduzir a saliva de glândula parótida ao interior da cavidade oral. Esse ducto passa lateralmente pelo masseter e perfura o músculo bucinador (um dos músculos da expressão facial, formando a musculatura da bochecha), abrindo na altura do segundo molar superior. • As glândulas sublinguais estão localizadas abaixo da mandíbula, existindo uma direita e outra esquerda e a abertura do seu ducto está localizada abaixo da língua, numa estrutura chamada frênulo da língua. Algumas pessoas nascem com o frênulo da língua curto, fazendo com que o a “língua fique presa” e prejudicando a fala. Nem todos os casos de “língua presa” gera proporção clínica para que seja necessária a cirurgia. Além do frênulo da língua, nós também possuímos frênulo labial. A lembrança de um alimento faz com que a pessoa salive. • As glândulas submandibulares • Cálculo salivar: a saliva começa a formar cristais que mais tarde se tornarão pedras e obstruirão o ducto parotídeo. Assim, a saliva fica retida no interior da glândula parótida, o que causa intensa dor. O médico, então, irá realizar a retirada do cálculo do ducto parotídeo. 11 • Depois da cavidade oral, o alimento é lançado na orofaringe, laringofaringe e na margem inferior da cartilagem cricoida inicia-se o esôfago. • A faringe é um órgão muscular, com vários músculos associados a ela. Ela é unida ao esôfago na junção faringoesofágica, local em que há um estreitamento do esôfago, sendo chamado de constrição faringoesofágica, local em que está localizado o esfíncter esofágico superior. • O esôfago é um tubo muscular oco responsável pela condução do alimento da faringe até o estômago. Ele possui duas camadas musculares: circular e longitudinal e toda sua estrutura é voltada para o peristaltismo (contração da musculatura da parede do esôfago para a realização do deslocamento do bolo alimentar). Inicialmente, esse órgão possui determinada 12 quantidade de células musculares estriadas, mas aos poucos vai desenvolvendo células de músculo liso. Na parte torácica, o esôfago possui um segundo ponto de estreitamento, denominado constrição bronquioaortica, que é o ponto responsável pela relação entre o esôfago, arco da aorta e brônquio principal esquerdo, além do átrio esquerdo. Existe um terceiro estreitamento do esôfago, denominado constrição diafragmática, que existe no momento em que o esôfago atravessa o diafragma. É válido relembrar que o diafragma possui uma abertura denominada hiato esofágico, onde ocorre a passagem do esôfago, gerando o esfíncter esofágico inferior devido a compressão que o músculo faz contra o esôfago. Esse esfíncter possui importância fundamental para o trato gastrointestinal, uma vez que ele evita que o conteúdo ácido do estômago retorne ao esôfago (o que pode causar a doença do refluxo). • Assim que o esôfago passa para o abdome, ele une-se com o estômago, sendo que a região Cárdia marca esse encontro. A Cárdia é a primeira parte do estômago que se alarga para se ligar ao estômago. • Algumas pessoas possuem enfraquecimento do esfíncter esofagiano inferior, o que geralmente está associado a obesidade (que causa flacidez nessa musculatura) fazendo com que o estômago deslize em direção ao tórax, patologia denominada Hérnia de hiato. Como o conteúdo do estômago é ácido e a pessoa não possui mais o esfíncter esofagiano superior, ela tenderá a ter pirose (azia). • Como foi visto anteriormente, o tórax é separado do abdome pelo diafragma. Dessa forma, entende-se que o abdome está localizado inferiormente ao diafragma e é delimitado pela pelve. A cavidade abdominal está protegida pela parede abdominal que é dividida em nove quadrantes, sendo seu conhecimento fundamental para a prática médica: hipocôndrio direito, hipocôndrio esquerdo (localizados abaixo das cartilagens costais) e epigástrio (tradicionalmente conhecida como boca do estômago) entre eles. Tem-se também o flanco direito e o flanco esquerdo (região lateral), sendo que entre eles está a região umbilical, fossa ilíaca direita e esquerda (região inguinal), tendo o hipogástrio entre elas. Cada um desses quadrantes possui um órgão contido específico e por isso, é fácil de ser relacionado com alguma patologia, como por exemplo, a Gastrite ocorre na região do Epigástrio, enquanto a inflamação da vesícula ocorre no Hipocôndrio Direito, além da Apendicite ocorrer na Fossa Ilíaca Direita. 13 • Durante a dissecação do abdome, a primeira estrutura visualizada é a pele, seguida pela tela subcutânea que possui uma parte de tecido adiposo, subdividida em duas camadas: fáscia de Camper ou camada aureolar – a mais externa – e a fáscia de Scarpa - mais interna – que inclusive só existe na parede anterolateral do abdome, pois assim que chega a pelve, já possui outro nome. Diferentemente da fáscia de Scarpa (além do tecido adiposo, também possui tecido conjuntivo), a fáscia de Camper reveste o corpo inteiro. Depois do tecido adiposo, surge o músculo obliquo externo (continuação do músculo intercostal externo no abdome) que possui fibras em sentido de “mão no bolso do jaleco”. Esse músculo possui uma parte muscular e uma parte aponeurótica, sendo a última extremamente importante para a clínica médica, devido a formação do canal inguinal e consequentemente seu ligamento (ligamento inguinal). Profundamente ao músculo obliquo externo, encontra-se o músculo oblíquo interno, que possui as fibras em estilo “mão sobre o peito” e mais internamente está o músculo transverso do abdome, com suas fibras dispostas em sentido horizontal. • A aponeurose é um tipo de tecido conjuntivo que é parte do músculo e funciona como membrana. • As aponeuroses do músculo oblíquo externo, oblíquo interno e transverso do abdome forma uma aponeurose que vai revestir o músculo reto do abdome (direito e esquerdo). Esses músculos retos do abdome, tanto o da direita quanto o da esquerda ficam guardados dentro da bainha do músculo reto do abdome, que é formada (como já foi explicado antes) a partir da aponeurose dos três músculos da parede anterolateral do abdome. • Entre as duas bainhas existe uma região denominada linhaalba, que é isenta de músculo. • A bainha do músculo reto do abdome é diferente na região supraumbilical e região infraumbilical. Supraumbilical: a lâmina anterior da bainha do reto é formada pela aponeurose do obliquio interno e externo, já a lâmina posterior é formada tanto pelo interno, quanto pela aponeurose do transverso do abdome. Já na porção infraumbilical, a aponeurose dos três músculos passam e formam a lâmina anterior da bainha do reto. 14 • Depois da aponeurose do músculo transverso do abdome, têm-se outra fáscia (em marrom na figura), denominada Fáscia Endoabdominal. Profundamente a fáscia Endoabdominal, têm-se a gordura extra peritoneal, ou seja, fora do peritônio e como última camada, têm- se o peritônio parietal. • A fáscia Endoabdominal, quando está junto do músculo transverso, passa a ser chamada de fáscia transversal e quando está junto dos rins, chama-se fáscia renal. • A estrutura mais importante da região inguinal (virilha) é o canal inguinal que está localizado inferiormente a Espinha ilíaca ântero-posterior. Quando a aponeurose do músculo oblíquo externo chega à região inguinal, ela se encurva, formando o ligamento inguinal, que é um dos limites do canal inguinal. • As fibras musculares do músculo transverso do abdome ficam em 1/3 lateral do ligamento inguinal, enquanto as fibras musculares do músculo oblíquo interno ficam 2/3 laterais do ligamento inguinal, enquanto o terço medial é ocupado pelo reto do abdome (local de fragilidade, devido à ausência dos músculos e presença apenas das aponeuroses e das fáscias) e posteriormente a fáscia transversal (ou Endoabdominal). Toda vez que a alça do 15 intestino consegue entrar no canal inguinal, devido à fraqueza do terço medial ocupado pelo reto do abdome, atingindo a pele, ocorre a Hérnia Inguinal. • Hérnia Inguinal Direta: ocorre quando há enfraquecimento da parede medial do reto do abdome, que já é naturalmente fraca devido à carência de músculo nessa região. A alça do intestino vai adentrar no canal inguinal, comprimindo seus componentes. Ela é mais comum em adultos, pois o anel profundo está fechado pelo processo vaginal. • Hérnia Inguinal Indireta: ocorre devido ao não fechamento do anel profundo pelo processo vaginal, fazendo com que a alça do intestino passe por lá, até chegar ao anel superficial. • Antecedentes da Hérnia Inguinal Indireta: O funículo espermático é responsável por sustentar o testículo no escroto, além de ser o canal pelo qual passam os vasos sanguíneos que irrigam o testículo. O músculo cremáster, responsável pela “movimentação voluntária” do testículo também está situado nessa estrutura. No período embriológico, o testículo estava situado dentro da cavidade abdominal, mas, aos poucos, foi sendo encoberto pelo peritônio visceral e através do gubernáculo, o testículo chegou até a parede anterolateral do abdome, empurrando-a, levando consigo cada um dos componentes desse local. Em conjunto com o peritônio visceral, o testículo forma a lâmina visceral da túnica vaginal e com peritônio parietal forma a lâmina parietal da túnica vaginal, responsável pelo seu próprio revestimento. A fáscia transversal forma a fáscia sistemática interna e o músculo oblíquo interno dá origem ao músculo cremáster. Já o músculo obliquo externo forma a face espermática externa. • Quando o testículo migra, ele passa a ser revestido por várias camadas. Seu caminho até o exterior, dá-se início pelo anel inguinal profundo e termina no anel inguinal superficial. Caso o anel inguinal profundo não feche por ação de uma parte do peritônio denominada processo vaginal, o “caminho” vai estar aberto para o intestino. Esse processo de fechamento ocorre até o oitavo mês de gestação, o que significa, que bebês prematuros possuem o anel inguinal profundo aberto, o que irá gerar a Hérnia Inguinal Indireta. Todo esse processo também explica o porquê da Hérnia Inguinal Indireta ser mais comum em homens, prematuros e bebês. É mais comum ocorrer do lado direito, porque o último testículo a chegar ao escroto é o direito, fazendo com que o processo vaginal direito demore mais para se fechar, o que também explica o fato do testículo esquerdo ser mais inferior que o direito. 16 As vias biliares estão associadas ao armazenamento e a excreção da bile, que é um “suco” que possui papel fundamental na emulsificação das gorduras do quimo. Sua produção é feita pelas células do fígado, sendo cerca de 500 ml por dia e depois disso, ela é armazenada na vesícula biliar, local em que também será concentrada cerca de 10 vezes (essa concentração se deve a superfície aveludada da vesícula, com alto poder de absorção de água). Depois, a bile é lançada na primeira parte do intestino delgada denominada duodeno. • Antes de prosseguir com o conteúdo, é importante, para a prática médica, que o profissional esteja ciente que a vesícula biliar e o fígado estão localizados no hipocôndrio direito e epigástrio, uma vez que essa estrutura está relacionada a uma série de patologias. Mais precisamente, o fígado está posicionado inferiormente ao diafragma e a vesícula biliar na fáscia visceral do fígado (que possui duas fáscias, diafragmática e visceral). O fígado é dividido entre lobo esquerdo e direito, sendo preso ao músculo diafragma. Já vesícula guarda íntima relação com o duodeno e intestino grosso, sendo dividida em três partes: fundo, corpo e colo. • A bile do lobo direito é lançada no ducto hepático direito, enquanto a bile produzida pelo lobo esquerdo é lançada no ducto hepático esquerdo. Esses dois ductos formam outro ducto, denominado ducto hepático comum. Enquanto isso, unindo-se ao colo da vesícula, existe outro ducto chamado ducto cístico, que se une ao ducto hepático comum, formando um grande ducto denominado ducto colédoco. • Por sua vez, o ducto colédoco passa dentro da cabeça do pâncreas (o pâncreas é divido entre cabeça, colo, corpo e cauda) unindo-se ao ducto pancreático principal, sendo a ampola hepato-pancreática (ampola de Vatter) o resultado dessa união. Essa ampola se abre na segunda porção do duodeno. • O duodeno é dividido em quatro partes, sendo também a parte inicial do intestino delgado. Sua divisão se dá pela parte superior, parte descendente, parte inferior e a parte ascendente, sendo a última importante para a prática clínica, devido a formação do ângulo de Treitz, que denota a transição entre duodeno e jejuno (ângulo de Treitz). Todas as hemorragias que ocorrem superiormente ao ângulo de Treitz são ditas hemorragias digestivas altas. • Existe um músculo ao redor do ducto colédoco denominado esfíncter do ducto colédoco que funciona como uma válvula, impedindo que a bile seja lançada no duodeno. Além disso, existe outro esfíncter na ampola hepato-pancreática que também controla a eliminação da bile. Com isso, a bile não vai conseguir passar do ducto colédoco para o duodeno, acumulando-se a ponto de ir para a vesícula biliar. O ducto hepático comum também fica parcialmente fechado, enquanto o ducto cístico fica parcialmente aberto, graças a ação da válvula espiral, auxiliando o “lançamento” da bile na vesícula biliar. Percurso da bile resumidamente: a bile, produzida no fígado, é lançada pelos ductos hepáticos direito e esquerdo, desce pelo ducto hepático comum e vai para o ducto hepático colédoco, onde está localizado um esfíncter que está contraído, fazendo com que a bile não consiga chegar até o duodeno. Com isso, ela vai se acumular no ducto colédoco, passando para o ducto cístico até chegar à vesícula biliar. Como o ducto hepático comum está fechado, a bile 17 não consegue atravessa-lo. Quando é necessário que a bile libere, o esfíncter se abre e a parede da vesícula se contrai, permitindo que a bilechega a ampola de Vatter e depois para o duodeno. • A ampola hepato-pancreática abre-se na segunda porção do duodeno, chamada de parte descendente. Nesse local, existe uma estrutura chamada de papila duodenal maior e uma papila duodenal menor, sendo que a última só existe em algumas pessoas. As enzimas pancreáticas são lançadas no ducto pancreático principal, caem na ampola hepato-pancreática e são eliminadas na segunda porção do duodeno, através da papila duodenal maior. Entretanto, algumas pessoas possuem, além do ducto pancreático principal, um ducto pancreático acessório que se abre na papila duodenal menor (essa variação anatômica se deva a origem embriológica do pâncreas). • Dos 500 ml de bile produzida por dia, nós absorvemos cerca de 400 ml. • Como foi falado, é importante saber sobre a bile e todos os órgãos relacionados a ela, uma vez que tais estruturas estão relacionadas com algumas doenças comuns no cotidiano do clínico. Nos EUA, 10% da população possuem cálculos biliares, principalmente mulheres que fazem uso de anticoncepcional oral. A maior parte desses cálculos é formada por colesterol. Sendo assim, a maior parte das Colecistites (inflamação da vesícula) é causada por cálculos biliares (Colelitíase), ou seja, acúmulo de bile petrificado = pedras na vesícula biliar. Nesse caso, não é necessária a intervenção cirúrgica, desde que as pedras sejam grandes. Entretanto, se os cálculos forem pequenos, pode ser que haja uma complicação da doença, passando a ser chamada de Coledocolitíase, que é, basicamente, a migração das pedras da vesícula para o ducto colédoco ou até mesmo para a Ampola Hepato-Pancreática, obstruindo-os. • Há também, casos em que as enzimas pancreáticas iniciam um processo de digestão no próprio pâncreas, causando uma doença denominada Pancreatite. 18 A parede do abdome é revestida por uma lâmina denominada peritônio parietal, que por sua vez, é continuo com o peritônio visceral, lâmina cerosa que reveste as vísceras, tais como fígado, baço e intestino. Entre o dois peritônios, existe uma cavidade em forma de fenda, chamada cavidade peritoneal, que é virtual, mas pode vir a se tornar real em situações patológicas (paciente com ascite). Dentro dessa cavidade, há uma pequena quantidade de líquido (liquido peritoneal) que permite o deslizamento das vísceras no abdome. Atualmente, a cavidade peritoneal tem sido utilizada na Diálise Peritoneal. A hemodiálise retira, através de uma máquina, as excretas nitrogenadas do sangue como ureia e a creatinina. O peritônio é uma membrana cerosa semipermeável (permite a passagem de algumas substancias, entre elas as excretas nitrogenadas). O médico introduz uma solução na cavidade peritoneal, que é uma estrutura irrigada, fazendo com que as excretas nitrogenadas saiam dos vasos do peritônio e passem para esse líquido no interior da cavidade peritoneal. Assim, o médico retira a solução com o líquido + excretas nitrogenadas. Infelizmente a Diálise Peritoneal não é recomendada para todos os pacientes, pois ela é transitória e recomendada para casos brandos. • Durante a formação do intestino, o peritônio realiza uma porção de dobras. O intestino é resultado de um tubo primitivo, que a partir de rotações e giros, vai assumir o atual formato. Nesse processo, o peritônio realiza algumas dobras, formando algumas estruturas, como o Omento Menor, que é formado pelo ligamento Hepato-Gástrico (fígado – estomago) e o ligamento Hepato-Duodenal (fígado-duodeno). Além do Omento Menor, existe o Omento Maior, que fica na curvatura no estômago chamada de Curvatura Maior. O estômago tem a curvatura menor (Omento Menor) e curvatura maior (Omento maior). Quando o médico faz uma incisão na parede anterolateral do abdome, a primeira coisa que ele observa é o Omento Maior, que também é formado por dobra de peritônio durante a formação do trato digestório. • Posteriormente ao estômago, tem-se a bolsa omental, que está fechada, tendo apenas uma abertura. Se a pessoa toma um tiro na parede posterior do estômago, a secreção vai para esse lugar. • Resumidamente: têm-se o peritônio parietal, que reveste a parede do abdome e o peritônio visceral que reveste a parede de algumas vísceras. Quando as vísceras não são recobertas por peritônio visceral, diz-se que elas são vísceras extraperitonias. Também existem as vísceras retroperitoniais, como os rins, a aorta, o pâncreas, a veia cava inferior e duodeno, que estão localizadas atrás do peritônio. • Além dessas estruturas, também existe o Mesentério, local em que o peritônio visceral e o parietal estão contínuos, por onde também passam os vasos que irrigam o intestino. 19