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Do Suicídio 
 
Histórico 
 
No direito Romano eram punidos os herdeiros do suicida que se matasse por ser 
acusado de delitos aso quais se cominava pena de confisco de bens. Nesses 
casos, como a morte foi meio de preservação do patrimônio familiar, havia o 
confisco dos bens do suicida, salvo se comprovada sua inocência pelos 
herdeiros. Aos soldados que tentassem o suicídio era aplicada, em geral, a pena 
de morte (salvo nas hipóteses de impatientia doloris, aut taedio vitae, aut morbo, 
aut furore, aut pudore). 
O Direito Canônico equiparava o suicídio ao homicídio. Os suicidas eram 
excomungados e a eles era negada sepultura cristã. 
Sob a influência do Direito Canônico, durante a Idade Média o corpo do suicida 
era levado à forca, não poderia ser sepultado e seus bens eram confiscados. A 
tentativa de suicídio era punida segundo o talante do juiz, frequentemente 
equiparada ao homicídio tentado. Contudo, alguns motivos conduziam à 
atenuação da sanção do crime. 
O movimento iluminista condenou a tipificação do suicídio e a aplicação de penas 
incidentes sobre o cadáver do suicida ou sobre seus herdeiros. 
 
No Brasil o Suicídio é Crime? 
 
Não. No Brasil, suicídio não é e nunca foi crime. Aos olhos da justiça brasileira, 
a morte sempre foi causa de extinção de qualquer tipo de pena. E, no caso de 
tentativa frustrada, a não condenação é uma questão de bom senso. 
Bem, do ponto de vista puramente prático, seria ilógico tentar punir alguém que 
se matou: ele está morto e não se processa ou pune um morto. Seria pura perda 
de tempo. 
 
Mas podemos punir alguém que tentou se matar e fracassou? 
 
Não! Aqui não é por conta da impossibilidade prática (afinal, o suicida ainda está 
vivo), mas por conta da impossibilidade legal: não é crime tentar tirar a própria 
vida. 
 
Por que o suicida que não consegue se matar é preso? 
Nossa cultura entende isso como algo que apenas alguém com sérios problemas 
mentais ou emocionais faria. Logo, para evitar que essa pessoa tente se matar 
logo em seguida, a polícia o prende para entregá-lo às autoridades de saúde, 
para que elas possam olhar por seu bem estar até que ele possa voltar a cuidar 
de si mesmo. 
 
Mas há outras três possibilidades de prisão relacionadas ao suicídio. 
 
1) No ato de tentar matar-se, às vezes a pessoa acaba não só fracassando 
em sua tentativa, mas acaba matando ou ferindo outra pessoa, ou 
danificando propriedade alheia. E tudo isso é crime e aquela pessoa pode 
vir a responder criminalmente pelo dano aos direitos alheios. É o caso do 
suicida que se atira e acaba caindo e destruindo a propriedade alheia, ou 
o suicida que abre o gás, causa uma explosão no prédio no qual mora, 
mas não morre. 
 
2) Mais ou menos o mesmo ocorre com quem acaba causando 
congestionamentos ao ficar ameaçando se matar: essa pessoa pode vir 
a responder pelo tumulto ou comoção que provocar. Por exemplo, Lei das 
Contravenções Penais pune quem “praticar qualquer ato capaz de 
produzir pânico ou tumulto” (art. 41). 
 
3) Por fim, cometer suicídio não é crime, mas instigar, auxiliar ou induzir 
alguém a cometer suicídio é crime (contra a vida, e é julgado pelo tribunal 
do júri. art. 122, CP), se a pessoa de fato tentar se matar. É o caso das 
pessoas que fornecem a arma para que o suicida se mate ou das pessoas 
que se gritam para que o suicide se atire do alto do prédio. Aliás, esse é 
o mesmo crime cometido por quem pratica eutanásia. 
 
 
Curiosidade 
 
O maior suicídio coletivo promovido até hoje, teve como mentor James Warren 
“Jim” Jones, americano nascido no Estado de Indiana em 13 de maio de 1931, 
líder de uma seita estadunidense e fundador da igreja TEMPLO DOS POVOS. 
Tudo começou depois que o deputado americano pela Califórnia Leo Ryan, 
recebeu algumas denúncias sobre o Templo Dos Povos, que já tinha se mudado 
para a cidade de Jonestown/Guiana, país no faixa da linha do equador. 
Ryan juntamente como uma comitiva de cindo jornalistas foram visitar o local. 
Chegando lá, não encontrou irregularidades aparentes, mais um dos jornalistas 
recebeu um bilhete de um dos seguidores de Jones, que foi indagado em 
entrevista pelo jornalista sobre o bilhete. Jones ficou extremamente irritado com 
o questionamento, vindo a pedir para eles deixarem o local. 
Já na saída do acampamento um dos seguidores de Jones, tentou esfaquear o 
deputado Ryan, que ficou levemente ferido e seu agressor preso. Porém para 
Jones, o deputado e “seus” jornalistas iriam causar problemas e este ordenou 
um novo ataque. No pequeno aeroporto de Jonestown, enquanto estavam 
embarcando o deputado e sua comitiva foram surpreendidos por um novo 
ataquem, desta vez cinco atiradores desceram de um trator atirando nas pessoas 
que estava ali. Neste ataque o deputado, três jornalistas e uma seguidora de 
Jones foram mortos. 
Jones, ao saber que o plano fora concretizado reuniu todos seus seguidores no 
centro do acampamento e discursou, afirmando “já que eles não vão nos deixar 
viver em paz, vamos todos morrer em paz”, e serviu um suco de uva envenenado 
para todos os seguidores. Este foi o maior suicídio coletivo e infanticídio coletivo 
que se tem registros, sendo ceifadas ali mais de 900 vidas entre adultos e 
crianças de todas as idades. Era 18 de novembro de 1978, este evento ficou 
conhecido como Noite Branca ou Massacre* de Jonestown. (Massacre pois os 
pais envenenaram seus filhos) 
 
Nota... 
 
Ao adentrar ao tema deste trabalho, realizei algumas pesquisas e me surpreendi 
ao me deparar com números alarmantes de profissionais da segurança pública 
que comentem suicídio. 
Em estudos realizados pelo canal de notícias BBC Brasil em julho 2015, o 
números de policiais que já pensaram ou pensam em cometer suicídio chega ao 
alarmante percentual de 33,6% na PM e 20,3% na Policia Civil. (Pesquisa 
realizadas com profissionais de SP e RJ) 
Outro dado que causou espanto foi o número de policiais federais que também 
passam pelo mesmo drama. Em mais de 40 anos, a polícia federal perdeu 36 
policiais no cumprimento de suas funções. E acreditem um terço desse total 
morreu por suicídio apenas entre os anos de 2012 e 2013. (istoé, ed.2285) 
 
FONTES 
Livro – Dos delitos e das penas, Curso de direito penal brasileiro - vol. 2. 
Filmes – Cruzadas, O poço e o pendulo. 
Reportagens – Fantástico 28/11/78, BBC/BR 30/06/15, Wikipédia, Jusbrasil. 
 
FACULDADE DE TALENTOS HUMANOS – FACTHUS 
CURSO DE BACHAREL EM DIREITO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DO SUICÍDIO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UBERABA/MG 
2016 
PEDRO BRITO MATEUS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DO SUICÍDIO 
 
 
 
 
 
Trabalho apresentado como requisito parcial de avaliação na 
Disciplina Direito Penal I 
Professora Roberta Toledo Campos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Uberaba/MG 
2016

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