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12. Violência contra a pessoa 
idosa: algumas reflexões 
Sara Nigri Goldman e Vicente de Paula Faleiros
Impossível falar sobre violência contra a pessoa idosa sem considerar 
que seus alicerces se estabelecem no modo de produção capitalista sob 
o neoliberalismo. Assim, verificamos que, nas sociedades capitalistas, a 
marginalização do segmento idoso é mais evidenciada, pois o mercado 
de trabalho exige um contingente de trabalhadores qualificados em 
relação às novas tecnologias, saudáveis, jovens e dinâmicos.
O documento “Dados sobre o Envelhecimento no Brasil”, elaborado pela 
Coordenação Geral dos Direitos do Idoso, da Secretaria Nacional de Pro-
moção e Defesa dos Direitos Humanos, e obtido graças ao empenho do dr. 
Wilson José Alves Pedro, docente da Universidade Federal de São Carlos 
(UFSCar) em gerontologia, aponta claramente o aumento das denúncias 
contra a violação dos direitos das pessoas idosas (BRASIL, 2013). 
Eis o que o documento revela.
Dados gerais – Disque 100
de janeiro a novembro de 2012, o disque direitos Humanos – disque 
100 realizou 234.839 atendimentos, sendo 10.131 (4,3%) orientações/
disseminação de informações; 155.336 (66,1%) denúncias; 68.651 
(29,2%) repasses de informações à população sobre telefones e endereços 
de serviços de atendimento, proteção e responsabilização presentes 
nos estados e municípios; e 715 (0,3%) de outras manifestações, como 
elogios, sugestões e solicitações.
em comparação ao mesmo período de 2011, todos os módulos 
apresentaram crescimento, sendo o módulo de idosos com 199% o 
334
EnvElhEcimEnto E SaúdE da PESSoa idoSa
maior aumento proporcional ao período, seguido do lGbt com 197%, 
pessoa com deficiência 184%, outros com 125%, criança e adolescente 
com 59% e 26% no de população em situação de rua. 
Módulo temático Janeiro a 
novembro de 2011
Janeiro a 
novembro de 2012
% de aumento
idoso 7.160 21.404 199%
lGbt 2.537 7.527 197%
pessoa com 
deficiência
997 2.830 184%
outros 1.218 2.742 125%
criança e 
adolescente
75.464 120.344 59%
população em 
Situação de rua
388 489 26%
total 87.764 155.336 77%
Tipos de violação contra a pessoa idosa
em relação aos idosos, o ddH registrou 68,7% de violações por 
negligência, 59,3% de violência psicológica, 40,1% de abuso financeiro/
econômico e violência patrimonial, sendo para essa população o maior 
índice dessa violação, e 34% de violência física.
em 2012, a Secretaria de direitos Humanos reafirma seu compromisso 
de trabalhar assiduamente para que se reconheça a legislação dos 
direitos da pessoa idosa, estabelecendo mecanismos a fim de efetivar 
as normatizações nacionais e internacionais. para tanto, coordena 
a elaboração do plano nacional dos direitos da pessoa idosa, que, 
335
Violência contra a pessoa idosa: algumas reflexões 
proposto como uma estratégia integral, materializa o esforço coletivo de 
implementação das políticas públicas desenvolvidas nos últimos anos. 
o plano nacional dos direitos da pessoa idosa tem como finalidade 
estabelecer objetivos nacionais, estratégias e prioridades que servirão de 
base para os programas setoriais e regionais, respondendo às demandas e 
necessidades de uma sociedade cada vez mais preocupada com o respeito 
e a promoção dos direitos fundamentais da pessoa idosa.
o documento na 
íntegra pode ser 
visualizado no 
site: http://www.sdh.gov.br/
assuntos/pessoa-idosa/
dados-estatisticos/ 
dadossobre oenvelhecimento 
nobrasil.pdf/view
Para refletir
o que significa violência para você? Qual é o seu conceito de violência? 
Quais os determinantes da violência? como você descreveria as atitudes 
de violência contra pessoas idosas?
O cenário atual tem redimensionado as formas de regulamentação 
estatal que se traduzem em um processo crescente de transferência de 
responsabilidades públicas para a família, comunidade e sociedade civil. 
Assim, mesmo o universo familiar é atingido diretamente pelo aumento 
do desemprego, precarização das relações de trabalho e principalmente 
pelo distanciamento do Estado na cobertura da proteção social. Em 
consequência, a família passou a ser considerada um núcleo privado 
fundante à proteção social de seus membros, inclusive dos idosos.
O recuo do Estado na efetivação das políticas públicas associado ao 
contexto de mudanças no mundo do trabalho vem incorrendo na 
sobrecarga da família, o que propicia crescer a importância da renda da 
mulher, da criança, do adolescente e da pessoa idosa na manutenção da 
reprodução doméstica. Perpetua-se, assim, a trajetória da família como 
principal responsável pela função econômica, cultural, política e social 
dos seus membros. Portanto, a família está sobrecarregada por inúme-
ras funções, o que pode acarretar impactos que conduzam à violência a 
familiares mais vulneráveis, os velhos, inclusive. 
A violência contra a pessoa idosa não é um elemento novo em nossa 
sociedade. Entretanto, ela cresce em proporções alarmantes. Por medo 
de ameaça, alguns preferem permanecer no silêncio e evitam a denúncia. 
Na maioria das vezes, os idosos, vítimas de violência, sentem-se inse-
guros em denunciar, pois são dependentes de seus agressores, ou seja, 
possuem um vínculo familiar e/ou afetivo com o agressor, além de 
serem limitados fisicamente, temendo uma agressão por parte dele. 
336
EnvElhEcimEnto E SaúdE da PESSoa idoSa
Segundo Camarano (2004), apenas uma pequena fração das denún-
cias é notificada aos órgãos responsáveis em virtude do próprio medo 
por parte das vítimas com relação à ameaça sofrida pelos agressores, 
constituindo-se assim, um pacto do silêncio.
Apesar disso, as denúncias contra violência de idosos têm aumentado, 
embora ainda não reflitam o quadro real, como é usual em situações de 
violência de outros grupos. O Disque 100 nacional acolhe e encaminha 
as denúncias de violência, inclusive contra idosos. 
O registro de ocorrências sobre violência contra a pessoa idosa, de 
acordo com Faleiros (2007, p. 334), ainda é ínfimo, sem organicidade e 
com conceitos diferenciados do que se entende por maus-tratos, negli-
gência, violência psicológica e violência física.
Faleiros considera ainda que, na violência intrafamiliar, o pacto do 
silêncio é rompido, minimamente, em denúncias de ocorrências. Para 
o autor, cada vez mais os idosos estão assumindo a defesa de si mesmos 
ao denunciar as condições de vida que lhe são impostas.
Na opinião de Faleiros (2007, p. 332), a violência contra pessoa idosa é 
uma violação não somente dos direitos consagrados no próprio Estatuto 
do Idoso, mas na legislação civil e penal. Minayo (2005, p. 5) também 
considera o termo “violência contra idosos” como o avesso dos direitos 
consagrados no estatuto. Essas violações podem ser tanto a integridade 
física como a integridade psicológica e ao respeito à pessoa idosa como 
cidadã e membro da sociedade. 
A violência contra a pessoa idosa ocorre de diversas maneiras e, por-
tanto, dependendo do contexto cultural que esteja inserida, torna-se 
difícil sua identificação. Contudo, não podemos tratá-la como algo ine-
rente e natural à condição humana, principalmente quando se refere à 
pessoa idosa, por conta de sua condição fragilizada e vulnerável.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define violência como: “O 
uso intencional da força física ou do poder, real ou em ameaça, contra 
si próprio, contra outra pessoa, ou contra um grupo ou uma comuni-
dade, que resulte ou tenha probabilidade de resultar em lesão, morte, 
dano psicológico, deficiência de desenvolvimento ou privação.” (FREI-
TAS, 2002, p.14). 
A OMS determina violência ou maus-tratos contra o idoso como: “Um 
ato ou uma ação (única ou repetida) ou omissão que lhe cause dano ou 
aflição e que se produz em qualquer relação na qual exista expectativa 
337
Violência contra a pessoa idosa: algumasreflexões 
de confiança.” (INPEA, 1998; ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2001 
apud FREITAS; PY; GORZONI, 2006, p.791).
De acordo com essa definição, por violência consideram-se os abusos 
físicos, psicológicos, sexuais, abandono, negligências, abusos finan-
ceiros e autonegligências. É importante salientar que podem ocorrer, 
frequentemente e ao mesmo tempo, todos esses tipos de maus-tratos.
Como afirma Minayo (2005, p. 5), ao interpretarmos o problema social 
da violência contra os idosos mais profundamente, verificamos duas 
fortes dimensões que se entrecruzam: a coletiva, ou seja, da própria 
sociedade que transmite uma visão negativa acerca do envelhecimento, 
entendidos como “seres improdutivos” e sem utilidade; e aquela resul-
tante do conhecimento adquirido pelo convívio com os idosos, distin-
guindo-se, a partir daí, suas características e necessidades.
Tipos de violência contra idosos 
1. Abuso físico, maus-tratos físicos ou violência física – uso da 
força física com o objetivo de obrigar os idosos a fazer o que não 
desejam, com a intenção de feri-los, provocando-lhes lesão, ferida, 
dor, incapacidade ou morte. Constituem-se nas maiores queixas 
dos idosos e ocorrem quase sempre no seio familiar, na rua, nas 
instituições que prestam serviços a eles, entre outros. Na maioria 
das vezes, o abuso físico traz como consequência lesões e traumas, 
resultando em internações hospitalares que, em alguns casos, levam 
à morte; em outros, são insidiosos e praticamente invisíveis. 
2. Abuso psicológico, violência psicológica ou maus-tratos 
psicológicos – entendido como agressões verbais ou gestuais 
com a intenção de aterrorizar os idosos, humilhá-los, restringir 
sua liberdade e isolá-los do convívio social. Pode ser classificado 
também, de acordo com Freitas (2002), como “a ação de infligir 
pena, dor ou angústia através de expressões verbais ou não-
verbais.” (FREITAS, 2002, p. 791). Alguns exemplos verbais 
podem ser tomados por atos ou não ditos: “Você já não serve 
para nada”, “Você já deveria ter morrido mesmo!”, entre outros. 
Estudos realizados mostram que o sofrimento mental provocado 
por tais maus-tratos acelera ainda mais processos depressivos e 
autodestrutivos em idosos, e os que mais sofrem são os muito 
pobres e/ou dependentes financeira, emocional e fisicamente. 
3. Abuso sexual, violência sexual – diz respeito ao ato ou jogo sexual, 
de caráter homo ou heterorrelacional, que utiliza pessoas idosas 
com o fim de obter excitação, relação sexual ou práticas eróticas 
o livro da 
professora 
Minayo, Violência 
contra idosos (2005), aborda 
todos os tipos de violência e 
está disponível em http://
bvsms.saude.gov.br/bvs/
publicacoes/impacto_
violencia.pdf
338
EnvElhEcimEnto E SaúdE da PESSoa idoSa
por meio de aliciamento, violência física ou ameaças. Em resumo, 
trata-se de todo contato sexual não consentido.
4. Abandono – manifestado pela ausência ou deserção dos 
responsáveis governamentais, institucionais ou familiares de 
prestar assistência à pessoa idosa que necessite de proteção. Alguns 
exemplos podem ser encontrados em nosso cotidiano como: 
o familiar colocar o idoso num quartinho nos fundos da casa 
privando-o do convívio familiar; deixá-lo em abrigo ou qualquer 
outra instituição de longa permanência para se livrar de sua 
presença; conceder a essas entidades o domínio sobre sua vida, sua 
vontade, saúde e direito de ir e vir; permitir que o idoso passe fome 
e outras necessidades básicas; privá-lo de cuidados, medicamentos e 
alimentos exigidos, antecipando sua imobilidade, adoecimento e até 
a morte.
5. Negligência – é a recusa ou omissão de cuidados básicos, 
devidos e necessários à pessoa idosa por parte da família ou 
instituições. Entendida também como a recusa ou falha em exercer 
responsabilidades no ato de cuidar do idoso. Esse tipo de violência 
na área da saúde pode ser observado no desleixo e inoperância dos 
órgãos de Vigilância Sanitária com relação aos abrigos e clínicas. 
O caso da Clínica Santa Genoveva, ocorrido em 1996, ocasião em 
que morreram mais de cem idosos em função da irresponsabilidade 
e maus cuidados com sua higiene, é um exemplo.
6. Abuso financeiro e econômico – consiste na exploração imprópria 
ou ilegal dos idosos, ou ainda a utilização não consentida por eles 
de seus recursos financeiros ou patrimoniais, principalmente no 
âmbito familiar. De acordo com o Ministério Público (MP), 60% das 
queixas referem-se a ações cometidas por seus próprios familiares, 
tais como: forçar procurações para acesso a bens patrimoniais; 
venda de bens e imóveis sem sua autorização; expulsão do idoso do 
seu tradicional espaço físico e social do lar; confinamento do idoso 
em um espaço pequeno dentro de sua própria residência. Muitas 
das vezes, tal violência vem acompanhada de maus-tratos físicos e 
psicológicos que produzem lesões, traumas e até a morte.
7. Autonegligência – refere-se à conduta da pessoa idosa que ameaça 
sua própria saúde ou segurança ao se recusar a cuidar de si mesma.
8. Violência medicamentosa – administração, por parte de familiares, 
cuidadores e profissionais, dos medicamentos prescritos de forma 
indevida, pelo aumento, diminuição ou até exclusão deles. 
para saber a 
respeito da 
violência 
medicamentosa, leia o 
Caderno de Violência contra 
a Pessoa Idosa, da prefeitura 
Municipal de São paulo, 
disponível em: http://midia.
pgr.mpf.gov.br/
pfdc/15dejunho/caderno_
violencia_idoso_
atualizado_19jun.pdf
339
Violência contra a pessoa idosa: algumas reflexões 
Para refletir
você conhece algum instrumento de rastreamento da violência? e 
quando suspeitar ou identificar a violência, como você deve notificar? 
Sabe o que é a Ficha nacional de notificação de violência? 
conheça a lei 
n. 12.461 no link 
http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/_
ato2011-2014/2011/lei/
l12461.htm. ela altera a lei 
n. 10.741, de 1o de outubro 
de 2003, que estabelece a 
notificação compulsória dos 
atos de violência praticados 
contra o idoso atendido em 
serviço de saúde. 
Conforme estudo citado por Minayo (2005, p. 22), uma das formas de 
violência social e relacional que os idosos do Rio de Janeiro mais se 
indignam refere-se principalmente ao modo como são tratados nas vias 
e transportes públicos, configurando, muitas vezes, o direito à gratui-
dade do passe – expresso em lei – uma humilhação e discriminação.
Os homicídios também estão entre as principais causas de morte por 
violência contra os idosos, seguidos de perto pelos acidentes de trans-
portes e quedas. Quase sempre apresentando o mesmo índice, no ano de 
1999, registrou-se o maior índice de homicídios, em torno de 11,47%, 
com decréscimo logo em seguida, tornando a aumentar nos anos de 
2003 e 2005, com índices de 11,31% e 10,74%, respectivamente.
Elevadas também são as taxas de suicídios entre os idosos, apesar de 
não se observar picos de crescimento, oscilando sempre entre 7% e 8% 
em todo o período. Não muito diferente da situação de homicídios, os 
homens tendem a se suicidar mais, e verificam-se algumas distinções 
de comportamento relacionadas à idade. Conforme acentua Minayo 
(2005, p. 23), no total das causas externas para o ano de 2000, na 
faixa de 60 a 69 anos, as proporções de suicídios foram de 9,7% para 
homens e 7,6% para mulheres. Na faixa de 70 a 79 anos, há elevação 
de 10,0% para homens e diminuição de 4,5% para mulheres. Já na 
faixa de 80 anos em diante, diminui para 6,4% para homens e 1,0% 
para mulheres.
Dentre as principais causas externas específicas que demandariam 
a busca por internações hospitalares, é possível destacar: quedas, 
54,1%; acidentes de trânsito (atropelamentos), 10,1%; complicações 
da assistência médica e cirúrgica, 6,5%; agressões, 2,6%; e lesões 
autoprovocadas, 0,6%.
Sobre as principais lesões provocadas por causas externas que ocasio-nam a procura por serviços hospitalares, cabe citar: fraturas, 55,1%; 
lesões traumáticas, 12,7%; luxações, 3,4%; e amputações, 2,4 %.
Os dados da pesquisa realizada por Faleiros (2007, p. 332) sobre vio-
lência contra a pessoa idosa no Brasil evidenciam que as mulheres com 
340
EnvElhEcimEnto E SaúdE da PESSoa idoSa
idade já bastante avançada, compreendida entre 80 anos e mais, são a 
grande maioria das vítimas de violência. Tal fato deve-se à sua vulne-
rabilidade e dependência no que diz respeito às relações de confiança, 
principalmente aquelas estabelecidas no âmbito familiar. 
Tamanha incidência de vitimização entre as mulheres, conforme revela 
Faleiros (2007, p. 367), deve-se ao forte machismo e à construção do 
papel reservado à mulher na sociedade e na cultura, com impactos nas 
relações de poder.
Outra conclusão a que chegou o autor, é que muitas das diversas for-
mas de violência originam-se no conturbado seio familiar. Tal fato não 
pode ser pensado dissociado da sociedade capitalista atual, que gera 
desemprego e condições desumanas de sobrevivência, valoriza apenas 
a ótica do consumo, resultando no conflito intergeracional. Essa situa-
ção, associada à ausência do Estado e à competitividade, é expressa por 
meio de conflitos sociais no âmbito familiar, na luta pela sobrevivência 
e para atender às necessidades do consumo. 
Os idosos, nesse caso, são as principais vítimas dessa armadilha socio-
política que implica as relações familiares, pois são os principais prove-
dores, explorados tanto pelos filhos como pelos netos. 
O autor conclui também que é necessário investigar a fundo o perfil da 
vítima, uma vez que, ao considerar as condições sociais e as relações de 
poder em jogo, a possibilidade de se tornar vítima não é a mesma para 
todos. Isso irá depender tanto da distribuição da população como do 
tipo e da multiplicidade dos atos, riscos, impactos e reações. 
Porém, a violência contra a pessoa idosa tem vertentes no sexo e gênero 
ao se referir à vitimização de mulheres, assim como na faixa etária ao 
contemplar os diferentes segmentos idosos.
Um dado também importante é a presença bem acentuada de agresso-
res vizinhos e outros, que podem ser cuidadores, instituições públicas 
ou privadas, principalmente as mais frequentadas pelos idosos, tais 
como bancos, Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), hospitais 
e outros, bem como os meios de transporte, principalmente ônibus.
Entendemos que todos os tipos de violência devam ser enfrentados 
como questão de saúde pública e cabe primordialmente ao poder 
público enfrentá-los e combatê-los. Como a maior incidência de violên-
cia ocorre no âmbito familiar, há que se repensar estratégias de educa-
ção e saúde que propiciem condições de enfrentamento para tão grave 
341
Violência contra a pessoa idosa: algumas reflexões 
fato. Os idosos que sofrem violência precisam ser protagonistas de seus 
próprios envelhecimentos e, mesmo sendo difícil, criar estratégias cole-
tivas e individuais para se fortalecer como sujeito de direitos.
Em 2001, o Ministério da Saúde publicou a Política Nacional de Redução 
da Morbimortalidade por Acidentes e Violências – Portaria n. 737/2001. 
Essa política objetiva a redução da morbimortalidade por acidentes e 
violências no país, mediante o desenvolvimento de um conjunto de 
ações articuladas e sistematizadas, que abordam todos os segmentos 
etários, incluindo os idosos. São suas diretrizes: promoção da adoção 
de comportamentos, de ambientes seguros e saudáveis; monitorização 
da ocorrência de acidentes e de violências; sistematização, ampliação e 
consolidação do atendimento pré-hospitalar; assistência interdiscipli-
nar e intersetorial às vítimas de acidentes e de violências; estruturação 
e consolidação do atendimento voltado à recuperação e à reabilitação; 
capacitação de recursos humanos; e apoio ao desenvolvimento de estu-
dos e pesquisas. 
O Estatuto do Idoso (Lei n. 10.741), promulgado em 2003, tipifica e 
criminaliza diversas maneiras de violência e obriga a denúncia. O art. 
4º destaca: “Nenhum idoso será objeto de quaisquer formas de discri-
minação, violência, crueldade ou opressão, punidos, na forma da lei, os 
atentados aos seus direitos, por imperícia, imprudência ou negligência.” 
Sendo, no inciso 1º, apontado: “É dever de todos prevenir a ameaça ou 
violação aos direitos do idoso.” 
A Lei n. 12.461/2011 altera o art. 19 desse estatuto para prever a 
notificação compulsória dos atos de violência praticados contra idosos 
atendidos em estabelecimentos de saúde públicos ou privados. A partir 
dessa nova lei, os casos de suspeita ou confirmação de violência contra 
idosos serão objeto de notificação compulsória pelos serviços de saúde 
públicos e privados à autoridade sanitária, bem como obrigatoriamente 
comunicados por eles a quaisquer dos seguintes órgãos: autoridade 
policial; Ministério Público; Conselho Municipal do Idoso; Conselho 
Estadual do Idoso; Conselho Nacional do Idoso. Para efeitos dessa lei, 
considera-se violência contra o idoso qualquer ação ou omissão prati-
cada em local público ou privado que lhe cause morte, dano ou sofri-
mento físico ou psicológico. 
Em 2009, com o objetivo de garantir proteção à vítima e o amparo 
legal aos profissionais de saúde, foi incluída a violência contra a pessoa 
idosa como um agravo na ficha de notificação do Sistema de Infor-
mação de Agravos de Notificação (Sinan). Trata-se de um recurso de 
comunicação com a rede socioassistencial, permitindo não só a correta 
vale a pena ficarmos atentos 
às legislações que norteiam as 
ações de profissionais de saúde 
no enfrentamento e denúncia de 
situações de violência.
342
EnvElhEcimEnto E SaúdE da PESSoa idoSa
identificação do problema, como também a construção de estratégias 
para seu enfrentamento.
As pessoas idosas queixam-se de violência, e a principal delas é a des-
criminação. Uma pesquisa feita pelo SESC/SP, em convênio com a Fun-
dação Perseu Abramo (2007), revelou que: 
Embora inicialmente apenas um em cada sete idosos relate es-
pontaneamente ter sofrido alguma violência por sua condição 
de pessoa idosa, após o estímulo de diferentes formas de maus-
-tratos ou desrespeito, mais de um terço dos idosos informa já 
ter sofrido alguma violência por conta da idade.
Essa pesquisa revelou que 15% dos idosos afirmam haver sofrido vio-
lência ou maus-tratos após os 60 anos, sendo 18% homens e 13% 
mulheres. No entanto, essa violência se manifesta diferentemente, 
conforme o Gráfico 1. 
leia a pesquisa 
Envelhecer é um 
privilégio, da 
Fundação perseu abramo, 
disponível na íntegra na 
biblioteca do ava. 
Fonte: Fundação perseu abramo (2007, p. 249).
Gráfico 1 – Local em que ocorreu a violência e agressor
343
Violência contra a pessoa idosa: algumas reflexões 
Para os homens, 6% das ocorrências de violência ocorreram na rua, 
6% em casa e 2% nos ônibus. Para as mulheres, 7% das ocorrências 
foram em casa, 2% na rua, 1% nos ônibus. Violência contra a Pessoa Idosa: 
ocorrências, vítimas e agressores, pesquisa de Vicente de Paula Faleiros, 
que resultou no livro publicado em 2007, tratou do tema da violência 
intrafamiliar de forma mais profunda.
A pesquisa buscou as ocorrências nas delegacias, Ministério Público, Dis-
que Idoso e Conselhos dos Direitos da Pessoa Idosa. Em 2005, foram 
constatadas 15.803 ocorrências nas 27 capitais brasileiras, onde viviam 
4.067.361 idosos. Na pesquisa, comprovou-se que 60% das vítimas são 
mulheres, e 54,7% dos agressores são filhos e filhas. Os dados referem-se 
apenas às denúncias.
A violência intrafamiliar apresenta expressões tanto de violência física 
como de violência financeira, psicológica e negligência. Na pesquisa do 
professor Vicente de Paula Faleiros (2007), as ocorrências de violência 
física foram detectadas de modo expressivoem todas as capitais. A vio-
lência financeira foi perceptível em 25 capitais, a psicológica em 24, a 
negligência em 23, o abandono em 17 e a violência sexual em 8. Para 
obter mais detalhes, leia o livro. 
a notificação é a comunicação obrigatória de um fato. 
a denúncia é o nome técnico dado à peça processual que dá início à ação 
penal pública. a notificação (comunicação obrigatória do fato) cabe à 
equipe de saúde.
notificar casos de violência é de extrema importância, pois se trata de 
instrumento de combate à violência, uma vez que possibilita o embasamento 
de ações de intervenção em vários níveis. ao tornar público um fenômeno 
que ocorre no privado, é possível perceber que ele é mais comum que se 
imagina, mas nem por isso deve ser banalizado ou normalizado.
Cabe registrar que a violência psicológica se refere não só à discrimina-
ção, mas também à desqualificação, à ameaça e à desvalorização, com 
uma porcentagem de ocorrências entre 40% e 49% em seis capitais e 
de 20% a 29% em oito capitais. 
Para enfrentar esse tipo de violência, é importante que seja feita a 
denúncia no Centro de Referência de Assistência Social (Cras), no Cen-
tro de Saúde, Promotoria, Delegacia do Idoso ou delegacia comum. Esses 
órgãos, todavia, ainda não funcionam de forma articulada e em rede de 
proteção e, muitas vezes, a pessoa idosa precisará de um advogado.
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EnvElhEcimEnto E SaúdE da PESSoa idoSa
A grande maioria das denúncias é anônima, pois as pessoas idosas têm 
um conluio de silêncio para não delatar seus agressores com a intenção 
de não perder o laço, ainda que tênue, com seus filhos e filhas, ou por 
receio de mais violência no ciclo, tensão, ameaça, agressão, reparação, 
perdão e nova tensão.
A questão da violência intrafamiliar é muito complexa, vinculada à 
história familiar com o revidar e ao contexto social de desemprego, uso 
de drogas ilícitas e álcool, consumismo, entre outras.
Sobre esse assunto, reveja o 
Módulo 10, na unidade de 
aprendizagem ii, denominado 
“estrutura e dinâmica da rede 
de atenção à saúde da pessoa 
idosa”. lembre-se de que existe, 
no município ou região, o cras e o 
centro de referência especializado 
em assistência Social (creas) para 
intervenção em conflitos familiares. 
o cras é a referência na ausência 
do creas.
Caderno de atividades 
realize a atividade 1 do Módulo 12. 
pesquise, na 
biblioteca do 
curso do ava, os 
seguintes documentos: 
• Plano Nacional de 
enfrentamento da violência 
contra a pessoa idosa. 
• Texto Viva e Idoso, sobre 
vigilância de violências.
• Portaria n. 936/2004, que 
cria o Sistema de redes de 
enfrentamento e prevenção 
da violência.
• Relatório do Encontro do 
ipea sobre violência. 
• Humanização do 
atendimento a vítimas de 
violência.
• Texto da profa. Maria 
cecília Minayo sobre 
violência.
conheça a Ficha de 
notificação de violência, 
disponível em: http://bvsms.
saude.gov.br/bvs/folder/
ficha_notificacao_violencia_
domestica.pdf ou em 
http://portal.saude.gov.br/
portal/saude/profissional/
area.cfm?id_area=1520
A questão da violência contra a pessoa idosa tem mobilizado o governo 
e o Conselho Nacional de Direitos da Pessoa Idosa. O tema mereceu 
destaque nas três Conferências Nacionais de Direitos da Pessoa Idosa. 
O governo federal articulou um Plano Nacional de Enfrentamento da Vio-
lência contra a Pessoa Idosa. Por sua vez, o Ministério da Saúde estabele-
ceu um Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes em Serviços Sen-
tinela (Viva) com o objetivo de implementar ações de vigilância de causas 
externas, que já vêm sendo executadas a partir de análises do sistema de 
mortalidade ou de morbidade hospitalar. Ele permite conhecer melhor a 
dimensão, magnitude e gravidade desse sério problema de saúde pública, 
possibilitando identificar as várias formas de violências e acidentes, como 
os acidentes de trânsito, de trabalho, quedas, afogamentos, intoxicações, 
violências física, sexual, psicológica, financeira, os maus-tratos, dentre 
outros, que vitimam homens e mulheres em todas as fases de suas vidas. 
A criação de núcleos tem por proposta integrar ações e recursos para 
o enfrentamento dos agravos da violência. Tais núcleos são de natu-
reza acadêmica como as universidades, Secretarias Estaduais de Saúde, 
Secretarias Municipais de Saúde e ONGs. 
O sistema Viva subdivide-se em dois componentes: vigilância contínua 
e vigilância por inquéritos. Cada um deles possui instrumentos de noti-
ficação e coleta de dados distintos, conforme apresentado a seguir: 
 � Ficha de Notificação/Investigação de Violência Doméstica, Sexual 
e/ou outras Violências (autoprovocadas) – utilizada em notificação 
de uso contínuo. 
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Violência contra a pessoa idosa: algumas reflexões 
 � Ficha de Notificação de Acidentes e Violências em Serviços de 
Urgência e Emergência – utilizada como instrumento de coleta em 
pesquisas de demanda e/ou inquéritos (vigilância pontual).
Referências
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