Buscar

TCC SERVIÇO SOCIAL

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 43 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 43 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 43 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

CENTRO UNIVERSITÁRIO INTERNACIONAL UNINTER 
CURSO DE BACHARELADO EM SERVIÇO SOCIAL 
 
 
OZIANE RIBEIRO BEDIM 
2649547 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NEGLIGÊNCIA INTRAFAMILIAR CONTRA A PESSOA IDOSA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RONDON DO PARÁ- PA 
2022 
 
 
OZIANE RIBEIRO BEDIM RU: (2649547) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NEGLIGÊNCIA INTRAFAMILIAR CONTRA A PESSOA IDOSA 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso de 
graduação, apresentado à disciplina e 
Orientação de Trabalho de Conclusão de 
Curso - OTCC, do curso de Bacharelado 
em Serviço Social do Centro Universitário 
Internacional UNINTER, como requisito 
parcial para a obtenção do título de 
Bacharel. 
 
Orientador: Prof. Esp. João Paulo Moreira 
Fernandes 
 
 
 
 
 
 
 
RONDON DO PARÁ- PA 
2022 
 
 
OZIANE RIBEIRO BEDIM RU: (2649547) 
 
 
NEGLIGÊNCIA INTRAFAMILIAR CONTRA A PESSOA IDOSA 
 
Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação, apresentado à disciplina de 
Orientação de Trabalho de Conclusão de Curso - OTCC, do curso de Bacharelado 
em Serviço Social do Centro Universitário Internacional UNINTER / Curitiba-PR, 
como requisito final para a obtenção do título de Bacharel. 
 
 
 
 
Aprovado em: ____ de ___________ de 2022. 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
_____________________________________ 
Professor 1(Titulação e nome completo) 
Instituição 1 
 
 
_____________________________________ 
Professor 2 (Titulação e nome completo) 
Instituição 2 
 
 
_____________________________________ 
Professor 3 (Titulação e nome completo) 
Instituição 3 (Orientador) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedicatória deve ficar no final da 
página e alinhada á direita. 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
Começo por agradecer a Deus por, ao longo deste processo complicado e 
desgastante, me ter feito ver o caminho, nos momentos em que pensei em desistir. 
Não posso deixar de agradecer a esta universidade por ser um espaço que privilegia 
o conhecimento e onde todas as ideias são bem recebidas. 
Deixo também um agradecimento especial aos meus professores, pois sem 
eles esta monografia não teria sido possível. Aos meus pais, eu devo a vida e todas 
as oportunidades que nela tive e que espero um dia poder lhes retribuir. 
Agradeço ainda aos meus amigos e familiares que ao longo desta etapa me 
encorajaram e me apoiaram, fazendo com que esta fosse uma das melhores fases 
da minha vida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A conquista é um acaso que talvez 
dependa mais das falhas dos vencidos do 
que do gênio do vencedor. 
 
(Madame de Staël) 
 
 
RESUMO 
O presente artigo tem, como objeto de estudo, a Negligência Familiar Contra o 
Idoso. Questionando-se qual é a concepção que os idosos têm em relação à 
negligência e o que a mesma causa em suas vidas. O interesse quanto a essa 
temática se deu mediante a realização do estágio supervisionado, em que se 
observaram várias situações de negligência contra o idoso. Partiu-se do pressuposto 
de que esses idosos, em grande parte, sofrem ou já sofreram algum tipo de 
negligência, dentro ou fora de suas casas, principalmente, no seio familiar, e na 
participação de grupos de conviência pode-se ter acesso às informações sobre eles 
e, assim, possivelmente, identificar quando ou se já sofreram algum tipo de 
desmazelo. Desta forma, esta obra tem por objetivo mostrar a negligência familiar 
contra a pessoa idosa e qual o papel fundamental da Assistência Social na solução 
da problemática. Como metodologia, além da experiência obtida no campo de 
estágio, partiu de uma revisão bibliográfica sobre o assunto. Os resultados obtidos, 
percebeu-se que os idosos, ao longo de suas vidas, perdem alguns sentidos, têm as 
dificuldades da idade, e também, muitas vezes, têm problemas com a audição, 
visão, baixa mobilidade, enfim, necessitam que as informações sejam apresentadas 
a eles com diversas estratégias e metodologias. 
 
 
 
 
Palavras-chave: Idoso. Negligência. Assistência Social. 
 
 
 
 
ABSTRACT 
This article has, as its object of study, Family Negligence Against the Elderly. 
Questioning what is the conception that the elderly have in relation to neglect and 
what the same causes in their lives. The interest in this theme was based on the 
supervised internship, in which several situations of negligence against the elderly 
were observed. It was assumed that these elderly people, for the most part, suffer or 
have already suffered some type of negligence, inside or outside their homes, 
especially within the family, and in the participation of groups of conviviality, one can 
have access to information. about them and, thus, possibly identify when or if they 
have already suffered some type of neglect. In this way, this work aims to show 
family negligence against the elderly and the fundamental role of Social Assistance in 
solving the problem. As a methodology, in addition to the experience obtained in the 
internship field, it started with a literature review on the subject. The results obtained, 
it was noticed that the elderly, throughout their lives, lose some senses, have the 
difficulties of age, and also often have problems with hearing, vision, low mobility, in 
short, they need the information be presented to them with different strategies and 
methodologies. 
 
Key-words: Old man. Negligence. Social assistance. 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 09 
2 A VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA IDOSA ............................................ 122 
3 O PAPEL DO ASSISTENTE SOCIAL NA AÇÃO CONTRA A VIOLÊNCIA A 
PESSOA IDOSA ....................................................................................................... 20 
4 DIREITOS E GARANTIAS DA PESSOA IDOSA..........................................25 
5 O SERVIÇO SOCIAL NO TRATAMENTO DA NEGLIGÊNCIA CONTRA A 
PESSOA IDOSA........................................................................................................34 
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 37 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 39 
 
 
 
9 
1 INTRODUÇÃO 
O Presente Trabalho de Conclusão de Curso é fruto de uma revisão bibliográfica 
que busca salientar, argumentar e exaltar a importância da assistência social na 
necessidade negligência intrafamiliar contra a pessoa idosa. Para tanto, torna-se 
importante levantar as causas da ocorrência da negligência intrafamiliar contra a 
pessoa idosa a fim de subsidiar a elaboração de políticas públicas que deem conta 
de enfrentar esta questão, considerando o aumento e expansão do envelhecimento 
populacional e as transformações decorrentes disso. Além, de subsidiar a atuação 
dos profissionais, especialmente os Assistentes Sociais que trabalham no cotidiano 
da intervenção profissional com a questão da violação dos direitos da pessoa idosa. 
As pesquisas na área de Gerontologia e Geriatria estão em desenvolvimento 
considerável, devido ao crescimento da população de idosos a nível mundial. 
Segundo a definição da Organização das Nações Unidas (ONU), são consideradas 
idosas todas as pessoas com idade superior a 65 anos que residem nos países 
desenvolvidos e 60 nos países em desenvolvimento. O processo de envelhecimento 
populacional é um fenômeno nos países desenvolvidos que se tem consolidado nos 
países em desenvolvimento (QUINTANA et al., 2014). 
De acordo com estimativas elaboradas e divulgadas pelo IBGE (2018) o 
número de idosos deverá aumentar. Por volta do ano de 2050, haverá, no Brasil, 
73 idosos para cada 100 crianças. O estudo divulgou ainda que no ano de 2050 a 
população brasileira será de aproximadamente 215 milhões de habitantes.Um 
fator que permite o envelhecimento da população é o aumento na expectativa de 
vida dos brasileiros, hoje de 72,78 anos. Mas apesar disso, ocasionou como 
consequência negativa o aumento de ocorrência em maus-tratos, omissão de 
cuidados, abandono, violência contra este estrato populacional, pois quanto maior 
a população, maior os índices de negligências geradas. 
Os autores Minayo (2003) e Faleiros (2007), conceituam a negligência 
como à recusa ou à omissão de cuidados devidos e necessários a pessoa idosa, 
por parte dos responsáveis familiares ou institucionais. É uma das formas de 
violência contra a pessoa idosa mais presente no país, se manifesta tanto no 
âmbito doméstico quanto institucional, frequentemente, associada a outros 
abusos que geram lesões e traumas físicos, emocionais e sociais, em particular, 
para as que se encontram em situação de múltipla dependência e vulnerabilidade. 
 
 
10 
A negligência familiar acontece devido à sobrecarga do cuidador familiar, falta de 
condições físicas e financeiras, conflitos familiares, vínculos familiares fragilizados 
e o despreparo do cuidador familiar para prestar os cuidados à pessoa idosa 
aliada a políticas públicas incipientes e centralizadas no papel da família como 
cuidadora. 
 O assistente social é um ator de extrema importância para o cidadão que 
envelhece. A ação desse profissional é totalmente sustentada pela legislação 
destinada a este segmento etário. Seu papel fundamental é buscar a viabilização 
das Políticas Públicas, estimulando o protagonismo social dos idosos e seus 
familiares no que tange ao exercício dos direitos a eles destinados. 
 Diante o exposto, a Constituição Federal de 1988, bem como o Estatuto do 
Idoso no artigo 3º e, a Política Nacional do Idoso centralizam na família a garantia da 
proteção social, da sociedade e do Estado. Ressalta também a responsabilidade da 
sociedade e do Estado, juntamente com a família de amparar as pessoas idosas e 
que isto deve ser feito, preferencialmente, nos lares, em detrimento do “asilar”. 
Conforme artigo 230 da CF/88 que dispõe: “A família, a sociedade e o Estado tem o 
dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, 
defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo o direito à vida”. (CF/88). 
 Como objetivo do estudo que é identificar os fatores que contribuem com a 
negligência intrafamiliar contra a pessoa idosa do município de Rondon do Pará e o 
papel do assistente social, iremos caracterizar o perfil da pessoa idosa vítima de 
negligência e, além disso, também analisar a situação socioeconômica e a 
legislação. Teremos também que conhecer as dificuldades encontradas pela família 
em prestar cuidados e o papel do assistente social para que dessa forma, possamos 
traçar possibilidades para a resolução da problemática. Apresenta uma abordagem 
qualitativa, onde o método empregado corresponde ao estudo de caso, que como 
conceitua Gil (2007, p.58) é um estudo aprofundado sobre objetos que podem ser 
um indivíduo, uma organização, um grupo ou um fenômeno e que pode ser 
aplicando nas mais diversas áreas do conhecimento. 
Para tanto, torna-se importante levantar as causas da ocorrência da 
negligência intrafamiliar contra a pessoa idosa a fim de subsidiar a elaboração de 
políticas públicas que deem conta de enfrentar esta questão, considerando o 
aumento e expansão do envelhecimento populacional e as transformações 
decorrentes disso. Além, de subsidiar a atuação dos profissionais, especialmente 
 
 
11 
os Assistentes Sociais que trabalham no cotidiano da intervenção profissional com 
a questão da violação dos direitos da pessoa idosa. Esta fase da vida é única e 
importante, e que traz modificações biopsicossociais as quais devem ser 
respeitadas. Essa etapa de vida não pode ser vista como negativa, pois os idosos 
ainda têm muito a nos ensinar sobre ela. 
São vários os fatores que influenciam e promovem uma certa desordem na 
família, os quais coagulam em uma vulnerabilidade ao desenvolvimento de 
doenças no idoso, pois traz sequelas, provoca isolamento social, depressão, 
abala a autoestima e o bem-estar, gera gastos com a saúde e causa danos 
irreparáveis. Segundo o IESB (2021) no Brasil, as denúncias de violações contra 
essa parcela da população registraram nos primeiros meses de 2021, 33,6 mil 
casos de violência através do Disque 100. Assim, os assistentes sociais 
trabalham diariamente com questões sociais, que os indivíduos vivenciam no 
trabalho, na família, na saúde, habitação, dentre outras, pois comprometido com 
as causas sociais, assumem como agentes políticos de transformação social, 
ultrapassam a execução das políticas sociais e aliam-se aos movimentos sociais 
que garantam o usufruto da cidadania. 
Porém, é necessário que medidas preventivas sejam empregadas no 
intuito de que haja uma maior conscientização sobre assunto, para que assim a 
problemática seja amenizada. Dessa forma, o estudo deste tema torna-se 
importante e é imprescindível que aconteçam outros referentes à temática 
abordada, considerando que o envelhecimento populacional é um fenômeno 
mundial e, em processo de expansão. Em relação ao meio acadêmico esse 
trabalho serve como um instrumento de apoio a estudantes e pesquisadores, que 
objetivam entender a situação da população idosa no país. No que concerne ao 
meio social, o trabalho poderá ser útil, para associações, centros, e demais 
departamentos que tem por finalidade o acolhimento e promoção da qualidade de 
vida para o idoso, podendo ser um recurso informativo para diferentes públicos. 
 
 
 
 
 
12 
2 A VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA IDOSA 
 É natural julgar ser jovem, moço, mas é natural que muitos guardem em 
segredo a sua velhice, neste mundo abraçado pela modernização é de praxe viver a 
contemporaneidade no decorrer dos dias. No entanto, a velhice repousa na 
humanidade, é destinada a todos os que têm vida e não a alguns, em silêncio se 
aposenta para tomar os poucos que lhe resta. Já que a humanidade não pode ser 
imortal, diante de tanta tecnologia, há meios para retardar esse estado de velhice, 
mas que um dia vai chegar. Dessa forma, de acordo com Carbone; Reis (2014): 
A expectativa de vida cresceu enormemente durante o século XX, dando 
um salto nunca antes observado. Em 1900, a expectativa média do 
brasileiro ao nascer era de 33 anos. Hoje é de 68, mais do que o dobro. 
Nos Estados Unidos, evoluiu de 47 para 75 anos no mesmo período, 
chegando ao índice de 80 anos em vários países no fim do século 
passado. Esse incrível aumento da expectativa de vida faz muita gente 
sonhar em chegar ativo e saudável aos 100 ou 120 anos de idade, 
buscando modos de prevenir ou retardar o envelhecimento de nossos 
corpos. (CARBONE; REIS, 2014 p. 269). 
 
 
A individualidade é uma das características mais contraditórias da velhice. 
BEAUVOIR (1990) a considera como “aventura individual” e Teixeira (2008) a 
define como “diferenciada e desigual”. No entanto, essa noção de individualidade, 
compreendida como diferenciação entre as classes sociais, adquire características 
típicas da lógica do capital, no tratamento às questões relacionadas ao 
envelhecimento, nas quais o sujeito velho vem a ser, na contemporaneidade, o 
principal ou o único responsável pelo seu envelhecimento bem-sucedido. Essa 
realidade, segundo Campelo e 
PAIVA (2012, p.116), tem a ver com a “lógica do longo e árduo processo de 
vida e trabalho, desumanizando a velhice dos trabalhadores; lógica que 
responsabiliza e culpabiliza o indivíduo pela tragédia da qual é parte”. 
O processo de trabalho que medeia o envelhecimento da classe trabalhadora 
vai além das suas atividades laborais. Em acordo com Guerra (2011), nas 
concepções teórico-metodológicas marxianas, a relação entre natureza e sociedade 
encontra-se mediada pelo processo de Trabalho, este apreendido enquanto 
objetivação fundante do ser sociale que incorpora a intencionalidade das ações 
humanas e o desenvolvimento da sua essência. Difere da forma como o trabalho foi 
reduzido ao perverso, desigual, competitivo meio de subsistência, servindo aos 
 
 
13 
interesses do capital através da apropriação da mais-valia do trabalhador e de 
outras formas de desvalorização. 
Dessa forma, as condições materiais e objetivas do processo de 
envelhecimento da classe trabalhadora são desenvolvidas no caótico cenário 
marcado pelo desemprego estrutural, baixos salários, empregos temporários ou 
informais, contratos de trabalho precarizados, escassez ou ausência de diversos 
bens e serviços básicos. Ou seja, são as expressões de um fenômeno mais amplo, 
crivado nas sociedades capitalistas chamado de “Questão Social”, associadas às 
tensões da luta de classes, advindas das relações de produção e reprodução 
fundadas na sociedade moderna. 
Este estudo adota a expressão encontrada em Iamamoto (2001, p.10), a qual 
considera a “questão social enquanto parte constitutiva das relações sociais 
capitalistas, apreendida como expressão ampliada das desigualdades sociais: o 
anverso do desenvolvimento das forças produtivas do trabalho social”. Netto (2001) 
esclarece que a expressão “questão social” surgiu no século XVIII para dar conta do 
fenômeno do pauperismo, fruto da primeira onda industrializante na Inglaterra e 
afirma não haver uma “nova questão social” e sim, desdobramentos históricos, 
novas expressões da velha “questão social”, iniciada no processo de 
industrialização. 
 O fenômeno da violência é universal, pois está presente nas diversas 
sociedades. Manifesta-se nas relações sociais entre classes, gêneros, etnias, 
grupos etários, relações afetivas e até mesmo em esferas específicas: Família, 
instituições, comunidades e poder político. Em virtude de tudo isso, sua natureza é 
complexa e multifatorial. Contudo, há grupos especificamente mais vulneráveis a 
sofrer violências, como mulheres, crianças, pessoas com deficiência e pessoas 
idosas. No Brasil, o crescente envelhecimento populacional chama a atenção da 
sociedade, das famílias e do poder público para as diversas formas de violência 
sofridas pelo segmento idoso. Em acordo com Minayo (2005), as diversas formas de 
violência contra os velhos agrupam-se em três tipos: Estrutural, institucional e 
interpessoal ou familiar. A pobreza e a discriminação associadas à desigualdade 
social resultam na violência estrutural. Dessa forma, a violência estrutural, 
associada à violência institucional adquire centralidade neste estudo. 
 A velhice, aqui abordada, atende a uma perspectiva de classe, qual seja a da 
classe trabalhadora. Neste sentido, Alves (2011, p.32) informa: “A classe 
 
 
14 
trabalhadora não se define pelo nível de empregabilidade, mas pela condição dos 
sujeitos sociais que dependem da sua força de trabalho para se reproduzir social e 
materialmente”. Exposta a condições aviltantes, desempregada, com empregos 
temporários ou informais, a classe trabalhadora enfrenta maiores dificuldades para a 
satisfação de suas necessidades. Na velhice, experimenta o resultado do acúmulo 
do processo de exploração do trabalho, vivido ao longo de toda a vida. 
 A pobreza que vulnerabiliza a classe trabalhadora deve ser entendida para 
além da ausência de renda. É também representada pela precariedade ou 
insuficiência de diversos bens e serviços básicos, tais como os de saúde, 
saneamento básico, educação, transporte, assistência social, cultura e lazer. Diante 
desse cenário, evidencia-se a omissão1 do Estado2 na oferta dos mecanismos 
necessários para responder à totalidade das demandas do envelhecimento, via 
Políticas Sociais. Uma vez que, a velhice não é uma fase isolada das demais, e sim 
resultante do que foi construído ao longo de toda a vida. Em outras palavras, no 
Brasil, a classe trabalhadora envelhecida de hoje não contou, como ocorreu em 
países do norte americano e europeus, com o necessário aparato do Estado para a 
sua reprodução, desde o nascimento, ou até mesmo antes dele, e agora 
experimenta a negação da satisfação de suas necessidades, principalmente na fase 
da vida demandante dos maiores gastos. 
 
A violência contra a pessoa idosa está se tornando cada vez mais frequente 
atualmente e tomando rumos exacerbadores, de forma serena as mazelas entram 
em destaque, ganham formas e de maneira evidente repercutem uma realidade 
ainda não tão levada a sério, mas assistida pelas autoridades governamentais, 
sociedade, pelos vizinhos e até mesmo por parte dos familiares a quem compete 
zelar sem limites ao seu nonagenário. Há os que prezem e se sensibilizem de forma 
a compreender que, ainda de cabelinhos brancos, curvado, de suaves passadas e 
_______________ 
 
1 Há o reconhecimento da ausência de Políticas Sociais aos Idosos em situação de risco, ou seja, 
aqueles que estão com os seus direitos violados, no Plano de Ação para o enfrentamento da 
violência contra a pessoa idosa (Brasil, 2005). Ao mesmo tempo em que se afirma essa ausência, 
reconhece a obrigação constitucional e moral do País da proteção aos seus idosos, haja vista os 
diversos tratados internacionais dos quais é signatário. 
2 “[...] Conceito de Estado no capitalismo maduro, que pode ser entendido na perspectiva de que 
possui uma autonomia relativa, e é marcado por diretiva política com consciência de classe, ou seja, 
trata-se de um Estado ampliado com hegemonia burguesa; [...]” (Boschetti & Behring, 2009, p.19.) 
 
 
15 
de gestos brandos, sobre essas características há um ser humano que postula 
devido a alguns fatores de ser compreendido, de ser integrado aos moldes 
contemporâneos de sociedade os quais lhe proporcionará a viver com dignidade e 
de ser feliz até o momento do encerramento do seu ciclo nesta fase da vida. 
Há casos em que a vulnerabilidade se completa com uma face enrugada, 
sinônimo de uma fisionomia cansada e intrínseca aos períodos passados já 
vivenciados e de diversas formas foram desfrutados sem receio algum. Não só a 
violência física, mas psicológica, a negligência e dentre outras mais atingem um 
patamar sem nível e sem receio no sentido de despojá-los a beira das calçadas, nas 
instituições seja ela qual for e de acolhimento. No entanto, a violência é um ato que 
está em todas as esferas sociais, que acontece diariamente em todo o país e no 
mundo. Se tornando um ato corriqueiro, além de ser um constrangimento quando de 
forma físico ou moral, ela atinge todas as categorias sendo familiares ou não, de 
pouca ou média idade, ou que seja idoso, podendo chegar até mesmo, a um recém-
nascido inocente que há pouco, não teve a oportunidade de saudar no novo mundo. 
Logo, entende-se violência segundo Segalla (2005, p. 871) “violência s.f. 1. 
ímpeto; arrebatamento: impressionou-me a violência do abraço. 2. Força; Vigor. 3. 
Agressividade. 4. Agressão; Ataque. 5. Transgressão; Violação: violência contra os 
Direitos Humanos”. Para Mattos (2005, p. 626) violência s.f. 1. Força usada contra 
pessoa ou coisa. 2. Força muito grande. Logo sobrepondo à clareza do significado 
de violência, para o Segalla (2005, p. 871) e Mattos (2005, p. 626) dicionário da 
língua portuguesa, ressalvando Michaud (1989, p. 81): 
A definição de violência é o ato de violentar; e violentar é exercer violência 
sobre; estuprar; forçar, arrombar; desrespeitar; constranger-se, 
desrespeitar-se. Conforme a definição vê-se que a violência é um dos atos 
mais abomináveis da humanidade e que ela se desdobra de várias 
maneiras, em outras palavras, a violência tem várias faces (MICHAUD, 
1989, p. 81). 
 
Se tratando da violência contra a pessoa idosa, quase sempre de um ser 
humano indefeso, em alguns casos apresenta total fragilidade pelo estado que se 
encontra se, estando acamados, sendo cadeirantes, com suas limitações ou não. A 
depender da gravidade desse ato de violência, esta pode causar danos irreversíveisà saúde do idoso, tanto fisicamente ou psicologicamente. Enfim, todos esses tipos 
 
 
16 
de ação ou omissão podem provocar lesões graves e levar o idoso até a morte. Em 
todos esses conceitos acordados, a violência caracteriza-se um ato antissocial 
humano, sem formas e sem limites, desumanas e muitas das vezes impiedosas. 
Consequentemente no sentido de esmiuçar a respeito da temática, violência contra 
a pessoa idosa. Segundo Faleiros (2005) nesse sentido, a violência contra a pessoa 
idosa pode assumir várias formas e correr em diferentes situações, é possível 
dimensioná-la em toda a sua abrangência: 
A-Violência sociopolítica: refere-se principalmente às relações sociais 
mais gerais que envolvem grupos e pessoas consideradas delinquentes 
comuns e as estruturas econômicas e políticas da desigualdade nas 
relações de exclusão/exploração/periferização de conglomerados 
humanos significativos. Dessa violência a os idosos e idosas falam, 
denunciam, tratando-se de uma “violência falada” nos debates, nas 
denúncias comuns nas Delegacias de Polícia. Essa violência atinge idosos 
e não idosos, mas tem sua especificidade ao se aproveitar de situações de 
fragilização ou vulnerabilidade das pessoas idosas para a prática de furtos, 
assaltos, roubos, discriminação aos transportes, discriminação no 
transporte, descriminação social. B-Violência institucional: refere-se a 
um tipo de relação existente nos abrigos e instituições de serviços, 
privadas ou públicas, nos quais se negam ou atrasa o acesso, não se leva 
em conta a prioridade legal, não se ouve com paciência, devolve-se para 
casa, humilha-se por incontinência ou alguma perda, infantiliza-se o idoso, 
hostiliza-se a pessoa idosa, não se ouve sua palavra e não se respeita sua 
autonomia. C-Violência intrafamiliar: é a “violência calada”, sofrida em 
silencio muitas vezes, praticadas por filho, filhas, cônjuges, netos, netas, 
irmãos, irmãs ou parentes e vizinhos próximos, conhecidos da vítima 
(FALEIROS, 2005, p. 43). 
 
Observa-se que o idoso está sujeito a ser violentado de várias formas e 
esses atos violentos denominam-se de vários tipos distintos. Para a violência 
sociopolítica, ela está dentro da sociedade em geral, a um desrespeito perante a 
pessoa idosa quando, por exemplo, ao sair necessitar de um transporte. Mas se 
esse idoso for posto em uma instituição pública ou privada que ofertem serviços à 
pessoa idosa, refere-se à violência institucional e para a violência intrafamiliar, a 
mais preocupante, está centrada dentro da própria família, familiares próximos ou 
não. Por sua vez, a natureza da violência sobre o idoso pode se manifestar de várias 
formas. Segundo Minayo (2005) diante deste contexto, pretende de forma parcial 
facilitar o entendimento sobra à temática, violência contra a pessoa idosa. A seguir 
em destaque a definição das formas de violência, às quais se destacam comumente 
contra a pessoa Idosa: 
A-Violência Física: é o uso da força física para compelir os idosos a 
fazerem o que não desejam, para feri-los, provocar dor, incapacidade ou 
 
 
17 
morte. B-Violência Psicológica: corresponde a agressões verbais ou 
gestuais como objetivo de aterrorizar, humilhar, restringir a liberdade ou 
isolar do convívio social. C-Violência Sexual: refere-se ao ato ou jogo 
sexual de caráter homo ou hetero-relacional, utilizando pessoas idosas. 
Esses abusos visam a obter excitação, relação sexual ou práticas eróticas 
por meio de aliciamento, violência física ou ameaças. D-Abandono: é uma 
de violência que se manifesta pela ausência ou deserção dos responsáveis 
governamentais, institucionais ou familiares de prestaremos corro a uma 
pessoa idosa que necessite de proteção e assistência. E-Negligência: 
refere-se à recusa ou à omissão de cuidados devidos e necessários aos 
idosos por parte dos responsáveis familiares ou institucionais. A negligência 
é uma das formas de violência mais presente no país ela se manifesta, 
frequentemente, associada a outros abusos que geram lesões e Traumas 
físicos, emocionais e sociais, em particular, para as que se encontram em 
situação de múltipla dependência ou incapacidade. F-Violência Financeira 
ou econômica: consiste na exploração imprópria ou ilegal ou ao uso não 
consentido pela pessoa idosa de seus recursos financeiros e patrimoniais. 
G-Autonegligência: diz respeito à conduta da pessoa idosa que ameaça 
sua própria a saúde ou segurança, pela recusa de prover cuidados 
necessários a si mesma. H-Violência Medicamentosa: é administração por 
familiares, cuidadores e profissionais dos medicamentos prescritos, de 
forma indevida, aumentando, diminuindo ou excluindo os medicamentos. J-
Violência Emocional e Social: refere-se à agressão verbal crônica, 
incluindo palavras depreciativas que possam desrespeitar a identidade, 
dignidade e autoestima. Caracteriza-se pela falta de respeito à intimidade; 
falta de respeito aos desejos, negação do acesso a amizades, desatenção a 
necessidades sociais e de saúde (MINAYO, 2005, s.p.). 
 
Desta forma, podemos frisar que as condições de vida que o idoso se 
submete ou aquelas que o idoso é submetido, referentes ao já abordado 
anteriormente, devem ser consideradas situações de risco. Considerando-se o 
seguinte: a violência física além das graves lesões pode levar até a morte, a 
psicológico são todas as formas de menosprezo, de desprezo e de preconceito e 
discriminação que trazem como consequência tristeza, isolamento, solidão, 
sofrimento mental e, frequentemente, depressão, por exemplo, expressões como: 
“você já não serve para nada”; “você já deveria ter morrido mesmo”. 
A violência sexual são práticas eróticas e pornográficas, costumam sofrer 
também de violência física, psicológica e negligência. O abandono a mais comum, 
caracterizada pela própria família. A negligência, por exemplo, na área da saúde, o 
desleixo e a inoperância dos órgãos de vigilância sanitária em relação aos abrigos e 
clínicas. A financeira ou econômica, que pode vir também da própria família, pela 
posse dos bens, pensões, aposentadoria e outras ações cometidos por órgãos 
públicos e privados. A autonegligência, o idoso comete suicídio, atitude de se isolar, 
fica acamado. A medicamentosa, medicação indevida. Emocional e Social, agressão 
verbal, incluindo palavras depreciativas. 
 
 
18 
O Estatuto do Idoso (Brasil, 2003, p.9), homologado há dez anos, prevê no 
seu artigo 9º: “É obrigação do Estado, garantir à pessoa idosa a proteção à vida e à 
saúde, mediante efetivação de políticas sociais públicas que permitam um 
envelhecimento saudável e em condições de dignidade”. Todavia, esse direito não 
contempla a velhice miserável, isolada, abandonada e adoecida. 
A precariedade ou a completa omissão do Estado, mediante as Políticas 
Sociais Públicas, rebate diretamente nas famílias, as quais têm o papel, legitimado 
socialmente, da assistência e cuidado para com os seus velhos. No entanto, os 
diversos arranjos familiares atuais, somados ao pauperismo da classe trabalhadora, 
não permitem ao velho isolado, debilitado e dependente a satisfação de suas 
necessidades e o recebimento dos devidos cuidados por parte da sua família, na 
qual sempre haverá sobrecarga do cuidador. Normalmente esse cuidador é mulher 
e precisa dar conta de uma série de outros papeis, além da assistência ao velho 
dependente de seus cuidados. 
Ente a população idosa brasileira, no ano de 2010, observou-se3 que havia 
16,6% de pessoas com 60 anos e mais vivendo em alguma condição de 
dependência e 13, 59% dessa mesma faixa etária residindo em domicílios na 
condição de outro parente. Tal realidade caminha na contramão do que preconiza a 
Política Nacional de Assistência Social (PNAS), a qual incorpora o caráter da 
Proteção Social articulada com outras políticas. Apontam-se a velhice e a pobreza, 
dentre outras vicissitudes, como indicadores que necessitam de formas 
Institucionalizadas de proteção, a partir de então asseguradaspela Política de 
Assistência Social, através das Proteções Sociais Básica e Especial, organizadas 
no Sistema Único da Assistência Social (SUAS). Conforme está posto na PNAS 
(Brasil, 2004), essas Proteções devem dar conta de fortalecer vínculos familiares e 
comunitários, dentre outras atribuições. Sobre a frouxidão desses vínculos, Teixeira 
(2008) alerta ser advinda da pobreza em que vive a classe trabalhadora. 
Não se pode deixar de registrar a herança histórica da Política de Assistência 
Social, ainda presente nos dia de hoje, marcada pelas concepções da caridade, da 
benemerência e da filantropia, nas quais longe de garantir direitos, subjuga os seus 
usuários a patamares que impossibilitam melhorias efetivas da sua condição e 
_______________ 
 
3 Fonte IBGE. Censos demográficos 1991, 200 e 2010. Recuperado em 05 dezembro, 2012, de: 
http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/idb2011/matriz.htm#socio. 
 
 
19 
principalmente, inviabiliza transformações estruturais na perspectiva da sua classe 
social. Outros entraves da Política de Assistência Social são os parcos recursos 
investidos e a sua utilização enquanto instrumento político partidário, o que não 
permite à política avançar de ações pontuais, focais, descontinuadas, marcas da 
lógica capitalista. 
 Diante desses argumentos, é possível afirmar que a classe trabalhadora 
envelhecida (principalmente a parcela sobrevivente na condição de dependência, 
isolamento, miséria e abandono) permanece aguardando vivenciar o sonho dourado 
denominado “envelhecimento ativo”, ilustrado na recente Política Nacional de Saúde 
da Pessoa Idosa (Brasil, 2006), a qual além de trazer tal conceito, preconiza o 
envelhecimento ativo dentre as suas diretrizes. Fundamenta-se nos princípios da 
independência, participação, dignidade, assistência e autorrealização, além do 
reconhecimento dos direitos das pessoas idosas. Entende a saúde da pessoa idosa 
a partir da “interação entre a sua saúde física, a saúde mental, a independência 
financeira, a capacidade funcional e o suporte social.” (Brasil, 2006, p.04). 
 É possível observar também que a velhice da classe trabalhadora sofre o 
estigma da naturalização das diversas formas de violência. A pobreza à qual está 
submetida tende a mascarar essas violações de direitos e, no máximo, a família é a 
culpabilizada pela complexa totalidade do fenômeno. Quando a família não 
consegue dar conta de cumprir o seu legitimado papel do cuidado e da assistência 
aos seus velhos, cabe ao Estado atender suas demandas e oferecer o suporte 
necessário, seja ao idoso ou à sua família. Ao menos seria o caminho caso fosse 
concretizado o conteúdo das Legislações em vigor no País. 
 
 
 
 
 
 
20 
3 O PAPEL DO ASSISTENTE SOCIAL NA AÇÃO CONTRA A VIOLÊNCIA A 
PESSOA IDOSA 
 
Segundo a Classificação Internacional de Doenças - CID (OMS, 1995) tanto a 
violência quanto os acidentes são classificados como originados por causas 
externas que englobam, agressões (físicas, psicológicas e sexuais), lesões 
autoprovocadas, acidentes de trânsito e de trabalho, quedas e envenenamentos. 
Porém, a diferença crucial entre as categorias violência e acidente está no fato de a 
primeira, além de causar danos à vida de forma geral, é também fruto de um ato 
proposital, enquanto que o acidente é um evento não-intencional. É possível então 
considerar que violência contra o idoso é um ato intencional, que pode ser 
perpetrado tanto por outra pessoa quanto por ele mesmo, como é o caso do suicídio 
ou autonegligência. Destaca-se também que a Organização Mundial de Saúde 
(OMS) definiu durante a Convenção sobre Violência e Saúde, na cidade de Genebra 
em 2002, a violência contra o idoso como: 
 
O abuso pode ser de natureza física ou psicológica ou pode envolver maus 
tratos de ordem financeira ou material. Qualquer que seja o tipo de abuso, 
certamente resultará em sofrimento desnecessário, lesão ou dor, perda ou 
violação dos direitos humanos e uma redução na qualidade de vida do idoso 
(OMS, 2002, p. 5). 
 
 
É importante salientar que em um ato de violência pode se considerar que o 
agressor possui não somente a necessidade de machucar o idoso, mas também a 
necessidade de reafirmar o seu poder sobre ele. Minayo (2004) destaca como os 
mais frequentes tipos de violência a física, que se trata de uso de força física com o 
intuito de machucar o idoso; a violência psicológica, que se trata de agressão verbal 
ou gestual contra o idoso; a violência sexual, que é o ato ou jogo sexual realizado 
contra a vontade do idoso, ou que ele não tenha capacidade de consentir; o 
abandono, que é a ausência de cuidados por parte do responsável legal; a 
negligência, que se refere à recusa de cuidados por parte do responsável pelo idoso; 
a exploração financeira e/ou material, que é o uso não consentido dos bens 
financeiros e/ou materiais do idoso; e por fim, a autonegligência, que é uma conduta 
da pessoa idosa que põe em risco sua própria saúde e segurança. 
 
 
21 
Em todos os tipos de violências descritas há a necessidade de um cuidadoso 
atendimento ao idoso, pois nem sempre os sinais de violência estão aparentes, e é 
frequente também negação do idoso de denunciar seu agressor. Um dos fatores que 
pode dificultar essa denúncia de violência por parte do idoso é que muitas vezes o 
seu agressor é alguém de sua família, o que é caracterizado como violência 
intrafamiliar. 
Esse tipo de violência pode ser definido como ações de violência realizadas 
dentro ou fora de casa por algum membro da família, ou ainda por pessoas com as 
quais o idoso não possui laços de consanguinidade, mas com que ele tenha 
estabelecido uma relação de afetividade, sendo que o ato de violência em si pode 
dar-se de diversas maneiras, algumas mais perceptíveis, outras menos. Nos casos 
de violência intrafamiliar, o ato da denúncia pode ser muito mais delicado, pois 
existem laços afetivos entre a vítima e o agressor, quando não, uma dependência 
entre as partes. 
Nessas situações, é frequente que a vítima não queira falar sobre o episódio, e 
surge a necessidade de uma figura profissional que seja capaz de realizar um 
atendimento detalhado, no qual são analisadas, além das condições físicas do 
idoso, também suas condições psicológicas e sociais. Além disso, existe a 
necessidade de que esse profissional esteja em um ambiente ao qual o idoso possa 
ter fácil acesso, como é o caso dos hospitais, por exemplo. 
Nesse sentido, é fundamental ressaltar que o Estatuto do Idoso, Lei Federal nº 
10.741 de 2003, em seu artigo 19, define que: 
 
Os casos de suspeita ou confirmação de maus-tratos contra o idoso serão 
obrigatoriamente comunicados pelos profissionais de saúde a quaisquer um 
dos seguintes órgãos: I) Autoridade policial, II) Ministério Público; III) 
Conselho Municipal do Idoso, IV) Conselho Estadual do Idoso, V) Conselho 
Nacional do Idoso (BRASIL, 2003). 
 
No entanto, observa-se na fala dos próprios profissionais do HRPA a dificuldade 
existente na denúncia de violência contra o idoso dentro da instituição por diversos 
motivos. Esse fato deve ser questionado à medida que existe uma legislação que 
lança como compulsória a notificação da violência contra o idoso. Tendo em vista 
que no Brasil existe uma legislação que se refere aos direitos sociais do idoso, é 
válido questionar por que ainda existem denúncias de que essa parcela da 
 
 
22 
população – principalmente a que sofre violência – não é devidamente atendida pelo 
sistema de saúde. 
Uma possibilidade levantada nesta pesquisa é que não está explícito no 
cotidiano da saúde as verdadeiras implicações de um ato de violência contra o idoso 
e o seu não atendimento adequado pelo sistema de saúde. Além do mais, ao se 
estudar e analisar o fenômeno da violência contra o idoso, pode se conjecturar que 
muitos profissionais da saúde consideram a violência contra essa parcela da 
população como um reflexode relações familiares frágeis ou falta de preparo de 
cuidadores de idosos, quando, na verdade, a violência contra o idoso pode ser 
considerada como produto de uma série de implicações sociais, frutos do sistema 
econômico vigente, visões estereotipadas dos idosos e falta de amparo pelo Estado. 
Sanches (2008) afirma que: 
 
A violência envolve todo um contexto que vai desde a família até os 
profissionais que prestam serviço ao idoso, bem como o sistema de saúde 
que presta cuidados procurando abarcar as implicações que a situação do 
idoso violentado acarreta (Araújo et AL, 2012, p.108, apud SANCHES, 
2008). 
 
Sendo assim, concorda-se com Zimmerman (2000) ao afirmar que se pode dizer 
que o ato de o idoso dar entrada no HRPA com sinais de violência e não ter seu 
caso denunciado é uma segunda vitimização do usuário, em que existe a 
negligência e o descaso para com aquele usuário, que é detentor de direitos. 
Tal colocação irá explicitar a necessidade de uma articulação de políticas sociais 
no âmbito da saúde para o atendimento de idosos vítimas de violência, de um fluxo 
de atendimento bem articulado nesse contexto e, principalmente, de atuação de um 
profissional que trabalhe em prol da garantia dos direitos do cidadão; ou seja, há a 
necessidade latente da atuação do assistente social. É possível, inclusive, 
considerar o atendimento do Serviço Social aos idosos vítimas de violência tão 
importante quanto o atendimento médico, por abordar a garantia de direitos e não só 
o cuidado de ferimentos físicos. 
Nesse caminho, o assistente social tem papel fundamental no atendimento ao 
idoso vítima de violência pois, como já foi discutido no capítulo I, o ato da violência 
pode ser considerado um fenômeno social, e o assistente social é capacitado para 
atuar nesse âmbito. O assistente social também é peça chave no atendimento ao 
 
 
23 
idoso vítima de violência por sua da sua potencialidade em trabalhar as funções 
educativas, informativas e o fortalecimento social. 
Um exemplo de tal atuação do assistente social ocorre quando, por exemplo, ele 
utiliza-se do instrumento do encaminhamento para orientar o idoso vítima de 
violência sobre quais serviços procurar e como acessá-los, evitando assim que o 
usuário tenha que procurar por conta própria o atendimento necessário em diversas 
outras instituições. Essa é uma ação cotidiana do assistente social no Programa 
Girassol e é a demonstração efetiva da garantia do direito à informação estabelecida 
pelo Estatuto do Idoso. Sendo assim, este trabalho considera o Programa Girassol 
como um potencial garantidor dos direitos do idoso vítima de violência, pois as 
ações realizadas pelo assistente social contribuem para que esse profissional 
oriente o idoso sobre a garantia de seus direitos sociais através de políticas sociais, 
ações e serviços. 
No HRPA, a figura do assistente social, além de ter a possibilidade de responder 
a todas essas demandas apresentadas, ainda tem a potencialidade de investigar e 
atuar sobre o fato de que poucos casos de violência contra o idoso são denunciados 
pelos profissionais de saúde que ali trabalham. Tal afirmação pode ser observada 
pelo fato de que entre os 131 casos notificados no HRPA no período compreendido 
entre fevereiro e setembro de 2011, 76 eram referentes à violência contra crianças e 
adolescentes, 41 contra mulheres e apenas 09 contra idosos, sendo que dos casos 
referentes a idosos, não foi realizado nenhum atendimento psicossocial, devido às 
falhas no preenchimento da ficha de notificação6 . Tal dado, no entanto, se mostra 
contraditório uma vez que, no mesmo período, foram denunciados na Defensoria 
Pública do Distrito Federal 336 casos de violência contra idosos. 
Esses dados levaram ao questionamento: por que o número de casos de 
violência contra idosos denunciados dentro do Hospital Regional do Paranoá é 
relativamente menor do que o número de casos denunciados de violência contra 
crianças, adolescentes e mulheres? Outro fato que é importante frisar é que o 
número de casos de violência contra idosos que são notificados da maneira correta 
no HRPA é menor do que o número real de atendimentos a idosos vítimas de 
violência. 
O assistente social pode atuar abordando aspectos da problemática, como por 
exemplo, fazer uma entrevista social com a família para tentar entender por que 
esse idoso está sendo mal alimentado. Esse tipo de abordagem é muito importante, 
 
 
24 
pois a possibilidade é que esse idoso passe fome não por ser uma vítima de 
maustratos, mas sim, por que essa é uma família de baixa renda que não tem 
recursos para ter uma boa alimentação. A atuação do assistente social nesse 
contexto seria benéfica ao apontar políticas sociais para combater essa problemática 
no âmbito familiar, de forma que não houvesse uma culpabilização da família, mas 
sim uma discussão construtiva que aumentasse a qualidade de vida desse idoso, e 
também da sua família. 
O assistente social tem a possibilidade de se tornar o agente que garantirá o 
direito do idoso de não ser objeto de qualquer tipo de negligência, discriminação, 
violência, crueldade ou opressão, como preconiza o artigo 4º do Estatuto do Idoso. 
Porém, essa ação não está atrelada somente à denúncia efetiva da violência e 
consequente punição do agressor, mas também a um trabalho de conscientização 
da rede de apoio a esse idoso. 
 
 
25 
4 DIREITOS E GARANTIAS DA PESSOA IDOSA 
 
Nos censos demográficos de 1991, 2000 e 2010, o Brasil registrou uma 
população com 189.467.328 pessoas vivendo na condição de baixa renda. Ou ainda 
pior: 16,2 milhões de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza, conforme foi 
publicado no Plano Brasil sem miséria (2012), do Ministério de Desenvolvimento 
Social e Combate à Fome, com referência ao Censo de 2010. Quanto ao segmento 
idoso, apenas 25% dos aposentados têm renda equivalente a três salários mínimos 
ou mais, caracterizando que a maioria dos velhos é pobre ou miserável, ou seja, se 
reproduz socialmente sem os mínimos necessários. 
 No Censo demográfico de 2010, consta uma população idosa de 20.590.599, 
dos quais, 1.623.196 recebiam o Benefício de Prestação Continuada (BPC). Em 
2013, observa-se o aumento do número dos velhos beneficiários do BPC passando 
para 1.751.989 em janeiro; 1.758.906 em fevereiro; e 1.763.297 idosos, no mês de 
março. Esse benefício socioassistencial corresponde a um salário mínimo mensal, 
sendo um dos critérios para sua concessão a renda mensal inferior a ¼ de salário 
mínimo per capita. Ou seja, para pleitear o BPC, a pessoa idosa tem o seu direito à 
previdência social negado e apresenta contexto de miséria individual ou familiar, que 
não cessa com a simples concessão do BPC. 
Outro dado necessário para dar conta dos objetivos deste estudo (Brasil, 2008 
– 2009) revela o percentual de renda familiar utilizado com a assistência à saúde. 
Esse percentual atinge o maior índice nas famílias com renda mensal de até dois 
salários mínimos, perfazendo 7,50%. Entre os que recebem dois e três salários 
mínimos, os gastos atingem o percentual de 6,55% e entre as famílias que somam 
três a seis salários mínimos o percentual gasto foi de 6,19%, do orçamento familiar. 
A sequência apresenta uma escala decrescente de percentual gasto com saúde na 
medida em que aumenta a renda familiar atingindo os 4,38% para as famílias com 
mais de vinte e cinco salários mínimos. Ou seja, esses dados revelam um retrato da 
desigualdade social e da contradição em um país que dispõe de um sistema 
universal de saúde e mesmo assim, a classe trabalhadora, com o menor acesso à 
renda, compromete quase 10% do seu orçamento com a assistência à saúde. 
 Outra realidade que convém ser apresentada aqui tem a ver com a 
escolaridade da população idosa, uma vez que a escolaridade incide diretamente no 
 
 
26 
acesso à renda e repercute sobre a saúde da população, conforme estádivulgado 
no site do Sistema Único de Saúde (SUS) (Brasil, 2011). Tais informações apontam 
os elevados índices de analfabetismo entre o segmento idoso, embora tenha havido 
uma redução nas últimas décadas. O ano de 2010 registrou 26% de seus velhos 
analfabetos, dos quais 46,5% pertencem à Região Nordeste. O analfabetismo 
também favorece a um contexto de vulnerabilidade aos idosos, tornando-os alvos 
fáceis dos diversos tipos de golpes praticados no mercado de consumo, 
configurando o abuso financeiro. Além disso, o fator educação incide também na 
percepção/compreensão que o sujeito idoso tem sobre as diversas formas de 
violência às quais está sujeito, refletindo assim no processo de denúncia e na sua 
consequente notificação. 
 Ainda sobre o aspecto educação, tão importante para dimensionar a 
vulnerabilidade da classe trabalhadora envelhecida em vivenciar o contexto da 
negligência estrutural e institucional, o Censo de 2010, no tocante aos resultados da 
amostra sobre educação e deslocamento, também apresenta os números das 
pessoas que nunca frequentaram a escola ou a creche. Nessa publicação as 
pessoas com 60 anos e mais somaram os maiores números, na comparação com 
todas as outras faixas etárias, atingindo 4 399 254 pessoas idosas. Desse mesmo 
quantitativo, 1 843 925 são do sexo masculino e 2 555 329 são do sexo feminino. No 
que se refere ao ensino superior de graduação, o patamar de idade máximo que 
consta no referido Censo é de 40 anos e mais. Não há referência ao segmento idoso 
da população, no entanto, observa-se um decréscimo, com o aumento da idade, da 
quantidade de pessoas que frequentaram alguma graduação, mesmo sem concluí-
la. A exemplo do exposto, os que tinham 24 anos de idade somam 3 274 256 e os 
que apresentam idade superior a 40 anos totalizam 653 754 (IBGE, 2010). 
 Neste momento é conveniente recorrer mais uma vez à classificação feita 
pela autora Minayo (2005), sobre as formas como a violência se manifesta: (1) 
estrutural, decorrente da pobreza, miséria e discriminações, relacionadas à 
desigualdade social; (2) interpessoal, fruto das relações, comunicações e interações 
sociais do cotidiano; e (3) institucional, de responsabilidade do Estado e Instituições, 
seja pela omissão ou seja pela aplicação inapropriada de mecanismos de gestão das 
políticas sociais. Levando em consideração essas distinções, o presente estudo 
centralizou a abordagem da violência estrutural, agravada pela violência institucional, 
sem desconsiderar a inter-relação desses três tipos. Uma vez que este estudo 
 
 
27 
atende à perspectiva da classe trabalhadora, faz-se necessário dimensionar os 
números de alguns aspectos essenciais a essa classe, reveladores das expressões 
da violência estrutural e institucional que perpassam os indicadores epidemiológicos. 
 Internacionalmente foram estabelecidas tipologias e categorias que 
conceituam as diversas formas de violência praticadas aos velhos. Constam na 
Política Nacional de Redução da Morbimortalidade por Acidentes e Violências, do 
Ministério da Saúde, do ano de 2001, as seguintes classificações: Abuso físico, 
maus tratos físicos ou violência física; Abuso psicológico, violência psicológica ou 
maus-tratos psicológicos; Abuso sexual ou violência sexual; Abandono; Negligência; 
Abuso financeiro e econômico e Auto-negligência (BRASIL, 2001). 
 
As reflexões sobre os idosos começaram em 1956, e a Organização das 
Nações Unidas (ONU) aderiu a esse tema. No entanto, as discussões sobre o 
envelhecimento não ganharam atenção internacional até 1982 - o "Primeiro 
Congresso Mundial sobre Envelhecimento" em Viena. Como resultado do debate, a 
região da América Latina e Caribe desenvolveu um plano de ação, além de várias 
reuniões, sendo uma delas realizada no Brasil. A Constituição Federal de 1988 foi a 
primeira legislação no Brasil a incluir o idoso em seus pré-requisitos de proteção, 
justiça social e direitos humanos. 
O Estatuto do Idoso (2003), em seu único parágrafo 3(5), enfatiza que o 
cuidado ao idoso deve ser realizado principalmente pela própria família, o que não é 
propício ao cuidado abrigado, exceto no caso do idoso. Não tem ou carece de 
condições especiais para se sustentar. 
O referido Estatuto assegura em seu artigo 23, além do amparo às pessoas 
idosas pela família, pela sociedade e pelo Estado, a participação dos idosos na 
comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e assegurando o direito à vida, 
preferencialmente através de programas desenvolvidos em domicílio. 
O artigo 99 do Capítulo II do Estatuto estabelece que expor a integridade, a 
saúde física ou mental do idoso - submetendo-o a condições desumanas, 
degradantes ou privando-o de alimentação e cuidados essenciais ou trabalho 
excessivo/insuficiente - pode resultar em pena de prisão de dois meses a um ano e 
multa. Seus princípios incluem as seguintes prioridades para o atendimento ao 
idoso: atendimento às vítimas de violência, acolhimento de familiares de idosos 
 
 
28 
abandonados em instituições, apoio sociojurídico diante da exclusão social e das 
formas de violência, e garantindo seu direito de subsistência básico. 
A Lei do Idoso (Lei Federal nº 10.741) também prevê dispositivos e 
mecanismos para coibir a discriminação contra o idoso, estabelecer penalidades 
para crimes de abuso, garantir benefícios e consolidar direitos. Reafirmam-se 
também os princípios constitucionais e a Política Nacional do Idoso, além das 
políticas e programas de assistência social, serviços especiais de prevenção e 
atendimento às vítimas de negligência, maus-tratos, exploração, maus-tratos, 
crueldade e opressão, identificação e localização de familiares ou parentes. Tutores: 
Prestar proteção legal e social através de entidades para idosos abandonados em 
hospitais ou instituições de longa permanência, salvaguardar os direitos dos idosos, 
mobilizar a opinião pública e aumentar a participação social dos idosos. 
 
TIPOS DE VIOLÊNCIA 
 
A violência é uma violação dos direitos dos idosos, que podem ser tangíveis 
ou intangíveis. A violência visível é a violência que pode ser observada, como as 
marcas deixadas no corpo. Por outro lado, a violência invisível consiste em 
marcadores psicológicos. A violência, visível e invisível, pode deixar cicatrizes 
profundas nas vítimas. De acordo com a Lei do Idoso, a violência contra o idoso 
pode ser definida como “qualquer ato ou omissão cometido em local público ou 
privado que resulte em morte, lesão ou sofrimento físico ou mental” (Seção 19, 
Capítulo IV, Lei do Idoso), §1) . 
Uma das formas mais comuns de violência é a violência doméstica. Acontece 
em casa, em casa, e marca marcadamente a realidade de uma população cada vez 
mais idosa. É uma forma de violência sofrida silenciosamente, geralmente 
perpetrada por uma filha, filho, neto, cônjuge, irmão ou alguém próximo da vítima, 
implicando "[...] outro, possivelmente até vingança ou mudança. Algumas crianças 
acreditam que podem buscar justiça pelo seu abandono enviando os idosos para um 
abrigo ou abrigo e fornecendo endereços falsos para que não possam ser 
contatados” (FALEIROS, 2007, p. 40). 
A violência doméstica ocorre na casa da vítima, geralmente por familiares. 
Dentre as principais formas de agressão doméstica, destacam-se: física, psicológica, 
financeira, abuso sexual, negligência, abandono e autonegligência, que estão 
 
 
29 
agrupadas na rede internacional INPEA (International Network for the Prevention of 
Elder Abuse). O abuso físico é a forma mais óbvia de violência e pode ser definida 
como agressão física que causa dano, trauma, dor ou incapacidade. 
O abuso psicológico pode ser definido como ações que causam dor, culpa, 
pena ou remorso por meio de palavras ou expressões verbais. Nessa forma de 
violência, os familiares ou cuidadores utilizam meios emocionais contra os idosos em 
benefício próprio. Geralmente, os idosos nãodenunciam o abuso psicológico porque 
os agressores são os próprios familiares e, além de sentirem vergonha e culpa, são 
manipulados pelo agressor. 
O abuso financeiro ou de substâncias inclui o uso impróprio ou ilegal de 
recursos financeiros pertencentes a idosos. Os responsáveis pelos cuidados utilizam 
recursos financeiros para vender mercadorias e não aplicam valores aos cuidados 
dos idosos. Geralmente, os idosos são obrigados a assinar uma procuração para 
garantir que o cuidador tenha total autoridade sobre seus bens, seja um membro da 
família ou um cuidador empregado da família. Às vezes, as casas e os pertences 
dos idosos são roubados, e muitas vezes eles não sabem que foram roubados. 
O abuso sexual pode ser definido como contato sexual não consensual. 
Invadir a privacidade e a modéstia de adultos mais velhos por meio de aliciamento, 
violência física ou ameaças nos cuidados de saúde ou pornografia. Geralmente, está 
associada a outras formas de abuso que levam a danos ou traumas físicos, 
emocionais e sociais, especialmente entre idosos com múltiplas dependências ou 
deficiências. 
A negligência é entendida como a falta de responsabilidade no cuidado ao 
idoso. São os familiares ou o Estado que cuidam do idoso sem garantir sua 
qualidade de vida e bem-estar, deixando o idoso em situações de vulnerabilidade 
como: falta de alimentação, vestuário, cuidados de higiene, abrigo, assistência 
médica ou odontológica adequada, e outros cuidados básicos. 
O abandono caracteriza-se por deixar o idoso sozinho, sem ajuda ou 
proteção. O abandono também se configura quando um familiar transfere a 
responsabilidade para uma instituição de assistência a idosos. Vale ressaltar que o 
abuso de idosos pode ocorrer em conjunto com outras formas de violência, o que 
pode levar à depressão, alienação, TEPT, culpa e negação em idosos. 
 
 
30 
 
POLÍTICAS PÚBLICAS E PREVENÇÃO DA VIOLÊNCIA CONTRA O IDOSO 
 
De acordo com MEIRELLES (2001), dado o crescente envelhecimento da 
população mundial, os casos de maus-tratos e maus-tratos a pessoas idosas 
tornaram-se mais frequentes em todas as culturas e se tornaram mais proeminentes 
desde a década de 1980. A violência contra o idoso é uma realidade alarmante no 
Brasil. Apesar da extensa legislação, as leis que protegem os idosos não estão 
sendo seguidas, expondo homens e mulheres idosos a uma variedade de abusos. 
As políticas públicas desempenham um papel extremamente importante na 
abordagem do abuso de idosos. De acordo com Malagutti (2000), os artigos 10 e IV 
estabelecem o papel da justiça no cuidado ao idoso: promover e defender os direitos 
do idoso, empenhar-se em aplicar as normas relativas ao idoso, determinar ações 
para coibir abusos e danos a direitos . 
Vale ressaltar que as políticas públicas implementadas pelo governo não são 
suficientes para garantir os direitos e a proteção do idoso pela lei, mas apenas como 
medida mitigadora. 
A Comissão Nacional do Idoso foi instituída pela Lei nº 8.842, de 4 de janeiro 
de 1994, no âmbito da Política Nacional do Idoso, com o objetivo de garantir os 
direitos sociais dos idosos e criar as condições necessárias para os Caracterizados 
com 60 anos ou mais. A Política Nacional do Idoso estabelece em seus dispositivos 
os direitos fundamentais do idoso e o acesso a serviços nas áreas de assistência, 
saúde, educação, habitação e planejamento urbano, justiça, cultura, lazer e 
esportes. 
O artigo 18 do Capítulo IV da Lei do Idoso (2004) estabelece o direito à saúde: 
“Os estabelecimentos de saúde devem atender às necessidades dos idosos, facilitar 
a formação e capacitação de profissionais e orientar cuidadores, familiares e auto-
ajuda. grupos”. Dessa forma, os idosos têm direito ao atendimento prioritário no 
Sistema Único de Saúde (SUS), bem como ao direito a próteses, órteses e 
medicamentos gratuitos, principalmente entre aqueles com condições crônicas. Os 
planos de saúde não podem reajustar as mensalidades com base na idade e, se os 
idosos ficarem internados por tempo determinado, têm direito a ser acompanhados 
por um profissional de saúde que os assista. 
 
 
31 
Os idosos também são protegidos pela legislação sobre violência e não 
podem ser vítimas de abandono, violência psicológica ou física, discriminação ou 
qualquer outra forma de violência. Da mesma forma, os idosos não podem ser 
impedidos de exercer seus direitos de cidadania, acesso ao ônibus, dificuldade em 
obter contas bancárias e outros casos de abuso. 
 As instituições que cometeram abusos podem ser investigadas por 
responsabilidade legal nos termos da lei, e podem ser punidas com advertências, 
multas, suspensão parcial ou total de repasses de recursos públicos, suspensão de 
negócios e proibição de pensões. 
Relatórios de agências de refúgio expressam a necessidade de melhorar os 
serviços e mostram que muitas das alternativas e programas propostos são 
simplesmente leis que não são implementadas (Costa & Silvestre, 1999). 
O Regulamento do Idoso, instituído pela Lei nº 10.74.1, de 1º de outubro de 
2003, estabeleceu a proteção do idoso como prioridade absoluta, estabelecendo 
novos direitos e mecanismos específicos de proteção. Esses mecanismos incluem a 
prioridade do atendimento, a melhoria contínua das condições de vida e a 
inviolabilidade física, psicológica e moral do idoso (CENEVIVA, 2004). 
A ausência de políticas públicas contribui para as diversas formas de violência 
que ocorrem em âmbito doméstico. A conduta negligente passa a ser interpretada 
como o resultado da ausência de instituições capazes de promover serviços 
adequados para o atendimento da pessoa idosa, ou mesmo a supervisão adequada 
da atenção e cuidados prestados aos idosos em sua residência ou de seus 
familiares (FALEIROS, 2007). 
Embora no Brasil esteja em vigor uma ampla legislação para o amparo legal 
para idosos, ainda não se observa uma articulação governamental para a efetivação 
de ações, deixando o Idoso sem acesso à uma assistência eficaz. A pessoa idosa 
conta com poucos órgãos públicos e os que existem apresentam estruturas 
precárias e uma comunicação deficiente. 
 
A INTERVENÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL CONTRA A VIOLÊNCIA AO IDOSO 
 
Embora seja possível observar um aumento da expectativa de vida da 
população brasileira, devido aos avanços tecnológicos e da medicina, não tem sido 
possível garantir a qualidade de vida da pessoa idosa. Acredita-se que os casos de 
 
 
32 
violência contra a pessoa idosa ocorram mais em instituições de longa permanência 
do que no ambiente familiar. Essa violência constitui uma violação aos direitos 
humanos, sendo uma das principais causas de lesões, doenças, diminuição da 
produtividade, isolamento e desesperança. 
O lar familiar deve ser o ambiente no qual as pessoas sintam maior 
segurança, paz e tranquilidade, podendo descansar com dignidade na velhice. 
Entretanto, tais ambientes acabam por se tornar um dos lugares onde há o domínio 
da violência. 
Ações concretas para o combate à violência contra a pessoa idosa podem ser 
observadas partir do ano de 1994, com a criação da Política Nacional do Idoso (Lei 
8842/94 e Decreto 1948, de 1966). A Lei Orgânica da Assistência Social - LOAS, de 
1993, possibilitou que as pessoas a partir de 65 anos tenham acesso ao benefício de 
prestação continuada, correspondente a um salário mínimo vigente, desde que a 
renda familiar não ultrapasse a ¼ de salário mínimo per capita. 
De acordo com o Estatuto do Idoso (Lei 10.741/03) a pessoa idosa dispõe de 
todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sendo a velhice um 
direito pessoal, e a sua proteção um direito social. Cabe ao Estado o dever de 
proteção dos direitos reconhecidos por Lei, fiscalizando se esses direitos são 
ameaçados ou violados (art. 43). O referido estatuto ainda determina em seu Art. 4 
que "nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de negligência, discriminação,violência, crueldade ou opressão, e todo atentado dos seus direitos, por ação ou 
omissão, será punido na forma da Lei". O & 1º estabelece que "é dever de todos 
prevenir a ameaça ou violação aos direitos do idoso". Assim, o pacto dos direitos é 
consagrado como estratégia de combate à violência, embora seja possível observar 
uma discrepância entre a legislação e a implementação efetiva desses direitos, 
tendo em vista a permanente violação e a transgressão de direitos por parte do 
Estado, da família e da sociedade. 
O CREAS (Centro de Referência Especializado em Assistência Social) é o 
órgão responsável pelo atendimento das denúncias de violação dos direitos da 
pessoa idosa, sendo a equipe de Assistência Social responsável pela apuração das 
denúncias. Os casos mais comuns são de negligência, abandono e maus tratos. Ao 
se comprovar uma denúncia, as medidas necessárias são tomadas pelo CREAS, 
compreendendo desde uma conversa com os familiares e orientação acerca da 
 
 
33 
responsabilidade legal sobre o idoso até situações mais extremas, como a retirada 
do idoso do convívio com a família visando a preservação de sua integridade física. 
O Assistente Social, é o profissional capacitado para trabalhar com as 
políticas públicas e programas do governo que visam assegurar que as Leis 
estabelecidas no Estatuto do Idoso sejam efetivadas. Também é o profissional 
responsável pela promoção da autovalorização do idoso, fazendo com que ele se 
sinta parte integrante da sociedade. A realidade vivenciada pelo idoso deve ser 
transformada para que em um futuro próximo seja possível viver com dignidade, 
excluindo toda e qualquer forma de isolamento e exclusão visando a melhoria da 
qualidade de vida. 
 
 
 
 
 
34 
5 O SERVIÇO SOCIAL NO TRATAMENTO DA NEGLIGÊNCIA CONTRA A 
PESSOA IDOSA 
O Serviço Social é requisitado para intervir nas tensões oriundas da relação 
entre capital e trabalho, e tem como objeto de intervenção a “questão social”. Dessa 
forma, situações de pobreza, conflitos e violências envolvendo os velhos da classe 
trabalhadora apresentam-se como expressivas demandas à intervenção profissional 
que, despidas de mediações, aparecem como um fim em si mesmas. 
Diante da necessidade da competência técnica e intelectual para atuar na 
complexidade da realidade social, há um direcionamento crítico no interior da 
profissão, de mobilização da racionalidade capaz de incorporar a 
instrumentalidade23 do fazer profissional, construída e articulada ao seu processo 
de apreensão da realidade social em um movimento que parte da singularidade dos 
fenômenos à universalidade, através de aproximações sucessivas, guiadas pela 
particularidade que lhes confere (Guerra, 2011). 
No entanto, o universo profissional é heterogêneo de correntes de 
pensamento, em virtude do surgimento da profissão no Brasil, em 1936, através de 
um processo que, historicamente, se movimenta do conservadorismo à renovação. 
Segundo Silva (2009), no contexto de “abertura política” da década de 1979 a 1989, 
a profissão desenvolve um projeto profissional e um novo projeto de formação 
profissional, na intenção de romper com o seu conservadorismo histórico, marcado 
por protoformas de atuação do Serviço Social no seu surgimento . 
Nessa trajetória, a partir de 1979, a categoria de Assistentes Sociais 
estabelece o seu compromisso de trabalho e de luta com a classe trabalhadora 
brasileira, ou seja, com a classe que dispõe unicamente da sua força de trabalho 
para sobreviver, portanto excluída de usufruir a riqueza socialmente produzida. 
Segundo GUERRA (2011), o vínculo da profissão de Serviço Social com a classe 
trabalhadora é orgânico, uma vez que foi construído quando essa mesma classe 
demandou os seus serviços, desde o processo de Institucionalização da profissão. 
Extrapola questões partidárias, religiosas, morais e humanitárias. Trata-se de um 
compromisso ético de defesa intransigente dos seus direitos, em acordo com o 
Código de Ética profissional e com a Lei que regulamenta a profissão. 
Os espaços socioocupacionais reservados ao atendimento das demandas da 
classe trabalhadora envelhecida se desenvolvem privilegiadamente nas políticas 
 
 
35 
sociais. Essas se constituem em estratégias de conformação e desmobilização 
dessa classe ou de fragmentos de classe. Contudo, é também o terreno propício de 
negociações e reivindicações de direitos que lhes sejam favoráveis. Numa 
perspectiva totalizante, as políticas sociais são: “[...] resultados de complexas 
mediações (socioeconômicas, políticas, culturais) desenvolvidas pelas forças sociais 
que se movimentam historicamente na luta pela hegemonia nas esferas estatal, 
pública e privada” (Alves, 2011, p.36, como citado em Faleiros, 1986, citando 
Behring, 2000, p.31). 
E justamente no campo de atuação das Políticas Sociais é indispensável ao 
profissional a compreensão crítica da realidade na qual está inserido para que não 
seja um mero executor ou reprodutor de práticas que revitimizem os sujeitos ou, 
simplesmente, culpabilizem seus familiares em situações de negligência à pessoa 
idosa. Muitas vezes falta orientação às famílias quanto aos devidos cuidados para 
com os velhos, pois essas relações são reproduzidas entre as gerações, como foi 
defendido acima. A atuação profissional, porém, passa a ser mais desafiante quando 
as condições materiais e objetivas da classe trabalhadora envelhecida não se 
modificam na sua estrutura, e são agravadas pela omissão do Estado no 
cumprimento do que está posto no conteúdo das Políticas Sociais. Sendo válido 
ressaltar que as Políticas Sociais são frutos da fervorosa luta dos movimentos 
sociais organizados pela reivindicação dos direitos. 
Sobre a omissão Estatal, notadamente acentuada na passagem dos anos 
1990 aos anos 2000, Raichelis (2010, p.759) vem afirmar: “O Estado permanece 
sendo a forma mais efetiva de operar a universalização dos direitos, mesmo em 
sociedades capitalistas periféricas e financeirizadas como a brasileira”. Portanto, 
mesmo tecendo as necessárias críticas ao Estado e aos seus governos, a categoria 
de Assistentes Sociais, que encontra nas Políticas Sociais um campo de intervenção 
privilegiado, precisa “formular mediações teóricas, técnicas, éticas e políticas” de 
natureza crítica para que não fique engessada no fazer burocrático dos seus 
espaços ocupacionais ou reproduzindo discursos que simplesmente lamentam o 
cenário caótico imposto aos velhos e às suas condições de trabalho. 
Raichelis (2010, p.768) alerta não ser admissível, na atualidade, a intervenção 
do Serviço Social à utilização de práticas “[...] conservadoras, autoritárias ou 
disciplinadoras, que individualizam, moralizam ou patologizam/terapeutizam a 
questão social, culpabilizando ou criminalizando as famílias e indivíduos pela sua 
 
 
36 
condição de pobreza”. Convém, ainda, registrar o recente apelo de Guerra (2012) à 
categoria de Assistentes Sociais, no sentido de articular, mobilizar e aplicar as 
dimensões técnicooperativa, teórico-metodológica, ético-política, investigativa e 
formativa de modo a evitar o que a autora considera “prática irrefletida”. 
As estratégias de intervenção profissional, sobretudo nas Políticas de Saúde e 
Assistência Social, aqui abordadas, podem ser potencializadas na mobilização e 
orientação aos usuários e familiares, em consonância com a perspectiva de classe, 
problematização com as equipes multidisciplinares e com a rede de proteção 
envolvida, realização de estudos e pesquisas, utilização de Instrumentais que 
viabilizem os direitos, e, principalmente, a adoção da racionalidade na 
instrumentalidade do exercício profissional. 
 
 
 
 
37 
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
O aumento da expectativa de vida e as baixas taxas de natalidade têm 
contribuído para o crescimento da população idosa do país, por isso é importante 
desenvolver políticas públicas para a terceiraidade que promovam a efetivação de 
seus direitos e uma vida social digna por meio de ações implementadas e garantidas 
pelo Estado . 
O alarmante crescimento da violência contra a pessoa idosa em nosso país tem 
exigido ações de informação e advocacia sobre a legislação de proteção à 
integridade física, psicológica e emocional, bem como o apoio às políticas de 
combate à violência contra a pessoa. Eles são respeitados e eficazes, permitindo 
que a sociedade combata essa forma de violência. 
Os assistentes sociais são profissionais qualificados para participar de políticas 
públicas e programas governamentais destinados a garantir que as leis 
estabelecidas no Regulamento de Pessoas Idosas sejam implementadas. É também 
um profissional, responsável por elevar a autoestima dos idosos, fazendo com que 
se sintam parte integrante da sociedade. A realidade vivenciada pelos idosos deve 
ser mudada para que possam viver com dignidade em um futuro próximo, livres de 
qualquer forma de isolamento e exclusão, melhorando assim sua qualidade de vida. 
O Elders Act (2003), em seu único parágrafo 3(5), enfatiza que o cuidado ao 
idoso deve ser realizado principalmente pela própria família, o que não é propício ao 
cuidado abrigado, exceto no caso do idoso. Não tem ou carece de condições 
especiais para se sustentar. O art. domesticamente.O trabalho do Serviço Social 
deve estar comprometido com a busca pela cidadania bem como com a defesa de 
direitos sociais, intervenções junto ao idoso em situação de maus tratos, a família e 
ao agressor, possibilitando assim, o desenvolvimento de intervenções adequadas 
para que os idosos possam conviver em sociedade de forma digna e com qualidade 
de vida. 
Portanto, concluiu-se que a violência doméstica contra pessoas idosas é uma 
questão social complexa, pois desafia as instituições públicas a combater as 
agressões desumanas e degradantes contra elas. As barreiras que os idosos 
expõem na proteção de seus agressores domésticos, por medo de condená-los, 
 
 
38 
medo de represálias, ou piorar sua convivência, retardam a efetivação de seus 
direitos protegidos pela Constituição Federal e estatutos do idoso. 
No entanto, diante da resistência do poder público em investigar e punir os 
agressores, a política nacional de envelhecimento tornou-se uma importante aliada 
no combate a essa violência, colocando em prática políticas públicas e sociais para 
melhor promover a convivência intergeracional. em ambientes sociais e familiares. 
Esta pesquisa possibilita compreender a importância das políticas públicas na 
efetivação dos direitos dos idosos, e o papel que os assistentes sociais 
desempenham na efetivação desse direito, com o objetivo de melhor implementar 
políticas e alcance para empoderar os idosos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
39 
REFERÊNCIAS 
_______. (2004). Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Política 
Nacional de Assistência Social. Brasília (DF). 
 
_______. (2005). Presidência da República. Subsecretaria de Direitos Humanos. 
Plano de Ação para o Enfrentamento da violência contra a Pessoa Idosa. 
Brasília (DF). 
 
_______. (2006). Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa. Portaria n.º 2.528 
de 19 de Outubro de 2006. Brasília (DF). 
 
_______. (2009). Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. 
Departamento de Análise de Situação de Saúde. Saúde Brasil 2008: 20 anos de 
Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil. Brasília (DF). 
 
_______. (2010). Ministério da Saúde/SE/DATASUS – Sistema de Informações 
Hospitalares do SUS – SIH/SUS. IBGE: base demográfica. Recuperado em 05 
dezembro, 2012, de: <http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/idb2011/matriz.htm#socio> 
 
_______. (2010). Ministério do Desenvolvimento Social e Combate á Fome. 
Benefício de Prestação Continuada. 
 
_______. (2012). A dimensão técnico-operativa do exercício profissional. In: 
Guerra, Y. et al. (Orgs.). A dimensão técnico-operativa no Serviço Social: desafios 
contemporâneos. Juiz de Fora (MG): Ed. UFJF. 
 
_______. (2012). Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Plano 
Brasil sem Miséria. Brasília (DF). 
 
_______. (2012). Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Instituto 
Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico 2010. Educação e 
deslocamento. Resultados da Amostra. Rio de Janeiro (RJ). 
 
Alves, A.A.F. (2011). Assistência social: história, análise crítica e avaliação. 
Curitiba (PR): Juruá. 
 
 
40 
Beauvoir, S.de. (1990). A velhice. (3ªed.). Rio de Janeiro (RJ): Nova Fronteira. 
 
Behring, E.R. & Boschetti, I. (2009). Política social: fundamentos e história. (6ª 
ed.). São Paulo (SP): Cortez. (Biblioteca Básica de Serviço Social, v. 2). 
 
BRASIL. (2001). Ministério da Saúde. Política Nacional de Redução da 
 
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. 
Brasília. DF: Senado Federal 1988 
 
BRASIL. Criação dos Núcleos de Estudo e Programas para os Acidentes e 
Violência, decreto nº 23.818- de 03 de junho de 2003- D.O. do DF de 04 de junho 
de 2003 
 
BRASIL. Estatuto do Idoso: Lei nº 10741 de 2003, Brasília, DF, 2003 
 
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de 
Análise de Situação de Saúde. Política nacional de redução da morbimortalidade 
por acidentes e violências: Portaria MS/GM nº 737 de 16/5/01: publicada no 
DOU nº 96: seção 1E de 18/5/01. 2. ed. Brasília, DF, 2005. 
 
CAMARANO, Ana Amélia. Mecanismos de Proteção Social para a População 
Idosa Brasileira: texto para discussão n° 1179. Rio de Janeiro: IPEA, 2006. 
 
Campelo e Paiva, S.O. (2012). Envelhecimento, saúde e trabalho no tempo do 
capital: um estudo sobre a racionalidade na produção de conhecimento do 
Serviço Social. Tese de doutorado em Serviço Social. Centro de Ciências Sociais 
Aplicadas, Universidade Federal de Pernambuco. 
 
CENIVA, Célia Pereira. Envelhecimento com dependência: responsabilidades e 
demandas da família. Cad. Saúde Pública [online]. 2004, vol.19, n.3, pp.733-781. 
ISSN 0102-311X. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S0102-
311X2003000300009. 
 
FALEIROS, Vicente de Paula. Violência contra a pessoa idosa - Ocorrências, 
Vítimas e Agressores. Editora Universa, Brasília/DF, 2007. 
 
 
 
41 
Guerra, Y. (2011). A instrumentalidade do Serviço Social. (9ª ed.). São Paulo 
(SP): Cortez. 
 
Iamamoto, M.V. (2001). A questão social no capitalismo. Temporalis, 3(3). Brasília 
(DF): Revista da Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social. 
 
MALAGUTTI, Maria Cecília de Souza. Violência contra idosos. Disponível 
em:www.mj.gov.br/sedh/ct/cndi/eixos_tematicos.doc Acesso em: 27 Nov 2010.13:30 
SILVA, Lucilene Dahiane Carvalho da; CARVALHO, Patrícia de; BELCHIOR, Valéria 
da Silva. 2000 
 
MEIRELLES, L e QUEIROZ, ZPV. Negligência e Maus-Tratos em Idosos. In: 
Freitas, EPV (coord) Tratado de Geriatria e Gerontologia. RJ: Guanabara Koogan, 
2006,1152-59 Lar Torres de Melo - Jacarecanga - Fortaleza - Ceará. 2001 
 
MINAYO, M. C. S. Violência contra os Idosos: o avesso do respeito à 
experiência e à sabedoria. Brasília, DF; Secretária Especial de Direitos Humanos. 
2004. 
 
Minayo, M.C. (2005). Violência contra idosos: O avesso do respeito à 
experiência e à sabedoria. Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Brasília 
(DF). 
 
MINAYO, Maria Cecília de Souza; MÜLLER, Neusa Pivatto (Orgs.). Manual de 
enfrentamento à violência contra a pessoa idosa. É possível prevenir. É 
necessário superar. Brasília, DF: Secretaria de Direitos Humanos da Presidência 
da República, 2013. 
 
MINAYO. M.C. Violência contra idosos. O avesso do Respeito e à experiência e 
à sabedoria. Secretária Especial dos Direitos Humanos, 2004. 
Morbimortalidade por Acidentes e Violências. Brasília (DF). 
 
Netto, J.P. (2001). Cinco notas a propósito da questão social. Temporalis, 3(3). 
Brasília (DF): Revista da Associação Brasileira

Continue navegando