Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
O programa de alfabetização “Sim, eu posso! (Yo, sí puedo)”, criado em Cuba em 2003 por Leonela Relyz Diaz – pedagoga que atuou como alfabetizadora durante a revolução cubana –, foi um dos principais instrumentos que o país utilizou para cessar o analfabetismo. Desenvolvido pelo Instituto Pedagógico Latinoamericano y Caribeño (IPLAC), o programa se inspira na experiência educativa cubana – baseada nas filosofias educacionais de Vygotsky, Makarenko e Dewey – de alfabetização em massa, alcançada no primeiro ano da Revolução (1961). Sua metodologia audiovisual é composta por vídeos (kit de DVDs) e cartilha – havendo uma relação direta entre eles –, que propõem alfabetizar em um período de 3 meses, contando com a mediação de um monitor. Essa metodologia parte do pressuposto de que os adultos, devido à experiência e história de vida, aprendem com mais facilidade e rapidez que as crianças. Ademais, o programa é preparado mediante o rádio e a televisão, tendo em vista a dispersão territorial e, então, maior eficiência e alcance de pessoas. Da mesma maneira que se faz como um programa econômico em capital humano, material e financeiro. Para ser posto em prática deve-se realizar, como uma pré-etapa, um estudo psicossocial das características dos contextos do local – uma preparação e adequação do projeto para o local – de modo que o processo alfabetizador esteja de acordo. Aplicado em 12 dos 19 países da América Latina em 2008 e Canadá, Austrália e Espanha, o método “Sim, eu posso” é um dos mais disseminados da atualidade por ter apresentado resultados “positivos” de acordo com parâmetros da Unesco, que o premiou com o Prêmio Alfabetização 2006 Rey Sejong. Mais especificamente, o método se organiza numa relação entre números e letras, onde para cada letra se faz uma numeração correspondente e uma aula inteiramente dedicada. Esta utilização dos números facilita o processo de aprendizagem, no qual atribui-se os números de 1 a 5 às vogais em ordem alfabética e, a partir do número 6 associam-se às consoantes de acordo com a frequência em que cada letra aparecia no vocabulário. As aulas se desenvolvem em três momentos: introdução, na qual realiza-se a preparação do aluno para o envolvimento na aprendizagem da leitura e escrita; Aprendizagem, que se consiste no ensino da leitura e escrita – aprendizado das letras e fonemas; Exercitação e Consolidação, destinada à fixação dos conhecimentos adquiridos anteriormente. À vista disso, o método não permite um avanço se o que foi aprendido não estiver devidamente consolidado. Após essas aulas, no caso brasileiro – primeiro país em que o método foi adaptado para outro idioma –, o trabalho educativo segue embasado nos Círculos de Cultura, propostos por Paulo Freire. Instalaram-se, então, experiências-piloto em assentamentos e acampamentos no Paraná, Piauí, Maranhão, Ceará, entre outros Estados, tendo sido o MST o responsável pela adaptação do método para o contexto brasileiro. REYNALDO COSTA (2017) diz que, “de forma geral o método de alfabetização, “sim, eu posso!”, utilizado na jornada no Maranhão consegue fazer o individuo aprender a ler e escrever em quatro meses. [E conforme a prescrição, foi] (...) trabalhada com a ajuda de vídeo aulas, uma teledramaturgia (telenovela) e com acompanhamento de um educador preparado para utilização deste método em sala de aula.” REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS REYNALDO COSTA. Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST (Comp.). Sim, eu posso ler e escrever. Sim, eu posso mais: A Jornada de Alfabetização é um programa que utiliza o método de alfabetização “Sim, eu posso!”, é uma parceria do governo do Maranhão e do MST. Disponível em: <http://www.mst.org.br/2017/02/06/sim-eu-posso-ler-e-escrever-sim-eu-posso-mais.html>. Acesso em: 06 fev. 2017. LAMRANI, Salim. Cuba ou a globalização da solidariedade (III): o programa “Yo, sí puedo”: Cuba elaborou um programa que permitiu que mais de 5 milhões de pessoas aprendessem a ler, escrever e somar. Robson Luiz Ceron. Disponível em: <https://convencao2009.blogspot.com.br/2013/06/cuba-ou-globalizacao-da-solidariedade_2.html>. Acesso em: 02 jun. 2013. FUENTE, Álvaro. Sim, eu posso acabar com o analfabetismo: Quase 10 milhões de pessoas em mais de 30 países aprendem a ler com um programa cubano. Disponível em: <http://brasil.elpais.com/brasil/2017/01/11/economia/1484157646_626884.html>. Acesso em: 19 jan. 2017. MACEDO, Maria do Socorro Alencar Nunes; MAZILHÃO FILHO, Ageu. Práticas de alfabetização com o método Yo, sí puedo em assentamento do MST: Literacy practices using the “Yes, I can” method in an settlement of the Landless Movement. Educação, Porto Alegre, v. 36, n. 3, p.352-362, set./dez. 2013. Semestral. ALVARENGA, Marcus Vinícius de Mattos. Puedo, ou não posso: Prós e contras o método cubano de alfabetização na América Latina e no Brasil. Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre, no programa de Mestrado em Educação do Centro Universitário Nove de Julho (UNINOVE), São Paulo, 2009. MAZILÃO FILHO, Ageu Quintino. O USO DO MÉTODO DE ALFABETIZAÇÃO “SIM, EU POSSO” PELO MST NO CEARÁ: O PAPEL DO MONITOR DA TURMA. 2011. 157 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de EducaÇÃo, Departamento de EducaÇÃo, Universidade Federal de SÃo JoÃo Del-rei, SÃo JoÃo Del-rei, 2011. GONÇALVES, Jaqueline Regina. ANDRAGOGIA – MÉTODO: “SIM, EU POSSO”.. 2015. 18 f. Monografia (Especialização) - Curso de Psicologia da Educação, Instituto de FÍsica de SÃo Carlos - Ifsc, Universidade de SÃo Paulo, São Carlos, 2015.
Compartilhar